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A(s) sociedade(s) brasileira(s)

no período pré-cabralino
Amaury Gremaud

FESB I
O colonizado
 Discussões sobre tipos de colonização pouco se
fala sobre habitantes do local da colonização
 Até que ponto isto teve importância sobre a própria
colonização ?
Índios (erro):
 não só porque não são habitantes da Índia
 Dá a falsa idéia de uma unidade americana (ou latino
americana)
 Não se conhecem entre si, diversas unidades políticas
 Dá a sensação de que habitantes América Latina tem uma
consciência deles frente aos outros
 Entre habitantes da América não existe consciência de
Oriente x Ocidente
 não resistência em conjunto frente aos invasores
 Soluções individuais: resistência, associação etc
Marca comum
 Além de habitar o mesmo continente, marca
comum é o relativo isolamento etnográfico
 Séculos de desenvolvimento:
 Domesticam plantas e animais,
 aprimoramentos tecnológico (tecelagem etc.),
 desenvolvimento de cidades e grandes unidades políticas
(tributação)
 Isolados do resto da humanidade
 Como se desenvolvimento de dois grandes grupos (não
homogêneos):
 Um maior (Ásia, África e Europa) e um menor (América)
Conseqüências do isolamento
 Divisão por longo tempo de grupos não
homogêneos, uns maiores e outros menores,
diferenças aparecem:
duas aparentemente são marcantes e importantes
para toda a América latina quando do contato dos
dois grupos
 epidemiologicamente – desenvolvimento de cepas de
doenças
 Problemas com contato – grande mortalidade
 tecnologicamente - desenvolvimento de inovações
tecnológicas
 domínio ferro/aço
Uma rápida história de
milhões de anos ...
Os primeiros “homens”
 Humanos separados dos animais nascem na África : 7
milhões de anos atrás
 Macacos africanos se dividem em 3 grupos dentre eles o
homem (1)
 Homens: parentes mais próximos 3 tipos de macacos:
 Gorilas (2) e Chimpanzés (3) que se subdivide em chimpanzés
comuns e chimpanzés pigmeus
 Evolução inicial na África – depois expansão
 Autralopithecus africanus; homo habilis, homo erctus
 Postura vertical: 4 milhões de anos
 Ampliação do tamanho do corpo e do cérebro: 2,5 milhões de anos
 Utensílios de pedras (lascas e pedaços de pedras) 2,5 milhões de
anos
 Homo erectus (1,7milhões) : mais que um macaco mas
muito menos que um humano moderno
 Este faz as primeiras migrações em direção à Ásia (homens
de Java): 1 milhão de anos atrás (alguns 1,8 milhões)
 Europa : ½ milhão de anos atrás (algumas hipóteses antes)
Homo Sapiens
 Homo erectus evolui pra homo sapiens
 ½ milhão de anos diferenciação do homo erectus
 Esqueletos maiores, crânios mais arredondados
 desenvolvem o fogo
 ainda diferentes dos humanos atuais, usam
ferramentas ainda toscas, mesmo para povos
modernos mais primitivos
 500.000 anos atrás, homo sapiens na África e
Eurásia
 Não na Austrália e nem na América
 travessia e/ou ocupação da Sibéria não possível para
homo sapiens
Entre 130.000 e 40.000 anos atrás: Espécies
continuam a se desenvolver e diferenciar
 na Europa e no oeste da Ásia – homem de
Neanderthal
 Para alguns nova espécie
 Cérebros maiores que os atuais, primeiros a enterrar
mortos
 usam ferramentas ainda toscas, mesmo para povos
modernos mais primitivos
 Na África
 Homens próximos aos de hoje, porém ainda usam
artefatos parecidos com os europeus
 Caçadores simples, não pescam etc.
 Resto da Ásia
 Diferentes dos dois anteriores
Cro-magnon e o homem moderno: o
Grande salto adiante
 Entre 100.000 e 50.000 algo ocorreu
 Desenvolvimento (organização) do cérebro e da caixa torácica
 50.000 anos atrás: começo de fato da espécie humana
 Primeiros sinais vem da África: Instrumentos padronizados e jóias
(contas de ovos de avestruz)
 Espalha-se para Oriente Médio e Sudeste Europeu
 40.000 anos sudoeste europeu:Povo Cro-magnon (humanos modernos)
 Utensílios de pedra e de ossos moldados, formas variadas e distintas,
objetos multipeças (arpões, arco e flecha), corda
 Caça de animais perigosos, aves, pesca
 Capacidade de viver em climas frios
 Trabalhos artísticos (Caverna Lascaux - Fr)
 Debate: este desenvolvimento se dá paralelamente em várias regiões
ou em área geográfica específica (África) com migração e domínio
desta população sobre as outras
 Esqueletos e crânios da África de 100.000 anos dão base para segunda
versão, mas novos estudos acreditam em desenvolvimento paralelo com
base em crânios chineses
 Europa: aparentemente substituição : 40.000 anos atrás Cro-magnon vai
para lá e, em alguns milhares de anos, elimina Neanderthal praticamente
sem hibridização
Expansão para a Austrália e Nova
Guiné
 40.000 – 30.000 anos atrás presença humana na Austrália e Nova
Guiné
 Depois de povoamento inicial se espalha por toda a região
 Era Glacial: nível do mar bem abaixo do atual, atuais ilhas da
Indonésia travessia seca (também no Canal da Mancha e no
Estreito de Bering), mas não entre Bali e Austrália
 Canais com 80 Km de largura, não visível a olho nu –ocupação
exige embarcação
 Alguns acreditam colonização acidental (mulher grávida, perdida)
 Porém outras ilhas, ocupação pouco depois: deve existir navegação
intencional
 Primeiro extermínio de grandes espécies de animais por homem
 Além da África, na época, também Europa tinha grandes animais e
Austrália, mas megafauna da Austrália sumiu depois da chegada de
humanos
 Diferença com África é que a megafauna australiana não conviveu
evolutivamente com o homem, foram pegos de surpresa por seres
caçadores sem desenvolver o medo (e a fuga) destes humanos
 Grande matança tem uma consequência importante: ausência de
animais para domesticar na Austrália
A expansão para a Sibéria
 Logo depois da Austrália – também expansão
para Sibéria (20.000)
 Dúvidas quanto a data
 Neanderthal se adapta ao frio mas não vai para a
Sibéria (no máximo até Kiev)
 Não desenvolve roupas – casas aquecidas
 Provavelmente junto com extinção do mamute e do
rinoceronte lanudo
 América não ocupada antes pois não há
embarcações (40.000 anos) ou não ocupação
da Sibéria (20.000 anos)
Expansão para a América
 Ideia principal: “homens de Clóvis” são primeira colonização
humana na América que se espalhou por todo o continente
 Datação sugere migração por Bering(he): travessia de grupos de coletores-
caçadores por terra (pontes de gelo de 1.600 km depois inundada por volta
de 13.000 anos AP)
 Wurm IV – período de glaciação entre 22.000 e 13.000 AP
 Possibilidade anterior Wurm III: 40.000 a 26.000 AP; Wurm II (62.000 – 46.000)
 Depois abre um corredor entre Alasca, o Canadá e as grandes planícies
 abaixo disto não existem grandes barreiras até a Patagônia
 Evidencias
 Fosseis não discutíveis:
 13.000 anos sul do Canadá e no México
 Homens de Clóvis (cidade de Clóvis - Novo México), depois pelo sul dos EUA e México;
 Depois (1000 anos) provas inquestionáveis na Amazônia e Patagônia
 Anda 12,8 Km por ano até a patagônia – trivial para caçadores
 Dados populacionais sugerem uma ocupação semelhante a da Austrália (1,1% a.a. de
crescimento populacional)
 Também desaparecimento de grandes mamíferos (17.000 a 12.000 anos
AP); alguns mudança climática, outros humanos
 Grande Canyon: Preguiça gigante Shasta e cabrito de Harrington – 13.000 anos (fim da
era Glacial tb 13.000)
 Mamutes com lanças de Clóvis
Vestígios Pré Clóvis
 Existem vestígios em análise mais antigos que homens de Clóvis
 Caverna Meadowcroft (Pensilvânia – EUA)
 Presença humana dataria de 16.000 anos AP
 Problema: espécies animais associadas aos vestígios não viveram naquele período,
pode haver contaminação de vestígio antigos por novos
 Monte Verde (Chile) – 15.000 anos AP
 São Raimundo Nonato (Brasil) – pinturas humanas
 Datação inquestionável 10.000 AP – ossadas
 Abaixo descobrem-se “cinzeiros” – de 25.000 AP até 43.000 AP
 Lareiras e pedras supostamente com formas de utensílios e alóctone
 Problema: não datação das pinturas, utensílios não claros nem se são alóctone e as
fogueiras não são necessariamente humanas
 Brasil – Lagoa Santa(Luzia) 12.000 a 16.000 AP
 Problema étnico – duas levas de mongoloides
 Fragilidade das provas Pré-Clóvis
 Contrasta com vestígios de Clóvis que são inúmeros e bem estabelecidos
 vestígios anteriores são perfeitamente encontrados e não tem natureza
frágil na Europa e na Austrália, pq não na América?
 já não deveríamos ter certeza de Pré Clóvis? Se não temos será que existiu?
 Resp: população pré clóvis é pouco numerosa e não deixou, por algum motivo sem
precedente em outras partes, muitos vestígios
 De todo modo 13000 anos atrás já havia uma população numerosa
na América e este é o continente com história mais curta
Brasil
 Registros são não costeiros
 São Raimundo Nonato, Lagoa Santa (Luzia) etc
 Só os mais recentes (3000 a 4000 AP): homens dos
sambaquis
 Efeitos da oscilação Glaciação x tropicalidade
 Glaciação até 12.000 AC – costa se desloca 100Km mar a dentro –
formando região árida difícil ocupação para caça e colheita
 Tropicalização – lenta no início, recuo rápido 4000 AP
 Formação de região costeira atual
 Ampliação de florestas (Atlântica – Amazônica)
 Reduz Cerrados – formação dos chapadões e altiplanos
 Retrai caatingas
 Perenização da rios
 Homens de sambaquis – formados – regiões lacunares e
restingas no processo de tropicalização
 Tropicalização corresponde também a período de diáspora dos
povos guaranis – tupis
 readaptação florestas, rios
 Conflito com populações de sambaquis
Meso-america e Andes
 Domesticação plantas e sedentarização mais
profunda
 4000 a 3000 AP
 P. ex: Região Tiuhanaco 1500 A.C.: plantação da batata
 Formação de cidades
 2000 a 1000 AP
 P.ex: Cidade de Tiuhanaco (perto La Paz) – século 1 d.C.
 Antes do contato: 2 ou 3 ciclos de impérios
 Seculo VI d.C. – Imperio Tiuahanaco
 Século XII-XII – Mollas e Collas
 Século XIV-XV – Quechuas (Incas) – contato
 Diferença de estrutura social com tupi-gurani
De volta as tipologias ...
Pode-se diferenciar os povos (pré-existente)
da América Latina por grau de
sedentarismo:
A. Sedentários:
 Andes, centro do México e Meso-
América
B. Semi-sedentários:
 Norte México, Costa Oeste Americana
 Brasil, Norte da América do Sul,Sul Peru,
Bolívia e Chile
C. Não sedentários:
 Paraguai, Argentina e Uruguai
 Meio Oeste norteamericano
A. Sedentários
– Agricultura intensiva permanente
(milho, cacau x batata)
– Densidade populacional
– Cidades e aldeias estáveis -
especialização
– Importância de unidades
provinciais e mecanismos de
tributação (trabalho compulsório)
 Imperiais x não imperiais
.
B Semi-sedentários
– Agricultura e aldeamento, mas
mudanças no decorrer de alguns
anos – roçado, queimada -
mandioca
– Caça importante
– “Impostos” podem até existir
mas não bem institucionalizados
– Especialização e hierarquização
menor, “coesão provincial” baixa
C. Não sedentários
– Não chegam a ser nômades no
sentido pré histórico da palavra,
dado que existe a concepção de
território
– Dentro deste território migração com
base em ciclo sazonal de colheita e
caça
– Sem agricultura, acampamentos ao
invés de aldeias, organizados em
bandos

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