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O surgimento dos

sistemas escolares
estatais: premissas
e contradições
Autor: André Petitat
Profa. Dra. Jaqueline Daniela
Basso
Objetivo
• Compreender como surgiram os sistemas escolares estatais e o
processo histórico que impulsionou a passagem da tarefa educacional
da Igreja para os Estados nacionais.
Contexto
• Até século XVIII (anos 1700)- Estado normatizava o ensino, mas não exercia plenamente a tarefa;

• ESTADO: Em geral, a organização jurídica coercitiva de determinada comunidade. (DICIONÁRIO DE


FILOSOFIA ABAGNANO, 2007)

• Outras entidades (principalmente religiosas) gerenciavam o ensino;

• Séculos XVIII e XIX divisão de poderes entre Igreja e Estado se dissolve rapidamente;

• Medidas contrárias aos Jesuítas- novas ambições do Estado nessa área.

• Exemplo Brasil Colônia- 1759 “Expulsão dos Jesuítas”


Contexto
“O ensino das leis divinas é assunto da Igreja, mas o ensino da moral é atributo
do Estado”;

Estatitazação da escola é indissociável do movimento de emergência dos


Estados-Nação (sécs. XVIII e XIX)

Estado- dissociado da figura do soberano- instituições representativas;

O Estado não pode mais delegar aos outros o cuidado de formar cidadãos;
Contexto
• A nação e o cidadão se forjam na escola;

• Piedade religiosa dá lugar ao princípio da pátria- reorganização dos programas escolares-


leitura, escrita, história, geografia, economia, direito- todas encontram substância na realidade
nacional;

• Estatização da escola- transformação nas concepções relativas à moral- separação da definição


religiosa;

• Estado se firma no ensino por ocasião da Revolução Industrial- mudanças nos meios de
produção.
Estado-policial, laisser-faire e instrução
pública
• Fim das corporações de ofício- liberdade de empreendimento e a liberdade de trabalho;

• Rejeição da regulamentação na produção e no emprego;

• Fisiocratas- conjunto de pensadores que defendiam s defendiam “uma economia livre da


carga de regulações e tributos prejudiciais ao progresso”- agricultura enquanto centro
produtivo;

• Laisser-faire: defesa da regulamentação espontânea das relações de trabalho e produção;


mas admite a presença do Estado na instrução pública;

• Mais propício para a expansão da riqueza e multiplicação das mercadorias.


Estado-policial, laisser-faire e instrução
pública
• Afastar o Estado produção, consumo e emprego- Liberalismo econômico;

• Conceito de propriedade privada é a base da sociedade e das instituições liberais;

• “O direito de propriedade é a base da sociedade e das instituições, define o papel do Estado e assegura o
progresso econômico e cultural”

• Definição das liberdades- página 143

• “A liberdade se resume ao direito “natural” de possuir, de acumular e dispor de seus bens próprios, muitas vezes
os únicos bens são as capacidades física e mental” (PETITAT, 1994, p. 143);

• “A única igualdade possível é a igualdade formal, um igual direito à posse e disposição dos bens” (PETITAT,
1994, p. 143);

• Na prática: desigualdades das propriedades e faculdades individuais.


Estado-policial, laisser-faire e instrução
pública
“Dentro desta lógica, a justiça não tem outro significado e alcance que o de velar
pela aplicação das leis naturais. Ela nada tem a ver com a redistribuição de riquezas,
mas preocupa-se unicamente com preservar os indivíduos de atentados à
propriedade e às liberdades a ela relacionadas” (PETITAT, 1994, p. 143).

Nesse sistema, o papel da instrução pública encontra-se estreitamente vinculado ao


papel do Estado;

Manutenção da ordem “natural”- educação- ação persuasiva e preventiva do Estado.


Estado-policial, laisser-faire e instrução
pública
Papel do Estado- garantir:

• Segurança- Propriedade e Liberdade


• Manter a “ordem natural”
• Educação: papel persuasivo e preventivo
Estado-policial, laisser-faire e instrução
pública
• Instrução popular- objetivo: Inculcar nos cidadãos as bases da ordem natural

• Raciocínio esclarecido e educado-compreensão do direito à propriedade

• Citação- Primeiro parágrafo da página 144

• Defesa dos fisiocratas “a instrução deve ser necessariamente pública, uma vez
que representa um instrumento essencial de legitimação de uma ordem social
em a igualdade, a liberdade e a justiça, formalmente definidas, aliam-se na
realidade à desigualdade, à dominação e à injustiça” (PETITAT, 1994, p. 144).
Estado-policial, laisser-faire e instrução
pública
• Educação pública legitima a ordem social (em tese igualitária);

• Fisiocratas: Laisser-faire -regular o mercado/ Estado- manutenção da


ordem;

• Contrapartida: movimento operário- necessidade de um sistema estatal


de ensino.
Estado-policial, laisser-faire e instrução
pública
• França- séc. XIX- intervenção do Estado nas classes populares “ensinar os valores
essenciais”;

• Questão ideológica e econômica;

• “A estatização supõe certa centralização e uma abordagem global dos problemas


educativos” Todos os graus de ensino

• “Ao Estado educador é confiado um papel de reorganizador, civilizador e


moralizador”.
Estado-policial, laisser-faire e instrução
pública
Educação: políticas gerais- partidos, igrejas e grupos diversos medem
forças em relação à essa questão;

Final do século XVIII- Início séc. XIX: Debates- Escola seleciona grupos
e conteúdos a ser ministrados;

Ensino laico X Ensino religioso: cultura escolar contraditória;

Ideal laico e republicano X Manutenção dos valores tradicionais


Estado-policial, laisser-faire e instrução
pública

Movimento origina um Sistema Dual de ensino:

•Trabalhadores: Ensino Primário

•Elite: secundário/ superior- colégios- cultura moderna/ científica


Concluindo...
O exame deste período põe a nu as fragilidades da análise funcionalista,
uma vez que esta nova cultura e suas subdivisões não são mais do que
efeitos da revolução industrial. Podemos observar as classes dirigentes
procurando preservar as suas posições, discordando a respeito de sua
própria definição cultural, esforçando-se por se adaptar a transformações
sócio-históricas impossíveis de ser controladas. A cultura escolar moderna
diferenciada é uma produção que contribui para criar novas distinções
sociais, ao mesmo tempo em que reforça as classes dominantes em suas
posições. Também aqui, produção e reprodução parecem indissoluvelmente
unidas dentro de um processo histórico (PETITAT, 1994, p. 148).
REFERÊNCIA
PETITAT, André. Produção da Escola/Produção da sociedade: análise
sócio-histórica de alguns momentos decisivos da evolução escolar no
ocidente. Trad. Eunice Gruman. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

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