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AS ORIGENS DA

FILOSOFIA GREGA
Mudando a forma de pensar
AS ORIGENS DA FILOSOFIA GREGA| Mudando a forma de pensar
O surgimento da Filosofia na Grécia Antiga
A admiração ou o espanto diante, por Isto significou uma ruptura – na verdade, talvez uma
exemplo, dos fenômenos da natureza, transformação gradual – em relação à explicação que até então
fizeram os gregos gerar muitas perguntas se dava sobre tais fenômenos, baseada na mitologia [com suas
e se perceber, sendo ela cosmogonias, teogonias e genealogias], na religião [com suas
dotada de razão, capaz narrativas tradicionais orais ou escritas] e no senso comum, que
de compreender vinham se demonstrando um tanto inconsistentes.
e de explicar tais Genealogia
fenômenos. Se outros povos, “[...] narrativa da geração dos seres, das coisas,
Assim surge das qualidades por outros seres, que são seus
mesmo que em pais ou antepassados”.
a Filosofia. outras épocas, Cosmogonia
passaram por “Gonia [...] quer dizer ‘geração’, ‘nascimento a
esse mesmo partir da concepção sexual e do parto’. Assim,
processo, na a cosmogonia é a narrativa sobre o nascimento
e a organização do mundo (cosmos) a partir de
busca por forças geradoras (pai e mãe) divinas”.
compreender e
Teogonia
explicar, é justo “Palavra composta de gonia e theos, que, em
https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A que se atribua a grego, significa ‘as coisas divinas’, ‘os seres
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%2Fo_pensador_escultura_de_rodin origem da divinos’, ‘os deuses’. A teogonia é, portanto, a
narrativa da origem dos deuses a partir de seus
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filosofia aos pais e antepassados”.
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gregos antigos?
(CHAUÍ, 2013, p. 31-32 – grifos da autora)
AS ORIGENS DA FILOSOFIA GREGA| Mudando a forma de pensar
O significado grego da palavra filosofia
“A palavra, de origem grega, é composta de phílos, que designa o ‘amigo,
amante’; e sophía, que significa ‘sabedoria’. O significado de filosofia,
portanto, é amor ou amizade pela sabedoria” (GALLO, 2016, p. 12).
Os dois termos foram utilizados juntos por Pitágoras de Samos.
Ao ser considerado sábio por um de seus discípulos, ele teria mais ou
menos dito: “Não sou um sábio, sou um simples amigo da sabedoria!” Ou:
“Sou um amante do conhecimento! Ou ainda: “Sou um filósofo!”
Pitágoras entendia que aos humanos é possível somente o amor à
sabedoria, mas não uma sabedoria plena, que contenha toda a verdade.
Já no contexto do surgimento da palavra Filosofia existe um “ousado”
anseio por mais conhecimento mais aprofundado ou radical, mas também
a “modéstia” de quem sabe que jamais poderá se considera detentor da
verdade.
A relação de amizade de Pitágoras com o saber [ele observava os jogos
interessado não em ganhos, mas no conhecimento que isto lhe poderia
trazer], do jeito que ocorre numa verdadeira amizade não tinha fins
utilitaristas nem pretendia posse do amigo. O filósofo era movido apenas
Φιλοσοϕία pelo desejo de saber.
Você concorda que as boas amizades, apesar de
despretensiosas, trazem-nos bons frutos?
AS ORIGENS DA FILOSOFIA GREGA| Mudando a forma de pensar
A atitude Filosófica
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Você, depois de anos sob o céu azul, já se perguntou por que %2Fwww.flickr.com
ele tem essa cor? Alguém da turma sabe explicar este fato? %2Fphotos
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Pois bem! É impossível a um filósofo ficar indiferente às coisas e AOvVaw0KCaUVI2N_2-
situações que o rodeiam. Os primeiros filósofos não apenas buscaram u3o88QX-
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compreender o que ainda não estava explicado, mas também buscaram 000&source=images&cd
uma explicação mais demonstrativa e clara em relação àquelas já dadas =vfe&ved=0CAsQjRxqF
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pelo mito, pela religião e pelas tradições [senso comum]: LoPUCFQAAAAAdAAAA
● sobre nascimento e a morte; ABAJ

● sobre a reprodução e a replicação, às vezes múltipla, das espécies;


● sobre os ciclos temporais da natureza;
● sobre as mudanças, por vezes abruptas, que ocorrem no mundo;
● sobre as doenças, a dor, o sofrimento;
● Sobre o bem, a beleza e a justiça;
● Sobre o amor e os outros sentimentos...
Tem algo rotineiro na sua vida para o qual você gostaria de
uma explicação? Quer compartilhar? “Me diz por que que o céu é azul?
Os conhecimentos mitológico, religioso e do senso comum Explica a grande fúria do mundo!”
(Eduardo Dutra Villa Lobos / Marcelo Augusto Bonfa /
continuam capazes de fazer compreender? Renato Manfredini Junior)
AS ORIGENS DA FILOSOFIA GREGA| Mudando a forma de pensar
A humana atitude Filosófica
“Por que você é flamengo Por que o fogo queima?
Chauí (2013, p. 39) nos lembra que “os seres E meu pai botafogo? Por que a lua é branca?
humanos naturalmente aspiram ao conhecimento O que significa Por que a terra roda?
verdadeiro (porque são racionais), à justiça ‘impávido colosso’? Por que deitar agora?
(porque são dotados de vontade livre) e à
felicidade (porque são dotados de emoções e Por que os ossos doem Por que as cobras matam?
desejos). Isto é, os seres humanos não vivem Enquanto a gente dorme? Por que o vidro embaça?
nem agem cegamente, nem são comandados por Por que os dentes caem? Por que você se pinta?
forças extranaturais secretas e misteriosas, mas Por onde os filhos saem? Por que o tempo passa?
instituem por si mesmos valores pelos quais dão
sentido à sua vida e às suas ações”. Por que os dedos murcham Por que que a gente espirra?
Quando estou no banho? Por que as unhas crescem?
Para “[...] o filósofo italiano Antonio Gramsci, Por que as ruas enchem Por que o sangue corre?
‘todos os homens são filósofos’, na medida em Quando está chovendo? Por que que a gente morre?
que todo ser humano, de maneira mais ou menos
intensa e duradoura, pensa sobre os problemas Quanto é mil trilhões Do que é feita a nuvem?
que enfrenta em sua vida” (GALLO, 2016, p. 13). Vezes infinito? Do que é feita a neve?
Quem é Jesus Cristo? Como é que se escreve
É o parece nos demonstrar Gabriel na música
Onde estão meus primos? Re...vèi...llon
Oito Anos, de Adriana Calcanhotto:
[...] [...]”
AS ORIGENS DA FILOSOFIA GREGA| Mudando a forma de pensar
Algumas condições históricas para o surgimento da Filosofia na Grécia
Alguns fatores históricos serviram para “desmistificar” e foram favoráveis ao desenvolvimento do modo de pensar filosófico
● As viagens marítimas: o conhecimento real dos lugares citados nas
Os gregos antigos construíram uma cultura
narrativas [desmitificando-os] e o contato com outras cultura
pluralista. Eram desde cedo estimulados a
ajudaram a desenvolver no ambiente grego o teatro, a literatura, a
pensar por si mesmos. Gostavam de discutir
arquitetura, a escultura e a filosofia.
e de polemizar. Havia um saudável espírito
● A invenção do calendário: o tempo compreendido como
competitivo entre os guerreiros, nos debates
naturalmente cíclico.
em praça pública [na ágora] e nas práticas
● A invenção da moeda: uma nova forma de cálculo o valor de coisas,
esportivas. Essas são algumas das
diferente do escambo [troca de mercadorias].
características que os diferenciaram dos
● A invenção da escrita alfabética: um aumento significativo na
povos vizinhos.
capacidade de abstração [mais do que em imagens, próprias do mito],
de representação das coisas.
O contexto histórico brasileiro e
● O desenvolvimento da vida urbana: comércio, artesanato,
global leva as pessoas a
valorização da técnica, da arte e do conhecimento.
filosofarem atualmente?
● A invenção da política: as cidades [polis] gregas eram
independentes [cidades-Estado], com seus governo e leis próprias; lei https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F
como expressão da vontade coletiva [o mundo regido racionalmente]; %2Fpixabay.com%2Fpt%2Fphotos%2Fpartenon-gr
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o espaço público em que a palavra é um direito de cada cidadão; o 2125566%2F&psig=AOvVaw0w90IbnDugZa1JZ0yjjLjF&ust=164
exercício da argumentação neste espaço. 1811103368000&source=images&cd=vfe&ved=0CAsQjRxqFw
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AS ORIGENS DA FILOSOFIA GREGA| Mudando a forma de pensar
O modo de compreender e explicar baseado na mitologia
O conceito do mito
O mito do Édipo rei
“[...] a palavra mito procede do
grego mythos, que é uma palavra
Na mitologia existe uma compreensão determinista do destino humano: ligada ao verbo mythevo, que
“Um exemplo é a famosa tragédia Édipo rei (c. 425 a.C.), escrita por Sófocles, significa ‘crio uma história
inspirada na mitologia grega. O mito conta a história de Édipo, filho de Jocasta e imaginária’. Mito, então, é uma
de Laio, rei de Tebas. criação imaginária, que se refere a
Segundo uma profecia, Édipo estava predestinado a matar o pai e se casar com a uma crença, a uma tradição ou a
própria mãe. Ao saber da profecia, Laio ordena a morte de Édipo, ainda bebê. um acontecimento. Mito também é
Porém, o escravo que deveria matá-lo não tem coragem de executar a missão. uma história imaginária ou
Então ele apenas amarra os pés da criança e a abandona no campo. Um pastor alegórica, falada ou escrita em
encontra Édipo e o leva para outra cidade, Corinto, onde ele é adotado pelo rei. obra literária que encerra um
fundo moral”.
“Já adulto, Édipo acaba tomando conhecimento daquela profecia. Acreditando ser filho legítimo do rei de Corinto (ZACHARAKIS apud GALLO, 2016,
e desconhecendo sua verdadeira história, ele decide fugir da cidade para evitar seu terrível destino. Na estrada, p. 24 – grifos do autor)
envolve-se em uma briga com um homem que vinha em uma carruagem e o mata, sem saber que se tratava do rei As mitologias grega e romana, que
de Tebas, seu verdadeiro pai. muito influenciaram a cultura
Mais adiante, Édipo encontra a Esfinge, um monstro que vinha aterrorizando a população de Tebas. A fera matava ocidental e onde também já estava
todos aqueles que não conseguissem responder a um determinado enigma. Édipo consegue desvendá-lo e, assim, presente uma certa racionalidade,
vence o monstro, que se lança no abismo. Em Tebas, Édipo é recebido como herói e ganha como prêmio a mão da não são exclusivas. Existem
rainha viúva, Jocasta, sem saber que se trata de sua mãe legítima. Dessa forma, mesmo tentando fugir da profecia, inúmeras narrativas mitológicas
cumpriu-se seu destino: Édipo matou o pai e casou- -se com a própria mãe. mundo afora, quase sempre
A tragédia de Édipo mostra que o destino, tal como concebido pelos gregos do período clássico, é implacável. Não relacionadas à Religião e com uma
importa o que façamos para nos desviar ou fugir dele, o destino sempre nos alcança” (GALLO, 2016, p. 24 – grifos função moralizante: orientais,
africanas, nórdica, indígenas.
do autor).
AS ORIGENS DA FILOSOFIA GREGA| Mudando a forma de pensar
O modo de compreender e explicar baseado na filosofia pré-socrática

Tales de Mileto https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a8/Mapa_Grecia_Antigua.svg

Tales de Mileto [séc. VI a.C.], nascido na Jônia é considerado o


primeiro filósofo e um dos sete sábios da Grécia antiga. Ele foi
quem primeiro afirmou a existência de um princípio universal
do qual derivam todas as coisas [arkhé], no seu caso o
elemento água, essencial à vida, presente em todas as coisas,
dotada de movimento e de mudança.
Outros filósofos da Escola Jônica apontaram o arkhé como
sendo outro elemento: terra, ar, fogo, éter,[uma espécie de
quinto elemento], apeiron [o ilimitado, o indefinido], átomos,
números. Tales, como os outros pensadores pré-socráticos,
iniciaram o pensamento científico, ao buscarem respostas
para os fenômenos físicos [no campo da physis] de forma
naturalista, teórico-investigativa e racional [eles eram
astrônomos, geô­metras, matemáticos, médicos, físicos ...].
Ele foi “[...] conhecedor de geometria e astronomia, estudou
as causas das inundações do rio Nilo – desmistificando as
crenças antigas que as atribuíam a fatos sobrenaturais – e foi
capaz de prever um eclipse total do Sol” (GALLO, 2016, p. 15).

Você sabia que o termo “pré-socrático” é um


tanto inadequado? (cf. BELO, 2016, p. 31).
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Algumas diferenças entre Mito e Filosofia
MITO FILOSOFIA
● Narrava as coisas num ● Preocupava-se em
Homero passado imemorial, explicar como e por que,
longínquo e fabuloso, sem em qualquer tempo, as
referência temporal. coisas são de um
determinado jeito.
● Narrava a origem por ● Explicava a produção
meio de genealogias e natural das coisas a partir
rivalidades ou alianças elementos naturais
entre forças divinas primordiais [da água, do
sobrenaturais e fogo, do ar, da terra...], de
Tales
personificadas [às vezes, causas naturais e
de
antropomórficas]. impessoais.
Mileto
● Não via problema nas ● Não admite contradições,
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contradições, nas fabulação e coisas
%2Fcommons.wikimedia.org explicações mágicas e incompreensíveis, exigindo https://www.google.com/url?
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incompreensíveis, uma explicação seja sa=i&url=https%3A%2F
%2Fcommons.wikimedia.org%2Fwiki
g=AOvVaw3BsXaxAlMZjT77M inclusive porque quem coerente, lógica e racional, %2FFile
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narrava autoridade na qual a autoridade %3AHomero_villa_dei_papiri.JPG&psig
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razão humana. &cd=vfe&ved=0CAsQjRxqFwoTCNiVvO
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AS ORIGENS DA FILOSOFIA GREGA| Mudando a forma de pensar
O modo de explicar e compreender a partir do senso comum

O conhecimento senso comum


O senso comum é um tipo de conhecimento que nos é indispensável, porque nos permite, num primeiro momento,
uma compreensão “razoável” sobre muitos assuntos e nos faz agir com uma certa segurança em nosso dia-a-dia. É dito
“comum” porque que é compartilhado por um grande número de pessoas, mesmo que essas o tenham recebido de
maneira já pronta. Sua existência deixa claro que todos os seres humanos são capazes de pensar e produzir
conhecimentos, ainda que de forma não tão sistemática ou comprovada. Ele é sempre o ponto de partida para a
elaboração de outros tipos de conhecimentos, como aqueles filosófico e científico.
Está muito presente nos ditados populares. Vejamos alguns exemplos:
“Em briga marido de mulher “Os últimos serão os primeiros!” “Aqui se faz, aqui se paga!”
ninguém mete a colher!” Crime de
colarinho
branco
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AS ORIGENS DA FILOSOFIA GREGA| Mudando a forma de pensar
Algumas diferenças entre senso comum e Filosofia

Senso comum Filosofia

● Trata-se de um conhecimento sistematizado,


● Trata-se de um saber obtido cotidianamente ou
organizado e, como aquele científico, movido pelo
recebido tradicionalmente de outras gerações, sem
questionamento e atento a uma visão conjunta.
grandes reflexões, sem problematização, sem
investigação, sem aprofundamento, sem rigor ● Adota uma linguagem rigorosa, com conceitos bem
metodológico e sem as conexões devidas. definidos [para evitar ambiguidades], apoia-se na
● Baseado em opiniões, predominantemente lógica e no rigor metodológico [inclusive na
subjetivo e particular, suas conclusões, quase sempre verificação] e pretende conclusões universais
apressadamente generalizadas, podem facilmente [objetividade].
estar baseadas em aparências, ainda que considere ● Tendo como algumas de suas principais a ética e a
indutivamente a regularidade dos acontecimentos. política, a Filosofia sempre esteve envolvida no
● Pouco ou nada crítico, pode estar condicionado por debate e na efetiva implementação da democracia,
sentimentos ou afirmações arbitrárias e, assim, do exercício cidadão e dos direitos humanos.
alimentar preconceitos e injustiças (machismo,
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gratis%2FPapel-rasgado%2F51239.html&psig=AOvVaw0KVOb1C-11ESIRo0cPfyP-
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homofobia, racismo...). AAABAD
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O modo de explicar e compreender a partir da Religião

O conhecimento religioso
A religião pode ser considerada um conjunto de crenças, repassados de forma oral ou amparadas em um texto,
compreendidas como uma revelação divina aos seres humanos, não podendo, portanto, ser contestadas.
“[...] como o mito, a religião é uma forma de pensamento, um modo de explicar a natureza, os fatos cotidianos e o
sentido da vida” (GALLO, 2016, p. 28).
O conjunto de ideias que rege uma religião é salvaguardado por uma organização institucional, cujos fiéis membros são
orientados por ministros quanto aos rituais e à forma de viver o conhecimento ensinado.

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Pela narração bíblica
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mitologia iorubá, Obatalá Javé criou o ser
modelou o ser humano a humano à sua imagem
partir do barro (cf. e semelhança (cf.
BENISTE, 2020, p. 47-48). Genesis 1, 26-27).
AS ORIGENS DA FILOSOFIA GREGA| Mudando a forma de pensar
Algumas diferenças entre Religião e Filosofia

Religião Filosofia

● Um saber, que se apoia na confiança absoluta, ● Os filósofos procuraram construir explicações


às vezes mesmo diante de explicações mágicas, racionais que não estivessem prontas nem fossem
nas palavras que foram reveladas pela definitivas, mas que fizessem sentido e pudessem
divindade: a regras, valores, sentidos são convencer pela lógica, e não pela imposição
orientados pela fé. dogmática: as regras, valores e sentidos precisam
ser racionalmente compreendidos.
● Alguns religiosos criticam o racionalismo e
“ateísmo” de certos filósofos, acusando-os de ● Certos filósofos fazem duras críticas à religião,
no máximo darem respostas muito vagas às acusando-a sobretudo de funcionar como
questões que angustiam a humanidade. instrumento de alienação.
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AS ORIGENS DA FILOSOFIA GREGA| Mudando a forma de pensar
A alegoria da caverna

A ALEGORIA DA CAVERNA
“Conforme a descrição de Platão, pessoas estão acorrentadas desde
a infância em uma caverna, de modo a enxergar apenas a parede ao
fundo, na qual são projetadas sombras, que elas pensam ser a
realidade. Trata-se, entretanto, da sombra de marionetes,
empunhadas por pessoas atrás de um muro, que também esconde
uma fogueira. Se um dos indivíduos conseguisse se soltar das
correntes para contemplar à luz do dia os verdadeiros objetos, ao
regressar à caverna seus antigos companheiros o tomariam por
louco e não acreditariam em suas palavra” (ARANHA; MARTINS,
2016, p. 108).

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AS ORIGENS DA FILOSOFIA GREGA| Mudando a forma de pensar
Explorando os significados da alegoria da caverna
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O filósofo francês Paul Ricoeur costumava dizer: “o _Allegory_of_the_Cave.png&tbnid=JdsadzWTJtMt7M&vet=12ahUKEwj4l
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símbolo dá que pensar” (RICOEUR, 1988, p. 283). M&w=548&h=771&itg=1&q=a%20alegoria%20da%20caverna&hl=pt-
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Olhando a gravura ao lado, que tal explorarmos os
significados da alegoria da caverna?

● Imaginando que também nós hoje não enxerguemos a


verdadeira realidade, ou a enxerguemos de forma distorcida, o
que é que nos prende dentro da caverna?
● Existe mesmo uma realidade “mais verdadeira” que não
conseguimos enxergar? Como alcançá-la?
● O que acontece quando alguém se liberta? Por que voltar à
caverna e avisar aos outros?
● Que tal redizer essa alegoria de outras maneiras [paródia,
desenho, poema...], quem sabe adaptando-a para os dias de
hoje?
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A maiêutica socrática

https://www.google.com/url? O método socrático:


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Sócrates instigava seus interlocutores a explorar capacidade racional
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existente em cada um deles, a superarem a superficialidade da mera
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opinião, mesmo que mantendo-se conscientes da própria ignorância.
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“[...] o método socrático constituía-se de duas partes: a primeira mostrava os limites, as falhas, os
preconceitos do pensamento comum e a segunda iniciava no processo de busca da verdadeira sabedoria.
[...]
As perguntas de Sócrates não visavam confundir as pessoas e ridicularizar seu conhecimento das coisas,
mas, motivá-las a alcançar um conhecimento mais profundo, [...] a dar a luz às novas ideias, arte que dizia
ter aprendido com sua mãe, que ajudava as mulheres a dar a luz aos seus filhos.
[...]
Com a ironia, ao trazer à tona os limites dos argumentos comuns, ao mostrar as contradições ocultas na
ordem comumente aceita, ao revelar, ao abalar as certezas que fundavam o cotidiano, Sócrates convida ao
filosofar como um processo metódico de elaboração de novos saberes” (MENDES at al., 2006, p. 44-45) .
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Sócrates, o patrono da Filosofia

Sócrates, “amigo da sabedoria”

“Na Grécia antiga, por volta do século IV a.C., havia um santuário


na cidade de Delfos dedicado a Apolo, deus da luz, da razão e do
conhecimento verdadeiro, o patrono da sabedoria. Sobre o portal
de entrada desse santuário estava escrita a grande mensagem do
deus, ou o principal oráculo de Apolo: “Conhece-te a ti mesmo”.
Um ateniense, chamado Sócrates, foi ao santuário consultar o
oráculo, pois em Atenas muitos lhe diziam que era um sábio.
Sócrates desejava saber o que era um sábio e se tal qualidade
poderia ser atribuída a ele. O oráculo, que era uma mulher (a
sibila), perguntou-lhe: “O que você sabe?”. Ele respondeu: “Só sei
que nada sei”. Ao que o oráculo disse: “Sócrates é o mais sábio de
todos os homens, pois é o único que sabe que não sabe”. Sócrates https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F
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é até hoje considerado o patrono da filosofia” (CHAUÍ, 2013, p. 7). %2F9135166134&psig=AOvVaw33lw3jN-
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AS ORIGENS DA FILOSOFIA GREGA| Mudando a forma de pensar
O julgamento de Sócrates
https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F
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Sócrates, “amigo da sabedoria” 2501112518000&source=images&cd=vfe&ved=0CAsQjRxqFwoTCKicm
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“Sócrates foi acusado de


corromper os jovens, que
frequentemente eram seus
interlocutores, e de negar os
deuses oficiais da polis.
Colocava em dúvida as opiniões
estabelecidas, discordava da
crenças e dos preconceitos de
sua sociedade, com as crenças
de seus conterrâneos. Era
considerado subversivo e
perturbador da ordem.
Incomodou, com sua ironia e
com sua maiêutica, pessoas
poderosas, ao ponto dessas o
condenaram a beber veneno.
AS ORIGENS DA FILOSOFIA GREGA| Mudando a forma de pensar
Algumas das primeiras heranças da filosofia grega para o ocidente

Recapitulemos um pouco do primeiro legado [no modo de pensar] da filosofia grega para o Ocidente europeu:
Tendência à racionalidade: o ser humano é dotado de uma razão que o caracteriza e o torna capaz de acessar o
conhecimento e a “verdade”;
Rejeição das explicações preestabelecidas: exigência de uma investigação e de uma explicação racional;
Tendência à argumentação e ao debate: convencimento a partir de uma argumentação bem fundamentada e construída;
Capacidade de generalização: universalização a partir de semelhanças e da identidade [síntese – encontrar unidade na
multiplicidade].
Capacidade de diferenciação: percepção de diferenças, apesar das semelhanças, após um exame racional [análise –
percepção da multiplicidade na unidade].
https://
www.google.com/
url?sa=i&url=https Síntese: “Palavra de origem grega;
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significa ‘reunião ou fusão de várias
%2Fpt%2Fphotos coisas para formar um todo
%2Fhomem-
“[...] pouco a pouco as perguntas da filosofia se dirigem pensativo-triste- coerente’” (CHAUÍ, 2013, p. 36).
solit
ao próprio pensamento: [...] o pensamento interrogando- %25C3%25A1rio-
3296652%2F&psig Análise: “Palavra de origem grega;
se a si mesmo” (CHAUÍ, 2013, p. 22). =AOvVaw0I8hpoqB
2SACmLrQYTawiJ&
significa ‘ação de desligar e separar,
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5000&source=ima
separação de um todo em suas
ges&cd=vfe&ved=0 partes’” (Idem).
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AS ORIGENS DA FILOSOFIA GREGA| Mudando a forma de pensar
A importância do conhecimento

No filme “O quarteto fantástico e o surfista prateado” o


arauto do “devorador de mundos” [Galactus] está prestes a
entregar a Terra ao grande vilão. Os heróis [cientistas]
conseguem aprisionar o Surfista, aparentemente invencível,
quando descobrem que o seu poder emana da prancha sobre
a qual o ser prateado se locomove pelo universo. ao
Separaram o Surfista de sua prancha. Moral da história? O
Conhecimento empodera o ser humano, dá a ele a
capacidade compreender, explicar e lidar com as questões do
mundo à sua volta, a entender suas relações com outros e a
si próprio, tornando-se mais consciente, mais autônomo e
mais livre.

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3165131%2F&psig=AOvVaw1pwpWRQDekZhjIeY-
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AS ORIGENS DA FILOSOFIA GREGA| Mudando a forma de pensar
A filosofia nos vários períodos da historia

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“Com os gregos a filosofia comporta todos os saberes: matemática, astronomia, geometria são exemplos de
conhecimentos que surgiram juntamente com o questionamento filosófico. Na Idade Média, a filosofia torna-se um
instrumento da teologia, isto é, uma vez que o conhecimento estava restrito aos monastérios, ciência é conhecimento
inspirado, ou de origem divina. Na modernidade, filosofia e ciência seguem caminhos diferentes determinados por uma
metodologia própria. O método determina a diferença de abordagem dos problemas em cada área e a lógica é o
instrumento comum entre a ciência e a filosofia” (MENDES at al, 2006, p. 36).
AS ORIGENS DA FILOSOFIA GREGA| Mudando a forma de pensar
A especificidade da reflexão filosófica

O “[...] filósofo brasileiro Dermeval Saviani [...] que


conceitua a filosofia como uma reflexão radical,
rigorosa e de conjunto sobre os problemas
apresentados pela realidade.
[...]
Radical [...] porque busca explicitar os conceitos
fundamentais usados em todos os campos do pensar e
do agir.
[...]
rigoroso por ser argumentativo e por manter a
coerência de suas diversas partes. https://www.google.com/url?
sa=i&url=https%3A%2F
[...] %2Fwww.ebiografia.com
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De conjunto [...] porque examina os problemas n
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relacionando diversos aspectos entre si” (ARANHA; 2MHusi-
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MARTINS, 2016, p. 16-17). e=images&cd=vfe&ved=0CAsQjRxq
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AS ORIGENS DA FILOSOFIA GREGA| Mudando a forma de pensar
Afinal, o que é Filosofia?

O QUE É, ENTÃO, FILOSOFIA?

No entendimento do “[...] filósofo Aristóteles [...] ‘a filosofia é a atividade mais digna de ser escolhida
pelos homens’, uma vez que nela o ser humano exercita aquilo que lhe seria próprio, ou seja, sua
faculdade racional. Seria também uma atividade capaz de proporcionar a felicidade, pois, vivendo
filosoficamente, o ser humano estaria vivendo de acordo com sua própria natureza” (GALLO, 2016, p. 12).
“A filosofia caracteriza-se pelo discurso racional, isto é, teórico-reflexivo, seu método visa explicitar a
relação entre particular e universal com o intuito de conceituar e ampliar a compreensão do homem no
mundo” (MENDES at al., 2006, p. 35).
A Filosofia redimensionou o seu papel ao longo da história, mas sem perder sua essência. Hoje
poderíamos dizer que o papel da Filosofia continua sendo o de questionar as convicções sobre as quais se
baseiam as várias formas de saber sobre o mundo e sobre a realidade humana, sabendo que, como dizia
o filósofo francês Paul Ricoeur (1994, p. 10), “explicar mais é compreender melhor”.
AS ORIGENS DA FILOSOFIA GREGA| Mudando a forma de pensar
A coruja, símbolo da Filosofia

“A coruja é o símbolo da filosofia, pois consegue


enxergar o mundo mesmo nas noites mais escuras.
A constituição física de seu pescoço permite que ela
veja tudo a sua volta. Essa seria a pretensão da
filosofia, por meio da razão poder ver
racionalmente e entender o mundo mesmo nos
seus momentos mais obscuros. E ainda, procurar
enxergá-lo sob os mais diversos ângulos possíveis”
(MENDES at al., 2006, p. 46).
AS ORIGENS DA FILOSOFIA GREGA| Mudando a forma de pensar
Referências

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de Filosofia. São Paulo: Moderna, 3 ed.
2005, p. 12-32.

BELO, Renato dos Santos . Filosofia: volume único. São Paulo: FTD, 2016, p. 14-59.

CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia: ensino médio, volume único. São Paulo : Ática, 2013, 6-39.

MENDES et al. Filosofia. Curitiba: SEED-PR, 2006, p. 15-55.

RICOEUR, Paul. O conflito das interpretações. Ensaios de hermenêutica. Tradução de M. F. Sá Correia. Porto:
Rés-Editora, 1988.

____. Tempo e narrativa. Tomo I. Tradução de Constança Marcondes César. Campinas: Papirus, 1994.

VASCONCELOS, José Antônio. Reflexões. Filosofia e cotidiano. São Paulo: Edições SM, 2016. p. 10-33; 86-111.

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