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MANUAL DE FORMAÇÃO

1. ESTE MANUAL REFERE-SE A:

Aprendizagem
MODALIDADE:

SAÍDA Técnico Comercial


PROFISSIONAL:

1
AÇÃO Nº:

0345
UFCD:

DESIGNAÇÃO Política de gestão de stock


UFCD:

DURAÇÃO 50 horas
UFCD:

05/11/2012
DATA INICIO:

25/10/2014
DATA FIM:

Maria Emília Reis


FORMADOR:

AÇÃO FINANCIADA PELO FUNDO SOCIAL EUROPEU E ESTADO PORTUGUÊS

Manual
POLÍTICA DE GESTÃO DE STOCKS
1 FUNÇÃO E OBJECTIVOS DA GESTÃO DE STOCKS

O que é o stock?
Stock ou stocks é o conjunto de materiais consumíveis ou de produtos ou de
mercadorias acumulados, à espera de uma utilização posterior, mais ou menos
próxima, e que permite assegurar o fornecimento aos utilizadores quando necessário.
São os elementos patrimoniais classificados e valorizados em existências.

O que é gestão de stock?


Conjunto de operações que permite, após conhecer a evolução dos stocks, que
se verificou na empresa, formular previsões destes e tomar decisões de quanto e
quando encomendar na finalidade de conseguir a melhor qualidade de serviço ao
mínimo de custo.
A função principal da Gestão de Stocks é, por isso, contribuir para a
maximização dessa margem de lucro, minimizando o capital investido em stocks e os
consequentes custos financeiros e garantindo, em simultâneo, a não paralisação do
sector produtivo da empresa pela ocorrência de falhas de materiais.
O objectivo da gestão de stocks envolve a determinação de três decisões
principais:
O que comprar
Quanto comprar
Quando comprar

A gestão de stocks deverá manter o volume dos stocks no nível mais baixo
possível, sem deixar de assegurar o fornecimento regular aos utilizadores, isto é,
sem roturas.
Além disso, devem ser tomadas todas as medidas para evitar que os stocks
se deteriorem e para reduzir ao mínimo os encargos relativos à sua conservação.
Estes são atributos da subfunção armazenagem.
A gestão de stocks terá de ponderar as desvantagens e as vantagens de
constituir stocks e tomar as decisões económicas
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Fatores mais relevantes que levam as organizações a constituir stock:
Para assegurar o consumo regular de um produto em caso de a sua produção
ser irregular;
Geralmente, na compra de grandes quantidades beneficia-se de uma redução
do preço unitário;
Não sendo prático o transporte de produtos em pequenas quantidades, opta-se
por encher os veículos de transporte no intuito de economizar nos custos de
transporte, o que se traduz numa constituição de stock;
Principais inconvenientes na constituição de stocks:
Certos produtos não possuem condições de serem mantidos em stock ou
poderão ser mantidos em períodos muito curtos;
O custo de posse traduz-se no facto de existir material não vendido que vai
acabar por imobilizar capital sem acrescentar valor;
A rutura apresenta-se como um enorme inconveniente, visto que a ocorrência
desta irá provocar vendas perdidas e em casos extremos poderá levar à perda de
clientes.
Classificação dos Stocks
Numa empresa podemos classificar os stocks de acordo com a respectiva
utilização no processo produtivo. Assim, teremos:
Matérias-primas
• Matérias-primas - Materiais utilizados na fabricação de componentes dos
produtos acabados.
Componentes
• Componentes - Materiais ou partes elementares que já não sofrem qualquer
transformação na empresa e se destinam a ser incorporados nos produtos acabados.
Produção em curso
• Produção “em curso” - Produtos que se encontram em certa fase ou
operações intermédias do processo de transformação, não tendo atingido o fim de
fabrico.
Semiacabados
• Semiacabados - Subconjuntos ou partes de produtos que já sofreram
operações de transformação e que aguardam a montagem (do produto acabado).
Produtos acabados
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• Produtos acabados – Bens resultantes do processo produtivo destinados a
serem vendidos a cliente(s) que os utilizarão.
Subprodutos
• Subprodutos - Produtos resultantes do processo de transformação, mas que
não são incorporados no produto acabado. Normalmente, são vendidos a baixo valor.
Matérias ou materiais subsidiários
Materiais subsidiários - Materiais necessários à produção, mas que não são
incorporados nos produtos acabados.
Materiais de embalagem primária, secundária, terciária
• Materiais de embalagem - Materiais necessários ao acondicionamento,
agrupamento e transporte de produtos e componentes.
Exemplo: paletes para o transporte (embalagem terciária) de 10 caixas de
cartão canelado (embalagem secundária) para contenção e agrupamento de 20
unidades de venda (embalagem primária).
Numa empresa industrial a classificação distinta dos vários tipos de materiais é
muito importante, na medida em que se encontra associada à natureza da procura.
Por exemplo, os stocks de produtos acabados são destinados a muitos
clientes, daí que a soma das várias encomendas por períodos de tempo pode resultar
numa informação histórica para posterior análise estatística.
Para estes stocks (de produtos acabados) é possível construir um modelo de
base estatística que permite estabelecer previsões da procura, baseadas na
extrapolação da informação histórica.
É de notar que a classificação dos stocks apresentada é função da natureza da
empresa ou fase de transformação, por quanto um produto acabado para uma certa
empresa, pode constituir uma matéria prima para outra ou até uma mercadoria e
mesmo um produto semiacabado.

Classificação de Produtos
Os produtos podem ser bens tangíveis (materiais) ou bens intangíveis
(serviços).
Bens tangíveis
Os bens tangíveis podem classificar-se nos domínios seguintes:
1. Bens de consumo
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a. Bens não duradouros ou bens de grande consumo corrente
• Consumo regular (Ex.: leite; água de distribuição comunitária – “Utility”)
• Consumo de emergência (Ex.: antibiótico)
• Consumo de impulso (Ex.: pipocas)
• Consumo sazonal (Ex.: protector solar)
b. Bens duradouros
• Consumo regular (Ex.: electrodoméstico)
• Consumo sazonal (Ex.: fato de banho)
Bens ou produtos industriais (utilizados na produção de outros produtos) ou
recursos materiais
a. Matérias primas
b. Componentes
c. Subconjuntos e produtos intermédios (semiacabados)
d. De suporte:
• Instalações
• Bens de equipamento fabril (fixos e móveis, pesados e ligeiros)
• Bens de equipamento de escritório
• Ferramentas e instrumentação.
Pode, ainda, classificar-se os produtos industriais nos domínios seguintes:
• Produtos não diferenciados;
• Produtos diferenciados;
• Produtos normalizados;
• Produtos especializados.

Baseado na sua utilidade, os stocks podem ainda ser colocados numa destas
categorias
Stock em lotes - constitui o stock adquirido no sentido de antecipar as
exigências, nesse sentido, é feita uma encomenda em lotes numa quantidade maior
do que o necessário;
Stock de segurança - é o stock destinado a fazer face a incertezas tanto do
ponto de vista do fornecimento como das vendas;
Stock sazonal - trata-se do stock constituído para afrontar picos de procura
sazonais, ou ruturas na capacidade produtiva.
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Stock em trânsito - são artigos armazenados com vista a entrarem no
processo produtivo;
Stock de desacoplamento - trata-se do stock acumulado entre actividade da
produção ou em fases dependentes
A função aprovisionamento
A função aprovisionamento compreende o conjunto de operações que
permitem pôr à disposição da empresa em tempo oportuno, na quantidade e na
qualidade definidas, todos os recursos materiais e serviços, necessários ao seu
funcionamento, ao menor custo.
Para levar a bom termo o conjunto destas operações, é necessário, antes de
mais, definir de forma precisa as necessidades:
• Em qualidade (especificações/requisitos);
• Em quantidade (económica);
• Em prazo (útil).
Para satisfazer aquelas necessidades, nas melhores condições, deve efectuar-
se a pesquisa sistemática das possibilidades oferecidas pelo mercado.
Convém, no entanto, que essa pesquisa seja feita em tempo oportuno, isto é,
que os fornecedores sejam seleccionados criteriosa e antecipadamente (antes da
necessidade imediata ocorrer) e que com eles sejam estabelecidos contratos que
ofereçam vantagens para as partes.
Atribuições da função aprovisionamento
Para além das actividades de selecção e qualificação de fornecedores, de
negociação, de contratação e de compra de recursos materiais e serviços, de gestão
de stocks, a função aprovisionamento ainda inclui nas suas atribuições: a recepção de
materiais, a armazenagem, o aviamento de requisições e o envio/transporte de
materiais para estaleiros onde decorrem obras ou a expedição para subempreiteiros

Filosofia Just-In-Time
O ideal seria que os fornecedores aceitassem fornecer em quantidade e na
qualidade desejadas o que é necessário à empresa, no momento exacto em que cada
necessidade ocorre e ao menor custo. Aliás, este é um dos princípios inerentes à
filosofia de gestão JIT (Just-In-Time).

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Na prática, a empresa normalmente tem de constituir stocks de muitos dos
materiais (consumíveis) que utiliza, pelo que tem de realizar a gestão de stocks.

Importância do aprovisionamento
A função aprovisionamento compreende o conjunto de operações que
permitem pôr àdisposição da empresa em tempo oportuno, na quantidade e na
qualidade definidas, todos osrecursos materiais e serviços necessários ao seu
funcionamento, ao menor custo.
Pode deduzir-se a importância da função aprovisionamento não apenas pelo
valor do capital aplicado em stocks, mas pela importância estratégica desta função.

Importância da função aprovisionamento


Uma boa gestão da função aprovisionamento pode ser fonte de vantagem
competitiva para a organização, na medida em que contribui para :
• Gerar diferenciação face à concorrência, através de uma selecção criteriosa
de fornecedores qualificados que assegurem a qualidade dos fornecimentos e
serviços prestados;
• Reduzir os custos e os prazos de entrega dos produtos (bens tangíveis e
serviços) fornecidos através de contratação adequada, de gestão económica dos
stocks, de armazenagem e expedição convenientes.

Posição e estruturação do aprovisionamento na empresa


A localização do Departamento de Aprovisionamento(s) no organograma da
empresa e a sua organização dependem das características da empresa, como a
actividade desenvolvida (industrial, comercial, ...), a dimensão (volume de negócios,
número de trabalhadores, ...), a importância relativa da rúbrica “Existências” no Activo
e no Capital Circulante.
Conceito de Logística
A necessidade de reduzir os custos e os prazos de fornecimento, para melhor
satisfazer os clientes, veio evidenciar a importância da gestão dos fluxos de
materiais/produtos (bens e serviços) e da informação associada, desde os
fornecedores aos consumidores.

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O U.S. Council of Logistics Management adoptou a definição seguinte:
Logística é o processo estratégico (porque gera valor reconhecido pelos
clientes, criando vantagem competitiva, sustentada na medida em que acrescenta
diferenciação, aumenta a produtividade e a rendibilidade) de planeamento,
organização e controlo, eficaz e eficiente, dos fluxos e armazenagem de materiais
(matérias primas, componentes, produção em curso, produtos semiacabados e
acabados) e de informação relacionada, desde a origem (fornecedores) até ao destino
final (consumidores) visando maximizar a satisfação das necessidades dos clientes,
externos e internos.

A logística passa a ser encarada como fonte de vantagem competitiva:


• Geração de diferenciação através do serviço prestado aos
clientes/consumidores;
• Geração de diferenciação através do planeamento global e integrado de cada
negócio visando objectivos estratégicos ambiciosos, mas realistas;
• Geração de diferenciação através da seleção criteriosa de fornecedores e
contratação adequada;
• Geração de diferenciação através da gestão otimizada da entrada e saída de
materiais/produtos;
• Geração de diferenciação através da gestão otimizada dos transportes e das
movimentações dos materiais/produtos.

Na estrutura organizacional repartem-se as atribuições da função


aprovisionamento, do modo seguinte:
• O Programação estabelece as ligações ao Planeamento Geral de Operações,
disponibiliza informação relativa a quantidades necessárias e prazos, aos outros
órgãos do Departamento de Aprovisionamentos;
• A Contratação pesquisa o mercado, avalia e selecciona os fornecedores, com
quem estabelece contratos de fornecimento, após negociação;
• A Gestão de Materiais determina quanto e quando encomendar e mantém
actualizado o inventário (gestão económica e administrativa);

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• As Compras processam as encomendas e asseguram o cumprimento dos
contratos com os fornecedores;
• A Recepção e Armazenagem asseguram a gestão e organização física dos
materiais.
Nas empresas de maior dimensão, estas atribuições repartem-se por diferentes
órgãos da estrutura, mas nas pequenas empresas é frequente encontrar estas
atribuições concentradas em duas ou três pessoas, assumindo frequentemente o
empresário ou o gerente algumas delas.

Âmbito da Gestão de Stocks


A função gestão de stocks tem como principais atribuições:
• A determinação das quantidades óptimas a encomendar para a constituição
ou para a renovação dos stocks;
• Estabelecimento das datas e da cadência segundo a qual convém efectuar
essa determinação;
• A organização administrativa e física dos stocks.

A gestão de stocks deverá manter o volume dos stocks no nível mais baixo
possível, sem deixar de assegurar o fornecimento regular aos utilizadores, isto é, sem
ruturas.
Além disso, devem ser tomadas todas as medidas para evitar que os stocks se
deteriorem e para reduzir ao mínimo os encargos relativos à sua conservação. Estes
são atributos da subfunção armazenagem.
A gestão de stocks terá de ponderar as desvantagens e as vantagens de
constituir stocks e tomar as decisões económicas.
Exemplos
Um maior volume de stocks representa, na perspectiva financeira, as
desvantagens seguintes:
• Maior custo de posse;
• Maior necessidade de fundo de maneio;
• Maior risco de perda por obsolescência (monos);

Mas, representa as vantagens seguintes:


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• Melhores condições de compra (descontos de quantidade);
• Menor risco de ruptura (stocks de segurança);
• Maior flexibilidade produtiva (possibilidade de reprogramação de fabrico e
resolução de imprevistos, tais como, avarias do equipamento);
• Menores prazos de entrega de produtos acabados (não há esperas de
materiais).

A gestão de stocks para além da gestão económica e da organização


administrativa das existências inclui, ainda, a organização física dos stocks.
Fatores a Considerar na Gestão de Stocks
Na gestão de stocks há três importantes fatores a considerar:
• A procura
• Os custos
• Os prazos

A Procura
As necessidades logísticas na empresa são desencadeadas pela procura dos
seus produtos no mercado.
A procura dos produtos activa os fluxos de informação e de materiais em toda a
cadeia logística.
Uma previsão do crescimento das vendas, incentiva um aumento da actividade
da função aprovisionamento, que deve responder em conformidade com a expectativa
de crescimento das necessidades de materiais.
Conceito de Procura
Do ponto de vista “económico”, a procura de um produto é definida pela
intenção de compra desse produto no mercado, ou procura é a expressão dinâmica
de um mercado que corresponde a medidas qualitativas e quantitativas dos
consumidores, que desejam e podem adquirir um produto.
A procura é uma percentagem do mercado total, podendo associar-se a um
grupo homogéneo de clientes.
Tipos de Procura
A procura pode apresentar diferentes tipos, consoante a fase do ciclo de vida
do produto/serviço e consoante a incidência de variáveis que a afectam directamente.
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Como principais tipos de procura podem considerar-se os seguintes:
• Quanto à incidência da procura no ciclo de vida do produto/serviço:
- Procura aleatória - quando as vendas são dispersas no tempo e nos pontos
de venda, não se podendo encontrar qualquer modelo estatístico que as reproduza.
Este comportamento das vendas é típico quando o produto/serviço se encontra na
fase de lançamento do seu ciclo de vida.
- Procura uniforme - quando já é possível definir um modelo estatístico que
mostre a evolução das vendas no tempo. Neste tipo de procura pode distinguir-se três
categorias:
• De tendência crescente - as vendas encontram-se em ascensão progressiva,
característica de um produto/serviço em fase de crescimento do seu ciclo de vida;
• De tendência constante - as vendas encontram-se estabilizadas, com
pequenas oscilações, o que permite prever o seu comportamento temporal com
elevada fiabilidade.
Esta constância comportamental é sintomática quando os produtos atingem a
fase de maturidade do ciclo de vida;
• De tendência decrescente - as vendas encontram-se em queda nítida, o que
identifica claramente a fase de declínio de um produto/serviço.
Quanto às variáveis exógenas:
- Procura sazonal - se o produto tem maiores vendas em determinadas épocas
do ano. Estas vendas anormais, na realidade são cíclicas, mantendo-se ocasionais e
fracas fora da época alta.
Exemplo - As vendas de produtos para emagrecimento aumentam mais na
primavera.
- Procura decorrente - resulta da aplicação de um fator de correcção a uma
procura bem caracterizada, transformando a na procura pretendida.
Exemplo
2. Uma empresa de estética faz depilações, no entretanto, a empresa
negociou, com um fabricante de ceras para depilação, o fornecimento exclusivo de
certo tipo de cera destinado a outro segmento (exemplo adolescentes).
Exemplo
3. Uma campanha promocional com redução do preço de venda induz um
aumento previsional de vendas.
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Características da Procura
A procura pode caracterizar-se pelos factores seguintes:
• Unidade de medida - Métrica quantitativa
Exemplos
Número de embalagens: 50
Unidade de volume: m3
Unidade de massa: Kg
Unidade de comprimento: m
• Frequência das Encomendas
Exemplos
Encomendas semanais
Encomendas mensais
Encomendas trimestrais
• Diferência de Encomendas
Exemplo: Encomenda diferida uma semana após negociação
• Risco da Previsão
Exemplo: Elevada probabilidade da ocorrência de um facto previsto aumenta o
respectivo risco, isto é, grande probabilidade de forte procura aumenta o risco de
rotura.

Os custos
Associado à gestão de stocks consideram-se vários tipos de custos:
Tipos de custo:
• O custo de posse (Cp) que é o custo associado à manutenção do stock;
• O custo de efectivação das encomendas (Ce) que é o custo administrativo do
processamento das encomendas de um artigo;
• O custo de aquisição do material (Cm) que é o custo do material,
encomendado ao exterior, à entrada da empresa (custo de fornecimento, de
transportes, de seguros, ...);
• O custo de fabricação (Cf) que é o custo do material encomendado
internamente, através de ordem de fabrico;
• O custo de rutura de stock (Cr) que é o custo associado a uma solicitação ou
requisição de material de stock, não atendida totalmente pelo armazém.
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O custo de posse pode incluir várias parcelas:
• Os custos de armazenagem onde se considera
- Os custos de amortização do edifício/armazém(s), do equipamento fixo
(exemplo: estantes) e do equipamento móvel (exemplo: empilhadores),
- Os encargos com o pessoal do(s) armazém(s),
- Os custos energéticos (iluminação, climatização, ...) do armazém(s),
• Os custos dos seguros (prémios das apólices de incêndio, roubo, ...);
• Os custos de obsolescência (monos) e deterioração do material;
• O custo do capital imobilizado, que é um custo de oportunidade, isto é, o
custo inerente à aplicação do capital em stock em lugar de aplicações alternativas
rentáveis.
Este custo é, normalmente, importante e calcula-se segundo um critério
definido que pode ser o da taxa de rendibilidade dos capitais próprios ou da melhor
taxa de mercado para aplicação de risco correspondente (risco baixo, pois o stock
tem elevado grau de liquidez).
Os prazos
Na gestão de stocks um dos prazos a considerar é o prazo de
aprovisionamento ou prazo de disponibilização do material.
Parcelas do prazo de aprovisionamento
No prazo de aprovisionamento (pa) pode considerar-se quatro parcelas:
• O prazo administrativo de preparação e lançamento da encomenda
(circulação e tratamento de informação na empresa);
• O prazo de recepção pelo fornecedor, que pode desprezar-se se for usado fax
ou EDI (Electronic Data Interchange);
• O prazo de entrega do fornecedor que inclui o prazo de transporte ou trânsito;
• O prazo de receção e armazenagem na empresa.

As Necessidades Logísticas
As necessidades logísticas que têm a sua principal origem na procura,
repercutem-se a toda a cadeia logística, através do fluxo de informação.
Em termos gerais podemos definir:

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Necessidade logística - É toda a solicitação de natureza material ou de serviço,
que visa satisfazer quantitativa, qualitativa e temporalmente, qualquer requisito de
carência a jusante do fluxo material, no cumprimento de um objectivo organizacional.

Tipos de necessidades logísticas


Estas necessidades logísticas podem ser de dois tipos:
• Necessidades dependentes;
• Necessidades independentes.
A sua diferença reside no modo como foram originadas em termos de procura
e da finalidade que têm em vista suprir.
Necessidade Dependente - Toda a necessidade logística a jusante do circuito
material, perfeitamente determinada e resultante de:
• Encomenda(s) de produto(s) com quantidade(s) e prazo(s) de entrega bem
definidos.
• Encomenda(s) de produto(s) de procura decorrente e cadência de entrega
determinada.
• Encomenda(s) de produto(s) cuja especificação e prazo de entrega são
fixado(s) (segundo caderno de encargos).

Necessidade Independente - Toda a necessidade logística a jusante do fluxo


material, resultante de previsão estatística, baseada em históricos, ou no
conhecimento da procura do produto e do respectivo ciclo de vida, com prazo de
utilização indeterminado.

O objetivo prioritário de uma empresa é maximizar a sua margem de lucro em


relação ao capital investido, nas seguintes componentes nas seguintes componentes:
Instalações e equipamentos.
Área de vendas.
Fundo de maneio.
Stocks.

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2 Política de stocks
Administração ou a Gerência de uma empresa deverão definir, em relação à
Gestão de Stocks:
Os objetivos a serem atingidos.
Os parâmetros e as diretrizes de base.
Os critérios para medir a respetiva performance.
Em regra, a Política de Gestão de Stocks de uma organização é constituída
pelo seguinte conjunto de diretrizes:
a) As metas da empresa quanto ao tempo de entrega das encomendas aos
clientes.
b) A definição do número de armazéns a instalar, e da lista de materiais a
serem estocados em cada um deles.
c) .Os níveis de stock para o atendimento de situações de pico ou de quebra
de vendas, ou para alterações de consumo.
d) Até que ponto será permitida a compra antecipada com preços mais baixos,
ou a compra de uma quantidade maior do que a necessária para a
obtenção de descontos.
e) A definição da rotação dos stocks.

A definição de uma Política de Stocks torna--se muito importante para o bom


funcionamento da Gestão de Stocks, nomeadamente os pontos c) e e) que, dentro
dos mencionados, são os que requerem maior atenção porque influenciam
diretamente o capital investido em stocks.

O Nível de Atendimento ou de Serviço em relação a um consumo médio (de


matérias--primas ou produtos acabados) indica que parte do valor desse consumo
deverá ser fornecida num determinado período de tempo: Exemplificando, teremos:
Se uma determinada matéria--prima tem um consumo médio mensal de 600prima tem
um consumo médio mensal de 600unidades, e se pretendermos um nível de serviço
de 95 % num dado mês, deveremos ter:600 unidades x 0,95 = 570 unidades.
A problemática do dimensionamento dos stocks reside na relação entre :
Capital investido.
Disponibilidades em stock.
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Custos associados.
Médias de consumo.

3 Princípios básicos para o controle de stocks e dos aprovisionamentos


A organização de um sector de gestão de stocks e de aprovisionamentos
requer a formalização das suas funções principais, que são as seguintes:
Definir o que deve ser mantido em stock (número de artigos)
Definir quando se devem reaprovisionar os stocks (periodicidade).
Calcular ou estimar a quantidade de um ou mais artigos em stock, necessária
para um determinado período.
Acionar o sector de Compras para o processamento dos aprovisionamentos.
Proceder à receção, à armazenagem e ao atendimento das necessidades dos
materiais em stock.
Controlar os stocks em termos de quantidade e valor, e informar sobre a
respetiva posição.
Proceder a inventários físicos periódicos, para a avaliação das quantidades e
do estado dos materiais em stock.
Identificar e abater ao stock os artigos obsoletos e danificados.

II Gestão de stocks e dos aprovisionamentos


1 A importância estratégica dos stocks
Não é raro que o montante de compras atinja 50 % do volume de vendas da
empresa. Podemos afirmar que uma redução das quantidades compradas de
somente 2 %, ligada a uma sã gestão de stocks, conduz a uma economia de1% sobre
as vendas. Por outro lado, a introdução das novas orientações estratégicas à gestão
empresarial conduziram à segmentação da intervenção das empresas no ciclo total
de obtenção dos produtos, originando um aumento das aquisições de produtos semi--
acabados e serviços de modo a permitir a concentração dos ativos das empresas no
núcleo duro do negócio, a fim de ganhar competitividade. Um bom exemplo, no sector
da cerâmica, será a aquisição de pasta preparada.
O exemplo mostra que a gestão dos stocks e das compras são fatores de
relevância na gestão atual das empresas. Mas a gestão de stocks não constitui uma
célula isolada.
Manual l15
Em resumo, para além de uma organização própria que responda ao conjunto
de economias possíveis de realizar, a gestão de stocks encontra--se, no seio da
empresa, como um órgão integrado numa organização global que, caso não esteja
suficientemente desenvolvida, bloqueia a sua ação e a concretização dos seus
objetivos.
1.1 Tipos de Stocks
Numa empresa industrial podemos encontrar, basicamente, quatro tipos de
stocks:
Stocks para fabricação:
 Matérias—primas
 Matérias subsidiárias
 Materiais de incorporação
 Materiais de embalagem
Stocks para a manutenção e conservação
Stocks em curso de fabrico
Stocks de produtos acabados

1.3 Razões da Existência de Stocks nas Empresas


São diversas as razões que estão na base da existência de stocks. Passamos
a enumerar aquelas que nos parecem mais importantes:
Fluxo das entradas e fluxo das saídas com diferentes ritmos.
Erros de previsão.
Produção por lotes.
Produzir mais do que é necessário.
Prazos de fornecimento e pouca flexibilidade na negociação dos prazos
acordados.
Problemas de qualidade.
Sistemas fabris não balanceados (diferenças de cadências entre os
equipamentos),originando stocks intermédios (entre as operações).
Muitas vezes ligadas ao processo do fabrico:
Produção antecipada para reduzir o prazo de satisfação dos clientes.
Produção antecipada para regular as oscilações da procura e para compensar
irregularidades da fabricação (avarias, paragens, etc.).
Manual l16
Mudanças de fabrico.

Para reduzir os stocks é necessário reduzir o ciclo de produção mas, nesse


sentido, é fundamental:
Reduzir a dimensão dos lotes.
Reduzir a dimensão dos lotes.
Fiabilizar o equipamento.
Eliminar as não conformidades.
Eliminar as não conformidades.
Reduzir os tempos de set--up.
Os efeitos mais importantes que resultam da existência de stocks são:
Os custos ligados à sua posse e à respetiva manutenção.
As ineficiências que não são evidenciadas devido à sua existência.

1.3 Os Custos Associados aos Stocks


Os stocks suportam, para além do custo de rutura dois outros tipos de custos: o
custo de passagem das encomendas para a constituição e o reabastecimento, que vai
somar--se ao preço de compra dos artigos, e o custo de posse inerente à sua
existência que vai agravar os preços de saída de armazém.
1.3.1 Custo de Passagem
O custo de passagem que corresponde, em média, a 1 % --2 % do montante
total das encomendas, compreende todos os gastos devidos ao procedimento de
compra, como remunerações e encargos com os agentes do aprovisionamento,
estudos de mercado, despesas com negociações, redação das encomendas, controlo
dos prazos, relance aos fornecedores, controlo das entregas e conferência das
faturas.
1.3.1.1 Custo Anual de Lançamento das Encomendas
As despesas de lançamento de uma encomenda devem ser procuradas em
todos os serviços que intervêm no processo de compra: Serviços Utilizadores
(Produção, Manutenção), Serviço de compra, Receção e Armazém, Contabilidade.
. Em cada serviço é necessário determinar as despesas que se consideram
proporcionais ao número de encomendas.

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Ao nível do Serviço de Compras, a passagem (lançamento) de uma
encomenda ocasiona despesas administrativas relativas à procura de possíveis
fornecedores, à negociação e redação das encomendas e ao relance dos
fornecedores em atraso. O custo anual de lançamento das encomendas inclui:
O custo de funcionamento dos serviços de compra (salários, alugueres,
mobiliário de escritório, etc.).
Os custos de impressos, correio e telefone.
Os custos de deslocações dos compradores.
O custo das receções, ensaios e análises.
O custo dos procedimentos realizados pelos serviços utilizadores.
O custo dos procedimentos contabilísticos: conferência das faturas,
classificação e registo, pagamentos.
O conhecimento deste custo permite calcular o custo médio de lançamento de
uma encomenda.
Sendo:
a Custo de passagem da encomenda de um determinado artigo
Q Quantidade de cada encomenda desse artigo.
S Consumo anual do artigo
Então o custo médio anual de lançamento das encomendas, para um
determinado artigo, obtém--se multiplicando o número de aprovisionamentos anuais
(S/Q) desse artigo pelo custo unitário de passagem, isto é

Se o consumo anual for constante, quanto maior for a quantidade de cada


encomenda menor será o número de encomendas anuais e menor será o custo médio
de lançamento por unidade do artigo em questão.

1.3.2 Custo Anual de Posse


O custo anual de posse do stock é expresso em função do valor do stock
através da taxa anual de posse do stock (t). Compreende o custo do capital
imobilizado, os seguros, o custo de funcionamento do armazém, a obsolescência e a
perdas por deterioração.
a) Custo do Capital Imobilizado

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É um elemento dominante entre as despesas de posse. É ao Departamento
Financeiro que o compete determinar, pois está ligado à política de investimento da
empresa.. Com efeito, o capital imobilizado no stock não está disponível para outros
investimentos, tais como o aumento do parque de máquinas, a modernização dos
meios de produção, a publicidade, etc. Só o Departamento Financeiro Financeira
pode avaliar o rendimento médio que espera desses investimentos.
b) Custo dos Seguros
O seu montante é diretamente proporcional ao valor stock e à classe de risco
dos materiais em armazém.
c) Custo de Funcionamento do Armazém
Na prática, divide--se o montante global da amortização e das despesas anuais
de funcionamento do armazém pelo (salários, alugueres, eletricidade, manutenção,
etc.) pelo valor do stock.
d) Custo de Obsolescência e Depreciação
Na prática, o melhor método consiste em evitá-lo, limitando a quantidade de
encomendas dos artigos suscetíveis de obsolescência ou de depreciação.
e) Custo das Perdas por Deterioração
Percentagem calculada por estatística, a seguir aos inventários físicos. Visa
fazer face a perdas que acontecem, devido a deficiente manipulação ou
acondicionamento e a possíveis roubos.
Determinação do Custo Anual de Posse do Stock
Se u é o valor unitário de um artigo e t a taxa anual de posse do stock, então
u.t representa o custo anual de posse de uma unidade. Ligue--se, então, esta noção à
quantidade encomendada. Coloquemo-nos na hipótese de um nível de stock
decrescer linearmente desde Q até 0, sendo reaprovisionado instantaneamente com
uma quantidade Q.
Sabemos, naturalmente, que o stock médio será Q/2 e o custo anual de posse
do stock será, assim:

Na prática e em média, o valor da taxa anual de posse de um stock (t)


representa 10 % a 20 % do capital investido nesse mesmo stock.

Manual l19
1.3.3 Custo de Rutura
A rutura pode verificar--se nas seguintes duas atividades industriais:
Fabricação: Falta de materiais para dar continuidade ao processo produtivo.
Manutenção: Falta de uma peça que origina paragem de fabrico e cuja
produção não pode ser recuperada. não pode ser recuperada.
No primeiro caso (fabricação) podemos considerar duas espécies de rutura:
Rutura Potencial
Detetada antes do lançamento em fabricação, origina custos e custos
comerciais.
Real Rutura
Detetada só após o lançamento em fabricação, gera custos de outra natureza,
seja o custo de posse de stock de produtos em curso, seja o custo associado ao não
cumprimento de prazos (perda da venda do produto/custo de oportunidade).
Por outro lado, o custo da rutura em manutenção é devido à falta de uma peça
de substituição o que dá origem a um conjunto de consequências financeiras que
depende da peça e da máquina, da taxa de utilização da máquina e das
possibilidades de reparação. O custo de rutura tem em conta o tempo suplementar,
entre o tempo de, entre o tempo de reparação t1 com a peça a existir em stock e o
tempo t2 para arrancar apara arrancar a instalação quando a peça não existe em
stock. Durante este tempo (t2 –t1), para além do custo de posse dos produtos em
curso de fabrico e do suplemento de desperdícios, a perda de produção expressa em
margem bruta:
Custo de rutura=
Ph -Produção horária;
PV-Preço de venda;
Cv -Custos Variáveis

Em conclusão, para obter uma boa gestão de stocks é preciso minimizar os


três fatores de custo: custo de passagem das encomendas, custo de posse do stock e
custo de rutura.
Por conseguinte, gerir um stock engloba a procura de engloba a procura de
uma solução otimizada em termos:
Físicos
Manual l20
Administrativos
Económicos

Entidades intervenientes:
O Controlo Operacional do Armazém
Para que os produtos possam fluir eficientemente através do armazém, tem de
existir informação que ajude a dirigir as atividades do próprio armazém e a medir a
eficiência da utilização dos seus recursos.
O processo de informação inclui: o desenvolvimento do orçamento anual, a
preparação de mapas mensais ou trimestrais dos recursos, a programação diária e
semanal das atividades do armazém e relatórios sobre as operações e as atividades a
decorrer no armazém.
Para uniformizar e simplificar a descrição do sistema de informação de gestão
de stocks cito as entidades intervenientes num processo de aquisição de um bem, de
um modo único e genérico, se bem que na realidade os nomes possam variar
consoante a nomenclatura usada em cada organismo.
 Serviço – Entidade pertencente a um Organismo e que consome bens.
 Fornecedor – Entidade designada para fornecer, ou já fornecedora, de um
bem.
 Firma – Entidade passível de consulta para fornecimento e que pode vir a ser
Fornecedor.
 Economato – Serviço que gere o material em armazém e a sua entrega aos
outros Serviços de um Organismo.
 Compras – Serviço que efetua e gere o processo de aquisição de um bem.
 Armazém – Serviço ou espaço onde são depositados, de um modo provisório,
os bens adquiridos pelo Organismo.
Com estes intervenientes definidos, as várias fases que integram o
fornecimento, de um bem a um Serviço, podem descrever-se do seguinte modo:
1. Quando um serviço necessita de um bem pede-o à secção de Economato
através de uma Requisição interna.
2. O Economato verifica a existência do bem em armazém.
3. Se houver no Armazém o bem pretendido este é entregue ao Serviço
acompanhado de uma Guia de entrega.
Manual l21
4. Se não houver no Armazém, dá-se início a um processo de aquisição
através de um pedido à secção de Compras.
5. A secção de Compras efetua o processo de consulta ao mercado e é tomada
uma decisão de aquisição de um bem a uma dada Firma, a qual é formalizada por
uma Requisição oficial ou Nota de encomenda.
6. O Fornecedor, após a receção da Requisição oficial ou Nota de encomenda,
entrega o bem ao Organismo. A entrega, dependendo do tipo de bem, pode ser no
Armazém ou no Serviço. No entanto, quem acusa a receção do bem é o Economato
através da receção da Guia de remessa/Fatura do Fornecedor.
7. Após entendimento de boa receção do bem, este é passível de pagamento.

2 Qual o objetivo da gestão de stocks?


Gestão material ou física de stocks
Estudar a localização e o lay-out dos armazéns e os respetivos equipamentos
de arrumação e de movimentação, por forma a:
 Minimizar os custos de armazenagem.
 Evitar a deterioração dos materiais ou programas armazenados.
 Facilitar a correta identificação de cada material ou produto.
 Racionalizar as movimentações dentro dos armazéns, tanto nas operações de
receção como de fornecimento aos serviços requisitantes.
 Promover o oportuno e correto fornecimento dos bens requisitados.
Gestão administrativa de stocks
Implementar e gerir um sistema administrativo que permita:
 O correto e oportuno registo de qualquer movimentação de materiais nos
armazéns;
 O controlo das quantidades existentes, em cada momento, dos produtos em
armazém;
 O conhecimento das quantidades de material ainda em armazém mas já
comprometidas;
 As previsões de entradas de novos materiais e produtos ventilados em
quantidades e datas previstas.
Gestão económica de stocks
Manual l22
Estudar as quantidades – médias, máximas e mínimas (quantidades ótimas) –a
manter em stock para conseguir um justo equilibrado entre:
 o montante financeiro imobilizado em stocks;
 O custo de posse em armazém dos materiais e dos produtos;
 Uma elevada probabilidade de não consumir stocks obsoletos;
 Uma probabilidade aceitável de não rutura de stocks.

2.1 Gestão Material de stocks


Objetivo:
 Facilitar a receção, conferência, arrumação e expedição dos bens;
 Dispor as quantidades armazenadas no mínimo espaço, devidamente
referenciado, com fácil acesso, e permitindo, economicamente, as
convenientes movimentações.
 Proteger os bens de deterioração e roubo.
 Planear cada armazém por forma a adaptar-se fácil e economicamente a
futuras necessidades diferentes
 Racionalizar as tarefas dos trabalhadores que operam nos armazéns e
minimizar a probabilidade de acidentes.

Enquadramento Estrutural da Gestão Física dos Stocks


As atribuições da gestão física dos stocks podem estar concentradas num
único órgão estrutural ou repartidas por vários órgãos ou serviços, como por exemplo
os seguintes:
• Receção,
• Armazéns,
• Expedição.
Requisitos de uma gestão física dos stocks eficiente
Uma eficiente gestão física de stocks deve obedecer aos seguintes requisitos:
• Proporcionar uma eficiente receção dos materiais
- Boas condições para a execução rápida e cuidada das funções
administrativas da receção;
- Espaço adequado para descarga, para a eventual desembalagem, e para os
controlos quantitativos e qualitativos;
Manual l23
- Saída facilitada e desimpedida para os locais de armazenamento.
• Dispor de meios adequados de movimentação e transporte interno.
- Pavimentos em bom estado;
- Corredores amplos;
- Meios de transporte interno adequados aos espaços disponíveis para a
movimentação e aos artigos a movimentar.
• Possibilitar e facilitar a saída rápida dos artigos do armazém
- Pouca burocracia;
- Itinerários de saída desimpedidos;
- Espaços curtos a percorrer em especial para os materiais com maior
saída/rotação, volume ou massa;
- Saída fácil da pilha ou prateleira;
- Contagem local facilitada;
- Meios de movimentação rápidos e seguros;
- Localização e acesso ao material armazenado facilitados.
A função armazenagem: âmbito e princípios gerais
Fatores condicionantes
Existe um vasto conjunto de fatores, que condicionam a seleção do método de
armazenagem, dos quais se realçam os seguintes:
• Rotatividade dos materiais;
• Volume e peso;
• Valor;
• Ordem de entrada/saída;
• Acondicionamento e embalagem;
• Fragilidade/robustez;
• Perecividade

Princípios Gerais de Armazenagem


Há dois princípios gerais a que correspondem dois tipos básicos de
armazenagem, que podem coexistir num mesmo armazém:
 Armazenagem com lugar pré-definido
Este sistema obedece ao princípio de “um lugar para cada coisa e cada coisa
no seu lugar.
Manual l24
Todos os materiais têm o seu espaço perfeitamente identificado para serem
colocados e não podem ser armazenados noutro sítio.
Vantagens:
- Fácil localização dos materiais;
- Os materiais idênticos estão juntos.
Inconvenientes:
- Desperdício de espaço visto que cada material tem o seu lugar cativo, para o
seu nível máximo de stock. Pode dizer-se que normalmente 40% do volume útil para
armazenar se encontra vazio.
- Um material colocado em sítio errado fica eventualmente perdido.
 Armazenagem sem lugar pré-definido ou Armazenagem “caótica”
Este sistema obedece ao princípio de “seja qual for no sítio disponível”. Nos
espaços livres pode colocar-se qualquer material, não existindo lugares marcados,
mas critérios gerais de localização.
Vantagens:
- Aproveitamento máximo dos espaços;
- Facilita a operação de arrumação dos materiais.
Inconvenientes:
- Exige registo e controlo rigoroso da localização dos materiais (armazém
“inteligente”);
- Pode aproximar materiais incompatíveis ou que se contaminem, se não forem
cumpridos determinados procedimentos.
Classificação de armazéns
• Armazéns Industriais - são armazéns destinados à arrumação: das matérias-
primas; das ferramentas; dos materiais em curso de fabricação; dos componentes e
dos subconjuntos; dos produtos acabados e, em princípio, por acondicionar em
embalagem de transporte.
• Armazéns de Distribuição - são os armazéns, que integram o circuito de
comercialização dos produtos de uma empresa ou grupo de empresas, podendo ficar
situados:
- Na área de distribuição dos clientes;
- Junto às unidades de produção;
- Em posição intermédia estratégica.
Manual l25
• Entrepostos - são espaços de armazenagem pertença de entidades privadas
ou estatais, independentes dos proprietários dos materiais neles armazenados, a
título temporário, mediante acordo ou contrato.
Tipos de Armazéns
Pode considerar-se que existem três tipos de armazéns:
Armazéns cobertos
• Armazéns cobertos - são edifícios ou espaços abrigados com características
adequadas (exemplo: climatizados) e equipamento específico (exemplo: ponte
rolante, empilhador);
Parques
• Parques - são espaços a céu aberto com a área bem definida e demarcada,
com meios adequados à arrumação e movimentação dos materiais (exemplo: porta-
contentores) onde estes são arrumados segundo princípios e critérios de
armazenagem
Áreas livres
• Áreas livres - são locais que eventualmente ou a título permanente, se
destinam a arrumações ou esperas transitórias, não sendo vedados, nem exigindo
critérios de arrumação.
De que meios necessita:
 Locais apropriados para a armazenagem;
 Equipamentos para a arrumação eficaz dos materiais;
 Pessoal qualificado e de confiança

Como se devem escolher os locais de armazenagem:


 Localização – os armazéns devem situar-se tão próximos quanto possível dos
locais onde se situam os utilizadores, por forma a minimizar as
movimentações.
 Descentralização – este aspeto tem menor importância nas pequenas
empresas, onde se verifica normalmente a vantagem de um único.
 Implantação – a dimensão e configuração do armazém deve ser prévia e
objetivamente estudadas, tendo em conta:
A implantação, tendo em conta:
 As características dos materiais a armazenar;
Manual l26
 Os volumes a manter em stock;
 A altura útil de armazenagem;
 O método de armazenagem;
 Os meios de movimentação – que condicionam as dimensões e caraterísticas
das zonas de movimentação;
 As quantidades e ritmos de expedição;
 A dimensão da zona administrativa do armazém,
 Eventualmente, a necessidade de zonas para operações de embalagem.

Como se devem escolher os equipamentos para arrumação dos


materiais?
Tendo em conta:
 As características dos artigos a armazenar –forma, dimensão, peso, volume,
resistência, etc;
 As necessidades de conservação – proteção da humidade, do calor, do
choque, etc.
 Máxima utilização do volume do armazém;
 Flexibilidade de utilização da capacidade de armazenagem;
 Facilidade de contagem/medição.

2.2 Gestão administrativa dos stocks


Qual o seu objetivo?
 Registar, correta e oportunamente, as entradas e saídas de cada material em
armazém;
 Saber, em cada momento, quantas unidades de cada material devem existir
em stock;
 Controlar as quantidades de bens ainda em armazém mas já reservadas para
serem entregue em prazos fixados;
 Manter atualizadas as previsões de entradas dos materiais em armazém, em
quantidades e prazos.
 Analisar os desvios entre as quantidades efetivamente existentes e as quais
deveriam existir.
Como se desenvolve a sua ação?
Manual l27
 Ao nível do armazém:
 Preenchendo as guias de entrada e saída;
 Lançando as respetivas movimentações nas fichas de armazém.
 Comparando sistematicamente as suas existências reais com os saldos
apresentados naquelas fichas.
 Ao nível da gestão de stocks:
 Movimentando as fichas de gestão de stocks, onde se regista não só as
entradas, saídas e existências em armazém mas ainda as quantidades
reservadas e as existências efetivamente disponíveis;
 Controlando sistematicamente as quantidades efetivamente existentes em
armazém, analisando os eventuais desvios em relação aos saldos em ficha e
averiguando as causas daqueles desvios.
 Comparando as existências e as previsões de novas entradas em armazém
com as solicitações existentes e previsíveis, com o objetivo de desencadear
oportunamente os pedidos de compra.

Enquadramento Estrutural da Gestão Administrativa dos Stocks


Ficheiro de materiais
As atribuições da gestão administrativa dos stocks podem estar concentradas
num órgão estrutural, que se ocupa exclusivamente delas e é responsável pela
criação e manutenção de um ficheiro de materiais, onde são registadas todas as
entradas e saídas, em quantidade física e valor de cada artigo.
Em empresas de pequena dimensão, é frequente encontrar aquelas atribuições
no órgão que também é responsável pela gestão previsional dos stocks, isto é, que
estima os consumos para períodos futuros, e que simultaneamente realiza a gestão
económica dos stocks, isto é, determina quanto e quando reaprovisionar cada artigo
do stock.
Existindo na empresa um órgão específico de gestão administrativa de stocks
ou estando esta função integrada na gestão económica dos stocks, deve haver uma
dependência hierárquica e funcional do responsável pela função aprovisionamento.
Nomenclatura dos materiais
Nomenclatura é o conjunto de elementos de identificação de um artigo do
stock.
Manual l28
A nomenclatura compreende:
• A designação;
• A codificação.
Designação é o nome pelo qual o artigo é conhecido na empresa.
Pode adoptar-se uma designação externa à empresa, por exemplo, a
designação do fornecedor.
Codificação é uma representação simbólica ou uma referência que identifica
exactamente o material ou artigo de forma inequívoca.
Sistemas de Codificação dos Materiais
Existem os sistemas de codificação seguintes:
• Codificação numérica - utiliza unicamente algarismos árabes;
• Codificação alfabética - utiliza unicamente letras latinas;
• Codificação alfa-numérica - utiliza algarismos árabes e letras latinas.
Exemplo: MX 423.052.06;
• Codificação de barras - utiliza conjuntos normalizados de traços paralelos
verticais, como no Sistema EAN (European Article Numbering);

Campos de codificação de materiais


Exemplo
Considere um código com os cinco campos seguintes:
30 . 238 . 337 . 025 . 8
Artigo do stock de matérias primas
Classe dos aços
Família dos varões
Nº de ordem do artigo
Checkdigit

Como se constata do exemplo, o stock pode estar subdividido por tipos de


material (matéria prima), estes por classes, famílias e finalmente estas por números
de ordem.
Assim,
• O nº 30 corresponde ao tipo de material de stock: matérias primas;
• O nº 238 corresponde à classe dos aços inoxidáveis AISI 304;
Manual l29
• O nº 337 corresponde à família dos varões;
• O nº 025 corresponde ao nº de ordem igual ao diâmetro do varão, que no
exemplo é de 25 mm;
• O nº 8 é o checkdigit que confirma a correção do respetivo código.

Especificação dos materiais


No ficheiro de materiais, associado à nomenclatura de cada artigo deve constar
a respetiva especificação.
Especificação de um material é o conjunto de requisitos da qualidade, isto é, o
conjunto de atributos ou características, traduzido em termos qualitativos e
quantitativos, que lhe confere aptidões de utilidade e permite verificar a conformidade.
Uma especificação pode definir padrões de comportamento e de segurança do
material, indicar prescrições de embalagem, discriminar ensaios e testes de controlo
da qualidade, referir normas e regulamentos de referência.
A especificação do material é fundamental para a sua compra e respetiva
receção qualitativa.
Se fornecedores e clientes usarem para o mesmo artigo ou material a mesma
nomenclatura, isto é, a mesma designação e código para a mesma especificação,
será facilitada a transação e o respetivo processamento.
Compete à gestão administrativa dos stocks analisar caso a caso e decidir
quais desses materiais deverão constar no stock, mediante análises próprias de
natureza económica.
Conhecidos os artigos que constituirão o stock, os dois passos seguintes são:
•Estabelecer a nomenclatura e a especificação;
• Carregar o ficheiro de materiais.

Tipos de Movimentos mais Utilizados


Os materiais, dentro da empresa, estão sujeitos aos mais diversos tipos de
movimentos. Destes, os mais utilizados são os seguintes:
Entradas de Compras -Produtos provenientes de fornecedores que provocam o
aumento das existências.
Saídas para Utilização - Interna - Produtos requisitados para uso na própria
empresa, que originam a redução das existências.
Manual l30
Expedição - Movimento de saída para o exterior, que conduz à redução das
existências.
Transferências - Movimentos entre armazéns ou entre locais de armazenagem
que não conduzem ao aumento, em termos globais, do inventário.
Devoluções de Fabricação - Ou, mais genericamente, devoluções de utilização,
que compreende os movimentos de entrada em stock provenientes de saídas de
stock não utilizadas.
Devoluções a Fornecedores - Movimento de saída resultante da não-aceitação
de materiais provenientes de compras, mas cuja não conformidade só foi detetada
após o movimento de entrada dos materiais em armazém. Convém, no entanto,
realçar que todos estes movimentos devem ser reduzidos ao mínimo estritamente
indispensável.

Critérios Valorimétricos
A valorização de qualquer elemento do Ativo do Balanço de uma empresa tem
reflexos naturais ao nível dos seus Resultados, pelo que os critérios de, pelo que os
critérios de valorização dos stocks têm de ser ponderados com toda a prudência. Os
critérios de valorização mais utilizados são os seguintes:
Custo Médio Ponderado
A avaliação feita através do custo médio ponderado é a mais frequente, tendo
como base que o preço de cada saída é o preço médio de todas as compras de um
determinado artigo em stock. Este tipo de avaliação equilibra as flutuações dos preços
de aquisição reflete os preços reais das compras do material. O custo médio
ponderado é calculado através da seguinte expressão:

Em que:
X-Custo médio.
Y-Preço em Euros de cada compra.
N-Quantidade total de material aprovisionado.
Exemplo de Aplicação
Vejamos a seguinte ficha de movimentos de armazém:
Ano Nº de
Entradas Saídas Saldo

Manual l31
2012 movimentos Quant Preço Preço Quant Preço Preço Quant Preço Preço
Data (uni) (unit) Total (uni) (unit) Total (uni) Total Médio
7-5 1 500,00 15,00 7.500,00 500 7.500,00 15,00
8-5 2 500,00 20,00 4.000,00 700 11.500,00 16,43
23-7 3 150 16,43 2,464,50 550 9.036,50 16,43

Para este caso, teremos:


11.500,00 Euros
N = 700 unidades
X = 11.500 / 700 = 16,43 Euros

Custo Standard
É fixado um valor standard para cada artigo em stock.
Todos os movimentos se processam com base no valor estabelecido para o
período de referência (normalmente 1 ano).
Os desvios entre os valores reais e o standard fixado vão à conta de desvios
estão regularizados no final do exercício. É, também, um método muito utilizado.
Método PEPS (FIFO)
A avaliação por este método é realizada pela ordem cronológica de entradas
(Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair -First In, First Out).
Sai o material que primeiro foi recebido no armazém, sendo substituído pela
mesma ordem cronológica em que foi recebido e devendo ser aplicado sempre o
preço real de cada compra.
As existências têm tendência a ser sobreavaliadas e as imputações aos
produtos conduzem, tendencialmente, à sua subvalorização.
Exemplo de Aplicação
Numa empresa entraram em armazém, no dia 06/08/2012, 100 unidades de um
determinado artigo ao preço de 15,00 Euros cada uma; no dia 07/08/2012 entraram
mais 150 unidades ao preço de 20,00 Euros cada uma; no dia08/08/2012 saíram 150
unidades, como se pode observar na ficha de movimentos a seguir:
Ano Nº de
Entradas Saídas Saldo
2012 movimentos
Quant Preço Preço Quant Preço Preço Quant Total
Data
(uni) (unit) Total (uni) (unit) Total (uni) Euros
6-8 1 100 15,00 1.500,00 100 1.500,00

Manual l32
7-8 2 150 20,00 3.000,00 250 4.500,00
8-8 3 100 15 1.500,00 150 3.000,00
50 20 1.000.00 100 2.000,00

Método UEPS (LIFO)


Este método de avaliação considera que deverão sair, em primeiro lugar, os
últimos lotes de um artigo que deram entrada no armazém o que, na prática, equivale
a que o saldo em stock seja avaliado ao preço das entradas mais antigas (Último a
Entrar, Primeiro a Sair -Last In, First Out).
Este critério conduz a uma tendência de inflacionamento do custo dos produtos
fabricados, uma vez que se utilizam sempre os lotes mais recentes existentes em
stock. Em contrapartida as existências são tendencialmente subavaliadas, uma vez se
mantêm os lotes mais antigos que integram o stock.
Exemplo de Aplicação
Numa empresa entraram em armazém, no dia 06/08/2012, 100 unidades de um
determinado artigo ao preço de 15,00 Euros cada uma; no dia 07/08/2012 entraram
mais 150 unidades ao preço de 20,00 Euros cada uma; no dia 08/08/2012 saíram 150
unidades, como se pode observar na ficha de movimentos a seguir.

Ano Nº de
Entradas Saídas Saldo
2012 movimentos
Quant Preço Preço Quant Preço Preço Quant Total
Data
(uni) (unit) Total (uni) (unit) Total (uni) Euros
6-8 1 100 15,00 1.500,00 100 1.500,00
7-8 2 150 20,00 3.000,00 250 4.500,00
8-8 3 100 20 3.000,00 100 1.500,00

Método NIFO (Next in First Out)


Segue a mesma lógica do LIFO, considerando que as saídas se efetuam ao
valor de mercado. Este critério afeta, sobretudo, a valorização dos produtos onde são
imputados os artigos produtos onde são imputados os artigos movimentados.

Inventários
Existem diversos tipos de inventários. Vai referir-se os mais correntes:

Manual l33
1. Inventário permanente;
2. Inventário programado;
3. Inventário físico intermitente;
4. Inventário físico rotativo;
5. Inventário físico permanente

Inventário Permanente
A partir do ficheiro de materiais pode efetuar-se uma listagem que contem
todos os itens em armazém e as respetivas quantidades físicas num dado instante.
Se esta listagem for atualizada no ato de cada movimento de entrada e de
saída, e aplicado o adequado critério valorimétrico, é possível saber em cada
momento o que existe no(s) armazém(s) da empresa em quantidade e valor
monetário. Esta listagem é designada por inventário permanente.
O inventário permanente é universalmente utilizado nas empresas. Quando
existem centenas ou milhares de artigos, só com um sistema informático é possível
geri-lo eficientemente e saber para cada artigo a quantidade correta em cada
momento.
Inventário Programado
Este inventário permite, não só ter conhecimento dos stocks teóricos de
materiais, durante os próximos períodos de controlo, mas, também das entradas
programadas (provenientes das encomendas emitidas), das previsões de saída, isto
é, saber em que data se processa qual movimento. É neste pormenor que difere o
inventário comum de materiais do inventário programado.
Inventário Físico Intermitente
Consiste no encerramento periódico do armazém, durante alguns dias, a fim de
fazer um balanço (contagem) dos diferentes artigos.
Inventário Físico Rotativo
Este sistema é uma variante do anterior, no entanto não é necessário encerrar
o armazém, processando-se da seguinte forma:
• Dividem-se os artigos, de acordo com o número de movimentos, nas
categorias A, B e C;

Manual l34
• Os artigos A são contados de forma cíclica e uma vez em cada trimestre,
enquanto os B são contados semestralmente e os C anualmente;
• No início de cada dia de trabalho são controlados os movimentos dos artigos
entrados e saídos, no dia anterior.
Inventário Físico Permanente
Este sistema consiste em contar diariamente, no fim de cada dia de trabalho,
apenas os artigos que tenham tido movimento durante esse dia. Assim, se houver
qualquer erro, terá apenas que se verificar esse dia, simplificando-se a tarefa de
correção.
2.3 Gestão Económica de Stock
Objetivo:
Racionalizar o aprovisionamento por forma a minimizar o custo total de cada
produto à saída do armazém, (custo que incluí o preço pago ao fornecedor e os
custos de efetivação da encomenda, transporte e armazenagem).
Baseia-se:
 Nas previsões de consumos em cada período.
 Nos prazos de aprovisionamento.
 Nas variações de preços por níveis de encomenda.
 Nos custos de efetivação das encomendas.
 Nos custos de transporte
 Nos custos de armazenagem, função do espaço ocupado e período de
estacionamento.
 Nos custos provocados por ruturas de stock.

O problema da gestão económica dos stocks não se centra na aplicação de


métodos de gestão, mas na seleção do melhor método para cada artigo, conforme a
sua identidade, as suas características de consumo, de preço, de prazo e os custos
associados à armazenagem, ao reabastecimento e à rutura.
Trata--se de garantir o abastecimento dos utilizadores ao menor custo total,
através da:
a) Minimização dos custos de posse e de passagem.
b) Redução dos obsoletos

Manual l35
c) Redução das ruturas

Para o efeito é preciso saber calcular com exatidão o stock médio em


quantidade e em valor, e confrontar os resultados obtidos com os métodos aplicados.
Para medir a eficiência da utilização de um stock recorre--se a indicadores que
traduzem a relação entre o consumo e o stock médio detido. Um desses indicadores é
a Taxa ou Índice de Rotação do Stock.

Taxa de rotação=

Traduz o número de vezes que o stock se renova. Quanto mais elevada for
esta taxa tanto melhor é a gestão adotada. Este indicador pode apresentar valores
que se situam num intervalo muito largo, que pode ir de valores inferiores à unidade
até 100, dependendo do tipo de artigos e da indústria de referência. Todavia, é
considerado positivo um rácio superior a 5 para uma indústria tradicional.
Se o consumo anual de um artigo for de 60.000,00 € e se o stock médio no
período foi de 15.000,00€, a taxa de rotação será igual a 4 o que significa que o stock
se renova quatro vezes por ano ou de 3 em 3meses.

Outro indicador utilizado é a Taxa ou Índice de Cobertura Médio do Stock

Taxa de Cobertura =

Este indicador traduz o número de meses de consumo assegurado pelo stock


Médio. Existe, ainda, um terceiro indicador que se traduz pela Taxa de Rutura dos
stocks e que se pode medir através do seguinte rácio:

Taxa de rutura=

É difícil definir um valor ótimo para esta taxa, dado que é função de um elevado
número de variáveis.
Todavia, poderemos considerar como valores razoáveis para a taxa de rutura
os que se encontrarem compreendidos num intervalo entre os 2%e os 4 %, para o
stock global.

Manual l36
3 Conceitos fundamentais utilizados na gestão de stocks
Para melhor se entenderem as metodologias utilizadas na gestão de stocks,
vamos introduzir alguns conceitos que se revelam fundamentais.
Gráfico Representativo da Movimentação dos Stocks
A representação da movimentação (entradas e saídas) de um stock pode ser
feita através de um gráfico, no qual a abcissa é o tempo de consumo T geralmente
expresso em meses, e a ordenada é a quantidade Q em unidades de um ou mais que
um artigo em stock, no intervalo de tempo T.
Este gráfico, conhecido como Gráfico Dente de Serra, é apresentado na figura
seguinte:

Como se pode observar o stock iniciou com 140 unidades e foi consumido,
num determinado período de tempo, até atingir o ponto zero.
Quando isso aconteceu, deu entrada no armazém uma reposição de
140unidades que o levou de novo à posição inicial.
Este ciclo será sempre repetitivo e constante, desde que se verifiquem os
seguintes pressupostos:
 Inexistência de alterações de consumo durante o período de tempo T
 Inexistência de falhas administrativas (por exemplo, esquecimento ou
atraso no lançamento dos pedidos de aprovisionamento ou das ordens
de compra).

Manual l37
 Inexistência de atrasos por parte dos fornecedores.
 Inexistência de rejeições por parte do Controle de Qualidade.
A prática demonstra que estas quatro condições não são, em regra, cumpridas
com regularidade, pelo que deve ser criado um sistema que absorva as anomalias e
que diminua o risco do stock ficar a zero durante um determinado período de tempo,
com consequências normalmente graves para a empresa a par dos respetivos custos
adicionais, tais como:
Paralisação de um ou mais sectores produtivos.
Incumprimento dos prazos de entrega de encomendas.
Deterioração da imagem no mercado.
Redução dos volumes de vendas e de faturação.
Diminuição da produtividade global.

Retomando o gráfico apresentado anteriormente e se for calculada uma


quantidade considerada de reserva (por exemplo 20 unidades), o stock será
consumido até atingir as 20 unidades, sendo então repostas120 unidades que o
levam à posição inicial (140 unidades).
A quantidade de 20 unidades servirá como segurança ou proteção, para as
eventualidades que possam ocorrer durante o período de uma nova reposição.
Este Stock de Segurança deverá ser dimensionado com critério e bom senso,
tendo em linha de conta que representa capital investido e. inoperante.
A figura seguinte mostra o Gráfico Dente de Serra utilizando o Stock Mínimo ou
de Segurança

Manual l38
4 - A Procura
Os produtos em stock estão sujeitos a diferentes tipos de procura a saber:
Procura Independente
A procura de produtos finais é originada na envolvente exterior ao sistema
produtivo e possui um comportamento aleatório. Os produtos finais possuem, então,
um padrão de procura independente
Os stocks de produtos acabados (ou stocks de distribuição) destinam--se a a
vários clientes, sendo esta procura independente de qualquer fator interno da
empresa. A soma das várias encomendas pode originar um padrão de procura
homogeneizado e regular ao longo do tempo .
Procura Dependente
Os componentes e os subconjuntos, ao serem incorporados na produção dos
produtos finais, possuem uma procura dependente da procura de um outro produto
não sendo, por isso, diretamente influenciada pelo mercado. Só existe procura de um
componente ou subconjunto quando é desencadeado o fabrico de um lote do produto
final.
Assim e até ao fabrico do próximo lote, a procura desse componente ou
subconjunto é nula. Os stocks de fabricação resultam, então, do plano de produção
produtos acabados. A procura resulta, assim, das decisões da empresa em relação à
fabricação, estando delas dependente.
A procura dependente apresenta algumas características particulares:
Não é regular, na medida em que apresenta picos na altura da entrada na
fabricação.
Não é aleatória, já que é perfeitamente conhecida a partir do momento em que
o programa de produção dos produtos acabados é estabelecido
Além disso, as necessidades dos componentes são independentes entre si,
sendo certo que um mesmo componente pode ser necessário à produção de vários
produtos acabados.
A fabricação de um produto final obriga à disponibilidade de todos os
componentes que o constituem.
Deste modo, uma mesma peça pode impedir a produção de vários produtos
acabados, o que obriga a uma gestão apertada do stock com reduzidos níveis de
rutura.
Manual l39
A procura é o fator mais importante em todo o planeamento de um sistema de
Gestão de Stocks.. O seu correto conhecimento e estudo podem facilitar, de
sobremaneira, todo o processo maximizando a eficácia desta função da empresa.

4.1 Análise ABC


O princípio da classificação ABC ou curva 80-20 é a atribuído ao italiano
Vilfredo Paretto que, em 1897, elaborou um estudo sobre a distribuição de renda.
Através deste estudo, apercebeu--se de que a distribuição de riqueza não se
dava de maneira uniforme, havendo grande concentração (80%) nas mãos de uma
pequena parcela da população (20%).
Este princípio de análise estendeu--se a outras áreas e atividades, tais como a
industrial e a comercial, sendo mais amplamente aplicado a partir da segunda metade
do século XX. Esta análise permite, então, classificar os problemas por ordem de
importância em três categorias (A, B e C).
Como não é possível nem aconselhável tratar todos os artigos da mesma
forma, a análise ABC é uma ferramenta de gestão muito simples, mas com grande
eficácia na classificação correta dos stocks, criando três níveis de prioridade distintos
na respetiva gestão.
Assim, este método classifica os stocks em três grandes grupos A B ou C, de
acordo com a percentagem, de acordo com a percentagem dos consumos anuais que
cada grupo representa.
A separação é feita de acordo com a seguinte metodologia
Classe A
Este é o grupo de artigos com maior valor de consumo anual, embora
Este é o grupo de artigos com maior valor de consumo anual, embora seja
representado por um pequeno número de artigos: 15 a 20 % do total de artigos
correspondem a 75 a 80 % do valor do consumo anual total.
Classe B
É um grupo intermédio: 20 a 25 % do total de artigos representam 10 a 15 %
do valor do consumo anual de todos os artigos
Classe C
Este grupo de artigos possui o menor valor de consumo anual, embora

Manual l40
Este grupo de artigos possui o menor valor de consumo anual, embora
represente um elevado número de referências: 60 a 65 % do número total de artigos
correspondem a 5 a 10 % do valor do consumo anual total de todos os artigos.

A gestão de cada grupo deve ser realizada da seguinte forma:


Classe A
Os artigos devem ser controlados frequentemente, de forma a manter
existências baixas e a evitar ruturas.
Classe B
Os artigos devem ser controlados com uma periodicidade mais alargada.
Classe C
Os artigos devem possuir regras de decisão muito simples e totalmente
automatizadas. Os níveis de stock de segurança podem ser mais elevados do que os
dos artigos das classes A e B, de forma a minimizar os inconvenientes de eventuais
ruturas.
4.2.1 Aplicação da Análise ABC à Gestão de Stocks e dos
Aprovisionamentos
A classificação ABC é um instrumento fundamental para o gestor de stocks e
dos aprovisionamentos, dado que permite identificar os artigos que justificam atenção
e tratamento adequados, em função do seu grau de importância numa determinada
empresa.
Tem sido utilizada não só para a gestão de stocks, mas também para a
definição de políticas de vendas, para a determinação de prioridades em termos de
programação da produção e até para a resolução de outros problemas correntes das
empresas.

Manual l41
Em termos de Gestão de Stocks a distribuição dos artigos pelas classes A, B e
C obedece, em regra, ao seguinte critério:
Classes Participação Percentual Acumulada
A Até 75%
B De 75,1% até 95%
C Acima de 95%

Exemplo de Aplicação da Classificação ABC


Para ilustrar as etapas de realização de uma classificação
ABC e da curva ABC, apresenta--se um caso simplificado para apenas dez
artigos, relativo a uma fábrica de calçado. No entanto, o procedimento é válido para
qualquer número de artigos.

Fábrica de calçado
Materiais Preço unitário Consumos anuais Valores de consumos
(euros) (unidades) anuais (euros)
Cola 1€ uni 10.000 10.000,0
Pelaria Bufalino 12 € m² 12.000 122,400,00

Pelaria Anilina 3€m² 90.000 270.000,00

Saltos 6€ml 4.500 27.000,00


Solas 10€ uni 7.000 70.000,00
Palmilhas 1.200 Kg 20 24.000,00
Parafusos 0,60€/Grosas 42.000 25.000,00
Líquidos 28€ ml 8.000 22.400,00
Aplicações 4€ uni 1.800 7.200,00
Aglomerado 60€ m² 130 7.800,00

Manual l42
Ordenando os materiais por ordem decrescente dos respetivos valores de
consumo e aplicando o algoritmo da classificação ABC, teremos
Materiais Valores de Valor de Consumo Participação do valor Classe
consumos anuais anual (euros) total de consumo (%)
(euros)
Pelaria Anilina 270.000,00 270.000,00 46,1 A
Pelaria 122.400,00 392.400,00 67 A
Bufalino
Solas 70,000,00 462.400,00 78,9 B
Saltos 27.000,00 489.400,00 83,5 B
Parafusos 25.000,00 514.600,00 87,8 B
Palmilhas 24.000,00 538,600,00 91,9 B
Líquidos 22.400,00 561.000,00 95,7 C
Cola 10.000,00 571.000,00 97,4 C
Aglomerado 7.800,00 578.800,00 98,8 C
Aplicações 7.200,00 586.000,00 100 C

Conclui--se, assim, que 20 % dos artigos pertence à classe A, 40 % à classe B


e 40 % à classe C. A partir destes elementos pode ser construída a curva ABC.

Manual l43
Para tal, é traçado um sistema de eixos no qual a abcissa representa a
percentagem acumulada de artigos e ordenada a participação percentual acumulada
dos seus valores anuais de consumo, como mostra o gráfico seguinte:

Curva ABC
% acumulada no Valor Total anual de consumo

120
%

100
%

80%

40%

20%

0%

% acumulada de artigos

Classe A= 20% Classe B=40% Classe C:40%

Do gráfico representativo da curva ABC e da análise realizada, conclui--se que:


Classe A-20 % dos artigos correspondentes a 67 % do valor total anual de
consumo.
Classe B-40 % dos artigos correspondentes a 24,9 % do valor total anual de
consumo.
Classe C-40 % dos artigos correspondentes a 8,1 % do valor total anual de
consumo.
Desta forma, a gestão dos stocks e dos aprovisionamentos dos artigos da
classe A deve ser rigorosa, utilizando stocks de segurança dentro de níveis tão baixos
quanto possível. Por outro lado, o controle dos artigos da classe C deve ser simples
podendo utilizar níveis de stock de segurança mais elevados, dado que o seu custo
tem uma influência muito pequena no valor do custo total do stock. Finalmente, os
artigos da classe B devem ser geridos através de um modelo intermédio em relação
aos utilizados para os artigos das classes A e C. Vemos, assim, que a Análise ABC
Manual l44
apresenta uma vasta gama de aplicações dentro de uma empresa podendo ser
utilizada em empresas de pequena, média ou mesmo grande dimensão, dispondo ou
não de estruturas de apoio dotadas de tecnologias de informação direcionadas à
Gestão da Produção.
4.3 Classificação Crítica
Os materiais ou artigos existentes em armazém devem, também, ser
classificados em 1, 2 ou 3 de acordo com o seu grau de criticidade em relação ao
processo de fabrico de uma determinada empresa ou aos seus clientes, no caso de
se tratar de produtos acabados. Para tal, utilizam--se os seguintes critérios:
Grau 1 – A sua falta origina a paralisação total da empresa ou dos seus
clientes.
Grau 2 – A sua falta origina a paralisação parcial da empresa ou dos seus
clientes.
Grau 3 - A sua falta não origina qualquer tipo de paralisação da empresa ou
dos seus clientes.
4.4 Classificação Combinada
A classificação Combinada cruza os parâmetros definidos pela Análise ABC
com os da classificação Crítica, isto é, combina os artigos classificados em termos
económicos com o seu grau de criticidade. Este tipo de classificação tem como
objetivos definir modelos de controlo de stocks mais rigorosos, no que toca ao período
de revisão, e, determina com uma maior base de sustentação os respetivos
parâmetros de gestão, tais como o Ponto de Encomenda, Stock de Segurança, o
Nível de Serviço, etc.
A classificação Combinada é formada do seguinte modo:
Classificação ABC Classificação Critica Classificação Combinada
A 1 A1
A 2 A2
A 3 A3
B 1 B1
B 2 B2
B 3 B3
C 1 C1
C 2 C2
C 3 C3

Manual l45
:5- Modelos de cálculo das necessidades de stocks
É impossível prever o consumo ou a necessidade de um dado artigo com uma
precisão perfeita. Isto significa que, variações devidas a erros de previsão ou a
acontecimentos excecionais, introduzem fatores suplementares que afetam a
planificação. Para antecipar flutuações que não se podem prever, é usual introduzir
determinadas quantidades (stocks) nos sistemas operacionais, que, permitem
compensar todas as variações dentro das previsões efetuadas.

Para planificar um stock deve saber— se quando é que o material deverá ser
armazenado e quantas unidades é necessário armazenar. Para tal, deve prever--se
ose o consumo médio e a variância (desvio padrão) variância associada, no modelo
de stock considerado de modo a que, respondendo às solicitações em prazo e em
volume, se minimize o custo médio envolvido.. O controlo dos stocks, em particular
para o curto prazo é, em muitos casos, um meio mais prático e mais barato de tomar
em consideração o problema das flutuações dos pedidos do que os métodos de
previsão muito sofisticados.
Neste sentido, o gestor tem de escolher entre três soluções:
Uma previsão grosseira que, naturalmente, conduzirá à constituição de stocks
acima da média com forte possibilidade de acontecerem ruturas.
Um método de previsão elaborado, que pode conduzir a um baixo nível de
stocks.
Um sistema de aprovisionamento relacionado diretamente com o consumo, no
conceito de Just--in--Time.
A arbitragem entre estas três soluções deve fazer--se na base:
Do valor relativo de cada item.
Da lei que rege o seu comportamento no passado.
Do custo associado.
Da precisão do método utilizado

Convirá, todavia, acentuar que estamos a tratar de modelos de consumo


independentes.
Nos modelos de consumo dependentes, em que os stocks de, em que os
stocks de materiais a gerir estão diretamente relacionados com as necessidades dos
Manual l46
produtos nos quais são incorporados, serão utilizados se combinam com as que
iremos estudar, nomeadamente o MRP- Materials Requirement Planning
(Planeamento das Necessidades de Materiais) e o já referido Just--in--Time.
Uma vez inventariados, identificados e classificados os artigos e conhecido o
valor dos consumos anuais, a empresa possui os mecanismos para a aplicação dos
métodos de gestão. Uma primeira etapa para definir o método mais económico
consiste no agrupamento dos artigos segundo a Classificação ABC, selecionando as
metodologias de gestão em função da importância do valor de consumo de cada
artigo.
Mas esta classificação não é suficiente para se resolver completamente o
problema que se põe à gestão económica dos stocks, e que se resume em saber:
Quando encomendar e quanto encomendar, de forma a minimizar o custo
global a suportar.
Os métodos clássicos de gestão de stocks apoiam--se numa base de dados
constituída por:
Custo de passagem de uma encomenda.
Custo de posse do stock.
Consumo anual.
Preço unitário.
Tempo de Reposição (Prazo de Entrega).
Lei dos consumos mensais.
Risco de rutura aceite.

No entanto, a teoria dos stocks assenta sempre sobre a análise dos registos do
passado. Daí que a aplicação dos métodos de gestão deva incidir em particular nos
artigos das classes B e C. Os artigos da classe A deverão ser objeto de um de um
tratamento específico, não devendo estar completamente dependentes de leis
estatísticas.
5.1 Modelos de Previsão
O objetivo central das metodologias de previsão consiste em isolar o melhor
possível a lei dos consumos que caracteriza a sua utilização. Podem ser usadas três
formas de abordagem:
:1) Análise do passado como base das projeções a fazer para o futuro
Manual l47
2) Análise do futuro a partir da pesquisa de informações exteriores à empresa,
relacionadas com o mercado, a evolução conjuntural e as tendências tecnológicas.
3) Uma mistura das duas abordagens, que consta essencialmente numa
correção das previsões baseadas nas expectativas do futuro, a partir das projeções
do histórico de consumos.
Como técnicas mais utilizadas, temos as seguintes:
Método da Média Móvel Ponderada
Método da Média com Ponderação Exponencial
Método da Reta de Tendência

5.1.1 Método da Média Móvel Ponderada


Neste método, a previsão para um determinado período é obtida calculando-se
a média dos valores de consumo nos períodos anteriores.
Os valores de cada período são afetados por um coeficiente percentual de
ponderação, que irá decrescendo dos períodos mais recentes para os mais distantes,
isto é, os valores dos períodos mais recentes são afetados por um coeficiente maior
que os dos períodos mais distantes. O somatório dos coeficientes de ponderação terá
sempre igual a 100 %.
O valor da previsão de consumo é expresso pela seguinte fórmula:
X= (1+Kt)
Em que:
X Previsão para um determinado período de tempo.
Kp Coeficientes de ponderação atribuídos aos valores ocorridos em cada
período de tempo.
Xt Valores ocorridos em cada período de tempo.
Exemplo de Aplicação
O consumo em toneladas de uma determinada matéria--prima, registado nos
últimos quatro anos, foi o seguinte:
2009 --72 ton.
2010 --60 ton.
2011 --63 ton.
2012 --66 ton.

Manual l48
Qual deverá ser o consumo previsto para 2013, considerando--se os valores de
consumo dos últimos três anos?
Atribuindo coeficientes de ponderação aos valores registados em cada um dos
anos, teremos:
2009 --5 % .72 ton.
2010 -20% .60 ton.
2011 - 35 % 63 ton.
2012 -40 % .66 ton.
Aplicando a fórmula da média móvel ponderada, o consumo previsto para 2013
será então: X = [(1,20 x 60) + (1,35 x 63) + (1,40 x 66)] / 3,95 = (72 + 85,05 + 92,4)//
3,95 <=> 63,2 ton.

5.1.2 Método da Média com Ponderação Exponencial


Este método elimina muitas das desvantagens do método da Média Móvel
Ponderada, valorizando mais os dados recentes em detrimento dos antigos. São
necessários apenas três valores para gerar a previsão para o período seguinte:
A previsão do último período.
O consumo efetivo no último período.
Uma constante de ponderação atribuída aos valores mais recentes
O método da Média com Ponderação Exponencial prevê os consumos somente
com base nas tendências, eliminando o efeito de causas aleatórias.
É utilizada a seguinte fórmula de cálculo:
X = k * C + (1 --k) * Xa
Em que :
X-Previsão para um determinado período de tempo.
K-Constante de amortecimento.
C - consumo efetivo no último período.
Xa- Previsão do último período.

A Constante de Amortecimento
K pode ser calculada por intermédio de técnicas matemáticas e estatísticas,
situando--se os respetivos valores entre 0,01 e 0,4.típicos entre 0,01 e 0,4. Os valores
baixos de K diminuem a probabilidade de variação dos consumos, enquanto que os
Manual l49
valores altos são mais suscetíveis às mudanças nas tendências de consumo
(introdução de novas matérias primas, de novos produtos, etc.) Em termos de Gestão
de Stocks utilizam--se, geralmente, valores situados entre 0 e 1, em regra dentro do
intervalo [0,1 --0,3]
Pode calcular--se a Constante de Amortecimento (k) com uma margem mínima
de erro e para uma média móvel de n períodos, através da seguinte expressão:
K = 2 / (n + 1)
Exemplo de Aplicação
Em 2011 a previsão de consumo de um determinado artigo foi de 230
unidades, tendo sido utilizada para o ajustamento uma constante de amortecimento
de 0,1.amortecimento. Em 2012, o consumo efetivo foi de 210 unidades. Pretende
calcular--se a previsão de consumo para o ano de 2013.Aplicando a fórmula para o
cálculo da Média com Ponderação Exponencial, teremos:
X = 0,1 x 210 + (1 -0,1) x 230 = 21 + 207 = 228 unidades

5.1.3 Método da Reta de Tendência


Quando se verifica uma tendência regular na lei dos consumos, pode ser
definida uma reta y = ax + b, chamada reta de tendência, que procura minimizar a
somados quadrados das distâncias entre cada valor de consumo e uma reta a
determinar para a mesma abcissa.
A equação da reta a determinar será:
y = ax + by = ax + b que, por mudança de variável, dará :
Q = at + b

Manual l50
Em que:

b=

Sendo:
b -Ordenada na origem
a - Inclinação da reta
Q médio -Média dos valores de consumo tomados em ordenadas
t médio - Média dos valores de tempo considerados nas abcissas
n -Número de pontos considerados na série em estudo
t- Abcissa considerada
Q -Ordenada em cada ponto

Exemplo de Aplicação
Na fábrica XPTO verificaram--se os seguintes consumos de resina: Março 500
kg, Abril 550, Maio -550 kg, Junho 600 kg, Julho 630 kg e Agosto 650 kg Qual a
previsão de consumo para os meses de Setembro, Outubro e Novembro?
t Q (consumo) t² Qxt

Março 1 500 1 500


Abril 2 550 4 1100
Maio 3 550 9 1650
Junho 4 600 16 2400
Julho 5 630 25 3150
Agosto 6 650 36 3900
21 3480 91 12700
Media 3,5 580 15,17 2116,667

n=6

=29,71

Consumo previsto para Setembro (t=7)


Q=29,71x7+476=684,00Kg

Manual l51
Consumo previsto para Outubro (t=8)
Q=29,71x8+476=713,71Kg

Consumo previsto para Novembro (t=9)


Q=29,71x9+476=743,43Kg

5.2 Modelo de Revisão Contínua


Este modelo tem como base o sistema de periodicidade variável e quantidade
fixa (modelo Q). Quando o stock de um qualquer produto atinge o nível de
reaprovisionamento Ponto de Encomenda (Pe) encomenda--se uma quantidade fixa

chamada Quantidade Económica de Encomenda (Q ) ou Lote Económico de


Compra (LEC).

5.2.1 Noção de Tempo de Reposição (TR) ou Prazo de Aprovisionamento


(Pa)
Uma das informações fundamentais para o cálculo do Stock de Segurança é o
chamado Tempo de Reposição, isto é, o período de tempo que decorre entre a data
emissão do pedido de aprovisionamento e a receção efetiva do material no armazém.
O Tempo de Reposição é, por sua vez, o somatório de três tempos diferentes
como se detalha a seguir:
1 --Tempo de Emissão do Pedido de Compra (T1)

Manual l52
1 -Tempo de Emissão do Pedido de Compra (T1): Espaço de tempo que
decorre: Espaço de tempo que decorre desde a emissão da ordem de compra até à
sua efetiva receção pelo fornecedor.
2 -Preparação do Pedido de Compra (T2): Espaço de tempo que decorre
entre a preparação do material por parte do fornecedor (fabricação, embalagem,
emissão da fatura, etc.), e a sua disponibilidade para expedição.
3 -Transporte (T3): Espaço de tempo que decorre entre a saída do fornecedor
e a receção efetiva do material no armazém do comprador.
TR=T1+T2+T3
Em face da sua elevada importância na parametrização de um modelo de
gestão de stocks, o Tempo de Reposição deve ser calculado da forma mais realista
possível, dado que eventuais variações que ocorram podem alterar toda a estrutura
do sistema de stocks.

5.2 Noção de Stock Médio


Consideremos um artigo que é consumido à razão de 800unidades/ano e
suponhamos que o seu stock é renovado uma única vez no ano. O stock deste artigo
evolui de 800 a 0 unidades em 12meses, e o seu nível médio no ano é de 400
unidades. Se o stock fosse renovado duas vezes por ano, variaria de 400 a 0unidades
em 6 meses e o seu nível médio fixar-se-ia em 200 unidades. É o valor deste nível
médio que pesa na carga financeira dos stocks, oque demonstra que ela é
influenciada pela quantidade encomendada e pelo número de encomendas feitas no
ano.

Manual l53
Na prática e em termos operacionais de Gestão de Stocks, o Stock Médio é
definido como o nível médio do stock que serve de base ao sistema de gestão,
calculado pela respetiva média aritmética num determinado período
Dado que os modelos de Gestão de Stocks utilizam o conceito de Stock
Disponível, o stock médio será expresso pela respetiva média aritmética referente ao
período em análise.

5.2.3 Noção de Stock de Segurança


Suponhamos que para um dado artigo, o nível de stock é 80 e que o consumo
é de10 unidades/semana, em média. Deste modo, o stock será nulo na 8.ª semana.
Para evitar uma rutura é necessário efetuar uma nova encomenda, tendo em conta o
prazo de entrega. Se este fosse de 3 semanas, a encomenda seria feita na5.ª
semana. Se os consumos fossem regulares, no fim da 8.ª semana o stock cairia a
zero no preciso momento em que a encomenda daria entrada no armazém,
retomando o nível normal de stock.

Mas tudo isto é teórico e não existe nenhuma segurança:


Nem contra um prolongamento do prazo.
Nem contra a alteração da lei do consumo, durante o prazo de
aprovisionamento.

Manual l54
Assim, lançar-se-á a encomenda de modo a que esta entre em armazém, não
quando o stock é nulo mas quando tiver atingido um nível chamado Stock de
Segurança.

5.2.3.1 Cálculo do Stock de Segurança para Prevenir Variações de


Consumo Durante o Período de Risco
O Stock Mínimo ou de Segurança é, por definição, a quantidade mínima que
deve existir em stock destinada a cobrir eventuais flutuações de consumo e atrasos
na reposição dos materiais, garantindo o funcionamento contínuo e eficiente de uma
empresa sem o risco de falhas.

No caso dos métodos que estamos a estudar, o período de risco é igual ao


prazo de aprovisionamento (trata--se efetivamente de um período de tempo em que
qualquer reposição, por excesso de consumo ou por alargamento do prazo, traz
custos suplementares).
Como causas mais comuns da existência de faltas de stock, podem ser
mencionadas as seguintes:
Oscilações do consumo.
Atrasos na reposição dos materiais.
Rejeições por parte do Controle de Qualidade.
Manual l55
Entregas de materiais, por parte do fornecedor, com especificações diferentes
das solicitadas.
Diferenças de inventário.

A correta definição do Stock de Segurança é determinante para o cálculo Ponto


de Encomenda ou de Reposição, e é um risco assumido pelas empresas para
evitarem a ocorrência de faltas, embora envolvendo um investimento num stock sem
movimento que, por conseguinte, deverá ser definido com critério.
O Stock de Segurança é, normalmente, calculado com base estatística e tendo
em linha de conta o Nível de Serviço pretendido, o Tempo de Reposição do material,
o Período de Revisão, a Variância da média de consumo no período em análise e o
respetivo Desvio--Padrão.
O Nível de Serviço ou de Atendimento (K) é expresso por um fator de
ajustamento do Stock de Segurança, adequado ao nível de importância do material
numa determinada empresa e ao risco de rutura de stock que se pretende assumir.
Este fator é dado através de tabelas idênticas à que se apresenta a seguir, com os
valores já determinados em função do nível de serviço pretendido.
Nível de serviço Fator nível de Nível de serviço Fator nível de
serviço (K) serviço (K)
55% 0,13 90% 1,29
60% 0,26 92% 1,41
65% 0,39 95% 1,65
70% 0,53 97% 1,89
75% 0,68 98% 2,06
80% 0,85 99% 2,34
85% 1,04% 99,9% 2,66

A Variância (V) da média de consumo, expressa o seu nível de dispersão no


período em análise.
:É uma medida estatística calculada pela seguinte fórmula:

Em que:

Manual l56
Ce Consumo efetivo mensal ou semanal.
m Consumo Médio Mensal ou Semanal.
n Número de períodos (meses ou semanas).OO
Desvio--Padrão (Dp) indica o grau de variação do consumo no período que
está a ser analisado.
É, também, uma medida estatística calculada pela raiz quadrada da Variância,
isto é:

O Stock de Segurança será, então, calculado através da seguinte fórmula:

Em que:
K Fator Nível de Serviço
TR Tempo de Reposição
p Período de Revisão ou de Aprovisionamento
Período de Revisão ou de Aprovisionamento
V Variância da média de consumo.
Exemplo de Aplicação
Suponhamos que um determinado material teve os consumos mensais em
unidades assinalados no quadro seguinte, durante um período de oito meses.
Pretende calcular-se o stock de segurança para um nível de serviço de 95 %, sendo o
período de revisão uma vez por mês e o tempo de reposição do material de três
meses.
Mês Consumos mensais (Ce) Ce - m (Ce-m)²

1 400 -74 5.476


2 350 -124 15.376
3 620 146 21.316
4 380 -94 8.836
5 490 16 256
6 530 56 3.136
7 582 108 11.664
8 440 -34 1.156
Totais 3792 unidades 67.216

Manual l57
Calculando o consumo médio mensal, teremos:
m=3.792/8=474 unidades/mês
Aplicando a fórmula de cálculo da Variância, ficará:
V= 67.216/ (8-1)=67.216/ 7=9.602,28
Podemos então calcular o stock de segurança pelo que, aplicando a respetiva
fórmula, teremos:
=

=1,65x 195,98 =323 unidades

5.2.4 Cálculo da Quantidade Económica de Encomenda


O paradoxo existente na Gestão de Stocks é o seguinte:
: Ou se encomendam grandes quantidades e se lançam poucas encomendas,
isto é, custos baixos de passagem de encomendas mas um nível de stock médio
elevado e, por conseguinte, custos de posse elevados
Ou se encomendam pequenas quantidades lançando--se muitas ordens de
compra, quer dizer, temos um custo de passagem elevado mas um nível de stock
médio baixo e, por conseguinte, custos de posse baixos.
Como estes dois resultados são inversos, é preciso procurar a solução que os
otimize. A quantidade resultante é, em rigor, a Quantidade Económica de Encomenda
(Qe) ou Lote Económico de Compra (LEC).

Manual l58
Calcula--se da seguinte forma:
O custo anual global de um artigo é a soma:
Do valor anual do consumo u.S
Do custo anual de lançamento das encomendas (S / Q).a
Do custo anual de posse do stock (Q / 2) u.t
Será então:

O mínimo desta função é encontrado quando a derivada se anula (a variável é


Q e os outros valores são constantes).

5.2.5 Cálculo do Ponto de Encomenda (PE) ou Ponto de Reposição (PR)


Deve ser feita uma reposição quando o valor quantitativo do stock disponível
for igual ou inferior a uma quantidade considerada como adequada, que é
denominada Ponto de Reposição ou de Encomenda.
Desta forma e por definição, o Ponto de Reposição ou de Ponto de
Reposição ou de Encomenda é o parâmetro que define o nível de stock atingido
pelo valor quantitativo do Stock Disponível, aciona automaticamente a sua
reposição.
É expresso pela seguinte fórmula:
PR = m x (p + TR) + Ss
Em que:
PR Ponto de Reposição ou de Encomenda.
m Consumo Médio Semanal ou Mensal, conforme o modelo de revisão
aplicado.
p Período de Revisão ou de Aprovisionamento.
TR Tempo de Reposição expresso em meses ou semanas.
Ss Stock Mínimo ou de Segurança.

Manual l59
Exemplo de Aplicação
Uma determinada peça tem um consumo médio mensal de 30unidades, sendo
o seu tempo de reposição de dois meses.
Qual será o Ponto de Reposição, admitindo que o stock de segurança deverá
ser um mês de consumo e que o período de revisão é de uma vez por mês?
Aplicando a fórmula, teremos:
PR = 30 x (1 + 2) + 30 = 120 unidades

5.2.6 Cálculo do Stock Disponível (SD)


Para o cálculo do Stock Disponível de qualquer material ou produto, devem ser
considerados os seguintes parâmetros:
A existência física.
O saldo das encomendas colocadas nos fornecedores (em atraso de
fornecimento ou ainda dentro dos prazos).
As reservas para produção.
O stock disponível é, então, calculado da seguinte forma:
SD = Existência Física + Saldo de Fornecimento
SD = Existência Física + Saldo de Fornecimento - Reservas para Produção

Existem empresas que têm implementadas estruturas de Gestão da Qualidade,


realizando por rotina a inspeção qualitativa das matérias--primas ou subsidiárias no
ato da receção.
Nestes casos, o material em processo de inspeção terá que ser englobado no
cálculo do stock disponível, que passará a ser:
SD = Existência Física + Saldo de Fornecimento + Stock em Inspeção - Reservas para
Produção

5.2.7 Cálculo da Quantidade a Comprar


Na prática desencadear-se-á um reaprovisionamento sempre que:

A quantidade a comprar será, então, igual a:


Q comprar = Q económica + PR-SD

Manual l60
Exemplo de aplicação
Calcular a quantidade a comprar (aprovisionar) de um artigo com o seguinte
perfil:
u=3
S = 2000 un.
a = 15€
t = 20 %
TR = 20 dias
Existência Física = 500 un
Saldo de Fornecimento = 50 un.
Reservas = 450 un.
Ss = 10 un.

PR = m x (p + TR) + Ss = (2000 / 12) x [0 + (20 / 30)] + 10 = 121 un


SD = Existência Física + Saldo de Fornecimento -Reservas =
=500 + 50 -450 =100 unidades
Como se verifica a condição
Q comprar = Q económica + PR - SD = 316 + 121 - 100 = 337 unidades.

5.2.8 Noção de Índice de Cobertura Real (ICR)


O Índice de Cobertura Real indica a capacidade em dias, semanas ou meses,
que o stock disponível tem para suprir um determinado nível de consumo médio.
É expresso pela relação entre o stock disponível (SD) e o consumo médio
mensal ou semanal (m):
ICR = SD / m

5.3 Modelo de Revisão Periódica


Este modelo tem como base o sistema de periodicidade fixa e quantidade
variável (modelo P). Encomenda--se com uma periodicidade (P) fixa uma quantidade
variável, de forma a repor o stock a um nível máximo conhecido como Nível de Stock
Objetivo. Consequentemente, o valor. das encomendas é variável, adaptando-se à
procura existente.

Manual l61
Este modelo é usado quando a um mesmo fornecedor compramos diversos
materiais e pretendemos que o seu reaprovisionamento seja simultâneo, para reduzir
custos de lançamento da encomenda, custos de transporte, etc.
A primeira questão que se nos coloca é quando encomendar? Ou seja, de
quanto? Ou seja, de quanto em quanto tempo é que fazemos a encomenda?
A segunda questão é a quantidade a encomendar?

5.3.1 Quando Encomendar

Se lançarmos N encomendas por ano, a quantidade média de cada


encomenda será: S/N, e o custo anual global (Y) será:

Custo anual de posse do stock


Valor do consumo anual

Custo anual de passagem


de encomendas

a Custo de passagem da encomenda de um determinado artigo


u Valor unitário de um artigo
S Consumo anual do artigo
t Taxa anual de posse do stock

Derivando Y em função de N e igualando a zero, encontramos o mínimo de N:

N é assim, o número ótimo de encomendas que conduz ao valor mais baixo do


custo anual global. Daqui tiramos o Período de Revisão ou de Aprovisionamento
(expresso em meses):
Manual l62
5.3.2 Quanto Encomendar
A quantidade que devemos encomendar, partindo do zero, para nos
precavermos durante o período de revisão ou de aprovisionamento (p) e durante o
tempo de reposição ou prazo de aprovisionamento (TR), acrescida do stock de
segurança (Ss) será:
Q máxima=PR=m x (p + TR) +Ss

No momento de lançamento da encomenda deve-se ter em conta o Stock


Disponível (SD). Assim, a quantidade a encomendar será:
Q comprar= Q máxima – SD

5.3.3 Cálculo do Stock de Alarme (SA)


Pode acontecer que, durante o período de aprovisionamento (p), os consumos
sejam anormais e antes de chegarmos à data de lançamento da encomenda
possamos atingir a rutura. Para evitar essa situação, define--se um nível de stock
(Stock de Alarme) que, uma vez atingido, dará lugar a uma encomenda fora do
período. Este stock deve, então, fazer face aos consumos durante o prazo de
aprovisionamento e às flutuações de consumo no mesmo período. É dado pela
seguinte expressão:
SA=(m x TR) +Ss

5.4 A Gestão de Produção Apoiada pelo Sistema MRP


Um sistema MRP é conduzido por um Plano Diretor de Produção (PDP), que
regista a procura independente de cada produto final. O PDP é derivado de previsões
de mercado, de encomendas firmes de clientes e das necessidades de eventuais
centros de distribuição.
O MRP utiliza esta informação, em conjunto com a estrutura do produto (lista
de materiais), os stocks existentes e os tempos médios de produção de cada artigo,

Manual l63
para derivar um de plano para as ordens de produção ou de encomenda para cada
subproduto constituinte do produto final.
Este plano identifica o que produzir, quanto produzir e quando produzir (ou
encomendar), de forma a satisfazer a procura independente ditada diretamente pelo
mercado.

5.4.1 Cálculo das Necessidades Líquidas


O ponto de partida é o PDP, sobre o qual são aplicados algoritmos para
determinar as necessidades líquidas, calendarizadas no tempo, de cada artigo
envolvido na lista de materiais estruturada do produto final:
Necessidades liquidas=necessidades brutas – stock previsional –receções
liquidas

O funcionamento do sistema MRP assenta em dois módulos distintos:


MRP 1 (Materials Requirements Planning), que trata o planeamento das
necessidades de materiais, nomeadamente a gestão de stocks.
MRP 2 (Manufacture Resource Planning)
MRP 2 (Manufacture Resource Planning), que define os consumos de materiais
em função do programa mestre de produção e da estrutura dos produtos (Lista de
Materiais).

6 A Gestão JIT
Uma empresa pode adotar os princípios da filosofia JIT desenvolvida, na
década de 60, no Japão pelo hoje lendário Taiichi Ohnawas.
JIT3 (Just-In-Time) é uma filosofia de gestão global, centrada no mercado, cujo
princípio fundamental é "produzir quando e apenas o que o cliente necessita ou
deseja e aprovisionar quando e apenas o necessário e suficiente para garantir aquela
produção”.
A gestão JIT propõe-se alcançar os 6 objectivos seguintes:
• Zero existências em armazém;
• Zero defeitos durante a fabricação;
• Zero avarias dos equipamentos em produção;
• Zero acidentes com o pessoal;
Manual l64
• Zero atrasos e prazos curtos;
• Zero papel em circulação;
e tem-se mostrado geradora de competitividade.
A aplicação da filosofia JIT não exige produção repetitiva, nem dimensão
mínima da empresa, nem investimento excessivamente elevado em novas
tecnologias, mas uma "atitude económica".

7 Base de dados dos fornecedores


Para encomendar, temos que saber onde. Ou então, quais os fornecedores em
que podemos encomendar um determinado tipo de produto. Para isso é necessário
constituir uma base de dados de fornecedores. Quais os elementos que
consideramos importantes registar numa base de dados de fornecedores?
 O nome do fornecedor;
 A morada;
 O contacto telefónico;
 O tipo de produto;
 O prazo de entrega;
 O prazo de pagamento;
 O transporte que utiliza;
A Informática e o Aprovisionamento
A utilização da informática no aprovisionamento permite que a tomada da
decisão seja pronta e eficaz, tanto nas compras, ao tratar dos dados sobre o mercado
fornecedor, variedade de artigos e dos seus preços, etc., como na gestão dos stocks,
na prevenção das ruturas, na vigilância dos prazos de entrega, etc. As principais
aplicações de informática nas compras são, sobretudo, a existência de um ficheiro de
artigos e de um ficheiro de fornecedores, a gestão das encomendas aos fornecedores
e a gestão das encomendas das fábricas.
Ficheiro de artigos:
Um ficheiro de artigos deve poder registar, a todo o momento, a totalidade de
artigos existente em stock e, para cada um deles:
Nome do artigo
Nomenclatura
Formas comerciais do produto
Manual l65
Propriedades
Acondicionamento
Utilização na empresa
Produtos de substituição
Fornecedores possíveis
Encomendas passadas
Ficheiro de fornecedores:
Deve conter:
Nome do fornecedor
O seu código
Números de telefone e de fax
Nome do empregado a contactar
Principais produtos que fornece
Contactos anteriores
Informações diversas: encomendas realizadas, solidez financeira, etc.
Para que os ficheiros possam estar atualizados, torna-se necessário:
No ficheiro de artigos:
Acrescentar uma nova referência
Modificar as características que definem um produto (a designação, o preço)
Retirar um artigo que deixou de ser consumido/vendido
Solicitar ou responder à procura de qualquer artigo
Listar todos os artigos triados sob qualquer critério
No ficheiro de fornecedores:
Juntar ou suprimir um fornecedor de determinado artigo
Introduzir ou alterar o preço do artigo apresentado por qualquer fornecedor
Introduzir outras informações relevantes

8 A encomenda articulada com a gestão de stock


A gestão das encomendas aos fornecedores:
Decorre desde o envio da nota de encomenda até ao pagamento ao
fornecedor, de acordo com os seguintes passos:

- Envio da nota de encomenda


Manual l66
- Confirmação da receção da nota de encomenda
- Anulação eventual da nota de encomenda
- Vigilância do prazo de entrega
- Entrada do artigo em armazém
- Receção e verificação da fatura
- Emissão da ordem de pagamento

Também será conveniente a verificação do volume de negócios do fornecedor,


assim como do seu cumprimento dos prazos de entrega e ainda da qualidade dos
artigos.
A gestão das encomendas das fábricas:
Vai desde a receção da encomenda até à colocação à disposição do
requisitante, o que decorre nas fases seguintes:
- Receção da encomenda
- Saída desta de armazém
- Emissão da nota de saída de armazém

Existem um número enorme de aplicações possíveis da informática no que


respeita à gestão de stocks.
De seguida alguns exemplos dos documentos necessários à gestão dos stocks
e sem a qual a empresa não consegue funcionar.

Manual l67
Exemplos de nota de encomeda

Manual l68
Exemplo de guia de remessa

Manual l69
Exemplo de guia de entrada

Exemplo de guia de saída

Manual l70
Exemplo de ficha de artigos em stock

Manual l71
Exemplo de ficha de gestão de stocks

Manual l72
9 Stocks de segurança
Como já foi referido anteriormente o stocks de segurança, representa o stock
adicional às existências normais que permite minimizar os impactes de um
aumento inesperado da procura por parte dos clientes e um atraso não previsto no
fornecimento dos fornecedores, ou seja um aumento do seu prazo de entrega. Tem
por finalidade principal evitar uma rotura de stocks.
O stock de segurança é a quantidade de produtos equivalente ao número de
dias de vendas (número de produtos vendidos por dia em média) a considerar para
conseguir satisfazer as encomendas no caso de falhas ou atrasos por parte dos
fornecedores.
Existem várias formas de calcular o stock de segurança:
Fórmula simples: Depende da variação do consumo médio mensal para cada
período; esta fórmula utiliza-se para empresas com forte componente sazonal nas
vendas;
Fórmula Vicente/Santos: Depende dos acréscimos previsíveis tanto do
consumo como dos prazos de entrega; leva a um stock de segurança entre 10 a 20%
superior ao consumo médio mensal;
Fórmula de Battersby: Depende da amplitude das vendas em determinados
períodos (meses);
Fórmula inglesa: Depende do consumo médio mensal, do prazo de entrega e
da constante do nível de serviço (ou seja, o inverso da rutura admissível, um valor
definido pela empresa).
O Stock de segurança permite a proteção contra:
Procura instável;
Entregas de mercadorias com defeito por parte dos fornecedores; prazos de
aprovisionamento que não estejam a ser cumpridos.

10 Custos de stocks
Todos os stocks incorrem em custos.
Existem 4 tipos de custos inerentes à gestão económica dos stocks:
(CA) Custo de aquisição (custo de compra)- engloba custos de transporte,
inspeção, receção, etc.
(CE) Custo de lançamento ou efetivação da encomenda
Manual l73
(CP) Custo de posse- com a manutenção dos stocks, conservação, etc.
Custos de rutura de stocks- quando o armazém não satisfaz a procura.

CT = CA + CE + CP
Custo de aquisição (CA):
Inclui
▪A preparação das requisições;
A seleção de fornecedores;
▪ A negociação;
▪ Os transportes;

O custo de aquisição (CA) é igual ao número de unidades compradas por ano


(N) vezes o preço médio unitário do artigo em causa (p), o qual resultará de um a
média de todos os preços praticados durante o ano.
CA = N x p
Exemplo:
Se forem comprados 1000Kg de uma dada matéria prima durante o ano N e se
o preço médio por quilo for, nesse período de tempo, de 80€, então
CA = N x p
CA = 1000 x 80
CA = 80.000€
Para minimização deste custo, o gestor de stocks deve procurar satisfazer três
condições de redução de p (uma vez que as urgências do consumo/produção
determina N):
Reduzir tanto quanto possível as compras de urgência, porque estas
contribuem para a subida dos preços – a prioridade principal passa a ser a rapidez da
entrega da encomenda e não o preço.
Tentar evitar prazos de pagamento longos porque conduzem a preços de
encomenda mais elevados.
Organizar as compras de modo a centralizá-las, porque aumenta o poder
negocial da empresa.

Custo de realização de uma encomenda(CE)


Manual l74
É igual ao custo de realização de uma encomenda (E) vezes o número de
encomendas efetuadas durante um ano.
CE = E x n.º encomendas
O valor E obtém-se somando todos os gastos efetuados diretamente e
indiretamente com a realização das encomendas e dividindo-os pelo número anual de
encomendas:
- Encargos salariais, relativos ao tempo de trabalho prestado na execução da
encomenda, incluindo subsídios recebidos, pagamentos à segurança social, etc.
-Encargos com material utilizado na realização das encomendas (papel,
esferográficas, impressos das notas de encomenda, clipes, borrachas, etc);
- Amortizações das instalações e equipamentos do sector das compras;
- Custos indiretos relacionados com a encomenda, como os de aquecimento,
iluminação, telefonem, fax, e-mails, selos, etc, que só aproximadamente e por
cálculos indiretos poderão ser afetados às compras.
O somatório destes custos dá-nos o custo total anual das encomendas, o qual
dividido pelo número de encomendas realizadas no mesmo período de tempo é igual
ao custo de realização de uma encomenda (E). Se considerarmos que
frequentemente numa encomenda (nota de encomenda) existe mais do que um artigo
pedido, então deverá ser considerado o número anual de artigos encomendados em
vez do número anual de pedidos.
Custo de Posse (CP) ou custo de encomenda
O custo de posse do stock compreende duas categorias de despesas: o
interesse financeiro dos capitais imobilizados que se situa entre 10 e 15% e os gastos
de armazenagem que podem atingir 5 a 10% do valor imobilizado.
Os gastos de armazenagem são constituídos pelo custo de funcionamento dos
armazéns (remunerações e encargos, iluminação e força motriz, manutenção dos
locais e dos equipamentos), a amortização ou aluguer dos locais, a amortização dos
equipamentos, seguros, perdas por deterioração e roubo, custo de obsolescência.
O custo de armazenagem envolve a taxa de posse dos stocks e o valor do
stock médio.

A taxa de posse dos stocks é constituída por:


- As despesas relativas aos armazéns;
Manual l75
- Juros do capital imobilizado em stocks;
- Desvalorização do stock

Custo de Rutura
A rutura pode verificar-se nas duas atividades de produção:
Fabricação: falta de materiais para dar continuidade ao processo produtivo
Manutenção: falta de uma peça que origina paragem de fabrico e cuja
produção não pode ser recuperada.

Estes são os custos associados à falta de um determinado produto. Estes


custos são muito difíceis de calcular e em muitos casos não passam de estimativas,
devendo por isso ser utilizados com algum cuidado.
No entanto, é consensual que as ruturas podem ter consequências muito
prejudiciais para as empresas. Como tal empresas estão dispostas a suportar os
custos de posse dos stocks de modo a evitar a rutura.
No caso mais simples o fornecedor pode perder o lucro resultante dessa venda
(poderá ainda perder a contribuição para a cobertura dos custos fixos).
No entanto, as consequências podem ser mais graves: perda de confiança,
perda de vendas futuras e prejuízo da reputação entre outras.
A rutura de um determinado produto pode provocar perturbações significativas
da produção.
Para além disso, em consequência da rotura podem ser ativados mecanismos
de reposição que tem custos muito elevados: encomendas de emergência, utilização
de fornecedores alternativos, transporte de mercadorias por meios expresso ou
mesmo o armazenamento de produtos parcialmente acabados.

Manual l76
Bibliografia
Gestão comercial – textos de apoio Drª Elisabeth Pereira
ASSIS, Rui, FIGUEIRA, Mário. MICROSTOCK - Apoio à Decisão em Gestão
Económica de Stocks. Lisboa, IAPMEI, 1991.
ZERMATI, Pierre. A Gestão de Stocks. Lisboa, Editorial Presença, 1986.
Oliveira, Rui Carvalho; Introdução aos modelos de gestão de stocks.

Manual l77

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