Você está na página 1de 27

9TH GRADE

Livro Didático: até


onde vilão, até onde
auxiliador?
UFCG
CES/UAFM
Matemática
Metodologia de Ensino de Matemática 3
Para início de Diálogo…
● Qual o papel do livro didático na práca do docente?

● Quem deve escolher o livro didático?

● Como escolher o livro didático?

● Como usar o livro didático?


Livro Didático

Conteúdo Metodologia

Aproximação com o que é ensinado pelo professor (preparo das


aulas).
Teoria Antropológica do Didático

TAD “… não existe saber no


vácuo, isolado”
(Chevallard, 1991)

Estuda a relação Transposição Didática


do homem com o
saber Transformações adaptativas no saber
conforme a instituição em que vive.
TAD: o conceito de área

EF: anos iniciais Ensino Médio


Figura plana c/ a ideia de Representar graficamente a
pavimentação e a ideia da variação da área usando álgebra
multiplicação

EF: anos finais Ensino Superior


Apresentação de fórmulas Cálculo diferencial e integral
(Integral de Riemann)
PRAXEOLOGIAS

Expressa por um verbo que descreve


Tarefa (T) uma atividade a ser feita

Modo de fazer ou realizar a tarefa


Toda atividade Técnica (τ)
humana pode ser
descrita por uma
tarefa. Tecnologia Valida e justifica o modo de fazer
(𝜃)
Fundamenta a tecnologia. Abstração ou
Teoria (Θ) plano teórico (com definições, teoremas e
noções).
(Chevallard, 1999)
Praxeologias

Passar uma saia, por exemplo, é uma tarefa; passar uma calça é outra tarefa que tem
semelhanças com a anterior. Podemos, então, falar em tarefas que são de um mesmo tipo:
Passar roupa. Cada tarefa desse conjunto demanda uma técnica que depende do tecido de
que a roupa é feita e da roupa em si: passar uma saia de pregas é definitivamente diferente
de passar uma calça jeans que pode ser semelhante a passar uma bermuda jeans! O tipo de
tarefa é definido (descrito) por um verbo de ação (passar) e um complemento (roupa);
percebe-se assim a necessidade do complemento para que o tipo de tarefas esteja bem
definido. As técnicas mobilizadas para resolver tarefas desse tipo podem ser justificadas –
nem sempre explicitamente pelas pessoas que as mobilizam – por leis físicas. (Bittar, 2017,
p. 367)
Praxeologias
Esse exemplo ilustra o modelo praxeológico proposto para descrever qualquer atividade,
matemática ou não. Ele é composto por: tipo de tarefas T; técnicas que resolvem as tarefas desse
tipo; tecnologia (𝜃) que justificam a técnicas e garantem sua validade, e, finamente, a teoria ( Θ)
que justifica a tecnologia. Esse quarteto praxeológico é denotado [T, τ, 𝜃, Θ]. O bloco [T, τ] é
denominado de prático-técnico, ou bloco do saber-fazer; e o bloco [𝜃, Θ] é denominado bloco
tecnológico-teórico ou bloco do saber (Bittar, 2017, p. 367).

Tipo de tarefa: Identificar o zero da função afim;


Subtipo de tarefa: a partir da lei de formação;
Técnica: aplicação da fórmula ;
Subtécnica: identificação dos coeficientes da função;
Elementos tecnológicos-teóricos: Definição de Zero da Função Afim.
Praxeologias
Para exemplificar vamos considerar uma aula dada por um professor sobre o teorema de
Pitágoras no 8º ano do ensino fundamental. Ele precisará decidir que propriedades e
definições irá apresentar e também como irá apresentar: serão propostas atividades para que
os alunos consigam conjecturar o teorema que depois será enunciado formalmente ou irá
optar por uma abordagem mais clássica de apresentação de definições e resultados a serem
aplicados pelos alunos? (Bittar, 2017, p. 368).

Em outras palavras, ao preparar uma aula o professor realiza escolhas matemáticas e


didáticas.
Praxeologias

A atividade do professor também pode ser modelada por meio do quarteto praxeológico:
• sua tarefa é “Ensinar o teorema de Pitágoras”.
• Para resolver essa tarefa didática é preciso fazer escolhas didáticas como as
enunciadas acima. Tem-se, assim, a praxeologia didática ou organização didática
(OD).

O estudo dessa praxeologia é fundamental nas análises de livros didáticos, haja vista que uma
organização didática está diretamente relacionada aos paradigmas de aprendizagem do
“sujeito autor” da praxeologia. (Bittar, 2017, p. 368).
À LUZ DA TAD
PRAXEOLOGIA
TAREFA: Resolver uma equação do 1º grau
do tipo ax+b=cx+d .
TÉCNICA: faz analogia com uma balança de
pratos (propriedade das igualdades)
TECNOLOGIA: o papel que a balança
desempenha para justificar as ações.

O que diz o manual do professor sobre


a técnica que deve ser usada para
solucionar essa tarefa?

(Bittar, 2017, p. 372).


À LUZ DA TAD

PRAXEOLOGIA
TAREFA: Calcular a medida do cateto oposto,
dado as medidas da hipotenusa e desse ângulo.
TÉCNICA: substituir o valor da tangente do
ângulo e a medida do cateto adjacente a esse
ângulo na razão que envolve esse ângulo
(resolver a equação); e somar a medida
encontrada a uma medida dada para encontrar o
total (técnica secundária)
TECNOLOGIA: Razões trigonométricas, eu
justificam o cálculo.

(Bittar, 2017, p. 374).


À LUZ DA TAD

PRAXEOLOGIA
TÉCNICA: T1: é preciso contar a quantidade de vértices, de faces e de arestas, é preciso manipular o
sólido, identificar os elementos e fazer a contagem.
T2: identificar o formato e características da figura plana formada pela face.

(Bittar, 2017, p. 376).


À LUZ DA TAD

PRAXEOLOGIA
TAREFA: Resolver a equação do 1° grau que não está na forma .
TÉCNICA: redução de termos semelhantes para chegar a forma canônica e a técnica das operações inversas.
TECNOLOGIA: Princípio da equivalência entre equações (campo aditivo e multiplicativo) e lei das
transposições de termos.
(Bittar, 2017, p. 377).
À LUZ DA TAD

Há um grande desafio na identificação da tecnologia e da teoria na análise dos livros didáticos,


as vezes aparece a justificativa do uso da técnica, mas não a teoria o que justifica as
propriedades.
À LUZ DA TAD

(Bittar, 2017, p. 379).


À LUZ DA TAD

(SOUSA, 2020, p. 82).


À LUZ DA TAD

(SOUSA, 2020, p. 83).


À LUZ DA TAD

(SOUSA, 2020, p. 90).


À LUZ DA TAD
A propriedade “um número negativo multiplicado por outro número negativo resulta um
número positivo” apresentada, em geral, no 7º ano do ensino fundamental, nada tem de natural,
logo, não é autotecnológica e, portanto, necessita de uma justificativa. Entretanto, qualquer
justificativa de cunho matemático para esse resultado não pode viver nesse nível de
escolaridade; não tem condições ecológicas para isso (Bittar, 2017, p. 379).

:
Logo,

Logo,
O Livro Didático

O livro didático também cumpre a função de ser uma das expressões do currículo oficial e
carrega em si a materialização do processo de transposição didática, onde os saberes
matemáticos se torna objetos de saber a ensinar. E também é uma instituição de referência,
onde o livro possibilita uma relação com o estudante com os objetos do saber comunicado nele
(Cavalcante; Rodrigues, 2022).

“(...) a missão do LD é comunicar um saber culturalmente legitimado, isto é, o saber que é,


geralmente, aceito como científico e que passou por um processo de transposição didática
(Cavalcante; Rodrigues, 2022, p. 198).
O Livro Didático: Características
 Os livros didáticos são escritos com uma intenção didática, com dimensão cognitiva (o
autor realiza um processo de transposição do saber). Pautar a apresentação dos
conteúdos através da resolução de problemas ou mesmo nas linhas mais tradicionais é
uma escolha didática que é feita anteriormente, do mesmo modo, a escolha de
determinadas tarefas ou técnicas remete a visão do autor/equipe editorial frente às
demandas curriculares;
 Apesar de atemporal, autores e seus leitores estabelecem relações que começam, em
alguma medida, com o assujeitamento àquela obra;
 Esse assujeitamento pode ser manifestado na escolha do professor ou professora por esta
obra, pela escolha da própria instituição escolar ou do sistema de ensino, mas também
pela adesão do aluno que se dispõe a ler e estudar Matemática a partir de tal obra;

(Cavalcante; Rodrigues, 2022, p. 204)


O Livro Didático: Características
 Na relação direta com o estudante, a relação didática pode ter uma presença marcante,
especialmente, quando o discente aceita o livro didático como meio para o estudo da
matéria, podendo se formar sistemas didáticos distintos, como, por exemplo, no caso de
estudantes autodidatas;
 Na relação direta com o professor ou professora pode se estabelecer também uma
relação didática. Essa relação pode ser de estudo, pois o livro didático pode ser utilizado
em diversos momentos da construção da aula: como meio para determinada situação
didática, como apoio no planejamento, como fonte de pesquisa e estudo para o professor
etc.
 Os livros didáticos podem influenciar na relação pessoal de professores e estudantes com
os objetos de saber, logo podem, de alguma forma, agir como agentes na cognição dos
sujeitos.

(Cavalcante; Rodrigues, 2022, p. 204)


Etapas de análise do livro didático

(Cavalcante; Rodrigues, 2022, p. 210)


Etapas de análise do livro didático

(Cavalcante; Rodrigues, 2022, p. 212)


Etapas de análise do livro didático

(Cavalcante; Rodrigues, 2022, p. 212)


Referências Bibliográficas

BITTAR, M. A teoria antropológica do didático como ferramenta para análise de livros


didáticos. Zetetiké, Campinas, SP, v.25, n. 3, set./dez.2017, p.364-387.

CAVALCANTE, J. L.; RODRIGUES, R. F. FAHRENHEIT 451: CONSIDERAÇÕES


SOBRE O LIVRO DIDÁTICO DE MATEMÁTICA E SUA ANÁLISE À LUZ DA
ABORDAGEM ANTROPOLÓGICA DO DIDÁTICO. Revista Paranaense de Educação
Matemática, [S. l.], v. 11, n. 25, p. 194–216, 2022. Disponível em:
https://periodicos.unespar.edu.br/index.php/rpem/article/view/5169. Acesso em: 27 fev. 2024.

CHEVALLARD, Y. L´analyse des pratiques enseignantes en Théorie Anthropologie


Didactique. Recherches en Didactiques des Mathématiques, Grenoble, v. 19, n. 2, p. 221- 266,
1999.

Você também pode gostar