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Universidade Mandume Ya-Ndemufayo 1

Faculdade de Economia
Lubango

Gestão da Produção

Aula 11 – Gestão das existências


Agenda:
Cap. 9 – Gestão das existências

9.1. Conceitos e procedimentos de gestão de materiais

9.1.1. Gestão administrativa

9.1.2. Gestão económica

9.1.3. Gestão de materiais

9.1.4. Áreas de actuação

9.1.5. Inventário

9.1.6. A curva ABC

9.2. Gestão de inventário – procura independente

9.2.1. Modelos de aprovisionamento

9.2.1.1. Lote económico

9.2.1.1.1. Reposição instantânea


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Agenda:
9.2.1.1.2. Reposição contínua e uniforme

9.2.1.1.3. Reposição instantânea, admitindo-se rupturas de stock

9.2.1.2. Lote por lote

9.2.1.3. Algorítmo da quantidade periódica ajustada (IPPA)

9.2.1.4. O IPPA com desconto de quantidade

9.3. Stock de segurança

9.3.1. Período de reposição determinístico com procura aleatória


durante o período de reposição

9.3.2. Período de reposição aleatório, sendo determinística a procura


durante este período

9.3.3. Período de reposição aleatório, procura aleatória 3


9. Gestão das existências

É definida como um grupo de funções de gestão que dão apoio ao


ciclo completo do fluxo de materiais – compras, planeamento e
controlo da produção, processamento, armazenamento e distribuição
do produto.

Principal objectivo é gerir adequadamente de forma


eficiente e efectiva o fluxo de materiais característicos de
uma empresa.

A manutenção de stocks levanta 3 tipos de problemas:


• Associados ao acondicionamento dos stocks – gestão de
materiais;
• Problemas relacionados com os documentos necessários ao
registo de sáidas e entregas de mercadorias – gestão
administrativa;
• Problemas relacionados ao custo de oportunidades – gestão
económica. 4
9.1.1. Gestão administrativa (1/2)

Diz respeito à classificação e identificação dos materiais de modo a


permitir uma correcta leitura do material em causa por parte de todos
os funcionários, desde o armazém até à contabilidade

Esta comporta de 4 operações fundamentais:

• A existência de documentos de entrada e saída de materiais


(guia de entrada e guia de saída);
• centralização das entradas e saídas num único documento
denominado ficha de stock;
• Análise dos desvios, isto é, a diferença entre o montante
que figura na ficha de stock e o stock real;
• Valorização das quantidades de stock em armazém.

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9.1.1 Gestão administrativa (2/2)

É importante conhecermos o estado de desenvolvimento da gestão


administrativa dentro da empresa:

• Se existe um código para a classificação dos materiais e


artigos comprados pela empresa;
• Quais os documentos que registam as entradas e saídas de
materiais e qual o seu destino;
• Quais são os tipos de documentos que suportam a
informação sobre os stocks;
• Qual o processo de controlo que permite detectar os
desvios entre os montantes que figuram nos documentos e
o stock real.

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9.1.2. Gestão Económica

Os problemas básicos que se deparam ao gestor com a existência de


stocks podem resumir-se em 3 questões:

• Quais os produtos a ter em armazém?


• Em que quantidades de cada um?
• Quando é que deve ser efectuado o reabastecimento ou a
produção de um novo lote?

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9.1.3. Gestão de materiais

Para se avaliar a qualidade da gestão de materiais, pode-se colocar um


grupo de questões cujas respostas serão um bom indicador do
funcionamento deste sector:

• A manutenção dos materiais no armazém é facilmente efectuada?


• É fácil obter o acesso dos produtos em armazém?
• Os produtos são facilmente identificados?
• Os produtos estão devidamente acondicionados?

Dois aspectos importantes regem a tomada de decisão a


nível dos materiais:

• A importância dos materiais;


• O inventário. 8
9.1.4. Áreas de actuação
1. Compras: compreende a gestão do processo de aquisição, caracterizada por
tomadas de decisão relativas a recepção dos pedidos, escolha do fornecedor,
lançamento de encomendas, acompanhamento do processo de fornecimento,
recepção dos materiais.

2. Controlo da produção: esta área interactua e controla


fortemente as compras e a distribuição dos materiais uma vez que
gere o fluxo de materiais associado ao processo de
transformação.

3. Distribuição: gere o fluxo de materiais da empresa para os clientes


envolvendo aspectos como:
• Armazenamento – um dos problemas está relacionado com a
localização da empresa e as quantidades a armazenar;
• Transporte – escolher o meio de transporte mais adequado face aos
requisitos do cliente, produtos e custos envolvidos.
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9.1.5. Inventário

É um dos factores mais importantes dentro da gestão de materiais onde


o principal objectivo é o de minimizar o seu custo sem deixar de
garantir a satisfação dos clientes.

O Inventário pode ser classificado em:


• Inventário de materiais caracterizado por uma procura
independente;

• Inventário de materiais caracterizado por uma procura


dependente.

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9.1.6. A curva ABC (1/3)

A análise ABC consiste em classificar os produtos consumidos pela


empresa em função do seu valor e das quantidades anualmente
utilizadas pela produção.

Classe A Classe B Classe C

%
75 – 80 10 – 15 5 -10
Valor

%
15 - 20 20 -25 60 - 65
Espaço

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9.1.6. A curva ABC (2/3)

100

80
% Valor do consumo

60

40

20

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Adília Mendonça
% produto acumulado 12
9.1.6. A curva ABC (3/3)
A análise ABC pode ser efectuada com base em dois critérios:
1. O Valor anual dos consumos das existências;
2. O valor das existências em armazém num determinado momento

Exemplo:

Custo do Consumo Valor total Valor total das


Produto Existências
produto anual dos consumos existências

01 10 8 80 1 10
02 5 4 20 1 5
03 15 10 150 2 30
04 100 13 1300 1 100
05 100 15 1500 2 200
06 50 50 2500 5 250
07 75 100 7500 27 2025
08 50 190 9500 20 1000
09 20 2 40 1 20
10 20 35 700 4 80

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9.2. Gestão de inventário – procura independente
Consiste num conjunto de políticas, métodos e procedimentos usados para
gerir o inventário caracterizado por materiais cuja procura é independente.

Podem ser identificadas 4 grandes categorias dentro deste tipo de


inventário:

• Materiais associados a indústria de serviços;


• Produtos finais;
• Materiais que não entram directamente no ciclo produtivo,
como sejam elementos para manutenção, reparação;
• Materiais tansaccionados por retalhistas e/ou empresas de
venda directa.

O Principal objectivo deste tipo de gestão é a maximização de


respostas aos clientes com uma simultânea minimização de
custos. 14
9.2.1. Modelos de provisionamento
9.2.1.1. Lote económico
Manter stocks implica custos, tais como:

• Custo financeiro de investimento;


• Custos com a armazenagem dos produtos;
• Custos relacionados com a depreciação, deterioração e extravio;
• Custos administrativo.

Lote económico permite minimizar o custos total de


aprovisionamento, i.é., os custos de manutenção de stock e os
custos de efectivação de uma encomenda ou fabrico de um novo
lote.

Ou seja, corresponde a minimização dos custos anuais de


inventário e de encomenda.

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9.2.1.1.1. Reposição instantânea (1/4)
Pressupostos de cálculo:

A procura é conhecida e constante durante um determinado período;


Encomenda a efectuar é reposta de uma só vez e de forma
instantânea;
• Custo de encomenda é fixo e conhecido;
• O custo de posse é proporcional ao valor em stock e constante
por unidade.

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9.2.1.1.1. Reposição instantânea (2/4)
O Cálculo do LE ou QEE é feito através da definição do custo total:

Onde:
• CT – custo total annual;
• D – necessidade annual;
• H – custo associado ao inventário de uma unidade de material por ano;
• S – custo de encomenda;
• Q – tamanho do lote.

Derivando o CT em ordem a Q, temos:

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9.2.1.1.1. Reposição instantânea (3/4)
Graficamente, temos:

Tempo que decorre entre duas ordens de encomenda:

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9.2.1.1.1. Reposição instantânea (4/4)
Exemplo:
Uma loja de pronto a vestir pretende calcular o valor da quantidade
económica a encomendar e o tempo de duração entre o lançamento de um
dos seus produtos cujas vendas semanais ascendem a 18 unidades. O
vendedor do produto cobra 6.000 Kz/unid. E o custo de cada encomenda é
de 450Kz. O custo annual de posse é de 25% do custo do produto e a loja
encontra-se aberta 52 semanas por ano.

D = 936 unid/ano (18 *52)


P = 6000
S = 450
H = 6000*25% = 1500
QEE=?

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9.2.1.1.2. Reposição contínua e uniforme (1/7)
Reposição é realizada de forma contínua ao mesmo tempo que decorre a sua
transforma.

Onde:
• M = nível máximo de existências;
• B = nível de existências no momento de início de um novo pedido;
• Tp = é o período de reposição;
• L = período de tempo que decorre desde o momento de lançamento de uma nova
encomenda até a chegada das primeiras unidades;
• P = rítmo de chegada das matérias-primas;
• R = rítmo de saída dos produtos.
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9.2.1.1.2. Reposição contínua e uniforme (2/7)
O Custo total será:

Derivando em ordem a Q, temos:

Em que período de reposição é:

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9.2.1.1.2. Reposição contínua e uniforme (3/7)

Nível das existências associado ao momento de realização de uma encomenda:

B = rL

Nível máximo de stock é atingido no momento Tp com a quantidade em


armazém e é dado por:

M = Tp (p – r)

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9.2.1.1.2. Reposição contínua e uniforme (4/7)

Exemplo:
A procura de um determinado produto é de 20.000 unidades, sendo a sua
produção executada de um modo contínuo e ao rítmo de 100 unidades por dia. O
tempo necessário para iniciar o processo produtivo (set up time) é de 1 dia, sendo
de 40,00Kz o custo unitário do produto e de 10,00Kz o custo de manutenção. O
custo associado à iniciação da produção de um novo lote é de 20,00Kz, sendo de
250 dias o período útil para efeitos de laboração.

Pretende-se determinar o lote económico, o número de lotes a realizar para o


ano, o nível de existências a partir do qual se dá início a um novo ciclo
produtivo e os custos totais do sistema.

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9.2.1.1.2. Reposição contínua e uniforme (5/7)

O Rítmo de escoamento das encomendas é dado por:

A quantidade económica será de:

O Número de encomendas por ano será:

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9.2.1.1.2. Reposição contínua e uniforme (6/7)
O Nível de existências a partir do qual se deverá dar início ao fabrico de um
novo lote será:
B = 80*1 = 80 unidades

O Período de reposição das existências (período de laboração) será de:

O Custo total annual será de:

O Nível máximo das existências é atingido no fim do período de


laboração:
M = 6,32 x (100 – 80) = 126,4unid
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9.2.1.1.2. Reposição contínua e uniforme (7/7)
O Período compreendido entre o início dos dois ciclos será dado por:

Graficamente, temos:

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9.2.1.1.3. Reposição instantânea, admitindo-se rupturas de
stock (1/2)
Ocorrem rupturas quando a empresa não tem capacidade produtiva para
satisfazer todos os seus compromissos antepadamente.

Graficamente, temos:

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9.2.1.1.3. Reposição instantânea, admitindo-se descontos
de quantidade (2/2)
Exemplo:
D = 480
K = 4 u.m./encomenda
H = 20% sobre o preço unitário
Desconto de quantidade:
Tamanho do lote Preço
1 – 99 unidades 3,00
100 – 499 unidades 2,80
500 ou mais unidades 2,70

Resolução:

Preço Q Q0 Ce Cf Compras Ct
3,00 80 80 24,00 24,00 1440,00 1488,00
2,80 83 100 19,20 28,00 1344,00 1391,20
2,70 84 500 3,84 135,00 1296,00 1435,00

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9.2.1.2. Lote por lote (1/2)

Consiste em efectuar uma encomenda de dimensão igual à procura a


satisfazer no período

Exemplo: admitindo que o custo do pedido de uma encomenda é de 100


u.m. e os custos de posse das existências igual a 4,00/unidade

Períodos 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Procura 31 14 7 0 87 44 10 51 8

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9.2.1.2. Lote por lote (2/2)
Resolução:
Períodos 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Procura 31 14 7 0 87 44 10 51 8
Encomenda 31 14 7 0 87 44 10 51 8
Ei 31 14 7 0 87 44 10 51 8
Ef 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Em 15,5 7 3,5 0 43,5 22 5 25,5 4
Ce 100 100 100 0 100 100 100 100 100
Cp 62 28 14 0 174 88 20 102 16
Ct 162 128 114 0 274 188 120 202 116

Ct = 800+504 = 1.304,00

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9.2.1.3. Algorítmo da quantidade periódica ajustada
(IPPA) (1/3)

Esta algorítmo tem por princípio acumular lotes sempre que o custo de posse não
exceda o custo com uma nova encomenda.

Se o acréscimo periódico da encomenda (IPPA) for igual a

Teremos que
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9.2.1.3. Algorítmo da quantidade periódica ajustada
(IPPA) (2/3)
Logo,

Exemplo:
Períodos 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Procura 31 14 7 0 87 44 10 51 8

Custo com a efectivação de uma encomenda = 100,00


Custo de posse de stock = 4,00 por unidade e por período.

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9.2.1.3. Algorítmo da quantidade periódica ajustada
(IPPA) (3/3)
Períodos 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Procura 31 14 7 0 87 44 10 51 8
Encomenda 52 - - - 87 54 - 59 -
Ei 52 21 7 0 87 54 10 59 8
Ef 21 7 0 0 0 10 0 8 0
Em 36,5 14 3,5 0 43,5 32 5 34 4
Ce 100 0 0 0 100 100 0 100 0
Cp 146 56 14 0 174 128 20 136 16
Ct 246 56 14 0 274 128 20 236 16

Custo total = 400+690 = 1.090

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9.2.1.4.O Algorítmo IPPA com desconto de quantidade

Resolver em casa:

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9.3. Stock de segurança (1/5)
O Risco e a incerteza andam sempre ligados a qualquer modelo de gestão
económica dos stocks.

Esta incerteza deve-se a duas variáveis que condicionam o


modelo:

• A procura do produto;
• O período de tempo que medeia entre o pedido da
encomenda e a chegada do material ao armazém, o chamado
período de reposição do stock.

O Stock de segurança é a quantidade extra de materiais que se guardam


em armazém de modo a evitar rupturas de stock.

Existem dois métdos que nos permitem determinar o stock de segurança:

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9.3. Stock de segurança (2/5)
a) Um consiste em determinar o stock de segurança em função dos custos de
ruptura do stock;
b) Um outro consiste em calcular o stock de segurança assumindo um
determinado nível de satisfação dos clientes.

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9.3. Stock de segurança (3/5)
Assumindo determinado nível de satisfação:

37
9.3. Stock de segurança (4/5)
Suponhamos então que a procura do produto durante o período de reposição tem
um comportamento normal com média

E desvio padrão

Admitindo que se pretende satisfazer a clientela (1-α)% das vezes, o ponto de


reposição (R), será calculado através da expressão:

Probabilidade (Procura ≤ R) ≤ 1- α

Estandardizando, teremos:

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9.3. Stock de segurança (5/5)
Abreviadamente poderemos escrever:

O Stock de segurança é dado por:

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9.3.1. Período de reposição determinístico com procura
aleatória durante o período de reposição

Dpr – procura diária durante o período de reposição


Sdpr – desvio padrãoda procura durante o período de reposição
PR – período de reposição em dias
Spr – desvio padrão do período de reposição
R – ponto de reposição

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9.3.2. Período de reposição aleatório, sendo determinística
a procura durante este período

9.3.3. Período de reposição aleatório, procura aleatória

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