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Etapa Ensino Médio Sociologia

Progresso e a
crítica ao
desenvolvimento
1ª SÉRIE
Aula 9 – 3º bimestre
Conteúdo Objetivo
• Progresso; • Conhecer definições de
progresso a fim de compreender
• Positivismo; críticas a essa noção positivista
• Desencantamento do e à ideia de desenvolvimento.
mundo;
• Crítica ao
desenvolvimento.
Para começar 3 minutos

Você sabe o que está


escrito no centro da
bandeira do Brasil?
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Bandeira do Brasil (adaptado)
Foco no conteúdo
Positivismo
A bandeira é um símbolo do processo de
constituição da Nação, portanto da
comunidade de pessoas que se identificam
com um determinado Estado e território. A
bandeira brasileira, que substituiu a do
período imperial, foi primeiramente
desenhada por Décio Villares. O lema no
centro da bandeira (Ordem e Progresso) se
deve às influências positivistas do artista. Protótipo da Bandeira
Nacional do Brasil, por
Décio Villares
Foco no conteúdo
A ordem e o progresso positivista
O filósofo francês Auguste Comte (1791-1857) foi um
dos mais importantes formuladores da teoria do
positivismo e um dos criadores da Sociologia,
denominada “física social” nos seus primeiros escritos.
A ciência positivista propõe-se a conhecer os
fenômenos pelo uso combinado do raciocínio com a
observação da realidade, a experimentação e a
formulação de leis. O positivismo, portanto, não
procura uma explicação última sobre o mundo, mas
procura decifrá-lo, investigando os fenômenos
observáveis. Auguste Comte
Foco no conteúdo
A ordem e o progresso positivista
“No positivismo clássico de Augusto Comte (1798-1875), a ordem é
um dos componentes ou momentos do método positivo; para ele, o
conhecimento científico consiste na investigação das relações
constantes entre fenômenos observáveis.” (GIACOIA JR., 2006, p. 135).
“Comte acreditava que a vida social era governada por leis e princípios
básicos que podiam ser descobertos através do uso dos métodos mais
comumente associados às ciências físicas.” (JOHNSON, 1997, p. 179).
“E a evolução ordeira e progressiva das ciências forneceria um modelo
para o próprio progresso da sociedade.” (LACERDA, 2009, p. 326).
Na prática 2 minutos

UEL 2015
Até o século XVIII, a maioria dos campos de conhecimento, hoje
enquadrados sob o rótulo de ciências, era ainda, como na Antiguidade
Clássica, parte integral dos grandes sistemas filosóficos. A constituição
de saberes autônomos, organizados em disciplinas específicas, como a
Biologia ou a própria Sociologia, envolverá, de uma forma ou de outra,
a progressiva reflexão filosófica, como a liberdade e a razão.

Com base nos conhecimentos sobre o surgimento da


Sociologia, assinale a alternativa que apresenta,
corretamente, a relação entre conhecimento sociológico de
Auguste Comte e as ideias iluministas.
Na prática 2 minutos

a) A ideia de desenvolvimento pela revolução social foi defendida pelo


Iluminismo, que influenciou o Positivismo.
b) A crença na razão como promotora do progresso da sociedade foi
compartilhada pelo Iluminismo e pelo Positivismo.
c) O Iluminismo forneceu os princípios e as bases teóricas da luta de
classes para a formulação do Positivismo.
d) O reconhecimento da validade do conhecimento teológico para
explicar a realidade social é um ponto comum entre o Iluminismo e o
Positivismo.
e) Os limites e as contradições do progresso para a liberdade humana
foram apontados pelo Iluminismo e aceitos pelo Positivismo.
Na prática Correção 1 minuto

a) A ideia de desenvolvimento pela revolução social foi


defendida pelo Iluminismo, que influenciou o Positivismo.
b) A crença na razão como promotora do progresso da sociedade
foi compartilhada pelo Iluminismo e pelo Positivismo.
c) O Iluminismo forneceu os princípios e as bases teóricas da
luta de classes para a formulação do Positivismo.
d) O reconhecimento da validade do conhecimento teológico
para explicar a realidade social é um ponto comum entre o
Iluminismo e o Positivismo.
e) Os limites e as contradições do progresso para a liberdade
humana foram apontados pelo Iluminismo e aceitos pelo
Positivismo.
Foco no conteúdo Bomba atômica
de Nagasaki, no
A ideologia do progresso Japão (1945)

O século XX – em especial os efeitos dos Estados nazista e fascista, bem


como das duas grandes guerras – foi fundamental para a crítica à ideologia
do progresso, que nascera com as Luzes, tendo a sua máxima expressão
na concepção hegeliana de história (LÖWY, 1992). As teorias convencidas
de que o caminho evolutivo das sociedades dependia do progresso dos
métodos racionais e científicos se mostraram equivocadas, pois o
desenvolvimento tecnológico e os eventos políticos no contexto das guerras
mundiais geraram muita destruição, além de restrições à liberdade.
“A evolução social é um processo através do qual sociedades se desenvolvem
de maneiras previsíveis, que em geral refletem progresso para formas ‘mais
altas’ ou quase perfeitas de vida social.” (JOHNSON, 1997, p. 102).
Na prática 2 minutos

ENEM 2015
O filósofo Auguste Comte (1798-1857) preenche sua doutrina com
uma imagem do progresso social na qual se conjugam ciência e
política: a ação política deve assumir o aspecto de uma ação
científica e a política deve ser estudada de maneira científica (a
física social). Desde que a Revolução Francesa favoreceu a
integração do povo na vida social, o positivismo obstina-se no
programa de uma comunidade pacífica. E o Estado, instituição do
“reino absoluto da lei”, é a garantia da ordem que impede o retorno
potencial das revoluções e engendra o progresso.
Na prática 2 minutos

A característica do Estado positivo que lhe permite garantir não só


a ordem, como também o desejado progresso das nações, é ser:
a) espaço coletivo, no qual as carências e os desejos da população se
realizam por meio das leis.
b) produto científico da física social, transcendendo e transformando as
exigências da realidade.
c) elemento unificador, organizando e reprimindo, se necessário, as ações
dos membros da comunidade.
d) programa necessário, tal como a Revolução Francesa, devendo
portanto se manter aberto a novas insurreições.
e) agente repressor, tendo um papel importante a cada revolução, por
impor pelo menos um curto período de ordem.
Na prática Correção 1 minuto

A característica do Estado positivo que lhe permite garantir não só


a ordem, como também o desejado progresso das nações, é ser:
a) espaço coletivo, no qual as carências e os desejos da população
se realizam por meio das leis.
b) produto científico da física social, transcendendo e
transformando as exigências da realidade.
c) elemento unificador, organizando e reprimindo, se necessário,
as ações dos membros da comunidade.
d) programa necessário, tal como a Revolução Francesa, devendo
portanto se manter aberto a novas insurreições.
e) agente repressor, tendo um papel importante a cada
revolução, por impor pelo menos um curto período de ordem.
Foco no conteúdo
O progresso dos cavalos do xadrez
Ao contrário da ideia de que a humanidade como um
todo estaria subindo pouco a pouco uma escada
evolutiva, adicionando degraus para galgar patamares
mais elevados, o antropólogo Claude Lévi-Strauss (1980)
defendeu que o progresso não é nem necessário
nem contínuo e que acontece aos saltos, mais ou
menos como os dos cavalos do xadrez, que têm sempre
à sua disposição várias progressões, mas nunca no
mesmo sentido. Além de acontecerem em direções
diversas, os progressos não seriam necessariamente
cumulativos. Como num jogo de dados, há probabilidade
de perdas, da soma de um lance ser menor do que a
anterior.
Foco no conteúdo
Numa outra direção
A força motriz das sociedades ocidentais repousa no tripé formado
pela ciência, pelo progresso e pelo desenvolvimento. Mas,
como afirma a antropóloga Alcida R. Ramos (2018), os projetos de
desenvolvimento nos moldes ocidentais já trazem o seu próprio
fracasso, pois pouco se atentam às lógicas dos povos que muitas
vezes pretendem impactar. No fundo, a autora argumenta contra a
tese weberiana do desencantamento, a de que a vida moderna
extirparia as formas de pensamento míticos, mágicos e religiosos,
inclusive dos povos indígenas, que, na acepção do positivismo
comteano, seriam “hordas fetichistas” (RAMOS, 2018).
Foco no conteúdo
Desencantamento do mundo
“A ciência teve um papel central naquilo que Max Weber chamou de
desencantamento do mundo. O mundo da ciência é um mecanismo
causal, um mundo de causas e efeitos inteligíveis, que funciona
conforme leis racionais. Este é um mundo [...] onde apenas o que é
calculável e aplicável é racional. [...] No entanto, nos dias de hoje,
nos deparamos com discursos que afirmam justamente o contrário,
e o mais instigante neles é o fato de compreenderem a ciência e a
tecnologia como elementos principais que possibilitam um
reencantamento do mundo.” (cf. resumo em MOCELLIM, 2014)
Foco no conteúdo
Numa outra direção
Fato é que os povos indígenas não se extinguiram nem
abandonaram suas formas encantadas de compreensão do mundo,
pois é com elas que estão questionando determinadas direções que
querem dar ao desenvolvimento e ao progresso:
“Talvez mais do que ninguém, os povos indígenas têm tido o dúbio
privilégio de olhar de frente a face monstruosa da quimera do
desenvolvimento, ao verem seus recursos naturais serem
descaradamente pilhados, seus sistemas de conhecimento vilmente
apropriados, sua saúde e bem-estar esmagados por interesses
meramente mercantis, sem nenhum compromisso com a lógica e a
razão da vida indígena” (RAMOS, 2018, p. 31).
Foco no conteúdo
A visão yanomami sobre o desenvolvimento
“Pouco tempo depois, eles próprios também
começaram a ouvir de sua casa a voz dos grandes
tratores que remexiam a terra. [...] Nunca tinham
visto as enormes máquinas dos brancos que
abrem estradas. Seu zumbido surdo, que não
parava, soava para eles como o de seres maléficos Davi Kopenawa é
devastando tudo em sua passagem. Agora podiam xamã e líder
ouvi-lo noite e dia, sem descanso, e se político do povo
perguntavam, aflitos: ‘Será que os brancos vão Yanomami
destruir a nossa casa também, rasgando a terra
até nós?’” (KOPENAWA; ALBERT, 2015, p. 307)
Aplicando 2 minutos

ENEM 2022
Na construção da ferrovia Madeira-Mamoré, o que dizer dos doentes,
eternos moribundos a vagar entre delírios febris, doses de quinino e
corredores da morte? O Hospital da Candelária era santuário e
túmulo, monumento ao progresso científico e preâmbulo da escuridão.
Foi ali, com suas instalações moderníssimas, que médicos e
sanitaristas dirigiram seu combate aos males tropicais. As maiores
vítimas, contudo, permaneceriam na sombra à margem do palco,
cobaias sem consolo, credores sem nome de uma sociedade que não
lhes concedera tempo algum para ser decifrada.
Aplicando 2 minutos

No texto, há uma crítica ao modo de ocupação do espaço


amazônico pautada na:
a) discrepância entre engenharia ambiental e equilíbrio da
fauna.
b) incoerência entre maquinaria estrangeira e controle da
floresta.
c) incompatibilidade entre investimento estatal e proteção aos
nativos.
d) competição entre farmacologia internacional e produtos da
fitoterapia
e) contradição entre desenvolvimento nacional e respeito aos
trabalhadores.
Aplicando Correção 1 minuto

No texto, há uma crítica ao modo de ocupação do espaço


amazônico pautada na:
a) discrepância entre engenharia ambiental e equilíbrio
da fauna.
b) incoerência entre maquinaria estrangeira e controle
da floresta.
c) incompatibilidade entre investimento estatal e
proteção aos nativos.
d) competição entre farmacologia internacional e
produtos da fitoterapia
e) contradição entre desenvolvimento nacional e
respeito aos trabalhadores.
O que aprendemos hoje?
• A. Comte acreditava que a vida social era governada por
leis e princípios básicos que podiam ser descobertos
através do uso dos métodos mais comumente associados
às ciências físicas;
• A evolução ordeira e progressiva das ciências forneceria
um modelo para o próprio progresso da sociedade;
• Claude Lévi-Strauss defendeu que o progresso não é nem
necessário nem contínuo e acontece aos saltos, mais ou
menos como os dos cavalos do xadrez;
• Os projetos de desenvolvimento nos moldes ocidentais
já trazem o seu próprio fracasso, pois pouco se atentam às
lógicas dos povos que muitas vezes pretendem impactar.
Tarefa SP
Localizador: 98535

1. Professor, para visualizar a tarefa da aula, acesse com


seu login: tarefas.cmsp.educacao.sp.gov.br
2. Clique em “Atividades” e, em seguida, em “Modelos”.
3. Em “Buscar por”, selecione a opção “Localizador”.
4. Copie o localizador acima e cole no campo de busca.
5. Clique em “Procurar”.

Videotutorial: http://tarefasp.educacao.sp.gov.br/
Referências
Slide 7 – Adaptado de: QUINTANEIRO, T.; BARBOSA, M. L. O.; OLIVEIRA, M. G. M. Um toque de
clássicos: Marx, Durkheim e Weber. Belo Horizonte: UFMG, 2002. p. 12.
Slide 11 – RUBY, C. Introdução à filosofia política. São Paulo: Unesp, 1998. (adaptado)
Slide 19 – FOOT HARDMAN, F. Trem fantasma: modernidade na selva. São Paulo: Cia. das Letras,
1988. (adaptado).
GIACOIA JR., O. Pequeno dicionário de filosofia contemporânea. São Paulo: Publifolha, 2006.
JOHNSON, A. G. Dicionário de sociologia: guia prático da linguagem sociológica. Rio de Janeiro:
Zahar, 1997.
KOPENAWA, D.; ALBERT, B. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. São Paulo: Companhia
das Letras, 2015. Disponível em: https://www.companhiadasletras.com.br/trechos/12959.pdf. Acesso
em: 29 jun. 2023.
LACERDA, G. B. de. Augusto Comte e o “positivismo” redescobertos. Revista de Sociologia e
Política, Curitiba, v. 17, n. 34, p. 319-343, out. 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rsocp
/a/wNFWrdJ7j3G4GZwgzJF4V4C/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 29 jun. 2023.
Referências
LEMOV, Doug. Aula nota 10 3.0: 63 técnicas para melhorar a gestão da sala de aula. Tradução de
Daniel Vieira, Sandra M. Mallmann da Rosa. Revisão técnica de Fausto Camargo, Thuinie Daros. 3. ed.
Porto Alegre: Penso, 2023.
LÉVI-STRAUSS, C.; LÉVI-STRAUSS, C. Raça e história. Lisboa: Presença, 1980. Disponível em:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2844023/mod_resource/content
/1/L%C3%89VI-STRAUSS%2C%20Claude_Ra%C3%A7a%20e%20hist%C3%B3ria.pdf. Acesso em: 29
jun. 2023.
LÖWY, M.; VARIKAS, E. A crítica do progresso em Adorno. Lua Nova, v. 27, dez. 1992. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/ln/a/CWwhHNknyrMyb78fn5XsRwF/. Acesso em: 29 jun. 2023.
RAMOS, A. R. Desenvolvimento rima com encantamento. Maloca: Revista de Estudos Indígenas,
Campinas, v. 1, n. 1, p. 28-52, 2019. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php
/maloca/article/view/13196. Acesso em: 29 jun. 2023.
MOCELLIM, A. D. Ciência, técnica e reencantamento do mundo. Tese (Doutorado em Sociologia) –
Departamento de Sociologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014. Disponível em:
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis
/8/8132/tde-22012015-185152/publico/2014_AlanDelazeriMocellim_VOrig.pdf. Acesso em: 29 jun.
2023.
Referências
Lista de imagens e vídeos
Slide 3 – https://pt.wikipedia.org/wiki/Bandeira_do_Brasil#/media/Ficheiro:Flag_of_Brazil.svg
Slide 4 –
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:D%C3%A9cio_Villares_-_prot%C3%B3tipo_da_Bandeira
_Nacional_-_1889.jpg#/media/Ficheiro:D%C3%A9cio_Villares_-_prot%C3%B3tipo_da_Bandeir
a_Nacional_-_1889.jpg
Slide 5 – https://en.wikipedia.org/wiki/Auguste_Comte#/media/File:Auguste_Comte.jpg
Slide 10 – https://pt.wikipedia.org/wiki/Bomba_nuclear#/media/Ficheiro:Nagasakibomb.jpg
Slide 14 – https://pixabay.com/pt/photos/xadrez-cavalo-jogos-estrat%C3%A9gia-2472416/;
https://pixabay.com/pt/illustrations/cubo-dados-sorte-aleat%C3%B3ria-n%C3%BAmeros-1655
118/
Slide 18 – https://ea.fflch.usp.br/autor/davi-kopenawa
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Digital

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