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WEB AULA 2

Unidade 1 – Filosofia e Técnicas de Controle de Estoque


Olá! Vamos continuar nossa disciplina de Gestão do Ciclo de Materiais e Estoque. Nesta
unidade vamos estudar a gestão econômica de estoques, princípios de armazenagem e
manuseio de materiais, aplicação do just-in-time na logística, cálculo dos custos de
estocagem e lote econômico de compras. Vamos lá então!
ARMAZENAGEM
Na manufatura, os depósitos, almoxarifados e centros de distribuição têm por objetivo o
armazenamento das matérias-primas, insumos, estoques de produtos em processo e de
produtos acabados. A administração destes, de maneira geral, envolve a gestão do fluxo de
entrada, movimentação interna e saída de materiais.
Neste contexto, Ballou (2006) afirma que o sistema de armazenagem possui duas funções
principais: a guarda de produtos e a movimentação dos materiais. A guarda envolve a
estocagem dos materiais e a movimentação engloba as atividades de carga e descarga,
movimentação de produtos em vários locais no interior do armazém e separação de pedidos.
Outro aspecto relevante na armazenagem são os equipamentos para movimentação e
estocagem dos materiais. Sua escolha varia em função das características dos materiais, suas
formas de acondicionamento e embalagens e o fluxo geral dos materiais no armazém, ou
seja, das características da movimentação.
Gonçalves (2010) salienta que, objetivando minimizar os custos operacionais, os armazéns
deverão ser dimensionados para atender às necessidades das empresas quanto à guarda
física provisória dos materiais e ao arranjo físico de suas instalações adequado à finalidade
de maximizar a produtividade e permitir um rápido fluxo dos materiais nos processos de
recebimento, guarda e expedição. Ressalta ainda que, a eficácia na utilização dos
equipamentos de movimentação e transporte e a maximização do uso do espaço cúbico
disponível são fatores que influenciam no alcance desses objetivos.
Assim, como vantagens da armazenagem pode-se citar a redução de custos com transporte,
o aumento da eficiência da produção por permitir um fluxo constante no suprimento de
materiais, a permissão de um pronto atendimento às exigências dos clientes, a redução no
tempo de entrega, aproximação da empresa de seus clientes e fornecedores e a obtenção de
descontos com compras antecipadas ou em grandes quantidades.
Por outro lado, as desvantagens da armazenagem são a imobilização de capital, o risco de
envelhecimento das mercadorias, aumento dos custos de movimentação e a necessidade de
maior gerenciamento e controle dos estoques.
Funções da armazenagem
Abrigo de Materiais
A função básica de um armazém é abrigar de maneira correta os materiais ali depositados,
protegendo contra intempéries, fogo e qualquer outro risco que os materiais possam ter.
Consolidação
O objetivo principal da consolidação é a melhor utilização do transporte, diminuindo assim o
gasto com fretes. O armazém é utilizado como ponto de coleta, ou seja, diversas empresas
depositam ali os seus produtos que serão entregues a um único cliente, otimizando assim a
utilização do transporte para a entrega.

Fracionamento de produtos:
Usar as instalações de armazenagem para fracionar volumes ou para o transbordo (cross-
docking) é o contrário de utilizá-las para a consolidação de carga.
O fracionamento de cargas surgiu devido à economia que temos quando transportamos da
fábrica ao armazém de distribuição em caminhões de grande capacidade (carreta, bi-trem,
tri-trem, etc..) e neste ponto a carga é fracionada e embarcada em veículos menores (Kombi,
van, caminhão toco, etc.). Outra situação que contribuiu para o uso do fracionamento foi a
proibição de caminhões de grande porte transitar em centros urbanos de nossas principais
cidades.

Combinação
O uso do armazém para combinação acontece quando a empresa tem fábricas em outras
regiões e necessita agrupar todos os produtos para entregar aos clientes. Usualmente a este
tipo de armazém dá-se o nome de Depósito de Agrupamento ou Centro de Distribuição.
Acesse este site que contém um boa matéria sobre armazenagem:
<http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/armazenagem-e-
logistica/26231/ >
Equipamentos utilizados na armazenagem
Visite o Site da Águia Equipamentos para conhecer melhor os equipamentos
existentes:<http://www.aguiasistemas.com.br/>
MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS
Para que tenhamos o produto acabado para o cliente, a matéria-prima tem que ser
transformada ou ser beneficiada, para que isso ocorra pelo menos um dos três elementos
básicos de produção: homem, máquina ou material, deve mover-se. Se não ocorrer esta
movimentação não se pode pensar em termos de um processo produtivo.
Toda movimentação de materiais deve atender alguns objetivos básicos, tais como:
- Redução de custos por meio de redução de mão-de-obra, materiais e despesas-gerais;
- Aumento da capacidade produtiva por meio do ganho de eficiência na melhor distribuição
dos materiais;
- Melhorar as condições de trabalho por meo do aumento da segurança na movimentação
de materiais e pela redução do esforço físico por parte dos funcionários;
- Melhorar a distribuição dos produtos com a localização estratégica dos materiais, melhoria
na distribuição e, por consequência, melhoria nos serviços prestados aos usuários.
Para se manter eficiente um sistema de movimentação de materiais, existem ainda certas
“leis” que, sempre dentro das possibilidades, devem ser levadas em consideração. São elas:
- Disponha a trajetória dos materiais de forma qual a mesma seja a sequência de operações;
- Reduza as distâncias e transportes pela eliminação de zigue zagues no fluxo dos materiais;
- Reduza a frequência de transporte manual. O transporte mecânico custa menos que as
operações de carga e descarga, levantamento e armazenamento;
- Evite manipular os materiais tanto quanto possível ao longo do ciclo de processamento;
- Leve sempre em conta a segurança dos operadores e o pessoal circulante, quando
selecionar o equipamento de transporte de materiais;
- Use equipamento padronizado na medida do possível. O custo inicial é mais baixo, a
manutenção é mais fácil e mais barata e a utilização desse equipamento é mais variada por
ser mais flexível que equipamentos especializados;
- O valor de determinado equipamento para o usuário é proporcional à sua flexibilidade, isto
é, capacidade de satisfazer ao transporte de vários tipos de cargas, em condições variadas
de trabalho;
- Mantenha o equipamento ocupado tanto quanto possível;
- Use a gravidade sempre que possível. Pequenos trechos motorizados de transportadores
podem elevar a carga a uma altura conveniente para suprir trechos longos de transportes por
gravidade;
- Use o espaço “sobre cabeças” sempre que for possível. Empilhe cargas ou utilize suportes
especiais para isso;
- Selecione equipamentos na base de custos totais e não somente do custo inicial mais baixo,
ou do custo operacional, ou somente de manutenção. O equipamento escolhido deve ser
aquele que apresenta o menor custo total para uma vida útil razoável e a uma taxa de retorno
do investimento adequado.
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GESTÃO DE ESTOQUES
Tipos de estoques
Os principais tipos de estoques encontrados em uma empresa são:
- Matérias-primas: são materiais que ainda não sofreram nenhum tipo de beneficiamento
pela manufatura. Exemplo: farinha de trigo utilizada na indústria de massas;
- Produtos em processo: consiste em todos os materiais que estão sendo usados no processo
fabril. Produtos parcialmente acabados que estão em algum estágio intermediário de
produção. Exemplo: lâmina;
- Produtos acabados: itens que já foram produzidos e estão prontos para serem consumidos;
- Peças de manutenção: são peças que são utilizadas na conservação e conserto dos
equipamentos de produção, instalações prediais, movimentação e armazenagem;
- Materiais de expediente: itens que são utilizados nas áreas administrativas da empresa,
tais como, papel sulfite, tinta impressoras, canetas, etc.
Razões para existência de estoques:
√ Garantir interdependência entre etapas produtivas;
√ Antecipar demanda (vendas de final de mês);
√ Reduzir lead times produtivos;
√ Provisão para falta de suprimento futuro (reposição);
√ Absorver variabilidade (demanda/suprimento);
√ Investimento (valorização, reserva de valor);
√ Aproveitamento de preços favoráveis;
√ Economia de escala (lotes econômicos);
√ Estabilização de qualidade;
√ Atendimento de políticas (mínimos, objetivos);
√ Ineficiências (atendimento moroso ao cliente, compra do material/produto errado,
chegadas antecipadas).
Sintomas de uma gestão de estoques
1. Quando mal planejada:
· incapacidade de cumprir promessas de entrega;
· crescimento do estoque quando a demanda for inferior ao previsto;
· falta constante de espaço de armazenagem;
· aumento dos itens de materiais obsoletos.
2. Quando bem planejada:
· melhoria nas relações com usuários;
· redução dos custos dos materiais comprados;
· redução dos custos e perdas de estoque.

Elementos da política de estoques


Elementos da política de estoques são parâmetros necessários à adequação das quantidades
de material nos estoques aos interesses e necessidades da empresa.
DEMANDA (D): é a quantidade de um produto ou serviço que se busca ou se procura no
mercado, para uso em um determinado período.
DEMANDA MÉDIA MENSAL (D’): é a quantidade média de um produto ou serviço que se busca
ou se procura no mercado, para uso em um período de 30 dias.
DEMANDA ANUAL (Q): é a quantidade média de um produto ou serviço que se busca ou se
procura no mercado, para uso em um período de 12 meses.
ESTOQUE MÁXIMO (EMax): refere-se à quantidade determinada previamente para que ocorra
o acionamento da parada de novos pedidos, por motivos de espaço ou financeiro.
ESTOQUE MÉDIO (EM): é uma quantidade média de material mantida em estoque em um
determinado período. Refere-se à quantidade determinada previamente, que considera a
metade do lote normal mais o estoque de segurança.
ESTOQUE MÍNIMO (EMin): refere-se à quantidade determinada previamente para que ocorra
o acionamento da solicitação do pedido de compra. Às vezes é confundido com "Estoque de
Segurança". Também denominado "Ponto de Ressuprimento".
PONTO DE RESSUPRIMENTO (PR):corresponde ao nível de estoque que ao ser atingido indica
a necessidade de ressuprimento do material, ou seja, é o estoque mínimo.
LOTE DE COMPRA (LC): é a quantidade de material solicitada em cada ressuprimento de
estoque.
CADÊNCIA DE COMPRAS (CC): é o número de ressuprimentos efetuados no ano.
INTERVALO DE RESSUPRIMENTO (IR): é o espaço de tempo compreendido entre duas datas
consecutivas de ressuprimento.
RUPTURA DE ESTOQUE (RE): é a situação em que determinado item de material é requisitado
ao almoxarifado, sem que haja saldo suficiente em estoque para seu atendimento total.
TEMPO DE RESSUPRIMENTO (TR): é a somatória do Tempo de Compra, mais o Tempo de
Processamento e Embarque pelo fornecedor, mais o Tempo de Transporte, mais o Tempo de
Recebimento (conferência, testes, etc.) até o material ficar disponível para utilização.
ESTOQUE DE SEGURANÇA (ES): quantidade mantida em estoque para suprir ocasiões em
que: a demanda é maior do que a esperada; a oferta para repor estoque ou de matéria-prima
para fabricá-la é menor do que a esperada; o tempo de ressuprimento é maior que o
esperado; quando houver erros de controle de estoque que levam o sistema de controle a
indicar mais material do que a existência efetiva.
Fórmulas utilizadas na gestão de estoques
Dinâmica dos estoques

Fonte: o autor.
Exemplo prático:
Uma empresa metalúrgica consome diariamente 4 peças de um item de estoque. Esta
empresa trabalha todos os dias sem folga (30 dias ao mês) e mantém um estoque de
segurança de 160 peças do item. Sabendo-se que o fornecedor deste material demora 3
meses para entregar o pedido e que são feitos 3 pedidos ao ano, determine:
a) Consumo Anual;
b) Intervalo de Ressuprimento;
c) Lote de compra;
d) Estoque médio;
e) Estoque máximo;
f) Ponto de ressuprimento.
Resolução:
O primeiro passo para a resolução é listar todas as variáveis que temos, tais como:
- Consumo diário: 4 peças/dia
- Tempo de ressuprimento: 3 meses
- Estoque de segurança: 160 peças
- Cadencia de Compras: 3
Agora, vamos resolvendo cada item:
a) Consumo Anual:
Este item nós resolvemos assim: se gasto 4 peças/dia eu multiplico por 30 e acho o consumo
mensal, ou seja, 120 peças/mês, se eu multiplicar o consumo mensal por 12, teremos o
consumo anual, ou seja, Q = 1.440 peças/ano.
b) Intervalo de ressuprimento:
Neste caso temos que utilizar a formula: CC = 12/IR, ou seja IR=12/CC => IR= 12 / 3
IR= 4 meses (isto quer dizer que compro de 4 em 4 meses).
c) Lote de compra:
Neste caso temos que utilizar a formula: CC = Q/LC, ou seja LC=Q/CC => IR= 1440 / 3
LC = 480 peças (isto quer dizer que toda vez que compro, eu faço pedidos de 480 peças)
d) Estoque médio:
Neste caso temos que utilizar a formula: EM = (LC/2) + ES, ou seja EM = (480 / 2) + 160
EM= 400 peças (isto quer dizer que eu mantenho em média 400 peças em meu estoque)
e) Estoque máximo:
Neste caso temos que utilizar a formula: EMax = (LC) + ES, ou seja EMax = 480 + 160
EM= 640 peças (isto quer dizer que eu posso ter no máximo 640 em meu estoque)
f) Ponto de ressuprimento ou ponto de pedido:
Neste caso temos que utilizar a formula: PR = (D x TR) + ES
Temos que ter um cuidado especial quando utilizamos a fórmula acima: as unidades dos
termos em parênteses deverão ser compatíveis, ou seja, se utilizarmos D como demanda
mensal, deveremos usar o TR como tempo em mês.
Neste caso, iremos usar o tempo em meses e a demanda mensal, ficando a resolução desta
maneira:
TR = (120 X 3) + 160
TR = 520 peças (isto quer dizer que meu estoque mínimo é de 520 peças, ou seja, quando
meu estoque atingir 520 peças eu deverei emitir uma ordem de compra de 480 peças que é
o meu lote de compra).
Vamos praticar um pouco ? Resolva o exercício:

Se você já resolveu este exercício, agora assista o vídeo:


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DIAGRAMA DE PARETO - CURVA ABC
Analisar em profundidade milhares de itens num estoque é uma tarefa extremamente difícil
e, na grande maioria das vezes, desnecessária. É conveniente que os itens mais importantes,
segundo algum critério, tenham prioridade sobre os menos importantes. Assim, economiza-
se tempo e recursos.
Para classificar os itens aos quais deveremos ter uma atenção maior, podemos usar várias
técnicas, a curva ABC ou Diagrama de Pareto é, sem dúvida, uma das mais utilizadas e de
fácil entendimento e aplicação. Adaptando a regra de Pareto para os estoques, podemos dizer
que 20% dos itens de nosso estoque concentram 80% de nossos custos de estoque.
O processo de classificação ABC, válido para materiais, produtos acabados, pode ser dividido
6 passos. Convido a todos que acompanhem um caso prático a seguir, nada melhor do que
uma aplicação prática para fixarmos os conceitos.
a. PASSO 1: DEFINIR A VARIÁVEL A SER ANALISADA
Sabemos que a análise dos estoques pode ter vários objetivos e a variável deverá ser
adequada para cada um deles. Nesse caso, a variável a ser considerada para estudo é custo
do estoque médio.
b. PASSO 2: COLETAR OS DADOS
Para obter o custo do estoque médio, precisamos obter dados para calculá-lo. No caso
precisamos de: Quantidade média de cada item em estoque e o Custo unitário de cada item
em estoque. Com esses dados, calculamos o custo total multiplicando a quantidade média de
cada item em estoque pelo seu custo unitário.
c. PASSO 3: ORDENAR OS DADOS
Com os dados coletados, precisamos calcular o custo de estoque médio de cada item e
classificá-los em ordem decrescente.
d. PASSO 4: CALCULAR PERCENTUAIS
Como resultado desse passo, construímos outra coluna, em que ordenamos os itens em
estoque do maior para o menor custo total e calculamos: Custo total acumulado e Percentuais
do custo total cumulado de cada item em relação ao total
e. PASSO 5: CONSTRUIR O DIAGRAMA:
f. PASSO 6: ANALISAR OS RESULTADOS
Os itens em estoque devem ser analisados segundo o critério ABC. Na verdade, esse critério
é qualitativo, mas a tabela abaixo mostra algumas indicações para sua elaboração.

Em nosso exemplo, podemos dividir as classes segundo sua importância relativa como consta
no gráfico e no quadro abaixo:
A aplicação prática dessa classificação ABC pode ser vista quando, por exemplo, reduzimos
20% do valor em estoques dos itens A (apenas dois itens), reduzindo o valor total em 20%
* 80,1% = 16%; enquanto uma redução de 50% no valor e estoques dos itens C (sete itens)
reduzirá o valor total em 50% * 4,3% = 2,2%. Podemos concluir que para uma redução de
custos de estoques é muito mais fácil se focamos os itens A.
De acordo com Bertaglia (2009) a razão da classificação ABC é restringir o foco. Administrar
centenas ou milhares de itens pode equivaler a enormes estruturas internas, que irão
aumentar o custo final dos produtos ou dos serviços.
ESTOQUE DE SEGURANÇA
Conceito
Estoque mantido devido às incertezas de demanda ou consumo, com o objetivo de garantir
um fluxo contínuo da cadeia de suprimentos da empresa, eliminando assim qualquer
deficiência de abastecimento de matérias-primas ou produto acabado. Com o
dimensionamento adequado do estoque de segurança, poderemos aumentar as nossas
vendas e o nível de atendimento ao cliente.
A determinação e dimensionamento dos estoques adicionais são feitos através da projeção
estimada de consumo e de cálculos estatísticos. Estabelece-se o grau ou nível de atendimento
desejado para cada item ou grupo, ou seja, a parcela da demanda total realmente atendida,
de acordo com a política da empresa, assim, delimita-se o nível do estoque mínimo, uma vez
que ele é tanto maior quanto maior for o grau de atendimento.
“A definição do estoque de segurança depende do grau de exatidão da previsão de consumo
e do grau de atendimento, porém, dificilmente ambos os casos são determinados com 100%
de certeza”. (DIAS, 2005).
Desse modo, uma previsão de demanda muito precisa, bem como a redução nos prazos de
reposição, são essenciais para minimizar os níveis dos estoques de segurança. Contudo,
Ballou (2006) ressalta que, “se os prazos de entrega e a demanda pudessem ser previstos
com certeza absoluta, não haveria necessidade de nível algum de estoque de segurança”.
Cálculo de estoque de segurança
Existem várias maneiras de calcularmos o estoque de segurança, nós vamos estudar um
método, onde o calculo é feito com a seguinte fórmula:
Onde o fator de segurança é obtido por meio de uma tabela de coeficientes relacionados à
distribuição normal da variação da demanda, conforme gráfico abaixo:

De acordo com Wanke (2003), frequentemente, a demanda no tempo de resposta é aderente


à distribuição normal, para qual é possível determinar os valores do fator de segurança que
afetam a probabilidade de não faltar produtos, conforme tabela abaixo:
Tabela 1 – Fatores de segurança em relação ao nível de serviço esperado.
Parece complicado? Mas agora vamos fazer um exemplo prático para que você fixe bem o
conceito descrito.
Exemplo Prático:
Uma empresa fabricante de chocolates teve a seguinte demanda nos últimos 10 meses:

Vamos calcular o estoque de segurança necessário para atender 98% dos pedidos.
O primeiro passo é calcularmos o desvio-padrão da tabela. Vale lembrar que este desvio-
padrão é o populacional e não amostral, quando você utiliza o calculo do desvio-padrão há
HP 12C ela irá calcular o desvio-padrão amostral, o que resultará em um valor maior que o
desvio-padrão populacional. Podemos usar a função de desvio-padrão populacional do Excel
(DESVPAD.P).
Agora, iremos calcular o desvio-padrão de maneira manual. Para iniciar, vamos calcular a
demanda média do período (em nosso caso são os 10 períodos), depois o desvio da demanda
real em relação à demanda média. Após este cálculo devemos elevar ao quadrado todos os
desvios e fazer a totalização. Desta totalização iremos calcular a média, ou seja, dividir o
total dos desvios ao quadrado por 10. Para finalizar, iremos extrair a raiz quadrada, o
resultado será o desvio-padrão que iremos utilizar para o cálculo do desvio-padrão. Abaixo
segue a tabela com todos os cálculos:
O próximo passo é encontrar o fator de segurança para o atendimento de 98%, ou seja, um
nível de serviço igual a 98% e ai podemos calcular o estoque de segurança.

Podemos concluir que, para garantir o atendimento de 98% dos pedidos, apesar de todas as
incertezas da demanda, teremos que alocar 412 caixas como estoque de segurança.
CUSTO DE ESTOCAGEM
Embora o estoque de materiais seja indispensável para um perfeito funcionamento do
processo de fabricação e o equacionamento da produção e das vendas, ele tem um custo. De
acordo com Ballou (2006), três classes gerais de custos são importantes para a determinação
da política de estoque: os custos de aquisição, de manutenção e de falta de estoques.
Os custos de aquisição ou de pedido são aqueles relacionados com a compra de mercadorias
para reposição dos estoques. Essa envolve uma variedade de custos relacionados como mão
de obra para emissão e processamento do pedido, material utilizado na sua elaboração e
custos indiretos que são todas as despesas ligadas indiretamente com o pedido.
Os custos de manutenção ou de armazenamento abrangem todos os custos de
armazenamento e movimentação dos materiais. Envolve o custo dos espaços, condições de
armazenagem, movimentação interna, controles, capital, seguro, transportes, deterioração,
obsolescência, perdas e extravios. (GONÇALVES, 2010.
Já os custos de falta de estoques ocorre quando um pedido não pode ser atendido em
decorrência da falta de estoque. Esses custos podem ser determinados por meio da perda de
lucro por incapacidade de suprir a demanda, de custos adicionais por substituição de
materiais, de multas e encargos por não cumprimento do prazo de entrega e da perda de
lucro por quebra de imagem da empresa. “São custos que devido à intangibilidade de sua
natureza, fica difícil calculá-los com exatidão”. (BALLOU, 2006).
Dias (2005) acrescenta a essas três classes o custo total, que é o somatório do custo de
armazenagem e do custo de pedido. Toda teoria de dimensionamento e controle de estoque
baseia-se em minimizar ao máximo o custo total dado por essa equação.
Cálculo do Custo de Estocagem
Atualmente ainda existem empresas que desconhecem o quanto custa manter os seus
estoques. Vamos ver agora um exemplo de como podemos determinar este custo.
No cálculo de custo de estocagem devemos levar em consideração três custos distintos: custo
do item, custo da armazenagem e o custo da emissão de ordens de compras ou ordens de
produção.
Vamos agora aos cálculos de cada custo envolvido na fórmula acima:
Custo do Item:
O custo de item é o cálculo de quanto a empresa ganharia se aplicasse o dinheiro no mercado
financeiro, em vez de comprar os itens do estoque.
Custo de Armazenagem:
Este custo refere-se ao valor gasto na armazenagem dos itens do estoque

Para a determinação do índice de armazenagem da empresa é preciso levar em consideração


todos os custos envolvidos na guarda dos itens, ou seja:
- Aluguel;
- Mão-de-Obra;
- Impostos;
- Luz, água e gás;
- Seguros;
- Depreciação de equipamentos e da construção;
- Manutenção predial.
O índice será o total do custo total de armazenagem mensal dividido pelo valor monetário do
estoque médio mantido no armazém.
Custo de Emissão de Ordens de Compras ou de Fabricação
Este custo refere-se ao gasto com a estrutura necessária para captar os pedidos ou ordens de produção e
emiti-las.

Para levantarmos o custo unitário da emissão de um pedido ou ordem de compra, devemos levar em
consideração os seguintes itens:
- Aluguel;
- Mão-de-Obra;
- Insumos (papel, tinta impressora, materiais de escritórios, etc...);
- Luz, água e gás;
- Seguros;
- Depreciação de equipamentos.
O custo unitário será a soma dos custos de estrutura para emissão dividido pela quantidade
de ordens de compra ou de produção emitidas por mês.
LOTE ECONÔMICO DE COMPRAS
O modelo que iremos estudar é o modelo mais simples que ocorre quando todos os aspectos
da situação são conhecidos com certeza. Se a demanda anual por um produto é de 1.000
unidades, ela é precisamente de 1.000 – não 1.000 mais ou menos 10%. Além disso, os
custos de pedidos e os de armazenagem são conhecidos e constantes. Apesar da consideração
de certeza completa raramente ser válida, ela fornece um bom ponto de partida para a nossa
cobertura dos modelos de estoques.
O lote econômico de compras é a melhor quantidade a ser comprada ou produzida levando
em conta os custos de item, armazenagem e de emissão de ordem de compras ou produção.
Veja a representação gráfica abaixo: Gráfico 1 – Lote Econômico de Compras.

Fonte: o autor.
Exemplo de cálculo:
O consumo de um produto é de 12.000 unidades/ano. O fornecedor se comprometeu a
entregar o produto mantendo o preço unitário constante ao longo do ano em R$ 3,50. O
índice de estocagem é estimado em 20% para o período e que o custo de cada pedido é de
R$ 100,00. Calcular o lote econômico.

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JUST-IN-TIME (JIT)
O just-in-time é um método de gestão da produção desenvolvida no Japão na década de
1970. A primeira empresa a utilizar foi a indústria automobilística Toyota. De acordo com
Bertaglia (2009), o just-in-time é um conjunto integrado de atividades cujo objetivo é
fabricar altos volumes de produção usando um estoque mínimo de matéria-prima, material
de embalagem, estoques intermediários e produtos terminados.
De acordo com Dias (2005), os objetivos do JIT são os seguintes:

• diminuição dos prazos de produção, mantendo-se estoques mínimos;


• redução contínua dos volumes de estoques por meio da eliminação dos problemas de
produção;
• redução dos tempos de preparação (setup) de máquina, a fim de flexibilizar a produção;
• redução ao mínimo do tamanho dos lotes de fabricados, buscando sempre o lote de
uma única peça;
• liberação para a produção por meio do conceito de “puxar” estoques em vez de
“empurrar”, em antecipando a demanda;
• Flexibilização da produção.

Se compararmos o modelo de gestão de estoques tradicional com a gestão através da filosofia


JIT, teremos algumas diferenças que são descritas na tabela a seguir:

Fonte: Dias (2005).


<http://www.ietecnet.com.br/supervisores/artigos/Produ%C3%A7%C3%A3o/Sistema%20d
e%20Adm%20da%20Produ%C3%A7%C3%A3o/JIT.pdf >
KANBAN
Uma das técnicas utilizadas para a implantação do JIT é o kanban. Segundo Bertaglia (2009),
o kanban é responsável pela sincronização do fluxo de materiais, objetivando fazer com que
a manufatura se ajuste às necessidades da demanda, produzindo na quantidade certa no
momento certo.
O Sistema Kanban é usualmente composto por quadros e cartões visuais que auxiliam o
planejamento da produção e o controle de estoques. É caracterizado por ser um
sistema de “puxar” a produção enquanto outros meios de produção são
caracterizados como de “empurrar”. O ritmo de produção é dado por meio da
movimentação de cartões.
Conheça um mais sobre kanban acessando ao link:
< http://www.vh2c.com.br/kanban.pdf >
Aprofundando o conhecimento:
Vamos ler agora exemplos de sucesso da aplicação da filosofia JIT que Dias (2005) descreve
em seu livro:
A implementação de conceitos JIT tem resultados em algumas histórias de sucesso. Uma
delas ocorreu na fábrica da Apple Computer´s Macintosh, em Fremont, Califórnia. A empresa
auxiliada pelas técnicas do JIT, conseguiu atingir seu objetivo de girar 25 vezes ao ano seus
estoques por meio de uma redução do tempo de ressuprimento de 10 para 2 semanas, com
um retorno de investimento na ordem de US$ 20 milhões em apenas 18 meses.
A General Motors também creditou ao JIT, em meados dos anos 1980, o fato de ter
aumentado o nível de produção em 100% contra um aumento de estoques de materiais e
produtos finais de apenas 6% em um período de dois anos.
A figura abaixo nos mostra a utilização de uma estratégia de transporte conhecida como
“coleta ordenada”, que vai ao encontro das necessidades da produção. A sincronização das
atividades de transporte rodoviário e ferroviário com as necessidades de produção
possibilitam o atendimento aos requerimentos do JIT.
Figura 4 – Conceito de coleta ordenada.

Fonte: Ballou (2006).


Caro aluno, participe do fórum onde discutiremos o seguinte tema:
RESUMO
Nesta unidade vimos a importância da armazenagem e do manuseio de materiais no
atendimento das expectativas dos clientes, aprendemos também algumas técnicas de gestão
de estoques, com os cálculos de ponto de ressuprimento, estoque de segurança, lote
econômico de compras e custos de estocagem. Para finalizar, foi apresentado algumas
técnicas para gestão de estoques tais como: curva ABC, Just-in-time e Kanban.
Palavras-chave: gestão – estoques – custos – armazenagem – controle.

BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/logística empresarial.


5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.
BERTAGLIA, Paulo R. Logística e Gerenciamento da cadeia de abastecimento. 2. ed.São
Paulo: Saraiva, 2009.
DIAS, Marco Aurelio P. Administração de materiais: princípios, conceitos e gestão. São
Paulo: Atlas, 2005.
GONÇALVES, Paulo S. Administração de materiais. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
WANKE, Peter, Gestão de estoques na cadeia de suprimento: decisões e modelos
quantitativos. São Paulo: Atlas, 2003.

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