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Filosofia Antiga

FIL0001 - (Ufpr) Quando soube daquele oráculo, pus- c) o mythos não poderia ser submetido à clarificação
me a refletir assim: “Que quererá dizer o Deus? Que argumentativa e à prova — demonstração —
sentido oculto pôs na resposta? Eu cá não tenho discursiva.
consciência de ser nem muito sábio nem pouco; que d) em contraposição ao mythos, o logos era um uso
quererá ele então significar declarando-me o mais argumentativo da linguagem, capaz de criar as
sábio? Naturalmente não está mentindo, porque isso condições do convencimento.
lhe é impossível”. Por longo tempo fiquei nessa
incerteza sobre o sentido; por fim, muito contra meu FIL0003 - (Upe) Observe o texto a seguir sobre a gênese
gosto, decidi-me por uma investigação, que passo a do pensamento filosófico.
expor.
(PLATÃO. Defesa de Sócrates. Trad. Jaime Bruna. Coleção Os Com a filosofia, novo critério de verdade se impunha:
Pensadores. Vol. II. São Paulo: Victor Civita, 1972, p. 14.) o critério da logicidade. Verdade é aquilo, que
concorda com as leis do lógos (pensamento, razão). É a
O texto acima pode ser tomado como um exemplo razão, que nos dá garantia da verdade, porque o real é
para ilustrar o modo como se estabelece, entre os racional.
gregos, a passagem do mito para a filosofia. Essa LARA, Tiago Adão. A Filosofia nas suas origens gregas, 1989, p. 54.
passagem é caracterizada:
a) pela transição de um tipo de conhecimento racional Sobre a gênese do pensamento filosófico, está
para um conhecimento centrado na fabulação. CORRETO afirmar que
b) pela dedicação dos filósofos em resolver as a) a evidência da verdade com o crivo da racionalidade
incertezas por meio da razão. tem resposta no mito.
c) pela aceitação passiva do que era afirmado pela b) o critério da logicidade está presente na adesão à
divindade. crença e ao mito.
d) por um acento cada vez maior do valor conferido ao c) a gênese do pensar filosófico e a inspiração criadora
discurso de cunho religioso. de sentidos consistem na fantasia.
e) pelo ateísmo radical dos pensadores gregos, sendo d) a origem do pensamento filosófico surge entre os
Sócrates, inclusive, condenado por isso. gregos, no século VI a.C., na busca por explicação do
sobrenatural com a força do divino.
e) o despertar da filosofia grega surge na verdade
FIL0002 - (Uece) “Como se sabe, a palavra mythos argumentada da razão com o critério da interpretação.
raramente foi empregada por Heródoto (apenas duas
vezes). Caracterizar um logos (narrativa) como mythos
era para ele um meio claro de rejeitá-lo como duvidoso FIL0004 - (Upe) Sobre a gênese da filosofia entre os
e inconvincente. [...] Situado em algum lugar além do gregos, observe o texto a seguir:
que é visível, um mythos não pode ser provado.”
HARTOG, F. Os antigos, o passado e o presente. Brasília, Editora da Seja como termo, seja como conceito, a filosofia é
UnB, 2003, p. 37.
considerada pela quase totalidade dos estudiosos
como uma criação própria do gênio dos gregos. Quem
Sobre a diferença entre mythos e logos acima sugerida,
não levar isso em conta não poderá compreender por
é INCORRETO afirmar que
que, sob o impulso dos gregos, a civilização ocidental
a) o problema do mythos era limitar-se ao que é visível
tomou uma direção completamente diferente da
e, por isso, não podia ser pensado.
oriental.
b) filosofia e história nasceram, na Grécia clássica, com (ANTISERI, Dario e RELAE, Giovanni. História da Filosofia, 1990, p.
base numa mesma reivindicação do logos contra o 11).
mythos.

1
Sobre a gênese do pensamento filosófico entre os tribunal celeste consistiu em declarar a loucura a servir
gregos, é CORRETO afirmar que de guia ao Amor.
a) a experiência concreta da racionalidade estava Fonte: LA FONTAINE, Jean de. O amor e a loucura. In: Os melhores
contos de loucura. Flávio Moreira da Costa (Org.). Rio de Janeiro:
isenta da vida política na Pólis Grega.
Ediouro, 2007.
b) a prática político-democrática, atrelada ao enfoque
irracional da vida em sociedade, foi o terreno fértil para
A fábula traz uma explicação oriunda dos deuses para
a gênese do pensamento filosófico.
uma realidade humana. Esse tipo de explicação
c) sob o impulso dos gregos, a dimensão racional se
classifica-se como
impõe como critério de verdade. A filosofia é fruto
a) estética.
desse projeto da razão.
b) filosófica.
d) a filosofia é fruto do momento cultural em que a
c) mitológica.
sensibilidade e a fantasia impõem-se sobre a razão.
d) científica.
e) na gênese do pensamento filosófico grego, na
e) crítica.
civilização ocidental, a forma de sabedoria que se
sobrepunha à ciência filosófica, eram as convicções
religiosas fundamentadas na razão pura.
FIL0007 - (Ufsj) A construção de uma cosmologia que
desse uma explicação racional e sistemática das
características do universo, em substituição à
FIL0005 - (Ueg) A cultura grega marca a origem da
cosmogonia, que tentava explicar a origem do universo
civilização ocidental e ainda hoje podemos observar
baseada nos mitos, foi uma preocupação da Filosofia
sua influência nas ciências, nas artes, na política e na
a) medieval.
ética. Dentre os legados da cultura grega para o
b) antiga.
Ocidente, destaca-se a ideia de que
c) iluminista.
a) a natureza opera obedecendo a leis e princípios
d) contemporânea.
necessários e universais que podem ser plenamente
conhecidos pelo nosso pensamento.
b) nosso pensamento também opera obedecendo a
FIL0008 - (Ueg) O ser humano, desde sua origem, em
emoções e sentimentos alheios à razão, mas que nos
sua existência cotidiana, faz afirmações, nega, deseja,
ajudam a distinguir o verdadeiro do falso.
recusa e aprova coisas e pessoas, elaborando juízos de
c) as práticas humanas, a ação moral, política, as
fato e de valor por meio dos quais procura orientar seu
técnicas e as artes dependem do destino, o que negaria
comportamento teórico e prático. Entretanto, houve
a existência de uma vontade livre.
um momento em sua evolução histórico-social em que
d) as ações humanas escapam ao controle da razão,
o ser humano começa a conferir um caráter filosófico
uma vez que agimos obedecendo aos instintos como
às suas indagações e perplexidades, questionando
mostra hoje a psicanálise.
racionalmente suas crenças, valores e escolhas. Nesse
sentido, pode-se afirmar que a filosofia
a) é algo inerente ao ser humano desde sua origem e
FIL0006 - (Uema) Leia a fábula de La Fontaine, uma
que, por meio da elaboração dos sentimentos, das
possível explicação para a expressão ― ”o amor é
percepções e dos anseios humanos, procura consolidar
cego”.
nossas crenças e opiniões.
No amor tudo é mistério: suas flechas e sua aljava, sua
b) existe desde que existe o ser humano, não havendo
chama e sua infância eterna. Mas por que o amor é
um local ou uma época específica para seu nascimento,
cego? Aconteceu que num certo dia o Amor e a
o que nos autoriza a afirmar que mesmo a mentalidade
Loucura brincavam juntos. Aquele ainda não era cego.
mítica é também filosófica e exige o trabalho da razão.
Surgiu entre eles um desentendimento qualquer.
c) inicia sua investigação quando aceitamos os dogmas
Pretendeu então o Amor que se reunisse para tratar do
e as certezas cotidianas que nos são impostos pela
assunto o conselho dos deuses. Mas a Loucura,
tradição e pela sociedade, visando educar o ser
impaciente, deu-lhe uma pancada tão violenta que lhe
humano como cidadão.
privou da visão. Vênus, mãe e mulher, pôs-se a clamar
d) surge quando o ser humano começa a exigir provas
por vingança, aos gritos. Diante de Júpiter, de Nêmesis
e justificações racionais que validam ou invalidam suas
– a deusa da vingança – e de todos os juízos do inferno,
crenças, seus valores e suas práticas, em detrimento da
Vênus exigiu que aquele crime fosse reparado. Seu
verdade revelada pela codificação mítica.
filho não podia ficar cego. Depois de estudar
detalhadamente o caso, a sentença do supremo

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FIL0009 - (Ueg) O surgimento da filosofia entre os a) O modo de vida fechado do povo grego facilitou a
gregos (Séc. VII a.C.) é marcado por um crescente passagem do Mito ao Logos.
processo de racionalização da vida na cidade, em que b) A passagem do Mito ao Logos, na Grécia, foi
o ser humano abandona a verdade revelada pela responsabilidade dos tiranos de Siracusa.
codificação mítica e passa a exigir uma explicação c) A economia grega estava baseada na
racional para a compreensão do mundo humano e do industrialização, e isso facilitou a passagem do Mito ao
mundo natural. Dentre os legados da filosofia grega Logos.
para o Ocidente, destaca-se: d) O povo grego antigo, nas viagens, se encontrava com
a) a concepção política expressa em A República, de outros povos com as mesmas preocupações e culturas,
Platão, segundo a qual os mais fortes devem governar o que contribuiu para a passagem do Mito ao Logos.
sob um regime político oligárquico. e) A atividade comercial e as constantes viagens
b) a criação de instituições universitárias como a oportunizaram a troca de
Academia, de Platão, e o Liceu, de Aristóteles. informações/conhecimentos, a
c) a filosofia, tal como surgiu na Grécia, deixou-nos observação/assimilação dos modos de vida de outros
como legado a recusa de uma fé inabalável na razão povos, contribuindo, assim, de modo decisivo, para a
humana e a crença de que sempre devemos acreditar construção da passagem do Mito ao Logos.
nos sentimentos.
d) a recusa em apresentar explicações
preestabelecidas mediante a exigência de que, para FIL0012 - (Unioeste) “É no plano político que a Razão,
cada fato, ação ou discurso, seja encontrado um na Grécia, primeiramente se exprimiu, constituiu-se e
fundamento racional. formou-se. A experiência social pode tornar-se entre os
gregos o objeto de uma reflexão positiva, porque se
prestava, na cidade, a um debate público de
FIL0010 - (Enem) Pode-se viver sem ciência, pode-se argumentos. O declínio do mito data do dia em que os
adotar crenças sem querer justificá-las racionalmente, primeiros Sábios puseram em discussão a ordem
pode-se desprezar as evidências empíricas. No humana, procuraram defini-la em si mesma, traduzi-la
entanto, depois de Platão e Aristóteles, nenhum em fórmulas acessíveis a sua inteligência, aplicar-lhe a
homem honesto pode ignorar que uma outra atitude norma do número e da medida. Assim se destacou e se
intelectual foi experimentada, a de adotar crenças com definiu um pensamento propriamente político,
base em razões e evidências e questionar tudo o mais exterior a religião, com seu vocabulário, seus
a fim de descobrir seu sentido último. conceitos, seus princípios, suas vistas teóricas. Este
ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São pensamento marcou profundamente a mentalidade do
Paulo: Odysseus, 2002. homem antigo; caracteriza uma civilização que não
deixou, enquanto permaneceu viva, de considerar a
Platão e Aristóteles marcaram profundamente a vida pública como o coroamento da atividade
formação do pensamento Ocidental. No texto, é humana”.
ressaltado importante aspecto filosófico de ambos os
autores que, em linhas gerais, refere-se à Considerando a citação acima, extraída do livro As
a) adoção da experiência do senso comum como origens do pensamento grego, de Jean Pierre Vernant,
critério de verdade. e os conhecimentos da relação entre mito e filosofia, é
b) incapacidade de a razão confirmar o conhecimento incorreto afirmar que
resultante de evidências empíricas. a) os filósofos gregos ocupavam-se das matemáticas e
c) pretensão de a experiência legitimar por si mesma a delas se serviam para constituir um ideal de
verdade. pensamento que deveria orientar a vida pública do
d) defesa de que a honestidade condiciona a homem grego.
possibilidade de se pensar a verdade. b) a discussão racional dos Sábios que traduziu a ordem
e) compreensão de que a verdade deve ser justificada humana em fórmulas acessíveis a inteligência causou o
racionalmente. abandono do mito e, com ele, o fim da religião e a
decorrente exclusividade do pensamento racional na
FIL0011 - (Unicentro) A passagem do Mito ao Logos na Grécia.
Grécia antiga foi fruto de um amadurecimento lento e c) a atividade humana grega, desde a invenção da
processual. Por muito tempo, essas duas maneiras de política, encontrava seu sentido principalmente na vida
explicação do real conviveram sem que se traçasse um pública, na qual o debate de argumentos era orientado
corte temporal mais preciso. Com base nessa por princípios racionais, conceitos e vocabulário
afirmativa, é correto afirmar: próprios.
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d) a política, por valorizar o debate publico de FIL0014 - (Unioeste) "Advento da Polis, nascimento da
argumentos que todos os cidadãos podem filosofia: entre as duas ordens de fenômenos os
compreender e discutir, comunicar e transmitir, se vínculos são
distancia dos discursos compreensíveis apenas pelos demasiado estreitos para que o pensamento racional
iniciados em mistérios sagrados e contribui para a não apareça, em suas origens, solidário das estruturas
constituição do pensamento filosófico orientado pela sociais e mentais próprias da cidade grega. Assim
Razão. recolocada na história, a filosofia despoja-se desse
e) ainda que o pensamento filosófico prime pela caráter de revelação absoluta que às vezes lhe foi
racionalidade, alguns filósofos, mesmo após o declínio atribuído, saudando, na jovem ciência dos jônios, a
do pensamento mitológico, recorreram a narrativas razão intemporal que veio encarnar-se no Tempo. A
mitológicas para expressar suas ideias; exemplo disso escola de Mileto não viu nascer a Razão; ela construiu
e o “Mito de Er” utilizado por Platão para encerrar sua uma razão, uma primeira forma de racionalidade".
principal obra, A República. Jean Pierre Vernant.

Sobre a Filosofia seguem as seguintes afirmações:


FIL0013 - (Unb) No início do século XX, estudiosos I. Ela foi revelada pela deusa Razão a Tales de Mileto
esforçaram-se em mostrar a continuidade, na Grécia quando este afirmou que o princípio de tudo é a água.
Antiga, entre mito e filosofia, opondo-se a teses II. Ela foi inventada pelos gregos e decorre do advento
anteriores, que advogavam a descontinuidade entre da Polis, a cidade organizada por leis e instituições que,
ambos. por meio delas, eliminou todo tipo de disputa.
A continuidade entre mito e filosofia, no entanto, não III. Ela rejeita o sobrenatural, a interferência de agentes
foi entendida univocamente. Alguns estudiosos, como divinos na explicação dos fenômenos; problematiza,
Cornford e Jaeger, consideraram que as perguntas discute e põe em questão até mesmo as teorias
acerca da origem do mundo e das coisas haviam sido racionais elaboradas com rigor filosófico.
respondidas pelos mitos e pela filosofia nascente, dado IV. Surgiu no século VI a.C. nas colônias gregas da
que os primeiros filósofos haviam suprimido os Magna Grécia e da Jônia, apenas no século seguinte
aspectos antropomórficos e fantásticos dos mitos. deslocou-se para Atenas.
Ainda no século XX, Vernant, mesmo aceitando certa V. Ocupa-se com os princípios, as causas e condições
continuidade entre mito e filosofia, criticou seus do conhecimento que pretenda ser racional e
predecessores, ao rejeitar a ideia de que a filosofia verdadeiro; põe em questão e problematiza valores
apenas afirmava, de outra maneira, o mesmo que o morais, políticos, religiosos, artísticos e culturais.
mito. Assim, a discussão sobre a especificidade da
filosofia em relação ao mito foi retomada. Das afirmações feitas acima
a) I, III e V são corretas.
Considerando o breve histórico acima, concernente à b) I e II são incorretas.
relação entre o mito e a filosofia nascente, assinale a c) II, IV e V são corretas.
opção que expressa, de forma mais adequada, essa d) todas são corretas.
relação na Grécia Antiga. e) todas são incorretas.
a) O mito é a expressão mais acabada da religiosidade
arcaica, e a filosofia corresponde ao advento da razão FIL0015 - (Unimontes) A passagem da mentalidade
liberada da religiosidade. mítica para o pensamento racional e filosófico foi
b) O mito é uma narrativa em que a origem do mundo gestada por fatores considerados relevantes para a
é apresentada imaginativamente, e a filosofia construção de uma nova mentalidade. Algumas
caracteriza-se como explicação racional que retoma novidades do período arcaico ajudaram a transformar
questões presentes no mito. a visão que o mito oferecia sobre o mundo e a
c) O mito fundamenta-se no rito, é infantil, pré-lógico existência humana. Nesse aspecto, são todos fatores
e irracional, e a filosofia, também fundamentada no relevantes:
rito, corresponde ao surgimento da razão na Grécia a) a invenção da escrita e da moeda, a lei escrita e a
Antiga. imprensa.
d) O mito descreve nascimentos sucessivos, incluída a b) a invenção da escrita e do telefone, a lei escrita e o
origem do ser, e a filosofia descreve a origem do ser a nascimento da pólis.
partir do dilema insuperável entre caos e medida. c) a invenção da escrita e da moeda, a lei escrita e o
nascimento da pólis.
d) a invenção da escrita e da religião, a lei escrita e o
nascimento da pólis.
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FIL0016 - (Unimontes) No mundo grego, podemos FIL0019 - (Unioeste) Pode-se afirmar que a Filosofia é
encontrar uma série de relatos mitológicos sobre filha da cidade-estado grega (pólis). A pólis grega surgiu
diversos aspectos da vida humana, da natureza, dos entre os séculos VIII e VII a.C., e os primeiros filósofos
deuses e do universo. Dois tipos de relatos merecem surgiram por volta do século VI a.C. nas colônias gregas.
destaque: as cosmogonias e teogonias. Os relatos O texto abaixo indica algumas das características da
citados tratam da pólis que propiciaram o surgimento da Filosofia:
a) origem dos homens e das plantas.
b) origem do cosmo e dos deuses. “A pólis se faz pela autonomia da palavra, não mais a
c) origem dos deuses e dos homens. palavra mágica dos mitos, palavra dada pelos deuses e,
d) origem do cosmo e das plantas. portanto, comum a todos, mas a palavra humana do
conflito, da discussão, da argumentação. A expressão
da individualidade por meio do debate engendra a
FIL0017 - (Ifsp) Comparando-se mito e filosofia, é política, libertando o homem dos exclusivos desígnios
correto afirmar o seguinte: divinos, para ele próprio tecer o seu destino na praça
a) A autoridade do mito depende da confiança pública. O saber deixa de ser sagrado e passa a ser
inspirada pelo narrador, ao passo que a autoridade da objeto de discussão; a instauração dessa ordem
filosofia repousa na razão humana, sendo humana dá origem ao cidadão da pólis, figura
independente da pessoa do filósofo. inexistente no mundo coletivista da comunidade
b) Tanto o mito quanto a filosofia se ocupam da tribal.”
explicação de realidades passadas a partir da interação (M. L. A. Aranha; M. H. P. Martins)
entre forças naturais personalizadas, criando um Considerando o texto acima, é incorreto afirmar que
discurso que se aproxima do da história e se opõe ao a) para a Filosofia, os critérios de argumentação e de
da ciência. explicação são os princípios e regras da razão que
c) Enquanto a função do mito é fornecer uma devem ser aplicados nas discussões públicas por meio
explicação parcial da realidade, limitando-se ao da linguagem.
universo da cultura grega, a filosofia tem um caráter b) a verdade não deve ser imposta como um decreto
universal, buscando respostas para as inquietações de divino, mas discutida, criticada e demonstrada pelos
todos os homens. cidadãos.
d) Mito e filosofia dedicam-se à busca pelas verdades c) o surgimento da Filosofia na Grécia ocorreu de forma
absolutas e são, em essência, faces distintas do mesmo inesperada, isolada e excepcional, sem relação com seu
processo de conhecimento que culminou com o momento histórico: foi o chamado “milagre grego”.
desenvolvimento do pensamento científico. d) a liberdade e a autonomia política do cidadão estão
e) A filosofia é a negação do mito, pois não aceita estreitamente ligadas à sua autonomia de
contradições ou fabulações, admitindo apenas pensamento.
explicações que possam ser comprovadas pela e) o mito e o sagrado, na explicação do homem e do
observação direta ou pela experiência. mundo, contrapõem-se aos argumentos e
demonstrações filosóficos.

FIL0018 – (Ueap) A filosofia surge na Grécia por volta FIL0020 - (Uel) Sobre a passagem do mito à filosofia, na
do século VI a.C. Mudanças sociais, políticas e Grécia Antiga, considere as afirmativas a seguir.
econômicas favoreceram o seu surgimento. Dentre
estas mudanças, pode-se mencionar: I. Os poemas homéricos, em razão de muitos de seus
a) A estruturação do mundo rural, desenvolvimento do componentes, já contêm características essenciais da
sistema escravagista e o estabelecimento de uma compreensão de mundo grega que, posteriormente, se
aristocracia proprietária de terras. revelaram importantes para o surgimento da filosofia.
b) A expansão da economia local fundada no II. O naturalismo, que se manifesta nas origens da
desenvolvimento do artesanato, o fortalecimento dos filosofia, já se evidencia na própria religiosidade grega,
“demos” e da organização familiar patriarcal. na medida em que nem homens nem deuses são
c) As disputas entre Atenas e Esparta, o compreendidos como perfeitos.
desenvolvimento de Mecenas e do comércio jônico. III. A humanização dos deuses na religião grega, que os
d) O uso da escrita alfabética, as viagens marítimas e a entende movidos por sentimentos similares aos dos
evolução do comércio e do artesanato. homens, contribuiu para o processo de racionalização
e) O predomínio do pensamento mítico. da cultura grega, auxiliando o desenvolvimento do
pensamento filosófico e científico.
5
IV. O mito foi superado, cedendo lugar ao pensamento tomando, e com estas palavras se me dirigiu: [...]
filosófico, devido à assimilação que os gregos fizeram Vamos, vou dizer-te – e tu escuta e fixa o relato que
da sabedoria dos povos orientais, sabedoria esta ouviste – quais os únicos caminhos de investigação que
desvinculada de, qualquer base religiosa. há para pensar, um que é, que não é para não ser, é
caminho de confiança (pois acompanha a realidade): o
Estão corretas apenas as afirmativas: outro que não é, que tem de não ser, esse te indico ser
a) I e II. caminho em tudo ignoto, pois não poderás conhecer o
b) II e IV. não-ser, não é possível, nem indicá-lo [...] pois o
c) III e IV. mesmo é pensar e ser.
d) I, II e III. PARMÊNIDES. Da Natureza, frags. 1-3. Trad. José Trindade Santos.
e) I, III e IV. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2009. p. 13-15.

FIL0021 - (Unesp) Em 4 de julho de 2012, foi detectada Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
uma nova partícula, que pode ser o bóson de Higgs. filosofia de Parmênides, assinale a alternativa correta.
Trata-se de uma partícula elementar proposta pelo a) Pensar e ser se equivalem, por isso o pensamento só
físico teórico Peter Higgs, e que validaria a teoria do pode tratar e expressar o que é, e não o que não é – o
modelo padrão, segundo a qual o bóson de Higgs seria não ser.
a partícula elementar responsável pela origem da b) A percepção sensorial nos possibilita conhecer as
massa de todas as outras partículas elementares. coisas como elas verdadeiramente são.
(Jean Júnio M. Pimenta et al. “O bóson de Higgs”. In: Revista c) O ser é mutável, eterno, divisível, móvel e, por isso,
brasileira de ensino de física, vol. 35, no 2, 2013. Adaptado.) a razão consegue conhecê-lo e expressá-lo.
d) A linguagem pode expressar tanto o que é como o
O que se descreve no texto possui relação com o que não é, pois ela obedece aos princípios de
conceito de arqué, desenvolvido pelos primeiros contradição e de identidade.
pensadores pré-socráticos da Jônia. A arqué diz e) O ser é e o não ser não é indica que a realidade
respeito sensível é passível de ser conhecida pela razão.
a) à retórica utilizada pelos sofistas para
convencimento dos cidadãos na pólis.
b) a uma explicação da origem do cosmos FIL0024 - (Upe) Observe o texto a seguir sobre a gênese
fundamentada em pressupostos mitológicos. do pensamento filosófico:
c) à investigação sobre a constituição do cosmos por
meio de um princípio fundamental da natureza. Entre o fim do VII século e o começo do VI a.C., o
d) ao desenvolvimento da lógica formal como problema cosmológico é o primeiro a destacar-se
habilidade de raciocínio. claramente como objeto de pesquisa sistemática
e) à justificação ética das ações na busca pelo diferente do impreciso complexo de problemas que já
entendimento sobre o bem. ocupavam a mente dos gregos ainda antes do surgir de
uma reflexão filosófica verdadeira e própria.
FIL0022 - (Ufpr) De acordo com Tales de Mileto, a água (MONDOLFO, Rodolfo. O Pensamento Antigo, São Paulo: Mestre
Jou, 1966, p. 31.)
é origem e matriz de todas as coisas. Essa maneira de
reduzir a multiplicidade das coisas a um único
elemento foi considerada uma das primeiras O texto retrata, com clareza, o problema cosmológico,
expressões da Filosofia, porque: objeto de estudo da filosofia
a) é um questionamento sobre o fundamento das a) Socrática.
coisas. b) Platônica.
b) enuncia a verdade sobre a origem das coisas. c) Pré-socrática.
c) é uma proposição que se pode comprovar. d) Mítica.
d) é uma proposição científica. e) Pós-socrática.
e) é um mito de origem.
FIL0025 - (Ufu) Considere o seguinte texto do filósofo
Heráclito (século VI a.C.).
FIL0023 - (Uel) Leia o texto a seguir. "Para as almas, morrer é transformar-se em água; para
Os corcéis que me transportam, tanto quanto o ânimo a água, morrer é transformar-se em terra. Da terra,
me impele, conduzem-me, depois de me terem dirigido contudo, forma-se a água e da água, a alma”
Heráclito. Fragmentos, extraído de: MARCONDES, Danilo. Textos
pelo caminho famoso da divindade [...] E a deusa Básicos de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2000.
acolheu-me de bom grado, mão na mão direita Tradução do autor.

6
Em relação ao excerto acima, podemos afirmar que ele HEGEL. G. W. F. Crítica moderna. In: SOUZA, J. C. (Org.). Os pré-
ilustra socrática: vida e obra. São Paulo: Nova Cultural. 2000 (adaptado).
a) a concepção heraclitiana que valoriza a importância
O texto faz uma apresentação crítica acerca do
do movimento na descrição da realidade.
pensamento de Demócrito, segundo o qual o “princípio
b) a concepção dialética do pensamento heraclitiano,
constitutivo das coisas” estava representado pelo(a)
segundo a qual o movimento é uma ilusão dos
a) número, que fundamenta a criação dos deuses.
sentidos.
b) devir, que simboliza o constante movimento dos
c) a concepção heraclitiana da realidade, segundo a
objetos.
qual a multiplicidade dos fenômenos subjaz uma
c) água, que expressa a causa material da origem do
realidade única.
universo.
d) o pensamento religioso de Heráclito, segundo o qual
d) imobilidade, que sustenta a existência do ser
a morte é a libertação da alma.
atemporal.
e) átomo, que explica o surgimento dos entes.
FIL0026 - (Enem) Demócrito julga que a natureza das
coisas eternas são pequenas substâncias infinitas, em
grande número. E julga que as substâncias são tão
FIL0029 - (Ufu) Leia o fragmento de autoria de
pequenas que fogem às nossas percepções. E lhes são
Heráclito.
inerentes formas de toda espécie, figuras de toda
Deus é dia e noite, inverno e verão, guerra e paz,
espécie e diferenças em grandeza. Destas, então,
abundância e fome. Mas toma formas variadas assim
engendram-se e combinam-se todos os volumes
como o fogo, quando misturado com essências, toma
visíveis e perceptíveis.
SIMPLÍCIO. Do Céu (DK 68 a 37). In: Os pré-socráticos. São Paulo:
o nome segundo o perfume de cada uma delas.
BORNHEIM, G. (Org.). Os filósofos pré-socráticos. São Paulo:
Nova Cultural, 1996 (adaptado).
Cultrix, 1998, p. 40.

A Demócrito atribui-se a origem do conceito de Conforme o exposto, “Deus”, no pensamento de


a) porção mínima da matéria, o átomo. Heráclito, significa:
b) princípio móvel do universo, a arché. a) A unidade dos contrários.
c) qualidade única dos seres, a essência. b) O fundamento da religião monoteísta do período
d) quantidade variante da massa, o corpus. arcaico.
e) substrato constitutivo dos elementos, a physis. c) Uma abstração para refutar o logos.
d) A impossibilidade da harmonia no mundo.
FIL0027 - (Ufu) "Pois pensar e ser é o mesmo"
Parmênides, Poema, fragmento 3, extraído de: Os filósofos pré-
socráticos. Tradução de Gerd Bornheim. São Paulo: Cultrix, 1993.
A proposição acima é parte do poema de Parmênides, FIL0030 - (Ueap) ...que é e que não é possível que não
o fragmento 3. Considerando-se o que se sabe sobre seja,/ é a vereda da Persuasão (porque acompanha a
esse filósofo, que viveu por volta do século VI a.C., Verdade); o outro diz que não é e que é preciso que não
assinale a afirmativa correta. seja,/ eu te digo que esta é uma vereda em que nada se
a) Para compreender a realidade, é preciso confiar pode aprender. De fato, não poderias conhecer o que
inteiramente no que os nossos sentidos percebem. não é, porque tal não é fatível./ nem poderia expressá-
b) O movimento é uma característica aparente das lo.
(Nicola, Ubaldo. Antologia ilustrada de Filosofia. Editora Globo,
coisas, a verdadeira realidade está além dele. 2005.)
c) O verdadeiro sentido da realidade só pode ser O texto anterior expressa o pensamento de qual
revelado pelos deuses para aqueles que eles escolhem. filósofo?
d) Tudo o que pensamos deve existir em algum lugar a) Aristóteles, que estabelecia a distinção entre o
do universo. mundo sensível e o inteligível.
b) Heráclito de Éfeso, que afirmava a unidade entre
FIL0028 - (Enem) A representação de Demócrito é pensamento e realidade.
semelhante à de Anaxágoras, na medida em que um c) Tales de Mileto, que afirmava ser a água o princípio
infinitamente múltiplo é a origem; mas nele a de todas as coisas.
determinação dos princípios fundamentais aparece de d) Parmênides de Eleia, que afirmava a imutabilidade
maneira tal que contém aquilo que para o que foi de todas as coisas e a unidade entre ser e pensar, ser e
formado não é, absolutamente, o aspecto simples para conhecimento.
si. Por exemplo, partículas de carne e de ouro seriam e) Protágoras, que afirmava que o homem é a medida
princípios que, através de sua concentração, formam de todas as coisas, que o ser é e o não ser não é.
aquilo que aparece como figura.
7
FIL0031 - (Upe) Leia o texto a seguir: O texto descreve argumentos dos primeiros
pensadores, denominados pré-socráticos. Para eles, a
principal preocupação filosófica era de ordem
a) cosmológica, propondo uma explicação racional do
mundo fundamentada nos elementos da natureza.
b) política, discutindo as formas de organização da
pólis ao estabelecer as regras de democracia.
c) ética, desenvolvendo uma filosofia dos valores
virtuosos que tem a felicidade como o bem maior.
d) estética, procurando investigar a aparência dos
entes sensíveis.
e) hermenêutica, construindo uma explicação unívoca
da realidade.

FIL0033 - (Enem) Texto I


Fragmento B91: Não se pode banhar duas vezes no
mesmo rio, nem substância mortal alcançar duas vezes
A Grécia é considerada o berço da Filosofia. O a mesma condição; mas pela intensidade e rapidez da
pensamento grego tem a singularidade do intelecto, mudança, dispersa e de novo reúne.
privilegiando, acima de tudo, a dimensão conceitual e HERÁCLITO. Fragmentos (Sobre a natureza). São Paulo: Abril
discursiva. De acordo com a tradição histórica, a fase Cultural, 1996 (adaptado).
inaugural do pensar filosófico grego é conhecida como
período pré-socrático. Texto II
Fragmento B8: São muitos os sinais de que o ser é
Sendo assim, é CORRETO afirmar que ingênito e indestrutível, pois é compacto, inabalável e
a) filosofia pré-socrática enfatiza, principalmente, a sem fim; não foi nem será, pois é agora um todo
explicação da liberdade. homogêneo, uno, contínuo. Como poderia o que é
b) no período pré-socrático da filosofia, o pensar crítico perecer? Como poderia gerar-se?
retrata o valor da história dos deuses. PARMÊNIDES. Da natureza. São Paulo: Loyola, 2002 (adaptado).
c) o período pré-socrático da filosofia é denominado
essencialmente de período naturalista. Os fragmentos do pensamento pré-socrático expõem
d) no período pré-socrático, o enfoque da Filosofia é uma oposição que se insere no campo das
denominado de período ético. a) investigações do pensamento sistemático.
e) o período pré-socrático da filosofia enaltece a b) preocupações do período mitológico.
confiança na religiosidade das ideias e no problema da c) discussões de base ontológica.
vida. d) habilidades da retórica sofística.
e) verdades do mundo sensível.
FIL0032 - (Enem) Todas as coisas são diferenciações de
uma mesma coisa e são a mesma coisa. E isto é
evidente. Porque se as coisas que são agora neste FIL0034 - (Uema) Leia a letra da canção a seguir.
mundo – terra, água ar e fogo e as outras coisas que se Nada do que foi será
manifestam neste mundo –, se alguma destas coisas De novo do jeito que já foi um dia
fosse diferente de qualquer outra, diferente em sua Tudo passa
natureza própria e se não permanecesse a mesma Tudo sempre passará
coisa em suas muitas mudanças e diferenciações, A vida vem em ondas
então não poderiam as coisas, de nenhuma maneira, Como um mar
misturar-se umas às outras, nem fazer bem ou mal Num indo e vindo infinito
umas às outras, nem a planta poderia brotar da terra, Tudo que se vê não é
nem um animal ou qualquer outra coisa vir à Igual ao que a gente
existência, se todas as coisas não fossem compostas de Viu há um segundo
modo a serem as mesmas. Todas as coisas nascem, Tudo muda o tempo todo
através de diferenciações, de uma mesma coisa, ora No mundo [...]
Fonte: SANTOS, Lulu; MOTTA, Nelson. Como uma onda. In: Álbum
em uma forma, ora em outra, retomando sempre a MTV ao vivo. Rio de Janeiro: Sony-BMG, 2004.
mesma coisa.
DIÓGENES, In: BORNHEIM, G. A. Os filósofos pré-socráticos. São
Paulo, Cultrix, 1967.
8
Da mesma forma como canta o poeta contemporâneo, Com base no problema filosófico da ilusão do
que vê a realidade passando como uma onda, assim movimento em Zenão de Eleia, é correto afirmar que
também pensaram os primeiros filósofos conhecidos seu argumento
como Pré-socráticos que denominavam a realidade de a) baseia-se na observação da natureza e de suas
physis. A característica dessa realidade representada, transformações, resultando, por essa razão, numa
também, na música de Lulu Santos é o(a) explicação naturalista pautada pelos sentidos.
a) fluxo. b) confunde a ordem das coisas materiais (sensível) e a
b) estática. ordem do ser (inteligível), pois avalia o sensível por
c) infinitude. condições que lhe são estranhas.
d) desordem. c) ilustra a problematização da crença numa verdadeira
e) multiplicidade. existência do mundo sensível, à qual se chegaria pelos
sentidos.
FIL0035 - (Enem) A filosofia grega parece começar com d) mostra que o corredor mais rápido ultrapassará
uma ideia absurda, com a proposição: a água é a inevitavelmente o corredor mais lento, pois isso nos
origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo apontam as evidências dos sentidos.
necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por e) pressupõe a noção de continuidade entre os
três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição instantes, contida no pressuposto da aceleração do
enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo movimento entre os corredores.
lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; e enfim,
em terceiro lugar, porque nela embora apenas em FIL0037 - (Ufu) De um modo geral, o conceito de physis
estado de crisálida, está contido o pensamento: Tudo é no mundo pré-socrático expressa um princípio de
um. movimento por meio do qual tudo o que existe é
NIETZSCHE. F. Crítica moderna. In: Os pré-socráticos. São Paulo: gerado e se corrompe. A doutrina de Parmênides, no
Nova Cultural. 1999
entanto, tal como relatada pela tradição, aboliu esse
princípio e provocou, consequentemente, um sério
O que, de acordo com Nietzsche, caracteriza o
conflito no debate filosófico posterior, em relação ao
surgimento da filosofia entre os gregos?
modo como conceber o ser.
a) O impulso para transformar, mediante justificativas,
Para Parmênides e seus discípulos:
os elementos sensíveis em verdades racionais.
a) A imobilidade é o princípio do não-ser, na medida
b) O desejo de explicar, usando metáforas, a origem
em que o movimento está em tudo o que existe.
dos seres e das coisas.
b) O movimento é princípio de mudança e a
c) A necessidade de buscar, de forma racional, a causa
pressuposição de um não-ser.
primeira das coisas existentes.
c) Um Ser que jamais muda não existe e, portanto, é
d) A ambição de expor, de maneira metódica, as
fruto de imaginação especulativa.
diferenças entre as coisas.
d) O Ser existe como gerador do mundo físico, por isso
e) A tentativa de justificar, a partir de elementos
a realidade empírica é puro ser, ainda que em
empíricos, o que existe no real.
movimento.
FIL0036 - (Uel) No livro Através do espelho e o que Alice
FIL0038 - (Ufsj) Sobre o princípio básico da filosofia pré-
encontrou por lá, a Rainha Vermelha diz uma frase
socrática, é CORRETO afirmar que
enigmática: “Pois aqui, como vê, você tem de correr o
a) Tales de Mileto, ao buscar um princípio unificador de
mais que pode para continuar no mesmo lugar.”
(CARROL, L. Através do espelho e o que Alice encontrou por lá. Rio
todos os seres, concluiu que a água era a substância
de Janeiro: Zahar, 2009. p.186.) primordial, a origem única de todas as coisas.
b) Anaximandro, após observar sistematicamente o
Já na Grécia antiga, Zenão de Eleia enunciara uma tese mundo natural, propôs que não apenas a água poderia
também enigmática, segundo a qual o movimento é ser considerada arché desse mundo em si e, por isso
ilusório, pois “numa corrida, o corredor mais rápido mesmo, incluiu mais um elemento: o fogo.
jamais consegue ultrapassar o mais lento, visto o c) Anaxímenes fez a união entre os pensamentos que o
perseguidor ter de primeiro atingir o ponto de onde antecederam e concluiu que o princípio de todas as
partiu o perseguido, de tal forma que o mais lento deve coisas não pode ser afirmado, já que tal princípio não
manter sempre a dianteira.” está ao alcance dos sentidos.
(ARISTÓTELES. Física. Z 9, 239 b 14. In: KIRK, G. S.; RAVEN, J. E.; d) Heráclito de Éfeso afirmou o movimento e negou
SCHOFIELD, M. Os Pré-socráticos. 4.ed. Lisboa: Fundação Calouste terminantemente a luta dos contrários como gênese e
Gulbenkian, 1994, p.284.) unidade do mundo, como o quis Catão, o antigo.

9
FIL0039 - (Uncisal) O período pré-socrático é o ponto c) tinham origem nos mitos das civilizações antigas.
inicial das reflexões filosóficas. Suas discussões se d) postulavam um princípio originário para o mundo.
prendem a Cosmologia, sendo a determinação da e) defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas.
physis (princípio eterno e imutável que se encontra na
origem da natureza e de suas transformações) ponto FIL0041 - (Ueg) A influência de Sócrates na filosofia
crucial de toda formulação filosófica. Em tal contexto, grega foi tão marcante que dividiu a sua história em
Leucipo e Demócrito afirmam ser a realidade percebida períodos: período pré-socrático, período socrático e
pelos sentidos ilusória. Eles defendem que os sentidos período pós-socrático. O período pré-socrático é visto
apenas capturam uma realidade superficial, mutável e como uma época de formação da filosofia grega, na
transitória que acreditamos ser verdadeira. Mesmo qual predominavam os problemas cosmológicos. Ele se
que os sentidos apreendam “as mutações das coisas, desenvolveu em cidades da Jônia e da Magna Grécia.
no fundo, os elementos primordiais que constituem Grandes escolas filosóficas surgem nesse período e
essa realidade jamais se alteram.” Assim, a realidade é muitos pensadores se destacam. Entre eles, um jônico,
uma coisa e o real outra. que ficou conhecido como pai da filosofia. Seu nome é:
Para Leucipo e Demócrito a physis é composta a) Tales de Mileto
a) pelas quatro raízes: o úmido, o seco, o quente e o b) Leucipo de Abdera
frio. c) Sócrates de Atenas
b) pela água. d) Parmênides de Eléia
c) pelo fogo.
d) pelo ilimitado. FIL0042 - (Uenp) Mario Quintana, no poema “As
e) pelos átomos. coisas”, traduziu o sentimento comum dos primeiros
filósofos da seguinte maneira: “O encanto sobrenatural
FIL0040 - (Enem) TEXTO I que há nas coisas da Natureza! [...] se nelas algo te dá
Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento encanto ou medo, não me digas que seja feia ou má, é,
originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que acaso, singular”. Os primeiros filósofos da antiguidade
outras coisas provêm de sua descendência. Quando o clássica grega se preocupavam com:
ar se dilata, transforma-se em fogo, ao passo que os a) Cosmologia, estudando a origem do Cosmos,
ventos são ar condensado. As nuvens formam-se a contrapondo a tradição mitológica das narrativas
partir do ar por feltragem e, ainda mais condensadas, cosmogônicas e teogônicas.
transformam-se em água. A água, quando mais b) Política, discutindo as formas de organização da
condensada, transforma-se em terra, e quando polis e estabelecendo as regras da democracia.
condensada ao máximo possível, transforma-se em c) Ética, desenvolvendo uma filosofia dos valores e da
pedras. vida virtuosa.
BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, d) Epistemologia, procurando estabelecer as origens e
2006 (adaptado). limites do conhecimento verdadeiro.
TEXTO II e) Ontologia, construindo uma teoria do ser e do
substrato da realidade.
Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus,
como criador de todas as coisas, está no princípio do FIL0043 - (Uema) A Filosofia nasceu na Jônia no final do
mundo e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se nos século VII a.C. O conteúdo que norteia a preocupação
apresentam, em face desta concepção, as dos filósofos jônicos é de natureza:
especulações contraditórias dos filósofos, para os quais a) Mitológica.
o mundo se origina, ou de algum dos quatro b) Antropológica.
elementos, como ensinam os Jônios, ou dos átomos, c) Religiosa.
como julga Demócrito. Na verdade, dão a impressão de d) Cosmológica.
quererem ancorar o mundo numa teia de aranha”. e) Política.
GILSON, E.; BOEHNER, P. História da Filosofia Cristã. São Paulo:
Vozes, 1991 (adaptado).
Filósofos dos diversos tempos históricos
desenvolveram teses para explicar a origem do FIL0044 - (Enem) Alguns pensam que Protágoras de
universo, a partir de uma explicação racional. As teses Abdera pertence também ao grupo daqueles que
de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de Basílio, aboliram o critério, uma vez que ele afirma que todas
filósofo medieval, têm em comum na sua as impressões dos sentidos e todas as opiniões são
fundamentação teorias que verdadeiras, e que a verdade é uma coisa relativa, uma
a) eram baseadas nas ciências da natureza. vez que tudo o que aparece a alguém ou é opinado por
b) refutavam as teorias de filósofos da religião. alguém é imediatamente real para essa pessoa.
10
KERFERD, G. B. O movimento sofista. São Paulo: Loyola, 2002 a) O desprezo socrático pela vida, implícito na
(adaptado). resignação à sua pena, é reforçado pelo
reconhecimento da soberania do poder dos juízes.
O grupo ao qual se associa o pensador mencionado no
b) A aceitação do veredito dos juízes que o
texto se caracteriza pelo objetivo de
condenaram à morte evidencia que Sócrates consentiu
a) alcançar o conhecimento da natureza por meio da
com os argumentos dos acusadores.
experiência.
c) A acusação a Sócrates pauta-se na identificação da
b) justificar a veracidade das afirmações com
insuficiência dos seus argumentos, e a corrupção que
fundamentos universais.
provoca resulta das contradições do seu pensamento.
c) priorizar a diversidade de entendimentos acerca das
d) A crítica de Sócrates à tradição sustenta-se no
coisas.
repúdio às instituições que devem ser abandonadas
d) preservar as regras de convivência entre os
em benefício da liberdade de pensamento.
cidadãos.
e) A sentença de morte foi aceita por Sócrates porque
e) analisar o princípio do mundo conforme a teogonia.
morrer não é um mal em si e o livre pensar permite
apreender essa verdade.
FIL0045 - (Enem) Tomemos o exemplo de Sócrates: é
precisamente ele quem interpela as pessoas na rua, os
FIL0047 - (Upe) Leia o texto a seguir sobre o
jovens no ginásio, perguntando: “Tu te ocupas de ti?”
conhecimento filosófico:
O deus o encarregou disso, é sua missão, e ele não a
abandonará, mesmo no momento em que for
ameaçado de morte. Ele é certamente o homem que
cuida do cuidado dos outros: esta é a posição particular
do filósofo.
FOUCAULT, M. Ditos e escritos. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2004.

O fragmento evoca o seguinte princípio moral da


filosofia socrática, presente em sua ação dialógica:
No período socrático ou antropológico, no âmbito da
a) Examinar a própria vida.
filosofia grega, surgem os sofistas. A palavra era
b) Ironizar o seu oponente.
antigamente sinônimo de sábio. Porém, no século V
c) Sofismar com a verdade.
a.C., toma um matiz pejorativo e se aplica a um grupo
d) Debater visando a aporia.
de mestres ambulantes, que recorrem aos cidadãos
e) Desprezar a virtude alheia.
gregos, ensinando o que eles chamam de sabedoria.
(COLOMER, Klimke. Historia de la filosofia. Madrid: Labor, 1961,
p.39) Adaptado.
FIL0046 - (Uel) Sócrates, Giordano Bruno e Galileu
foram pensadores que defenderam a liberdade de No âmbito do conhecimento filosófico, o texto retrata
pensamento frente às restrições impostas pela que, no período socrático ou antropológico, os sofistas
tradição. Na Apologia de Sócrates, a acusação contra o representam algo totalmente novo nesse cenário com
filósofo é assim enunciada: relação ao estudo do homem. Sobre isso, assinale a
alternativa CORRETA.
Sócrates [...] é culpado de corromper os moços e não a) Os sofistas foram, na verdade, reputados como
acreditar nos deuses que a cidade admite, além de grandes mestres de cultura; inicia-se a fase
aceitar divindades novas (24b-c). antropológica.
Ao final do escrito de Platão, Sócrates diz aos juízes: b) Os sofistas foram sábios nos estudos da natureza
cosmológica e deram pouca importância ao problema
Mas, está na hora de nos irmos: eu, para morrer; vós, antropológico.
para viver. A quem tocou a melhor parte, é o que c) Com a sofística, inicia-se uma nova fase no período
nenhum de nós pode saber, exceto a divindade. (42a). filosófico, o estudo de Deus.
(PLATÃO. Apologia de Sócrates. Trad. Carlos Alberto Nunes. d) Os sofistas não reconheceram o valor formativo do
Belém: EDUFPA, 2001. p. 122-23; 147.)
saber e elaboraram o conceito de natureza, excluindo
o homem da sua consideração.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
e) Os sofistas influenciaram parcialmente o curso da
disputa entre filosofia e tradição presente na
investigação filosófica, com seu enfoque teórico frente
condenação de Sócrates, assinale a alternativa correta.
aos problemas prático-educativos.
11
FIL0048- (Ufu) A respeito do método de Sócrates, O texto evidencia características do modo de vida
assinale a alternativa que apresenta a definição correta socrático, que se baseava na
de maiêutica. a) contemplação da tradição mítica.
a) Um método sintético, que ignora a argumentação b) sustentação do método dialético.
dos interlocutores e prontamente define o que é o c) relativização do saber verdadeiro.
objeto em discussão. d) valorização da argumentação retórica.
b) Uma estratégia sofística, que é empregada para e) investigação dos fundamentos da natureza.
educar a juventude na prática da retórica, visando
apenas ao ornamento do discurso. FIL0051 - (Upe) Sobre Filosofia e Reflexão, considere o
c) Um método analítico, que interroga a respeito texto a seguir:
daquilo que é tido como a verdadeira justiça, o Sobre a Filosofia e Reflexão
verdadeiro belo, o verdadeiro bem.
d) Uma iluminação divina, que deposita na mente do Exprimir-se-á bem a ideia de que a filosofia é procura e
filósofo o conhecimento profundo das coisas da não posse, definindo o trabalho filosófico como um
natureza. trabalho de reflexão. O modelo de reflexão filosófica –
e ao mesmo tempo seu exemplo mais acessível – é a
FIL0049 - (Upe) Sobre a temática da Filosofia na “ironia” socrática.
História, analise o texto a seguir: HUISMAN, Denis; VERGEZ, André. Compêndio Moderno de
Há, pois, uma inseparável conexão entre filosofia e Filosofia, 1987, p. 25.
história da filosofia. A filosofia é histórica, e sua história
lhe pertence essencialmente. E, por outra parte, a O autor acima enfatiza o exemplo sobre Filosofia e
história da filosofia não é uma mera informação Reflexão:
erudita acerca das opiniões dos filósofos. Senão que é a) no ato de interrogar os interlocutores, Sócrates
a exposição verdadeira do conteúdo real da filosofia. É, expressava sua atitude reflexiva.
pois, com todo rigor, filosofia. A filosofia não se esgota b) a reflexão filosófica se inicia na consciência e na
em nenhum de seus sistemas, senão que consiste na posse do saber.
história efetiva de todos eles. c) a reflexão filosófica nos faz refletir ao ensinar sua
MARIAS, Julián. Historia de la Filosofia. Madrid, 1956, p. 5. opinião com certeza irrefutável.
Assim, é CORRETO afirmar que, na tradição histórica da d) na reflexão filosófica, Sócrates expressava sua
filosofia, opinião como verdadeira.
a) o racionalismo e o empirismo têm estritas relações e) ao perguntar, Sócrates delimitava o modelo e a
com a solução integral do problema da vida na religião. posse da sabedoria.
b) os naturalistas pré-socráticos se preocuparam
exclusivamente com a subjetividade e a matéria FIL0052 - (Enem) Trasímaco estava impaciente porque
religiosa. Sócrates e os seus amigos presumiam que a justiça era
c) o famoso lema “conhece-te a ti mesmo – torna-te algo real e importante. Trasímaco negava isso. Em seu
consciente de tua ignorância” caracterizou o entender, as pessoas acreditavam no certo e no errado
pensamento filosófico de Sócrates. apenas por terem sido ensinadas a obedecer às regras
d) o período da filosofia moderna é conhecido por se da sua sociedade. No entanto, essas regras não
preocupar com as verdades reveladas. passavam de invenções humanas.
RACHELS. J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009.
e) o período medieval teve como preocupação central
a singularidade em relação ao sujeito do
conhecimento. O sofista Trasímaco, personagem imortalizado no
diálogo A República, de Platão, sustentava que a
FIL0050 - (Enem) Uma conversação de tal natureza correlação entre justiça e ética é resultado de
transforma o ouvinte; o contato de Sócrates paralisa e a) determinações biológicas impregnadas na natureza
embaraça; leva a refletir sobre si mesmo, a imprimir à humana.
atenção uma direção incomum: os temperamentais, b) verdades objetivas com fundamento anterior aos
como Alcibíades, sabem que encontrarão junto dele interesses sociais.
todo o bem de que são capazes, mas fogem porque c) mandamentos divinos inquestionáveis legados das
receiam essa influência poderosa, que os leva a se tradições antigas.
censurarem. E sobretudo a esses jovens, muitos quase d) convenções sociais resultantes de interesses
crianças, que ele tenta imprimir sua orientação. humanos contingentes.
BRÉHIER, E. História da filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1977. e) sentimentos experimentados diante de
determinadas atitudes humanas.

12
FIL0053 - (Uea) O sofista é um diálogo de Platão do qual FIL0055 - (Ufu) O diálogo socrático de Platão é obra
participam Sócrates, um estrangeiro e outros baseada em um sucesso histórico: no fato de Sócrates
personagens. Logo no início do diálogo, Sócrates ministrar os seus ensinamentos sob a forma de
pergunta ao estrangeiro, a que método ele gostaria de perguntas e respostas. Sócrates considerava o diálogo
recorrer para definir o que é um sofista. como a forma por excelência do exercício filosófico e o
Sócrates: – Mas dize-nos [se] preferes único caminho para chegarmos a alguma verdade
desenvolver toda a tese que queres demonstrar, numa legítima.
longa exposição ou empregar o método interrogativo? De acordo com a doutrina socrática,
Estrangeiro: – Com um parceiro assim a) a busca pela essência do bem está vinculada a uma
agradável e dócil, Sócrates, o método mais fácil é esse visão antropocêntrica da filosofia.
mesmo; com um interlocutor. Do contrário, valeria b) é a natureza, o cosmos, a base firme da especulação
mais a pena argumentar apenas para si mesmo. filosófica.
(Platão. O sofista, 1970. Adaptado.) c) o exame antropológico deriva da impossibilidade do
autoconhecimento e é, portanto, de natureza sofística.
É correto afirmar que o interlocutor de Sócrates d) a impossibilidade de responder (aporia) aos dilemas
escolheu, do ponto de vista metodológico, adotar humanos é sanada pelo homem, medida de todas as
a) a maiêutica, que pressupõe a contraposição dos coisas.
argumentos.
b) a dialética, que une numa síntese final as teses dos
contendores. FIL0056 - (Unicentro) Sobre o pensamento socrático,
c) o empirismo, que acredita ser possível chegar ao analise as afirmativas e marque com V, as verdadeiras
saber por meio dos sentidos. e com F, as falsas.
d) o apriorismo, que funda a eficácia da razão humana ( ) Sócrates é autor da obra Ética a Nicômaco.
na prova de existência de Deus. ( ) O pensamento socrático está escrito em hebraico.
e) o dualismo, que resulta no ceticismo sobre a ( ) A ironia e a maiêutica são as bases de sua filosofia.
possibilidade do saber humano. ( ) Sócrates não criticou o saber dogmático, sendo,
por isso, conselheiro dos governantes de Atenas.
( ) Os diálogos platônicos são importantes textos
filosóficos que relatam, na maioria, o pensamento de
FIL0054 - (Unicamp) A sabedoria de Sócrates, filósofo Sócrates.
ateniense que viveu no século V a.C., encontra o seu
ponto de partida na afirmação “sei que nada sei”, A partir da análise dessas afirmativas, a alternativa que
registrada na obra Apologia de Sócrates. A frase foi indica a sequência correta, de cima para baixo, é a
uma resposta aos que afirmavam que ele era o mais a) F V F V V
sábio dos homens. Após interrogar artesãos, políticos b) V F V V F
e poetas, Sócrates chegou à conclusão de que ele se c) F F V F V
diferenciava dos demais por reconhecer a sua própria d) V F F F V
ignorância. e) F V V V F
O “sei que nada sei” é um ponto de partida para a
Filosofia, pois
a) aquele que se reconhece como ignorante torna-se FIL0057 - (Ufu) Leia o trecho abaixo, que se encontra
mais sábio por querer adquirir conhecimentos. na Apologia de Sócrates de Platão e traz algumas das
b) é um exercício de humildade diante da cultura dos concepções filosóficas defendidas pelo seu mestre.
sábios do passado, uma vez que a função da Filosofia
era reproduzir os ensinamentos dos filósofos gregos. Com efeito, senhores, temer a morte é o mesmo que
c) a dúvida é uma condição para o aprendizado e a se supor sábio quem não o é, porque é supor que sabe
Filosofia é o saber que estabelece verdades dogmáticas o que não sabe. Ninguém sabe o que é a morte, nem
a partir de métodos rigorosos. se, porventura, será para o homem o maior dos bens;
d) é uma forma de declarar ignorância e permanecer todos a temem, como se soubessem ser ela o maior dos
distante dos problemas concretos, preocupando-se males. A ignorância mais condenável não é essa de
apenas com causas abstratas. supor saber o que não se sabe?
Platão, A Apologia de Sócrates, 29 a-b, In. HADOT, P. O que é a
Filosofia Antiga? São Paulo: Ed. Loyola, 1999, p. 61.
Com base no trecho acima e na filosofia de Sócrates,
assinale a alternativa INCORRETA.

13
a) Sócrates prefere a morte a ter que renunciar a sua artesãos? Sócrates parece ter meditado bastante
missão, qual seja: buscar, por meio da filosofia, a tempo, buscando o significado das palavras da
verdade, para além da mera aparência do saber. pitonisa. Afinal concluiu que sua sabedoria só poderia
b) Sócrates leva o seu interlocutor a examinar-se, ser aquela de saber que nada sabia, essa consciência
fazendo-o tomar consciência das contradições que traz da ignorância sobre as coisas que era sinal e começo da
consigo. autoconsciência.” (J. A. M. Pessanha)
c) Para Sócrates, pior do que a morte é admitir aos Sobre a filosofia de Sócrates, é incorreto afirmar que
outros que nada se sabe. Deve-se evitar a ignorância a a) a filosofia de Sócrates consiste em buscar a verdade,
todo custo, ainda que defendendo uma opinião não aceitando as opiniões contraditórias dos homens;
devidamente examinada. quanto mais importante era a posição social de um
d) Para Sócrates, o verdadeiro sábio é aquele que, homem, mais verdadeira era sua opinião.
colocado diante da própria ignorância, admite que b) a sabedoria de Sócrates está em saber que nada
nada sabe. Admitir o não-saber, quando não se sabe, sabe, enquanto os homens em geral estão
define o sábio, segundo a concepção socrática. impregnados de preconceitos e noções incorretas, e
não se dão conta disso.
FIL0058 - (Uncisal) Na Grécia Antiga, o filósofo Sócrates c) o reconhecimento da própria ignorância é o primeiro
ficou famoso por interpelar os transeuntes e fazer passo para a sabedoria, pois, assim, podemos nos livrar
perguntas aos que se achavam conhecedores de dos preconceitos e abrir caminho para a verdade.
determinado assunto. Mas durante o diálogo, Sócrates d) após muito questionar os valores e as certezas
colocava o interlocutor em situação delicada, levando- vigentes, Sócrates foi acusado de não respeitar os
o a reconhecer sua própria ignorância. Em virtude de deuses oficiais (impiedade) e corromper a juventude;
sua atuação, Sócrates acabou sendo condenado à foi julgado e condenado à morte por ingestão de cicuta.
morte sob a acusação de corromper a juventude, e) o caminho socrático para a sabedoria deve ser
desobedecer às leis da cidade e desrespeitar certos trilhado pelo próprio indivíduo, que deve por ele
valores religiosos. Considerando essas informações mesmo reconhecer seus preconceitos e opiniões,
sobre a vida de Sócrates, assim como a forma pela qual rejeitá-los e, através da razão, atingir a verdade
seu pensamento foi transmitido, pode-se afirmar que imutável.
sua filosofia
a) transmitia conhecimentos de natureza científica. FIL0061 - (Ueg) A Grécia foi o berço da filosofia,
b) baseava-se em uma contemplação passiva da destacando-se pela presença dos filósofos que
realidade. pensaram o mundo em que viveram utilizando a
c) transmitia conhecimentos exclusivamente sob a ferramenta da razão. O período da história grega e o
forma escrita entre a população ateniense. filósofo que afirmou que “só sei que nada sei” foram
d) ficou consagrada sob a forma de diálogos, respectivamente o
posteriormente redigidos pelo filósofo Platão. a) período pós-clássico e Sócrates.
e) procurava transmitir às pessoas conhecimentos de b) período helenístico e Platão.
natureza mitológica. c) período clássico e Sócrates.
d) período clássico e Platão.
FIL0059 - (Unimontes) Lembremos a figura de Sócrates.
Dizem que era um homem feio, mas, quando falava, FIL0062 - (Ufu) Em um importante trecho da sua obra
exercia estranho fascínio. Podemos atribuir a Sócrates Metafísica, Aristóteles se refere a Sócrates nos
duas maneiras de se chegar ao conhecimento. Essas seguintes termos:
duas maneiras são denominadas de Sócrates ocupava-se de questões éticas e não da
a) doxa e ironia. natureza em sua totalidade, mas buscava o universal
b) ironia e maiêutica. no âmbito daquelas questões, tendo sido o primeiro a
c) maiêutica e doxa. fixar a atenção nas definições.
d) maiêutica e episteme. Aristóteles. Metafísica, A6, 987b 1-3. Tradução de Marcelo Perine.
São Paulo: Loyola, 2002.
FIL0060 - (Unioeste) O Oráculo de Delfos teria Com base na filosofia de Sócrates e no trecho
declarado que Sócrates (470-399 a.C.) era o mais sábio supracitado, assinale a alternativa correta.
dos homens. Essa profecia marcou decisivamente a a) O método utilizado por Sócrates consistia em um
concepção socrática de Filosofia, pois sua verdade não exercício dialético, cujo objetivo era livrar o seu
era óbvia: “Logo ele, sem qualquer especialização, ele interlocutor do erro e do preconceito − com o prévio
que estava ciente de sua ignorância? Logo ele, numa reconhecimento da própria ignorância −, e levá-lo a
cidade [Atenas] repleta de artistas, oradores, políticos, formular conceitos de validade universal (definições).

14
b) Sócrates era, na verdade, um filósofo da natureza. a) Apenas I e II estão corretas.
Para ele, a investigação filosófica é a busca pela b) Apenas I, II e IV estão corretas.
“Arché”, pelo princípio supremo do Cosmos. Por isso, o c) Apenas III e IV estão corretas.
método socrático era idêntico aos utilizados pelos d) Apenas I, II e III estão corretas.
filósofos que o antecederam (Pré-socráticos). e) Apenas I e IV estão corretas.
c) O método socrático era empregado simplesmente
para ridicularizar os homens, colocando-os diante da
própria ignorância. Para Sócrates, conceitos universais FIL0064 - (Unimontes) Via de regra, os sofistas eram
são inatingíveis para o homem; por isso, para ele, as homens que tinham feito longas viagens e, por isso
definições são sempre relativas e subjetivas, algo que mesmo, tinham conhecido diferentes sistemas de
ele confirmou com a máxima “o Homem é a medida de governo. Usos, costumes e leis das cidades-estados
todas as coisas”. podiam variar enormemente. Sob esse pano de fundo,
d) Sócrates desejava melhorar os seus concidadãos por os sofistas iniciaram em Atenas uma discussão sobre o
meio da investigação filosófica. Para ele, isso implica que seria natural e o que seria criado pela sociedade.
não buscar “o que é”, mas aperfeiçoar “o que parece (GAARDER, J. O Mundo de Sofia. São Paulo: Companhia das Letras,
ser”. Por isso, diz o filósofo, o fundamento da vida 1995).
moral é, em última instância, o egoísmo, ou seja, o que
é o bem para o indivíduo num dado momento de sua Sobre os sofistas, é incorreto afirmar que
existência. a) eles tiveram papel fundamental nas transformações
culturais de Atenas.
b) eles se dedicaram à questão do homem e de seu
FIL0063 - (Unicentro) Após as primeiras discussões dos lugar na sociedade.
filósofos “pré-socráticos” no século VI a.C. (período c) eles eram mercenários e só visavam ao lucro na arte
cosmológico), surge outro movimento muito de ensinar.
importante na história da filosofia. Passa a ser d) eles foram os primeiros a compreender que o
abordado uma nova modalidade de problemas e “homem é medida de todas as coisas”.
discussões (período antropológico), e assim teremos
não só as figuras principais do novo cenário da filosofia
grega, mas de toda a história da razão ocidental: FIL065 - (Uepa) Leia o texto para responder à questão.
Sócrates, Platão e Aristóteles. Com Sócrates, a filosofia Platão:
ganha uma nova “roupagem”. Sócrates viveu em A massa popular é assimilável por natureza a um
Atenas no momento de apogeu da cultura grega, o animal escravo de suas paixões e de seus interesses
chamado período clássico (séculos V e IV a.C.), fase de passageiros, sensível à lisonja, inconstante em seus
grande expressão na política, nas artes, na literatura e amores e seus ódios; confiar-lhe o poder é aceitar a
na filosofia. O que há de mais forte na filosofia de tirania de um ser incapaz da menor reflexão e do
Sócrates é o seu método e a maneira pela qual ele menor rigor. Quanto às pretensas discussões na
buscava discutir os problemas relacionados à filosofia. Assembleia, são apenas disputas contrapondo opiniões
A partir desta informação, e de seus conhecimentos subjetivas, inconsistentes, cujas contradições e lacunas
sobre a filosofia socrática, analise as assertivas e traduzem bastante bem o seu caráter insuficiente.
(Citado por: CHATELET, F. História das Ideias Políticas. Rio de
assinale a alternativa que aponta as corretas. Janeiro: Zahar, 1997, p. 17)

I. Sócrates sempre buscava pessoas em praça pública Os argumentos de Platão, filósofo grego da
para dialogar e questionar sobre a realidade de seu antiguidade, evidenciam uma forte crítica à:
tempo. a) oligarquia
II. A célebre frase de Sócrates, que caracterizava parte b) república
de seu método é: “só sei que nada sei”, por isso c) democracia
questionava as ideias de seus interlocutores. d) monarquia
III. Sócrates oferecia grande importância às e) plutocracia
experiências sensíveis, o que caracterizou fortemente
o seu método filosófico.
IV. Para fazer com que os seus interlocutores
enxergassem a verdade por si próprios, Sócrates
elaborou um método composto de duas partes
centrais: a ironia e a maiêutica.

15
FIL0066 - (Uel) Leia o texto a seguir. a qualquer de nós um luto pessoal, reparaste que nos
gabamos do contrário, se formos capazes de nos
Quando o artista [demiurgo] trabalha em sua obra, a mantermos tranquilos e de sermos fortes, entendendo
vista dirigida para o que sempre se conserva igual a si que esta atitude é característica de um homem [...]?
mesmo, e lhe transmite a forma e a virtude desse PLATÃO. A República. 605 d-e. Trad. Maria Helena da Rocha
Pereira. 12. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2010. p.
modelo, é natural que seja belo tudo o que ele realiza.
470.
Porém, se ele se fixa no que devém e toma como
Com base no texto, nos conhecimentos sobre mimesis
modelo algo sujeito ao nascimento, nada belo poderá
(imitação) e sobre o pensamento de Platão, assinale a
criar. [...] Ora, se este mundo é belo e for bom seu
alternativa correta:
construtor, sem dúvida nenhuma este fixará a vista no
a) A maneira como Homero constrói seus personagens
modelo eterno.
PLATÃO. Timeu. 28 a7-10; 29 a2-3. Trad. Carlos A. Nunes. Belém:
retratando reações humanas deve ser imitada pelos
UFPA, 1977. p. 46-47. demais poetas, pois é eticamente aprovada na Cidade
Ideal platônica.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a b) O fato de mostrar as emoções de maneira exagerada
filosofia de Platão, assinale a alternativa correta. em seus personagens faz de Homero e de autores de
a) O mundo é belo porque imita os modelos sensíveis, tragédia excelentes formadores na Cidade Ideal
nos quais o demiurgo se inspira ao gerar o mundo. pensada por Platão.
b) O sensível, ou o mundo que devém, é o modelo no c) Reagir como os personagens homéricos e trágicos é
qual o artista se inspira para criar o que permanece. digno de elogio, pois Platão considera que a descarga
c) O artífice do mundo, por ser bom, cria uma obra das emoções é benéfica para a formação ética dos
plenamente bela, que é a realidade percebida pelos cidadãos.
sentidos. d) Poetas como Homero e autores de tragédia
d) O olhar do demiurgo deve se dirigir ao que provocam emoções de modo exagerado em quem os lê
permanece, pois este é o modelo a ser inserido na ou assiste, não sendo bons para a formação do cidadão
realidade sensível. na Cidade Ideal platônica.
e) O demiurgo deve observar as perfeições no mundo e) A imitação de Homero e dos trágicos das reações
sensível para poder reproduzi-las em sua obra. humanas difere da dos pintores, pois, segundo Platão,
não estão distantes em graus da essência, por isso
podem fazer parte da cidade justa.
FIL0067 - (Ufpr) Em determinado momento do diálogo
de Hípias Menor, de Platão, Sócrates declara que FIL0069 - (Unioeste) O tema da expulsão dos poetas da
encontrou dificuldade para responder à pergunta “qual ‘cidade ideal’, proposto pelo personagem Sócrates, na
o critério para reconheceres o que é belo e o que é República, tem gerado discussão e perplexidade ao
feio?”. De acordo com Platão, a dificuldade está em longo da história da filosofia. O fundamento conceitual
que: dessa expulsão é a hipótese das Ideias ou Formas. Por
a) os juízos de Beleza são subjetivos, sendo relativos a um lado, as Ideias são entidades eternas, que se
quem os enuncia. constituem como verdadeiro ser, ser pleno,
b) o belo e o feio não se distinguem realmente. instaurando o âmbito ontológico do inteligível; por
c) é preciso conhecer o que é Beleza para que se outro lado, tudo que pertence ao âmbito do imediato,
possam identificar as coisas belas. circundante – o ‘nosso mundo’, âmbito do Sensível – é
d) o critério de Beleza não é acessível aos homens, mas ‘menos ser’. A Ideia do Um, por exemplo, tem
apenas aos deuses. plenitude de ser, ao passo que todas as unidades dos
e) a Beleza é uma mera aparência. seres (objetos, seres humanos, etc.) dependem de sua
participação na Ideia do Um, para vigorar como
unidades. As Ideias são eternas; os entes sensíveis são
FIL0068 - (Uel) Leia o texto a seguir. temporais, efêmeros e somente subsistem enquanto
Os melhores de entre nós, quando escutam Homero ou se dá a participação. A polis ideal construída por
qualquer poeta trágico a imitar um herói que está aflito Sócrates deverá ser governada pelos filósofos, porque
e se espraia numa extensa tirada cheia de gemidos, ou esses concentram-se na atenção ao Inteligível, sem se
os que cantam e batem no peito, sabes que gostamos perder nos apelos do Sensível; e, ao imaginar esse
disso, e que nos entregamos a eles, e os seguimos, governo, uma das exigências para a plenitude de
sofrendo com eles, e com toda seriedade elogiamos o justiça dessa cidade é a expulsão dos poetas, os
poeta, como sendo bom, por nos ter provocado até o ‘imitadores’.
máximo, essas disposições. [...] Mas quando sobrevém

16
Levando-se em conta essa base conceitual, tal como FIL0070 - (Uece) “Talvez [...] a verdade nada mais seja
aqui apresentada, assinale a alternativa que explica do que uma certa purificação das paixões e seja,
CORRETAMENTE a expulsão dos poetas. portanto, a temperança, a justiça, a coragem; e a
a) Sócrates redigiu a República com base na teoria das própria sabedoria não seja outra coisa do que esse
Ideias e chegou à conclusão de que poetas são meio de purificação.”
politicamente perigosos e socialmente improdutivos. PLATÃO. Fédon, 69b-c, adaptado.
Assim, somente cientistas e construtores podem
permanecer em atividade, na polis ideal, porque são os Nessa fala de Sócrates, a “purificação” das paixões
únicos a lidar com o Inteligível. ocorre na medida em que a alma se afasta do corpo
b) A expulsão dos poetas, propugnada por Sócrates, pela “força” da sabedoria. Com base nisso, assinale a
personagem da República, tem origem em sua afirmação FALSA.
afirmação de que a poesia está inteiramente fundada a) As virtudes são a eliminação das paixões através da
no Inteligível. sabedoria.
c) Platão redigiu a República com base na teoria das b) Temperança, justiça e coragem resultam da
Ideias e chegou à conclusão de que poetas são purificação das paixões.
politicamente perigosos e socialmente improdutivos. c) A sabedoria é a potência da alma pela qual as
Assim, somente cientistas e construtores podem virtudes se constituem.
permanecer em atividade, na polis ideal, porque são os d) A alma atinge a verdade através da virtude da
únicos a lidar com o Inteligível. sabedoria.
d) As Ideias são entidades eternas, que vigoram no
âmbito Inteligível, ou seja, elas são a inteligibilidade ou FIL0071 - (Uece) Atente para as seguintes citações:
sentido de tudo que ‘existe’; sem Ideias, as coisas não “Temos assim três virtudes que foram descobertas na
têm sentido. Os poetas, em lugar de atentar ao sentido nossa cidade: sabedoria, coragem e moderação para os
inteligível dos entes, imitam, reproduzem, copiam – chefes; coragem e moderação para os guardas;
afastando-se, assim, das Ideias e desviando a polis de moderação para o povo. No que diz respeito à quarta,
suas tarefas prementes. Este é o motivo de sua pela qual esta cidade também participa na virtude, que
exclusão. poderá ser? É evidente que é a justiça” (Platão, Rep.,
e) Sem uma análise do contexto, é impossível entender 432b).
uma tese tão radical como a da expulsão dos poetas. “O princípio que de entrada estabelecemos que se
Sócrates propõe essa medida extrema devido à mistura devia observar em todas as circunstâncias quando
entre poesia e sofística, que se verificava em todas as fundamos a cidade, esse princípio é, segundo me
grandes cidades da Grécia antiga. Os poetas, mesmo parece, ou ele ou uma de suas formas, a justiça. Ora,
Homero e Hesíodo, já se deixavam influenciar pelas nós estabelecemos, segundo suponho, e repetimo-lo
teses dos sofistas, inimigos da filosofia, com o que muitas vezes, se bem te lembras, que cada um deve
Sócrates e seus discípulos não podiam concordar. ocupar-se de uma função na cidade, aquela para a qual
Poetas que louvassem os deuses e a filosofia, porém, a sua natureza é mais adequada” (Platão, Rep., 433a).
poderiam permanecer na cidade ideal. Considerando a teoria platônica das virtudes, escreva
V ou F conforme seja verdadeiro ou falso o que se
afirma a seguir:
( ) Nessa teoria das virtudes, cada grupo desenvolve
a(s) virtude(s) que lhe é (ou são) própria(s).
( ) Só pode ser justa a cidade em que os grupos que
dela participam e nela agem o fazem de acordo com
sua natureza.
( ) Quando sabedoria, coragem e moderação se
realizam de modo adequado, temos a justiça.
( ) Existe uma relação entre a natureza dos indivíduos,
o grupo de que devem fazer parte na cidade, as
virtudes que lhes são adequadas e, em consequência,
a função que nela devem desempenhar.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
a) V, V, V, V.
b) V, F, F, V.
c) F, F, V, F.
d) F, V, F, F.

17
FIL0072 - (Ueg) Considerando a história contada por Nesse trecho, o autor descreve o que ficou conhecido
Platão no livro VII da República, mais conhecida como como
Mito da Caverna, podemos deduzir que: a) a teoria das ideias de Platão.
a) o homem, apesar de nascer bom, puro e de posse da b) a doutrina da reminiscência de Platão.
verdade, pode desviar-se e passar a acreditar em outro c) a ironia socrática.
mundo mais perfeito de puras ideias. d) a dialética platônica.
b) não podemos confiar apenas na razão, pois somente
guiados pelos sentimentos e testemunhos dos sentidos FIL0075 - (Uel) Leia o texto a seguir.
poderemos alcançar a verdade.
c) a caverna, na alegoria platônica, representa tudo Eis com efeito em que consiste o proceder
aquilo que impede o surgimento da consciência corretamente nos caminhos do amor ou por outro se
filosófica, que possibilitaria uma ascensão para o deixar conduzir: em começar do que aqui é belo e, em
mundo inteligível. vista daquele belo, subir sempre, como que servindo-
d) a razão deve submeter-se aos testemunhos dos se de degraus, de um só para dois e de dois para todos
sentidos, pois a verdade que está no mundo inteligível os belos corpos, e dos belos corpos para os belos
só será atingida mediante a sensibilidade. ofícios, e dos ofícios para as belas ciências até que das
e) os homens devem se libertar da crença na existência ciências acabe naquela ciência, que de nada mais é
em outro mundo e buscar resolver seus conflitos senão daquele próprio belo, e conheça enfim o que em
aprofundando-se em sua interioridade. si é belo.
(PLATÃO. Banquete, 211 c-d. José Cavalcante de Souza. São Paulo:
FIL0073 - (Upe) Leia o texto a seguir sobre o Abril Cultural, 1972. (Os Pensadores) p. 48).
pensamento grego: Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
Platão escreveu diálogos filosóficos, verdadeiros filosofia de Platão, é correto afirmar que
dramas em prosa. Foi um dos maiores escritores de a) a compreensão da beleza se dá a partir da
todos os tempos, e ninguém conseguiu, como ele, unir observação de um indivíduo belo, no qual percebemos
as questões filosóficas à tamanha beleza literária. As o belo em si.
ideias filosóficas de Platão é a primeira grande síntese b) a percepção do belo no mundo indica seus vários
do pensamento antigo. (Adaptado) graus que visam a uma dimensão transcendente da
(REZENDE, Antonio. Curso de Filosofia, Rio de Janeiro: Zahar, 1998, beleza em si.
p. 46.) c) a compreensão do que é belo se dá subitamente,
quando partimos dele para compreender os belos
No tocante a essa temática, assinale a alternativa ofícios e ciências.
CORRETA sobre o pensamento de Platão. d) a observação de corpos, atividades e conhecimentos
a) Enfatiza as ideias no mundo sensível, buscando a permite distinguir quais deles são belos ou feios em si.
verdade na natureza. e) a participação do mundo sensível no mundo
b) Retrata a doutrina das ideias e salienta a existência inteligível possibilita a apreensão da beleza em si.
do mundo ideal para fazer possível a verdadeira
ciência. FIL0076 - (Upe) Leia o texto a seguir sobre o tema
c) Prioriza a verdade do mundo concreto com a Filosofia na História:
confiança no conhecimento dos sentidos.
d) Sinaliza o valor dos sentidos como condição para o
alcance da verdade.
e) Atenta para o significado da razão no plano da
existência da realidade sensível.

FIL0074 - (Ufu) Considere o seguinte trecho


"No diálogo Mênon, Platão faz Sócrates sustentar que
a virtude não pode ser ensinada, consistindo-se em
algo que trazemos conosco desde o nascimento,
defendendo uma concepção, segundo a qual temos em A filosofia antiga grega e greco-romana tem uma
nós um conhecimento inato que se encontra história mais que milenar. Partindo do século VI a.C.,
obscurecido desde que a alma encarnou-se no corpo. chega até o ano de 529 d.C., ano em que o imperador
O papel da filosofia é fazer-nos recordar deste Justiniano mandou fechar as escolas pagãs e dispersar
conhecimento" os seus seguidores. Nesse arco de tempo, podemos
MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Filosofia. Rio de Janeiro: distinguir o momento das grandes sínteses de Platão e
Jorge Zahar Editora, 2000. p. 31. Aristóteles.
18
(REALE, Giovanni. História da Filosofia: Antiguidade e Idade d) a dialética, que não é o último estágio do ser e do
Média. São Paulo: Paulinas, 1990, p. 25-26). conhecer, permite chegar, mediante um processo
difícil, que exige esforço, às coisas em si mesmas
O autor na citação acima sinaliza a significância do (Formas).
período sistemático da filosofia antiga. No que tange à e) a dialética, último estágio do ser e do conhecer,
filosofia de Platão, assinale a alternativa CORRETA. permite chegar, mediante um processo difícil, ao
a) Platão propõe a existência das ‘essências ou formas’, conhecimento do Bem.
que estão presentes no mundo das ideias e são
modelos eternos das coisas sensíveis.
b) A filosofia de Platão salienta as essências do mundo FIL0078 - (Uel) Leia a tirinha e o texto a seguir para
sensível que são modelos para o mundo das ideias. responder à questão.
c) O pensamento de Platão não teve papel decisivo do
desenvolvimento da mística, da teologia e da filosofia
cristã.
d) As ideias de Platão têm a confiança absoluta no
poder dos sentidos e desconfiam do conhecimento
racional.
e) O pensamento filosófico de Platão tem como
finalidade a descoberta do mundo físico, declinando do
campo da metafísica.
Exercita-te primeiro, caro amigo, e aprende o que é
preciso conhecer para te iniciares na política; antes,
não. Então, primeiro precisarás adquirir virtude, tu ou
FIL0077 - (Unioeste) Segundo a conhecida alegoria da quem quer que se disponha a governar ou a
caverna, que aparece no Livro VII da República, de administrar não só a sua pessoa e seus interesses
Platão, há prisioneiros, voltados para uma parede em particulares, como a cidade e as coisas a ela
que são projetadas as sombras de objetos que eles não pertinentes. Assim, o que precisas alcançar não é o
podem ver. Esses prisioneiros representam a poder absoluto para fazeres o que bem entenderes
humanidade em seu estágio de mais baixo saber acerca contigo ou com a cidade, porém justiça e sabedoria.
PLATÃO, O primeiro Alcebíades. Trad. Carlos Alberto Nunes.
da realidade e de si mesmos: a doxa, ou “opinião”. Um
Belém: EDUFPA, 2004. p. 281-285.
desses prisioneiros é libertado à força, num processo
Com base na tirinha, no texto e nos conhecimentos
que ele quer evitar e que lhe causa dor e enormes sobre a ética e a política em Platão, assinale a
dificuldades de visão (conhecimento). alternativa correta.
Gradativamente, ele é conduzido para fora da caverna, a) A virtude individual terá fraca influência sobre o
a um estágio em que pode ver as coisas em si mesmas, governo da cidade, já que a administração da cidade
isto é, os fundamentos eternos de tudo o que, antes, independe da qualidade de seus cidadãos.
ele via somente mediante sombras. Esses fundamentos b) Justiça, sabedoria e virtude resultam da opinião do
são as Formas. Para além das Formas, brilha o Sol, que legislador sobre o que seria melhor para a cidade e
representa a Forma das Formas, o Bem, fonte essencial
para o indivíduo.
de todo ser e de todo conhecer e unicamente acessível c) O indivíduo deve possuir a virtude antes de dirigir a
mediante intuição direta. cidade, pois assim saberá bem governar e ser justo, já
que se autogoverna.
Com base nisso, responda à seguinte questão: se
d) Para se iniciar em política, primeiro é necessário o
chegamos ao conhecimento das Formas mediante a
poder absoluto para fazer o bem para a cidade e a si
dialética, que é o estabelecimento de fundamentos
próprio.
que possibilitam o conhecimento das coisas
e) Todo conflito desaparece em uma cidade se a
particulares (sombras), é CORRETO dizer: virtude fizer parte da administração, mesmo que o
a) para Platão, a dialética é o conhecimento imediato dirigente não a possua.
(doxa) dos objetos particulares.
b) o Bem é um objeto particular, que pode ser
conhecido sensivelmente, de modo imediato e indolor,
por todos os seres humanos.
c) as Formas são somente suposições teóricas, sem
realidade nelas mesmas.

19
FIL0079 - (Enem) Os andróginos tentaram escalar o céu FIL0081 - (Enem) Suponha homens numa morada
para combater os deuses. No entanto, os deuses em subterrânea, em forma de caverna, cuja entrada,
um primeiro momento pensam em matá-los de forma aberta à luz, se estende sobre todo o comprimento da
sumária. Depois decidem puni-los da forma mais cruel: fachada; eles estão lá desde a infância, as pernas e o
dividem-nos em dois. Por exemplo, é como se pescoço presos por correntes, de tal sorte que não
pegássemos um ovo cozido e, com uma linha, podem trocar de lugar e só podem olhar para frente,
dividíssemos ao meio. Desta forma, até hoje as pois os grilhões os impedem de voltar a cabeça; a luz
metades separadas buscam reunir-se. Cada um com de uma fogueira acesa ao longe, numa elevada do
saudade de sua metade, tenta juntar-se novamente a terreno, brilha por detrás deles; entre a fogueira e os
ela, abraçando-se, enlaçando-se um ao outro, prisioneiros, há um caminho ascendente; ao longo do
desejando formar um único ser. caminho, imagine um pequeno muro, semelhante aos
PLATÃO. O banquete. São Paulo: Nova Cultural, 1987. tapumes que os manipuladores de marionetes armam
entre eles e o público e sobre os quais exibem seus
No trecho da obra O banquete, Platão explicita, por prestígios.
meio de uma alegoria, o PLATÃO. A República. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian,
a) bem supremo como fim do homem. 2007.
b) prazer perene como fundamento da felicidade.
c) ideal inteligível como transcendência desejada. Essa narrativa de Platão é uma importante
d) amor como falta constituinte do ser humano. manifestação cultural do pensamento grego antigo,
e) autoconhecimento como caminho da verdade. cuja ideia central, do ponto de vista filosófico,
evidencia o(a)
a) caráter antropológico, descrevendo as origens do
homem primitivo.
b) sistema penal da época, criticando o sistema
FIL0080 - (Enem) Estamos, pois, de acordo quando, ao carcerário da sociedade ateniense.
ver algum objeto, dizemos: "Este objeto que estou c) vida cultural e artística, expressa por dramaturgos
vendo agora tem tendências para assemelhar-se a um trágicos e cômicos gregos.
outro ser, mas, por ter defeitos, não consegue ser tal d) sistema político elitista, provindo do surgimento da
como o ser em questão, e lhe é, pelo contrário, pólis e da democracia ateniense.
inferior". Assim, para podermos fazer estas reflexões, e) teoria do conhecimento, expondo a passagem do
é necessário que antes tenhamos tido ocasião de mundo ilusório para o mundo das ideias.
conhecer esse ser de que se aproxima o dito objeto,
ainda que imperfeitamente.
PLATÃO, Fédon. São Paulo: Abril Cultural, 1972. FIL0082 – (Enem)
Na epistemologia platônica, conhecer um determinado
objeto implica
a) estabelecer semelhanças entre o que é observado
em momentos distintos.
b) comparar o objeto observado com uma descrição
detalhada dele.
c) descrever corretamente as características do objeto
observado.
d) fazer correspondência entre o objeto observado e
No centro da imagem, o filósofo Platão é retratado
seu ser.
apontando para o alto. Esse gesto significa que o
e) identificar outro exemplar idêntico ao observado.
conhecimento se encontra em uma instância na qual o
homem descobre a
a) suspensão do juízo como reveladora da verdade.
b) realidade inteligível por meio do método dialético.
c) salvação da condição mortal pelo poder de Deus.
d) essência das coisas sensíveis no intelecto divino.
e) ordem intrínseca ao mundo por meio da
sensibilidade

20
FIL0083 - (Ueg) A expressão “Tudo o que é bom, belo e FIL0085 - (Enem) Mas, sendo minha intenção escrever
justo anda junto” foi escrita por um dos grandes algo de útil para quem por tal se interesse, pareceu-me
filósofos da humanidade. Ela resume muito de sua mais conveniente ir em busca da verdade extraída dos
perspectiva filosófica, sendo uma das bases da escola fatos e não à imaginação dos mesmos, pois muitos
de pensamento conhecida como conceberam repúblicas e principados jamais vistos ou
a) cartesianismo, estabelecida por Descartes, no qual conhecidos como tendo realmente existido.
se acredita que a essência precede a existência. MAQUIAVEL, N. O príncipe. Disponível em:
www.culturabrasil.pro.br. Acesso em: 4 abr. 2013.
b) estoicismo, que tem no imperador romano Marco
Aurélio um de seus grandes nomes, que pregava a
serenidade diante das tragédias. A partir do texto, é possível perceber a crítica
c) existencialismo, que tem em Sartre um de seus maquiaveliana à filosofia política de Platão, pois há
grandes nomes, para o qual a existência precede a nesta a
essência. a) elaboração de um ordenamento político com
d) platonismo, estabelecida por Platão, no qual se fundamento na bondade infinita de Deus.
entendia o mundo físico como uma imitação imperfeita b) explicitação dos acontecimentos políticos do
do mundo ideal. período clássico de forma imparcial.
c) utilização da oratória política como meio de
convencer os oponentes na ágora.
FIL0084 - (Uel) Leia o texto a seguir. d) investigação das constituições políticas de Atenas
pelo método indutivo.
Tudo isso ela [Diotima] me ensinava, quando sobre as e) idealização de um mundo político perfeito existente
questões de amor [eros] discorria, e uma vez ela me no mundo das ideias.
perguntou: – que pensas, ó Sócrates, ser o motivo desse
amor e desse desejo? A natureza mortal procura, na
medida do possível, ser sempre e ficar imortal. E ela só
pode assim, através da geração, porque sempre deixa FIL0086 - (Enem) Para Platão, o que havia de
um outro ser novo em lugar do velho; pois é nisso que verdadeiro em Parmênides era que o objeto de
se diz que cada espécie animal vive e é a mesma. É em conhecimento é um objeto de razão e não de sensação,
virtude da imortalidade que a todo ser esse zelo e esse e era preciso estabelecer uma relação entre objeto
amor acompanham. racional e objeto sensível ou material que privilegiasse
(Adaptado de: PLATÃO. O Banquete. 4.ed. São Paulo: Nova o primeiro em detrimento do segundo. Lenta, mas
Cultural, 1987, p.38-39. Coleção Os Pensadores.) irresistivelmente, a Doutrina das Ideias formava-se em
sua mente.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o amor ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São
em Platão, assinale a alternativa correta. Paulo: Odysseus, 2012 (adaptado).
a) A aspiração humana de procriação, inspirada por
Eros, restringe-se ao corpo e à busca da beleza física. O texto faz referência à relação entre razão e sensação,
b) O eros limita-se a provocar os instintos irrefletidos e um aspecto essencial da Doutrina das Ideias de Platão
vulgares, uma vez que atende à mera satisfação dos (427–346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão se
apetites sensuais. situa diante dessa relação?
c) O eros físico representa a vontade de conservação a) Estabelecendo um abismo intransponível entre as
da espécie, e o espiritual, a ânsia de eternização por duas.
obras que perdurarão na memória. b) Privilegiando os sentidos e subordinando o
d) O ser humano é idêntico e constante nas diversas conhecimento a eles.
fases da vida, por isso sua identidade iguala-se à dos c) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e
deuses. sensação são inseparáveis.
e) Os seres humanos, como criação dos deuses, d) Afirmando que a razão é capaz de gerar
seguem a lei dos seres infinitos, o que lhes permite conhecimento, mas a sensação não.
eternidade. e) Rejeitando a posição de Parmênides de que a
sensação é superior à razão.

21
FIL0087 - (Enem) Pode-se viver sem ciência, pode-se mira a vantagem comum, quer de todos, quer dos
adotar crenças sem querer justificá-las racionalmente, melhores ou daqueles que detêm o poder ou algo
pode-se desprezar as evidências empíricas. No desse gênero; de modo que, em certo sentido,
entanto, depois de Platão e Aristóteles, nenhum chamamos justos aqueles atos que tendem a produzir
homem honesto pode ignorar que uma outra atitude e a preservar, para a sociedade política, a felicidade e
intelectual foi experimentada, a de adotar crenças com os elementos que a compõem.
base em razões e evidências e questionar tudo o mais ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Cia. das Letras, 2010
(adaptado).
a fim de descobrir seu sentido último.
ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São De acordo com o texto de Aristóteles, o legislador deve
Paulo: Odysseus, 2002. agir conforme a
a) moral e a vida privada.
Platão e Aristóteles marcaram profundamente a b) virtude e os interesses públicos.
formação do pensamento Ocidental. No texto, é c) utilidade e os critérios pragmáticos.
ressaltado importante aspecto filosófico de ambos os d) lógica e os princípios metafísicos.
autores que, em linhas gerais, refere-se à e) razão e as verdades transcendentes.
a) adoção da experiência do senso comum como
critério de verdade. FIL0090 - (Enem) Dado que, dos hábitos racionais com
b) incapacidade de a razão confirmar o conhecimento os quais captamos a verdade, alguns são sempre
resultante de evidências empíricas. verdadeiros, enquanto outros admitem o falso, como a
c) pretensão de a experiência legitimar por si mesma a opinião e o cálculo, enquanto o conhecimento
verdade. científico e a intuição são sempre verdadeiros, e dado
d) defesa de que a honestidade condiciona a que nenhum outro gênero de conhecimento é mais
possibilidade de se pensar a verdade. exato que o conhecimento científico, exceto a intuição,
e) compreensão de que a verdade deve ser justificada e, por outro lado, os princípios são mais conhecidos
racionalmente. que as demonstrações, e dado que todo conhecimento
científico constitui-se de maneira argumentativa, não
FIL0088 - (Unisc) Nos livros II e III, Platão, através de pode haver conhecimento científico dos princípios, e
Sócrates, discute sobre as artes no contexto da dado que não pode haver nada mais verdadeiro que o
educação dos guardiães. Já no livro X, ele trata de conhecimento científico, exceto a intuição, a intuição
vários tipos de práticas artísticas, que devem ser deve ter por objeto os princípios.
consideradas na cidade como um todo, não somente ARISTÓTELES. Segundos analíticos. In: REALE, G. História da
nas instituições pedagógicas. Nesse último livro, filosofia antiga. São Paulo: Loyola, 1994.
Sócrates é duro ao afirmar que a poesia (imitativa)
deve ser inteiramente excluída da cidade (595a). Em Os princípios, base da epistemologia aristotélica,
que obra essa recusa de Sócrates está registrada? pertencem ao domínio do(a)
a) No diálogo “Banquete”, de Platão, em que Sócrates a) opinião, pois fazem parte da formação da pessoa.
trata dos diversos tipos de arte. b) cálculo, pois são demonstrados por argumentos.
b) No diálogo “Teeteto”, de Platão, em que Sócrates e c) conhecimento científico, pois admitem provas
esse personagem discutem sobre a natureza da arte, empíricas.
especialmente da poesia. d) intuição, pois ela é mais exata que o conhecimento
c) No diálogo “Timeu”, de Platão, em que Sócrates científico.
discorre sobre o tema da arte, reportando-se à e) prática de hábitos racionais, pois com ela se capta a
natureza da pintura e da poesia. verdade.
d) No diálogo “Político”, de Platão, em que Sócrates
apresenta a arte da política aos cidadãos atenienses. FIL0091 - (Enem) Se, pois, para as coisas que fazemos
e) No diálogo “República”, de Platão, no qual Sócrates existe um fim que desejamos por ele mesmo e tudo o
afirma que a poesia pode levar à corrupção do caráter mais é desejado no interesse desse fim; evidentemente
humano. tal fim será o bem, ou antes, o sumo bem. Mas não terá
o conhecimento, porventura, grande influência sobre
FIL0089 - (Enem) Vimos que o homem sem lei é injusto essa vida? Se assim é, esforcemo-nos por determinar,
e o respeitador da lei é justo; evidentemente todos os ainda que em linhas gerais apenas, o que seja ele e de
atos legítimos são, em certo sentido, atos justos, qual das ciências ou faculdades constitui o objeto.
porque os atos prescritos pela arte do legislador são Ninguém duvidará de que o seu estudo pertença à arte
legítimos e cada um deles é justo. Ora, nas disposições mais prestigiosa e que mais verdadeiramente se pode
que tomam sobre todos os assuntos, as leis têm em chamar a arte mestra. Ora, a política mostra ser dessa
natureza, pois é ela que determina quais as ciências
22
que devem ser estudadas num Estado, quais são as que FIL0093 - (Enem) Enquanto o pensamento de Santo
cada cidadão deve aprender, e até que ponto; e vemos Agostinho representa o desenvolvimento de uma
que até as faculdades tidas em maior apreço, como a filosofia cristã inspirada em Platão, o pensamento de
estratégia, a economia e a retórica, estão sujeitas a ela. São Tomás reabilita a filosofia de Aristóteles – até
Ora, como a política utiliza as demais ciências e, por então vista sob suspeita pela Igreja –, mostrando ser
outro lado, legisla sobre o que devemos e o que não possível desenvolver uma leitura de Aristóteles
devemos fazer, a finalidade dessa ciência deve compatível com a doutrina cristã. O aristotelismo de
abranger as das outras, de modo que essa finalidade São Tomás abriu caminho para o estudo da obra
será o bem humano. aristotélica e para a legitimação do interesse pelas
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. In: Pensadores. São Paulo: Nova ciências naturais, um dos principais motivos do
Gunman 1991 (adaptado). interesse por Aristóteles nesse período.
MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar,
Para Aristóteles, a relação entre o sumo bem e a 2005.
organização da pólis pressupõe que A Igreja Católica por muito tempo impediu a divulgação
a) o bem dos indivíduos consiste em cada um perseguir da obra de Aristóteles pelo fato de a obra aristotélica
seus interesses. a) valorizar a investigação científica, contrariando
b) o sumo bem é dado pela fé de que os deuses são os certos dogmas religiosos.
portadores da verdade. b) declarar a inexistência de Deus, colocando em
c) a política é a ciência que precede todas as demais na dúvida toda a moral religiosa.
organização da cidade. c) criticar a Igreja Católica, instigando a criação de
d) a educação visa formar a consciência de cada pessoa outras instituições religiosas.
para agir corretamente. d) evocar pensamentos de religiões orientais, minando
e) a democracia protege as atividades políticas a expansão do cristianismo.
necessárias para o bem comum. e) contribuir para o desenvolvimento de sentimentos
antirreligiosos, seguindo sua teoria política.
FIL0092 - (Enem) Ninguém delibera sobre coisas que
não podem ser de outro modo, nem sobre as que lhe é FIL0094 - (Enem) Ambos prestam serviços corporais
impossível fazer. Por conseguinte, como o para atender às necessidades da vida. A natureza faz o
conhecimento científico envolve demonstração, mas corpo do escravo e do homem livre de forma diferente.
não há demonstração de coisas cujos primeiros O escravo tem corpo forte, adaptado naturalmente ao
princípios são variáveis (pois todas elas poderiam ser trabalho servil. Já o homem livre tem corpo ereto,
diferentemente), e como é impossível deliberar sobre inadequado ao trabalho braçal, porém apto à vida do
coisas que são por necessidade, a sabedoria prática cidadão.
não pode ser ciência, nem arte: nem ciência, porque ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB, 1985.

aquilo que se pode fazer é capaz de ser O trabalho braçal é considerado, na filosofia
diferentemente, nem arte, porque o agir e o produzir aristotélica, como
são duas espécies diferentes de coisa. Resta, pois, a a) indicador da imagem do homem no estado de
alternativa de ser ela uma capacidade verdadeira e natureza.
raciocinada de agir com respeito às coisas que são boas b) condição necessária para a realização da virtude
ou más para o homem. humana.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural, 1980. c) atividade que exige força física e uso limitado da
Aristóteles considera a ética como pertencente ao racionalidade.
campo do saber prático. Nesse sentido, ela difere-se d) referencial que o homem deve seguir para viver uma
dos outros saberes porque é caracterizada como vida ativa.
a) conduta definida pela capacidade racional de e) mecanismo de aperfeiçoamento do trabalho por
escolha. meio da experiência.
b) capacidade de escolher de acordo com padrões
científicos.
c) conhecimento das coisas importantes para a vida do
homem.
d) técnica que tem como resultado a produção de boas
ações.
e) política estabelecida de acordo com padrões
democráticos de deliberação.

23
FIL0095 - (Enem) Ao falar do caráter de um homem não FIL0098 - (Enem) Pode-se viver sem ciência, pode-se
dizemos que ele é sábio ou que possui entendimento, adotar crenças sem querer justificá-las racionalmente,
mas que é calmo ou temperante. No entanto, pode-se desprezar as evidências empíricas. No
louvamos também o sábio, referindo-se ao hábito; e entanto, depois de Platão e Aristóteles, nenhum
aos hábitos dignos de louvor chamamos virtude. homem honesto pode ignorar que uma outra atitude
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Nova CuIturaI, 1973. intelectual foi experimentada, a de adotar crenças com
base em razões e evidências e questionar tudo o mais
Em Aristóteles, o conceito de virtude ética expressa a a fim de descobrir seu sentido último.
a) excelência de atividades praticadas em consonância ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo:
com o bem comum. Odysseus, 2002.
b) concretização utilitária de ações que revelam a
manifestação de propósitos privados. Platão e Aristóteles marcaram profundamente a
c) concordância das ações humanas aos preceitos formação do pensamento Ocidental. No texto, é
emanados da divindade. ressaltado importante aspecto filosófico de ambos os
d) realização de ações que permitem a configuração da autores que, em linhas gerais, refere-se à
paz interior. a) adoção da experiência do senso comum como
e) manifestação de ações estéticas, coroadas de critério de verdade.
adorno e beleza. b) incapacidade de a razão confirmar o conhecimento
resultante de evidências empíricas.
FIL0096 - (Enem) A felicidade é portanto, a melhor, a c) pretensão de a experiência legitimar por si mesma a
mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses verdade.
atributos não devem estar separados como na d) defesa de que a honestidade condiciona a
inscrição existente em Delfos “das coisas, a mais nobre possibilidade de se pensar a verdade.
é a mais justa, e a melhor é a saúde; porém a mais doce e) compreensão de que a verdade deve ser justificada
é ter o que amamos”. Todos estes atributos estão racionalmente.
presentes nas mais excelentes atividades, e entre essas
a melhor, nós a identificamos como felicidade. FIL0099 - (Enem) Quanto à deliberação, deliberam as
ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Cia. das Letras, 2010. pessoas sobre tudo? São todas as coisas objetos de
Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais possíveis deliberações? Ou será a deliberação
excelentes atributos, Aristóteles a identifica como impossível no que tange a algumas coisas? Ninguém
a) busca por bens materiais e títulos de nobreza. delibera sobre coisas eternas e imutáveis, tais como a
b) plenitude espiritual a ascese pessoal. ordem do universo; tampouco sobre coisas mutáveis,
c) finalidade das ações e condutas humanas. como os fenômenos dos solstícios e o nascer do sol,
d) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas. pois nenhuma delas pode ser produzida por nossa
e) expressão do sucesso individual e reconhecimento ação.
público. ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Edipro, 2007. (adaptado).
O conceito de deliberação tratado por Aristóteles é
FIL0097 - (Enem) O termo injusto se aplica tanto às importante para entender a dimensão da
pessoas que infringem a lei quanto às pessoas responsabilidade humana. A partir do texto, considera-
ambiciosas (no sentido de quererem mais do que se que é possível ao homem deliberar sobre
aquilo a que têm direito) e iníquas, de tal forma que as a) coisas imagináveis, já que ele não tem controle sobre
cumpridoras da lei e as pessoas corretas serão justas. os acontecimentos da natureza.
O justo, então, é aquilo conforme à lei e o injusto é o b) ações humanas, ciente da influência e da
ilegal e iníquo. determinação dos astros sobre as mesmas.
ARISTÓTELES. Ética à Nicômaco. São Paulo: Nova Cultural: 1996 c) fatos atingíveis pela ação humana, desde que
(adaptado).
estejam sob seu controle.
Segundo Aristóteles, pode-se reconhecer uma ação d) fatos e ações mutáveis da natureza, já que ele é
justa quando ela observa o parte dela.
a) compromisso com os movimentos desvinculados da e) coisas eternas, já que ele é por essência um ser
legalidade. religioso.
b) benefício para o maior número possível de
indivíduos.
c) interesse para a classe social do agente da ação.
d) fundamento na categoria de progresso histórico.
e) princípio de dar a cada um o que lhe é devido.

24
FIL0100 - (Uel) Leia o texto a seguir. FIL0102 - (Uece) Se na Ética a Nicômaco Aristóteles visa
[...] a arte imita a natureza [. . . ] Em geral a arte perfaz encaminhar o indivíduo à felicidade, na Política ele tem
certas coisas que a natureza é incapaz de elaborar e a por finalidade alcançar o bem comum, o bem viver. Por
imita. Assim, se as coisas que são conforme a arte são isso, ele compreende que a origem da polis está na
em vistas de algo, evidentemente também o são as necessidade natural do homem em buscar a felicidade.
coisas conforme à natureza. A comunidade natural mais incipiente é a família, na
ARISTÓTELES, Física I e II. 194 a20; 199 a13-18. Tradução adaptada qual seus membros se unem para facilitar as atividades
de Lucas Angioni. Campinas: IFCH/UNICAMP, 1999. p.47; 58.
básicas de sobrevivência. E várias famílias se ligam para
Com base no texto e nos conhecimentos sobre mímesis formar a aldeia. E as aldeias se juntam para instituir a
(imitação) em Aristóteles, assinale a alternativa polis.
correta. Sobre isso, é correto afirmar que
a) O artista deve copiar a natureza, retirando suas a) o homem não é naturalmente um animal político,
imperfeições ao imitá-la com base no modelo que mas é, por natureza, um membro da família.
nunca muda. b) a polis não é uma noção artificial, mas natural, pois
b) O procedimento do artista resulta em imitar a é o lugar do homem desenvolver as suas
natureza de maneira realista, típica do naturalismo potencialidades em vista ao bem-viver.
grego. c) a felicidade do homem está nas condições que
c) A arte, distinta da natureza, produz imitações desta, permitem sua sobrevivência no âmbito da família.
mas são criações sem finalidade ou utilidade. d) a polis se constitui independente das famílias e das
d) A arte completa a natureza por ser a capacidade aldeias, pois é a única comunidade natural a que o
humana para criar e produzir o que a natureza não homem pertence.
produz.
e) A arte produz o prazer em vista de um fim, e a
natureza gera em vista do que é útil. FIL0103 - (Uece) Leia atentamente a seguinte
passagem:
“A experiência parece um pouco semelhante à ciência
FIL0101 - (Uece) “Chamo de princípio de demonstração (epistéme) e à arte (tékhne). Com efeito, os homens
às convicções comuns das quais todos partem para adquirem ciência e arte por meio da experiência. A
demonstrar: por exemplo, que todas as coisas devem experiência, como diz Polo, produz a arte, enquanto a
ser afirmadas ou negadas e que é impossível ser e não inexperiência produz o puro acaso. A arte se produz
ser ao mesmo tempo.” quando, de muitas observações da experiência, forma-
ARISTÓTELES. Metafísica, 996b27-30.
se um juízo geral e único passível de ser referido a
todos os casos semelhantes” (Aristóteles, Metafísica,
Em sua Metafísica, Aristóteles apresenta um conjunto
981a5).
de princípios lógico-metafísicos que ordenam a
realidade e nosso conhecimento acerca dela. Dentre
Com base no texto acima, considere as seguintes
eles está o princípio de não contradição, o qual
afirmações:
a) indica que afirmações contraditórias são lógica e
metafisicamente aceitáveis, pois a contradição faz
I. Somente a ciência é conhecimento universal, cujos
parte da realidade.
juízos gerais se aplicam a todos os casos semelhantes.
b) estabelece que é possível que as coisas que tenham
II. A tékhne é uma forma de conhecimento universal,
tais e tais características não as tenham ao mesmo
pois, com base nas experiências, se forma um juízo
tempo sob as mesmas circunstâncias.
geral.
c) afirma que é impossível que as coisas que tenham
III. Por ser semelhante à experiência, a tékhne não
tais e tais características não as tenham ao mesmo
constitui um conhecimento universal.
tempo sob as mesmas circunstâncias.
IV. A experiência é pressuposto dos conhecimentos
d) é normativo, ou moral; portanto, deve ser rejeitado
universais (tékhné e epistéme), mas não é ainda um
como antimetafísico, ou seja, não caracteriza a
conhecimento universal.
realidade.
É correto somente o que se afirma em
a) I e IV.
b) II e III.
c) I e III.
d) II e IV.

25
FIL0104 - (Upe) excede a quantidade necessária de indivíduos para
realizar uma vida autossuficiente comum a todos. Fica,
assim, determinada a questão relativa à grandeza da
cidade.
(ARISTÓTELES, Política 1326b6-25 Edição bilíngue. Tradução e
notas de António C. Amaral e Carlos C. Gomes. Lisboa: Vega, 1998.
p. 495- 499.)

Com base no texto e considerando o papel da cidade-


estado (pólis) no pensamento ético-político de
Aristóteles, assinale a alternativa correta.
a) As dimensões da pólis determinam a qualidade de
Leia o texto a seguir sobre a Filosofia e a Consciência seu governo: quanto mais cidadãos, maior e melhor
Moral. será a sua participação política.
Na ética aristotélica, a sabedoria e a prudência, nossas b) A pólis não é natural, por isso é importante organizá-
virtudes intelectivas, formam a diferença específica do la bem em tamanho e quantidade de cidadãos para que
ser humano, tornando-o uma espécie distinta de todas a sociedade seja autossuficiente.
as outras. Então, no homem, a physis deu um c) O ser humano, por ser autossuficiente, pode
fantástico salto qualitativo quando produziu o prescindir da pólis, pois o bem viver depende mais do
intelecto, que é teórico (sabedoria) e, ao mesmo indivíduo que da sociedade.
tempo, prático (prudência); através dessas duas d) A pólis realiza a própria obra quando possui um
energias, o homem busca as razões profundas da número suficiente de cidadãos que possibilite o bem
existência e administra a vida quotidiana. viver.
(PEGORARO, Olinto. Ética dos maiores mestres através da história. e) O ser humano, como animal político, tende a
Petrópolis: Vozes, 2006, p. 49.). realizar-se na pólis, mesmo que esta possua
quantidade excessiva de cidadãos.
Com relação a esse assunto, analise os itens a seguir:
FIL0106 - (Ufu) "O filósofo natural e o dialético darão
I. A prudência tem o poder de discernir e ponderar as definições diferentes para cada uma dessas afecções.
ações do ser humano. Por exemplo, no caso da pergunta "O que é a raiva?", o
II. O intelecto tem a potencialidade de penetrar na dialético dirá que se trata de um desejo de vingança,
essência das coisas. ou algo deste tipo; o filósofo natural dirá que se trata
III. A prudência dá o norte de toda a prática ética. O de um aquecimento do sangue ou de fluidos quentes
papel do homem prudente é o alcance do seu bem do coração. Um explica segundo a matéria, o outro,
possível diante do excesso ou da escassez. segundo a forma e a definição. A definição é o "o que
IV. A prudência ou sabedoria prática induz à decisão do é" da coisa, mas, para existir, esta precisa da matéria."
que seja o mal e o bem, do injusto e do justo no âmbito Aristóteles. Sobre a alma, I,1 403a 25-32. Lisboa: Imprensa
da vida cotidiana. Nacional-Casa da Moeda, 2010.
Considerando-se o trecho acima, extraído da obra
Estão CORRETOS Sobre a Alma, de Aristóteles (384-322 a.C.), assinale a
a) apenas I, II e III. alternativa que nomeia corretamente a doutrina
b) apenas II e III. aristotélica em questão.
c) apenas III e IV. a) Teoria das categorias.
d) apenas I e III. b) Teoria do ato-potência.
e) I, II, III e IV. c) Teoria das causas.
d) Teoria do eudaimonismo
FIL0105 - (Uel) Leia o texto a seguir.
Alguns julgam que a grandeza de uma cidade depende FIL0107 - (Upe) Leia o texto a seguir sobre o Estado
do número dos seus habitantes, quando o que importa Democrático.
é prestar atenção à capacidade, mais do que ao Para Aristóteles, o motivo pelo qual nasce o Estado é o
número de habitantes, visto que uma cidade tem uma de tornar possível a vida e também uma vida feliz. De
obra a realizar. [...] A cidade melhor é, fato, a meta final da vida humana é a felicidade. Por
necessariamente, aquela em que existe uma isso, a razão de ser do Estado é facilitar o acesso a essa
quantidade de população suficiente para viver bem meta.
numa comunidade política. [...] resulta evidente, pois, MONDIN, B. O homem, quem é ele? São Paulo: Edições Paulinas,
1980, p. 157.
que o limite populacional perfeito é aquele que não
26
FIL0110 - (Uel) Leia o texto a seguir.
Na citação acima, o autor faz uma reflexão filosófica
sobre a dimensão do Estado, afirmando que É pois manifesto que a ciência a adquirir é a das causas
a) o Estado é a felicidade da vida humana, e a razão tem primeiras (pois dizemos que conhecemos cada coisa
valor secundário nessa meta. somente quando julgamos conhecer a sua primeira
b) a meta final da vida humana é a felicidade, e o causa); ora, causa diz-se em quatro sentidos: no
sentido do Estado é obstar o acesso a essa meta. primeiro, entendemos por causa a substância e a
c) o Estado tem significância na meta da felicidade, e a essência (o “porquê” reconduz-se pois à noção última,
vida humana é, por natureza, social. e o primeiro “porquê” é causa e princípio); a segunda
d) na esfera do Estado, a questão democrática é causa é a matéria e o sujeito; a terceira é a de onde vem
prescindível. o início do movimento; a quarta causa, que se opõe à
e) a democracia é condição secundária na razão de ser precedente, é o “fim para que” e o bem (porque este é,
do Estado. com efeito, o fim de toda a geração e movimento).
Adaptado de: ARISTÓTELES. Metafísica. Trad. De Vincenzo Cocco.
São Paulo: Abril S. A. Cultural, 1984. p.16. (Coleção Os
Pensadores.)
FIL0108 - (Upe) Sobre o problema político e social,
atente ao texto a seguir:
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema,
O homem verdadeiramente político também goza a
assinale a alternativa que indica, corretamente, a
reputação de haver estudado a virtude acima de todas
ordem em que Aristóteles apresentou as causas
as coisas, pois que ele deseja fazer com que os seus
primeiras.
concidadãos sejam bons e obedientes às leis. Mas a
a) Causa final, causa eficiente, causa material e causa
virtude que devemos estudar é, fora de qualquer
formal.
dúvida, a virtude humana; porque humano era o bem
b) Causa formal, causa material, causa final e causa
e humana a felicidade que buscávamos.
Aristóteles. Ética a Nicômaco. São Paulo, 1973, p. 263.
eficiente.
c) Causa formal, causa material, causa eficiente e causa
Na citação acima, Aristóteles retrata que final.
a) a virtude humana é a busca da felicidade e não diz d) Causa material, causa formal, causa eficiente e causa
respeito à dimensão política que é da esfera do social. final.
b) o verdadeiro homem prudente no âmbito político e) Causa material, causa formal, causa final e causa
busca e faz uso do equilíbrio da vida pessoal e social. eficiente.
c) os cidadãos são bons e obedientes às leis, isto é,
declinam do valor da virtude humana.
d) o homem verdadeiramente político deve buscar o FIL0111 - (Enem) A quem não basta pouco, nada basta.
EPICURO. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1985.
bem e a felicidade na esfera individual.
Remanescente do período helenístico, a máxima
e) a virtude humana é um projeto individual e
apresentada valoriza a seguinte virtude:
indiferente no âmbito da convivência político-social.
a) Esperança, tida como confiança no porvir.
b) Justiça, interpretada como retidão de caráter.
FIL0109 - (Unisc) Aristóteles, na obra Etica a Nicômaco,
c) Temperança, marcada pelo domínio da vontade.
procura o fim último de todas as atividades humanas,
d) Coragem, definida como fortitude na dificuldade.
uma vez que tudo o que fazemos visa alcançar um bem,
e) Prudência, caracterizada pelo correto uso da razão.
ou o que nos parece ser um bem. Pergunta-se, então,
pelo “sumo bem”, aquele que em si mesmo é um fim,
e não um meio para o que quer que seja. Para
Aristóteles, na Ética a Nicômaco, o sumo bem está
a) na honra.
b) na riqueza.
c) na fama.
d) na vida feliz.
e) na lealdade.

27
FIL0112 - (Enem) XI. Jamais, a respeito de coisa alguma, No fragmento da obra filosófica de Epicuro, o homem
digas: “Eu a perdi”, mas sim: “eu a restituí”. O filho tem como fim
morreu? Foi restituído. A mulher morreu? Foi a) alcançar o prazer moderado e a felicidade.
restituída. “A propriedade me foi subtraída”, então b) valorizar os deveres e as obrigações sociais.
também foi restituída. “Mas quem a subtraiu é mau”. c) aceitar o sofrimento e o rigorismo da vida com
O que te importa por meio de quem aquele que te dá resignação.
a pede de volta? Na medida em que ele der, faz uso do d) refletir sobre os valores e as normas dadas pela
mesmo modo de quem cuida das coisas de outrem. Do divindade.
mesmo modo como fazem os que se instalam em uma e) defender a indiferença e a impossibilidade de se
hospedaria. atingir o saber.
EPICTETO. Encheirídion. In: DINUCCI, A. Introdução ao Manual de
Epicteto. São Cristóvão: UFS, 2012 (adaptado). FIL0115 - (Unisc) Nas suas Meditações, o filósofo
estoico Marco Aurélio escreveu:
A característica do estoicismo presente nessa citação “Na vida de um homem, sua duração é um ponto, sua
do filósofo grego Epicteto é essência, um fluxo, seus sentidos, um turbilhão, todo o
a) explicar o mundo com números. seu corpo, algo pronto a apodrecer, sua alma,
b) identificar a felicidade com o prazer. inquietude, seu destino, obscuro, e sua fama, duvidosa.
c) aceitar os sofrimentos com serenidade. Em resumo, tudo o que é relativo ao corpo é como o
d) questionar o saber científico com veemência. fluxo de um rio, e, quanto á alma, sonhos e fluidos, a
e) considerar as convenções sociais com desprezo. vida é uma luta, uma breve estadia numa terra
estranha, e a reputação, esquecimento. O que pode,
portanto, ter o poder de guiar nossos passos? Somente
FIL0113 - (Enem) Pirro afirmava que nada é nobre nem uma única coisa: a Filosofia. Ela consiste em abster-nos
vergonhoso, justo ou injusto; e que, da mesma de contrariar e ofender o espírito divino que habita em
maneira, nada existe do ponto de vista da verdade; que nós, em transcender o prazer e a dor, não fazer nada
os homens agem apenas segundo a lei e o costume, sem propósito, evitar a falsidade e a dissimulação, não
nada sendo mais isto do que aquilo. Ele levou uma vida depender das ações dos outros, aceitar o que acontece,
de acordo com esta doutrina, nada procurando evitar pois tudo provém de uma mesma fonte e, sobretudo,
e não se desviando do que quer que fosse, suportando aguardar a morte com calma e resignação, pois ela
tudo, carroças, por exemplo, precipícios, cães, nada nada mais é que a dissolução dos elementos pelos quais
deixando ao arbítrio dos sentidos. são formados todos os seres vivos. Se não há nada de
LAÉRCIO, D. Vidas e sentenças dos filósofos ilustres. Brasília:
Editora UnB, 1988. terrível para esses elementos em sua contínua
transformação, por que, então, temer as mudanças e a
O ceticismo, conforme sugerido no texto, caracteriza- dissolução do todo?”
se por: Considere as seguintes afirmativas sobre esse texto:
a) Desprezar quaisquer convenções e obrigações da
sociedade. I. Marco Aurélio nos diz que a morte é um grande mal.
b) Atingir o verdadeiro prazer como o princípio e o fim II. Segundo Marco Aurélio, devemos buscar a fama, a
da vida feliz. riqueza e o prazer.
c) Defender a indiferença e a impossibilidade de obter III. Segundo Marco Aurélio, conseguindo fama,
alguma certeza. podemos transcender a finitude da vida humana.
d) Aceitar o determinismo e ocupar-se com a IV. Para Marco Aurélio, a filosofia é valiosa porque nos
esperança transcendente. permite compreender que a morte é parte de um
e) Agir de forma virtuosa e sábia a fim de enaltecer o processo da natureza e assim evita que nos
homem bom e belo. angustiemos por ela.
V. Para Marco Aurélio, só a fé em Deus e em Cristo
FIL0114 - (Enem) Alguns dos desejos são naturais e pode libertar o homem do temor da morte.
necessários; outros, naturais e não necessários; outros, VI. Para Marco Aurélio, o homem participa de uma
nem naturais nem necessários, mas nascidos de vã realidade divina.
opinião. Os desejos que não nos trazem dor se não Assinale a alternativa correta.
satisfeitos não são necessários, mas o seu impulso a) Somente as afirmativas I e V estão corretas.
pode ser facilmente desfeito, quando é difícil obter sua b) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas.
satisfação ou parecem geradores de dano. c) Somente as afirmativas IV e VI estão corretas.
EPICURO DE SAMOS. “Doutrinas principais”. In: SANSON, V. F. d) Todas as afirmativas estão corretas.
Textos de filosofia. Rio de Janeiro: Eduff, 1974. e) Somente a afirmativa IV está correta.
28
FIL0116 - (Ufsj) Sobre a ética na Antiguidade, é FIL0119 - (Ueg) Em meados do século IV a.C., Alexandre
CORRETO afirmar que Magno assumiu o trono da Macedônia e iniciou uma
a) o ideal ético perseguido pelo estoicismo era um série de conquistas e, a partir daí, construiu um vasto
estado de plena serenidade para lidar com os império que incluía, entre outros territórios, a Grécia.
sobressaltos da existência. Essa dominação só teve fim com o desenvolvimento de
b) os sofistas afirmavam a normatização e verdades outro império, o romano. Esse período ficou conhecido
universalmente válidas. como helenístico e representou uma transformação
c) Platão, na direção socrática, defendeu a necessidade radical na cultura grega. Nessa época, um pensador
de purificação da alma para se alcançar a ideia de bem. nascido em Élis, chamado Pirro, defendia os
d) Sócrates repercutiu a ideia de uma ética intimista fundamentos do ceticismo. Ele fundou uma escola
voltada para o bem individual, que, ao ser exercida, se filosófica que pregava a ideia de que:
espargiria por todos os homens. a) seria impossível conhecer a verdade.
b) seria inadmissível permanecer na mera opinião.
FIL0117 - (Ufsj) Sobre o ceticismo, é CORRETO afirmar c) os princípios morais devem ser inferidos da natureza.
que d) os princípios morais devem basear-se na busca pelo
a) os céticos buscaram uma mediação entre “o ser” e o prazer.
“poder-ser”.
b) o ceticismo relativo tem no subjetivismo e no
relativismo doutrinas manifestamente apoiadas em FIL0120 - (Uff)
seu princípio maior: toda interatividade possível. O mundo me condena, e ninguém tem pena
c) Protágoras (séc. V a.C.), relativista, afirmou que “o Falando sempre mal do meu nome
Homem só entende a natureza porque o conhecimento Deixando de saber se eu vou morrer de sede
emana dela e nela se instala”. Ou se vou morrer de fome
d) Górgias (485-380 a.C.) e Pirro (365-275 a.C.) são Mas a filosofia hoje me auxilia
apontados como possíveis fundadores do ceticismo A viver indiferente assim
absoluto. Nesta prontidão sem fim
Vou fingindo que sou rico
Pra ninguém zombar de mim
FIL0118 - (Uenp) Julgue as afirmações sobre a filosofia Não me incomodo que você me diga
helenista. Que a sociedade é minha inimiga
I. É o último período da filosofia antiga, quando a polis Pois cantando neste mundo
grega desaparece em razão de invasões sucessivas, por Vivo escravo do meu samba, muito embora vagabundo
persas e romanos, sendo substituída pela cosmopolis, Quanto a você da aristocracia
categoria de referência que altera a percepção de Que tem dinheiro, mas não compra alegria
mundo do grego, principalmente no tocante à Há de viver eternamente sendo escrava dessa gente
dimensão política. Que cultiva hipocrisia.
II. É um período constituído por grandes sistemas e
doutrinas que apresentam explicações totalizantes da
natureza, do homem, concentrando suas especulações
no campo da filosofia prática, principalmente da ética.
III. Surgem nesse período a filosofia estoica, o
epicurismo, o ceticismo e o neoplatonismo.

Estão corretas as afirmativas:


a) Todas elas.
b) Apenas I e II.
c) Apenas III.
d) Apenas II e III.
e) Apenas I.

29
Assinale a sentença do filósofo grego Epicuro cujo FIL0496 - (Enem) TEXTO I
significado é o mais próximo da letra da canção Olhamos o homem alheio às atividades
“Filosofia”, composta em 1933 por Noel Rosa, em públicas não como alguém que cuida apenas de seus
parceria com André Filho. próprios interesses, mas como um inútil; nós, cidadão
a) É verdadeiro tanto o que vemos com os olhos como atenienses, decidimos as questões públicas por nós
aquilo que apreendemos pela intuição mental. mesmos na crença de que não é o debate que é
b) Para sermos felizes, o essencial é o que se passa em empecilho à ação, e sim o fato de não se estar
nosso interior, pois é deste que nós somos donos. esclarecido pelo debate antes de chegar a hora da
c) Para se explicar os fenômenos naturais, não se deve ação.
recorrer nunca à divindade, mas se deve deixá-la livre TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. Brasília: UnB, 1987
de todo encargo, em sua completa felicidade. (adaptado).
d) As leis existem para os sábios, não para impedir que
cometam injustiças, mas para impedir que as sofram. TEXTO II
e) A natureza é a mesma para todos os seres, por isso Um cidadão integral pode ser definido por
ela não fez os seres humanos nobres ou ignóbeis, e, sim nada mais nada menos que pelo direito de administrar
suas ações e intenções. justiça e exercer funções públicas; algumas destas,
todavia, são limitadas quanto ao tempo de exercício,
FIL0121 - (Uenp) Sobre as escolas éticas do período de tal modo que não podem de forma alguma ser
helenístico, da antiguidade clássica da Filosofia Grega, exercidas duas vezes pela mesma pessoa, ou somente
associe a primeira com a segunda coluna e assinale e podem sê-lo depois de certos intervalos de tempo
alternativa correta. prefixados.
ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB, 1985.

Comparando os textos I e II, tanto para Tucídides (no


A - É uma moral hedonista. O fim século V a.C.) quanto para Aristóteles (no século IV
supremo da vida é o prazer a.C.), a cidadania era definida pelo(a)
sensível; o critério único de a) prestígio social.
b) acúmulo de riqueza.
moralidade é o sentimento. Os
c) participação política.
prazeres estéticos e intelectuais
d) local de nascimento.
I.epicurismo são como os mais altos prazeres. e) grupo de parentesco.
II. B - Visa sempre um fim último
FIL0497 - (Enem) Vemos que toda cidade é uma
estoicismo ético-ascético, sem qualquer
espécie de comunidade, e toda comunidade se forma
metafísica, mesmo negativa.
III. ceticismo com vistas a algum bem, pois todas as ações de todos
C - Se nada é verdadeiro, tudo vale os homens são praticadas com vistas ao que lhe parece
IV. ecletismo um bem; se todas as comunidades visam algum bem, é
unicamente.
evidente que a mais importante de todas elas e que
D - A paixão é sempre inclui todas as outras tem mais que todas este objetivo
substancialmente má, pois é e visa ao mais importante de todos os bens.
movimento irracional, morbo e ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB,1988.
vício da alma.
No fragmento, Aristóteles promove uma reflexão que
associa dois elementos essenciais à discussão sobre a
vida em comunidade, a saber:
a) Ética e política, pois conduzem à eudaimonia.
a) I – A, II – B, III – C, IV – D b) Retórica e linguagem, pois cuidam dos discursos na
b) I – A, II – B, III – D, IV – C ágora.
c) I – A, II – D, III – C, IV – B c) Metafísica e ontologia, pois tratam da filosofia
d) I – A, II – D, III – B, IV – C primeira.
e) I – D, II – A, III – B, IV – C d) Democracia e sociedade, pois se referem a relações
sociais.
e) Geração e corrupção, pois abarcam o campo da
physis.

30
FIL0498 - (Enem) Na Grécia, o conceito de povo FIL0523 - (Enem) Os verdadeiros filósofos, tomados
abrange tão somente aqueles indivíduos considerados senhores da cidade, sejam eles muitos ou um só,
cidadãos. Assim é possível perceber que o conceito de desprezam as honras como as de hoje, por julgá-las
povo era muito restritivo. Mesmo tendo isso em conta, indignas de um homem livre e sem valor algum, mas,
a forma democrática vivenciada e experimentada pelos ao contrário, têm em alta conta a retidão e as honras
gregos atenienses nos séculos IV e V a.C. pode ser que dela decorrem e, julgando a justiça como algo
caracterizada, fundamentalmente, como direta. muito importante e necessário, pondo-se a serviço dela
MANDUCO, A. Ciência política. São Paulo: Saraiva. 2011. e fazendo-a crescer, administram sua cidade.
PLATÃO. A República. São Paulo: Martins Fontes, 2006 (adaptado).
Naquele contexto, a emergência do sistema de
governo mencionado no excerto promoveu o(a) No contexto da filosofia platônica, o texto expressa
a) competição para a escolha de representantes. uma perspectiva aristocrática acerca do exercício do
b) campanha pela revitalização das oligarquias. poder, uma vez que este é legitimado pelo(a)
c) estabelecimento de mandatos temporários. a) prática da virtude.
d) declínio da sociedade civil organizada. b) consenso da elite.
e) participação no exercício do poder. c) decisão da maioria.
d) riqueza do indivíduo.
e) pertencimento de sangue.
FIL0499 - (Enem) Sócrates: “Quem não sabe o que uma
coisa é, como poderia saber de que tipo de coisa ela é? FIL0524 - (Ufpr) No diálogo Hípias Maior, de Platão,
Ou te parece ser possível alguém que não conhece Sócrates declara: “Recentemente, alguém me pôs em
absolutamente quem é Mênon, esse alguém saber se grande apuro, numa discussão em que eu rejeitava
ele é belo, se é rico e ainda se é nobre? Parece-te ser determinadas coisas como feias e elogiava outras por
isso possível? Assim, Mênon, que coisa afirmas ser a serem belas, havendo me perguntado em tom
virtude?”. sarcástico, o interlocutor: qual é o critério, Sócrates,
PLATÃO. Mênon. Rio de Janeiro: PUC-Rio; São Paulo: Loyola, 2001 para reconheceres o que é belo e o que é feio?
(adaptado). Vejamos, poderás dizer-me o que seja o belo?”.
A atitude apresentada na interlocução do filósofo com Considerando a passagem acima e a obra de que foi
Mênon é um exemplo da utilização do(a) extraída, é correto afirmar que, de acordo com
a) escrita epistolar. Sócrates:
b) método dialético. a) só é possível dizer o que é o belo depois de se ter
c) linguagem trágica. identificado determinadas coisas como belas.
d) explicação fisicalista. b) a dificuldade se coloca para os juízos sobre a beleza,
e) suspensão judicativa. mas não para os juízos de verdade, tais como “isto é
uma mesa”.
c) para identificar algo como belo, é preciso antes
FIL0522 - (Enem) (Adaptada) A maior parte dos conhecer o que é o belo.
primeiros filósofos considerava como os únicos d) o critério para distinguir entre o belo e o feio varia
princípios de todas as coisas os que são da natureza da segundo as pessoas.
matéria. Aquilo de que todos os seres são constituídos, e) não há distinção entre o belo e as coisas belas.
e de que primeiro são gerados e em que por fim se
dissolvem. Pois deve haver uma natureza qualquer, ou
mais do que uma, donde as outras coisas se
engendram, mas continuando ela a mesma.
ARISTÓTELES. Metafísica. São Paulo: Abril Cultural, 1973.

O texto aristotélico, ao recorrer à cosmologia dos pré-


socráticos, salienta a preocupação desses filósofos com
a
a) mutação ontológica dos entes.
b) alteração estética das condutas.
c) transformação progressiva da ascese.
d) sistematização crítica do conhecimento.
e) modificação imediata da espiritualidade.

31
FIL0528 - (Unesp) – É nesse ponto que eu estabeleço a FIL0534 - (Unesp) Não é fácil vencer uma discussão.
distinção: para um lado os que ainda agora referiste – Especialmente em um contexto inflamado, em que as
amadores de espetáculos, amigos das artes e homens opiniões se polarizam, notícias falsas se proliferam,
de ação – e para outro aqueles de quem estamos a debatedores recorrem a ofensas e sarcasmo e festas de
tratar, os únicos que com razão podem chamar-se fim de ano criam ambientes propícios para a briga.
filósofos. Uma boa discussão, ao contrário do que a maior parte
– Que queres dizer? das pessoas pensa, não serve para a disputa – e, sim,
– Os amadores de audições e de espetáculos para a construção do conhecimento. Nesse sentido,
encantam-se com as belas vozes, cores e formas e saber sustentar uma boa argumentação é
todas as obras feitas com tais elementos, embora o seu fundamental.
espírito seja incapaz de discernir e de amar a natureza (Beatriz Montesanti e Tatiana Dias. “Por que ‘opinião não é
do belo em si. argumento’, segundo este professor de lógica da Unicamp”.
www.nexojornal.com.br, 28.02.2018.)
(Platão. A República, 2017. Adaptado.)
No excerto, Platão direciona aos artistas uma crítica
que é fundamentada O excerto explicita a relevância de uma área da filosofia
a) na associação das artes com o conhecimento que contribui para o desenvolvimento de boas
mitológico. discussões, qual seja,
b) na impossibilidade de representação justa das a) a lógica e a investigação da estrutura do pensamento
ideias. humano.
c) na necessidade de as artes terem um conteúdo b) a estética e a investigação do uso de imagens ao
verossímil. longo da história.
d) no grande alcance popular atingido pelas peças c) a metafísica e o entendimento das qualidades do ser.
artísticas. d) a ética e a compreensão dos modos de agir
e) no fato de os espetáculos serem parâmetros individual.
pedagógicos. e) a epistemologia e a verificação da natureza do
conhecimento.

FIL0529 - (Unesp) A filosofia, além do privilégio FIL0540 - (Uece) “A teologia, para mim, é uma
histórico de ter sido a primeira tentativa de grandeza cultural na história da cultura do Ocidente.
compreensão do mito, tem consciência, desde a sua Creio que é uma grandeza constitutiva da tradição,
origem, do seu parentesco com ele. A filosofia, se não sobretudo, filosófica: o termo ‘teologia’ nasceu da
é filha, é, pelo menos, irmã mais nova do mito e filosofia, é um termo criado por Platão. [...] Quando a
estabeleceu desde o seu berço uma fascinante relação filosofia ultrapassa o domínio daquilo que, de alguma
de amizade e confronto com esse irmão mais velho. O maneira, é diretamente acessível à experiência e
alvorecer da filosofia na tradição ocidental mistura as controlado por ela, entra neste domínio que Platão
suas luzes e sombras com as do mito que a precedeu chama de ‘suprassensível’, inteligível, ou como quer
na odisseia da humanidade. que seja. Este é, para mim, um domínio no qual o
(Marcelo Perine. “Mito e filosofia”. In: Philosophos, 2002. problema teológico se apresenta inevitavelmente,
Adaptado.) porque se apresenta o problema da ordem das
realidades e toda ordem supõe um princípio
A relação apresentada no texto expressa uma ordenador, tornando-se então, de alguma maneira,
passagem transformadora na filosofia referente à uma teologia.”
a) organização da pólis. VAZ, Henrique Claudio de Lima. Filosofia e forma da ação.
b) reflexão sobre a ética. Entrevista a Cadernos de filosofia alemã, 2, p. 77-102, 1997.
c) expansão do território grego.
d) valorização das figuras divinas. Na passagem acima citada, o filósofo brasileiro H. C. de
e) racionalização da natureza. Lima Vaz (1921-2002) apresenta uma interpretação do
pensamento filosófico como uma teologia. Recorrendo
à filosofia de Platão para explicar essa sua
interpretação, ele termina por nos oferecer uma
interpretação da própria teoria platônica das ideias,
que seria uma espécie de teologia, porque
a) mostra como os deuses gregos não são corpóreos,
mas espirituais.
b) é a base da posterior teologia revelada dos pais da
Igreja cristã.
32
c) apresenta os princípios inteligíveis ordenadores da FIL0543 - (Uece) “Como as pessoas que infringem as
realidade natural e ética. leis parecem injustas e as cumpridoras da lei parecem
d) afirma que não existe realidade sensível, mas apenas justas, evidentemente todos os atos conforme à lei são
a suprassensível. justos no sentido de as leis visarem ao interesse
comum a todas as pessoas, de tal forma que chamamos
FIL0541 - (Uece) “Começando por Homero, todos os justos os atos que tendem a produzir e preservar a
poetas são imitadores da imagem da virtude e dos felicidade para a comunidade política; e a lei determina
restantes assuntos sobre os quais compõem, mas não igualmente que ajamos como homens corajosos, como
atingem a verdade. O poeta, por meio de palavras e homens moderados, como homens amáveis e assim
frases, sabe colorir devidamente cada uma das por diante em relação às outras formas de virtudes,
atividades técnicas, sem entender nada delas, sabendo impondo a prática de certos atos e proibindo outros.”
apenas imitá-las.” ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco, 1129b. Trad. bras. Mario da
PLATÃO. República, 600e-601a. – 9 ed.Trad. port. Maria Helena da Gama Kury. – 4 ed. Brasília: Editora da UnB, 2001 – Adaptado.
Rocha Pereira. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001. –
Adaptado. Segundo a citação acima, é correto concluir que
a) quaisquer leis existentes são justas e contribuem
Com base na passagem acima, é correto afirmar que, para a felicidade comum.
para Platão, b) as leis justas são aquelas que obrigam aos atos justos
a) os poetas expressam outra verdade, distinta do e proíbem os injustos.
saber técnico e das virtudes humanas. c) mesmo quando injustas, as leis obrigam às virtudes
b) a imitação da imagem das virtudes e das técnicas e proíbem os vícios.
não é um conhecimento certo delas. d) as leis visam aos interesses comuns, não aos atos
c) não é possível um conhecimento verdadeiro sobre as justos dos indivíduos.
virtudes e as diversas técnicas.
d) a poesia imitativa fala corretamente sobre os
conhecimentos técnicos, mas em versos. FIL0544 - (Uece) “Como se sabe , a palavra mŷthos
raramente foi empregada por Heródoto. Caracterizar
um logos (narrativa) como mŷthos era para ele um
FIL0542 - (Uece) “Aquilo que conhecemos meio claro de rejeitá-lo como duvidoso e
cientificamente não é sujeito a quaisquer variações. inconvincente. [...] Situado em algum lugar além do
Portanto, o objeto do conhecimento científico existe que é visível, um mýthos não pode ser provado. [...]
necessariamente. Ele é consequentemente eterno, Não obstante, Heródoto sempre se refere à sua própria
pois todas as coisas cuja existência é absolutamente narrativa como lógos ou lógoi. [...] Parte de um lógos
necessária são eternas. Além disso, toda ciência pode podia ser circunscrito como mŷthos e, ao mesmo
ser ensinada, e tudo que é cientificamente conhecido tempo, o autor podia ser designado como logopoiós,
pode ser aprendido. Então, o conhecimento científico ou seja, como alguém que expõe uma forma de
pode também ser demonstrado. As coisas variáveis são conhecimento sem fundamento apropriado ou de
objeto da fabricação e das ações praticadas.” impossível verificação. ”
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco, 1139b. Trad. bras. Mário da HARTOG, F. Os antigos, o passado e o presente. Trad. bras. Sonia
Gama Kury. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2001. – Lacerda et al. Brasília, Editora da UnB, 2003, p. 37-38.
Adaptado
Com base no que diz François Hartog, é correto afirmar
Essa definição da ciência (epistéme) por Aristóteles que
revela bem a diferença entre a concepção grega a) mŷthos se refere a uma narrativa improvável,
(antiga) de ciência e a nossa (moderna). A diferença inverificável, e lógos a uma narrativa ou argumento
está em que, para nós, modernos, que pretende possuir fundamento.
a) os objetos da ciência não são necessários, mas b) a distinção entre mŷthos e lógos é arbitrária, pois
indeterminados. não se fundamenta em nenhum uso culto da língua
b) os objetos da ciência não são invariáveis, pois são grega no período clássico.
modificáveis. c) há um processo cultural em que mŷthos e lógos se
c) o saber científico não pode ser aprendido, pois não aproximam semanticamente na língua grega,
é ensinável. terminando por se identificarem.
d) os conhecimentos científicos não podem ser d) a distinção entre mŷthos e lógos não tem
demonstrados. importância para Heródoto, sendo-lhe bem relativa,
embora efetivamente existente.

33
FIL0545 - (Uece) Discutindo sobre a origem da filosofia FIL0547 - (Uece) Observe os seguintes versos do poeta
na Grécia, a filósofa paulista Marilena Chauí explica: grego Hesíodo:
“Tal é das Musas o sagrado dom para os homens.
“A filosofia nasce [...] no contexto da pólis e da Pois é pelas Musas e por Apolo, que atira longe,
existência de um discurso (lógos) público, dialogal, Que nobres aedos (poetas) e citaristas há sobre a terra
compartilhado, decisional [de decisão coletiva], feito –
na troca de opiniões e na capacidade para encontrar e Como por Zeus há reis”.
desenvolver argumentos que persuadam os outros e os HESÍODO. Teogonia, 93-103. Apud HARTOG, F. A história de
façam aceitar como válida e correta a opinião emitida, Homero a Santo Agostinho Trad. bras.Jacyntho Brandão.
ou rejeitá-la se houver fraqueza dos argumentos”. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2011.
CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da filosofia, 1: Dos
pré-socráticos a Aristóteles. – 2. ed. rev. e ampl. – São Nos versos acima citados, o poeta nos informa de uma
Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 44. característica fundamental da tradição mítica
(narrativa ou poética) grega de que o poeta épico
a) narra com base em imaginação e criatividade
Segundo a tese de Chauí sobre a origem da filosofia, é próprias.
correto dizer que a filosofia se desenvolve no contexto b) baseia-se no imaginário comunitário e suas
da pólis, divindades.
a) baseada no exercício da argumentação. c) depende da inspiração nas mulheres, ou musas, que
b) devido às opiniões tradicionais e de fé. ama.
c) a partir de decisões coletivas coagidas. d) recusa a tradição dos homens, apelando aos deuses.
d) pela importância da beleza dos discursos.

FIL0546 - (Uece) “Havia duas festas anuais nas quais se FIL0568 - (Uece) “Quando nós afirmamos ou negamos
encenavam tragédias. [...] A representação era prevista alguma coisa em relação a alguma outra coisa, isto é,
e organizada sob o patrocínio do Estado, pois era um quando julgamos ou formulamos proposições, ainda
dos altos magistrados da cidade quem se incumbia de não estamos raciocinando. E, obviamente, também
escolher os poetas e de selecionar os cidadãos ricos, não raciocinamos quando formulamos uma série de
encarregados de cobrir todas as despesas. [...] juízos e relacionamos uma série de proposições
Consequentemente, esse espetáculo adquiriu as desconexas entre si. Entretanto, raciocinamos quando
características de uma manifestação nacional. Esse passamos de juízo a juízo, de proposição a proposição,
fato explica com clareza certos aspectos da inspiração que tenham determinados nexos entre si e, de alguma
dos autores de tragédia. Eles se dirigiam sempre a um forma, sejam umas causa de outras, umas
grande público, reunido numa ocasião solene: é antecedentes e outras consequentes.”
normal que eles quisessem atingi-lo e interessá-lo. Eles REALE, G.; ANTISERI, D. História da filosofia, vol. 1. São Paulo:
escreviam na qualidade de cidadãos que se dirigiam a Paulus, 1990, p. 214.
outros cidadãos”. A disciplina filosófica que estuda e estabelece as bases
ROMILLY, J. A tragédia grega. Trad. bras. Ivo Martinazzo. Brasília: do raciocínio correto é a
Ed. da UNB, 1998, p. 14-15. a) ontologia.
b) psicologia.
Essa tese de Jacqueline de Romilly (1913-2010) sobre a c) lógica.
origem e as características da tragédia grega pode ser d) cosmologia.
relacionada à tese de Jean-Pierre Vernant sobre a
origem e as características da filosofia grega no
seguinte: assim como a tragédia, a filosofia
a) é organizada pela polis e financiada pelos cidadãos
mais ricos dela.
b) é objeto de concursos anuais previstos no calendário
da polis.
c) nasce no contexto da polis, caracterizada pela
igualdade entre cidadãos.
d) busca chamar a atenção dos cidadãos da polis, com
temas populares.

34
FIL0575 - (Uece) Leia atentamente a seguinte FIL0579 - (Uel) Leia o texto a seguir.
passagem do diálogo platônico Fédon: De facto, o homem livre manda no escravo, da mesma
“Sócrates – Suponho que há um belo, um bom e um forma que o marido na mulher, e o adulto na criança.
grande em si, e do mesmo modo as demais coisas. Para Nesses casos, as partes da alma estão presentes em
mim é evidente: quando, além do belo em si, existe um todos esses seres, mas dispostas de modo diferente. O
outro belo, este é belo porque participa daquele escravo não tem faculdade deliberativa; a mulher tem-
primeiro, e apenas por isso e por nenhuma outra causa. na, mas não tem faculdade de decisão; a criança tem
O mesmo afirmo a propósito de tudo mais. capacidade de decisão, mas ainda não desenvolvida.
Reconheceis isto como causa? Deveríamos necessariamente admitir, então, que o
Cebes – Reconheço. mesmo se passa com as virtudes morais. Todos devem
Sócrates – Quanto a mim, estou firmemente participar delas, embora não da mesma forma, mas na
convencido de que o que faz belo um objeto é a medida em que cada um cumpre a função que lhe é
presença daquele belo em si e a comunhão com ele.” adequada.
PLATÃO. Fédon, 100c-d. Trad. bras. Jorge Paleikat e João Cruz ARISTÓTELES. Política. Edição bilíngue. Tradução e notas de
Costa. São Paulo: Abril Cultural, 1972. Adaptado. António C. Amaral e Carlos C. Gomes. Lisboa: Vega, 1998, p. 95.

Com base na passagem acima, é correto dizer que, para Com base no texto e no modo como Aristóteles
o Sócrates desse diálogo platônico, concebia a participação de homens livres, mulheres,
a) todas as coisas ou são em si e por si ou são por causa crianças e escravos nas deliberações da Pólis
de outras, das quais participam. ateniense, assinale a alternativa correta.
b) as coisas que são em si e por si não se comunicam a) Mulheres e escravos possuem as mesmas partes da
com as que não são em si e por si. alma, sendo seres com virtudes intelectuais idênticas,
c) as coisas que não são em si e por si não possuem motivo pelo qual desempenham funções similares no
causas, só as que são em si e por si. âmbito doméstico.
d) as coisas que não são em si e por si causam umas às b) Todo ser humano é um ser social, ou animal político,
outras, numa série causal da natureza. porque cada um cumpre a mesma função de
participação na Pólis, cabendo adicionalmente às
mulheres a participação nos banquetes.
c) As funções dos homens livres, mulheres e escravos
FIL0576 - (Uece) “Diferentemente dos sofistas, são determinadas pela alma, havendo igualdade em
Sócrates mantém a separação entre opinião e verdade, suas capacidades para cuidar da casa e da
entre aparência e realidade, entre percepção sensorial administração pública.
e pensamento. Por isso, sua busca visa alcançar algo d) As mulheres têm função de cuidadoras da casa e,
muito precioso: passar da multiplicidade de opiniões embora tenham capacidade deliberativa, esta é
contrárias, da multiplicidade de aparências opostas, dá distinta da dos homens, o que impede sua participação
multiplicidade de percepções divergentes à unidade da política.
ideia (que é a definição universal e necessária da coisa e) As funções das mulheres são similares às dos
procurada).” homens livres, ainda que suas capacidades
CHAUÍ, M. Introdução à história da filosofia, I: Dos pré-socraticos a deliberativas sejam desiguais, elas possuíam os
Aristóteles. São Paulo: Companhia das Letras: 2002. mesmos deveres e direitos na Pólis.
Com base na lição de Marilena Chauí, acima citada, é
correto afirmar que, para Sócrates, as virtudes são
a) resultados dos acordos e convenções entre os
homens sobre suas opiniões contrárias.
b) aqueles valores repassados de geração a geração,
constituindo uma tradição unitária.
c) definições que cada um tem para si, indo além das
discordâncias que há entre todos.
d) fundadas apenas no próprio pensamento, que é
capaz de determinar o que são em si e por si.

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FIL0583 - (Enem) (Adaptada) A maior parte dos FIL0586 - (Enem) Entretanto, nosso amigo Basso tem o
primeiros filósofos considerava como os únicos ânimo alegre. Isso resulta da filosofia: estar alegre
princípios de todas as coisas os que são da natureza da diante da morte, forte e contente qualquer que seja o
matéria. Aquilo de que todos os seres são constituídos, estado do corpo, sem desfalecer, ainda que desfaleça.
e de que primeiro são gerados e em que por fim se SÊNECA, L. Cartas morais. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1990.
dissolvem. Pois deve haver uma natureza qualquer, ou
mais do que uma, donde as outras coisas se O excerto refere-se a uma carta de Sêneca na qual se
engendram, mas continuando ela a mesma. apresenta como um bem fundamental da filosofia
ARISTÓTELES. Metafísica. São Paulo: Abril Cultural, 1973. promover a
O texto aristotélico, ao recorrer à cosmologia dos pré- a) valorização de disputas dialógicas.
socráticos, salienta a preocupação desses filósofos com b) rejeição das convenções sociais.
a c) inspiração de natureza religiosa.
a) mutação ontológica dos entes. d) exaltação do sofrimento.
b) alteração estética das condutas. e) moderação das paixões.
c) transformação progressiva da ascese.
d) sistematização crítica do conhecimento.
e) modificação imediata da espiritualidade.

FIL0584 - (Enem) Os verdadeiros filósofos, tomados FIL0587 - (Enem) Advento da Polis, nascimento da
senhores da cidade, sejam eles muitos ou um só, filosofia: entre as duas ordens de fenômenos, os
desprezam as honras como as de hoje, por julgá-las vínculos são demasiado estreitos para que o
indignas de um homem livre e sem valor algum, mas, pensamento racional não apareça, em suas origens,
ao contrário, têm em alta conta a retidão e as honras solidário das estruturas sociais e mentais próprias da
que dela decorrem e, julgando a justiça como algo cidade grega. Assim recolocada na história, a filosofia
muito importante e necessário, pondo-se a serviço dela despoja-se desse caráter de revelação absoluta que às
e fazendo-a crescer, administram sua cidade. vezes lhe foi atribuído, saudando, na jovem ciência dos
PLATÃO. A República. São Paulo: Martins Fontes, 2006 (adaptado). jônios, a razão intemporal que veio encarnar-se no
Tempo. A escola de Mileto não viu nascer a Razão; ela
No contexto da filosofia platônica, o texto expressa construiu uma Razão, uma primeira forma de
uma perspectiva aristocrática acerca do exercício do racionalidade. Essa razão grega não é a razão
poder, uma vez que este é legitimado pelo(a) experimental da ciência contemporânea
a) prática da virtude. VERNANT, J. P. Origens do pensamento grego. Rio de Janeiro:
b) consenso da elite. Difel, 2002.
c) decisão da maioria.
d) riqueza do indivíduo. Os vínculos entre os fenômenos indicados no trecho
e) pertencimento de sangue. foram fortalecidos pelo surgimento de uma categoria
de pensadores, a saber:
FIL0585 - (Enem) Empédocles estabelece quatro a) Os epicuristas, envolvidos com o ideal de vida feliz.
elementos corporais – fogo, ar, água e terra –, que são b) Os estoicos, dedicados à superação dos infortúnios.
eternos e que mudam aumentando e diminuindo c) Os sofistas, comprometidos com o ensino da
mediante mistura e separação; mas os princípios retórica.
propriamente ditos, pelos quais são movidos, são o d) Os peripatéticos, empenhados na dinâmica do
Amor e o Ódio. Pois é preciso que os elementos ensino.
permaneçam alternadamente em movimento, sendo e) Os poetas rapsodos, responsáveis pela narrativa do
ora misturados pelo Amor, ora separados pelo Ódio. mito.
SIMPLÍCIO. Física, 25, 21. In: Os pré-socráticos. São Paulo: Nova Cultural,
1996.

O texto propõe uma reflexão sobre o entendimento de


Empédocles acerca da arché, uma preocupação típica
do pensamento pré-socrático, porque
a) exalta a investigação filosófica.
b) transcende ao mundo sensível.
c) evoca a discussão cosmogônica.
d) fundamenta as paixões humanas.
e) corresponde à explicação mitológica.
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FIL0591 - (Fer) Que terá levado o homem, a partir de FIL0592 - (Fer) Considere o seguinte texto:
determinado momento de sua história, a fazer ciência Não vos deixeis enganar! É vossa curta vista, não a
teórica e filosofia? Por que surge no Ocidente, mais essência das coisas, que vos faz acreditar ver terra
precisamente na Grécia do século VI a.C, uma nova firme onde quer que seja no mar do vir-a-ser e perecer.
mentalidade, que passa a substituir as antigas Usais nomes das coisas, como se estas tivessem uma
construções mitológicas pela aventura intelectual, duração fixa: mas mesmo o rio, em que entrais pela
expressa através de investigações científicas e segunda vez, não é o mesmo da primeira vez.
especulações filosóficas? (HERÁCLITO DE ÉFESO. Coleção Os Pensadores. Vol. I. São Paulo:
(PESSANHA, J. A. M. Do Mito à Filosofia. In. Os Pré-Socráticos. São Victor Civita, 1973, p. 109.)
Paulo: Editora Nova Cultural, 1996. p.5. Coleção “Os Pensadores”.)
Com base no texto e no conhecimento sobre o
Com base no texto e nos conhecimentos a respeito da pensamento de Heráclito de Éfeso e dos filósofos pré-
passagem do Mito ao Logos, assinale a alternativa socráticos, assinale a alternativa correta:
correta sobre o surgimento da Filosofia. a) Heráclito tomou um caminho diferente dos demais
a) A Filosofia surgiu como uma tentativa de encontrar filósofos pré-socráticos, ao buscar no Mito a explicação
um princípio (arkhé) capaz de oferecer uma explicação para as inconstâncias do mundo natural.
racional ou natural do mundo como natureza b) Parmênides e Heráclito defendiam que os sentidos
organizada e ordenada por leis necessárias e nos mostram a realidade das coisas. Desse modo, a
universais. busca pelo princípio (arkhé) deveria ser fundamentada
b) O homem e seus valores constituíram a principal pelas nossas sensações advindas da physis.
preocupação dos primeiros filósofos, razão pela qual se c) Os filósofos do período Pré-socrático, ao observarem
considera que o período Pré-socrático é caracterizado as constantes transformações na natureza, buscaram
pelo antropocentrismo. uma explicação racional para os fenômenos naturais.
c) Não há relação entre o surgimento da Filosofia e a d) Heráclito contestou a visão eleática de que a
organização da Polis grega, uma vez que fatores realidade é composta pela guerra entre os opostos.
políticos conjunturais não exercem influência sobre os Assim, ao acreditarmos entrar no mesmo rio quando o
temas universais e necessários abordados pela adentramos pela segunda vez, estamos diante da
Filosofia. harmonia do cosmos.
d) A da passagem do Mito ao Logos foi caracterizada e) Ao negar o movimento, Heráclito se filiou ao
pela transição de um tipo de conhecimento racional imobilismo de seu mestre Parmênides.
para um conhecimento centrado na fabulação.
e) A Filosofia surge após o declínio das ideias
mitológicas, não havendo nenhuma linha de
continuidade entre estas últimas e as novas ciências FIL0593 - (Fer) Os filósofos pré-socráticos tentaram
gregas. explicar a diversidade e a transitoriedade das coisas do
universo, reduzindo tudo a um ou mais princípios
elementares, os quais seriam a verdadeira natureza ou
ser de todas as coisas.

Com base em seus conhecimentos sobre os filósofos


pré-socráticos, assinale a alternativa INCORRETA:
a) Tales de Mileto, defensor da água como princípio
universal, foi o primeiro filósofo a buscar respostas
naturalistas e racionais para questões sobre o mundo.
b) Para Parmênides, o ser nunca muda. O ser
simplesmente é e o não ser não é.
c) A concepção de Heráclito valoriza o movimento na
descrição da realidade.
d) Demócrito de Abdera divergiu de seu mestre
Leucipo ao afirmar que a matéria pode ser dividida
infinitamente e, por isso, abandonou o atomismo.
e) Empédocles é considerado um filósofo pluralista,
pois propagou a teoria dos quatro elementos ou raízes
como princípios constitutivos da natureza.

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FIL0594 - (Fer) A crítica de Sócrates aos sofistas FIL0595 - (Fer) Se os filósofos não forem reis nas
consiste em mostrar que o ensinamento sofístico cidades ou se os que hoje são chamados reis e
limita-se a uma mera técnica ou habilidade soberanos não forem filósofos genuínos e capazes e se,
argumentativa que visa a convencer o oponente numa mesma pessoa, não coincidirem poder político e
daquilo que se diz, mas não leva ao verdadeiro filosofia e não for barrada agora, sob coerção, a
conhecimento. A consequência disso era que, devido à caminhada das diversas naturezas que, em separado
influência dos sofistas, as decisões políticas na buscam uma dessas duas metas, não é possível, caro
Assembleia estavam sendo tomadas não com base em Glaucon, que haja para as cidades uma trégua de males
um saber, ou na posição dos mais sábios, mas na dos e, penso, nem para o gênero humano.
mais hábeis em retórica, que poderiam não ser os mais PLATÃO. A República. São Paulo: Martins Fontes, 2014.
sábios ou virtuosos.
(Danilo Marcondes. Iniciação à história da filosofia, 2010.) Platão, em seu livro A República, cria uma sociedade
ideal, considerada por muitos a primeira utopia
De acordo com o texto e com a teoria do conhecimento ocidental. Sobre a cidade criada por Platão, julgue os
de Sócrates e dos Sofistas, assinale a alternativa itens:
correta:
a) Os Sofistas eram professores de oratória apreciados I. A forma de governo ideal é a democracia, pois Platão
por Sócrates, porque argumentavam com rigor lógico e acreditava na igualdade entre os cidadãos e na
preocupação ética. soberania popular.
b) O método socrático consiste em questionar o senso II. Na República, Platão afirma que os poetas não
comum e desfazer argumentos falsos, a fim de contribuem para a educação dos cidadãos, pois a
procurar a verdade das coisas. poesia é uma forma de imitação que não revela um
c) Sócrates, como um dos principais pensadores bom conhecimento do que imita.
sofistas, foi o iniciador do pensamento filosófico III. Um dos principais objetivos da República é a
cosmológico, dedicado à especulação sobre a natureza, constituição de uma sociedade justa.
sobre o cosmo. IV. Platão apresenta uma visão elitista de poder, na
d) A teoria do conhecimento socrática é conhecida qual o governo deveria ser exercido pelos mais sábios
como Maiêutica e repudia o uso da ironia para a busca e não pelo homem comum.
do conhecimento.
e) Os sofistas buscavam um conhecimento Estão corretas as afirmativas:
inquestionável, que deveria ser fundamentado por a) Todas estão corretas.
conceitos universais e necessários. b) Somente I, III e IV estão corretas.
c) Somente II, III e IV estão corretas.
d) Somente II e III estão corretas.
e) Todas estão erradas.

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FIL0596 - (Fer) Imaginemos uma caverna subterrânea FIL0597 - (Fer) “Toda pólis é uma forma de
onde, desde a infância, geração após geração, seres comunidade. [...] O homem é, por natureza, um ser
humanos estão aprisionados. A luz que ali entra vivo político (zoon politikon). [...] Além disso, a pólis é
provém de uma imensa e alta fogueira externa. Entre anterior à família e a cada um de nós, individualmente
ela e os prisioneiros há um caminho em que homens considerado; é que o todo é, necessariamente, anterior
transportam estatuetas (pequenas estátuas) de todo à parte. [...] É evidente que a pólis é, por natureza,
tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas as anterior ao indivíduo; como um indivíduo separado
coisas. Por causa da luz da fogueira, os prisioneiros não é autossuficiente, ele permanece em relação à
enxergam na parede do fundo da caverna as sombras cidade como uma parte em relação ao todo. Quem for
das estatuetas transportadas atrás de um muro, mas incapaz de ser em comunidade ou que não sente essa
sem poderem ver as próprias estatuetas nem os necessidade por causa de sua autossuficiência será um
homens que as transportam. Como jamais viram outra bicho ou um deus; e não faz parte de qualquer pólis”.
coisa, os prisioneiros imaginam que as sombras vistas ARISTÓTELES. Política, 1252a1; 1253a5-30 – Texto adaptado.
são as próprias coisas. Que aconteceria, indaga Platão,
se alguém libertasse os prisioneiros? Que faria um Considerando o texto acima e seus conhecimentos
prisioneiro libertado? sobre a Política de Aristóteles, marque V, se for
Marilena Chauí. Convite à filosofia, 1994. Adaptado. verdadeiro, e F, se for falso.

Sobre a Alegoria da Caverna e os conceitos (__) Para Aristóteles, a tirania, a oligarquia e a


apresentados por Platão, assinale a alternativa correta. democracia são as três formas de governo más
a) O conhecimento verdadeiro é formado no mundo (degeneradas, corrompidas), porque favorecem os
sensível, onde o Ser é absoluto. interesses de um só, dos mais ricos ou nobres ou da
b) Na Alegoria da Caverna, Platão expõe o conceito de maioria pobre, respectivamente.
episteme, como sendo o conhecimento falso, baseado (__) Aristóteles e seu mestre Platão buscaram
na dialética e que busca conhecer o que é uno e estabelecer, cada um a seu modo, os parâmetros de
imutável. um bom e justo governo. Nenhum deles, entretanto,
c) As sombras projetadas na parede da caverna tinha admiração pela democracia, sobretudo em seu
correspondem às Formas ou Ideias, uma vez que formato puro.
representam o contorno ou a “forma” dos objetos (__) A Política aristotélica está intimamente vinculada
reais. à Ética, pois, se no âmbito individual, os homens
d) Apesar de estarem acorrentados, os prisioneiros buscam a Eudaimonia (felicidade), no âmbito coletivo,
conseguem ter plena clareza quanto à realidade o Estado deve buscar o bem comum, considerado pelo
existente fora da caverna. estagirita como Sumo Bem.
e) A Alegoria da Caverna é uma representação, uma (__) Para Aristóteles, a Polis é uma criação artificial, já
metáfora sobre o mundo, concebida por Platão para que os homens são naturalmente propensos a viverem
explicar o modelo de um mundo dual: um racional, isolados, buscando seus próprios interesses.
verdadeiro, e outro sensível, falso.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
a) V, V, V, V.
b) V, F, V, F.
c) V, V, F, F.
d) V, V, V, F.
e) F, V, V, F.

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FIL0598 - (Fer) A virtude é, pois, uma disposição de a) O Epicurismo trata do prazer imediato, sem
caráter relacionada com a escolha e consiste numa importar-se com o olhar reflexivo.
mediania, isto é, a mediania relativa a nós, a qual é b) Segundo Epicuro, o verdadeiro prazer se refere à
determinada por um princípio racional próprio do aponia (ausência de dor no corpo) e à ataraxia (falta de
homem dotado de sabedoria prática. perturbação na alma).
(Aristóteles. Ética a Nicômaco. Trad. de Leonel Vallandro e Gerd c) Epicuro defendia que uma vida ética implicava o
Bornheim. São Paulo: Abril Cultural, 1973. Livro II, p. 273.)
desprezo às convenções sociais.
d) A suspensão do juízo é o caminho para a felicidade,
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a ética segundo a doutrina Epicurista, uma vez que a razão
em Aristóteles, pode-se afirmar que humana é incapaz de conhecer a verdade.
a) A virtude, para Aristóteles, é a equidistância entre e) O Epicurismo é uma filosofia determinista, que
dois vícios, um por excesso, outro por falta. defende a aceitação dos males de vida com coragem.
b) Uma ação justa ou virtuosa, para Aristóteles, é Há, portanto, a rejeição do materialismo em busca de
aquela que traz benefícios para o maior número um espiritualismo transcendente.
possível de indivíduos.
c) Na Ética a Nicômaco, Aristóteles defende os
princípios de uma ética relativista, já que, ao defender FIL0600 - (Fer) Em meados do século IV a.C., Alexandre
o “justo meio”, acaba por defender a medida individual Magno assumiu o trono da Macedônia e iniciou uma
de cada sujeito. série de conquistas e, a partir daí, construiu um vasto
d) A virtude ética, segundo Aristóteles, pauta-se na império que incluía, entre outros territórios, a Grécia.
eleição de um dos extremos como o mais adequado, Essa dominação só teve fim com o desenvolvimento de
isto é, ou o excesso ou a falta. outro império, o romano. Esse período ficou conhecido
e) O hábito nos torna melhores eticamente, contudo as como helenístico e representou uma transformação
virtudes independem da ação para o desenvolvimento radical na cultura grega.
moral do indivíduo.
Sobre as escolas do período helenístico, julgue os itens
abaixo.
FIL0599 - (Fer) “Acostuma-te à ideia de que a morte
para nós não é nada, visto que todo bem e todo mal I. Sem preocupar-se com questões éticas, o Estoicismo
residem nas sensações, e a morte é justamente a buscou explicar a realidade por meio dos números.
privação das sensações. A consciência clara de que a II. O Ceticismo defende a suspensão do juízo, já que
morte não significa nada para nós proporciona a não é possível ao homem obter alguma certeza.
fruição da vida efêmera, sem querer acrescentar-lhe III. O desprezo das convenções sociais caracteriza a
tempo infinito e eliminando o desejo de imortalidade. escola conhecida como Cinismo.
Não existe nada de terrível na vida para quem está IV. O Epicurismo defende a busca pelos prazeres
perfeitamente convencido de que não há nada de moderados, como forma de alcançar a felicidade.
terrível em deixar de viver. É tolo, portanto, quem diz
ter medo da morte, não porque a chegada desta lhe Está correto o que se afirma em:
trará sofrimento, mas porque o aflige a própria a) I, II, III e IV.
espera.” b) III e IV somente.
(Epicuro, Carta sobre a felicidade [a Meneceu]. São Paulo: ed.
Unesp, 2002, p. 27. In: COTRIM, G. Fundamentos da Filosofia. SP: c) I, II e III somente.
Saraiva, 2006, p. 97). d) II, III e IV somente.
e) Todas estão erradas.
Considerando as ideias do texto e a filosofia de Epicuro
de Samos, assinale a alternativa correta.

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Filosofia Medieval
FIL0122 - (Uece) Em diálogo com Evódio, Santo a) desvio da postura celibatária.
Agostinho afirma: “parecia a ti, como dizias, que o livre- b) insuficiência da autonomia moral.
arbítrio da vontade não devia nos ter sido dado, visto c) afastamento das ações de desapego.
que as pessoas servem-se dele para pecar. Eu opunha d) distanciamento das práticas de sacrifício,
à tua opinião que não podemos agir com retidão a não e) violação dos preceitos do Velho Testamento.
ser pelo livre-arbítrio da vontade. E afirmava que Deus
no-lo deu, sobretudo em vista desse bem. Tu me FIL0124 - (Uece) “O maniqueísmo é uma filosofia
respondeste que a vontade livre devia nos ter sido religiosa sincrética e dualística fundada e propagada
dada do mesmo modo como nos foi dada a justiça, da por Manes ou Maniqueu, filósofo cristão do século III,
qual ninguém pode se servir a não ser com retidão”. que divide o mundo simplesmente entre Bom, ou Deus,
AGOSTINHO. O livre-arbítrio, Introdução, III, 18, 47. e Mau, ou o Diabo. A matéria é intrinsecamente má e
o espírito, intrinsecamente bom. Com a popularização
Com base nessa passagem acerca do livre-arbítrio da do termo, maniqueísta passou a ser um adjetivo para
vontade, em Agostinho, é correto afirmar que toda doutrina fundada nos dois princípios opostos do
a) o livre-arbítrio é o que conduz o homem ao pecado Bem e do Mal.”
e ao afastamento de Deus. Wikipédia. Disponível em:
b) o poder de decisão ‒ arbítrio ‒ da vontade humana https://pt.wikipedia.org/wiki/Manique%C3%ADsmo.
é o que permite a ação moralmente reta.
c) é da vontade de Deus que o homem não tenha Contra o maniqueísmo, Agostinho de Hipona (Santo
capacidade de decidir pelo pecado, já que o Seu amor Agostinho) afirmava que
pelo homem é maior do que o pecado. a) Deus é o Bem absoluto, ao qual se contrapõe o Mal
d) a ação justa é aquela que foi praticada com o livre- absoluto.
arbítrio; injusta é aquela que não ocorreu por meio do b) as criaturas só são más numa consideração parcial,
livre-arbítrio. mas são boas em si mesmas
c) toda a criação era boa e tornou-se má, pois foi
FIL0123 - (Enem) De fato, não é porque o homem pode dominada pelo pecado após a Queda.
usar a vontade livre para pecar que se deve supor que d) a totalidade da criação é boa em si mesma, mas
Deus a concedeu para isso. Há, portanto, uma razão singularmente há criaturas boas e más.
pela qual Deus deu ao homem esta característica, pois
sem ela não poderia viver e agir corretamente. Pode-
se compreender, então, que ela foi concedida ao FIL0125 - (Enem) Não é verdade que estão ainda cheios
homem para esse fim, considerando-se que se um de velhice espiritual aqueles que nos dizem: “Que fazia
homem a usar para pecar, recairão sobre ele as Deus antes de criar o céu e a terra? Se estava ocioso e
punições divinas. Ora, isso seria injusto se a vontade nada realizava”, dizem eles, “por que não ficou sempre
livre tivesse sido dada ao homem não apenas para agir assim no decurso dos séculos, abstendo-se, como
corretamente, mas também para pecar. Na verdade, antes, de toda ação? Se existiu em Deus um novo
por que deveria ser punido aquele que usasse da sua movimento, uma vontade nova para dar o ser a
vontade para o fim para o qual ela lhe foi dada? criaturas que nunca antes criara, como pode haver
AGOSTINHO. O livre-arbítrio. In: MARCONDES, D. Textos básicos verdadeira eternidade, se n’Ele aparece uma vontade
de ética. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. que antes não existia?”
AGOSTINHO. Confissões. São Paulo: Abril Cultural, 1984.
Nesse texto, o filósofo cristão Agostinho de Hipona
sustenta que a punição divina tem como fundamento A questão da eternidade, tal como abordada pelo
o(a) autor, é um exemplo da reflexão filosófica sobre a(s)

1
a) essência da ética cristã. FIL0128 - (Enem) Se os nossos adversários, que
b) natureza universal da tradição. admitem a existência de uma natureza não criada por
c) certezas inabaláveis da experiência. Deus, o Sumo Bem, quisessem admitir que essas
d) abrangência da compreensão humana. considerações estão certas, deixariam de proferir
e) interpretações da realidade circundante. tantas blasfêmias, como a de atribuir a Deus tanto a
autoria dos bens quanto dos males. Pois sendo Ele
FIL0126 - (Ufu) Agostinho, em Confissões, diz: "Mas fonte suprema da Bondade, nunca poderia ter criado
após a leitura daqueles livros dos platônicos e de ser aquilo que é contrário à sua natureza.
levado por eles a buscar a verdade incorpórea, percebi AGOSTINHO. A natureza do Bem. Rio de Janeiro: Sétimo Selo,
que 'as perfeições invisíveis são visíveis em suas obras' 2005 (adaptado).
(Carta de Paulo aos Romanos, 1, 20)".
Agostinho de Hipona. Confissões, livro VII, cap. 20, citado por: Para Agostinho, não se deve atribuir a Deus a origem
MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Filosofia. Rio de Janeiro: do mal porque
Jorge Zahar Editora, 2000. Tradução do autor. a) o surgimento do mal é anterior à existência de Deus.
b) o mal, enquanto princípio ontológico, independe de
Nesse trecho, podemos perceber como Agostinho Deus.
a) se utilizou da Bíblia para conhecer melhor a filosofia c) Deus apenas transforma a matéria, que é, por
platônica. natureza, má.
b) utiliza a filosofia platônica para refutar os textos d) por ser bom, Deus não pode criar o que lhe é oposto,
bíblicos. o mal.
c) separa nitidamente os domínios da filosofia e da e) Deus se limita a administrar a dialética existente
religião. entre o bem e o mal.
d) foi despertado para o conhecimento de Deus a partir
da filosofia platônica. FIL0129 - (Enem) TEXTO I
Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento
FIL0127 - (Unesp) Não posso dizer o que a alma é com originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que
expressões materiais, e posso afirmar que não tem outras coisas provêm de sua descendência. Quando o
qualquer tipo de dimensão, não é longa ou larga, ou ar se dilata, transforma-se em fogo, ao passo que os
dotada de força física, e não tem coisa alguma que ventos são ar condensado. As nuvens formam-se a
entre na composição dos corpos, como medida e partir do ar por feltragem e, ainda mais condensadas,
tamanho. Se lhe parece que a alma poderia ser um transformam-se em água. A água, quando mais
nada, porque não apresenta dimensões do corpo, condensada, transforma-se em terra, e quando
entenderá que justamente por isso ela deve ser tida em condensada ao máximo possível, transforma-se em
maior consideração, pois é superior às coisas materiais pedras.
exatamente por isso, porque não é matéria. É certo que BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio,
uma árvore é menos significativa que a noção de 2006 (adaptado).
justiça. Diria que a justiça não é coisa real, mas um TEXTO II
nada? Por conseguinte, se a justiça não tem dimensões
materiais, nem por isso dizemos que é nada. E a alma Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus,
ainda parece ser nada por não ter extensão material? como criador de todas as coisas, está no princípio do
(Santo Agostinho. Sobre a potencialidade da alma, 2015. mundo e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se nos
Adaptado.) apresentam, em face desta concepção, as
especulações contraditórias dos filósofos, para os quais
No texto de Santo Agostinho, a prova da existência da o mundo se origina, ou de algum dos quatro
alma elementos, como ensinam os Jônios, ou dos átomos,
a) desempenha um papel primordialmente retórico, como julga Demócrito. Na verdade, dão a impressão de
desprovido de pretensões objetivas. quererem ancorar o mundo numa teia de aranha”.
b) antecipa o empirismo moderno ao valorizar a GILSON, E.; BOEHNER, P. História da Filosofia Cristã. São Paulo:
experiência como origem das ideias. Vozes, 1991 (adaptado).
c) serviu como argumento antiteológico mobilizado
contra o pensamento escolástico. Filósofos dos diversos tempos históricos
d) é fundamentada no argumento metafísico da desenvolveram teses para explicar a origem do
primazia da substância imaterial. universo, a partir de uma explicação racional. As teses
e) é acompanhada de pressupostos relativistas no de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de Basílio,
campo da ética e da moralidade. filósofo medieval, têm em comum na sua
fundamentação teorias que
2
a) eram baseadas nas ciências da natureza. Sobre o Gênese, V
b) refutavam as teorias de filósofos da religião.
c) tinham origem nos mitos das civilizações antigas. Considerando as informações acima, é correto afirmar
d) postulavam um princípio originário para o mundo. que se pode perceber:
e) defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas. a) que Agostinho modifica certas ideias do cristianismo
a fim de que este seja concordante com a filosofia de
FIL0130 - (Ufu) Na medida em que o Cristianismo se Platão, que ele considerava a verdadeira.
consolidava, a partir do século II, vários pensadores, b) uma crítica radical à filosofia platônica, pois esta é
convertidos à nova fé e, aproveitando-se de elementos contraditória com a fé cristã.
da filosofia greco-romana que eles conheciam bem, c) a influência da filosofia platônica sobre Agostinho,
começaram a elaborar textos sobre a fé e a revelação mas esta é modificada a fim de concordar com a
cristãs, tentando uma síntese com elementos da doutrina cristã.
filosofia grega ou utilizando-se de técnicas e conceitos d) uma crítica violenta de Agostinho contra a filosofia
da filosofia grega para melhor expor as verdades em geral.
reveladas do Cristianismo. Esses pensadores ficaram
conhecidos como os Padres da Igreja, dos quais o mais FIL0133 - (Ufu) A filosofia de Agostinho (354 – 430) é
importante a escrever na língua latina foi santo estreitamente devedora do platonismo cristão
Agostinho. milanês: foi nas traduções de Mário Vitorino que leu os
COTRIM, Gilberto. Fundamentos de Filosofia: Ser, Saber e Fazer. textos de Plotino e de Porfírio, cujo espiritualismo
São Paulo: Saraiva, 1996, p. 128. (Adaptado)
devia aproximá-lo do cristianismo. Ouvindo sermões
Esse primeiro período da filosofia medieval, que durou de Ambrósio, influenciados por Plotino, que Agostinho
do século II ao século X, ficou conhecido como venceu suas últimas resistências (de tornar-se cristão).
a) Escolástica. PEPIN, Jean. Santo Agostinho e a patrística ocidental. In:
CHÂTELET, François (org.) A Filosofia medieval. Rio de Janeiro
b) Neoplatonismo.
Zahar Editores: 1983, p. 77.
c) Antiguidade tardia.
d) Patrística.
Apesar de ter sido influenciado pela filosofia de Platão,
FIL0131 - (Uncisal) A filosofia de Santo Agostinho é por meio dos escritos de Plotino, o pensamento de
essencialmente uma fusão das concepções cristãs com Agostinho apresenta muitas diferenças se comparado
o pensamento platônico. Subordinando a razão à fé, ao pensamento de Platão.
Agostinho de Hipona afirma existirem verdades Assinale a alternativa que apresenta, corretamente,
superiores e inferiores, sendo as primeiras uma dessas diferenças.
compreendidas a partir da ação de Deus. Como se a) Para Agostinho, é possível ao ser humano obter o
chama a teoria agostiniana que afirma ser a ação de conhecimento verdadeiro, enquanto, para Platão, a
Deus que leva o homem a atingir as verdades verdade a respeito do mundo é inacessível ao ser
superiores? humano.
a) Teoria da Predestinação. b) Para Platão, a verdadeira realidade encontra-se no
b) Teoria da Providência. mundo das Ideias, enquanto para Agostinho não existe
c) Teoria Dualista. nenhuma realidade além do mundo natural em que
d) Teoria da Emanação. vivemos.
e) Teoria da Iluminação. c) Para Agostinho, a alma é imortal, enquanto para
Platão a alma não é imortal, já que é apenas a forma do
FIL0132 - (Ufu) Segundo o texto abaixo, de Agostinho corpo.
de Hipona (354-430 d. C.), Deus cria todas as coisas a d) Para Platão, o conhecimento é, na verdade,
partir de modelos imutáveis e eternos, que são as reminiscência, a alma reconhece as Ideias que ela
ideias divinas. Essas ideias ou razões seminais, como contemplou antes de nascer; Agostinho diz que o
também são chamadas, não existem em um mundo à conhecimento é resultado da Iluminação divina, a
parte, independentes de Deus, mas residem na própria centelha de Deus que existe em cada um.
mente do Criador,

[...] a mesma sabedoria divina, por quem foram


criadas todas as coisas, conhecia aquelas primeiras,
divinas, imutáveis e eternas razões de todas as coisas,
antes de serem criadas [...].

3
FIL0134 - (Ueg) Os primeiros séculos da era cristã são do homem, porque seu intelecto é contingente e
os da constituição dos dogmas cristãos. A tarefa da mutável.
filosofia desenvolvida pelos padres da Igreja nesta b) A irradiação da luz divina atua imediatamente sobre
época é a de encontrar justificativas racionais para as o intelecto humano, deixando-o ativo para o
verdades reveladas, ou seja, conciliar fé e razão. Santo conhecimento das verdades eternas. Essas verdades,
Agostinho é o principal representante deste período necessárias e imutáveis, estão no interior do homem.
que ficou conhecido como c) A metáfora da luz significa a ação divina que nos faz
a) racionalismo. recordar as verdades eternas que a alma possuía antes
b) escolástica. de se unir ao corpo.
c) fideismo. d) A metáfora da luz significa a ação divina que nos faz
d) patrística. recordar as verdades eternas que a alma possuía e que
nela permanecem mediante os ciclos da reencarnação.

FIL0135 - (Ufu) Leia o texto a seguir.


“No que diz respeito a todas as coisas que FIL0137 - (Ufu) Considere o trecho abaixo.
compreendemos, não consultamos a voz de quem fala, “Quando, pois, se trata das coisas que percebemos
a qual soa de fora, mas a verdade que dentro de nós pela mente (...). estamos falando ainda em coisas que
preside à própria mente, incitados talvez pela palavra vemos como presentes naquela luz interior da verdade,
a consultá-la.” pela qual é iluminado e de que frui o homem interior.
Santo Agostinho. Do Mestre. São Paulo: Abril Cultural. 1973. p.
De Magistro, Cap. XI, 38, In Os Pensadores, SANTO AGOSTINHO.
São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 319. 320. (Os Pensadores)

Marque a afirmativa incorreta. Segundo o pensamento de Santo Agostinho, as


a) Segundo Agostinho, a verdade não se descobre pela verdades contidas na filosofia pagã provêm de que
consulta das palavras que vêm de fora. O processo da fonte? Assinale a alternativa correta.
descoberta da verdade dá-se através da interioridade. a) De fonte diferente de onde emanam as verdades
b) Segundo Agostinho, a linguagem humana não tem cristãs, pois há oposição entre as verdades pagãs e as
um poder causal, mas apenas uma função instrumental verdades cristãs.
de utilidade. b) Da mesma fonte de onde emanam as verdades
c) Segundo Agostinho, a linguagem humana é a cristãs, pois não há oposição entre as verdades pagãs e
condição para conhecer a verdade que dentro de nós cristãs.
preside à própria mente. c) De Platão, por ter chegado a conceber a ideia
d) Segundo Agostinho, a verdade que dentro de nós Suprema do Bem.
preside à própria mente pressupõe a iluminação divina d) De Aristóteles, por ter concebido o Ser Supremo
e não o recurso à memória. corno primeiro motor imóvel.

FIL0136 - (Ufu) Leia o trecho extraído da obra FIL0138 - (Ufu) A teoria da iluminação divina,
Confissões. contribuição original de Agostinho à filosofia da
Quem nos mostrará o Bem? Ouçam a nossa resposta: cristandade, foi influenciada pela filosofia de Platão,
porém, diferencia-se dela em seu aspecto central.
Está gravada dentro de nós a luz do vosso rosto,
Assinale a alternativa abaixo que explicita esta
Senhor. Nós não somos a luz que ilumina a todo
diferença.
homem, mas somos iluminados por Vós. Para que
a) A filosofia agostiniana compartilha com a filosofia
sejamos luz em Vós os que fomos outrora trevas. platônica do dualismo, tal como este foi definido por
SANTO AGOSTINHO. Confissões IX. São Paulo: Nova Cultural,1987. Agostinho na Cidade de Deus. Assim, a luz da teoria da
4, l0. p.154.
iluminação está situada no plano suprassensível e só é
Coleção Os Pensadores
alcançada na transcendência da existência terrena
para a vida eterna.
Sobre a doutrina da iluminação de Santo Agostinho, b) A teoria da Iluminação, tal como sugere o nome, está
marque a alternativa correta. fundamentada na luz de Deus, luz interior dada ao
a) A irradiação da luz divina faz com que conheçamos homem interior na busca da verdade das coisas que
imediatamente as verdades eternas em Deus. Essas não são conhecidas pelos sentidos; esta luz é Cristo,
verdades, necessárias e eternas, não estão no interior que ensina e habita no homem interior.

4
c) Agostinho foi contemporâneo da Terceira Academia, FIL0141 - (Ufu) "Assim até as coisas materiais emitem
recebendo os ensinamentos de Arcesilau e Carnéades, um juízo sobre as suas formas, comparando-as àquela
o que resultou na posição dogmática do filósofo cristão Forma da eterna Verdade e que intuímos com o olhar
quanto à impossibilidade do conhecimento da de nossa mente."
verdade, sendo o conhecimento humano apenas (Sto. Agostinho, A Trindade, Livro IX, Capítulo 6. São Paulo, Paulus,
1994. p. 299)
verossímil.
d) A alma é a morada da verdade, todo conhecimento Esta frase de Sto. Agostinho refere-se à
nela repousa. Assim, a posição de Agostinho afasta-se a) teologia mística de Agostinho, que se funda na
da filosofia platônica, ao admitir que a alma possui uma experiência imediata da alma humana com Deus;
existência anterior, na qual ela contemplou as ideias, b) moral agostiniana que propõe ao homem regras
de modo que o conhecimento de Deus é anterior à para uma vida santa e ascética, apartada do mundo;
existência. c) doutrina da iluminação que afirma que o
conhecimento humano é iluminado pela Verdade
Eterna, isto é, Deus;
FIL0139 - (Ufu) Agostinho formula sua teoria do d) estética intelectualista de Agostinho, que consiste
conhecimento a partir da máxima “creio tudo o que num profundo desprezo pela sensibilidade humana.
entendo, mas nem tudo que creio conheço”. A posição
do autor não impede que cada um busque a sabedoria FIL0142 - (Ufu) A Patrística (séculos II ao V d.C.) é o
com suas próprias forças; o que ainda não é conhecido movimento intelectual dos primeiros padres da Igreja,
pode ser revelado mediante a consulta da verdade destinado a justificar a fé cristã, tendo em vista a
interior. Com base neste argumento, assinale a conversão dos pagãos. Sobre a Patrística pode-se
alternativa correta. afirmar, com certeza:
a) É incorreto afirmar que a verdade interior que soa
no íntimo das pessoas seja o Cristo; e o arbítrio I. assume criticamente elementos da filosofia platônica
humano é consultado sobre o que não se conhece. na tentativa de melhor fundamentar a doutrina cristã.
b) As coisas que ainda não conhecemos só podem ser II. considera que as verdades da razão estão sempre
percebidas pelos sentidos do corpo e podem ser em contradição com as verdades reveladas por Deus.
comunicadas facilmente por intermédio das palavras. III. incorpora as teses da metafísica aristotélica para
c) A verdade interior está à disposição de cada um e fundar uma teologia estritamente racionalista.
encontra-se armazenada na memória, de modo que o IV. considera a razão como auxiliar da fé e a ela
uso da memória dispensa a contemplação da luz subordinada, tal como expressa a frase de Sto.
interior. Agostinho "creio porque entendo".
d) A verdade interior só pode ser percebida pelo
homem interior, que é iluminado pela luz desta a) II e IV são corretas.
verdade interior, que é contemplada por cada um. b) I e IV são corretas.
c) III e IV são corretas.
d) Apenas II é correta.
FIL0140 - (Ufu) A Patrística, filosofia cristã dos
primeiros séculos, poderia ser definida como FIL0143 - (Espm) No século XIII surgiu a Escolástica, cor-
a) retomada do pensamento de Platão, conforme os rente filosófica que, a partir de então, dominou o
modelos teológicos da época, estabelecendo estreita pensamento medieval.
(Rubim Santos Leão de Aquino. História das Sociedades: das
relação entre filosofia e religião. Comunidades Primitivas às Sociedades Medievais)
b) configuração de um novo horizonte filosófico, A Escolástica:
proposto por Santo Agostinho, inspirado em Platão, de a) teve em Santo Agostinho seu maior expoente e era
modo a resgatar a importância das coisas sensíveis, da teocêntrica;
materialidade. b) teve em Alberto Magno seu maior expoente e
c) adaptação do pensamento aristotélico, conforme os refutava o teocentrismo, pregando o
moldes teológicos da época. antropocentrismo;
d) criação de uma escola filosófica, que visava c) teve em Tomás de Aquino seu principal expoente e
combater os ataques dos pagãos, rompendo com o foi uma tentativa de harmonizar a razão com a fé;
dualismo grego. d) considerava que a razão podia proporcionar uma
visão completa e unificada da natureza ou da
sociedade;
e) pregava o recurso racional da força, sendo este mais
importante do que o exercício da virtude ou da fé.
5
FIL0144 - (Uece) “Portanto, deve-se dizer que como a O texto apresenta uma elaboração teórica de Tomás de
lei escrita não dá força ao direito natural, assim Aquino caracterizada por
também não pode diminuir-lhe nem suprimir-lhe a a) reiterar a ortodoxia religiosa contra os heréticos.
força; pois, a vontade humana não pode mudar a b) sustentar racionalmente doutrina alicerçada na fé.
natureza. Portanto, se a lei escrita contém algo contra c) explicar as virtudes teologais pela demonstração.
o direito natural, é injusta e não tem força para obrigar. d) flexibilizar a interpretação oficial dos textos
Pois, só há lugar para o direito positivo, quando, sagrados.
segundo o direito natural, é indiferente que se proceda e) justificar pragmaticamente crença livre de dogmas.
de uma maneira ou de outra, como já foi explicado
acima. Por isso, tais textos não hão de chamar leis, mas
corrupções da lei, como já se disse. E portanto, não se FIL0147 - (Enem) Enquanto o pensamento de Santo
deve julgar de acordo com elas.” Agostinho representa o desenvolvimento de uma
Tomás de Aquino, Suma Teológica, II, Questão 60, Art. 5. filosofia cristã inspirada em Platão, o pensamento de
São Tomás reabilita a filosofia de Aristóteles – até
Com base na passagem acima, é correto afirmar que então vista sob suspeita pela Igreja –, mostrando ser
a) a lei escrita só é legítima se for baseada no direito possível desenvolver uma leitura de Aristóteles
natural. compatível com a doutrina cristã. O aristotelismo de
b) o direito positivo não é a lei escrita, mas dos São Tomás abriu caminho para o estudo da obra
costumes. aristotélica e para a legitimação do interesse pelas
c) o direito natural só é legítimo se expresso na lei ciências naturais, um dos principais motivos do
escrita. interesse por Aristóteles nesse período.
d) não há diferença entre direito natural e direito MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar,
positivo. 2005.

FIL0145 - (Enem) Tomás de Aquino, filósofo cristão que A Igreja Católica por muito tempo impediu a divulgação
viveu no século XIII, afirma: a lei é uma regra ou um da obra de Aristóteles pelo fato de a obra aristotélica
preceito relativo às nossas ações. Ora, a norma a) valorizar a investigação científica, contrariando
suprema dos atos humanos é a razão. Desse modo, em certos dogmas religiosos.
última análise, a lei está submetida à razão; é apenas b) declarar a inexistência de Deus, colocando em
uma formulação das exigências racionais. Porém, é dúvida toda a moral religiosa.
mister que ela emane da comunidade, ou de uma c) criticar a Igreja Católica, instigando a criação de
pessoa que legitimamente a representa. outras instituições religiosas.
GILSON, E.; BOEHNER, P. História da filosofia cristã. Petrópolis: d) evocar pensamentos de religiões orientais, minando
Vozes, 1991 (adaptado). a expansão do cristianismo.
e) contribuir para o desenvolvimento de sentimentos
No contexto do século XIII, a visão política do filósofo antirreligiosos, seguindo sua teoria política.
mencionado retoma o
a) pensamento idealista de Platão.
b) conformismo estoico de Sêneca.
c) ensinamento místico de Pitágoras. FIL0148 - (Enem) Ora, em todas as coisas ordenadas a
d) paradigma de vida feliz de Agostinho. algum fim, é preciso haver algum dirigente, pelo qual
e) conceito de bem comum de Aristóteles. se atinja diretamente o devido fim. Com efeito, um
navio, que se move para diversos lados pelo impulso
FIL0146 - (Enem) Desde que tenhamos compreendido dos ventos contrários, não chegaria ao fim de destino,
o significado da palavra “Deus”, sabemos, de imediato, se por indústria do piloto não fosse dirigido ao porto;
que Deus existe. Com efeito, essa palavra designa uma ora, tem o homem um fim, para o qual se ordenam
coisa de tal ordem que não podemos conceber nada toda a sua vida e ação. Acontece, porém, agirem os
que lhe seja maior. Ora, o que existe na realidade e no homens de modos diversos em vista do fim, o que a
pensamento é maior do que o que existe apenas no própria diversidade dos esforços e ações humanas
pensamento. Donde se segue que o objeto designado comprova. Portanto, precisa o homem de um dirigente
pela palavra “Deus”, que existe no pensamento, desde para o fim.
que se entenda essa palavra, também existe na AQUINO. T. Do reino ou do governo dos homens: ao rei do Chipre.
realidade. Por conseguinte, a existência de Deus é Escritos políticos de São Tomás de Aquino. Petrópolis: Vozes, 1995
evidente. (adaptado).
TOMÁS DE AQUINO. Suma teológica. Rio de Janeiro: Loyola, 2002.

6
No trecho citado, Tomás de Aquino justifica a FIL0151 - (Uff) A grande contribuição de Tomás de
monarquia como o regime de governo capaz de Aquino para a vida intelectual foi a de valorizar a
a) refrear os movimentos religiosos contestatórios. inteligência humana e sua capacidade de alcançar a
b) promover a atuação da sociedade civil na vida verdade por meio da razão natural, inclusive a respeito
política. de certas questões da religião.
c) unir a sociedade tendo em vista a realização do bem Discorrendo sobre a “possibilidade de descobrir a
comum. verdade divina”, ele diz que há duas modalidades de
d) reformar a religião por meio do retorno à tradição verdade acerca de Deus. A primeira refere-se a
helenística. verdades da revelação que a razão humana não
e) dissociar a relação política entre os poderes consegue alcançar, por exemplo, entender como é
temporal e espiritual. possível Deus ser uno e trino. A segunda modalidade é
composta de verdades que a razão pode atingir, por
exemplo, que Deus existe.
FIL0149 - (Espm) Seu principal objetivo era
demonstrar, por um raciocínio lógico formal, a A partir dessa citação, indique a afirmativa que melhor
autenticidade dos dogmas cristãos. A filosofia devia expressa o pensamento de Tomás de Aquino.
desempenhar um papel auxiliar na realização deste
objetivo. Por isso a tese de que a filosofia está a serviço
da teologia. a) A fé é o único meio do ser humano chegar à verdade.
(Antonio Carlos Wolkmer – Introdução à História do Pensamento b) O ser humano só alcança o conhecimento graças à
Político) revelação da verdade que Deus lhe concede.
c) Mesmo limitada, a razão humana é capaz de alcançar
O texto deve ser relacionado com: certas verdades por seus meios naturais.
a) a filosofia epicurista. d) A Filosofia é capaz de alcançar todas as verdades
b) a filosofia escolástica. acerca de Deus.
c) a filosofia iluminista. e) Deus é um ser absolutamente misterioso e o ser
d) o socialismo. humano nada pode conhecer d’Ele.
e) o positivismo.

FIL0152 - (Ufu) A teologia natural, segundo Tomás de


FIL0150 - (Ufu) Com efeito, existem a respeito de Deus Aquino (1225-1274), é uma parte da filosofia, é a parte
verdades que ultrapassam totalmente as capacidades que ele elaborou mais profundamente em sua obra e
da razão humana. Uma delas é, por exemplo, que Deus na qual ele se manifesta como um gênio
é trino e uno. Ao contrário, existem verdades que verdadeiramente original. Se se trata de física, de
podem ser atingidas pela razão: por exemplo, que Deus fisiologia ou dos meteoros, Tomás é simplesmente
existe, que há um só Deus etc. aluno de Aristóteles, mas se se trata de Deus, da
AQUINO, Tomás de. Súmula contra os Gentios. Capítulo Terceiro: A
possibilidade de descobrir a verdade divina. Tradução de Luiz João origem das coisas e de seu retorno ao Criador, Tomás
Baraúna. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 61. é ele mesmo. Ele sabe, pela fé, para que limite se dirige,
contudo, só progride graças aos recursos da razão.
Para São Tomás de Aquino, a existência de Deus se GILSON, Etienne. A Filosofia na Idade Média, São Paulo: Martins
Fontes, 1995, p. 657.
prova
a) por meios metafísicos, resultantes de investigação
De acordo com o texto acima, é correto afirmar que
intelectual.
a) a obra de Tomás de Aquino é uma mera repetição da
b) por meio do movimento que existe no Universo, na
obra de Aristóteles.
medida em que todo movimento deve ter causa
b) Tomás parte da revelação divina (Bíblia) para
exterior ao ser que está em movimento.
entender a natureza das coisas.
c) apenas pela fé, a razão é mero instrumento acessório
c) as verdades reveladas não podem de forma alguma
e dispensável.
ser compreendidas pela razão humana.
d) apenas como exercício retórico.
d) é necessário procurar a concordância entre razão e
fé, apesar da distinção entre ambas.

7
FIL0153 - (Ufu) Considere o seguinte texto sobre d) Mesmo limitada, a razão humana é capaz de
Tomás de Aquino (1226-1274). alcançar por seus meios naturais certas verdades.
Fique claro que Tomás não aristoteliza o e) Deus é um ser absolutamente misterioso e o ser
cristianismo, mas cristianiza Aristóteles. Fique claro humano nada pode conhecer d’Ele.
que ele nunca pensou que, com a razão se pudesse
entender tudo; não, ele continuou acreditando que FIL0155 - (Ufu) Para responder a questão, leia o
tudo se compreende pela fé: só quis dizer que a fé não seguinte texto.
estava em desacordo com a razão, e que, portanto, era O universal é o conceito, a ideia, a essência
possível dar-se ao luxo de raciocinar, saindo do comum a todas as coisas (por exemplo, o conceito de
universo da alucinação. ser humano). Em outras palavras, pergunta-se se os
Eco, Umberto. “Elogio de santo Tomás de Aquino”. In: Viagem na
irrealidade cotidiana, p.339. gêneros e as espécies têm existência separada dos
objetos sensíveis: as espécies (por exemplo, o cão) ou
É correto afirmar, segundo esse texto, que: os gêneros (por exemplo, o animal) teriam existência
a) Tomás de Aquino, com a ajuda da filosofia de real? Ou seriam apenas ideias na mente ou apenas
Aristóteles, conseguiu uma prova científica para as palavras?
certezas da fé, por exemplo, a existência de Deus. (ARANHA, M. L. A. & MARTINS, M. H. Filosofando. 3ª edição. São
b) Tomás de Aquino se empenha em mostrar os erros Paulo: Moderna, 2003, p. 126.)
da filosofia de Aristóteles para mostrar que esta
filosofia é incompatível com a doutrina cristã. A resposta correta à pergunta formulada no texto
c) o estudo da filosofia de Aristóteles levou Tomás de acima, sobre os universais, é:
Aquino a rejeitar as verdades da fé cristã que não
a) Segundo os nominalistas, as espécies e gêneros
fossem compatíveis com a razão natural.
universais são meras palavras que expressam um
d) a atitude de Tomás de Aquino diante da filosofia de
conteúdo mental, sem existência real.
Aristóteles é de conciliação desta filosofia com as
b) Segundo os nominalistas, os universais são
certezas da fé cristã.
conceitos, mas têm fundamento na realidade das
coisas.
c) Segundo os nominalistas, os universais (gêneros e
FIL0154 - (Uff) A importância do filósofo medieval
espécies) são entidades realmente existentes no
Tomás de Aquino reside principalmente em seu
mundo das Ideias, sendo as coisas deste mundo meras
esforço de valorizar a inteligência humana e sua
cópias destas Ideias.
capacidade de alcançar a verdade por meio da razão.
d) Segundo os nominalistas, os gêneros e as espécies
Discorrendo sobre a “possibilidade de descobrir a
universais existem realmente, mas apenas na mente de
verdade divina”, ele diz:
Deus.
“As verdades que professamos acerca de Deus
revestem uma dupla modalidade. Com efeito, existem
FIL0156 - (Ufu) Santo Tomás de Aquino, nascido em
a respeito de Deus verdades que ultrapassam
1224 e falecido em 1274, propôs as cinco vias para o
totalmente as capacidades da razão humana. Uma
conhecimento de Deus. Estas vias estão
delas é, por exemplo, que Deus é trino e uno. Ao
fundamentadas nas evidências sensíveis e racionais. A
contrário, existem verdades que podem ser atingidas
primeira via afirma que os corpos inanimados podem
pela razão: por exemplo, que Deus existe, que há um
ter movimento por si mesmos. Assim, para que estes
só Deus etc. Estas últimas verdades, os próprios
corpos tenham movimento é necessário que algo os
filósofos as provaram por meio de demonstração,
mova. Esta concepção leva à necessidade de um
guiados pela luz da razão natural”.
primeiro motor imóvel, isto é, algo que mesmo não
sendo movido por nada pode mover todas as coisas.
A partir dessa citação, identifique a opção que melhor
expressa esse pensamento de Tomás de Aquino.
Sobre a primeira via, que é a do movimento, marque a
a) A Filosofia é capaz de alcançar todas as verdades
alternativa correta.
acerca de Deus.
a) Para que os objetos tenham movimento é necessário
b) O ser humano só alcança o conhecimento graças à
que algo os mova; dessa forma, entende-se que é
revelação da verdade que Deus lhe concede.
necessário um primeiro motor. Logo, podemos
c) A fé é o único meio de o ser humano chegar à
entender que Deus não é necessário no sistema.
verdade.

8
b) Para Santo Tomás, os objetos inanimados movem-se FIL0159 - (Ufu) O texto que segue refere-se às vias da
por si mesmos e esse fenômeno demonstra a prova da existência de Deus.
existência de Deus. As cinco vias consistem em cinco grandes
c) A demonstração do primeiro motor não recorre à linhas de argumentação por meio das quais se pode
sensibilidade, dispensando toda e qualquer provar a existência de Deus. Sua importância reside
observação da natureza, uma vez que sua sobretudo em que supõe a possibilidade de se chegar
fundamentação é somente racional.
no entendimento de Deus, ainda que de forma parcial
d) Conforme o argumento da primeira via podemos
e indireta, a partir da consideração do mundo natural,
concluir que Deus é o motor imóvel, o qual move todas
do cosmo, entendido como criação divina.
as coisas, mas não é movido.
MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia: dos pré-socráticos a
Wittgenstein.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999. p. 67.
FIL0157 - (Ueg) A Idade Média e a Idade Moderna são
duas fases da história europeia marcadas, em muitos
aspectos, por visões distintas de mundo: a primeira, A partir do texto, marque a alternativa correta.
teocêntrica, procurava conciliar fé e razão; a segunda, a) As cinco vias são argumentos diretos e evidentes da
antropocêntrica, se destaca pelo racionalismo. Em existência de Deus.
termos filosóficos, seus principais representantes b) Tomás de Aquino formula as cinco vias da prova da
foram, respectivamente: existência de Deus, utilizando, sistematicamente, as
a) Tomás de Aquino e René Descartes passagens bíblicas para fundamentar seus argumentos.
b) Santo Agostinho e Thomas Hobbes c) As cinco vias partem de afirmações gerais e racionais
c) Maquiavel e Bossuet sobre a existência de Deus, para chegar a conclusões
d) Cícero e Copérnico sobre as coisas sensíveis, particulares e verificáveis
sobre o mundo natural.
d) Tomás de Aquino formula as argumentações que
FIL0158 - (Ufu) Leia o texto a seguir sobre o problema provam a existência de Deus sob a influência do
dos universais. pensamento de Aristóteles, recorrendo não à Bíblia,
“Ockham adota o nominalismo, posição mas, sobretudo, à Metafísica do filósofo grego.
inaugurada em uma versão mais radical por Roscelino
(séc. XII), [que] afirma serem os universais apenas
palavras, flatus vocis, sons emitidos, não havendo
nenhuma entidade real correspondentes a eles.”
MARCONDES, D. Iniciação à história da filosofia: dos pré-
socráticos a Wittgenstein.
FIL0160 – (Ufu) Sobre Tomás de Aquino, considere o
Rio de Janeiro: J. Zahar, 2005. p. 132.
seguinte trecho, extraído de uma conhecida História da
Filosofia.
Marque a alternativa correta.
a) Segundo o texto acima, o termo “humanidade”,
“O sistema tomista baseia-se na determinação rigorosa
aplicável a uma multiplicidade de indivíduos, indica um
das relações entre a razão e a revelação. Ao homem,
modo de ser das realidades extramentais.
cujo fim último é Deus, o qual excede toda a
b) Segundo o texto acima, o termo “humanidade”,
compreensão da razão, não basta a investigação
aplicável a uma multiplicidade de indivíduos, é apenas
filosófica baseada na razão. Mesmo aquelas verdades
um conceito pelo qual nos referimos a esse conjunto.
que a razão pode alcançar sozinha, não é dado a todos
c) Segundo o texto acima, o termo “humanidade”,
alcançá-las, e não está livre de erros o caminho que a
aplicável a uma multiplicidade de indivíduos,
elas conduz. Foi, portanto, necessário que o homem
determina entidades metafísicas subsistentes.
fosse instruído convenientemente e com mais certeza
d) Segundo o texto acima, o termo “humanidade”,
pela revelação divina. Mas a revelação não anula nem
aplicável a uma multiplicidade de indivíduos,
torna inútil a razão: ‘a graça não elimina a natureza,
determina formas de substância individual existentes.
antes a aperfeiçoa’. A razão natural subordina-se à fé
tal como no campo prático as inclinações naturais se
subordinam à caridade.”
ABBAGNANO, Nicola. História da Filosofia . Lisboa: Presença,
1978, p. 29-30, Vol. IV.

9
Com base no texto, é correto afirmar que Tomás de FIL0500 - (Enem) É preciso usar de violência e rebater
Aquino varonilmente os apetites dos sentidos sem atender ao
a) rejeitava as verdades da fé cristã que não pudessem que a carne quer ou não quer, mas trabalhando por
ser explicadas plenamente pela razão humana. sujeitá-la ao espírito, ainda que se revolte. Cumpre
b) desprezava, por serem inúteis, as tentativas castigá-la e curvá-la à sujeição, a tal ponto que esteja
racionais em compreender as verdades da fé cristã. disposta para tudo, sabendo contentar-se com pouco e
c) buscava conciliar as verdades da fé cristã com as deleitar-se com a simplicidade, sem resmungar por
exigências da razão humana. qualquer incômodo.
d) subordinava a fé à razão natural, só sendo digno de KEMPIS, T. Imitação de Cristo. Petrópolis; Vozes. 2015.
crença o que pudesse ser cientificamente comprovado.
Qual característica do ascetismo medieval é destacada
no texto?
FIL0161 - (Ufu) Sobre a questão dos universais na a) Exaltação do ritualismo litúrgico.
Idade Média, considere o texto a seguir e marque a b) Afirmação do pensamento racional.
alternativa correta. c) Desqualificação da atividade laboral.
d) Condenação da alimentação impura.
“Resume-se, frequentemente, a contribuição histórica e) Desvalorização da materialidade corpórea.
de Guilherme de Ockham ao ‘nominalismo’. Sem ser
falsa, esta visão é insuficiente. É incontestável que, FIL0548 - (Uece) “Sto. Tomás [de Aquino], sempre fiel
para Guilherme de Ockham, existem apenas seres às legítimas tradições, afirma a distinção entre direito
singulares e substâncias individuais ou qualidades natural e direito positivo, em sólido artigo da Suma
particulares. Mas seu impacto repousa mais Teológica (II-II 57, 2). O termo direito aplica-se aos dois
fundamentalmente num tipo de análise da linguagem direitos analogicamente, alicerçando Santo Tomás a
da qual ele é ao mesmo tempo o teórico e um de seus sua distinção em Aristóteles. Haverá um direito
praticantes mais finos.” proveniente ‘da própria natureza da coisa’, direito
BIARD, Jöel. “Guilherme de Ockham”.In: LABRUNE, Monique & natural, que não se confunde com as normas da justiça
JAFFRO, Laurent (coord.). A construção da filosofia ocidental firmadas entre duas pessoas, ou estabelecidas pela
(Gradus Philosophicus). São Paulo: Mandarim, 1996, p. 166.
autoridade pública (direito positivo). Enquanto o
primeiro direito independe da vontade humana, o
a) Entre os filósofos da Idade Média, são considerados segundo nasce dela por uma convenção estabelecida.”
nominalistas, além de Guilherme de Ockham, Tomás MOURA, Odilão, D. A Doutrina do Direito Natural em Tomás de Aquino. In:
de Aquino e Duns Scot. Veritas, Porto Alegre, vol. 40, n. 159, setembro, 1995, p. 484.
b) Segundo o texto citado, é falso classificar Guilherme
de Ockham entre os adeptos do nominalismo. Com base na citação acima, é correto definir o Direito
c) No âmbito da chamada “questão dos universais”, a Natural, em Tomás de Aquino, como
posição oposta à de Guilherme de Ockham é conhecida a) o conjunto de leis divinas revelado pelos profetas.
como “conceptualismo”. b) o direito racional em si mesmo, que independe das
d) O nominalismo de que fala o texto é a tese segundo leis civis.
a qual os conceitos universais não têm existência fora c) as leis que regem os fenômenos naturais, mas não os
da mente. civis.
d) a essência em comum entre as diversas legislações
FIL0162 - (Ueg) Durante seu reinado, Carlos Magno civis.
buscou reverter o quadro de estagnação cultural
gerado pelas invasões bárbaras, quando muito do
conhecimento da Antiguidade clássica havia se
perdido. Reuniu então, com o apoio da Igreja, grandes
sábios que deveriam transmitir sua sabedoria nas
escolas da época. Esses grandes mestres foram
chamados scholasticos. As matérias ensinadas por eles
nas escolas medievais eram chamadas de artes liberais
e foram divididas em
a) fé e razão.
b) matemática e gramática.
c) trívio e quadrívio.
d) teologia e filosofia.

10
FIL0549 - (Uece) Atente para o seguinte diálogo entre a) na liberdade do homem, dotado por Deus de livre-
Agostinho de Hipona e Evódio, seu amigo e arbítrio.
conterrâneo: b) na ação sobre os homens de um ente que personifica
“Agostinho – Mas se julgamos com razão ser feliz o o mal.
homem de boa vontade, não se deveria também, com c) na natureza humana, que, por ser finita, é próxima
boa razão, declarar ser infeliz aquele que possui do mal.
vontade contrária a essa? d) no mau uso do livre-arbítrio, orientado pelo amor-
Evódio – Com muito boa razão. próprio.
Agostinho – Logo, que motivo existe para crer que
devemos duvidar – mesmo se até o presente nunca
tenhamos possuído aquela sabedoria – que é pela FIL0601 – (Fer) Não foram poucos, porém, aqueles que
vontade que merecemos ser e levamos uma vida dispensaram até mesmo essa comprovação racional da
louvável e feliz; e pela mesma vontade, que levamos fé. Foi o caso de religiosos que desprezavam a filosofia
uma vida vergonhosa e infeliz? grega. Mas houve também aqueles que defenderam o
Evódio – Constato que chegamos a essa conclusão conhecimento da filosofia grega, percebendo a
fundamentando-nos em razões certas e inegáveis”. possibilidade de utilizá-la como instrumento a serviço
AGOSTINHO. O livre arbítrio, III, 13, 28. Trad. bras. Assis Oliveira. São do cristianismo. Conciliando com a fé cristã, esse
Paulo: Paulus, 1995.
estudo permitiria à Igreja enfrentar os descrentes e
derrotar os hereges, empregando as armas da
Com base no diálogo acima e no que se sabe sobre o
argumentação lógica.
pensamento de Agostinho de Hipona, assinale a opção COTRIM, Gilberto e FERNANDES, Mirna. Fundamentos de Filosofia.
que completa corretamente o seguinte enunciado: São Paulo: Saraiva, 2017, p. 241. (Adaptado)
Que seja pela vontade que o homem se torne virtuoso De acordo com o texto e com o seu conhecimento
e feliz e, igualmente, pela vontade que caia no vício e sobre o pensamento de Agostinho de Hipona, assinale
na infelicidade, isso significa que o homem a alternativa correta.
a) nasce ou com boa vontade ou com má vontade, a) Agostinho nega a possibilidade de conciliação entre
tendo determinado um destino feliz ou infeliz. fé e razão.
b) está condenado, após o pecado original, a agir b) Para Agostinho, fé e razão podem ser conciliadas,
sempre no vício, portanto, a ser infeliz. mas a razão deve prevalecer e servir como guia à fé.
c) mantém a liberdade, apesar do pecado original, de c) Agostinho foi um defensor da conciliação entre fé e
ser virtuoso, podendo, por si só, ser feliz. razão, desde que a razão estivesse subordinada à fé.
d) pode decidir sua ação, mas deve contar com a Graça d) A interpretação da frase “(...) creio tudo o que
divina para ser virtuoso e feliz. entendo, mas nem tudo que creio também entendo”
corrobora o que foi dito no texto da questão, pois
Agostinho afirma a impossibilidade do conhecimento
racional.
e) Embora defendesse a conciliação entre fé e razão,
Agostinho não via benefício no uso da lógica. Por isso,
FIL0550 - (Uece) “Agostinho faz um contraponto ao dedicou sua vida às questões da fé, sem preocupar-se
dualismo maniqueísta ao refutar que o mal não existe com o conhecimento racional.
enquanto ser. Ele refuta o dualismo ontológico dobem
e do mal dos maniqueístas e desenvolve a teoria da
origem do mal como uma negação do Sumo Bem, na
qual o mal não tem ser, não existe, mas é resultado do
livre-arbítrio da vontade do homem que o utiliza em FIL0602 – (Fer) A patrística surge no séc. II d.C. e
vista de si mesmo. Ou seja, o mal é moral; é um ato estende-se por todo o período medieval conhecido
voluntário do homem ao negar seu Criador, Deus, Bem como alta Idade Média. É considerada a filosofia dos
universal, em vista de si mesmo.” Padres da Igreja. Entre seus objetivos encontramos a
GOMES, I. S. G. A origem do mal no pensamento de agostinho de conversão dos pagãos, o combate às heresias e a
hipona. In: Anais do III Congresso Nordestino de Ciências da
Religião e Teologia. Disponível em: consolidação da doutrina cristã. A patrística deixa de
http://www.unicap.br/ocs/index.php/cncrt/cncrt/paper/viewFile/ ser predominante como doutrina do cristianismo
277/61. Acessado em 18-10-2021 – Adaptado. quando, a partir do séc. IX, surge uma nova corrente
filosófica denominada escolástica, que atinge o apogeu
Segundo essa passagem, a origem do mal está no séc. XIII.

11
Sobre a Filosofia Medieval e sua periodização, assinale FIL0604 – (Fer) “Isto agora é límpido e claro: nem as
a alternativa correta: coisas futuras existem, nem as coisas passadas, nem
a) A Escolástica dedicou-se, preponderantemente, a dizemos apropriadamente ‘existem três tempos: o
produzir teses e discussões inaugurais sobre filosofia, passado, o presente e o futuro’. Mas talvez
uma vez que, sob a supervisão da igreja, os filósofos pudéssemos dizer apropriadamente ‘existem três
não tinham acesso a textos de autores clássicos. tempos: o presente das coisas passadas, o presente das
b) Vários pensadores da patrística, entre eles Santo coisas presentes, o presente das coisas futuras’. Pois os
Agostinho, tomam ideias da filosofia clássica grega, três estão de alguma maneira na alma e eu não os vejo
particularmente de Platão, que são adaptadas às em outro lugar: o presente das coisas passadas é a
necessidades das verdades expressas pela teologia memória, o presente das coisas presentes é o olhar, o
cristã. presente das coisas futuras é a expectativa”.
c) A Patrística configura um novo horizonte filosófico, SANTO AGOSTINHO, Confissões, in: MARÇAL, J. Antologia de textos
proposto por Santo Agostinho, inspirado em Platão, de filosóficos. Curitiba: Seed, 2009, p. 43.
modo a resgatar a importância das coisas sensíveis, da
materialidade. Assinale a alternativa que apresenta corretamente a
d) A Patrística considera que as verdades da razão concepção de Tempo, de acordo com o pensamento de
estão sempre em contradição com as verdades Santo Agostinho:
reveladas por Deus. a) Para Agostinho, o Tempo existe na alma humana
e) O período dominado pela filosofia escolástica foi fundamentalmente enquanto presença.
marcado pela condenação dos textos de Aristóteles, b) Para Santo Agostinho, existem três tempos distintos:
vistos como heréticos, por negarem a existência de um passado, presente e futuro.
plano superior ao mundo sensível. c) O Tempo, enquanto realidade ontológica, foi criado
por Deus juntamente com todas as coisas que existem.
d) Passado, presente e futuro existem somente na
FIL0603 – (Fer) Quem me criou? Não foi o meu Deus, memória do homem.
que é bom, e é também a mesma bondade? Donde me e) Por existir na eternidade, a alma humana cria, para
veio, então, o querer, eu, o mal e não querer o bem? si mesma, a concepção de Tempo.
Qual a sua origem, se Deus, que é bom, fez todas as
coisas? Sendo o supremo e sumo Bem, criou bens
menores do que Ele; mas, enfim, o Criador e as FIL0605 – (Fer) Quem nos mostrará o Bem? Ouçam a
criaturas, todos são bons. Donde, pois, vem o mal?” nossa resposta: Está gravada dentro de nós a luz do
AGOSTINHO, Santo. Confissões; De magistro. São Paulo: Nova vosso rosto, Senhor. Nós não somos a luz que ilumina
Cultural, 1987. Coleção “Os Pensadores”. Livro VII. Adaptado. a todo homem, mas somos iluminados por Vós. Para
que sejamos luz em Vós os que fomos outrora trevas.
Com base no texto e em seus conhecimentos sobre o SANTO AGOSTINHO. Confissões IX. São Paulo: Nova Cultural,1987. 4, l0. p.154.
livre-arbítrio e a origem do Mal em Santo Agostinho, Coleção Os Pensadores
assinale a alternativa CORRETA:
a) Em concordância com a tradição dos pensamentos Sobre a doutrina da iluminação de Santo Agostinho,
maniqueísta e neoplatônico, Santo Agostinho defendia julgue os itens.
a visão dualista de um mundo em perpétua luta entre I. A doutrina da iluminação divina é uma transcrição fiel
o Bem e o Mal, ambos incriados e eternos. da teoria da reminiscência platônica, uma vez que
b) Agostinho derruba a tese sobre a existência do Bem Agostinho afirma que a epistemologia do filósofo grego
e do Mal, ao afirmar que as coisas simplesmente são o está inteiramente de acordo com a concepção cristã de
que são e, portanto, é a interpretação humana que conhecimento.
chama de Bem o que nos é vantajoso e de Mal o que II. Segundo Santo Agostinho, as verdades provêm da
nos é nocivo. iluminação divina sobre a mente humana. Nesse
c) O livre-arbítrio é o que conduz o homem ao pecado sentido, não pode haver oposição entre verdades
e ao afastamento de Deus. pagãs e verdades cristãs, uma vez que todas provêm da
d) De acordo com o pensamento do bispo de Hipona, mesma fonte de conhecimento, ou seja, de Deus.
Deus é o Bem absoluto, ao qual se contrapõe o Mal III. A razão humana é iluminada pela luz interior da
absoluto. verdade. Assim, Agostinho formulou, pela primeira vez
e) O livre-arbítrio foi concedido ao homem para que na história da filosofia, a teoria das ideias inatas, cuja
pudesse agir corretamente. Assim, de acordo com existência e certeza são independentes e autônomas
Santo Agostinho, a concessão do livre-arbítrio ao em relação ao intelecto divino.
homem foi um ato de bondade.

12
IV. A teoria da iluminação, tal como sugere o nome,
está fundamentada na luz de Deus, luz interior dada ao (__) Segundo os nominalistas, os universais são
homem interior na busca da verdade das coisas, que conceitos, mas têm fundamento na realidade das
não são conhecidas pelos sentidos; esta luz é Cristo, coisas.
que ensina e habita no homem interior. (__) O realismo, de inspiração platônica, afirmava que
os universais existiam na realidade,
Assinale a alternativa que contém as assertivas independentemente das coisas individuais.
verdadeiras. (__) O Problema dos Universais busca entender o
a) I e III. modo de existência dos termos que nomeiam vários
b) I e IV. seres, ou seja, se os universais existem realmente ou se
c) II e III. são apenas produtos do pensamento.
d) II e IV. (__) O realismo moderado de Tomás de Aquino admite
e) Todas estão corretas. uma existência ante rem (antes das coisas) para os
termos universais, uma vez que eles existem na mente
de Deus antes da criação dos seres individuais.
FIL0606 – (Fer) “No contexto das linhas metafísicas
expostas, não será difícil captar o valor das cinco A sequência correta, de cima para baixo, é:
provas ou caminhos através dos quais Tomás alcança a a) V, V, V, V.
única meta, Deus, no qual tudo se unifica e adquire luz b) V, F, V, F.
e coerência. Para Tomás, Deus é o primeiro na ordem c) F, V, F, F.
ontológica, mas não na ordem psicológica. Mesmo d) V, V, V, F.
sendo o fundamento de tudo, Deus deve ser alcançado e) F, V, V, V.
por caminhos a posteriori, isto é, partindo dos efeitos
e do mundo.”
REALE, G. História da Filosofia. São Paulo: Paulus, volume I, 1990, p. 561. FIL0608 – (Fer) Embora o cristianismo não seja uma
filosofia, ele afeta de forma profunda o pensamento
Sobre as cinco provas da existência de Deus e a filosofia filosófico da época [Idade Média], uma vez que o
de Tomás de Aquino é correto afirmar que: filósofo cristão se depara com o problema da sua
a) Tomás de Aquino se inspira na filosofia de Platão realidade finita e imperfeita diante da divindade
para traçar um caminho ascendente a Deus, partindo infinita e perfeita.”
do mundo sensível, imperfeito, para chegar ao mundo ARANHA, M. L. de A. Temas de filosofia. 3ª. ed. rev.
inteligível, onde encontra a prova da existência de São Paulo: Moderna, 2005, p.110.
Deus.
b) As cinco vias ou provas da existência de Deus Sobre a Filosofia Medieval, assinale a alternativa
apresentadas por Tomás de Aquino seguem uma lógica CORRETA.
dedutiva. a) O período denominado Patrística teve Santo
c) Todas as cinco vias fundamentam-se nos dados Agostinho como seu maior representante e foi
revelados da Sagrada Escritura. marcado pela tentativa de união da filosofia de Platão
d) Tomás de Aquino negava a possibilidade do à fé cristã.
conhecimento empírico. Assim, precisou deduzir, a b) O período denominado Patrística teve São Tomás de
partir de ideias inatas, a existência de um Deus Aquino como seu maior representante e foi marcado
absolutamente bom, a fim de escapar do ceticismo. pela tentativa de união da filosofia de Aristóteles à fé
e) As cinco provas da existência de Deus partem de cristã.
uma realidade sensível, como elemento empírico, e do c) O período denominado Escolástica teve Santo
princípio de causalidade, como elemento racional. Agostinho como seu maior representante e foi
marcado pela tentativa de união da filosofia de
FIL0607 – (Fer) A questão dos universais é introduzida Aristóteles à fé cristã.
na Filosofia Medieval pelos comentários de Boécio à d) O período denominado Escolástica teve São Tomás
sua tradução da lógica de Aristóteles no século VI. de Aquino como seu maior representante e foi
Todavia a polêmica acerca da existência real dos marcado pela tentativa de união da filosofia de Platão
universais assume forma e importância maior a partir à fé cristã.
do século XI. e) Durante o período da Patrística predominou a ideia
de que fé e razão eram inconciliáveis. Posição somente
Sobre a questão dos universais, marque V, se for alterada no período da Escolástica, quando há uma
verdadeiro, e F, se for falso. tentativa de reconciliar a fé cristã com a filosofia grega.

13
FIL0609 – (Fer) A questão dos universais foi um dos FIL0610 – (Fer) “Tudo o que se move é movido por
grandes problemas debatidos na Filosofia Medieval. A outro ser. Por sua vez, este outro ser, para que se
dificuldade era determinar o modo de ser das ideias mova, necessita também que seja movido por outro
gerais, gêneros ou espécies, tais como homem, animal ser. E assim sucessivamente. Se não houver um
etc.; ou seja, saber se os universais correspondem a primeiro ser movente, cairíamos num processo
uma realidade fora de nós ou se são puras abstrações infinito, o que é absurdo. Logo, é preciso que haja um
do espírito e sem realidade. Realismo e nominalismo primeiro ser movente que não seja movido por
foram as duas soluções típicas do problema, surgindo nenhum outro. Esse ser é Deus”.
o conceitualismo como solução intermediária. Tomás de Aquino. Suma de Teologia. Citado por: COTRIM,
Gilberto. Fundamentos de Filosofia. São Paulo: Saraiva, 1996. p.
135.
Em relação à questão dos universais, assinale o item
incorreto.
O texto acima apresenta uma das cinco “provas” da
a) Segundo os nominalistas, os universais (gêneros e
existência de Deus chamada por alguns de argumento
espécies) são entidades realmente existentes no
do Primeiro Motor Imóvel, proposta por Tomás de
mundo das Ideias, sendo as coisas deste mundo meras
Aquino. A propósito desse tema, julgue os itens abaixo.
cópias destas Ideias.
b) Uma forma moderada de realismo foi defendida por
I. Nas cinco vias, Tomás de Aquino utiliza argumentos
Santo Tomás de Aquino, o qual, sob influência de
racionais para provar a existência de Deus.
Aristóteles, supôs que o universal estaria na coisa,
II. As provas apresentadas por Santo Tomás partem
como sua forma ou substância; depois da coisa, como
sempre do efeito para a causa.
conceito no intelecto; e antes da coisa, na mente
III. Após propor as cinco vias, Aquino reconhece a
divina, como modelo das coisas criadas.
validade do regresso ao infinito, quando se trata de
c) Por universal entende-se conceito, ideia, gênero,
alcançar as causas primeiras.
espécie ou propriedade predicada de vários indivíduos.
IV. Tomás de Aquino tomou por tarefa compatibilizar,
d) Guilherme de Okham adota a posição nominalista,
a partir da relação fé e razão, a filosofia aristotélica com
pois afirma que os universais são apenas palavras, sons
a verdade cristã.
emitidos, não havendo nenhuma entidade real
correspondente a eles.
Está correto o que se afirma em:
e) O conceitualismo, tese sustentada por Pedro
a) I, II, III e IV.
Abelardo, afirma que os universais existem apenas no
b) III e IV somente.
intelecto, mas se referem a seres reais, indicando o
c) I e II somente.
modo de ser (Status Communis) de certos entes.
d) II e III somente.
e) I, II e IV somente.

notas

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Filosofia Moderna

FIL0163 - (Enem) Outro remédio eficiente é organizar produto necessário da política, não é natural, nem a
colônias, em alguns lugares as quais virão a ser como materialização de uma vontade extraterrena, e
grilhões impostos às províncias, porque isto é tampouco resulta do jogo de dados do acaso. Ao
necessário que se faça ou deve-se lá ter muita força de contrário, a ordem tem um imperativo: deve ser
armas. Não é muito que se gasta com as colônias, e, construída pelos homens para se evitar o caos e a
sem despesa excessiva, podem ser organizadas e barbárie, e, uma vez alcançada, ela não será definitiva,
mantidas. Os únicos que terão prejuízos com elas serão pois há sempre, em germe, o seu trabalho em negativo,
os de quem se tomam os campos e as moradias para se isto é, a ameaça de que seja desfeita.
darem aos novos habitantes. Entretanto, os (SADEK, Maria Tereza. Nicolau Maquiavel: o cidadão sem fortuna,
prejudicados serão a minoria da população do Estado, o intelectual de virtù. In: WEFFORT, Francisco (org.). Clássicos da
política, vol. 01. São Paulo: Ática, 2001. p. 17-18.)
e dispersos e reduzidos à penúria, nenhum dano trarão
ao príncipe, e os que não foram prejudicados terão, por
Considerando o argumento de Maria Tereza Sadek, em
isso, que se aquietarem, temerosos de que o mesmo
seu texto intitulado Nicolau Maquiavel: o cidadão sem
lhes suceda.
fortuna, o intelectual de virtù, é correto afirmar:
MAQUIAVEL, N. O príncipe. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

Em O príncipe, Maquiavel apresenta conselhos para a a) Os estudos de Maquiavel sobre o reino do ser na
manutenção do poder político, como o deste trecho, política levam em consideração a tradição idealista de
que tem como objeto a Platão, Aristóteles e São Tomás de Aquino e rejeitam
a) transferência dos inimigos da metrópole para a as interpretações de historiadores antigos, como
colônia. Tácito, Políbio, Tucídides e Tito Lívio.
b) substituição de leis, costumes e impostos da região b) Em sua obra, Maquiavel coloca em relevo a
dominada. dimensão efetivamente social, histórica e política das
c) implantação de um exército armado, constituído relações humanas, explicitando que sua regra
pela população subjugada. metodológica implica o exame da realidade tal como
d) expansão do principado, com migração populacional ela é e não como se gostaria que ela fosse.
para o território conquistado. c) A política, segundo Maquiavel, tem correspondência
e) distribuição de terras para a parcela do povo com as ideias inatistas, ou seja, de que os indivíduos
dominado, que possui maior poder político. são predestinados a um tipo de condição que lhes é
inerente, não havendo possibilidade de mudança ou
qualquer outra forma de alterar as estruturas de poder,
FIL0164 - (Ufpr) Considere a passagem abaixo: por ele denominada de “maquiavélicas”.
d) Segundo Sadek, ao formular uma explicação sobre
A substituição do reino do dever ser, que marca a essa questão, Maquiavel não rompeu com os
filosofia anterior, pelo reino do ser, da realidade, leva paradigmas que fundavam a política de seu tempo, por
Maquiavel a se perguntar: como fazer reinar a ordem, conseguinte, favorecendo a perpetuação de tiranias
como instaurar um Estado estável? O problema central nos séculos XV e XVI.
de sua análise política é descobrir como pode ser e) Para Maquiavel, o problema central da política foi a
resolvido o inevitável ciclo de estabilidade e caos. Ao democracia, e sua construção implicava o
formular e buscar resolver esta questão, Maquiavel fortalecimento de governos descentralizados, o que
provoca uma ruptura com o saber repetido pelos aproximava seus estudos de liberais como John Locke
séculos. Trata-se de uma indagação radical e de uma e Thomas Hobbes.
nova articulação sobre o pensar e fazer política, que
põe fim à ideia de uma ordem natural eterna. A ordem,

1
FIL0165 - (Ufpr) Quando se conquistam Estados FIL0166 - (Enem) Para Maquiavel, quando um homem
habituados a reger-se por leis próprias e em liberdade, decide dizer a verdade pondo em risco a própria
há três modos de manter a sua posse: primeiro, integridade física, tal resolução diz respeito apenas a
arruiná-los; segundo, ir habitá-los; terceiro, deixá-los sua pessoa. Mas se esse mesmo homem é um chefe de
viver com suas leis, arrecadando um tributo e criando Estado, os critérios pessoais não são mais adequados
um governo de poucos, que se conserve amigos. [...] para decidir sobre ações cujas consequências se
Quem se torna senhor de uma cidade tradicionalmente tornam tão amplas, já que o prejuízo não será apenas
livre e não a destrói será destruído por ela. Tais cidades individual, mas coletivo. Nesse caso, conforme as
têm sempre por bandeira, nas rebeliões, a liberdade e circunstâncias e os fins a serem atingidos, pode-se
suas antigas leis, que não esquecem nunca, nem com o decidir que o melhor para o bem comum seja mentir.
correr do tempo, nem por influência dos benefícios ARANHA, M. L. Maquiavel: a lógica da força. São Paulo: Moderna,
recebidos. Por muito que se faça, quaisquer que sejam 2006 (adaptado).
as precauções tomadas, se não se promovem o dissídio
e a desagregação dos habitantes, não deixam eles de O texto aponta uma inovação na teoria política na
se lembrar daqueles princípios e, em toda época moderna expressa na distinção entre
oportunidade, em qualquer situação, a eles recorrem a) idealidade e efetividade da moral.
[...]. Assim, para conservar uma república conquistada, b) nulidade e preservabilidade da liberdade.
o caminho mais seguro é destruí-la ou habitá-la c) ilegalidade e legitimidade do governante.
pessoalmente. d) verificabilidade e possibilidade da verdade.
(MAQUIAVEL, N. O príncipe. São Paulo: Abril Cultural, 1983, p. 21- e) objetividade e subjetividade do conhecimento.
22.)

Com base nessa passagem, extraída da obra O Príncipe, FIL0167 - (Unioeste) Considerando-se o seguinte
de Maquiavel, assinale a alternativa correta. fragmento de Maquiavel, indique qual das alternativas
abaixo está CORRETA.
a) O poder emanado do príncipe deve ter a capacidade
de não apenas levar a cabo os planos de expansão de “Um príncipe prudente deve, portanto, conduzir-se de
seu próprio governo, mas sobretudo criar condições uma terceira maneira escolhendo no seu Estado
para que esse poder mantenha-se de forma plena e homens sábios, e só a esses deve dar o direito de falar-
garanta a legitimidade da própria dominação. lhe a verdade a respeito, porém apenas das coisas que
b) A passagem refere-se em especial às repúblicas que ele lhes perguntar. Deve consultá-los a respeito de
ainda não passaram por um processo de tudo e ouvir-lhes a opinião e deliberar depois como
amadurecimento de suas instituições democráticas. bem entender e com conselhos daqueles; conduzir-se
Repúblicas que dependem de orientação externa e de de tal modo que eles percebam que com quanto mais
outras nações na formação da sua própria identidade liberdade falarem, mais facilmente as suas opiniões
política, a fim de suplantar o ódio típico dessas serão seguidas”
repúblicas. (MAQUIAVEL, 1973, p. 105).
c) Para Maquiavel, “habitar” a república conquistada é
uma possibilidade mais condizente com a posição do a) De acordo com Maquiavel, o príncipe, na direção do
Príncipe. Considerando que o autor tinha laços com o seu Estado, não deve consultar ninguém ao tomar
pensamento humanista, “destruir” uma república decisões.
conquistada implicaria lançar mão da força militar, com b) Maquiavel considera que todos têm o direito de
a qual Maquiavel não concordava. criticar as ações do príncipe.
d) No mundo moderno e contemporâneo, o Príncipe, c) Maquiavel afirma que homens sábios podem falar ao
garantidor da ordem e da segurança pública, pode e príncipe o que quiserem, e na hora que bem
deve intervir com o argumento de preservar as entenderem, sendo obrigação do príncipe acatá-los.
instituições democráticas e republicanas, mesmo que d) Conforme Maquiavel, o príncipe deve cercar-se de
para isso seja necessário o uso da força. conselheiros sábios, mas eles nunca devem ter
e) O Príncipe pode, por meio de pleito eleitoral, liberdade para falar a verdade.
plebiscito ou consulta popular, agir em nome do povo e) Maquiavel defende que, como o príncipe precisa da
e garantir a soberania de seu Estado. Pode invadir as opinião livre dos sábios, deve dar-lhes o direito de
nações que coloquem em risco a sua própria liberdade. falar-lhes a verdade, mas apenas das coisas que ele lhe
Pode combater o ódio das outras repúblicas, e que essa perguntar.
nação seja destruída ou habitada pelo Príncipe, a fim
de assegurar a ordem democrática.

2
FIL0168 - (Espm) Cícero e os humanistas afirmavam FIL0170 - (Unicamp) Quanto seja louvável a um
que "nada é mais eficaz para defender e manter o príncipe manter a fé, aparentar virtudes e viver com
poder do que ser amado e nada é mais danoso do que integridade, não com astúcia, todos o compreendem;
ser temido”. Um importante pensador moderno contudo, observa-se, pela experiência, em nossos
contrapôs: "Seria desejável ser uma coisa e outra tempos, que houve príncipes que fizeram grandes
(amado e temido), mas, como é quase impossível obter coisas, mas em pouca conta tiveram a palavra dada, e
ambas as coisas ao mesmo tempo, é muito mais seguro souberam, pela astúcia, transtornar a cabeça dos
ser temido que amado, quando se deve escolher uma homens, superando, enfim, os que foram leais (...). Um
dessas condições." príncipe prudente não pode nem deve guardar a
Eugenio Garin. Dal Rinascimento all Illuminismo. palavra dada quando isso se lhe torne prejudicial e
O importante pensador moderno mencionado no quando as causas que o determinaram cessem de
enunciado é: existir.
a) Thomas Hobbes; (Nicolau Maquiavel, O Príncipe. São Paulo: Nova Cultural, 1997, p.
b) Nicolau Maquiavel; 73-85.)
c) Jean Bodin;
d) Jacques Bossuet; A partir desse excerto da obra, publicada em 1513, é
e) John Locke. correto afirmar que:
a) O jogo das aparências e a lógica da força são algumas
FIL0169 - (Unioeste) Texto 1 das principais artimanhas da política moderna
“[...] Quando um homem deseja professar a bondade, explicitadas por Maquiavel.
natural é que vá à ruína, entre tantos maus. Assim, é b) A prudência, para ser vista como uma virtude, não
preciso que, para se conservar, um príncipe aprenda a depende dos resultados, mas de estar de acordo com
ser mau, e que se sirva ou não disso de acordo com a os princípios da fé.
necessidade”. c) Os princípios e não os resultados é que definem o
MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. São Paulo: Nova Cultural, 2004, julgamento que as pessoas fazem do governante, por
p. 99. isso é louvável a integridade do príncipe.
Texto 2 d) A questão da manutenção do poder é o principal
“[...] Assim deve o príncipe tornar-se temido, de sorte desafio ao príncipe e, por isso, ele não precisa cumprir
que, se não for amado, ao menos evite ódio, pois é fácil a palavra dada, desde que autorizado pela Igreja.
ser, a um só tempo, temido e não odiado, o que
ocorrerá uma vez que se prive da posse dos bens e das
mulheres dos cidadãos e dos súditos, e, mesmo FIL0171 - (Uel) Leia o texto a seguir.
quando forçado a derramar o sangue de alguém,
poderá fazê-lo apenas se houver justificativa A República de Veneza e o Ducado de Milão ao norte,
apropriada e causa manifesta” [...]. o reino de Nápoles ao sul, os Estados papais e a
Idem, p. 106-7.
república de Florença no centro formavam ao final do
Considerando o pensamento de Maquiavel e os textos século XV o que se pode chamar de mosaico da Itália
citados, assinale a alternativa CORRETA. sujeita a constantes invasões estrangeiras e conflitos
a) O pensamento de Maquiavel volta-se à realidade e internos. Nesse cenário, o florentino Maquiavel
busca alternativas para estabelecer um Estado estável desenvolveu reflexões sobre como aplacar o caos e
onde a ordem possa reinar. instaurar a ordem necessária para a unificação e a
b) Maquiavel, assim como Platão, revela-se um regeneração da Itália.
idealista ao estabelecer padrões ao governante (Adaptado de: SADEK, M. T. “Nicolau Maquiavel: o cidadão sem
fundamentados na bondade natural do homem. fortuna, o intelectual de virtú”. In: WEFORT, F. C. (Org.). Clássicos
c) O príncipe deve ser um homem dotado de boas da política. v.2. São Paulo: Ática, 2003. p.11-24.)
virtudes (virtù) e dinheiro (fortuna) para que todos o
respeitem e ele possa fazer reinar a estabilidade. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
d) Estado e Igreja se fundem, de acordo com o filósofo. filosofia política de Maquiavel, assinale a alternativa
De nada adianta ao príncipe tentar estabelecer a correta.
ordem, já que ela depende de um estado natural das a) A anarquia e a desordem no Estado são aplacadas
coisas e de uma força extraterrena, tornando todo seu com a existência de um Príncipe que age segundo a
esforço em vão. moralidade convencional e cristã.
e) O objetivo último do pensamento político de b) A estabilidade do Estado resulta de ações humanas
Maquiavel é o de evitar a guerra a todo custo, pois as concretas que pretendem evitar a barbárie, mesmo
atrocidades da guerra desafiam os valores éticos que que a realidade seja móvel e a ordem possa ser
determinam a ação política. desfeita.
3
c) A história é compreendida como retilínea, portanto, FIL0173 - (Enem) Nasce daqui uma questão: se vale
a ordem é resultado necessário do desenvolvimento e mais ser amado que temido ou temido que amado.
aprimoramento humano, sendo impossível que o caos Responde-se que ambas as coisas seriam de desejar;
se repita. mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser
d) A ordem na política é inevitável, uma vez que o temido que amado, quando haja de faltar uma das
âmbito dos assuntos humanos é resultante da duas. Porque dos homens se pode dizer, duma maneira
materialização de uma vontade superior e divina. geral, que são ingratos, volúveis, simuladores,
e) Há uma ordem natural e eterna em todas as covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem
questões humanas e em todo o fazer político, de modo são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens,
que a estabilidade e a certeza são constantes nessa a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo
dimensão. está longe; mas quando ele chega, revoltam-se.
MAQUIAVEL, N. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.

A partir da análise histórica do comportamento


FIL0172 - (Ufpa) Ao pensar como deve comportar-se humano em suas relações sociais e políticas, Maquiavel
um príncipe com seus súditos, Maquiavel questiona as define o homem como um ser
concepções vigentes em sua época, segundo as quais a) munido de virtude, com disposição nata a praticar o
consideravam o bom governo depende das boas bem a si e aos outros.
qualidades morais dos homens que dirigem as b) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para
instituições. Para o autor, “um homem que quiser fazer alcançar êxito na política.
profissão de bondade é natural que se arruíne entre c) guiado por interesses, de modo que suas ações são
tantos que são maus. Assim, é necessário a um imprevisíveis e inconstantes.
príncipe, para se manter, que aprenda a poder ser mau d) naturalmente racional, vivendo em um estado pré-
e que se valha ou deixe de valer-se disso segundo a social e portando seus direitos naturais.
necessidade”. e) sociável por natureza, mantendo relações pacíficas
Maquiavel, O Príncipe, São Paulo: Abril cultural, Os Pensadores, com seus pares.
1973, p.69.

Sobre o pensamento de Maquiavel, a respeito do


comportamento de um príncipe, é correto afirmar que FIL0174 - (Ufu) Em seus estudos sobre o Estado,
a) a atitude do governante para com os governados Maquiavel busca decifrar o que diz ser uma verità
deve estar pautada em sólidos valores éticos, devendo effettuale, a “verdade efetiva” das coisas que
o príncipe punir aqueles que não agem eticamente. permeiam os movimentos da multifacetada história
b) o Bem comum e a justiça não são os princípios humana/política através dos tempos. Segundo ele, há
fundadores da política; esta, em função da finalidade certos traços humanos comuns e imutáveis no
que lhe é própria e das dificuldades concretas de decorrer daquela história. Afirma, por exemplo, que os
realizá-la, não está relacionada com a ética. homens são “ingratos, volúveis, simuladores, covardes
c) o governante deve ser um modelo de virtude, e é ante os perigos, ávidos de lucro”. (O Príncipe, cap. XVII)
precisamente por saber como governar a si próprio e
não se deixar influenciar pelos maus que ele está Para Maquiavel:
qualificado a governar os outros, isto é, a conduzi-los à a) A “verdade efetiva” das coisas encontra-se em plano
virtude. especulativo e, portanto, no “dever-ser”.
d) o Bem supremo é o que norteia as ações do b) Fazer política só é possível por meio de um
governante, mesmo nas situações em que seus atos moralismo piedoso, que redime o homem em âmbito
pareçam maus. estatal.
e) a ética e a política são inseparáveis, pois o bem dos c) Fortuna é poder cego, inabalável, fechado a qualquer
indivíduos só é possível no âmbito de uma comunidade influência, que distribui bens de forma indiscriminada.
política onde o governante age conforme a virtude. d) A Virtù possibilita o domínio sobre a Fortuna. Esta é
atraída pela coragem do homem que possui Virtù.

4
FIL0175 - (Enem) Mas, sendo minha intenção escrever FIL0177 - (Unisc) A partir do século XVI, com o
algo de útil para quem por tal se interesse, pareceu-me surgimento das monarquias nacionais e o
mais conveniente ir em busca da verdade extraída dos desenvolvimento do capitalismo, as concepções de
fatos e não à imaginação dos mesmos, pois muitos poder foram elaboradas para se ajustarem aos novos
conceberam repúblicas e principados jamais vistos ou tempos. Um dos grandes pensadores dessa época,
conhecidos como tendo realmente existido. responsável também pela inauguração do pensamento
MAQUIAVEL, N. O príncipe. Disponível em: político moderno e que afirmou ser “o poder forjado
www.culturabrasil.pro.br. Acesso em: 4 abr. 2013.
nas relações humanas e, como tal, pertence a esse
mundo”, foi
A partir do texto, é possível perceber a crítica a) Nicolau Maquiavel.
maquiaveliana à filosofia política de Platão, pois há b) Thomas Hobbes.
nesta a c) John Locke.
a) elaboração de um ordenamento político com d) Jean-Jacques Rousseau.
fundamento na bondade infinita de Deus. e) Immanuel Kant.
b) explicitação dos acontecimentos políticos do
período clássico de forma imparcial.
c) utilização da oratória política como meio de FIL0178 - (Unicentro) O filósofo que se relaciona ao
convencer os oponentes na ágora. pensamento político moderno é
d) investigação das constituições políticas de Atenas a) Aristóteles.
pelo método indutivo. b) Descartes.
e) idealização de um mundo político perfeito existente c) Maquiavel.
no mundo das ideias. d) Sócrates.
e) Hume.
FIL0176 - (Enem) Não ignoro a opinião antiga e muito
difundida de que o que acontece no mundo é decidido FIL0179 - (Unioeste) “Creio que a sorte seja árbitro da
por Deus e pelo acaso. Essa opinião é muito aceita em metade dos nossos atos, mas que nos permite o
nossos dias, devido às grandes transformações controle sobre a outra metade, aproximadamente.
ocorridas, e que ocorrem diariamente, as quais Comparo a sorte a um rio impetuoso que, quando
escapam à conjectura humana. Não obstante, para não enfurecido, inunda a planície, derruba casas e edifícios,
ignorar inteiramente o nosso livre-arbítrio, creio que se remove terra de um lugar para depositá-la em outro.
pode aceitar que a sorte decida metade dos nossos Todos fogem diante de sua fúria, tudo cede sem que se
atos, mas [o livre-arbítrio] nos permite o controle sobre possa detê-la. Contudo, apesar de ter essa natureza,
a outra metade. quando as águas correm quietamente é possível
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Brasília: EdUnB, 1979 (adaptado).
construir defesas contra elas, diques e barragens, de
modo que, quando voltam a crescer, sejam desviadas
Em O Príncipe, Maquiavel refletiu sobre o exercício do
para um canal, para que seu ímpeto seja menos
poder em seu tempo. No trecho citado, o autor
selvagem e devastador. O mesmo se dá com a sorte,
demonstra o vínculo entre o seu pensamento político
que mostra todo o seu poder quando não foi posto
e o humanismo renascentista ao
nenhum empenho para lhe resistir, dirigindo sua fúria
a) valorizar a interferência divina nos acontecimentos
contra os pontos que não há dique ou barragem para
definidores do seu tempo.
detê-la. [...] O príncipe que baseia seu poder
b) rejeitar a intervenção do acaso nos processos
inteiramente na sorte se arruína quando esta muda.
políticos.
Acredito também que é prudente quem age de acordo
c) afirmar a confiança na razão autônoma como
com as circunstâncias, e da mesma forma é infeliz
fundamento da ação humana.
quem age opondo-se ao que o seu tempo exige”.
d) romper com a tradição que valorizava o passado Maquiavel
como fonte de aprendizagem.
e) redefinir a ação política com base na unidade entre Considerando o pensamento político de Maquiavel e o
fé e razão. texto acima, é INCORRETO afirmar que
a) o êxito da ação política do príncipe depende do
modo como ele age de acordo com as circunstâncias.
b) a manutenção do poder e a estabilidade política são
proporcionadas pelo príncipe de virtù,
independentemente dos meios por ele utilizados.
5
c) o sucesso ou o fracasso da ação política para a FIL0181 - (Ifsp) Reconhecido por muitos como
manutenção do poder depende exclusivamente da fundador do pensamento político moderno, Maquiavel
sorte e do uso da força bruta e violenta. chocou a sociedade de seu tempo ao propor, em O
d) na manutenção do poder, a ação política do príncipe Príncipe, que
se fundamenta, não no uso da força bruta e da a) a soberania do Estado é ilimitada e que o monarca,
violência, mas na utilização da força com virtù. embora submetido às leis divinas, pode interpretá-las
e) o êxito da ação política, com vistas à manutenção do de forma autônoma, sem a necessidade de recorrer ao
poder, resulta do saber aproveitar a ocasião dada pelas Papa.
circunstâncias e da capacidade de entender o que o seu b) a autoridade do monarca é sagrada, ilimitada e
tempo exige. incontestável, pois o príncipe recebe seu poder
diretamente de Deus.
c) o Estado é personificado pelo monarca, que encarna
a soberania e cujo poder não conhece outros limites
FIL0180 – (Ufu) A Itália do tempo de Nicolau Maquiavel que não aqueles ditados pela moral.
(1469 – 1527) não era um Estado unificado como hoje, d) a autoridade do príncipe deriva do consentimento
mas fragmentada em reinos e repúblicas. Na obra O dos governados, pois a função do Estado é promover e
Príncipe, declara seu sonho de ver a península assegurar a felicidade dos seus súditos.
unificada. Para tanto, entre outros conceitos, forjou as e) a política é autonormativa, justificando seus meios
concepções de virtú e de fortuna. A primeira em prol de um bem maior, que é a estabilidade do
representa a capacidade de governar, agir para Estado.
conquistar e manter o poder; a segunda é relativa aos
“acasos da sorte” aos quais todos estão submetidos, FIL0182 - (Unesp) Analise o texto político, que
inclusive os governantes. Afinal, como registrado na apresenta uma visão muito próxima de importantes
famosa ópera de Carl Orff: Fortuna imperatrix mundi (A reflexões do filósofo italiano Maquiavel, um dos
Fortuna governa o mundo). primeiros a apontar que os domínios da ética e da
política são práticas distintas.
Por isso, um príncipe prudente não pode nem
deve guardar a palavra dada quando isso se lhe torne “A política arruína o caráter”, disse Otto von Bismarck
prejudicial e quando as causas que o determinaram (1815-1898), o “chanceler de ferro” da Alemanha, para
cessem de existir. quem mentir era dever do estadista. Os ditadores que
MAQUIAVEL, N. “O príncipe”. Coleção os Pensadores. São Paulo: agora enojam o mundo ao reprimir ferozmente seus
Abril Cultura, 1973, p. 79 - 80. próprios povos nas praças árabes foram colocados e
mantidos no poder por nações que se enxergam como
Com base nas informações acima, assinale a alternativa faróis da democracia e dos direitos humanos: Estados
que melhor interpreta o pensamento de Maquiavel. Unidos, Inglaterra e França. Isso é condenável?
a) Trata-se da fortuna, quando Maquiavel diz que “as Os ditadores eram a única esperança do Ocidente de
causas que o determinaram cessem de existir”; e de continuar tendo acesso ao petróleo árabe e de manter
virtú, quando Maquiavel diz que o príncipe deve ser um mínimo de informação sobre as organizações
“prudente”. terroristas islâmicas. Antes de condenar, reflita sobre a
b) Trata-se da virtú, quando Maquiavel diz que as frase do mais extraordinário diplomata americano do
“causas mudaram”; e de fortuna quando se refere ao século passado, George Kennan, morto aos 101 anos
príncipe prudente, pois um príncipe com tal qualidade em 2005: “As sociedades não vivem para conduzir sua
saberia acumular grande quantidade de riquezas. política externa: seria mais exato dizer que elas
c) Apesar de ser uma frase de Maquiavel, conforme o conduzem sua política externa para viver”.
texto introdutório, ela não guarda qualquer relação (Veja, 02.03.2011. Adaptado.)
com as noções de virtú e fortuna.
d) O fragmento de Maquiavel expressa bem a noção de A associação entre o texto e as ideias de Maquiavel
virtú, ao dizer que o príncipe deve ser prudente, mas pode ser feita, pois o filósofo
não se relaciona com a noção de fortuna, pois em a) considerava a ditadura o modelo mais apropriado de
nenhum momento afirma que as “circunstâncias” governo, sendo simpático à repressão militar sobre
podem mudar. populações civis.
b) foi um dos teóricos da democracia liberal,
demonstrando-se avesso a qualquer tipo de
manifestação de autoritarismo por parte dos
governantes.

6
c) foi um dos teóricos do socialismo científico, d) explicitar as leis gerais que permitem interpretar a
respaldando as ideias de Marx e Engels. natureza e eliminar os discursos éticos e religiosos.
d) foi um pensador escolástico que preconizou a e) explicar a dinâmica presente entre os fenômenos
moralidade cristã como base da vida política. naturais e impor limites aos debates acadêmicos.
e) refletiu sobre a política através de aspectos
prioritariamente pragmáticos.

FIL0185 - (Enem) (...) Depois de longas investigações,


FIL0183 - (Enem) TEXTO I convenci-me por fim de que o Sol é uma estrela fixa
Os segredos da natureza se revelam mais sob a tortura rodeada de planetas que giram em volta dela e de que
dos experimentos do que no seu curso natural. ela é o centro e a chama. Que, além dos planetas
BACON, F. Novum Organum, 1620. In: HADOT, P. O véu de Ísis:
principais, há outros de segunda ordem que circulam
ensaio sobre a história da ideia de natureza. São Paulo: Loyola,
2006. primeiro como satélites em redor dos planetas
TEXTO II principais e com estes em redor do Sol. (...) Não duvido
O ser humano, totalmente desintegrado do todo, não de que os matemáticos sejam da minha opinião, se
percebe mais as relações de equilíbrio da natureza. Age quiserem dar-se ao trabalho de tomar conhecimento,
de forma totalmente desarmônica sobre o ambiente, não superficialmente mas duma maneira aprofundada,
causando grandes desequilíbrios ambientais. das demonstrações que darei nesta obra. Se alguns
GUIMARÃES, M. A dimensão ambiental na educação. Campinas: homens ligeiros e ignorantes quiserem cometer contra
Papirus, 1995.
mim o abuso de invocar alguns passos da Escritura
(sagrada), a que torçam o sentido, desprezarei os seus
Os textos indicam uma relação da sociedade diante da
natureza caracterizada pela ataques: as verdades matemáticas não devem ser
a) objetificação do espaço físico. julgadas senão por matemáticos.
b) retomada do modelo criacionista. (COPÉRNICO, N. De Revolutionibus orbium caelestium)
c) recuperação do legado ancestral. Aqueles que se entregam à prática sem ciência são
d) infalibilidade do método científico. como o navegador que embarca em um navio sem
e) formação da cosmovisão holística. leme nem bússola. Sempre a prática deve
fundamentar-se em boa teoria. Antes de fazer de um
caso uma regra geral, experimente-o duas ou três
FIL0184 - (Enem) Os produtos e seu consumo vezes e verifique se as experiências produzem os
constituem a meta declarada do empreendimento mesmos efeitos. Nenhuma investigação humana pode
tecnológico. Essa meta foi proposta pela primeira vez se considerar verdadeira ciência se não passa por
no início da Modernidade, como expectativa de que o demonstrações matemáticas.
homem poderia dominar a natureza. No entanto, essa (VINCI, Leonardo da. Carnets)
expectativa, convertida em programa anunciado por
O aspecto a ser ressaltado em ambos os textos para
pensadores como Descartes e Bacon e impulsionado
exemplificar o racionalismo moderno é
pelo Iluminismo, não surgiu “de um prazer de poder”,
“de um mero imperialismo humano”, mas da aspiração a) a fé como guia das descobertas.
de libertar o homem e de enriquecer sua vida, física e b) o senso crítico para se chegar a Deus.
culturalmente. c) a limitação da ciência pelos princípios bíblicos.
CUPANI, A. A tecnologia como problema filosófico: três enfoques, d) a importância da experiência e da observação.
Scientiae Studia. São Paulo, v. 2, n. 4, 2004 (adaptado). e) o princípio da autoridade e da tradição.

Autores da filosofia moderna, notadamente Descartes


e Bacon, e o projeto iluminista concebem a ciência
como uma forma de saber que almeja libertar o
homem das intempéries da natureza. Nesse contexto,
a investigação científica consiste em
a) expor a essência da verdade e resolver
definitivamente as disputas teóricas ainda existentes.
b) oferecer a última palavra acerca das coisas que
existem e ocupar o lugar que outrora foi da filosofia.
c) ser a expressão da razão e servir de modelo para
outras áreas do saber que almejam o progresso.
7
FIL0186 - (Uel) Leia o texto a seguir. a) um pensamento científico racional afastado de
Resta-nos um único e simples método, para alcançar os paixões e preconceitos.
nossos intentos: levar os homens aos próprios fatos b) uma crítica à hegemonia do paradigma cartesiano no
particulares e às suas séries e ordens, a fim de que eles, âmbito científico.
por si mesmos, se sintam obrigados a renunciar às suas c) a defesa do inatismo das ideias contra os
noções e comecem a habituar-se ao trato direto das pressupostos da filosofia empirista.
coisas. d) a valorização romântica de aspectos sentimentais e
(BACON, F. Novum Organum Trad. José Aluysio Reis de Andrade. intuitivos do pensamento.
São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 26.)
e) uma crítica de caráter ético voltada contra a frieza
do trabalho científico.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o
problema do método de investigação da natureza em
Bacon, assinale a alternativa correta.
a) O preceito metodológico do “trato direto das coisas” FIL0188 - (Ufsm) O conhecimento é uma ferramenta
supõe que cada um já possui em si as condições para essencial para a sobrevivência humana. Os principais
realizar a investigação da natureza. filósofos modernos argumentaram que nosso
b) A investigação da natureza consiste em aplicar um conhecimento do mundo seria muito limitado se não
conjunto de pressupostos metafísicos, cuja função é pudéssemos ultrapassar as informações que a
orientar a investigação. percepção sensível oferece. No período moderno, qual
c) As “séries e ordens” referentes aos fatos particulares processo cognitivo foi ressaltado como fundamental,
resultam da aplicação dos pressupostos do método de pois permitia obter conhecimento direto, novo e capaz
investigação. de antecipar acontecimentos do mundo físico e
d) A renúncia às noções que cada um possui é o também do comportamento social?
princípio do método de investigação, que levará a ida a) Dedução.
aos fatos particulares. b) Indução.
e) O método de interpretação da natureza propõe uma c) Memorização.
nova atitude com relação às coisas e uma nova d) Testemunho.
compreensão dos poderes do intelecto. e) Oratória e retórica.

FIL0187 - (Unesp) Os ídolos e noções falsas que ora FIL0189 - (Ufsj) Sobre os ídolos preconizados por
ocupam o intelecto humano e nele se acham Francis Bacon, é CORRETO afirmar que:
implantados não somente o obstruem a ponto de ser a) “A consequência imediata da ação dos ídolos é a
difícil o acesso da verdade, como, mesmo depois de inscrição do Homem num universo de massacre e
superados, poderão ressurgir como obstáculo à própria sofrimento racional-indutivo, onde o conhecimento
instauração das ciências, a não ser que os homens, já científico se distancia da filosofia, se deteriora e se
precavidos contra eles, se cuidem o mais que possam. amesquinha”.
O homem se inclina a ter por verdade o que prefere. b) “Toda idolatria é forjada no hábito e na
Em vista disso, rejeita as dificuldades, levado pela subjetividade humanos”.
impaciência da investigação; rejeita os princípios da c) “Os ídolos invadem a mente humana e para derrogá-
natureza, em favor da superstição; rejeita a luz da los, é necessário um esforço racional-dedutivo de
experiência, em favor da arrogância e do orgulho, análise, como bem advertiu Aristóteles”.
evitando parecer se ocupar de coisas vis e efêmeras; d) “Os ídolos da caverna são os homens enquanto
rejeita paradoxos, por respeito a opiniões vulgares. indivíduos, pois cada um [...] tem uma caverna ou uma
Enfim, inúmeras são as fórmulas pelas quais o cova que intercepta e corrompe a luz da natureza”.
sentimento, quase sempre imperceptivelmente, se
insinua e afeta o intelecto.
(Francis Bacon. Novum Organum [publicado originalmente em
1620],
1999. Adaptado.)

Na história da filosofia ocidental, o texto de Bacon


preconiza

8
FIL0190 - (Uel) c) na postulação de leis universais com base em casos
observados na experiência, os quais apresentam
regularidade.
d) na inferência de leis naturais baseadas no
testemunho de autoridades científicas aceitas
universalmente.
e) na observação de casos particulares revelados pela
experiência, os quais impedem a necessidade e a
universalidade no estabelecimento das leis naturais.

A figura do homem que triunfa sobre a natureza bruta


é significativa para se pensar a filosofia de Francis FIL0192 - (Uff) Segundo o filósofo inglês Francis Bacon
Bacon (1561-1626). Com base no pensamento de (1561-1626), o ser humano tem o direito de dominar a
Bacon, considere as afirmativas a seguir. natureza e as técnicas; as ciências são os meios para
exercer esse poder.
I. O homem deve agir como intérprete da natureza
para melhor conhecê-la e dominá-la em seu benefício. Que processo histórico pode ser diretamente
II. O acesso ao conhecimento sobre a natureza associado a essas ideias?
depende da experiência guiada por método indutivo. a) Os ideais de retorno à vida natural.
III. O verdadeiro pesquisador da natureza é um homem b) O bloqueio continental imposto à Europa por
que parte de proposições gerais para, na sequência e à Napoleão Bonaparte.
luz destas, clarificar as premissas menores. c) A Contrarreforma promovida pela Igreja Católica.
IV. Os homens de experimentos processam as d) O surgimento do estilo barroco nas artes.
informações à luz de preceitos dados a priori pela e) A Revolução Industrial.
razão.

Assinale a alternativa correta. FIL0193 - (Uel) [...] é necessário, ainda, introduzir-se


a) Somente as afirmativas I e II são corretas. um método completamente novo, uma ordem
b) Somente as afirmativas II e IV são corretas. diferente e um novo processo, para continuar e
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. promover a experiência. Pois a experiência vaga,
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. deixada a si mesma [...] é um mero tateio, e presta-se
e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas. mais a confundir os homens que a informá-los. Mas
quando a experiência proceder de acordo com leis
seguras e de forma gradual e constante, poder-se-á
esperar algo de melhor da ciência.
FIL0191 - (Uel) Leia o texto a seguir. [...]
O pensamento moderno caracteriza-se pelo A infeliz situação em que se encontra a ciência humana
crescente abandono da ciência aristotélica. Um dos transparece até nas manifestações do vulgo. Afirma-se
pensadores modernos desconfortáveis com a lógica corretamente que o verdadeiro saber é o saber pelas
dedutiva de Aristóteles – considerando que esta não causas. E, não indevidamente, estabelecem- se quatro
permitia explicar o progresso do conhecimento coisas: a matéria, a forma, a causa eficiente, a causa
científico – foi Francis Bacon. No livro Novum final. Destas, a causa final longe está de fazer avançar
Organum, Bacon formulou o método indutivo como as ciências, pois na verdade as corrompe; mas pode ser
alternativa ao método lógico-dedutivo aristotélico. de interesse para as ações humanas.
(BACON, F. Novo Organum ou verdadeiras indicações acerca da
interpretação da natureza. São Paulo: Abril Cultural. 1973. p. 72;
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o 99-100.)
pensamento de Bacon, é correto afirmar que o método
indutivo consiste Com base no texto e no pensamento de Francis Bacon
acerca da verdadeira indução experimental como
a) na derivação de consequências lógicas com base no interpretação da natureza, é correto afirmar.
corpo de conhecimento de um dado período histórico. a) Na busca do conhecimento, não se podem encontrar
b) no estabelecimento de leis universais e necessárias verdades indubitáveis, sem submeter as hipóteses ao
com base nas formas válidas do silogismo tal como crivo da experimentação e da observação.
preservado pelos medievais.

9
b) A formulação do novo método científico exige FIL0196 - (Uel) Em sua obra Nova Atlântida, Francis
submeter a experiência e a razão ao princípio de Bacon descreve uma instituição imaginária chamada
autoridade para a conquista do conhecimento. Casa de Salomão, cuja finalidade “[...] é o
c) O desacordo entre a experiência e a razão, conhecimento das causas e dos segredos dos
prevalecendo esta sobre aquela, constitui o movimentos das coisas e a ampliação dos limites do
fundamento para o novo método científico. império humano para a realização de todas as coisas
d) Bacon admite o finalismo no processo natural, por que forem possíveis.”
considerar necessário ao método perguntar para que (BACON, Francis. Nova Atlântida. São Paulo: Nova Cultural, 1996.
p. 245.)
as coisas são e como são.
e) O estabelecimento de um método experimental,
baseado na observação e na medida, aprimora o Sobre a concepção de ciência em Francis Bacon, é
método escolástico. correto afirmar:
a) A ciência justifica-se por si própria e está
desvinculada da necessidade de proporcionar
FIL0194 - (Uel) [...] chamamos esses lugares de regiões
conhecimento sobre a natureza.
superiores. [...] Tais torres, conforme sua altura e b) O objetivo da ciência é fornecer a quem a controla
posição, servem para experimentos de isolamento, um instrumento de domínio social sobre os outros
refrigeração e conservação, e para as observações homens.
atmosféricas, como o estudo dos ventos, da chuva, da c) Para a ciência, o enfrentamento das questões
neve, granizo e de alguns meteoros ígneos. econômicas e sociais tem maior relevância do que o
(BACON, F. Nova Atlântida. São Paulo: Nova Cultural. 1997. P; 246.) conhecimento da natureza, porque proporciona uma
De acordo com o texto e os conhecimentos sobre os vida boa para os indivíduos.
subtemas, pode-se afirmar que o pensamento de d) A origem da ciência está dada em pressupostos a
Francis Bacon: priori, sendo desnecessário o recurso ao saber prático
a) Reconhece e valoriza o distanciamento da realidade e empírico.
preconizado pelos autores da escolástica. e) A ciência visa o conhecimento da natureza com a
b) Rejeita a máxima “saber é poder” e compreende a intenção de controle e domínio sobre ela para que o
ciência como meio de controle sobre os seres homem possa ter uma vida melhor.
humanos.
c) Está voltado para o problema do método e para a FIL0197 - (Uel) “[...] Aristóteles estabelecia antes as
defesa da experimentação. conclusões, não consultava devidamente a experiência
d) Considera o acesso à verdade como um processo para estabelecimento de suas resoluções e axiomas. E
que resulta do método dialético e que parte dos dados tendo, ao seu arbítrio, assim decidido, submetia a
gerais para chegar ao particular. experiência como a uma escrava para conformá-la às
e) Estrutura, assim como de Platão, sua “utopia suas opiniões”.
(BACON, Francis. Novum Organum. Trad. de José Aluysio Reis de
política”, tendo como base a sociedade organizada em
Andrade. 4. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988. p. 33.)
trabalhadores, soldados e governantes.
Com base no texto, assinale a alternativa que
FIL0195 - (Uel) Segundo Francis Bacon, “são de quatro apresenta corretamente a interpretação que Bacon
gêneros os ídolos que bloqueiam a mente humana.
fazia da filosofia aristotélica.
Para melhor apresentá-los, lhes assinamos nomes, a
a) A filosofia aristotélica estabeleceu a experiência
saber: Ídolos da Tribo; Ídolos da Caverna; Ídolos do como o fundamento da ciência.
Foro e Ídolos do Teatro”. b) Aristóteles consultava a experiência para
Fonte: BACON, F. Novum Organum. Tradução de José Aluysio Reis
de Andrade. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p. 21. estabelecer os resultados e axiomas da ciência.
Com base nos conhecimentos sobre Bacon, os Ídolos c) Aristóteles afirmava que o conhecimento teórico
da Tribo são: deveria submeter-se, como um escravo, ao
a) Os ídolos dos homens enquanto indivíduos. conhecimento da experiência.
b) Aqueles provenientes do intercurso e da associação d) Aristóteles desenvolveu uma concepção de filosofia
recíproca dos indivíduos. que tem como consequência a desvalorização da
c) Aqueles que imigraram para o espírito dos homens experiência.
por meio das diversas doutrinas filosóficas. e) Aristóteles valorizava a experiência, por considerá-la
d) Aqueles que chegam ao espírito humano por meio um caminho seguro para superar a opinião e atingir o
de regras viciosas de demonstração. conhecimento verdadeiro.
e) Aqueles fundados na própria natureza humana.

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FIL0198 - (Uemg) O Absolutismo como forma de b) relaciona-se com uma esfera sagrada cujo
governo esteve presente na península Ibérica, na conhecimento é autorizado somente a sacerdotes
França e na Inglaterra, tendo impactado e influenciado religiosos.
as maiores economias de seu tempo. c) resulta da queda humana de um estado original de
Seus pensadores mais conhecidos e suas teorias foram: bem-aventurança e harmonia geral do Universo.
a) Nicolau Maquiavel e sua teoria de que o indivíduo d) depende do conhecimento do mundo como
estava subordinado ao Estado; Thomas Hobbes, realidade em si mesma, independente dos julgamentos
criador da teoria do Contrato; Jacques Bossuet e Jean humanos.
Bodin, que defenderam que o Rei era um e) depende sobretudo da qualidade valorativa
representante divino. estabelecida por cada indivíduo diante de sua vida.
b) Nicolau Maquiavel e a teoria do Contrato; Thomas
Hobbes e a teoria da supremacia do Rei como FIL0201 - (Uemg) O Absolutismo como forma de
representante divino; Jacques Bossuet e Jean Bodin, governo esteve presente na península Ibérica, na
que defenderam a subordinação do indivíduo ao França e na Inglaterra, tendo impactado e influenciado
Estado. as maiores economias de seu tempo.
c) Maquiavel, Jacques Bossuet e Jean Bodin, cujas Seus pensadores mais conhecidos e suas teorias foram:
teorias só se diferenciaram na aplicabilidade teológica, a) Nicolau Maquiavel e sua teoria de que o indivíduo
bem como Thomas Hobbes, que preconizou o estava subordinado ao Estado; Thomas Hobbes,
indivíduo como senhor de seus direitos. criador da teoria do Contrato; Jacques Bossuet e Jean
d) Maquiavel e Thomas Hobbes, que conceberam o Bodin, que defenderam que o Rei era um
Contrato Social, Jacques Bossuet, que estabeleceu o representante divino.
conceito de individualismo primordial, e Jean Bodin, b) Nicolau Maquiavel e a teoria do Contrato; Thomas
que defendeu a primazia da esfera governamental. Hobbes e a teoria da supremacia do Rei como
representante divino; Jacques Bossuet e Jean Bodin,
FIL0199 - (Ueg) O movimento de ideias, conhecido que defenderam a subordinação do indivíduo ao
como Renascença, foi caracterizado na literatura e na Estado.
arte por um esmerado cultivo da forma e por uma c) Maquiavel, Jacques Bossuet e Jean Bodin, cujas
admiração entusiasta da antiguidade pagã. Mudanças teorias só se diferenciaram na aplicabilidade teológica,
foram experimentadas em todas as áreas de atuação bem como Thomas Hobbes, que preconizou o
humana. Dentre os pensadores que marcaram esse indivíduo como senhor de seus direitos.
período, destacam-se os seguintes: d) Maquiavel e Thomas Hobbes, que conceberam o
Contrato Social, Jacques Bossuet, que estabeleceu o
a) Kant, Hegel e Marx
conceito de individualismo primordial, e Jean Bodin,
b) Descartes, Bacon e Comte
que defendeu a primazia da esfera governamental.
c) Sócrates, Platão e Aristóteles
d) Giordano Bruno, Maquiavel e Jean Bodin
FIL0202 - (Ufu) Com relação à noção de estado de
FIL0200 – (Unesp) Os homens, diz antigo ditado grego,
natureza, que é o estado em que os seres humanos se
atormentam-se com a ideia que têm das coisas e não
achavam antes da formação da sociedade, podem-se
com as coisas em si. Seria grande passo, em alívio da
identificar, na filosofia política moderna, três
nossa miserável condição, se se provasse que isso é
tendências:
uma verdade absoluta. Pois se o mal só tem acesso em
nós porque julgamos que o seja, parece que estaria em
1. Os seres humanos são naturalmente egoístas e, no
nosso poder não o levarmos a sério ou o colocarmos a
estado de natureza, se achavam numa guerra de todos
nosso serviço. Por que atribuir à doença, à indigência,
contra todos daí que, por medo uns dos outros,
ao desprezo um gosto ácido e mau se o podemos
aceitam renunciar à liberdade e constituir um
modificar? Pois o destino apenas suscita o incidente; a
Soberano, o estado, que garanta a paz.
nós é que cabe determinar a qualidade de seus efeitos.
(Michel de Montaigne. Ensaios, 2000. Adaptado.) 2. Não é por medo uns dos outros, e sim para garantir
o direito à propriedade e à segurança que os seres
De acordo com o filósofo, a diferença entre o bem e o humanos consentem em criar uma autoridade que
mal possa tornar isso possível.
a) representa uma oposição de natureza metafísica, 3. No estado de natureza, os seres humanos eram
que não está sujeita a relativismos existenciais. felizes e foi o advento da propriedade privada e da
sociedade civil que tornou alguns escravos de outros.

11
Podem-se atribuir essas três concepções, FIL0205 - (Enem) A natureza fez os homens tão iguais,
respectivamente, a quanto às faculdades do corpo e do espírito, que,
a) Hobbes, Rousseau e Maquiavel. embora por vezes se encontre um homem
b) Hobbes, Locke e Rousseau. manifestamente mais forte de corpo, ou de espírito
c) Maquiavel, Hobbes e Locke. mais vivo do que outro, mesmo assim, quando se
d) Rousseau, Maquiavel e Locke. considera tudo isto em conjunto, a diferença entre um
e outro homem não é suficientemente considerável
FIL0203 - (Enem) A importância do argumento de para que um deles possa com base nela reclamar algum
Hobbes está em parte no fato de que ele se ampara em benefício a que outro não possa igualmente aspirar.
suposições bastante plausíveis sobre as condições HOBBES, T. Leviatã. São Paulo Martins Fontes, 2003
normais da vida humana. Para exemplificar: o
argumento não supõe que todos sejam de fato Para Hobbes, antes da constituição da sociedade civil,
movidos por orgulho e vaidade para buscar o domínio quando dois homens desejavam o mesmo objeto, eles
sobre os outros; essa seria uma suposição discutível a) entravam em conflito.
que possibilitaria a conclusão pretendida por Hobbes, b) recorriam aos clérigos.
mas de modo fácil demais. O que torna o argumento c) consultavam os anciãos.
assustador e lhe atribui importância e força dramática d) apelavam aos governantes.
é que ele acredita que pessoas normais, até mesmo as e) exerciam a solidariedade.
mais agradáveis, podem ser inadvertidamente
lançadas nesse tipo de situação, que resvalará, então,
em um estado de guerra. FIL0206 - (Unesp) A China é a segunda maior economia
RAWLS, J. Conferências sobre a história da filosofia política. São do mundo. Quer garantir a hegemonia no seu quintal,
Paulo: WMF, 2012 (adaptado). como fizeram os Estados Unidos no Caribe depois da
guerra civil. As Filipinas temem por um atol de rochas
O texto apresenta uma concepção de filosofia política desabitado que disputam com a China. O Japão está de
conhecida como plantão por umas ilhotas de pedra e vento, que a China
a) alienação ideológica. diz que lhe pertencem. Mesmo o Vietnã desconfia mais
b) microfísica do poder. da China do que dos Estados Unidos. As autoridades de
c) estado de natureza. Hanói gostam de lembrar que o gigante americano
d) contrato social. invadiu o México uma vez. O gigante chinês invadiu o
e) vontade geral. Vietnã dezessete.
(André Petry. O Século do Pacífico. Veja, 24.04.2013. Adaptado.)
FIL0204 - (Uema) Para Thomas Hobbes, os seres
humanos são livres em seu estado natural, competindo A persistência histórica dos conflitos geopolíticos
e lutando entre si, por terem relativamente a mesma descritos na reportagem pode ser filosoficamente
força. Nesse estado, o conflito se perpetua através de compreendida pela teoria
gerações, criando um ambiente de tensão e medo a) iluminista, que preconiza a possibilidade de um
permanente. Para esse filósofo, a criação de uma estado de emancipação racional da humanidade.
sociedade submetida à Lei, na qual os seres humanos b) maquiavélica, que postula o encontro da virtude
vivam em paz e deixem de guerrear entre si, pressupõe com a fortuna como princípios básicos da geopolítica.
que todos renunciem à sua liberdade original. Nessa c) política de Rousseau, para quem a submissão à
sociedade, a liberdade individual é delegada a um só vontade geral é condição para experiências de
dos homens que detém o poder inquestionável, o liberdade.
soberano. d) teológica de Santo Agostinho, que considera que o
Fonte: MALMESBURY, Thomas Hobbes de. Leviatã ou matéria, forma e processo de iluminação divina afasta os homens do
poder de um estado eclesiástico e civil. Trad. João Paulo Monteiro; Maria
Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Editora NOVA Cultural, 1997. pecado.
e) política de Hobbes, que conceitua a competição e a
A teoria política de Thomas Hobbes teve papel desconfiança como condições básicas da natureza
fundamental na construção dos sistemas políticos humana.
contemporâneos que consolidou a (o)
a) Monarquia Paritária.
b) Despotismo Soberano.
c) Monarquia Republicana.
d) Monarquia Absolutista.
e) Despotismo Esclarecido.
12
FIL0207 - (Ufu) Porque as leis de natureza (como a I. Justiça e injustiça são qualidades que pertencem aos
justiça, a equidade, a modéstia, a piedade, ou, em homens em sociedade, e não na solidão.
resumo, fazer aos outros o que queremos que nos II. No estado de natureza, o homem é como um animal:
façam) por si mesmas, na ausência do temor de algum age por instinto, muito embora tenha a noção do que
poder capaz de levá-las a ser respeitadas, são é justo e injusto.
contrárias a nossas paixões naturais, as quais nos III. Só podemos falar em justiça e injustiça quando é
fazem tender para a parcialidade, o orgulho, a vingança instituído o poder do Estado.
e coisas semelhantes. IV. O juiz responsável por aplicar a lei não decide em
HOBBES, Thomas. Leviatã. Cap. XVII. Tradução de João Paulo conformidade com o poder soberano; ele favorece os
Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Nova Cultural, mais fortes.
1988, p. 103.

Estão corretas as afirmativas:


Em relação ao papel do Estado, Hobbes considera que:
a) I e II
a) O seu poder deve ser parcial. O soberano que nasce
b) I e III
com o advento do contrato social deve assiná-lo, para
c) II e IV
submeter-se aos compromissos ali firmados.
d) I, III e IV
b) A condição natural do homem é de guerra de todos
e) II, III e IV
contra todos. Resolver tal condição é possível apenas
com um poder estatal pleno.
c) Os homens são, por natureza, desiguais. Por isso, a
criação do Estado deve servir como instrumento de
FIL0210 - (Ufsm) Sem leis e sem Estado, você poderia
realização da isonomia entre tais homens.
fazer o que quisesse. Os outros também poderiam
d) A guerra de todos contra todos surge com o Estado
fazer com você o que quisessem. Esse é o “estado de
repressor. O homem não deve se submeter de bom
natureza” descrito por Thomas Hobbes, que, vivendo
grado à violência estatal.
durante as guerras civis britânicas (1640-60), aprendeu
em primeira mão como esse cenário poderia ser
assustador. Sem uma autoridade soberana não pode
haver nenhuma segurança, nenhuma paz.
FIL0208 - (Ufsj) “Liberdade significa, em sentido Fonte: LAW, Stephen. Guia Ilustrado Zahar: Filosofia. Rio de
próprio, a ausência de oposição [...] e não se aplica Janeiro: Zahar, 2008.
menos às criaturas irracionais e inanimadas do que às
racionais”. Considere as afirmações:
Esse é um fragmento de texto colhido de I. A argumentação hobbesiana em favor de uma
a) David Hume. autoridade soberana, instituída por um pacto,
b) Thomas Hobbes. representa inequivocamente a defesa de um regime
c) Friedrich Nietzsche. político monarquista.
d) Jean-Paul Sartre. II. Dois dos grandes teóricos sobre o estado de
natureza”, Hobbes e Rousseau, partilham a convicção
de que o afeto predominante nesse “estado” é o medo.
III. Um traço comum da filosofia política moderna é a
FIL0209 - (Ufpa) “Desta guerra de todos os homens idealização de um pacto que estabeleceria a passagem
contra todos os homens também isto é consequência: do estado de natureza para o estado de sociedade.
que nada pode ser injusto. As noções de bem e de mal,
de justiça e injustiça, não podem aí ter lugar. Onde não Está(ão) correta(s)
há poder comum não há lei, e onde não há lei não há a) apenas I.
injustiça. Na guerra, a força e a fraude são as duas b) apenas II.
virtudes cardeais. A justiça e a injustiça não fazem c) apenas III.
parte das faculdades do corpo ou do espírito. Se assim d) apenas I e II.
fosse, poderiam existir num homem que estivesse e) apenas II e III.
sozinho no mundo, do mesmo modo que seus sentidos
e paixões.”
HOBBES, Leviatã, São Paulo: Abril cultural, 1979, p. 77.
Quanto às justificativas de Hobbes sobre a justiça e a
injustiça como não pertencentes às faculdades do
corpo e do espírito, considere as afirmativas:

13
FIL0211 - (Ufsj) “A soberania é a alma do Estado, e uma d) “Todos os homens são dotados de grandes lentes de
vez separada do corpo os membros deixam de receber aumento; todo pagamento parece um imenso fardo, o
dela seu movimento”. que gera lamentos e sofrimentos. Honra maior consiste
Esse fragmento representa o pensamento de em o soberano ter piedade e compreensão para com
a) Hume em sua memorável defesa dos valores do tais falhas humanas e doar poderes aos infelizes”.
Estado e da sua ligação direta com a sua “alma”,
tomada aqui por intransferível soberania.
b) Hume e a descrição da soberania na perspectiva do FIL0214 - (Ufsj) “Algumas criaturas vivas, como as
sujeito em termos de impressões e ideias, que a partir abelhas e as formigas, que vivem socialmente umas
daí cria um Estado humanizado que dá movimento às com as outras [...] tendem para o benefício comum”.
criações dos que nele estão inseridos. Para Thomas Hobbes, essa tendência não ocorre entre
c) Nietzsche, em sua mais sublime interpretação do os homens porque
agón grego. Ao centro daquilo que ele propôs como a) esses insetos, dentro da sua irracionalidade natural,
sendo a alma do Estado e onde a indagação sobre o dão lições de conduta aos seres humanos; seja na
lugar da soberania, no permanente desafio da tarefa diária, seja na politização paradoxal do modelo
necessária orquestração das paixões, se faz urgente. comunista difundido por Joseph Stalin e Karl Marx.
d) Hobbes e o seu conceito clássico de soberania, b) as abelhas e as formigas têm a peculiaridade de
entendido como o princípio que dá vida e movimento construir suas sociedades dentro de uma unidade
ao corpo inteiro do Estado, por sua vez criado pelo dinâmica e circular, que poderia ser bem definida como
artifício humano para a sua proteção e segurança. um contrato social se elas fossem humanas. Os seres
humanos não atingiram tal estágio ainda.
FIL0212 - (Ufsj) Thomas Hobbes afirma que “Lei Civil”, c) estes estão constantemente envolvidos numa
para todo súdito, é competição pela honra e pela dignidade e se julgam
a) “construída por aquelas regras que o Estado lhe uns mais sábios que outros para exercer o poder
impõe, oralmente ou por escrito, ou por outro sinal público, reformam e inovam, o que muitas vezes leva o
suficiente de sua vontade, para usar como critério de país à desordem e à guerra civil.
distinção entre o bem e o mal”. d) o motivo maior que guia a vida de tais criaturas é a
b) “a lei que o deixa livre para caminhar para qualquer engrenagem da soberania da vontade de criar, da
direção, pois há um conjunto de leis naturais que vontade de poder, retomada por Nietzsche e pelo
estabelece os limites para uma vida em sociedade”. existencialismo.
c) “reguladora e protetora dos direitos humanos, e faz
intervenção na ordem social para legitimar as relações
externas da vida do homem em sociedade”.
d) “calcada na arbitrariedade individual, em que as FIL0215 - (Ufu) [...] a condição dos homens fora da
pessoas buscam entrar num Estado Civil, em sociedade civil (condição esta que podemos
consonância com o direito natural, no qual ele – o adequadamente chamar de estado de natureza) nada
súdito – tem direito sobre a sua vida, a sua liberdade e mais é do que uma simples guerra de todos contra
os seus bens”. todos na qual todos os homens têm igual direito a
todas as coisas; [...].
FIL0213 - (Ufsj) “A honra do soberano deve ser maior HOBBES, Thomas. Do Cidadão. Campinas: Martins Fontes, 1992.
do que a de qualquer um, ou a de todos os seus
súditos”. De acordo com o trecho acima e com o pensamento de
Assinale a alternativa que apresenta a fundamentação Hobbes, assinale a alternativa correta.
para essa ideia preconizada por Thomas Hobbes. a) Segundo Hobbes, o estado de natureza se confunde
a) “A condição de súdito é muito miserável, mas sujeita com o estado de guerra, pois ambos são uma condição
a uma superação, pois se encontra sujeita aos apetites original da existência humana.
e paixões irregulares daquele ou daqueles que detêm b) Para Hobbes, o direito dos homens a todas as coisas
em suas mãos poder tão ilimitado”. está desvinculado da guerra de todos contra todos.
b) “É na soberania que está a fonte da honra”. c) Segundo Hobbes, é necessário que a condição
c) “O Homem nunca pode deixar de ter uma ou outra humana seja analisada sempre como se os homens
inconveniência e a maior que é possível cair sobre o vivessem em sociedade.
povo em geral é de pouca monta se comparada ao d) Segundo Hobbes, não há vínculo entre o estado de
poder do soberano, que deve ser revitalizado de natureza e a sociedade civil.
tempos em tempos”.

14
FIL0216 - (Uenp) “Porque as leis de natureza (como a Com base no texto citado, seguem as seguintes
justiça, a equidade, a modéstia, a piedade, ou, em afirmativas:
resumo, fazer aos outros o que queremos que nos
façam) por si mesmas, na ausência do temor de algum I. Os homens, por natureza, são absolutamente iguais,
poder capaz de levá-las a ser respeitadas, são tanto no exercício de suas capacidades físicas, quanto
contrárias a nossas paixões naturais, as quais nos no exercício de suas faculdades espirituais.
fazem tender para a parcialidade, o orgulho, a vingança II. Sendo os homens, por natureza, “tão iguais, quanto
e coisas semelhantes. E os pactos sem a espada não às faculdades do corpo e do espírito” é razoável que
passam de palavras, sem força para dar qualquer cada um ataque o outro, quer seja para destruí-lo, quer
segurança a ninguém. Portanto, apesar das leis de seja para proteger-se de um possível ataque.
natureza (que cada um respeita quando tem vontade III. Na inexistência de um “poder comum” que
de respeitá-las e quando pode fazê-lo com segurança), “mantenha a todos em respeito”, a atitude mais
se não for instituído um poder suficientemente grande racional é a de manter a paz e a concórdia na
para nossa segurança, cada um confiará, e poderá “esperança” de que todos e cada um atinjam seus fins.
legitimamente confiar, apenas em sua própria força e IV. A condição dos homens que vivem sem um poder
capacidade, como proteção contra todos os outros.” comum é de guerra generalizada, de todos contra
MALMESBURY, Thomas Hobbes de. Leviatã ou matéria, forma e todos.
poder de um Estado eclesiástico e civil. V. O homem, por natureza, vive em sociedade e nela
desenvolve suas potencialidades, mantendo relações
Sobre o pensamento de Hobbes, assinale a alternativa sociais harmônicas e pacíficas.
incorreta:
a) O contrato social que dá origem ao Estado só é Assinale a alternativa correta.
obedecido pela força e pelo temor. a) Apenas I está correta.
b) Os homens, na sua condição natural, observam b) Apenas II e III estão corretas.
apenas as suas paixões naturais. c) Apenas I e V estão corretas.
c) O contrato social que dá origem ao Estado pode ser d) Apenas II e IV estão corretas.
desfeito quando o soberano desrespeita os direitos dos e) Todas as afirmativas estão corretas.
súditos e age de forma parcial, visando a seus próprios
interesses.
d) A concepção de homem natural de Hobbes é FIL0218 – (Ufsj) Sobre a ideia de soberania concebida
marcada por um profundo pessimismo antropológico. por Hobbes, é CORRETO afirmar que a soberania:
e) A filosofia política hobbesiana é atomista. a) “se dá por meio do sufrágio universal, seja na
república ou na monarquia”.
b) “é a manifestação da virtù como condição
FIL0217 - (Unioeste) “A natureza fez os homens tão indispensável no governo do príncipe”.
iguais, quanto às faculdades do corpo e do espírito que, c) “reside em um homem ou em uma assembleia de
embora por vezes se encontre um homem mais de um”.
manifestamente mais forte de corpo, ou de espírito d) “é a realização plena da paz perpétua entre as
mais vivo do que outro, mesmo assim, quando se nações”.
considera tudo isto em conjunto, a diferença entre um
e outro não é suficientemente considerável para que
qualquer um possa com base nela reclamar qualquer FIL0219 - (Uel) Leia o texto a seguir.
benefício a que outro não possa também aspirar, tal Justiça e Estado apresentam-se como
como ele. (...) Desta igualdade quanto à capacidade elementos indissociáveis na filosofia política
deriva a igualdade quanto à esperança de atingirmos hobbesiana. Ao romper com a concepção de justiça
nossos fins. Portanto, se dois homens desejam a defendida pela tradição aristotélico-escolástica.
mesma coisa, ao mesmo tempo (...) esforçam-se por se Hobbes propõe uma nova moralidade relacionada ao
destruir ou subjugar um ao outro. (...) Com isto se torna poder político e sua constituição jurídica. O Estado
manifesto que, durante o tempo em que os homens surge pelo pacto para possibilitar a justiça e, na
vivem sem um poder comum capaz de manter a todos conformidade com a lei, se sustenta por meio dela. No
em respeito, eles se encontram naquela condição a que Leviatã (caps. XIV-XV), a justiça hobbesiana
se chama de guerra; e uma guerra que é de todos os fundamenta-se, em última instância, na lei natural
homens contra todos os homens”. concernente à autoconservação, da qual deriva a
Hobbes.
segunda lei que impõe a cada um a renúncia de seu
direito a todas as coisas, para garantir a paz e a defesa
15
de si mesmo. Desta, por sua vez, implica a terceira lei a) O estado de natureza não se confunde com o estado
natural: que os homens cumpram os pactos que de guerra, pois este é apenas circunstancial ao passo
celebrarem. Segundo Hobbes, “onde não há poder que o estado de natureza é uma condição da existência
comum não há lei, e onde não há lei não há injustiça. humana.
Na guerra, a força e a fraude são as duas virtudes b) A condição de miséria a que se refere o texto é o
cardeais”. estado de natureza ou, tal como se pode compreender,
(HOBBES, T. Leviatã. Trad. J. Monteiro e M. B. N. da Silva. São o estado de guerra.
Paulo: Nova Cultural, 1997. Coleção Os Pensadores, cap. XIII.)
c) O direito dos homens a todas as coisas não tem como
consequência necessária a guerra de todos contra
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o todos.
pensamento de Hobbes, é correto afirmar: d) A origem do poder nada tem a ver com as noções de
a) A humanidade é capaz, sem que haja um poder estado de guerra e estado de natureza.
coercitivo que a mantenha submissa, de consentir na
observância da justiça e das outras leis de natureza a
partir do pacto constitutivo do Estado.
FIL0221 - (Ueg) Nos séculos XVII e XVIII, ganharam
b) A justiça tem sua origem na celebração de pactos de
confiança mútua, pelos quais os cidadãos, ao força as teorias contratualistas, cujo principal
renunciarem sua liberdade em prol de todos, removem questionamento é o fundamento racional do poder
o medo de quando se encontravam na condição soberano. Filósofos como Thomas Hobbes, John Locke,
natural de guerra. Jean-Jacques Rousseau tinham igual propósito de
c) A justiça é definida como observância das leis investigar a origem do Estado. Esses pensadores
naturais e, portanto, a injustiça consiste na submissão partem da hipótese do estado de natureza e imaginam
ao poder coercitivo que obriga igualmente os homens as pessoas vivendo antes de qualquer sociabilidade.
ao cumprimento dos seus pactos. Thomas Hobbes, advertindo que a guerra era inevitável
d) As noções de justiça e de injustiça, como as de bem no estado natural, conclui que a única maneira de
e de mal, têm lugar a partir do momento em que os garantir a paz seria a delegação de um poder ilimitado
homens vivem sob um poder soberano capaz de evitar ao soberano. Por defender tais princípios, Hobbes ficou
uma condição de guerra generalizada de todos. conhecido como o teórico do
e) A justiça torna-se vital para a manutenção do Estado a) neoliberalismo.
na medida em que as leis que a efetivam sejam criadas, b) absolutismo.
por direito natural, pelos súditos com o objetivo de c) liberalismo.
assegurar solidariamente a paz e a segurança de todos. d) socialismo.

FIL0222 - (Uff) De acordo com o filósofo inglês Thomas


Hobbes (1588-1679), em seu estado natural, os seres
FIL0220 - (Ufu) Os filósofos contratualistas elaboraram humanos são livres, competem e lutam entre si. Mas
suas teorias sobre os fundamentos ou origens do poder como têm em geral a mesma força, o conflito se
do Estado a partir de alguns conceitos fundamentais perpetua através das gerações, criando um ambiente
tais como, a soberania, o estado de natureza, o estado de tensão e medo permanentes. Para Hobbes, criar
civil, o estado de guerra, o pacto social etc. uma sociedade submetida à lei e na qual os seres
humanos vivam em paz e deixem de guerrear entre si,
Com base em seus conhecimentos e no texto abaixo, pressupõe que todos os homens renunciem a sua
assinale a alternativa correta, segundo Hobbes. liberdade original e deleguem a um só deles (o
soberano) o poder completo e inquestionável.
[...] a condição dos homens fora da sociedade
civil (condição esta que podemos adequadamente Assinale a modalidade de governo que desempenhou
chamar de estado de natureza) nada mais é do que importante papel na Filosofia Política Moderna e que é
uma simples guerra de todos contra todos na qual associada à teoria política de Hobbes.
todos os homens têm igual direito a todas as coisas; [...] a) Monarquia censitária
e que todos os homens, tão cedo chegam a b) Monarquia absoluta
compreender essa odiosa condição, desejam [...] c) Sistema parlamentar
libertar-se de tal miséria. d) Despotismo esclarecido
HOBBES, Thomas, Do Cidadão, Ed. Martins Fontes, 1992.
e) Sistema republicano

16
FIL0223 - (Ufsj) Em Hobbes, a geração de um Estado é a) centrado na razão humana.
justificada b) baseado na explicação mitológica.
a) pelos limites impostos ao poder do soberano. c) fundamentado na ordenação imanentista.
b) pela condição política dos homens, que é inerente d) focado na legitimação contratualista.
ao espaço da ágora na vida da pólis. e) configurado na percepção etnocêntrica.
c) pelo Leviatã na sua identificação como monstro
maléfico da guerra civil.
d) pelo estado de natureza dos homens, que necessita FIL0226 - (Enem) Dizem que Humboldt, naturalista do
ser controlado por meio de um pacto. século XIX, maravilhado pela geografia, flora e fauna da
região sul-americana, via seus habitantes como se
fossem mendigos sentados sobre um saco de ouro,
FIL0224 - (Ufu 2010) Segundo Thomas Hobbes, o referindo-se a suas incomensuráveis riquezas naturais
estado de natureza é caracterizado pela “guerra de não exploradas. De alguma maneira, o cientista
todos contra todos”, porque, não havendo nenhuma ratificou nosso papel de exportadores de natureza no
regra ou limite, todos têm direito a tudo o que significa que seria o mundo depois da colonização ibérica:
que ninguém terá segurança de seus bens e de sua enxergou-nos como territórios condenados a
vida. A saída desta situação é o pacto ou contrato aproveitar os recursos naturais existentes.
ACOSTA, A. Bem viver: uma oportunidade para imaginar outros
social, “uma transferência mútua de direitos”. mundos. São Paulo: Elefante, 2016 (adaptado).
HOBBES, T. Leviatã. Coleção Os Pensadores. Trad. João P. Monteiro e
Maria B. N. da Silva. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p. 78-80.
A relação entre ser humano e natureza ressaltada no
texto refletia a permanência da seguinte corrente
Com base nestas informações e nos seus filosófica:
conhecimentos sobre a obra de Hobbes, assinale a a) Relativismo cognitivo.
alternativa que caracteriza o pacto social. b) Materialismo dialético.
a) Pelo pacto social, cria-se o Estado, que continua c) Racionalismo cartesiano.
sendo uma mera reunião de indivíduos somente com d) Pluralismo epistemológico.
laços de sangue. e) Existencialismo fenomenológico.
b) Pelo pacto social, a multidão de indivíduos passa a
constituir um corpo político, uma pessoa artificial: o
Estado. FIL0227 - (Enem) Nunca nos tornaremos matemáticos,
c) Pelo pacto social, cria-se o Estado, mas os indivíduos por exemplo, embora nossa memória possua todas as
que o compõem continuam senhores de sua liberdade demonstrações feitas por outros, se nosso espírito não
e de suas propriedades. for capaz de resolver toda espécie de problemas; não
d) O pacto social pressupõe que o Estado deverá nos tornaríamos filósofos, por ter lido todos os
garantir a segurança dos cidadãos, mas em nenhum raciocínios de Platão e Aristóteles, sem poder formular
momento fará uso da força pública para isso. um juízo sólido sobre o que nos é proposto. Assim, de
fato, pareceríamos ter aprendido, não ciências, mas
FIL0225 - (Enem) TEXTO I histórias.
Considero apropriado deter-me algum tempo na DESCARTES. R. Regras para a orientação do espírito. São Paulo:
Martins Fontes, 1999.
contemplação deste Deus todo perfeito, ponderar
totalmente à vontade seus maravilhosos atributos,
considerar, admirar e adorar a incomparável beleza Em sua busca pelo saber verdadeiro, o autor considera
dessa imensa luz. o conhecimento, de modo crítico, como resultado da
DESCARTES, R. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1980. a) investigação de natureza empírica.
b) retomada da tradição intelectual.
TEXTO II c) imposição de valores ortodoxos.
Qual será a forma mais razoável de entender como é o d) autonomia do sujeito pensante.
mundo? Existirá alguma boa razão para acreditar que o e) liberdade do agente moral.
mundo foi criado por uma divindade todo-poderosa?
Não podemos dizer que a crença em Deus é “apenas”
uma questão de fé.
RACHELS, J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009.

Os textos abordam um questionamento da construção


da modernidade que defende um modelo
17
FIL0228 - (Enem) É o caráter radical do que se procura FIL0230 - (Enem) TEXTO I
que exige a radicalização do próprio processo de busca. Há já de algum tempo eu me apercebi de que, desde
Se todo o espaço for ocupado pela dúvida, qualquer meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões
certeza que aparecer a partir daí terá sido de alguma como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu
forma gerada pela própria dúvida, e não será fundei em princípios tão mal assegurados não podia ser
seguramente nenhuma daquelas que foram senão mui duvidoso e incerto. Era necessário tentar
anteriormente varridas por essa mesma dúvida. seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de
SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo: todas as opiniões a que até então dera crédito, e
Moderna, 2001 (adaptado).
começar tudo novamente a fim de estabelecer um
saber firme e inabalável.
Apesar de questionar os conceitos da tradição, a DESCARTES, R. Meditações concernentes à Primeira Filosofia. São
dúvida radical da filosofia cartesiana tem caráter Paulo: Abril Cultural, 1973 (adaptado).
positivo por contribuir para o(a)
a) dissolução do saber científico. TEXTO II
b) recuperação dos antigos juízos. É de caráter radical do que se procura que exige a
c) exaltação do pensamento clássico. radicalização do próprio processo de busca. Se todo o
d) surgimento do conhecimento inabalável. espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que
e) fortalecimento dos preconceitos religiosos. aparecer a partir daí terá sido de alguma forma gerada
pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma
daquelas que foram anteriormente varridas por essa
mesma dúvida.
FIL0229 - (Enem) Os produtos e seu consumo SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo:
constituem a meta declarada do empreendimento Moderna, 2001 (adaptado).
tecnológico. Essa meta foi proposta pela primeira vez
no início da Modernidade, como expectativa de que o A exposição e a análise do projeto cartesiano indicam
homem poderia dominar a natureza. No entanto, essa que, para viabilizar a reconstrução radical do
expectativa, convertida em programa anunciado por conhecimento, deve-se
pensadores como Descartes e Bacon e impulsionado a) retomar o método da tradição para edificar a ciência
pelo Iluminismo, não surgiu “de um prazer de poder”, com legitimidade.
“de um mero imperialismo humano”, mas da aspiração b) questionar de forma ampla e profunda as antigas
de libertar o homem e de enriquecer sua vida, física e ideias e concepções.
culturalmente. c) investigar os conteúdos da consciência dos homens
CUPANI, A. A tecnologia como problema filosófico: três enfoques, menos esclarecidos.
Scientiae Studia. São Paulo, v. 2, n. 4, 2004 (adaptado). d) buscar uma via para eliminar da memória saberes
antigos e ultrapassados.
Autores da filosofia moderna, notadamente Descartes e) encontrar ideias e pensamentos evidentes que
e Bacon, e o projeto iluminista concebem a ciência dispensam ser questionados.
como uma forma de saber que almeja libertar o
homem das intempéries da natureza. Nesse contexto,
a investigação científica consiste em FIL0231 - (Enem) TEXTO I
a) expor a essência da verdade e resolver Experimentei algumas vezes que os sentidos eram
definitivamente as disputas teóricas ainda existentes. enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente
b) oferecer a última palavra acerca das coisas que em quem já nos enganou uma vez.
existem e ocupar o lugar que outrora foi da filosofia. DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. São Paulo: Abril Cultural,
c) ser a expressão da razão e servir de modelo para 1979.
outras áreas do saber que almejam o progresso.
d) explicitar as leis gerais que permitem interpretar a TEXTO II
natureza e eliminar os discursos éticos e religiosos. Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que
e) explicar a dinâmica presente entre os fenômenos uma ideia esteja sendo empregada sem nenhum
naturais e impor limites aos debates acadêmicos. significado, precisaremos apenas indagar: de que
impressão deriva esta suposta ideia? E se for
impossível atribuir-lhe qualquer impressão sensorial,
isso servirá para confirmar nossa suspeita.
HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo:
Unesp, 2004 (adaptado).

18
Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a O texto desse enunciado exprime uma vertente do
natureza do conhecimento humano. A comparação dos pensamento racionalista de um importante filósofo
excertos permite assumir que Descartes e Hume ocidental. Assinale a alternativa correta que apresenta
a) defendem os sentidos como critério originário para o filósofo racionalista autor das reflexões
considerar um conhecimento legítimo. apresentadas.
b) entendem que é desnecessário suspeitar do a) Nicolau Maquiavel.
significado de uma ideia na reflexão filosófica e crítica. b) São Tomás de Aquino.
c) são legítimos representantes do criticismo quanto à c) René Descartes.
gênese do conhecimento. d) Voltaire.
d) concordam que conhecimento humano é impossível e) Immanuel Kant.
em relação às ideias e aos sentidos.
e) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos FIL0234 - (Ufpr) Mas, logo em seguida, adverti que
no processo de obtenção do conhecimento. enquanto eu queria assim pensar que tudo era falso,
cumpria necessariamente que eu, que pensava, fosse
FIL0232 - (Ufpr) Nas primeiras linhas das Meditações alguma coisa. E, notando que esta verdade: eu penso,
Metafísicas, Descartes declara que “recebera muitas logo existo, era tão firme e tão certa que todas as mais
falsas opiniões por verdadeiras” e que “aquilo que extravagantes suposições dos céticos não seriam
fundou sobre princípios mal assegurados devia ser capazes de abalar, julguei que podia aceitá-la, sem
muito duvidoso e incerto”. escrúpulo, como o primeiro princípio da Filosofia que
(DESCARTES, R. Meditações Metafísicas, In: MARÇAL, J. procurava.
CABARRÃO, M.; FANTIN, M. E. (org.) Antologia de textos (DESCARTES. Discurso do método. Col. Os Pensadores. Trad. J.
filosóficos, Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 153.) Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo: Nova Cultural, 1991,
p. 46.)
A fim de dar bom fundamento ao conhecimento
científico, Descartes entende que é preciso: O texto citado corresponde a uma das passagens mais
a) confiar nas próprias opiniões. marcantes da filosofia de Descartes, um filósofo
b) certificar-se de que os outros pensam como nós. considerado por muitos intérpretes como o pai do
c) seguir as opiniões dos mais sábios. racionalismo. Com base no texto e na ideia geral de
d) partir de princípios seguros e proceder com método. racionalismo, é correto afirmar:
e) aceitar que o conhecimento é duvidoso e incerto. a) O racionalismo tem como garantia de verdade a
experiência.
FIL0233 - (Ufms) Leia atentamente o texto a seguir: b) Descartes é um filósofo empirista, visto que faz
“Neste ponto, o filósofo compreendeu que havia uma experiências de pensamento.
crença da qual ele não podia duvidar: a crença na c) Descartes inaugura um tipo de busca pela verdade
própria existência. Cada um de nós pensa ou diz: ‘Sou, que se ampara no exercício.
existo’ – e, enquanto pensamos ou dizemos isso, não d) A expressão “penso, logo existo” é uma das
podemos estar errados. Quando o filósofo tentou suposições dos céticos sobre o conhecimento.
aplicar o teste do gênio maligno a sua crença, percebeu e) Descartes não buscava um princípio seguro, pois
que o gênio só podia levá-lo a acreditar que ele existe duvidava de todas as coisas.
se ele, o próprio filósofo, de fato existir – como ele
poderia duvidar da própria existência, se é preciso
existir para ter dúvida? FIL0235 - (Uel) Leia o texto a seguir.
O axioma ‘Eu sou, eu existo’ constitui a primeira E se escrevo em francês, que é a língua de meu país, e
certeza desse filósofo. Em sua obra anterior, Discurso não em latim, que é a de meus preceptores, é porque
sobre o método, ele a apresentou como ‘Penso, logo espero que aqueles que se servem apenas de sua razão
existo’, mas abandonou a frase ao escrever suas natural inteiramente pura julgarão melhor minhas
Meditações, pois o uso de ‘logo’ leva a afirmação a ser opiniões do que aqueles que não acreditam senão nos
lida como premissa e conclusão. O filósofo queria que livros dos antigos. E quanto aos que unem o bom senso
o leitor – o ‘eu’ que medita – percebesse que, assim ao estudo, os únicos que desejo para meus juízes, não
que considero o fato de que existo, sei que isso é serão de modo algum, tenho certeza, tão parciais a
verdadeiro. Tal verdade é instantaneamente favor do latim que recusem ouvir minhas razões,
apreendida. A percepção de que existo é uma intuição porque as explico em língua vulgar.
direta, não a conclusão de um argumento.” DESCARTES, R. Discurso do Método. Trad. J. Guinsburg e Bento
(Vários colaboradores. O livro da Filosofia. Tradução Douglas Kim. Prado Jr. São Paulo: Abril Cultural, 1973. Coleção “Os pensadores”.
São Paulo: Globo, 2011. p. 120. Adaptado). p. 79.

19
Com base nos conhecimentos sobre Descartes e o a) As ideias de Descartes enfatizam que a dúvida tem
surgimento da filosofia moderna, assinale a alternativa valor secundário sobre como conduzir bem sua razão.
correta. b) O pensamento cartesiano afirma que não devemos
a) A língua vulgar, o francês, expressa de modo mais rejeitar como falso tudo aquilo do qual não podemos
adequado o espírito da modernidade por estar livre duvidar.
dos preconceitos da língua dos doutos, o latim. c) O cartesianismo é um empirismo, ou seja, prioriza o
b) Redigir o Discurso do Método em francês teve valor dos sentidos no âmbito do conhecimento.
propósito similar à tradução da bíblia para o alemão d) O pensamento de Descartes influenciou,
feita por Lutero: facilitar o acesso à sacralidade do efetivamente, o mundo cultural francês e retratou a
texto em língua vulgar. significância do espírito crítico na investigação do
c) O desencantamento do mundo, resultante da radical conhecimento.
crítica cartesiana à tradição, teve como consequência e) O método racionalista prioriza a verdade da fé como
o abandono da referência à divindade. critério da cientificidade.
d) As ideias expressas por Descartes em seu Discurso
do Método refletem a postura tipicamente moderna de
ruptura total com o passado. FIL0238 - (Unesp) De um lado, dizem os materialistas,
e) A razão natural inteiramente pura é um atributo a mente é um processo material ou físico, um produto
inerente à natureza humana, independentemente da do funcionamento cerebral. De outro lado, de acordo
tradição ou da cultura à qual o humano se vincula. com as visões não materialistas, a mente é algo
diferente do cérebro, podendo existir além dele.
Ambas as posições estão enraizadas em uma longa
FIL0236 - (Ueg) John Locke afirmou que a mente é tradição filosófica, que remonta pelo menos à Grécia
como uma folha em branco na qual a cultura escreve Antiga. Assim, enquanto Demócrito defendia a ideia de
seu texto e Descartes demonstrava desconfiança em que tudo é composto de átomos e todo pensamento é
relação aos sentidos como fonte de conhecimento. A causado por seus movimentos físicos, Platão insistia
respeito desses dois filósofos, verifica-se o seguinte: que o intelecto humano é imaterial e que a alma
a) Locke é um representante do racionalismo e sobrevive à morte do corpo.
Descartes é um representante do empirismo. (Alexander Moreira-Almeida e Saulo de F. Araujo. “O cérebro
produz a mente?: um levantamento da opinião de psiquiatras”.
b) Locke é um representante do empirismo e Descartes
www.archivespsy.com, 2015.)
é um representante do racionalismo.
c) Descartes e Locke possuíam a mesma concepção,
A partir das informações e das relações presentes no
pois ambos eram críticos do iluminismo.
texto, conclui-se que
d) Descartes é um representante do teologismo e
a) a hipótese da independência da mente em relação
Locke é um representante do culturalismo.
ao cérebro teve origem no método científico.
e) Descartes é um representante do materialismo e
b) a dualidade entre mente e cérebro foi conceituada
Locke é um representante do idealismo.
por Descartes como separação entre pensamento e
extensão.
c) o pensamento de Santo Agostinho se baseou em
hipóteses empiristas análogas às do materialismo.
FIL0237 - (Upe) Sobre a consciência crítica e a filosofia,
d) os argumentos materialistas resgatam a metafísica
analise o texto a seguir:
platônica, favorecendo hipóteses de natureza
Como relata Descartes no Discurso sobre o método,
espiritualista.
depois de ter lançado tudo à dúvida, somente depois,
e) o progresso da neurociência estabeleceu provas
tive de constatar que, embora eu quisesse pensar que
objetivas para resolver um debate originalmente
tudo era falso, era preciso necessariamente que eu,
filosófico.
que assim pensava, fosse alguma coisa. E, observando
que essa verdade – ‘penso, logo sou’ – era tão firme e
sólida que nenhuma das mais extravagantes hipóteses
dos céticos seria capaz de abalá-la.”
(REALE, Giovanni. História da Filosofia: Do Humanismo a Kant. São
Paulo: Paulinas, 1990, p. 366).

O autor do texto retrata alguns apontamentos sobre o


pensamento cartesiano. Com relação a esse assunto,
assinale a alternativa CORRETA.

20
FIL0239 - (Upe) Considere o texto a seguir sobre o FIL0241 - (Upe) O bom senso é a coisa do mundo
paradigma da Modernidade. melhor partilhada, pois cada qual pensa estar tão bem
provido dele que mesmo os que são mais difíceis de
contentar em qualquer outra coisa, não costumam
desejar tê-lo mais do que o têm. E não é verossímil que
todos se enganem a tal respeito; mas isso antes
testemunha que o poder de bem julgar e distinguir o
verdadeiro do falso, que é propriamente o que se
Não nos esqueçamos de outra não menos importante denomina o bom senso ou a razão, é naturalmente
verdade histórica: a Revolução Científica foi igual em todos os homens.
profetizada por Bacon, realizada por Galileu, DESCARTES, René. Discurso do Método, 1973, p. 37.
tematizada por Descartes, mas só concluída e
sistematizada por Newton. Na perspectiva de René Descartes,
(JAPIASSU, HIlton. Como Nasceu a Ciência Moderna. Rio de a) o conhecimento filosófico prioriza a sensação,
Janeiro: Imago, 2007, p. 112. Adaptado.) deixando à margem o valor da razão, isto é, o que vale
é ter bom senso.
O autor acima retrata, com singularidade, alguns dos b) o conhecimento filosófico é natural em todos os
expoentes do pensamento moderno. Sobre esse homens, mesmo sem fazerem uso do bom senso.
assunto, assinale a alternativa CORRETA. c) o conhecimento filosófico salienta a importância
a) Com a revolução galileana, a teologia ganha sua capital de bem conduzir a própria razão para a
autonomia, libertando-se da ciência. aquisição da ciência.
b) O pensamento cartesiano adota uma atitude de d) o conhecimento filosófico delimita a faculdade de
dúvida metódica para bem conduzir a razão e procurar julgar o absoluto, desprezando o valor do
a verdade nas ciências. conhecimento.
c) Galileu Galilei foi o verdadeiro fundador do método e) o conhecimento filosófico enfatiza que a essência do
indutivo na ciência da matemática. homem consiste nos sentidos, uma vez que o bom
d) A ciência para Francis Bacon é teórica e senso acentua o caráter relativo e particular da razão.
contemplativa, tendo o filósofo profetizado o papel da
religiosidade no marco da cientificidade.
e) O pensamento newtoniano, com direcionamento na FIL0242 – (Unesp) Todas as vezes que mantenho minha
física e na matemática, não foi um marco essencial vontade dentro dos limites do meu conhecimento, de
para a história e para a filosofia da ciência. tal maneira que ela não formule juízo algum a não ser
a respeito das coisas que lhe são claras e distintamente
representadas pelo entendimento, não pode
FIL0240 - (Ufu) Na obra Discurso do método, o filósofo acontecer que eu me equivoque; pois toda concepção
francês Renê Descartes descreve as quatro regras que, clara e distinta é, com certeza, alguma coisa de real e
segundo ele, podem levar ao conhecimento de todas de positivo, e, assim, não pode se originar do nada, mas
as coisas de que o espírito é capaz de conhecer. deve ter obrigatoriamente Deus como seu autor; Deus
Quanto a uma dessas regras, ele diz que se trata de que, sendo perfeito, não pode ser causa de equívoco
"dividir cada dificuldade que examinasse em tantas algum; e, por conseguinte, é necessário concluir que
partes quantas possíveis e necessárias para melhor uma tal concepção ou um tal juízo é verdadeiro.
resolvê-las". René Descartes. Vida e Obra. Os pensadores, 2000.
Descartes. Discurso do método,I-II, citado por: MARCONDES,
Danilo. Textos Básicos de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Sobre o racionalismo cartesiano, é correto afirmar que
Editora, 2000. Tradução de Marcus Penchel.
a) sua concepção sobre a existência de Deus exerceu
grande influência na renovação religiosa da época.
Essa regra, transcrita acima, é denominada
b) sua valorização da clareza e distinção do
a) regra da análise.
conhecimento científico baseou-se no irracionalismo.
b) regra da síntese.
c) desenvolveu as bases racionais para a crítica do
c) regra da evidência.
mecanicismo como método de conhecimento.
d) regra da verificação.
d) formulou conceitos filosóficos fortemente
contrários ao heliocentrismo defendido por Galileu.
e) se tratou de um pensamento responsável pela
fundamentação do método científico moderno.

21
FIL0243 - (Enem) Após ter examinado cuidadosamente FIL0245 - (Enem) Uma vez que a razão me persuade de
todas as coisas, cumpre enfim concluir e ter por que devo impedir-me de dar crédito às coisas que não
constante que esta proposição, eu sou, eu existo, é são inteiramente certas e indubitáveis tanto quando
necessariamente verdadeira todas as vezes que a àquelas que nos parecem manifestamente ser falsas, o
enuncio ou que a concebo em meu espírito. menor motivo de dúvida que eu nelas encontrar
DESCARTES, R. Meditações. Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, bastará para me levar a rejeitar todas.
1979. DESCARTES, R. Meditações de Filosofia Primeira. São Paulo: Abril
Cultural, 1973 (adaptado).
A proposição “eu sou, eu existo” corresponde a um dos
momentos mais importantes na ruptura da filosofia do Ao introduzir dúvida como método, Descartes busca
século XVII com os padrões da reflexão medieval, por alcançar uma certeza capaz de refundar, sobre
a) estabelecer o ceticismo como opção legítima. princípios sólidos, a ciência e a filosofia. Seu
b) utilizar silogismos linguísticos como prova procedimento teórico indica
ontológica. a) a capacidade de o entendimento humano duvidar
c) inaugurar a posição teórica conhecida como das certezas claras e distintas.
empirismo. b) a ideia de que o ceticismo é base suficiente para
d) estabelecer um princípio indubitável para o edificar a filosofia moderna.
conhecimento. c) o rompimento com o dogmatismo da filosofia
e) questionar a relação entre a filosofia e o tema da aristotélico-tomista que prevalecera na Idade Média.
existência de Deus. d) a primazia dos sentidos como caminho seguro de
condução do homem à verdade.
e) o estabelecimento de uma regra capaz de consolidar
a tradição escolástica de pensamento.
FIL0244 - (Unicamp) A dúvida é uma atitude que
contribui para o surgimento do pensamento filosófico
moderno. Neste comportamento, a verdade é atingida
através da supressão provisória de todo conhecimento, FIL0246 - (Unesp) Nada acusa mais uma extrema
que passa a ser considerado como mera opinião. A fraqueza de espírito do que não conhecer qual é a
dúvida metódica aguça o espírito crítico próprio da infelicidade de um homem sem Deus; nada marca mais
Filosofia. uma má disposição do coração do que não desejar a
(Adaptado de Gerd A. Bornheim, Introdução ao filosofar. Porto verdade das promessas eternas; nada é mais covarde
Alegre: Editora Globo, 1970, p. 11.) do que fazer-se de bravo contra Deus. Deixem então
A partir do texto, é correto afirmar que: essas impiedades para aqueles que são bastante mal
a) A Filosofia estabelece que opinião, conhecimento e nascidos para ser verdadeiramente capazes disso.
verdade são conceitos equivalentes. Reconheçam enfim que não há senão duas espécies de
b) A dúvida é necessária para o pensamento filosófico, pessoas a quem se possam chamar razoáveis: ou os
por ser espontânea e dispensar o rigor metodológico. que servem a Deus de todo o coração porque o
c) O espírito crítico é uma característica da Filosofia e conhecem ou os que o buscam de todo o coração
surge quando opiniões e verdades são coincidentes. porque não o conhecem.
d) A dúvida, o questionamento rigoroso e o espírito (Blaise Pascal. Pensamentos, 2015. Adaptado.)
crítico são fundamentos do pensamento filosófico
moderno. O pensamento desse filósofo é nitidamente
influenciado por uma ótica
a) científica.
b) ateísta.
c) antropocêntrica.
d) materialista.
e) teológica.

22
FIL0247 - (Uece) Leia atentamente o seguinte excerto: FIL0249 - (Unesp) Posto que as qualidades que
“A liberdade do homem em sociedade consiste em não impressionam nossos sentidos estão nas próprias
estar submetido a nenhum outro poder legislativo coisas, é claro que as ideias produzidas na mente
senão àquele estabelecido no corpo político mediante entram pelos sentidos. O entendimento não tem o
consentimento, nem sob o domínio de qualquer poder de inventar ou formar uma única ideia simples
vontade ou sob a restrição de qualquer lei afora as que na mente que não tenha sido recebida pelos sentidos.
promulgar o poder legislativo, segundo o encargo a Gostaria que alguém tentasse imaginar um gosto que
este confiado”. jamais impressionou seu paladar, ou tentasse formar a
LOCKE, John. Dois tratados sobre o governo. Martins Fontes, 1998, ideia de um aroma que nunca cheirou. Quando puder
p. 401-402. Adaptado. fazer isso, concluirei também que um cego tem ideias
das cores, e um surdo, noções reais dos diversos sons.
Considerando a definição de liberdade do homem em (John Locke. Ensaio acerca do entendimento humano, 1991.
sociedade, de John Locke, atente para as seguintes Adaptado.)
afirmações:
De acordo com o filósofo, todo conhecimento origina-
I. A concepção de liberdade do homem em sociedade se
de Locke elimina totalmente o direito de cada um de a) da reminiscência de ideias originalmente
agir conforme a sua vontade. transcendentes.
II. A concepção de liberdade do homem em sociedade b) da combinação de ideias metafísicas e empíricas.
de Locke consiste em viver sob a restrição das leis c) de categorias a priori existentes na mente humana.
promulgadas pelo poder legislativo. d) da experiência com os objetos reais e empíricos.
III. A concepção de liberdade do homem em sociedade e) de uma relação dialética do espírito humano com o
de Locke consiste em viver segundo uma regra mundo.
permanente e comum que todos devem obedecer.

É correto o que se afirma em


a) I e II apenas. FIL0250 - (Unicamp) A maneira pela qual adquirimos
b) I e III apenas. qualquer conhecimento constitui suficiente prova de
c) II e III apenas. que não é inato.
d) I, II e III. LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento humano. São Paulo:
Nova Cultural, 1988, p.13.

O empirismo, corrente filosófica da qual Locke fazia


FIL0248 - (Ueg) John Locke afirmou que a mente é parte,
como uma folha em branco na qual a cultura escreve a) afirma que o conhecimento não é inato, pois sua
seu texto e Descartes demonstrava desconfiança em aquisição deriva da experiência.
relação aos sentidos como fonte de conhecimento. A b) é uma forma de ceticismo, pois nega que os
respeito desses dois filósofos, verifica-se o seguinte: conhecimentos possam ser obtidos.
a) Locke é um representante do racionalismo e c) aproxima-se do modelo científico cartesiano, ao
Descartes é um representante do empirismo. negar a existência de ideias inatas.
b) Locke é um representante do empirismo e Descartes d) defende que as ideias estão presentes na razão
é um representante do racionalismo. desde o nascimento.
c) Descartes e Locke possuíam a mesma concepção,
pois ambos eram críticos do iluminismo.
d) Descartes é um representante do teologismo e
Locke é um representante do culturalismo.
e) Descartes é um representante do materialismo e
Locke é um representante do idealismo.

23
FIL0251 - (Unioeste) “Através dos princípios de um FIL0252 - (Ufu) Para bem compreender o poder político
direito natural preexistente ao Estado, de um Estado e derivá-lo de sua origem, devemos considerar em que
baseado no consenso, de subordinação do poder estado todos os homens se acham naturalmente,
executivo ao poder legislativo, de um poder limitado, sendo este um estado de perfeita liberdade para
de direito de resistência, Locke expôs as diretrizes ordenar-lhes as ações e regular-lhes as posses e as
fundamentais do Estado liberal.” pessoas conforme acharem conveniente, dentro dos
Bobbio. limites da lei de natureza, sem pedir permissão ou
depender da vontade de qualquer outro homem.
Considerando o texto citado e o pensamento político LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o Governo. São Paulo: Abril
de Locke, seguem as afirmativas abaixo: Cultural, 1978.

I. A passagem do estado de natureza para a sociedade A partir da leitura do texto acima e de acordo com o
política ou civil, segundo Locke, é realizada mediante pensamento político do autor, assinale a alternativa
um contrato social, através do qual os indivíduos correta.
singulares, livres e iguais dão seu consentimento para a) Segundo Locke, o estado de natureza se confunde
ingressar no estado civil. com o estado de servidão.
II. O livre consentimento dos indivíduos para formar a b) Para Locke, o direito dos homens a todas as coisas
sociedade, a proteção dos direitos naturais pelo independe da conveniência de cada um.
governo, a subordinação dos poderes, a limitação do c) Segundo Locke, a origem do poder político depende
poder e o direito à resistência são princípios do estado de natureza.
fundamentais do liberalismo político de Locke. d) Segundo Locke, a existência de permissão para agir
III. A violação deliberada e sistemática dos direitos é compatível com o estado de natureza.
naturais e o uso contínuo da força sem amparo legal,
segundo Locke, não são suficientes para conferir
legitimidade ao direito de resistência, pois o exercício
de tal direito causaria a dissolução do estado civil e, em FIL0253 - (Uff) O filósofo inglês John Locke (1632-1704)
consequência, o retorno ao estado de natureza. é um dos fundadores da concepção liberal da vida
IV. Os indivíduos consentem livremente, segundo política. Em sua defesa da liberdade como um atributo
Locke, em constituir a sociedade política com a que o homem possui desde que nasce, ele diz: “Para
finalidade de preservar e proteger, com o amparo da compreender corretamente o que é o poder político e
lei, do arbítrio e da força comum de um corpo político derivá-lo a partir de sua origem, devemos considerar
unitário, os seus inalienáveis direitos naturais à vida, à qual é a condição em que todos os homens se
liberdade e à propriedade. encontram segundo a natureza. E esta condição é a de
V. Da dissolução do poder legislativo, que é o poder no completa liberdade para poder decidir suas ações e
qual “se unem os membros de uma comunidade para dispor de seus bens e pessoas do modo que quiserem,
formar um corpo vivo e coerente”, decorre, como respeitados os limites das leis naturais, sem precisar
consequência, a dissolução do estado de natureza. solicitar a permissão ou de depender da vontade de
qualquer outro ser humano.”
Das afirmativas feitas acima
a) somente a afirmação I está correta. Assinale o documento histórico que foi diretamente
b) as afirmações I e III estão corretas. influenciado pelo pensamento de Locke.
c) as afirmações III e IV estão corretas. a) O livro “O que é a propriedade?”, de Proudhon
d) as afirmações II e III estão corretas. (1840)
e) as afirmações III e V estão incorretas. b) O “Manifesto Comunista”, de Karl Marx e Frederico
Engels (1848)
c) A “Concordata” estabelecida entre Napoleão e o
Vaticano (1801)
d) A declaração da “Doutrina Monroe” (1823)
e) A “Declaração de Independência” dos Estados
Unidos (1776)

24
FIL0254 - (Ufsj) Ao investigar as origens das ideias, I. No estado de natureza, os homens usufruem
diversos filósofos fizeram interferências importantes plenamente, e com absoluta segurança, os direitos
no pensamento filosófico da humanidade. Dentre eles, naturais.
destaca-se o pensamento de John Locke. Assinale a II. O objetivo principal da união dos homens em
alternativa que expressa as origens das ideias para comunidade, colocando-se sob governo, é a
John Locke. preservação da “propriedade”.
a) “Não há dúvida de que todo o nosso conhecimento III. No estado de natureza, falta uma lei estabelecida,
começa com a experiência [...] mas embora todo o firmada, conhecida, recebida e aceita mediante
nosso conhecimento comece com a experiência, nem consentimento, como padrão do justo e injusto e
por isso todo ele pode ser atribuído a esta, mas à medida comum para resolver quaisquer controvérsias
imaginação e à ideia.” entre os homens.
b) “O que sou eu? Uma substância que pensa. O que é IV. Os homens entram em sociedade, abandonando a
uma substância que pensa? É uma coisa que duvida, igualdade, a liberdade e o poder executivo que tinham
que concebe, que afirma, que nega, que quer, que não no estado de natureza, apenas com a intenção de
quer, que imagina e que sente, uma ideia em melhor preservar a propriedade.
movimento. V. No estado de natureza, há um juiz conhecido e
c) “Quando analisamos nossos pensamentos ou ideias, imparcial para resolver quaisquer controvérsias entre
por mais complexos e sublimes que sejam, sempre os homens, de acordo com a lei estabelecida.
descobrimos que se resolvem em ideias simples que
são cópias de uma sensação ou sentimento anterior, Das afirmativas feitas acima
calcado nas paixões.” a) somente a afirmação I está correta.
d) “Afirmo que essas duas, a saber, as coisas materiais b) as afirmações I e III estão corretas.
externas, como objeto da sensação, e as operações de c) as afirmações II e V estão corretas.
nossas próprias mentes, como objeto da reflexão, são, d) as afirmações IV e V estão corretas.
a meu ver, os únicos dados originais dos quais as ideias e) as afirmações II, III e IV estão corretas.
derivam.”
FIL0256 - (Unioeste) John Locke afirma em Ensaio
acerca do entendimento: “é de grande utilidade para o
marinheiro saber a extensão de sua linha, embora não
FIL0255 - (Unioeste) “Se o homem no estado de possa com ela sondar toda a profundidade do oceano.
natureza é tão livre, conforme dissemos, se é senhor É conveniente que saiba que ela é suficientemente
absoluto da sua própria pessoa e posses, igual ao maior longa para alcançar o fundo dos lugares necessários
e a ninguém sujeito, porque abrirá ele mão dessa para orientar sua viagem, e preveni-lo de esbarrar
liberdade, porque abandonará o seu império e sujeitar- contra escolhos que podem destruí-lo. Não nos diz
se-á ao domínio e controle de qualquer outro poder? respeito conhecer todas as coisas, mas apenas as que
Ao que é óbvio responder que, embora no estado de se referem à nossa conduta. Se pudermos descobrir
natureza tenha tal direito, a fruição do mesmo é muito aquelas medidas por meio das quais uma criatura
incerta e está constantemente exposta à invasão de racional, posta nesta situação do homem no mundo,
terceiros porque, sendo todos reis tanto quanto ele, pode e deve dirigir suas opiniões e ações delas
todo homem igual a ele, e na maior parte pouco dependentes, não devemos nos molestar por que
observadores da equidade e da justiça, a fruição da outras coisas escapam ao nosso conhecimento”.
propriedade que possui nesse estado é muito insegura, Tendo em conta o texto acima e a teoria do
muito arriscada. Estas circunstâncias obrigam-no a conhecimento de Locke, é incorreto afirmar que
abandonar uma condição que, embora livre, está cheia a) o homem, utilizando suas faculdades racionais, pode
de temores e perigos constantes; e não é sem razão conhecer tudo sobre todas as coisas do mundo.
que procura de boa vontade juntar-se em sociedade b) o homem deve saber os limites da razão para ter
com outros que estão já unidos, ou pretendem unir-se, conhecimento certo daquilo que é possível conhecer.
para a mútua conservação da vida, da propriedade e c) há certas coisas que a razão do homem não pode
dos bens a que chamo de 'propriedade'”. conhecer.
Locke d) assim como o marinheiro guia sua viagem por uma
sonda de tamanho conhecido, o homem deve orientar
Sobre o pensamento político de Locke e o texto acima, sua conduta por aquilo que conhece.
seguem as seguintes afirmativas: e) o conhecimento, para Locke, só é certo se houver
conformidade entre nossas ideias e a realidade das
coisas.
25
FIL0257 - (Uncisal) No período moderno, emergiu uma FIL0259 - (Ufu) Os filósofos contratualistas elaboraram
escola filosófica que pôs em questão as concepções suas teorias sobre os fundamentos ou origens do poder
inatistas e metafísicas de conhecimento. Para os do Estado a partir de alguns conceitos fundamentais
filósofos partidários dessa escola, o conhecimento é tais como, a soberania, o estado de natureza, o estado
sempre decorrente da experiência, jamais podendo civil, o estado de guerra, o pacto social etc.
existir ideias inatas. O nome dessa corrente filosófica, [...] O estado de guerra é um estado de inimizade e
bem como o nome de um de seus filósofos destruição [...] nisto temos a clara diferença entre o
representativos são, respectivamente: estado de natureza e o estado de guerra, muito
a) inatismo; Descartes. embora certas pessoas os tenham confundido, eles
b) idealismo; Kant. estão tão distantes um do outro [...].
c) escolástica; Santo Agostinho. LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o Governo. São Paulo: Ed.
d) empirismo; Locke. Abril Cultural, 1978.
e) metafísica; Platão.
Leia o texto acima e assinale a alternativa correta.
a) Para Locke, o estado de natureza é um estado de
destruição, inimizade, enfim uma guerra “de todos os
FIL0258 - (Uel) Leia o texto a seguir. homens contra todos os homens”.
b) Segundo Locke, o estado de natureza se confunde
Locke divide o poder do governo em três com o estado de guerra.
poderes, cada um dos quais origina um ramo de c) Segundo Locke, para compreendermos o poder
governo: o poder legislativo (que é o fundamental), o político, é necessário distinguir o estado de guerra do
executivo (no qual é incluído o judiciário) e o federativo estado de natureza.
(que é o poder de declarar a guerra, concertar a paz e d) Uma das semelhanças entre Locke e Hobbes está no
estabelecer alianças com outras comunidades). fato de ambos utilizarem o conceito de estado de
Enquanto o governo continuar sendo expressão da natureza exatamente com o mesmo significado.
vontade livre dos membros da sociedade, a rebelião
não é permitida: é injusta a rebelião contra um governo FIL0260 - (Unioeste) “Se os que nos querem persuadir
legal. Mas a rebelião é aceita por Locke em caso de que há princípios inatos não os tivessem
dissolução da sociedade e quando o governo deixa de compreendido em conjunto, mas considerado
cumprir sua função e se transforma em uma tirania. separadamente os elementos a partir dos quais estas
(LOCKE, John. In: MORA, J. F. Dicionário de Filosofia. São Paulo: proposições são formuladas, não estariam, talvez, tão
Loyola, 2001. V. III. p. 1770.) dispostos a acreditar que elas eram inatas. Visto que,
se as ideias das quais são formadas essas verdades não
Com base no texto e nos conhecimentos sobre John fossem inatas, seria impossível que as proposições
Locke, é correto afirmar: formadas delas pudessem ser inatas, ou nosso
conhecimento delas ter nascido conosco. Se, pois, as
I. O direito de rebelião é um direito natural e legítimo ideias não são inatas, houve um tempo quando a
de todo cidadão sob a vigência da legalidade. mente estava sem esses princípios e, desse modo, não
II. O Estado deve cuidar do bem-estar material dos seriam inatos, mas derivados de alguma outra origem.
cidadãos sem tomar partido em questões de matéria Pois, se as próprias ideias não o são, não pode haver
religiosa. conhecimento, assentimento, nem proposições
III. O poder legislativo ocupa papel preponderante. mentais ou verbais a respeito delas. […] De onde
IV. Na estrutura de poder, dentro de certos limites, o apreende a mente todos os materiais da razão e do
Estado tem o poder de fazer as leis e obrigar que sejam conhecimento? A isso respondo, numa palavra, da
cumpridas. experiência. Todo o nosso conhecimento está nela
fundado, e dela deriva fundamentalmente o próprio
Assinale a alternativa correta. conhecimento. Empregada tanto nos objetos sensíveis
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. externos como nas operações internas de nossas
b) Somente as afirmativas I e III são corretas. mentes, que são por nós mesmos percebidas e
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. refletidas, nossa observação supre nossos
d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas. entendimentos com todos os materiais do
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. pensamento.” (Locke)

Tendo presente o texto acima, é correto afirmar,


segundo Locke, que

26
a) há duas fontes de nossas ideias, a sensação e a FIL0262 - (Unioeste) Locke é um dos principais
reflexão, de modo que tudo o que é objeto de nossa representantes do contratualismo clássico. Tem como
mente, por ser ela como que um papel em branco, é ponto de partida de seu pensamento político o estado
adquirido por meio de uma ou de outra dessas duas de natureza, de modo que, através do contrato (pacto)
fontes. social, realiza-se a passagem para o Estado civil.
b) contrariamente ao que afirma o texto, o autor
admite excepcionalmente como inatos alguns Assinale a alternativa que não corresponde à
princípios fundamentais e algumas ideias simples. concepção liberal de política de Locke.
c) chama-se experiência a forma de conhecimento que, a) O estado de natureza é um estado de guerra
produzido por meio das diferentes sensações, nos generalizada de todos contra todos.
permite saber o que as coisas são em sua essência e na b) No estado de natureza, todos os homens são livres e
medida em que são independentes de nós. iguais, tendo todos o direito à vida, à liberdade e à
d) a ideia de substância é uma ideia simples formada propriedade.
diretamente a partir de nossa experiência das coisas e c) O estado de natureza é um estado de relativa paz,
da capacidade que elas têm de subsistirem. por falta de um juiz imparcial que julgue os possíveis
e) todas as nossas percepções ou ideias provém das conflitos entre os indivíduos.
sensações externas e de nosso contato com o que d) O Estado civil tem sua origem e fundamento no
existe fora de nós. pacto de consentimento unânime de indivíduos livres
e iguais, sendo que na escolha da forma de governo
FIL0261 - (Uel) Leia o seguinte texto de Locke: segue-se o princípio da maioria.
Aquele que se alimentou com bolotas que e) No centro do pensamento político de Locke se
colheu sob um carvalho, ou das maçãs que retirou das encontra a defesa dos direitos naturais inalienáveis do
árvores na floresta, certamente se apropriou deles indivíduo à vida, à liberdade e à propriedade, que
para si. Ninguém pode negar que a alimentação é sua. devem ser garantidos e protegidos pelo Estado civil.
Pergunto então: Quando começaram a lhe pertencer?
Quando os digeriu? Quando os comeu? Quando os
cozinhou?
Quando os levou para casa? Ou quando os apanhou?
(LOCKE, J. Segundo Tratado Sobre o Governo Civil. 3 ed. Petrópolis: FIL0263 – (Ueg) Um dos aspectos mais importantes da
Vozes, 2001, p. 98) filosofia política de John Locke é sua defesa do direito
à propriedade, que ele considerava ser algo inerente à
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o natureza humana, uma vez que o corpo é nossa
pensamento de John Locke, é correto afirmar que a primeira propriedade. De acordo com esta perspectiva,
propriedade: o Estado deve
a) permitir aos seus cidadãos ter propriedade ou
I. Tem no trabalho a sua origem e fundamento, uma propriedades.
vez que ao acrescentar algo que é seu aos objetos da b) garantir que todos os seus cidadãos, sem exceção,
natureza o homem os transforma em sua propriedade. tenham alguma propriedade.
II. A possibilidade que o homem tem de colher os frutos c) garantir aos cidadãos a posse vitalícia de bens.
da terra, a exemplo das maçãs, confere a ele um direito d) fazer com que a propriedade seja comum a todos os
sobre eles que gera a possibilidade de acúmulo cidadãos.
ilimitado.
III. Animais e frutos, quando disponíveis na natureza e
sem a intervenção humana, pertencem a um direito
comum de todos.
IV. Nasce da sociedade como consequência da ação
coletiva e solidária das comunidades organizadas com
o propósito de formar e dar sustentação ao Estado.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e III são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

27
FIL0264 - (Uel) Para Locke, o estado de natureza é um FIL0267 - (Uel) Tendo por base a concepção de
estado de liberdade e de igualdade. contrato social em Locke, considere as afirmativas a
(LOCKE, J. Segundo tratado sobre o governo civil. Tradução de seguir.
Magda Lopes e Marisa Lobo da Costa. Petrópolis: Vozes, 1994. p.
83.)
I. Os homens firmam entre si um pacto de submissão,
por meio do qual transferem a um terceiro o poder de
Com base nos conhecimentos sobre a filosofia política
coerção, trocando a condição de desigualdade do
de Locke, assinale a alternativa correta.
Estado de Natureza pela segurança e liberdade do
a) No estado de natureza, a liberdade dos homens
Estado social.
consiste num poder de tudo dispor a partir da força e
II. Os homens firmam um pacto de consentimento, no
da argúcia.
qual concordam livremente em formar a sociedade
b) Os homens são iguais, pois todos têm o mesmo
para preservar e consolidar os direitos que possuíam
medo de morte violenta em mãos alheias.
originalmente no Estado de natureza.
c) A liberdade dos homens determina que o estado de
III. O exercício legítimo da autoridade, no Estado social,
natureza é um estado de guerra de todos contra todos.
baseia-se na teoria do direito divino, em que os
d) A liberdade no estado de natureza não consiste em
monarcas, herdeiros dos patriarcas, são
permissividade, pois ela é limitada pelo direito natural.
representantes diretos que garantem o contrato social.
e) Nunca houve na história um estado de natureza,
IV. O que leva os homens a se unirem e estabelecerem
sendo este apenas uma hipótese lógica.
livremente entre si o contrato social é a falta de lei
estabelecida, de juiz imparcial e de uma força
coercitiva para impor a execução das sentenças.
FIL0265 - (Ufu) O pensamento político de John Locke
Estão corretas apenas as afirmativas:
contém uma teoria da cidadania que anuncia certos
a) I e II.
aspectos da filosofia do século XVIII. Pela anuência à
b) I e III.
vida civil e pela confiança que deposita no poder
c) II e IV.
público, o indivíduo se faz cidadão. Incorporando-se
d) I, III e IV.
livremente ao corpo político, cada um participa de sua
e) II, III e IV.
gestão: alcança assim a dignidade política.

Acerca do pensamento de Locke, considere o texto


acima e marque a alternativa correta.
a) Um governante que usa, à margem da lei, a força
FIL0267 - (Uece) Sobre a questão da liberdade em
contra os interesses de seus súditos destrói sua própria
Spinoza, a filósofa brasileira Marilena Chauí afirma o
autoridade. O súdito tem o direito a resistir-lhe.
seguinte:
b) O contrato tem a finalidade de instituir a vida ética
no seio do Estado.
“[...] o poder teológico-político é duplamente violento.
c) Locke afirma que o contrato emerge da base
Em primeiro lugar, porque pretende roubar dos
material da sociedade, independentemente das
homens a origem de suas ações sociais e políticas,
decisões dos indivíduos.
colocando-as como cumprimento a mandamentos
d) A transferência de poder torna-se irrevogável após o
transcendentes de uma vontade divina
contrato, porque a soberania é ilimitada e absoluta.
incompreensível ou secreta, fundamento da ‘razão de
Estado’. Em segundo, porque as leis divinas reveladas,
postas como leis políticas ou civis, impedem o exercício
da liberdade, pois não regulam apenas usos e
costumes, mas também a linguagem e o pensamento,
procurando dominar não só os corpos, mas também os
espíritos”.
CHAUÍ, Marilena. Espinosa, uma subversão filosófica. Revista
CULT, 14 de março de 2010. Disponível em:
https://revistacult.uol.com.br/home/baruch-espinosa/.

O poder teológico-político é violento, porque

28
a) submete os homens a leis supostamente c) dicotomia do conhecimento prático.
transcendentes ao negar-lhes a imanência de suas d) manifestação do caráter religioso.
próprias ações. e) reprodução do saber tradicional.
b) retira dos homens a esperança de que suas ações
tenham como causa e fim a transcendência divina.
c) transforma a linguagem e o pensamento dos homens FIL0270 - (Ufsm) Revoltas e movimentos sociais, como
em formas de libertação de corpos e espíritos. os ocorridos recentemente no Brasil, estão
d) recusa aos usos e costumes o papel de fundamento frequentemente envolvidos no aperfeiçoamento da
transcendente das ações políticas e leis civis dos vida social e podem ter papel adaptativo. Na história
homens. da filosofia política moderna, alguns filósofos
conceberam seres humanos como átomos individuais
FIL0268 - (Uel) Leia o texto a seguir. movidos por apetites ou desejos guiados pelo prazer e
Vimos, assim, que a Alma pode sofrer grandes dor, sendo o apetite fundamental do homem a
transformações e passar ora a uma maior perfeição, autopreservação. Numa situação de escassez de bens,
ora a uma menor, paixões estas que nos explicam as com pessoas guiadas exclusivamente por desejos
afecções de alegria e de tristeza. Assim, por alegria, antecipadores de prazer e voltados à autopreservação,
entenderei, no que vai seguir-se, a paixão pela qual a haverá, inevitavelmente, conflito social. Que
Alma passa a uma perfeição maior; por tristeza, ao alternativa(s) racional(is) soluciona(m) o conflito?
contrário, a paixão pela qual a Alma passa a uma
perfeição menor. I. Uso da força e violência.
(ESPINOSA, B. Ética. Trad. Antonio Simões. Lisboa: Relógio D’Água, II. Uso da ideologia e controle da informação.
1992. p. 279). III. Acordo e deliberação coletiva.
IV. Apelo à tradição e costume.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o
problema da paixão e da afecção em Espinosa, assinale Está(ão) correta(s) a(s) alternativa(s)
a alternativa correta. a) I e II apenas.
a) A tristeza é uma ação da alma, consistente na b) I, II e III apenas.
afecção causada por uma paixão, por meio da qual a c) III apenas.
alma visa a própria destruição. d) III e IV apenas.
b) As transformações da alma, seja o aumento ou a e) IV apenas.
diminuição de intensidade, fazem coexistir paixões
contrárias. FIL0271 - (Enem) A substância é um Ser capaz de Ação.
c) O aumento de perfeição, característico de afecção Ela é simples ou composta. A substância simples é
da alegria, vincula-se ao esforço da alma em perceber- aquela que não tem partes. O composto é a reunião das
se com mais clareza e distinção. substâncias simples ou Mônadas. Monas é uma palavra
d) Tristeza e alegria são denominadas paixões porque grega que significa unidade ou o que é uno. Os
resultam da ação de distintas dimensões da alma, compostos ou os corpos são Multiplicidades, e as
responsáveis pela produção dessas afecções. Substâncias simples, as Vidas, as Almas, os Espíritos são
e) Se uma coisa aumenta a potência de agir do corpo, unidades. É preciso que em toda parte haja substâncias
a ideia dessa mesma coisa diminuirá a potência de simples porque sem as simples não haveria as
pensar da nossa alma. compostas, nem movimento. Por conseguinte, toda
natureza está plena de vida.
FIL0269 - (Enem) Os filósofos concebem as emoções LEIBNIZ, G. W. Discurso de metafísicas e outros textos. São Paulo:
que se combatem entre si, em nós, como vícios em que Matins Fontes, 2004 (adaptado).
os homens caem por erro próprio; é por isso que se
habituaram a ridicularizá-los, deplorá-los, reprová-los Dentre suas diversas reflexões, Leibniz voltou sua
ou, quando querem parecer mais morais, detestá-los. atenção para o tema da metafísica, que trata
Concebem os homens, efetivamente, não tais como basicamente do fundamento de realidade das coisas
são, mas como eles próprios gostariam que fossem. do mundo. A busca por esse fundamento muitas vezes
ESPINOSA, B. Tratado político. São Paulo: Abril Cultural, 1973. é resumida a partir do conceito de substância, que para
ele se refere a algo que é
No trecho, Espinosa critica a herança filosófica no que a) complexo por natureza, constituindo a unidade
diz respeito à idealização de uma mínima do cosmo.
a) estrutura da interpretação fenomenológica. b) estabilizador da realidade, dada a exigência de
b) natureza do comportamento humano. permanência desta.

29
c) desdobrado no composto, em vez de gerá-lo unindo- a) convicção inata.
se a outras substâncias simples. b) dimensão apriorística.
d) considerado simples e múltiplo a um só tempo, por c) elaboração do intelecto.
ser um todo indecomponível constituído de partes. d) percepção dos sentidos.
e) essencial na estrutura do que existe no mundo, sem e) realidade transcendental.
deixar de contribuir para o movimento.
FIL0275 - (Ufu) Hume descreveu a confiança que o
FIL0272 - (Ufpa) No contexto da cultura ocidental e na entendimento humano deposita na probabilidade dos
história do pensamento político e filosófico, as resultados dos eventos observados na natureza. Ele
considerações sobre a necessidade de valores morais comparou essa convicção ao lançamento de dados,
prévios na organização do Estado e das instituições cujas faces são previamente conhecidas, porém, nas
sociais sempre foi um tema fundamental devido à palavras do filósofo:
importância, para esse tipo de questão, dos conceitos [...] verificando que maior número de faces aparece
de bem e de mal, indispensáveis à vida em comum. mais em um evento do que no outro, o espírito [o
entendimento humano] converge com mais frequência
Diante desse fato da história do pensamento político e para ele e o encontra muitas vezes ao considerar as
filosófico, a afirmação de Espinosa, segundo a qual “Se várias possibilidades das quais depende o resultado
os homens nascessem livres, não formariam nenhum definitivo.
conceito de bem e de mal, enquanto permanecessem HUME, D. Investigação acerca do entendimento humano. Tradução de
Anoar Aiex.
livres” (ESPINOSA, 1983, p. 264), quer dizer o seguinte: São Paulo: Nova Cultural, 1989, p. 93. Coleção “Os Pensadores”.
a) O homem é, por instinto, moralmente livre, fato que
condiciona sua ideia de ética social. Esse tipo de raciocínio, descrito por Hume, conduz o
b) Assim como o indivíduo é anterior à sociedade, a entendimento humano a uma situação distinta da
liberdade moral antecede noções como bem e mal. certeza racional, uma espécie de “falha”, representada
c) Os valores morais que servem de base para nossa pelo(a)
socialização são tão naturais quanto nossos direitos. a) verdade da fantasia, que é superior à certeza
d) Não poderíamos falar de bem e de mal se não nos racional.
colocássemos além da liberdade natural. b) crença, que ocupa o lugar da certeza racional.
e) Não há nenhum vínculo necessário entre viver livre c) sentido visual, que é mais verídico que a certeza
e saber o que são bem e mal. sensível.
d) ideia inata, que atua como o a priori da razão
FIL0273 - (Uel) De acordo com seu conhecimento sobre humana.
a ética de Spinoza, é correto afirmar:
a) A necessidade não se aplica às ações livres do
homem.
b) O homem virtuoso procura agir com compaixão.
c) A felicidade é o prêmio da virtude, pois a ação FIL0276 - (Uel) Leia o texto a seguir.
virtuosa tem como recompensa a felicidade. Podemos definir uma causa como um objeto, seguido
d) Quanto mais um homem se esforça por preservar o de outro, tal que todos os objetos semelhantes ao
seu ser, mais ele é virtuoso. primeiro são seguidos por objetos semelhantes ao
e) O homem é mais livre na solidão, pois aí ele só segundo. Ou, em outras palavras, tal que, se o primeiro
obedece a si mesmo. objeto não existisse, o segundo jamais teria existido. O
aparecimento de uma causa sempre conduz a mente,
FIL0274 - (Enem) Quando analisamos nossos por uma transição habitual, à ideia do efeito; disso
pensamentos ou ideias, por mais complexos e sublimes também temos experiência.
que sejam, sempre descobrimos que se resolvem em Em conformidade com essa experiência, podemos,
ideias simples que são cópias de uma sensação ou portanto, formular uma outra definição de causa e
sentimento anterior. Mesmo as ideias que, à primeira chamá-la um objeto seguido de outro, e cujo
vista, parecem mais afastadas dessa origem mostram, aparecimento sempre conduz o pensamento àquele
a um exame mais atento, ser derivadas dela. outro. Mas, não temos ideia dessa conexão, nem
HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. São Paulo: sequer uma noção distinta do que é que desejamos
Abril Cultural, 1973.
saber quando tentamos concebê-las.
Adaptado de: HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano e
Depreende-se deste excerto da obra de Hume que o sobre os princípios da moral. Seção VII, 29. Trad. José Oscar de Almeida
conhecimento tem a sua gênese na Marques. São Paulo: UNESP, 2004. p. 115.

30
Com base no texto e nos conhecimentos acerca das FIL0278 - (Enem) Todo o poder criativo da mente se
noções de causa e efeito em David Hume, assinale a reduz a nada mais do que a faculdade de compor,
alternativa correta. transpor, aumentar ou diminuir os materiais que nos
a) As noções de causa e efeito fazem parte da realidade fornecem os sentidos e a experiência. Quando
e por isso os fenômenos do mundo são explicados pensamos em uma montanha de ouro, não fazemos
através da indicação da causa. mais do que juntar duas ideias consistentes, ouro e
b) A presença do efeito revela a causa nele envolvida, montanha, que já conhecíamos. Podemos conceber
o que garante a explicação de determinado um cavalo virtuoso, porque somos capazes de
acontecimento. conceber a virtude a partir de nossos próprios
c) A causa e o efeito são noções que se baseiam na sentimentos, e podemos unir a isso a figura e a forma
experiência e, por meio dela, são apreendidas. de um cavalo, animal que nos é familiar.
d) A causa e o efeito são conhecidos objetivamente HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. São Paulo:
pela mente e não por hábitos formados pela percepção Abril Cultural, 1995.
do mundo. Hume estabelece um vínculo entre pensamento e
e) A causa e o efeito proporcionam, necessariamente, impressão ao considerar que
explicações válidas sobre determinados fatos e a) os conteúdos das ideias no intelecto têm origem na
acontecimentos. sensação.
b) o espírito é capaz de classificar os dados da
percepção sensível.
c) as ideias fracas resultam de experiências sensoriais
FIL0277 - (Enem) Pode-se admitir que a experiência determinadas pelo acaso.
passada dá somente uma informação direta e segura d) os sentimentos ordenam como os pensamentos
sobre determinados objetos em determinados devem ser processados na memória.
períodos do tempo, dos quais ela teve conhecimento. e) as ideias têm como fonte específica o sentimento
Todavia, é esta a principal questão sobre a qual cujos dados são colhidos na empiria.
gostaria de insistir: por que esta experiência tem de ser
estendida a tempos futuros e a outros objetos que, FIL0279 - (Uel) Leia o texto a seguir.
pelo que sabemos, unicamente são similares em As ideias produzem as imagens de si mesmas em novas
aparência. O pão que outrora comi alimentou-me, isto ideias, mas, como se supõe que as primeiras ideias
é, um corpo dotado de tais qualidades sensíveis estava, derivam de impressões, continua ainda a ser verdade
a este tempo, dotado de tais poderes desconhecidos. que todas as nossas ideias simples procedem, mediata
Mas, segue-se daí que este outro pão deve também ou imediatamente, das impressões que lhes
alimentar-me como ocorreu na outra vez, e que correspondem.
HUME, D. Tratado da Natureza Humana. Trad. De Serafim da Silva
qualidades sensíveis semelhantes devem sempre ser Fontes. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001. p.35.
acompanhadas de poderes ocultos semelhantes? A
consequência não parece de nenhum modo Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
necessária. questão da sensibilidade, razão e verdade em David
HUME, D. Investigação acerca do entendimento humano. São
Paulo: Abril Cultural, 1995.
Hume, considere as afirmativas a seguir.
I. Geralmente as ideias simples, no seu primeiro
O problema descrito no texto tem como consequência aparecimento, derivam das impressões simples que
a lhes correspondem.
a) universabilidade do conjunto das proposições de II. A conexão entre as ideias e as impressões provém do
observação. acaso, de modo que há uma independência das ideias
b) normatividade das teorias científicas que se valem com relação às impressões.
da experiência. III. As ideias são sempre as causas de nossas
c) Dificuldade de se fundamentar as leis científicas em impressões.
bases empíricas. IV. Assim como as ideias são as imagens das
d) inviabilidade de se considerar a experiência na impressões, é também possível formar ideias
construção da ciência. secundárias, que são imagens das ideias primárias.
e) correspondência entre afirmações singulares e Assinale a alternativa correta.
afirmações universais. a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
31
FIL0280 - (Ufsj) Para David Hume, “os homens são, em FIL0282 - (Ufsj) Segundo David Hume, “Todo raciocínio
grande medida, governados pelo interesse” e isso é abstruso apresenta um mesmo inconveniente”,
perfeitamente visível, já que porque
a) “tradicionalmente o interesse tem sido visto de a) “pode silenciar o antagonista sem convencê-lo; e
dentro para fora, como algo que observamos em nós para nos darmos conta de sua força, precisamos
mesmos, mais do que alguma coisa que outros possam dedicar-lhe um estudo tão intenso quanto o que foi
exibir”. necessário para sua invenção”.
b) “mesmo quando estendem suas preocupações para b) “impregna a mente humana com conceitos do
além de si mesmos, não as levam muito longe; na vida idealismo que o induzem ao holismo moderno”.
corrente não é muito comum olhar para além dos c) “justifica a disposição que a mente humana tem para
amigos mais próximos e dos conhecidos”. se inclinar ao silogismo moderno”.
c) “vão traduzindo a necessidade que eles têm de se d) “convida o raciocínio a enigmáticas considerações,
relacionar a partir de um interesse particular, e isso direcionando-o ao ceticismo quinhentista”.
vem somar-se à sua capacidade para a socialização
para o seu próprio bem-estar”.
d) “as suas atitudes morais traduzem as suas condutas FIL0283 - (Ufsj) Para George Berkeley, a expressão “ser
solipsistas votadas aos mais distintos interesses é perceber e ser percebido” significava que
materiais e espirituais”. a) a realidade é uma relação entre todo ser existente,
medida e consentida.
b) a existência da matéria é e não pode não-ser; ela não
FIL0281 - (Enem) O contrário de um fato qualquer é se vincula ao estatuto da mente.
sempre possível, pois, além de jamais implicar uma c) a percepção que temos do mundo não passa
contradição, o espírito o concebe com a mesma necessariamente pelo crivo da razão, mas, sim, pela
facilidade e distinção como se ele estivesse em autenticação do real por si mesmo.
completo acordo com a realidade. Que o Sol não d) toda a realidade depende da ideia que fazemos das
nascerá amanhã é tão inteligível e não implica mais coisas.
contradição do que a afirmação de que ele nascerá.
Podemos em vão, todavia, tentar demonstrar sua
falsidade de maneira absolutamente precisa. Se ela FIL0284 - (Ueg) David Hume nasceu na cidade de
fosse demonstrativamente falsa, implicaria uma Edimburgo, em pleno Século das Luzes, denominação
contradição e o espírito nunca poderia concebê-la pela qual ficou conhecido o século XVIII. Para investigar
distintamente, assim como não pode conceber que a origem das ideias e como elas se formam, Hume
1 + 1 seja diferente de 2. parte, como a maioria dos filósofos empiristas, do
HUME, D. Investigação acerca do entendimento humano. São cotidiano das pessoas. Do ponto de vista de um
Paulo: Nova Cultural, 1999 (adaptado). empirista,
O filósofo escocês David Hume refere-se a fatos, ou a) não existem ideias inatas.
seja, a eventos espaço-temporais, que acontecem no b) não existem ideias abstratas.
mundo. Com relação ao conhecimento referente a tais c) não existem ideias a posteriori.
eventos, Hume considera que os fenômenos d) não existem ideias formadas pela experiência.
a) acontecem de forma inquestionável, ao serem
apreensíveis pela razão humana.
b) ocorrem de maneira necessária, permitindo um FIL0285 - (Ufsj) Os termos “impressões” e “ideias”,
saber próximo ao de estilo matemático. para David Hume, são, respectivamente, por ele
c) propiciam segurança ao observador, por se definidos como
basearem em dados que os tornam incontestáveis. a) “nossas percepções mais fortes, tais como nossas
d) devem ter seus resultados previstos por duas sensações, afetos e sentimentos; percepções mais
modalidades de provas, com conclusões idênticas. fracas ou cópias daquelas na memória e imaginação”.
e) exigem previsões obtidas por raciocínio, distinto do b) “aquilo que se imprime à memória e nos permite
conhecimento baseado em cálculo abstrato. ativar a imaginação; lampejos inéditos sobre o objeto e
sua natureza”.
c) “o que fica impresso na memória
independentemente da força: ação de criar a partir do
dado sensorial”.
d) “vaga noção do sensível; raciocínio com força de lei
que legitima a natureza no âmbito da razão”.
32
FIL0286 - (Ufu) O texto abaixo comenta a correlação d) O sujeito do conhecimento opera associações de
entre ideias e impressões em David Hume. suas percepções, sensações e impressões semelhantes
Em contrapartida, vemos que qualquer impressão, da ou sucessivas recebidas pelos órgãos dos sentidos e
mente ou do corpo, é constantemente seguida por retidas na memória.
uma ideia que a ela se assemelha, e da qual difere e) Pelo raciocínio o sujeito é induzido a inferir as
apenas nos graus de força e vividez. A conjunção relações de causa e efeito entre percepções e
constante de nossas percepções semelhantes é uma impressões acerca da regularidade de fenômenos
prova convincente de que umas são as causas das semelhantes que se repetem na sucessão do tempo.
outras; [...].
HUME, D. Tratado da natureza humana. São Paulo: Editora da
Unesp/Imprensa Oficial do Estado, 2001. p. 29.
Assinale a alternativa que, de acordo com Hume, indica
corretamente o modo como a mente adquire as FIL0288 - (Uel) Leia o texto a seguir:
percepções denominadas ideias. O principal argumento humeano contra a explicação da
a) Todas as nossas ideias são formas a priori da mente inferência causal pela razão era que este tipo de
e, mediante essas ideias, organizamos as respectivas inferência dependia da repetição, e que a faculdade
impressões na experiência. chamada “razão” padecia daquilo que se pode chamar
b) Todas as nossas ideias advêm das nossas uma certa “insensibilidade à repetição”, ou seja, uma
experiências e são cópias das nossas impressões, as certa indiferença perante a experiência repetida. Em
quais sempre antecedem nossas ideias. completo contraste com isso, o princípio defendido por
c) Todas as nossas ideias são cópias de percepções nosso filósofo, um princípio para designar o qual
inteligíveis, que adquirimos através de uma propôs os nomes de “costume ou hábito”, foi
experiência metafísica, que transcende toda a concebido como uma disposição humana caracterizada
realidade empírica. pela sensibilidade à repetição, podendo assim ser
d) Todas as nossas ideias já existem de forma inata, e considerado um princípio adequado à explicação dos
são apenas preenchidas pelas impressões, no raciocínios derivados de experiências repetidas.
momento em que temos algum contato com a (MONTEIRO, J. P. Novos Estudos Humeanos. São Paulo: Discurso
experiência. Editorial, 2003, p. 41)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o


empirismo, é correto afirmar que Hume
a) atribui importância à experiência como fundamento
FIL0287 - (Uel) Leia o texto a seguir:
do conhecimento dedutivo obtido a partir da inferência
Ao empreender a análise da estrutura e dos limites do das relações causais na natureza.
conhecimento, Kant tomou a física e a mecânica b) corrobora a afirmação de que a experiência é
celeste elaboradas por Newton como sendo a própria insuficiente sem o uso e a intervenção da razão na
ciência. Entretanto, era preciso salvá-la do ceticismo de demonstração do nexo causal existente entre os
Hume quanto à impossibilidade de fundamentar as fenômenos naturais.
inferências indutivas e de alcançar um conhecimento c) confere exclusividade à matemática como condição
necessário da natureza. de fundamentação do conhecimento acerca dos
Com base no pensamento de David Hume acerca do fenômenos naturais, pois, empiricamente, constata
entendimento humano, é correto afirmar: que a natureza está escrita em caracteres
matemáticos.
a) Dentre os objetos da razão humana, as relações de
d) demonstra que as relações causais obtidas pela
ideias se originam das impressões associadas aos
experiência representam um conhecimento guiado por
conceitos inatos dos quais se obtém dedutivamente o
hábitos e costumes e, sobretudo, pela crença de que
entendimento dos fatos.
tais relações serão igualmente mantidas no futuro.
b) As conclusões acerca dos fatos obtidas pelo sujeito
e) evidencia a importância do racionalismo, sobretudo
do conhecimento realizam-se sem auxílio da
as ideias inatas que atestam o nexo causal dos
experiência, recorrendo apenas aos raciocínios
fenômenos naturais descobertos pela experiência.
abstratos a priori.
c) O postulado que afirma a inexistência de
conhecimento para além daquele que possa vir a
resultar do hábito funda-se na ideia metafísica de
relação causal como conexão necessária entre os fatos.

33
FIL0289 - (Ufsj) Segundo as considerações sobre a FIL0292 - (Uece) As seguintes máximas exemplificam a
Moral de Hume, é CORRETO afirmar que solução apresentada por Immanuel Kant na
a) a Moral se derivada Razão. formulação do princípio supremo da moralidade:
b) a Moral é uma subdivisão da Filosofia, e pode ser “Age como se a máxima de tua ação se devesse tornar,
enquadrada no âmbito de uma Filosofia prática. pela tua vontade, em lei universal da natureza”.
c) a Filosofia Moral é domínio da Filosofia especulativa. “Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na
d) a Moral tem seus preceitos legais extensamente tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre
extraídos de uma conformidade com a Razão. e simultaneamente como fim e nunca simplesmente
como meio”.
FIL0290 - (Unicentro) Assinale a alternativa correta. KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes.
Para David Hume (1711-1776), Trad. Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70.1997.
a) a alma é como uma tábula rasa (uma tábua onde não
há inscrições), ou seja, o conhecimento só começa Essas máximas são imperativos categóricos, sobre os
depois da experiência sensível. quais é correto afirmar que
b) o que nos faz ultrapassar o dado e afirmar mais do a) estabelecem, segundo Kant, a universalização da
que pode ser alcançado pela experiência é o hábito ação moral através de uma finalidade a ser atingida
criado através da observação de casos semelhantes. fora da razão e estabelecida a partir do processo de
c) “saber é poder”, ou seja, o conhecimento não é análise racional da realidade.
contemplativo e desinteressado, mas sim um saber b) são, inicialmente, de caráter hipotético, ao buscar
instrumental, direcionado para a utilidade da ciência avaliar as ações possíveis, como meio de alcançar
para a vida. alguma coisa que se deseja ou que se queira atingir
d) as ideias claras e distintas são ideias inatas, não concretamente.
derivam do particular, mas já se encontram no espírito. c) são chamados categóricos, por serem mandamentos
Por isso, não estão sujeitas ao erro, pois vêm da razão, da própria razão autônoma e por servirem de
isto é, são independentes das ideias que vêm “de fora”, procedimento para testar o caráter universalizável e,
formadas pela ação dos sentidos. portanto, moral de uma máxima.
e) o positivismo corresponde à maturidade do espírito d) determinam, categoricamente, que, para atingir um
humano. O reino da ciência é o reino da necessidade. determinado fim, é necessário que se usem certos
No mundo da necessidade, não há lugar para a meios, o que expressa a universalização da moral
liberdade. pragmática kantiana.

FIL0291 - (Uel) Leia o texto a seguir.


Dever é a necessidade de uma ação por respeito à lei.
[...] devo proceder sempre de maneira que eu possa
querer também que a minha máxima se torne uma lei FIL0293 - (Unesp) A maior violação do dever de um ser
universal. humano consigo mesmo, considerado meramente
KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos costumes. como um ser moral (a humanidade em sua própria
Trad. Paulo Quintela. São Paulo: Abril Cultural, 1974. p. 208-209. pessoa), é o contrário da veracidade, a mentira [...]. A
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria mentira pode ser externa [...] ou, inclusive, interna.
kantiana do dever, assinale a alternativa correta. Através de uma mentira externa, um ser humano faz
a) A máxima de uma ação moral universalizável pode de si mesmo um objeto de desprezo aos olhos dos
ter como fundamento os efeitos da ação, sendo outros; através de uma mentira interna, ele realiza o
considerada moralmente boa uma ação cujos efeitos que é ainda pior: torna a si mesmo desprezível aos seus
causam o bem. próprios olhos e viola a dignidade da humanidade em
b) A obrigação incondicional que a lei moral impõe sua própria pessoa [...]. Pela mentira um ser humano
advém do reconhecimento da possibilidade de descarta e, por assim dizer, aniquila sua dignidade
universalização das máximas da ação como ser humano. [...] É possível que [a mentira] seja
c) A mentira pode, em certas circunstâncias, ser praticada meramente por frivolidade ou mesmo por
legitimada moralmente quando dela resulta uma ação bondade; aquele que fala pode, até mesmo, pretender
benéfica ou impede o prejuízo a outrem. atingir um fim realmente benéfico por meio dela. Mas
d) A máxima incondicional de uma ação moral pode ter esta maneira de perseguir este fim é, por sua simples
como fundamento a experiência, pois os costumes forma, um crime de um ser humano contra sua própria
fornecem elementos suficientes para ela. pessoa e uma indignidade que deve torná-lo
e) O imperativo categórico, princípio dos imperativos desprezível aos seus próprios olhos.
do dever, escolhe, dentre os estímulos fornecidos à Em sua sentença dirigida à mentira, Kant
vontade, o que lhe é mais adequado.
34
a) considera a condenação relativa e sujeita a a) assegura que a ação seja aceita por todos a partir da
justificativas, de acordo com o contexto. livre discussão participativa.
b) assume que cada ser humano particular representa b) garante que os efeitos das ações não destruam a
toda a humanidade. possibilidade da vida futura na terra.
c) apresenta um pensamento desvinculado de c) opõe-se ao princípio de que toda ação do homem
pretensões racionais universalistas. possa valer como norma universal.
d) demonstra um juízo condenatório, com justificação d) materializa-se no entendimento de que os fins da
em motivações religiosas. ação humana podem justificar os meios.
e) assume o pressuposto de que a razão sempre é e) permite que a ação individual produza a mais ampla
governada pelas paixões. felicidade para as pessoas envolvidas.

FIL0296 - (Ufu) Leia a citação a seguir.


FIL0294 - (Enem) TEXTO I A preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma
Duas coisas enchem o ânimo de admiração e grande parte dos homens, depois que a natureza de há
veneração sempre crescentes: o céu estrelado sobre muito os libertou de uma direção estranha, continuem,
mim e a lei moral em mim. no entanto, de bom grado menores durante toda a
KANT, I. Crítica da razão prática. Lisboa: Edições 70, s/d vida. São também as causas que explicam porque é tão
(adaptado). fácil que os outros se constituam em tutores deles.
KANT, I. Resposta à pergunta: que é “Esclarecimento”?
TEXTO II (Aufklarung). In: ______. Textos seletos. Tradução de Raimundo
Duas coisas admiro: a dura lei cobrindo-me e o Vier. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2005, p. 64.
estrelado céu dentro de mim.
FONTELA, O. Kant (relido). In: Poesia completa. São Paulo: Hedra, A menoridade de que fala Kant é a condição daqueles
2015. que não fazem o uso da razão. Essa condição evidencia
a ausência
A releitura realizada pela poeta inverte as seguintes a) do idealismo necessário para a ampliação dos
ideias centrais do pensamento kantiano: horizontes existenciais.
a) Possibilidade da liberdade e obrigação da ação. b) da autonomia para fazer uso próprio da razão sem a
b) A prioridade do juízo e importância da natureza. tutela de outrem.
c) Necessidade da boa vontade e crítica da metafísica. c) da religião encarregada de fazer feliz o homem
d) Prescindibilidade do empírico e autoridade da razão. indigente de pensamento.
e) Interioridade da norma e fenomenalidade do d) da ignorância, pois quem se deixa guiar pelos outros
mundo. acerta sempre.

FIL0297 - (Uel) Leia os textos a seguir.


Exercita-te primeiro, caro amigo, e aprende o que é
preciso conhecer para te iniciares na política; antes,
FIL0295 - (Enem) Uma pessoa vê-se forçada pela não. Então, primeiro precisarás adquirir virtude, tu ou
necessidade a pedir dinheiro emprestado. Sabe muito quem quer que se disponha a governar ou a
bem que não poderá pagar, mas vê também que não administrar não só a sua pessoa e seus interesses
lhe emprestarão nada se não prometer firmemente particulares, como a cidade e as coisas a ela
pagar em prazo determinado. Sente a tentação de pertinentes. Assim, o que precisas alcançar não é o
fazer a promessa; mas tem ainda consciência bastante poder absoluto para fazeres o que bem entenderes
para perguntar a si mesma: não é proibido e contrário contigo ou com a cidade, porém justiça e sabedoria.
ao dever livrar-se de apuros desta maneira? Admitindo PLATÃO, O primeiro Alcebíades. Trad. Carlos Alberto Nunes.
que se decida a fazê-lo, a sua máxima de ação seria: Belém: EDUFPA, 2004. p. 281-285.
quando julgo estar em apuros de dinheiro, vou pedi-lo
emprestado e prometo pagá-lo, embora saiba que tal Esclarecimento é a saída do homem de sua
nunca sucederá. menoridade, da qual ele próprio é culpado. A
KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo: menoridade é a incapacidade de fazer uso do seu
Abril Cultural, 1980. entendimento sem a direção de outro indivíduo...
Sapere Aude! Tem coragem de fazer uso de teu próprio
entendimento, tal é o lema do esclarecimento.
De acordo com a moral kantiana, a “falsa promessa de KANT, I. Resposta à pergunta: que é ‘Esclarecimento’
pagamento” representada no texto (‘Aufklärung’). Trad. Floriano de Souza Fernandes, 2. ed.
Petrópolis: Vozes, 1985. p. 100-117.

35
FIL0299 - (Uel) O tempo nada mais é que a forma da
Tendo em vista a compreensão kantiana do nossa intuição interna. Se a condição particular da
Esclarecimento (Aufklärung) para a constituição de nossa sensibilidade lhe for suprimida, desaparece
uma compreensão tipicamente moderna do humano, também o conceito de tempo, que não adere aos
assinale a alternativa correta. próprios objetos, mas apenas ao sujeito que os intui.
a) Fazer uso do próprio entendimento implica a KANT, I. Crítica da razão pura. Trad. Valério Rohden e Udo Baldur
Moosburguer.
destruição da tradição, na medida em que o poder da
São Paulo: Abril Cultural, 1980. p. 47. Coleção Os Pensadores.
tradição impede a liberdade do pensamento.
b) A superação da condição de menoridade resulta do
Com base nos conhecimentos sobre a concepção
uso privado da razão, em que o indivíduo faz uso
kantiana de tempo, assinale a alternativa correta.
restrito do próprio entendimento.
a) O tempo é uma condição a priori de todos os
c) A saída da menoridade instaura uma situação
fenômenos em geral.
duradoura, pois as verdadeiras conquistas do
b) O tempo é uma representação relativa subjacente às
Esclarecimento se afiguram como irreversíveis.
intuições.
d) A menoridade é uma tendência decorrente da
c) O tempo é um conceito discursivo, ou seja, um
natureza humana, sendo, por esse motivo, superada
conceito universal.
no Esclarecimento, com muito esforço.
d) O tempo é um conceito empírico que pode ser
e) A condição fundamental para o Esclarecimento é a
abstraído de qualquer experiência.
liberdade, concebida como a possibilidade de se fazer
e) O tempo, concebido a partir da soma dos instantes,
uso público da razão.
é infinito.

FIL0300 - (Enem) Os ricos adquiriram uma obrigação


FIL0298 - (Unioeste) Na obra Fundamentação da
relativamente à coisa pública, uma vez que devem sua
Metafísica dos Costumes, Kant apresenta uma
existência ao ato de submissão à sua proteção e zelo, o
formulação do imperativo categórico: “Age apenas
que necessitam para viver; o Estado então fundamenta
segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo
o seu direito de contribuição do que é deles nessa
querer que ela se torne lei universal”.
KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes.
obrigação, visando a manutenção de seus concidadãos.
São Paulo: Abril Cultural, 1980. p. 129 Isso pode ser realizado pela imposição de um imposto
sobre a propriedade ou a atividade comercial dos
Em relação ao pensamento de Kant, é CORRETO cidadãos, ou pelo estabelecimento de fundos e de uso
afirmar. dos juros obtidos a partir deles, não para suprir as
a) O propósito do imperativo categórico é o de permitir necessidades do Estado (uma vez que este é rico), mas
que o indivíduo decida suas ações sem que tenha que para suprir as necessidades do povo.
KANT, I. A metafísica dos costumes. Bauru: Edipro, 2003.
se preocupar com os demais.
b) O imperativo categórico tem por objetivo desfazer o
conflito entre a providência divina, relacionada à Segundo esse texto de Kant, o Estado
cidade de Deus, e o espaço terreno. a) deve sustentar todas as pessoas que vivem sob seu
c) O imperativo categórico vincula a conduta moral a poder, a fim de que a distribuição seja paritária.
uma norma universal. b) está autorizado a cobrar impostos dos cidadãos ricos
d) Para Kant, não é possível que o indivíduo constitua para suprir as necessidades dos cidadãos pobres.
um fim em si mesmo. Por isso mesmo, ele precisa c) dispõe de poucos recursos e, por esse motivo, é
espelhar-se na ação dos demais para a sua ação. obrigado a cobrar impostos idênticos dos seus
e) O imperativo categórico corresponde à condição do membros.
estado de natureza, que é anterior à instituição do d) delega aos cidadãos o dever de suprir as
Estado civil. necessidades do Estado, por causa do seu elevado
custo de manutenção.
e) tem a incumbência de proteger os ricos das
imposições pecuniárias dos pobres, pois os ricos pagam
mais tributos.

36
FIL0301 - (Uel) Leia o texto a seguir. FIL0303 - (Enem) A pura lealdade na amizade, embora
As leis morais juntamente com seus princípios não só se até o presente não tenha existido nenhum amigo leal,
distinguem essencialmente, em todo o conhecimento é imposta a todo homem, essencialmente, pelo fato de
prático, de tudo o mais onde haja um elemento tal dever estar implicado como dever em geral,
empírico qualquer, mas toda a Filosofia moral repousa anteriormente a toda experiência, na ideia de uma
inteiramente sobre a sua parte pura e, aplicada ao razão que determina a vontade segundo princípios a
homem, não toma emprestado o mínimo que seja ao priori.
conhecimento do mesmo (Antropologia). KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo:
KANT, I. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Trad. de Barcarolla, 2009.
Guido A. de Almeida. São Paulo: Discurso Editorial, 2009. p.73.
A passagem citada expõe um pensamento
Com base no texto e na questão da liberdade e caracterizado pela
autonomia em Immanuel Kant, assinale a alternativa a) eficácia prática da razão empírica.
correta. b) transvaloração dos valores judaico-cristãos.
a) A fonte das ações morais pode ser encontrada c) recusa em fundamentar a moral pela experiência.
através da análise psicológica da consciência moral, na d) comparação da ética a uma ciência de rigor
qual se pesquisa mais o que o homem é, do que o que matemático.
ele deveria ser. e) importância dos valores democráticos nas relações
b) O elemento determinante do caráter moral de uma de amizade.
ação está na inclinação da qual se origina, sendo as
inclinações serenas moralmente mais perfeitas do que FIL0304 - (Ufsm) A necessidade de conviver em grupo
as passionais. fez o homem desenvolver estratégias adaptativas
c) O sentimento é o elemento determinante para a diversas. Darwin, num estudo sobre a evolução e as
ação moral, e a razão, por sua vez, somente pode dar emoções, mostrou que o reconhecimento de emoções
uma direção à presente inclinação, na medida em que primárias, como raiva e medo, teve um papel central
fornece o meio para alcançar o que é desejado. na sobrevivência. Estudos antigos e recentes têm
d) O ponto de partida dos juízos morais encontra-se mostrado que a moralidade ou comportamento moral
nos “propulsores” humanos naturais, os quais se está associado a outros tipos de emoções, como a
direcionam ao bem próprio e ao bem do outro. vergonha, a culpa, a compaixão e a empatia. Há, no
e) O princípio supremo da moralidade deve assentar- entanto, teorias éticas que afirmam que as ações boas
se na razão prática pura, e as leis morais devem ser devem ser motivadas exclusivamente pelo dever e não
independentes de qualquer condição subjetiva da por impulsos ou emoções. Essa teoria é a ética
natureza humana. a) deontológica ou kantiana.
b) das virtudes.
FIL0302 - (Uema) Fraqueza e covardia são as causas c) utilitarista.
pelas quais a maioria das pessoas permanece infantil d) contratualista.
mesmo tendo condição de libertar-se da tutela mental e) teológica.
alheia. Por isso, fica fácil para alguns exercer o papel de
tutores, pois muitas pessoas, por comodismo, não
desejam se tornar adultas. Se tenho um livro que pensa FIL0305 - (Enem) Numa época de revisão geral, em que
por mim; um sacerdote que dirige minha consciência valores são contestados, reavaliados, substituídos e
moral; um médico que me prescreve receitas e, assim muitas vezes recriados, a crítica tem papel
por diante, não necessito preocupar-me com minha preponderante. Essa, de fato, é uma das principais
vida. Se posso adquirir orientações, não necessito características das Luzes, que, recusando as verdades
pensar pela minha cabeça: transfiro ao outro esta ditadas por autoridades submetem tudo ao crivo da
penosa tarefa de pensar. crítica.
Fonte: I. Kant, O que é a ilustração. In: F. Weffort (org). Os KANT, I. O julgamento da razão. In: ABRÃO, B. S. (Org.) História da
clássicos da política, v. 2, 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2006. Filosofia. São Paulo: Nova Cultural, 1999.

Esse fragmento compõe o livro de Kant que trata da O iluminismo tece crítica aos valores estabelecidos sob
importância da(o) a rubrica da autoridade e, nesse sentido, propõe
a) juízo. a) a defesa do pensamento dos enciclopedistas que,
b) razão. com seus escritos, mantinham o ideário religioso.
c) cultura. b) o estímulo da visão reducionista do humanismo,
d) costume. permeada pela defesa de isenção em questões
e) experiência. políticas e sociais.
37
c) a consolidação de uma visão moral e filosófica a) O Imperativo Categórico não se relaciona com a
pautada em valores condizentes com a centralização matéria da ação e com o que deve resultar dela, mas
política. com a forma e o princípio de que ela mesma deriva.
d) a manutenção dos princípios da metafísica, dando b) O Imperativo Categórico é um cânone que nos leva
vastas esperanças de emancipação para a a agir por inclinação, vale dizer, tendo por objetivo a
humanidade. satisfação de paixões subjetivas.
e) o incentivo do saber, eliminando superstições e c) Inclinação é a independência da faculdade de
avançando na dimensão da cidadania e da ciência. apetição das sensações, que representa aspectos
objetivos baseados em um julgamento universal.
d) A boa vontade deve ser utilizada para satisfazer os
desejos pessoais do homem. Trata-se de fundamento
FIL0306 - (Uel) Leia o texto a seguir. determinante do agir, para a satisfação das inclinações.
Kant, mesmo que restrito à cidade de Königsberg,
acompanhou os desdobramentos das Revoluções FIL0308 – (Enem) Até hoje admitia-se que nosso
Americana e Francesa e foi levado a refletir sobre as conhecimento se devia regular pelos objetos; porém
convulsões da história mundial. Às incertezas da todas as tentativas para descobrir, mediante conceitos,
Europa plebeia, individualista e provinciana, contrapôs algo que ampliasse nosso conhecimento, malogravam-
algumas certezas da razão capazes de restabelecer, ao se com esse pressuposto. Tentemos, pois, uma vez,
menos no pensamento, a sociabilidade e a paz entre as experimentar se não se resolverão melhor as tarefas da
nações com vista à constituição de uma federação de metafísica, admitindo que os objetos se deveriam
povos – sociedade cosmopolita. regular pelo nosso conhecimento.
(Adaptado de: ANDRADE, R. C. “Kant: a liberdade, o indivíduo e a KANT, I. Crítica da razão pura. Lisboa: Calouste-Gulbenkian, 1994
república”. In: WEFORT, F. C. (Org.). Clássicos da política. v.2. São (adaptado).
Paulo: Ática, 2003. p.49-50.)
Com base nos conhecimentos sobre a Filosofia Política O trecho em questão é uma referência ao que ficou
de Kant, assinale a alternativa correta. conhecido como revolução copernicana na filosofia.
a) A incapacidade dos súditos de distinguir o útil do Nele, confrontam-se duas posições filosóficas que
prejudicial torna imperativo um governo paternal para a) assumem pontos de vista opostos acerca da
indicar a felicidade. natureza do conhecimento.
b) É chamado cidadão aquele que habita a cidade, b) defendem que o conhecimento é impossível,
sendo considerados cidadãos ativos também as restando-nos somente o ceticismo.
mulheres e os empregados. c) revelam a relação de interdependência entre os
c) No Estado, há uma igualdade irrestrita entre os dados da experiência e a reflexão filosófica.
membros da comunidade e o chefe de Estado. d) apostam, no que diz respeito às tarefas da filosofia,
d) Os súditos de um Estado Civil devem possuir na primazia das ideias em relação aos objetos.
igualdade de ação em conformidade com a lei universal e) refutam-se mutuamente quanto à natureza do
da liberdade. nosso conhecimento e são ambas recusadas por Kant.
e) Os súditos estão autorizados a transformar em
violência o descontentamento e a oposição ao poder FIL0309 - (Unioeste) “Como toda lei prática representa
legislativo supremo. uma ação possível como boa e por isso como
necessária para um sujeito praticamente determinável
pela razão, todos os imperativos são fórmulas da
determinação da ação que é necessária segundo o
princípio de uma vontade boa de qualquer maneira. No
FIL0307 - (Ufu) Autonomia da vontade é aquela sua caso da ação ser apenas boa como meio para qualquer
propriedade graças à qual ela é para si mesma a sua lei outra coisa, o imperativo é hipotético; se a ação é
(independentemente da natureza dos objetos do representada como boa em si, por conseguinte, como
querer). O princípio da autonomia é, portanto: não necessária numa vontade em si conforme à razão como
escolher senão de modo a que as máximas da escolha princípio dessa vontade, então o imperativo é
estejam incluídas simultaneamente, no querer mesmo, categórico”.
como lei universal. Kant
KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes.
Tradução de Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70, 1986, p. 85. Considerando o pensamento ético de Kant e o texto
acima, é correto afirmar que
De acordo com a doutrina ética de Kant:

38
a) o imperativo hipotético representa a necessidade (A. Vieira Pinto, O conceito de tecnologia).
prática de uma ação como subjetivamente necessária
para um ser determinável pelas inclinações. Nesse trecho, o pensador brasileiro Álvaro Vieira Pinto
b) o imperativo categórico representa a necessidade evita tratar a técnica como substância e, em vez disso,
prática de uma ação como meio para se atingir um fim endereça-a como adjetivo do ato de produzir. Dessa
possível ou real. forma, é uma ação humana que se qualifica, ou não,
c) os imperativos (hipotético e categórico) são fórmulas como técnica. Esse passo estabelece uma relação entre
de determinação necessária, segundo o princípio de humanidade e técnica que se traduz na assertiva de
uma vontade que é boa em si mesma. que...
d) o imperativo categórico representa a ação como boa a) … a técnica, por si só, definiu a conservação do
em si mesma e como necessária para uma vontade em homem e detém o poder sobre sua sorte.
si conforme a razão. b) … o homem, e não a técnica, é o autor de seu
e) o imperativo hipotético declara a ação como destino.
objetivamente necessária independentemente de c) … dada sua autonomia, a técnica é o principal perigo
qualquer intenção ou finalidade da ação. à sobrevivência humana.
d) … com a revolução científica, as sociedades humanas
FIL0310 - (Unioeste) “Em todos os juízos em que for passaram a viver em uma era tecnológica.
pensada a relação de um sujeito com o predicado (se e) … a técnica é uma realidade que, uma vez
considero apenas os juízos afirmativos (…)), essa instaurada, escapa ao controle humano.
relação é possível de dois modos. Ou o predicado B
pertence ao sujeito A como algo contido (ocultamente)
nesse conceito A, ou B jaz completamente fora do FIL0483 - (Uff) Galileu Galilei é considerado um dos
conceito A, embora esteja em conexão com o mesmo”. grandes nomes da história da ciência graças às suas
Kant. revolucionárias observações astronômicas por meio do
telescópio e aos seus estudos sobre
Considerando o texto acima e a teoria do a) a economia política.
conhecimento de Kant, é incorreto afirmar que b) a composição da luz.
a) os juízos sintéticos a posteriori são os mais c) a anatomia humana.
importantes para a teoria do conhecimento de Kant, d) o movimento dos corpos.
pois são contingentes e particulares, estando ligados a e) a circulação do sangue.
casos empíricos singulares.
b) Kant denomina o primeiro modo de relacionar FIL0484 - (Upe-ssa) Considere o texto a seguir sobre o
sujeito e predicado de juízo analítico e o segundo, de paradigma da Modernidade.
juízo sintético.
c) o problema do conhecimento para Kant envolve
responder “como são possíveis os juízos sintéticos a
priori?”.
d) os juízos analíticos, embora universais e necessários,
não fazem progredir o conhecimento, pois são
tautológicos.
e) o juízo “Todos os corpos são extensos” é analítico,
pois não há como pensar o conceito de corpo sem o
conceito de extensão.

FIL0482 - (Unioeste) “Sendo um ato definidor da Não nos esqueçamos de outra não menos importante
existência humana, porque exprime a condição verdade histórica: a Revolução Científica foi
primordial da conservação dela, permitindo ao ser vivo profetizada por Bacon, realizada por Galileu,
conservado raciocinar sobre si, é a ele que compete tematizada por Descartes, mas só concluída e
natural e originalmente a qualificação de ‘técnico’. Ao sistematizada por Newton.
conceituá-lo como a característica de uma ação, e a (JAPIASSU, HIlton. Como Nasceu a Ciência Moderna. Rio de
isso se resume todo o conteúdo do termo tecne, o Janeiro: Imago, 2007, p. 112. Adaptado.)
homem quer exprimir que o ato realiza, enquanto
mediação, o fim intencional do agente. Revela-se-nos, O autor acima retrata, com singularidade, alguns dos
com isso, a essência da técnica. É a mediação na expoentes do pensamento moderno. Sobre esse
obtenção de uma finalidade consciente” assunto, assinale a alternativa CORRETA.
39
a) Com a revolução galileana, a teologia ganha sua a) o saber científico e a técnica começam a formar um
autonomia, libertando-se da ciência. par dissociável.
b) O pensamento cartesiano adota uma atitude de b) na revolução científica moderna, a ciência
dúvida metódica para bem conduzir a razão e procurar contemplativa alicerça as bases constitutivas da ação
a verdade nas ciências. eficaz.
c) Galileu Galilei foi o verdadeiro fundador do método c) o conhecimento científico teórico tem significância
indutivo na ciência da matemática. maior frente à ação eficaz.
d) A ciência para Francis Bacon é teórica e d) com a revolução científica moderna, o novo
contemplativa, tendo o filósofo profetizado o papel da estatuto, com a ciência ativa, não só é relevante mas
religiosidade no marco da cientificidade. também deseja a dominação, a subjugação, a
e) O pensamento newtoniano, com direcionamento na manipulação da natureza, exercendo sobre esta poder.
física e na matemática, não foi um marco essencial e) com o novo estatuto teórico, a ciência perde o seu
para a história e para a filosofia da ciência. poder. Doravante, o homem é o senhor e o mestre da
natureza.

FIL0485 - (Ufpa) Galileu, ao conceber a ciência, valoriza FIL0487 - (Uel) Leia o seguinte texto:
a experiência e se preocupa com a descrição A filosofia está escrita neste imenso livro que
quantificada dos fenômenos. Tal descrição torna-se continuamente está aberto diante de nossos olhos
possível, porque ele faz a distinção entre qualidades (estou falando do universo), mas que não se pode
primárias e secundárias. entender se primeiro não se aprende a entender sua
(ARANHA, M. L.; MARTINS, M. H. P. Filosofando. p. 179) língua e conhecer os caracteres em que está escrito. Ele
está escrito em linguagem matemática e seus
De acordo com o exposto acima, é correto afirmar que caracteres são círculos, triângulos e outras figuras
a) somente as qualidades primárias devem ser levadas geométricas, meios sem os quais é impossível entender
em consideração pelos cientistas. humanamente suas palavras: sem tais meios, vagamos
b) somente as qualidades secundárias são relevantes inutilmente por um escuro labirinto.
para o conhecimento científico. (GALILEI, G. Il saggiatore. Apud REALE, G. & ANTISERI, D. História
c) as qualidades primárias não são suscetíveis de da filosofia. São Paulo: Paulinas, 1990, v. 2, p. 281.)
receberem tratamento matemático.
d) somente as qualidades secundárias devem ser Tendo em mente o texto acima e os conhecimentos
tratadas cientificamente por serem consideradas sobre o pensamento de Galileu acerca do método
matematizáveis. científico, considere as seguintes afirmativas.
e) nenhuma das qualidades dos corpos pode ser I. Galileu defende o desenvolvimento de uma ciência
tratada quantitativamente. voltada para os aspectos objetivos e mensuráveis da
natureza, em oposição à física qualitativa de
Aristóteles.
II. Para Galileu, é possível obter conhecimento
FIL0486 - (Upe-ssa) Sobre Paradigma da Modernidade, científico sobre objetos matemáticos, tais como
leia o texto a seguir: círculos e triângulos, mas não sobre objetos do mundo
sensível.
Com a revolução científica moderna (século XVII), a III. Galileu pensa que uma ciência quantitativa da
ciência deixa de ser contemplativa ou teórica para natureza é possível graças ao fato de que a própria
tornar-se ativa, detendo um poder de exercer uma natureza está configurada de modo a exibir ordem e
ação eficaz. Adquire um outro estatuto: torna-se um simetrias matemáticas.
saber, tendo por objetivo conhecer o mundo no IV. Galileu considera que a observação não faz parte do
sentido de dominá-lo, sobre ele exercer um poder, método científico proposto por ele, uma vez que todo
converter o homem em seu mestre e possuidor. o conhecimento científico pode ser obtido por meio de
JAPIASSU, Hilton. Ciência e Destino Humano. Rio de Janeiro: demonstrações matemáticas.
Imago, p. 211, 2005. Assinale a alternativa que contém todas as afirmativas
corretas, mencionadas anteriormente.
No contexto do Paradigma da Modernidade, com a) I e III.
especificidade no âmbito da revolução científica b) II e III.
moderna, o autor faz algumas observações pertinentes c) III e IV.
sobre o novo estatuto do saber. Sobre esse assunto, é d) I, II e IV.
CORRETO afirmar que e) II, III e IV.

40
FIL0488 - (Enem) A filosofia encontra-se escrita neste A concepção que contestou e substituiu a que era
grande livro que continuamente se abre perante defendida por Aristóteles foi a de
nossos olhos (isto é, o universo), que não se pode a) atomismo.
compreender antes de entender a língua e conhecer os b) inércia.
caracteres com os quais está escrito. Ele está escrito c) heliocentrismo.
em língua matemática, os caracteres são triângulos, d) preformismo.
circunferências e outras figuras geométricas, sem cujos e) ímpeto.
meios é impossível entender humanamente as
palavras; sem eles, vagamos perdidos dentro de um FIL0491 – (Uel) A obra de Galileu Galilei está
obscuro labirinto. indissoluvelmente ligada à revolução científica do
GALILEI, G. “O ensaiador”. Os pensadores. São Paulo: Abril século XVII, a qual implicou uma “mutação” intelectual
Cultural, 1978. radical, cujo produto e expressão mais genuína foi o
desenvolvimento da ciência moderna no pensamento
No contexto da Revolução Científica do século XVII, ocidental. Neste sentido, destacam-se dois traços
assumir a posição de Galileu significava defender a entrelaçados que caracterizam esta revolução
a) continuidade do vínculo entre ciência e fé inauguradora da modernidade científica: a dissolução
dominante na Idade Média. da ideia greco-medieval do Cosmos e a geometrização
b) necessidade de o estudo linguístico ser do espaço e do movimento.
acompanhado do exame matemático. (KOYRÉ, A. Estudos Galilaicos. Lisboa: Dom Quixote, 1986. pp. 13-
c) oposição da nova física quantitativa aos 20; KOYRÉ, A. Estudos de História do Pensamento Científico.
pressupostos da filosofia escolástica. Brasília, Editora UnB, 1982. pp. 152-154.).
d) importância da independência da investigação Com base no texto e nos conhecimentos sobre as
científica pretendida pela Igreja. características que marcam revolução científica no
e) inadequação da matemática para elaborar uma pensamento de Galileu Galilei, assinale a alternativa
explicação racional da natureza. correta.
a) A dissolução do Cosmos representa a ruptura com a
FIL0489 - (Uncisal) Um movimento intelectual que ideia do Universo como sistema imutável,
influenciou fortemente o surgimento da filosofia heterogêneo, hierarquicamente ordenado, da física
moderna foi a Revolução Científica, ocorrida entre os aristotélica.
séculos XIV e XVII. Algumas de suas características mais b) A crença na existência do Cosmos, na física
marcantes foram a substituição da concepção aristotélica, se situa na concepção de um Universo
geocêntrica do cosmos pela concepção heliocêntrica, a aberto, indefinido e até infinito, unificado e governado
valorização da experimentação, a articulação entre pelas mesmas leis universais.
saberes teóricos e realizações práticas e a contestação c) Contrária à concepção tradicional de ciência de
de dogmatismos religiosos. Portanto, sobre a orientação aristotélica, a física galilaica distingue e
Revolução Científica, pode-se afirmar que opõe os dois mundos do Céu e da Terra e suas
a) foi um movimento intelectual sem repercussões no respectivas leis.
campo filosófico. d) A geometrização do espaço e do movimento, na
b) uma de suas consequências marcantes foi a física galilaica, aprimora a concepção matemática do
formulação de um modelo cósmico para o qual o sol Universo cósmico qualitativamente diferenciado e
seria o centro do universo. concreto da física aristotélica.
c) caracterizou-se pela divulgação da tese geocêntrica. e) A física galilaica identifica o movimento a partir da
d) consagrou a concepção segundo a qual a natureza concepção de uma totalidade cósmica, em cuja ordem
seria um âmbito sagrado e não passível de cada coisa possui um lugar próprio conforme sua
conhecimento e dominação pelos homens. natureza.
e) foi um movimento intelectual que ocorreu em
harmonia com as instituições e dogmas religiosos. FIL0492 - (Unioeste) “A física de Aristóteles […] é uma
'física', isto é, uma ciência altamente elaborada,
FIL0490 - (Uff) Aristóteles afirmava que “se algum embora não o seja matematicamente. […] A distinção
corpo está em movimento, é porque está sendo entre movimentos 'naturais' e movimentos 'violentos'
movido por alguma coisa”. Essa concepção se situa numa concepção de conjunto da realidade
predominou até a Revolução Científica dos séculos XVI física, concepção cujos traços principais parecem ser:
e XVII, quando a questão do movimento foi o tema (a) a crença na existência de 'naturezas'
principal dos cientistas. qualitativamente definidas; e (b) a crença na existência
de um Cosmo […] Assim, mover-se é mudar, mudar em

41
si mesmo e em relação aos outros. Por outro lado, isso A base da grande síntese newtoniana foi, de certa
implica um termo de referência em relação ao qual a forma, preparada pelo humanismo renascentista, que
coisa movida muda seu ser ou sua relação; o que a) estabelece uma perspectiva dualista da realidade,
implica – se examinarmos o movimento local – a fundamentada na filosofia grega.
existência de um ponto fixo em relação ao qual a coisa b) restringe o entendimento da natureza, tornando-a
movida se move, um ponto fixo imutável que, objeto de investigação somente da física.
evidentemente, só pode ser o centro do Universo”. c) recupera teorias da Antiguidade para explicar a
(Koyré) natureza, com ênfase em uma perspectiva mitológica.
d) resgata o racionalismo da Antiguidade, valorizando
Dentre as proposições dadas abaixo, todas elas, exceto o homem no debate científico.
uma, indicam características da Revolução Científica do e) mantém o quadro geral de conhecimentos
Século XVII, que ocasionou a derrocada da física e da teológicos, tais como os utilizados durante a Idade
cosmologia aristotélica. Assinalar qual constitui a Média.
exceção (ou seja, qual das alternativas é a incorreta).
a) O rompimento com a física qualitativa e a FIL0494 - (Unesp) Galileu tornou-se o criador da física
homogeneização do espaço, com a consequente moderna quando anunciou as leis fundamentais do
substituição da noção de lugares naturais das coisas movimento. Formulando tais princípios, ele estruturou
pela de espaço homogêneo da geometria, considerado todo o conhecimento científico da natureza e abalou os
como real. alicerces que fundamentavam a concepção medieval
b) A consideração da lei da inércia como princípio do mundo. Destruiu a ideia de que o mundo possui
fundamental da natureza, ela que afirma que um corpo uma estrutura finita, hierarquicamente ordenada e
abandonado a si mesmo permanece em seu estado de substituiu-a pela visão de um universo aberto, infinito.
repouso ou de movimento tanto tempo quanto esse Pôs de lado o finalismo aristotélico e escolástico,
estado não for submetido à ação de uma força exterior segundo o qual tudo aquilo que ocorre na natureza
qualquer. ocorre para cumprir desígnios superiores; e mostrou
c) O combate ao princípio de inalterabilidade do céu e que a natureza é fundamentalmente um conjunto de
a todo o arcabouço teórico que sustentava a dicotomia fenômenos mecânicos.
entre céu e Terra. (José Américo M. Pessanha. Galileu Galilei, 2000. Adaptado.)
d) A destruição do Cosmo, isto é, a substituição da
visão de mundo finito e hierarquicamente ordenado A importância da obra de Galileu para o surgimento da
por uma concepção de universo homogêneo, ligado ciência moderna justifica-se porque seu pensamento
por elementos de mesma natureza e regido por leis a) resgatou uma concepção medieval de mundo.
necessárias e universais. b) baseou-se em uma visão teológica sobre a natureza.
e) A compreensão do movimento como um tipo de c) fundamentou-se em conceitos metafísicos.
mudança que depende da constituição interna do d) fundou as bases para o desenvolvimento da
corpo, de modo que o movimento contrário à natureza alquimia.
do corpo que se move, como quando arremessamos e) atribuiu regularidade matemática aos fenômenos
uma pedra para o alto, é considerado violento e, como naturais.
tal, tende à sua própria destruição.
FIL0495 - (Enem) Assentado, portanto, que a Escritura,
FIL0493 - (Unesp) A grande síntese da ciência moderna, em muitas passagens, não apenas admite, mas
estabelecendo as leis físicas do movimento por meio necessita de exposições diferentes do significado
de equações matemáticas e respondendo a todas as aparente das palavras, parece-me que, nas discussões
questões surgidas com a cosmologia de Copérnico, foi naturais, deveria ser deixada em último lugar.
obra de Isaac Newton. Com ela, a física adquiriu um GALILEI, G. Carta a Benedetto Castelli. In: Ciência e fé: cartas de
Galileu sobre o acordo do sistema copernicano com a Bíblia. São
caráter de previsibilidade capaz de impressionar o Paulo: Unesp, 2009. (adaptado)
homem moderno. A evolução do pensamento
científico, iniciada por Galileu e Descartes, em direção O texto, extraído da carta escrita por Galileu (1564-
à concepção de uma natureza descrita por leis 1642) cerca de trinta anos antes de sua condenação
matemáticas chegava, assim, a seu grande pelo Tribunal do Santo Ofício, discute a relação entre
desabrochar. ciência e fé, problemática cara no século XVII. A
(Claudio M. Porto e Maria Beatriz D. S. M. Porto. “A evolução do
pensamento cosmológico e o nascimento da ciência moderna”. In:
declaração de Galileu defende que
Revista brasileira de ensino de física, vol. 30, no 4, 2008. a) a bíblia, por registrar literalmente a palavra divina,
Adaptado.) apresenta a verdade dos fatos naturais, tornando-se
guia para a ciência.
42
b) o significado aparente daquilo que é lido acerca da (Jean-Jacques Rousseau, Do Contrato Social. [1762]. São Paulo: Ed.
natureza na bíblia constitui uma referência primeira. Abril, 1973, p. 28,36.)
c) as diferentes exposições quanto ao significado das
palavras bíblicas devem evitar confrontos com os No trecho apresentado, o autor
dogmas da Igreja. a) argumenta que um corpo político existe quando os
d) a bíblia deve receber uma interpretação literal homens encontram-se associados em estado de
porque, desse modo, não será desviada a verdade igualdade política.
natural. b) reconhece os direitos sagrados como base para os
e) os intérpretes precisam propor, para as passagens direitos políticos e sociais.
bíblicas, sentidos que ultrapassem o significado c) defende a necessidade de os homens se unirem em
imediato das palavras. agregações, em busca de seus direitos políticos.
d) denuncia a prática da escravidão nas Américas, que
FIL0311 - (Unicamp) “O homem nasce livre, e por toda obrigava multidões de homens a se submeterem a um
a parte encontra-se a ferros. O que se crê senhor dos único senhor.
demais não deixa de ser mais escravo do que eles. (...)
A ordem social, porém, é um direito sagrado que serve
de base a todos os outros. (...) Haverá sempre uma FIL0313 - (Enem) O homem natural é tudo para si
grande diferença entre subjugar uma multidão e reger mesmo; é a unidade numérica, o inteiro absoluto, que
uma sociedade. Sejam homens isolados, quantos só se relaciona consigo mesmo ou com seu
possam ser submetidos sucessivamente a um só, e não semelhante. O homem civil é apenas uma unidade
verei nisso senão um senhor e escravos, de modo fracionária que se liga ao denominador, e cujo valor
algum considerando-os um povo e seu chefe. Trata-se, está em sua relação com o todo, que é o corpo social.
caso se queira, de uma agregação, mas não de uma As boas instituições sociais são as que melhor sabem
associação; nela não existe bem público, nem corpo desnaturar o homem, retirar-lhe sua existência
político.” absoluta para dar-lhe uma relativa, e transferir o eu
(Jean-Jacques Rousseau, Do Contrato Social. [1762]. São Paulo: Ed. para a unidade comum, de sorte que cada particular
Abril, 1973, p. 28,36.) não se julgue mais como tal, e sim como uma parte da
Sobre Do Contrato Social, publicado em 1762, e seu unidade, e só seja percebido no todo.
autor, é correto afirmar que: ROUSSEAU, J. J. Emílio ou da Educação. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

a) Rousseau, um dos grandes autores do Iluminismo,


defende a necessidade de o Estado francês substituir A visão de Rousseau em relação à natureza humana,
os impostos por contratos comerciais com os cidadãos. conforme expressa o texto, diz que
b) A obra inspirou os ideais da Revolução Francesa, ao a) o homem civil é formado a partir do desvio de sua
explicar o nascimento da sociedade pelo contrato própria natureza.
social e pregar a soberania do povo. b) as instituições sociais formam o homem de acordo
c) Rousseau defendia a necessidade de o homem voltar com a sua essência natural.
a seu estado natural, para assim garantir a c) o homem civil é um todo no corpo social, pois as
sobrevivência da sociedade. instituições sociais dependem dele.
d) O livro, inspirado pelos acontecimentos da d) o homem é forçado a sair da natureza para se tornar
Independência Americana, chegou a ser proibido e absoluto.
queimado em solo francês. e) as instituições sociais expressam a natureza
humana, pois o homem é um ser político.
FIL0312 - (Unicamp) “O homem nasce livre, e por toda
a parte encontra-se a ferros. O que se crê senhor dos
demais não deixa de ser mais escravo do que eles. (...) FIL0314 - (Unesp) Cada um de nós põe em comum sua
A ordem social, porém, é um direito sagrado que serve pessoa e todo o seu poder sob a direção suprema da
de base a todos os outros. (...) Haverá sempre uma vontade geral, e recebemos, enquanto corpo, cada
grande diferença entre subjugar uma multidão e reger membro como parte indivisível do todo. [...] um corpo
uma sociedade. Sejam homens isolados, quantos moral e coletivo, composto de tantos membros
possam ser submetidos sucessivamente a um só, e não quantos são os votos da assembleia [...]. Essa pessoa
verei nisso senão um senhor e escravos, de modo pública, que se forma, desse modo, pela união de todas
algum considerando-os um povo e seu chefe. Trata-se, as outras, tomava antigamente o nome de cidade e,
caso se queira, de uma agregação, mas não de uma hoje, o de república ou de corpo político, o qual é
associação; nela não existe bem público, nem corpo chamado por seus membros de Estado [...].
(Jean-Jacques Rousseau. Os pensadores, 1983.)
político.”

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O texto, produzido no âmbito do Iluminismo francês,
apresenta a doutrina política do A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi
a) coletivismo, manifesto na rejeição da propriedade aprovada pela Assembleia Geral da ONU em 1948. Já a
privada e na defesa dos programas socialistas de Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão foi
estatização. aprovada durante a primeira fase da Revolução
b) humanismo, presente no projeto liberal de valorizar Francesa, pela Assembleia Nacional Constituinte.
o indivíduo e sua realização no trabalho.
c) socialismo, presente na crítica ao absolutismo No que diz respeito à Declaração dos Direitos do
monárquico e na defesa da completa igualdade Homem e do Cidadão, é correto afirmar que
socioeconômica. a) apesar de ser um documento revolucionário
d) corporativismo, presente na proposta fascista de moderno, tem suas premissas filosóficas no
unir o povo em torno da identidade e da vontade pensamento político de Aristóteles.
nacional. b) é de inspiração hobbesiana, tendo seus primórdios
e) contratualismo, manifesto na reação ao Antigo nos inícios do Estado moderno.
Regime e na defesa dos direitos de cidadania. c) é de inspiração iluminista e liberal, sob influência de
grandes pensadores do século XVIII, tais como Locke e
FIL0315 - (Unesp) Do nascimento do Estado moderno Rousseau.
até a Revolução Francesa, ou seja, do século XVI aos d) é de inspiração marxista, no influxo dos grandes
fins do século XVIII, a filosofia política foi obrigada a movimentos grevistas e reivindicatórios que
reformular grande parte de suas teses, devido às aconteceram na França durante o século XIX.
mudanças ocorridas naquele período. O que se buscou
na modernidade iluminista foi fortalecer a filosofia em
uma configuração contrária aos dogmas políticos que FIL0317 - (Enem) TEXTO I
reforçavam a crença em uma autoridade divina. Eu queria movimento e não um curso calmo da
(Thiago Rodrigo Nappi. “Tradição e inovação na teoria das formas existência. Queria excitação e perigo e a oportunidade
de governo: Montesquieu e a ideia de despotismo”. In: Historiæ,
de sacrificar-me por meu amor. Sentia em mim uma
vol. 3, no 3, 2012. Adaptado.)
superabundância de energia que não encontrava
escoadouro em nossa vida.
O filósofo iluminista Montesquieu, autor de Do espírito TOLSTÓI, L. Felicidade familiar. Apud KRAKAUER, J. Na natureza
das leis, criticou o absolutismo e propôs selvagem. São Paulo: Cia. das Letras, 1998.
a) a divisão dos poderes em executivo, legislativo e
judiciário. TEXTO II
b) a restauração de critérios metafísicos para a escolha Meu lema me obrigava, mais que a qualquer outro
de governantes. homem, a um enunciado mais exato da verdade; não
c) a justificativa do despotismo em nome da paz social. sendo suficiente que eu lhe sacrificasse em tudo o meu
d) a obediência às leis costumeiras de origem feudal. interesse e as minhas simpatias, era preciso sacrificar-
e) a retirada do poder político do povo. lhe também minha fraqueza e minha natureza tímida.
Era preciso ter a coragem e a força de ser sempre
verdadeiro em todas as ocasiões.
FIL0316 - (Uece) Atente para o seguinte trecho de um ROUSSEAU, J.-J. Os devaneios do caminhante solitário. Porto
artigo de jornal: “Segundo o coordenador do Setor de Alegre: L&PM, 2009.
Ciências Naturais e Sociais da Unesco no Brasil, Fabio
Eon, os direitos humanos estão sendo alvo de uma Os textos de Tolstói e Rousseau retratam ideais da
onda conservadora que trata a expressão como algo existência humana e defendem uma experiência
politizado. — ‘Existe hoje uma tendência a enxergar a) lógico-racional, focada na objetividade, clareza e
direitos humanos como algo ideológico, o que é um imparcialidade.
equívoco. Os direitos humanos não são algo da b) místico-religiosa, ligada à sacralidade, elevação e
esquerda ou da direita. São de todos, espiritualidade.
independentemente de onde você nasceu ou da sua c) sociopolítica, constituída por integração,
classe social. É importante enfatizar isso para frear essa solidariedade e organização.
onda conservadora’ — ressalta Eon, que sugere um d) naturalista-científica, marcada pela
remédio para o problema: — ‘Precisamos promover experimentação, análise e explicação.
uma cultura de direitos humanos’”. e) estético-romântica, caracterizada por sinceridade,
Disponível em: O Globo. https://oglobo.globo.com/sociedade/os- vitalidade e impulsividade.
direitos-humanosnao- sao-da-esquerda-ou-da-direita-sao-de-
todos-23088573.

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FIL0318 - (Uel) Leia o texto a seguir. A sequência correta, de cima para baixo, é:
Por que só o homem é suscetível de tornar-se imbecil? a) F, V, F, V.
[...] O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o b) V, F, V, F.
primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se c) V, F, F, F.
de dizer isto é meu e encontrou pessoas d) F, V, V, V.
suficientemente simples para acreditá-lo.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da FIL0320 - (Ufu) Com relação à noção de estado de
desigualdade entre os homens. Trad. Lourdes Santos Machado, 3. ed. São
Paulo: Abril Cultural, 1983. pp. 243; 259. natureza, que é o estado em que os seres humanos se
achavam antes da formação da sociedade, podem-se
Com base nos conhecimentos sobre sociedade civil, identificar, na filosofia política moderna, três
propriedade e natureza humana no pensamento de tendências:
Rousseau, assinale a alternativa correta. 1. Os seres humanos são naturalmente egoístas e, no
a) A instauração da propriedade decorre de um ato estado de natureza, se achavam numa guerra de todos
legítimo da sociedade civil, na medida em que busca contra todos daí que, por medo uns dos outros,
atender às necessidades do homem em estado de aceitam renunciar à liberdade e constituir um
natureza. Soberano, o estado, que garanta a paz.
b) A instauração da propriedade e da sociedade civil 2. Não é por medo uns dos outros, e sim para garantir
cria uma ruptura radical do homem consigo mesmo e o direito à propriedade e à segurança que os seres
de distanciamento da natureza. humanos consentem em criar uma autoridade que
c) A fundação da sociedade civil é legitimada pela possa tornar isso possível.
racionalidade e pela universalidade do ato de 3. No estado de natureza, os seres humanos eram
instauração da propriedade privada. felizes e foi o advento da propriedade privada e da
d) O sentimento mais primitivo do homem, que o leva sociedade civil que tornou alguns escravos de outros.
a instituir a propriedade, é o reconhecimento da
necessidade da propriedade para garantir a Podem-se atribuir essas três concepções,
subsistência. respectivamente, a
e) A sociedade civil e a propriedade são expressões da a) Hobbes, Rousseau e Maquiavel.
perfectibilidade humana, ou seja, da sua capacidade de b) Hobbes, Locke e Rousseau.
aperfeiçoamento. c) Maquiavel, Hobbes e Locke.
d) Rousseau, Maquiavel e Locke.
FIL0319 - (Uece) Três pensadores modernos marcaram
a reflexão sobre a questão política: Hobbes, Locke e FIL0321 - (Enem) Numa época de revisão geral, em que
Rousseau. Um ponto comum perpassa o pensamento valores são contestados, reavaliados, substituídos e
desses três filósofos a respeito da política: a origem do muitas vezes recriados, a crítica tem papel
Estado está no contrato social. Partem do princípio de preponderante. Essa, de fato, é uma das principais
que o Estado foi constituído a partir de um contrato características das Luzes, que, recusando as verdades
firmado, entendendo o contrato como um acordo. ditadas por autoridades submetem tudo ao crivo da
Portanto, o Estado deve ser gerado a partir do crítica.
consenso entre as pessoas em torno de alguns KANT, I. O julgamento da razão. In: ABRÃO, B. S. (Org.) História da
Filosofia. São Paulo: Nova Cultural, 1999.
elementos essenciais para garantir a existência social.
O iluminismo tece crítica aos valores estabelecidos sob
Todavia, há nuances entre eles.
a rubrica da autoridade e, nesse sentido, propõe
Considerando o enunciado acima, atente para o que se
a) a defesa do pensamento dos enciclopedistas que,
diz a seguir e assinale com V o que for verdadeiro e com
com seus escritos, mantinham o ideário religioso.
F o que for falso.
b) o estímulo da visão reducionista do humanismo,
(__) Em comum, esses pensadores buscavam justificar
permeada pela defesa de isenção em questões
reformas do Estado para limitar o poder despótico dos
políticas e sociais.
monarcas absolutos.
c) a consolidação de uma visão moral e filosófica
(__) Para Hobbes, o contrato social é a renúncia dos
pautada em valores condizentes com a centralização
direitos individuais ao soberano em nome da paz civil.
política.
(__) Para Locke, o contrato social é a renúncia parcial
d) a manutenção dos princípios da metafísica, dando
dos direitos naturais em favor da liberdade e da
vastas esperanças de emancipação para a
propriedade.
humanidade.
(__) Para Rousseau, contrato social é a transferência
e) o incentivo do saber, eliminando superstições e
dos direitos individuais para a vontade geral em favor
avançando na dimensão da cidadania e da ciência.
da liberdade e da igualdade civis.
45
FIL0322 - (Ufsm) Sem leis e sem Estado, você poderia d) O amor-próprio é um sentimento positivo por meio
fazer o que quisesse. Os outros também poderiam do qual o indivíduo é levado a agir moralmente e a
fazer com você o que quisessem. Esse é o “estado de reconhecer a liberdade e o valor dos demais.
natureza” descrito por Thomas Hobbes, que, vivendo e) O objetivo das investigações era atingir celebridade,
durante as guerras civis britânicas (1640-60), aprendeu pois os indivíduos estavam obcecados em exibir-se,
em primeira mão como esse cenário poderia ser esquecendo-se do amor à verdade.
assustador. Sem uma autoridade soberana não pode
haver nenhuma segurança, nenhuma paz.
Fonte: LAW, Stephen. Guia Ilustrado Zahar: Filosofia. Rio de FIL0324 - (Enem) Para que não haja abuso, é preciso
Janeiro: Zahar, 2008. organizar as coisas de maneira que o poder seja
contido pelo poder. Tudo estaria perdido se o mesmo
Considere as afirmações: homem ou o mesmo corpo dos principais, ou dos
I. A argumentação hobbesiana em favor de uma nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: o de
autoridade soberana, instituída por um pacto, fazer leis, o de executar as resoluções públicas e o de
representa inequivocamente a defesa de um regime julgar os crimes ou as divergências dos indivíduos.
político monarquista. Assim, criam-se os poderes Legislativo, Executivo e
II. Dois dos grandes teóricos sobre o estado de Judiciário, atuando de forma independente para a
natureza”, Hobbes e Rousseau, partilham a convicção efetivação da liberdade, sendo que esta não existe se
de que o afeto predominante nesse “estado” é o medo. uma pessoa ou grupo exercer os referidos poderes
III. Um traço comum da filosofia política moderna é a concomitantemente.
idealização de um pacto que estabeleceria a passagem MONTESQUIEU, B. Do espírito das leis. São Paulo: Abril Cultural,
do estado de natureza para o estado de sociedade. 1979 (adaptado).

Está(ão) correta(s) A divisão e a independência entre os poderes são


a) apenas I. condições necessárias para que possa haver liberdade
b) apenas II. em um Estado. Isso pode ocorrer apenas sob um
c) apenas III. modelo político em que haja
d) apenas I e II. a) exercício de tutela sobre atividades jurídicas e
e) apenas II e III. políticas.
b) consagração do poder político pela autoridade
FIL0323 - (Uel) Leia o texto a seguir. religiosa.
A questão não está mais em se um homem é honesto, c) concentração do poder nas mãos de elites técnico-
mas se é inteligente. Não perguntamos se um livro é científicas.
proveitoso, mas se está bem escrito. As recompensas d) estabelecimento de limites aos atores públicos e às
são prodigalizadas ao engenho e ficam sem glórias as instituições do governo.
virtudes. Há mil prêmios para os belos discursos, e) reunião das funções de legislar, julgar e executar nas
nenhum para as belas ações. mãos de um governante eleito.
(ROUSSEAU, J. J. Discurso sobre as ciências e as artes. 3.ed. São
Paulo: Abril Cultural, 1983. p.348. Coleção Os Pensadores.) FIL0325 - (Espm) Os textos abaixo referem-se a
O texto apresenta um dos argumentos de Rousseau à pensadores cujas obras e ideias exerceram forte
questão colocada em 1749, pela Academia de Dijon, influência em importantes eventos ocorridos nos
sobre o seguinte problema: O restabelecimento das séculos XVII e XVIII. Leia-os e aponte a alternativa que
Ciências e das Artes terá contribuído para aprimorar os os relaciona corretamente a seus autores:
costumes?
Com base nas críticas de Rousseau à sociedade, I. “O filósofo desenvolveu em seus Dois Tratados Sobre
assinale a alternativa correta. Governo a ideia de um Estado de base contratual. Esse
a) As artes e as ciências geralmente floresceram em contrato imaginário entre o Estado e os seus cidadãos
sociedades que se encontravam em pleno vigor moral, teria por objeto garantir os direitos naturais do
em que a honra era a principal preocupação dos homem, ou seja, liberdade, felicidade e prosperidade.
cidadãos. A maioria tem o direito de fazer valer seu ponto de
b) A emancipação advém da posse e do consumo vista e, quando o Estado não cumpre seus objetivos e
exclusivo e diferenciado de bens de primeira linha, uma não assegura aos cidadãos a possibilidade de defender
vez que o luxo concede prestígio para quem o possui. seus direitos naturais, os cidadãos podem e devem
c) Os envolvidos com as ciências e as artes adquirem, pegar em armas contra seu soberano para assegurar
com maior grau de eficiência, conhecimentos que lhes um contrato justo e a defesa da propriedade privada”.
permitem perceber a igualdade entre todos.
46
II. “O filósofo propôs um sistema equilibrado de a) ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao
governo em que haveria a divisão de poderes tomar as decisões por si mesmo.
(legislativo, executivo e judiciário). Em sua obra O b) ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à
Espírito das Leis alegava que tudo estaria perdido se o conformidade às leis.
mesmo homem ou a mesma corporação exercesse c) à possibilidade de o cidadão participar no poder e,
esses três poderes: o de fazer leis, o de executar e o de nesse caso, livre da submissão às leis.
julgar os crimes ou as desavenças dos particulares. d) ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é
Afirmava que só se impede o abuso do poder quando proibido, desde que ciente das consequências.
pela disposição das coisas só o poder detém o poder”. e) ao direito do cidadão exercer sua vontade de acordo
a) I – John Locke; II – Voltaire; com seus valores pessoais.
b) I – John Locke; II – Montesquieu;
c) I – Rousseau; II – John Locke;
d) I – Rousseau; II – Diderot; FIL0328 – (Upe) A Idade Moderna se caracterizou, no
e) I – Montesquieu; II – Rousseau. plano filosófico-cultural, por um projeto iluminista:
tudo o que se faz é feito com a convicção de que as
luzes da razão natural iluminam os homens,
FIL0326 - (Uff) De acordo com o filósofo iluminista eliminando as trevas da ignorância.
Montesquieu, no livro clássico O Espírito das Leis, (SEVERINO, Antonio Joaquim. Filosofia, 1994, p. 61).
quando as mesmas pessoas concentram o poder de Coloque V nas afirmativas verdadeiras e F nas falsas
legislar, de executar e de julgar, instaura-se o referentes ao Projeto Iluminista e à Filosofia Moderna.
despotismo, pois, para que os cidadãos estejam livres
do abuso de poder, é preciso que “o poder freie o (__) A expressão ‘as luzes’ foi preparada nos séculos
poder”. anteriores com o racionalismo cartesiano, a revolução
científica, o processo de laicização da política e da
Identifique a sentença que melhor resume esse moral.
pensamento de Montesquieu. (__) Tomaremos como Idade Moderna o período que
a) Para que a sociedade seja bem governada é se inicia com o Renascimento e vai até a primeira
necessário que uma só pessoa disponha do poder de década do século XIX. Esse foi um período de conflitos
legislar, agir e julgar. intelectuais, intenso movimento artístico e muitas
b) A separação dos poderes enfraquece o Estado e crises.
toma a sociedade vulnerável aos ataques de seus (__) A filosofia moderna se caracterizou pela
inimigos. preocupação com as questões do conhecer, capazes de
c) A separação e independência entre os poderes é produzir a nova ciência, ou seja, recursos que
uma das condições fundamentais para que os cidadãos pudessem proporcionar a passagem da especulação
possam exercer sua liberdade. metafísica para as explicações experimentais.
d) A sociedade melhor organizada é aquela em que o (__) O empirismo é, juntamente com o racionalismo,
executivo goza de poder absoluto. uma das grandes correntes formadoras da filosofia
e) As mesmas pessoas podem concentrar o poder, moderna.
desde que sejam bem intencionadas. (__) A filosofia moderna desenvolve uma visão
metafísica do mundo e do homem, com base na nova
perspectiva de abordagem do real: o modo metafísico
de pensar, sem dúvida, é o primeiro fruto do projeto
FIL0327 - (Enem) É verdade que nas democracias o iluminista da Modernidade.
povo parece fazer o que quer; mas a liberdade política Assinale a alternativa que apresenta a sequência
não consiste nisso. Deve-se ter sempre presente em correta.
mente o que é independência e o que é liberdade. A a) V, F, V, V, V.
liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis b) V, V, V, V, F.
permitem; se um cidadão pudesse fazer tudo o que c) F, V, V, F, F.
elas proíbem, não teria mais liberdade, porque os d) F, F, V, F, V.
outros também teriam tal poder. e) V, V, V, F, V.
MONTESQUIEU. Do Espírito das Leis. São Paulo: Editora Nova
Cultural, 1997 (adaptado).

A característica de democracia ressaltada por


Montesquieu diz respeito

47
FIL0329 – (Uel) 90 milhões em ação, pra frente, Brasil, FIL0331 - (Unioeste) “A passagem do estado de
do meu coração. natureza para o estado civil determina no homem uma
Todos juntos, vamos, pra frente, Brasil, salve a seleção. mudança muito notável, substituindo na sua conduta o
De repente é aquela corrente pra frente. instinto pela justiça dando às suas ações a moralidade
Parece que todo o Brasil deu a mão. que antes lhes faltava. É só então que, tomando a voz
Todos ligados na mesma emoção. do dever o lugar do impulso físico, e o direito o lugar
Tudo é um só coração. do apetite, o homem, até aí levando em consideração
Todos juntos, vamos, pra frente, Brasil, Brasil, apenas sua pessoa, vê-se forçado a agir baseado em
Salve a seleção. outros princípios e a consultar e ouvir a razão antes de
(Canção: Pra frente Brasil/ Copa 1970. Autor: Miguel Gustavo) ouvir suas inclinações. Embora nesse estado se prive de
muitas vantagens que frui da natureza, ganha outras
Na obra “Resposta à questão: o que é o de igual monta: suas faculdades se exercem e se
esclarecimento?”, Kant discute conceitos como uso desenvolvem, suas ideias se alargam, seus sentimentos
público e privado da razão e a superação da se enobrecem, toda sua alma se eleva a tal ponto que
menoridade. (...) deveria sem cessar bendizer o instante feliz que
À luz do pensamento kantiano, o fenômeno dela o arrancou para sempre e fez, de um animal
contemporâneo do uso político dos eventos esportivos estúpido e limitado, um ser inteligente e um homem”.
a) torna o indivíduo dependente, já que a sua Rousseau.
menoridade impede o esclarecimento e a possibilidade
de pensar por si próprio. Com base no texto, seguem as seguintes afirmativas:
b) forma o indivíduo autônomo, uma vez que amplia a
sua capacidade de fazer uso da própria razão para agir I. A mudança significativa que ocorre para o homem,
autonomamente. na passagem do estado natural para o estado civil, é a
c) impede que o indivíduo pense de forma restrita, de que o homem passa a conduzir-se pelos instintos,
pois, mesmo estando cercado por tutores, facilmente como um “animal estúpido e limitado”.
rompe com a menoridade. II. A conduta do homem, no estado natural, é baseada
d) proporciona esclarecimento político das massas, na justiça e na moralidade e em conformidade com
pois tais eventos promovem o aprendizado crítico princípios fundados na razão.
mediante a afirmação da ideia de nacionalidade. III. Ao ingressar no estado civil, na sua conduta, o
e) confere liberdade às massas para superar a homem substitui a justiça pelo instinto e apetite,
dependência gerada pela aceitação da tutela de orientando-se, apenas, pelas suas inclinações e não
outrem. pela “voz do dever” e sem “ouvir a razão”.
IV. Com a passagem do estado de natureza para o
estado civil, o homem passa a agir baseado em
princípios da justiça e da moralidade, orientando-se
FIL0330 - (Ueg) No século XIX, influenciados pelo antes pela razão do que pelas inclinações.
Romantismo, muitos intelectuais brasileiros V. Com a passagem do estado de natureza para o
idealizaram a cultura indígena, considerando-a como estado civil, o homem obtém vantagens que o faz um
autêntica representante do nacionalismo brasileiro. “ser inteligente e um homem”, obtendo, assim a
Em termos filosóficos, essa valorização do indígena foi “liberdade civil”, submetendo-se, apenas, “à lei que
influenciada pelo pensamento do filósofo prescrevemos a nós mesmos”.

a) Thomas Hobbes, autor da frase “o homem é o lobo Assinale a alternativa correta.


do homem”, que valorizava o comportamento típico de a) Apenas I e II estão corretas.
tribos selvagens. b) Apenas II e III estão corretas.
b) Santo Agostinho, que, por meio do “livre arbítrio”, c) Apenas I e V estão corretas.
acreditava que as sociedades selvagens eram capazes d) Apenas IV e V estão corretas.
de alcançar a graça divina. e) Apenas II e V estão corretas.
c) Montesquieu, que se inspirou na organização social
dos indígenas para elaborar a famosa teoria dos “três
poderes”.
d) Jacques Rousseau, que elaborou a teoria do “bom
selvagem”, defendendo a pureza das sociedades
primitivas.

48
FIL0332 - (Uff) José Bonifácio de Andrada e Silva, FIL0334 - (Ufpa) “A soberania não pode ser
homem público e cientista respeitado na Europa, representada pela mesma razão por que não pode ser
desempenhou papel decisivo no processo de alienada, consiste essencialmente na vontade geral e a
emancipação do Brasil. De ideias avançadas, defendeu vontade absolutamente não se representa. (...). Os
a extinção do escravismo, a valorização da pequena e deputados do povo não são nem podem ser seus
da média propriedade, o uso racional dos recursos representantes; não passam de comissários seus, nada
naturais e a tese pioneira da preservação do meio podendo concluir definitivamente. É nula toda lei que
ambiente. Ele achava que a finalidade última da ciência o povo diretamente não ratificar; em absoluto, não é
é contribuir para o bem da humanidade de modo lei.”
racional e eficiente. (ROSSEAU, J.J. Do Contrato social, São Paulo, Abril Cultural, 1973, livro III, cap.
XV, p. 108-109)
Rousseau, ao negar que a soberania possa ser
As ideias que influenciaram diretamente a formação representada preconiza como regime político:
intelectual e política de José Bonifácio estão contidas a) um sistema misto de democracia semidireta, no qual
no atuariam mecanismos corretivos das distorções da
a) Naturalismo. representação política tradicional.
b) Iluminismo. b) a constituição de uma República, na qual os
c) Renascimento. deputados teriam uma participação política limitada.
d) Socialismo. c) a democracia direta ou participativa, mantida por
e) Jacobinismo. meio de assembleias frequentes de todos os cidadãos.
d) a democracia indireta, pois as leis seriam elaboradas
pelos deputados distritais e aprovadas pelo povo.
e) um regime comunista no qual o poder seria extinto,
FIL0333 - (Uncisal) No século XVIII, ocorreu na Europa assim como as diferenças entre cidadão e súdito.
um movimento filosófico denominado Iluminismo, que
se caracterizou pela confiança no poder da razão para
a resolução dos problemas sociais. Alguns filósofos FIL0335 - (Ueg) O ser humano é explicado por diversas
iluministas eram céticos e materialistas, e por isso abordagens sociológicas e filosóficas que propõem
opunham-se à tradição representada pela Igreja diferentes concepções de natureza humana, chegando
Católica. A Revolução Francesa e movimentos de mesmo a negá-la.
independência, como a Inconfidência Mineira, foram Em relação a tais concepções, tem-se o seguinte:
acontecimentos históricos fortemente influenciados a) Marx compreendia a natureza humana a partir das
pelo Iluminismo. necessidades humanas, especialmente o
Assinale a alternativa que caracteriza, corretamente, desenvolvimento de sua sociabilidade, e que, com o
esse importante movimento filosófico. surgimento das classes sociais e da alienação, essa
a) O Iluminismo foi um movimento filosófico natureza seria negada.
despolitizado. b) a sociologia recusa totalmente a ideia de natureza
b) O termo “Iluminismo” justifica-se pela confiança na humana, pois essa natureza seria metafísica, já que o
luz da razão em oposição às trevas da ignorância. ser humano é um produto social e histórico e o
c) Esse movimento intelectual não apresentou indivíduo nasce como uma folha em branco, na qual a
repercussões no Brasil. cultura escreve seu texto.
d) Os filósofos iluministas eram dogmáticos. c) Durkheim concebia a existência de uma dupla
e) A filosofia iluminista caracterizou-se pela crítica a natureza humana, sendo que uma natureza humana
ideais universalistas como liberdade, igualdade e seria caracterizada pela violência e a outra pela razão,
fraternidade. cabendo à socialização o papel de superar ambas pela
solidariedade.
d) para Kant e Hegel, a natureza humana era uma
criação ideológica do iluminismo, que deveria ser
superada por uma filosofia racionalista que
reconhecesse que o ser humano é um projeto gestado
pela razão.
e) Nietzsche considerava que a essência do ser humano
é a racionalidade, e cuja existência é comprovada pelo
fato de que somente os seres pensantes possuem
certeza de sua existência a partir do próprio ato de
pensar.
49
FIL0336 - (Ueg) Para Marx, diante da tentativa humana FIL0338 - (Uece) Atente para o seguinte trecho, que
de explicar a realidade e dar regras de ação, é preciso apresenta o pensamento de Karl Marx sobre a
considerar as formas de conhecimento ilusório que realidade:
mascaram os conflitos sociais. Nesse sentido, a “O concreto é concreto porque é a síntese de muitas
ideologia adquire um caráter negativo, torna-se um determinações, unidade do diverso. Por isso o concreto
instrumento de dominação na medida em que aparece no pensamento como resultado, não como
naturaliza o que deveria ser explicado como resultado ponto de partida efetivo. Por isso é que Hegel caiu na
da ação histórico-social dos homens, e universaliza os ilusão de conceber o real como resultado do
interesses de uma classe como interesse de todos. A pensamento que se sintetiza a si e se move por si
partir de tal concepção de ideologia, constata-se que mesmo. Mas este não é de modo nenhum o processo
a) a sociedade capitalista transforma todas as formas da gênese do próprio concreto”.
de consciência em representações ilusórias da MARX, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos e outros textos. Os
realidade conforme os interesses da classe dominante. Pensadores. São Paulo: Abril cultural, 1978. Adaptado.
b) ao mesmo tempo que Marx critica a ideologia ele a
considera um elemento fundamental no processo de Sobre a forma como Karl Marx entendia o seu método
emancipação da classe trabalhadora. de análise da realidade, é correto afirmar que
c) a superação da cegueira coletiva imposta pela a) contra o pensamento burguês, Marx propunha uma
ideologia é um produto do esforço individual análise que chamava de ideal-propositiva, que se
principalmente dos indivíduos da classe dominante. opunha ao idealismo puro, cuja visão de realidade era
d) a frase “o trabalho dignifica o homem” parte de uma excessivamente idealizada.
noção genérica e abstrata de trabalho, mascarando as b) tal método era denominado de materialismo
reais condições do trabalho alienado no modo de histórico e se propunha a fazer uma análise da
produção capitalista. realidade concreta que, em si, era contraditória; as
contradições eram da realidade e não do pensamento.
c) seu método estava em concordância com o que
FIL0337 - (Ufms) Karl Marx foi um filósofo alemão que defendiam os jovens hegelianos, sobretudo com o
se destacou ao desenvolver um método de análise que materialismo de Ludwig Feuerbach, a quem dedicou
ficou conhecido como materialismo histórico. Para um livro de análise.
Marx, a dimensão econômica era a base da sociedade. d) seguia os passos de seu maior influenciador,
Para explicá-la, Marx analisou a sociedade do ponto de Friedrich Hegel, aderindo ao pensamento dialético,
vista produtivo, os chamados “modos de produção”. cuja forma de abordagem da realidade era processual
e se expressava na contradição das ideias.
A respeito do modo de produção escravista, segundo
as ideias de Marx, assinale a alternativa correta. FIL0339 - (Uece) Relacione, corretamente, as
a) Era caracterizado por religião primitiva; organização definições sobre o papel do poder político ou do
comunitária; propriedade coletiva, sem classes sociais; Estado, com seus respectivos pensadores, numerando
as forças produtivas baseadas no cultivo da terra, caça os parênteses abaixo, de acordo com a seguinte
e colheita. indicação:
b) Era caracterizado por uma religião de Estado; 1. Karl Marx
impérios centralizados; senhores x escravos; e cultivo 2. John Locke
da terra com base na escravidão. 3. Thomas Hobbes
c) Era caracterizado por uma religião primitiva; 4. Agostinho de Hipona
impérios centralizados; senhores x escravos; e cultivo
da terra com base na escravidão. (__) Poder político do Estado, como resultante de um
d) Era caracterizado por uma religião de Estado; pacto de consentimento, constituído para consolidar
impérios centralizados; estados x escravos; os direitos naturais e individuais de cada homem.
propriedade estatal; e escravidão. (__) Poder do Estado, como poder de origem espiritual,
e) Era caracterizado pela religião católica; poder voltado às necessidades mundanas e à vigilância da
descentralizado; senhores x servos; cultivo da terra; e retidão dos indivíduos.
arrendamento. (__) Poder político do Estado, originário da
necessidade de um grupo manter seu domínio
econômico, pelo domínio político, sobre outros grupos.
(__) Poder político do Estado, com poder absoluto,
fruto da renúncia de direitos naturais originários e
garantidores da paz.

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A sequência correta, de cima para baixo, é: c) um conceito universal existente em todas as
a) 3, 1, 4, 2. sociedades humanas, pois o ser humano precisa
b) 2, 3, 4, 1. efetivar o trabalho para sobreviver e, assim, é
c) 2, 4, 1, 3. constrangido a fazer o que não gosta.
d) 4, 1, 3, 2. d) uma relação social na qual o não-trabalhador
controla a atividade do trabalhador e, por conseguinte,
o resultado do trabalho, explicando assim a origem da
FIL0340 - (Uece) Relacione, corretamente, os propriedade.
pensadores com seus respectivos pensamentos acerca e) uma ideia ultrapassada produzida por filósofos
da forma como o conhecimento da realidade se materialistas que queriam transferir a alienação da
verifica, numerando os parênteses abaixo, de acordo consciência, tal como colocava Hegel, para o trabalho
com a seguinte indicação: humano.

1. Immanuel Kant
2. Karl Marx FIL0342 - (Ufu) Segundo Karl Marx (1818-1883), "não é
3. Renè Descartes a consciência dos homens que determina o seu ser; é o
4. G.W.F Hegel seu ser social que, inversamente, determina a sua
consciência".
(__) A reflexão filosófica deve partir de um exame da Contribuição à crítica da economia política. São Paulo: M. Fontes,
formação da consciência e a experiência da consciência 1977. p. 23.
não é só uma experiência teórica: é necessariamente Essa citação sintetiza o pensamento filosófico, político,
histórica. histórico e econômico desse pensador, que se
(__) Não é a consciência que determina a vida, mas a convencionou chamar de
vida que determina a consciência. É a ideologia a a) Liberalismo de esquerda.
responsável por produzir uma alienação da consciência b) Idealismo dialético.
humana de sua situação real. c) Atomismo econômico.
(__) É sempre possível duvidar de um princípio, d) Materialismo histórico.
questionar as bases de uma teoria. É preciso colocar
em questão todo o conhecimento adquirido.
(__) O conhecer é um ato de autodeterminação do FIL0343 - (Unesp) A genuína e própria filosofia começa
sujeito, é anterior a toda experiência, e trata não tanto no Ocidente. Só no Ocidente se ergue a liberdade da
dos objetos, mas dos conceitos a priori sobre os autoconsciência. No esplendor do Oriente desaparece
objetos. o indivíduo; só no Ocidente a luz se torna a lâmpada do
pensamento que se ilumina a si própria, criando por si
A sequência correta, de cima para baixo, é: o seu mundo. Que um povo se reconheça livre, eis o
a) 1, 3, 2, 4. que constitui o seu ser, o princípio de toda a sua vida
b) 3, 1, 4, 2. moral e civil. Temos a noção do nosso ser essencial no
c) 4, 2, 3, 1. sentido de que a liberdade pessoal é a sua condição
d) 2, 4, 1, 3. fundamental, e de que nós, por conseguinte, não
podemos ser escravos. O estar às ordens de outro não
FIL0341 - (Ueg) O termo alienação é polêmico e possui constitui o nosso ser essencial, mas sim o não ser
diversas interpretações filosóficas e científicas. O escravo. Assim, no Ocidente, estamos no terreno da
filósofo Hegel foi um dos primeiros a oferecer verdadeira e própria filosofia.
(Hegel. Estética, 2000. Adaptado.)
relevância para esse termo. A concepção mais
De acordo com o texto de Hegel, a filosofia
conhecida de alienação, no entanto, é a de Karl Marx,
a) visa ao estabelecimento de consciências servis e
que desenvolveu uma discussão aprofundada sobre o
representações homogêneas.
trabalho alienado, que, segundo ele, é
b) é compatível com regimes políticos baseados na
a) um processo mental no qual o trabalhador se vê
censura e na opressão.
alienado e fora da realidade, ficando completamente
c) valoriza as paixões e os sentimentos em detrimento
alheio ao mundo, tal como diziam os alienistas do
da racionalidade.
século XIX.
d) é inseparável da realização e expansão de potenciais
b) um termo filosófico abstrato e ideológico, que
de razão e de liberdade.
deveria ser substituído pelo conceito de exploração,
e) fundamenta-se na inexistência de padrões
que revelava a verdadeira relação entre capitalistas e
universais de julgamento.
trabalhadores.
51
FIL0344 - (Uema) Leia “Quem é você”, poema de Os Com base em seus conhecimentos e na leitura do texto
Detonautas. acima, assinale a alternativa correta segundo a filosofia
de Hegel.
Você trabalha feito um burro de carga a) A essência do real é a contradição sem interrupção
Puxando um sistema podre que é bancado com o seu ou o choque permanente dos contrários.
suor b) As contradições são momentos da unidade orgânica,
E sexta-feira vai pra igreja comungar com sua família na qual, longe de se contradizerem, todos são
A voz sagrada, Jesus Cristo é o Senhor igualmente necessários.
E deixa parte do salário em retribuição c) O universo social é o dos conflitos e das guerras sem
À dádiva divina da palavra do pastor fim, não havendo, por isso, a possibilidade de uma vida
É melhor garantir um lugar no céu ética.
Aqui nesse inferno tenta sobreviver d) Hegel combateu a concepção cristã da história ao
E o que salva é a cervejinha no fim de semana destituí-la de qualquer finalidade benevolente.
Assistindo o jogo do seu time preferido na tv
Segunda-feira o seu filho tá em casa FIL0347 - (Uncisal) Observe o trecho da música
Porque a escola onde estuda não tem nenhum “Admirável Gado Novo”, de Zé Ramalho, e perceba que
professor sua análise pode nos levar a discutir o conceito de
E o professor está na rua apanhando da polícia alienação.
Tá cobrando seu salário do governo
Enquanto isso numa casa confortável O povo foge da ignorância
Uma família abastada reunida assiste televisão Apesar de viver tão perto dela
E pragueja fala mal de quem E sonha com melhores tempos idos
Tá na rua enfrentando e dando a cara Contemplam essa vida numa cela...
Pra lutar contra a situação Espera nova possibilidade
Fonte: CRUZ, Tico Santa. Quem é você. In: Detonautas a saga De ver este mundo se acabar
continua. Rio de Janeiro: Coqueiro Verde Records, 2014.
A Arca de Noé, o dirigível
Não voam nem se pode flutuar
A realidade social brasileira é caracterizada nesse
poema como Seguindo o pensamento de Karl Marx, veremos que a
a) pacífica. alienação se dá em uma situação determinada que
b) justa. gera toda uma gama de desdobramentos e
c) equitativa. consequências. Tal situação ocorre na esfera
d) pagã. a) religiosa, por meio das concepções escatológicas.
e) desigual. b) cientifica, com a ampliação do conhecimento.
c) política, por meio da organização partidária.
d) cultural, com o avanço da cultura de massa.
FIL0345 - (Ufu) A dialética de Hegel e) produtiva, a partir das relações de produção.
a) envolve duas etapas, formadas por opostos
encontrados na natureza (dia-noite, claro-escuro, frio- FIL0348 - (Unicentro) “Na produção social de sua
calor). existência, os homens estabelecem relações
b) é incapaz de explicar o movimento e a mudança determinadas, necessárias, independentes da sua
verificados tanto no mundo quanto no pensamento. vontade, relações de produção que correspondem a
c) é interna nas coisas objetivas, que só podem crescer um determinado grau de desenvolvimento das forças
e perecer em virtude de contradições presentes nelas. produtivas materiais.”
d) é um método (procedimento) a ser aplicado ao IN: Karl Marx, Contribuição à crítica da economia política. São Paulo: Martins
objeto de estudo do pesquisador. Fontes, 1977, p. 23. APUD: ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria
Helena Pires. Filosofando – introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna, 4. ed.,
2009.

FIL0346 - (Ufu) O botão desaparece no desabrochar da A partir da análise desse fragmento de texto, é correto
flor, e poderia dizer-se que a flor o refuta; do mesmo afirmar:
modo que o fruto faz a flor parecer um falso ser-aí da a) A existência para Marx se reduz à transcendência.
planta, pondo-se como sua verdade em lugar da flor: b) O pensamento marxista pode ser denominado de
essas formas não só se distinguem, mas também se materialista mecanicista.
repelem como incompatíveis entre si [...]. c) As relações de produção para Marx determinam a
HEGEL, G.W.F. Fenomenologia do Espírito. Petrópolis: Vozes, produção social da existência.
1988.
52
d) As forças produtivas materiais não têm importância FIL0352 – (Uema) A palavra ideologia, criada por
para o pensamento marxista. Destutt de Tracy (1754-1836), significa estudo da
e) O conceito de relações de produção, em Marx, está gênese e do desenvolvimento das ideias. Com Karl
restrito às classes dominantes. Marx, o termo ideologia adquiriu um significado crítico
e negativo. Identifique, nas opções abaixo, a única que
contém informação correta sobre a concepção de Marx
FIL0349 - (Ueg) Um dos elementos mais conhecidos da sobre ideologia.
filosofia de Hegel é a dialética, baseada no pressuposto a) Conjunto de ideias que apresenta a sociedade
de que uma ideia (tese) produz uma ideia oposta dividida em duas classes, dominantes e dominados,
(antítese), resultando, consequentemente, numa visando à conscientização dos indivíduos.
conciliação (síntese) entre as duas ideias opostas. b) Conjunto de ideias que mostra a totalidade da
Nesse sentido, ao utilizar esse princípio hegeliano para realidade, levando os indivíduos a compreenderem-na
interpretar os sistemas políticos contemporâneos, em si mesma.
percebe-se que a síntese entre os princípios do c) Conjunto de ideias que dissimula e oculta a
liberalismo e os do marxismo foi efetivada no realidade, mostrando-a de maneira parcial e distorcida
a) Estado de bem-estar social. em relação ao que de fato é.
b) anarquismo de Bakunin. d) Conjunto de ideias que esclarece de forma
c) nazismo alemão. contundente a realidade, mostrando que apenas
d) fascismo italiano. pessoas da classe dominante podem governar.
e) Conjunto de ideias que estimula a classe dominada
a alcançar o poder.
FIL0350 - (Ueg) Para Hegel, a razão é a relação interna
e necessária entre as leis do pensamento e as leis do
real. Assim, ela é a unidade entre a razão subjetiva e a
razão objetiva. Hegel denominou essa unidade de
espírito absoluto. FIL0353 - (Unicentro) Analise as assertivas e assinale a
Dessa forma, um evento real pode expressar e ser alternativa que aponta a(s) correta(s). Em seu livro
resultado das ideias que o precedem. Um exemplo da História da Filosofia, Hegel (1770-1831) declara que a
objetivação dessas ideias é o seguinte evento: filosofia moderna pode ser considerada o nascimento
a) a subida de Adolf Hitler ao poder na Alemanha, da filosofia propriamente dita, porque nela, segundo
representando os ideais sionistas germânicos. Hegel, pela primeira vez, os filósofos afirmam que
b) a Queda de Dom Pedro I do trono brasileiro,
representando a crise do sistema colonial português. I. a filosofia é independente e não se submete a
c) a ascensão de Napoleão Bonaparte ao poder, nenhuma autoridade que não seja a própria razão
representando o ideal iluminista de igualdade social. como faculdade plena de conhecimento. Isto é, os
d) a coroação de Dom Pedro II no trono brasileiro, modernos são os primeiros a demonstrar que o
representando a vitória dos ideais puritanos de moral. conhecimento verdadeiro só pode nascer do trabalho
interior realizado pela razão, graças a seu próprio
esforço. Só a razão conhece e somente ela pode julgar
FIL0351 - (Ufsj) Para Caio Prado Jr., a observação de a si mesma.
Engels: “O núcleo que encerra as verdadeiras II. a filosofia moderna realiza a primeira descoberta da
descobertas de Hegel ... o método dialético na sua subjetividade propriamente dita porque nela o
forma simples em que é a única forma justa do primeiro ato do conhecimento, do qual dependerão
desenvolvimento do pensamento”, revela todos os outros, é a reflexão e consciência de si
a) a herança da dialética hegeliana assumida por Karl reflexiva.
Marx. III. a filosofia moderna é a primeira a reconhecer que,
b) a filosofia de Marx com sua herança escolástica sendo todos os seres humanos seres conscientes e
partilhada por Hegel. racionais, todos têm igualmente o direito ao
c) a perspectiva dialética do Homem, que permite pensamento e a verdade. Segundo Hegel, essa
considerá-lo capaz de conceituar termos científicos no afirmação do direito ao pensamento, unida à ideia da
aspecto ou feição do Universo. recusa de toda censura sobre o pensamento e palavra,
d) o tema central da filosofia, a saber, o seria a realização filosófica do princípio da
desenvolvimento da dialética do ser humano, fator individualidade como subjetividade livre que se
determinante do existencialismo contemporâneo. relaciona livremente com a verdade.

53
IV. a filosofia moderna está tão intimamente vinculada FIL0356 - (Ufu) Em Marx, o conceito de ideologia
aos fundamentos da práxis humana que a ação não designa uma forma de consciência invertida, que
pode ser ignorada na determinação de seus critérios distorce e encobre as formas de dominação existentes
filosóficos. Para Hegel, os modernos foram os nas relações sociais.
primeiros a entender que esta prática, no entanto, não Tomando isso em consideração, marque a alternativa
deve ser considerada apenas no sentido restrito da que apresenta corretamente a relação entre os
conduta pessoal, mas na acepção mais abrangente de conceitos de estrutura e superestrutura no
experiência humana em seus vários aspectos, desde pensamento de Marx.
histórico até o nível psicológico. a) Marx afirma que a superestrutura projeta
a) Apenas I, III e IV. falsamente as relações sociais de produção como
b) Apenas I, II e III. justas, e que uma sociedade igualitária somente
c) Apenas I. poderá surgir com a revolução da estrutura econômica
d) Apenas II, III e IV. da sociedade.
e) Apenas IV. b) Marx afirma que a superestrutura jurídica é o
fundamento da divisão social do trabalho, e que toda
revolução deve principiar com a alteração da legislação
que regulamenta a atividade econômica.
c) Marx afirma que os homens retêm em sua
FIL0354 - (Ueg) Hegel, prosseguindo na árdua tarefa de consciência uma imagem transparente das relações
unificar o dualismo de Kant, substituiu o eu de Fichte e sociais de produção, e que somente a alteração da
o absoluto de Schelling por outra entidade: a ideia. A consciência de cada indivíduo pode conduzir à
ideia, para Hegel, deve ser submetida necessariamente revolução dessas relações sociais de produção.
a um processo de evolução dialética, regido pela d) Marx afirma que a democracia burguesa e os
marcha triádica da partidos políticos são o motor da história. Logo, toda
revolução social principia no domínio político, que é a
a) experiência, juízo e raciocínio.
esfera em que podem se manifestar legitimamente os
b) realidade, crítica e conclusão.
conflitos de interesses.
c) matéria, forma e reflexão.
d) tese, antítese e síntese.
FIL0357 - (Unesp) Tradição de pensamento ético
fundada pelos ingleses Jeremy Bhentam e John Stuart
Mill, o utilitarismo almeja muito simplesmente o bem
comum, procurando eficiência: servirá aos propósitos
morais a decisão que diminuir o sofrimento ou
aumentar a felicidade geral da sociedade. No caso da
FIL0355 - (Ufpa) No início do século dezenove, mais
situação dos povos nativos brasileiros, já se destinou às
precisamente com Hegel, a arte é concebida no interior
reservas indígenas uma extensão de terra equivalente
do domínio do absoluto, isto é, da verdade enquanto
a 13% do território nacional, quase o dobro do espaço
tal e dos elementos que a expõem. Tendo em vista essa
destinado à agricultura, de 7%. Mas a mortalidade
concepção, é correto afirmar:
infantil entre a população indígena é o dobro da média
a) O absoluto não se expressa, de uma vez por todas,
nacional e, em algumas etnias, 90% dos integrantes
no domínio artístico.
dependem de cestas básicas para sobreviver. Este é um
b) Ao apresentar o absoluto sob forma sensível, isto é,
ponto em que o cômputo utilitarista de prejuízos e
concreta e singular, a obra de arte não efetiva a
benefícios viria a calhar: a felicidade dos índios não é
transfiguração da realidade.
proporcional à extensão de terra que lhes é dado
c) Na atividade artística, apenas alguns de seus traços
ocupar.
essenciais estão ligados ao ser verdadeiro. (Veja, 25.10.2013. Adaptado.)
d) A beleza é, enquanto produto da arte, manifestação
sensível do absoluto. A aplicação sugerida da ética utilitarista para a
e) Na arte, a totalidade que se torna aparição cumpre população indígena brasileira é baseada em
suficientemente suas determinações. a) uma ética de fundamentos universalistas que
deprecia fatores conjunturais e históricos.
b) critérios pragmáticos fundamentados em uma
relação entre custos e benefícios.
c) princípios de natureza teológica que reconhecem o
direito inalienável do respeito à vida humana.
54
d) uma análise dialética das condições econômicas e) Enquanto Bentham defendia a democracia
geradoras de desigualdades sociais. representativa como sendo uma forma de impedir que
e) critérios antropológicos que enfatizam o respeito os governos imponham seus interesses aos do povo,
absoluto às diferenças de natureza étnica. Stuart Mill defende tal forma de governo como a
melhor forma para se controlar os governantes e ao
FIL0358 - (Unioeste) Texto 1 mesmo tempo aumentar a riqueza total da sociedade.
“Por princípio da utilidade entende-se aquele princípio
que aprova ou desaprova qualquer ação, segundo a
tendência que tem a aumentar ou a diminuir a FIL0359 - (Enem) A moralidade, Bentham exortava, não
felicidade da pessoa cujo interesse está em jogo, ou, o é uma questão de agradar a Deus, muito menos de
que é a mesma coisa em outros termos, segundo a fidelidade a regras abstratas. A moralidade é a
tendência de promover ou comprometer a referida tentativa de criar a maior quantidade de felicidade
felicidade. Digo qualquer ação, com o que tenciono possível neste mundo. Ao decidir o que fazer,
dizer que isto vale não somente para qualquer ação de deveríamos, portanto, perguntar qual curso de
um indivíduo particular, mas também de qualquer ato conduta promoveria a maior quantidade de felicidade
ou medida de governo. [...] A comunidade constitui um para todos aqueles que serão afetados.
corpo fictício, composto de pessoas individuais que se RACHELS. J. Os elementos da filosofia moral, Barueri-SP; Manole. 2006.

consideram como constituindo os seus membros. Qual


é, nesse caso, o interesse da comunidade? A soma dos Os parâmetros da ação indicados no texto estão em
interesses dos diversos membros que integram a conformidade com uma
referida comunidade”. a) fundamentação científica de viés positivista.
BENTHAM, Jeremy. Uma introdução aos princípios da moral e da b) convenção social de orientação normativa.
legislação. São Paulo: Abril Cultural, 1974. p. 10. c) transgressão comportamental religiosa.
Texto 2 d) racionalidade de caráter pragmático.
“Para compreendermos o valor que Mill atribui à e) inclinação de natureza passional.
democracia, é necessário observar com mais atenção a
sua concepção de sociedade e indivíduo [...]. O governo FIL0360 - (Enem) O filósofo Augusto Comte (1798-
democrático é melhor porque nele encontramos as 1857) preenche sua doutrina com uma imagem do
condições que favorecem o desenvolvimento das progresso social na qual se conjugam ciência e política:
capacidades de cada cidadão”. a ação política deve assumir o aspecto de uma ação
WEFFORT, F. (org.). Os clássicos da política 2. 3 ed. São Paulo: científica e a política deve ser estudada de maneira
Ática, 1991. p. 197-98.
científica (a física social). Desde que a Revolução
Francesa favoreceu a integração do povo na vida social,
Sobre o utilitarismo e o pensamento de Bentham e
o positivismo obstina-se no programa de uma
Stuart Mill, é INCORRETO afirmar.
comunidade pacífica. E o Estado, instituição do “reino
a) Para o utilitarismo clássico, o principal critério para
absoluto da lei”, é a garantia da ordem que impede o
a moralidade é o princípio da utilidade, que defende
retorno potencial das revoluções e engendra o
como morais as ações que promovem a felicidade e o
progresso.
bem-estar para o maior número de pessoas envolvidas. RUBY, C. Introdução à filosofia política. São Paulo: Unesp, 1998 (adaptado).
b) Para os utilitaristas Bentham e Stuart Mill, uma ação
é considerada moralmente correta se promove a A característica do Estado positivo que lhe permite
felicidade e o bem-estar para o indivíduo, não garantir não só a ordem, como também o desejado
importando suas consequências em relação ao progresso das nações, é ser
conjunto da sociedade. a) espaço coletivo, onde as carências e desejos da
c) Utilitaristas como Bentham defendem que o papel população se realizam por meio das leis.
do legislador é o de produzir leis que sejam do b) produto científico da física social, transcendendo e
interesse dos indivíduos que constituem uma transformando as exigências da realidade.
comunidade e que resultem na maior felicidade para o c) elemento unificador, organizando e reprimindo, se
maior número deles. necessário, as ações dos membros da comunidade.
d) O pensamento de Stuart Mill propõe mudanças d) programa necessário, tal como a Revolução
importantes à agenda política, na medida em que Francesa, devendo portanto se manter aberto a
reconhece que a participação política não pode ser novas insurreições.
tomada como privilégio de poucos. O Estado deverá, e) agente repressor, tendo um papel importante a cada
portanto, adotar mecanismos que garantam a revolução, por impor pelo menos um curto período de
institucionalização da participação mais ampliada dos ordem.
cidadãos.
55
FIL0361 - (Ufsm) Os filósofos Ame Naess e George FIL0363 - (Unicentro) Sobre o positivismo, é correto
Sessions propuseram, em 1984, diversos princípios afirmar que é uma doutrina
para uma ética ecológica profunda, entre os quais se a) do século II a.C.
encontra o seguinte: b) que acolhe os postulados socráticos.
O bem-estar e o florescimento da vida humana e não c) que privilegia o estudo metafísico da natureza.
humana na Terra têm valor em si mesmos. Esses d) que não decorreu do desenvolvimento das ciências
valores são independentes da utilidade do mundo não modernas.
humano para finalidades humanas. e) nascida no ambiente cientificista nos finais do século
XVIII e início do século XIX.
Considere as seguintes afirmações:
FIL0364 - (Uff) O positivismo foi um sistema filosófico
I. A ética kantiana não se baseia no valor de utilidade criado no século XIX por Augusto Comte e que exerceu
das ações. grande influência no Brasil, especialmente entre
II. “Valor intrínseco” é um sinônimo para “valor em si militares, médicos, cientistas e em algumas correntes
mesmo”. de republicanos que participaram diretamente da
III. A ética utilitarista rejeita a concepção de que as proclamação da República e ocuparam postos de
ações têm valor em si mesmas. governo no início do novo regime.

Está(ão) correta(s) Dentre as inovações adotadas no início do regime


a) apenas I. republicano brasileiro sob influência de ideias
b) apenas II. positivistas estão
c) apenas III. a) sufrágio universal, direito de voto do analfabeto e
d) apenas I e II. das mulheres.
e) I, II e III. b) estatização das fábricas, coletivização da agricultura
e partido único.
c) liberdade sindical, leis trabalhistas e salário-mínimo.
FIL0362 - (Enem) O edifício é circular. Os apartamentos d) separação da igreja e do estado, liberdade religiosa
dos prisioneiros ocupam a circunferência. Você pode e casamento civil.
chamá-los, se quiser, de celas. O apartamento do e) indenização aos proprietários de escravos,
inspetor ocupa o centro; você pode chamá-lo, se desestímulo à pequena propriedade e abolição de
quiser, de alojamento do inspetor. A moral reformada; impostos rurais.
a saúde preservada; a indústria revigorada; a instrução
difundida; os encargos públicos aliviados; a economia FIL0501 - (Enem) TEXTO I
assentada, como deve ser, sobre uma rocha; o nó Tudo aquilo que é válido para um tempo de guerra, em
górdio da Lei sobre os Pobres não cortado, mas que todo homem é inimigo de todo homem, é válido
desfeito — tudo por uma simples ideia de arquitetura! também para o tempo durante o qual os homens vivem
BENTHAM, J. O panóptico. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. sem outra segurança senão a que lhes pode ser
oferecida por sua própria força e invenção.
Essa é a proposta de um sistema conhecido como HOBBES, T. Leviatã. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
panóptico, um modelo que mostra o poder da
disciplina nas sociedades contemporâneas, exercido TEXTO II
preferencialmente por mecanismos Não vamos concluir, com Hobbes que, por não ter
a) religiosos, que se constituem como um olho divino nenhuma ideia de bondade, o homem seja
controlador que tudo vê. naturalmente mau. Esse autor deveria dizer que, sendo
b) ideológicos, que estabelecem limites pela alienação, o estado de natureza aquele em que o cuidado de
impedindo a visão da dominação sofrida. nossa conservação é menos prejudicial à dos outros,
c) repressivos, que perpetuam as relações de esse estado era, por conseguinte, o mais próprio à paz
dominação entre os homens por meio da tortura física. e o mais conveniente ao gênero humano.
d) sutis, que adestram os corpos no espaço-tempo por ROUSSEAU, J.-J. Discurso sobre a origem e o fundamento da
meio do olhar como instrumento de controle. desigualdade entre os homens. São Paulo: Martins Fontes, 1993
(adaptado).
e) consensuais, que pactuam acordos com base na
compreensão dos benefícios gerais de se ter as
Os trechos apresentam divergências conceituais entre
próprias ações controladas.
autores que sustentam um entendimento segundo o
qual a igualdade entre os homens se dá em razão de
uma
56
a) predisposição ao conhecimento. FIL0504 - (Enem) Será que as coisas lhe pareceriam
b) submissão ao transcendente. diferentes se, de fato, todas elas existissem apenas na
c) tradição epistemológica. sua mente – se tudo o que você julgasse ser o mundo
d) condição original. externo real fosse apenas um sonho ou alucinação
e) vocação política. gigante, de que você jamais fosse despertar? Se assim
fosse, então é claro que você nunca poderia despertar,
como faz quando sonha, pois significaria que não há
FIL0502 - (Enem) O século XVIII é, por diversas razões, mundo “real” no qual despertar. Logo, não seria
um século diferenciado. Razão e experimentação se exatamente igual a um sonho ou alucinação normal.
aliavam no que se acreditava ser o verdadeiro caminho NAGEL, T. Uma breve introdução à filosofia. São Paulo: Martins
para o estabelecimento do conhecimento científico, Fontes, 2011.
por tanto tempo almejado. O fato, a análise e a indução
passavam a ser parceiros fundamentais da razão. É O texto confere visibilidade a uma doutrina filosófica
ainda no século XVIII que o homem começa a tomar contemporânea conhecida como:
consciência de sua situação na história. a) Personalismo, que vincula a realidade circundante
ODALIA, N. In: PINSKY, J.; PINSKY. C. B. História da cidadania. São aos domínios do pessoal.
Paulo: Contexto. 2003. b) Falsificacionismo, que estabelece ciclos de
problemas para refutar uma conjectura.
No ambiente cultural do Antigo Regime, a discussão c) Falibilismo, que rejeita mecanismos mentais para
filosófica mencionada no texto tinha como uma de sustentar uma crença inequívoca.
suas características a d) Idealismo, que nega a existência de objetos
a) aproximação entre inovação e saberes antigos. independentemente do trabalho cognoscente.
b) conciliação entre revelação e metafísica platônica. e) Solipsismo, que reconhece limitações cognitivas
c) vinculação entre escolástica e práticas de pesquisa. para compreender uma experiência compartilhada.
d) separação entre teologia e fundamentalismo
religioso. FIL0505 - (Enem) A filosofia é como uma árvore, cujas
e) contraposição entre clericalismo e liberdade de raízes são a metafísica; o tronco, a física, e os ramos
pensamento. que saem do tronco são todas as outras ciências, que
se reduzem a três principais: a medicina, a mecânica e
a moral, entendendo por moral a mais elevada e a mais
FIL0503 - (Enem) A lenda diz que, em um belo dia perfeita porque pressupõe um saber integral das
ensolarado, Newton estava relaxando sob uma outras ciências, e é o último grau da sabedoria.
macieira. Pássaros gorjeavam em suas orelhas. Havia DESCARTES, R. Princípios da filosofia. Lisboa: Edições 70, 1997
uma brisa gentil. Ele cochilou por alguns minutos. De (adaptado).
repente, uma maçã caiu sobre a sua cabeça e ele
acordou com um susto. Olhou para cima. “Com certeza Essa construção alegórica de Descartes, acerca da
um pássaro ou um esquilo derrubou a maçã da árvore”, condição epistemológica da filosofia, tem como
supôs. Mas não havia pássaros ou esquilos na árvore objetivo
por perto. Ele, então, pensou: “Apenas alguns minutos a) sustentar a unidade essencial do conhecimento.
antes, a maçã estava pendurada na árvore. Nenhuma b) refutar o elemento fundamental das crenças.
força externa fez ela cair. Deve haver alguma força c) impulsionar o pensamento especulativo.
subjacente que causa a queda das coisas para a terra”. d) recepcionar o método experimental.
SILVA, C. C.; MARTINS, R A. Estudos de história e filosofia das e) incentivar a suspensão dos juízos.
ciências. São Paulo: Livraria da Física, 2006 (adaptado).
FIL0506 - (Enem) Desde o mundo antigo e sua filosofia,
Em contraponto a uma interpretação idealizada, o que o trabalho tem sido compreendido como
texto aponta para a seguinte dimensão fundamental expressão de vida e degradação, criação e infelicidade,
da ciência moderna: atividade vital e escravidão, felicidade social e
a) Falsificação de teses. servidão. Trabalho e fadiga. Na Modernidade, sob o
b) Negação da observação. comando do mundo da mercadoria e do dinheiro, a
c) Proposição de hipóteses. prevalência do negócio (negar o ócio) veio sepultar o
d) Contemplação da natureza. império do repouso, da folga e da preguiça, criando
e) Universalização de conclusões. uma ética positiva do trabalho.”
ANTUNES, R. O século XX e a era da degradação do trabalho, In:
SILVA, J. P (Org.). Por uma sociologia do século XX. São Paulo:
Annablume, 2007 (adaptado).

57
O processo de ressignificação do trabalho nas FIL0525 - (Ufpr) Ampliando suas investigações para
sociedades modernas teve início a partir do surgimento além de suas capacidades, e deixando seus
de uma nova mentalidade, influenciada pela pensamentos vagarem em profundezas, a tal ponto de
a) reforma higienista, que combateu o caráter lhes faltar apoio seguro para o pé, não é de admirar
excessivo e insalubre do trabalho fabril. que os homens levantem questões e multipliquem
b) Reforma Protestante, que expressou a importância disputas acerca de assuntos insolúveis, servindo
das atividades laborais no mundo secularizado. apenas para prolongar e aumentar suas dúvidas, e para
c) força do sindicalismo, que emergiu no esteio do confirmá-los ao fim num perfeito ceticismo.
anarquismo reivindicando direitos trabalhistas. (LOCKE. Ensaio acerca do entendimento humano. Trad. Anoar
d) participação das mulheres em movimentos sociais, Aiex. Coleção Os Pensadores, vol. XVIII. São Paulo: Victor Civita,
1973, introdução, p. 147.)
defendendo o direito ao trabalho.
e) visão do catolicismo, que, desde a Idade Média,
Considerando a passagem acima e a obra de que foi
defendia a dignidade do trabalho e do lucro.
extraída, segundo Locke, os homens tornam-se céticos
porque:
FIL0507 – (Enem) Montaigne deu o nome para um novo
a) são capazes de obter apenas um conhecimento
gênero literário; foi dos primeiros a instituir na
provável acerca das coisas.
literatura moderna um espaço privado, o espaço do
b) não limitam suas investigações ao que é possível
“eu”, do texto íntimo. Ele cria um novo processo de
conhecer.
escrita filosófica, no qual hesitações, autocríticas,
c) dependem da experiência sensível para conhecer,
correções entram no próprio texto.
COELHO, M. Montaigne. São Paulo: Publifolha, 2001 (adaptado).
sendo essa experiência enganosa.
d) não são capazes de encontrar um apoio seguro para
O novo gênero de escrita aludido no texto é o(a) os seus pensamentos.
a) confissão, que relata experiências de transformação. e) encontram prazer na mera disputa.
b) ensaio, que expõe concepções subjetivas de um
tema. FIL0527 - (Ufpr) Há em toda república dois humores
c) carta, que comunica informações para um diversos, quais sejam, aquele do povo e aquele dos
conhecido. grandes, (…) todas as leis que são feitas em favor da
d) meditação, que propõe preparações para o liberdade nascem desta desunião.
(MAQUIAVEL. Discursos sobre a Primeira década de Tito Livio.
conhecimento. Seleção de textos, tradução e notas Carlo Gabriel Kzsam Pancera.
e) diálogo, que discute assuntos com diferentes In: MARÇAL, J. (org.) Antologia de textos filosóficos, SEED, 2009, p.
interlocutores. 432.)

FIL0508 - (Enem) Adão, ainda que supuséssemos que De acordo com a passagem acima e com a obra de que
suas faculdades racionais fossem inteiramente foi extraída, é correto afirmar que, segundo Maquiavel:
perfeitas desde o início, não poderia ter inferido da a) as leis nascem do conflito e levam à sua superação,
fluidez e transparência da água que ela o sufocaria, produzindo harmonia social.
nem da luminosidade e calor do fogo que este poderia b) as leis não passam de um instrumento de dominação
consumi-lo. Nenhum objeto jamais revela, pelas do povo pelos grandes.
qualidades que aparecem aos sentidos, nem as causas c) para que haja liberdade, as leis devem ser feitas pelo
que o produziram, nem os efeitos que dele provirão; e povo, que é soberano.
tampouco nossa razão é capaz de extrair, sem auxílio d) o conflito entre os grandes e o povo é o motor da
da experiência, qualquer conclusão referente à vida política, o que produz e aperfeiçoa as leis.
existência efetiva de coisas ou questões de fato e) cabe aos grandes fazer as leis, mas sem retirar a
HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento humano. São liberdade do povo.
Paulo: Unesp 2003.

Segundo o autor, qual é a origem do conhecimento FIL0530 - (Unesp) Texto 1


humano? É com Descartes que a oposição homem-natureza se
a) A potência inata da mente. tornará mais completa, constituindo-se no centro do
b) A revelação da inspiração divina. pensamento moderno e contemporâneo. O homem,
c) O estudo das tradições filosóficas. instrumentalizado pelo método científico, pode
d) A vivência dos fenômenos do mundo. penetrar os mistérios da natureza e, assim, tornar-se
e) O desenvolvimento do raciocínio abstrato. “senhor e possuidor da natureza”.
(Carlos W. P. Gonçalves. Os (des)caminhos do meio ambiente,
1989. Adaptado.)
58
Texto 2 Texto 2
Quando a gente quis criar uma reserva da biosfera em Os questionamentos céticos de Hume abalaram
uma região do Brasil, foi preciso justificar para a profundamente Kant, que visava empreender uma
Unesco [Organização das Nações Unidas para a defesa do racionalismo contra o empirismo cético e
Educação, a Ciência e a Cultura] por que era acabou por elaborar uma filosofia que caracterizou
importante que o planeta não fosse devorado pela como racionalismo crítico, pretendendo precisamente
mineração. Para essa instituição, é como se bastasse superar a dicotomia entre racionalismo e empirismo.
manter apenas alguns lugares como amostra grátis da (Danilo Marcondes. Iniciação à história da filosofia, 2010.
Adaptado.)
Terra.
(Ailton Krenak. Ideias para adiar o fim do mundo, 2019.)
Os textos explicitam a noção de “crítica”, que
Ailton Krenak constata os princípios da filosofia corresponde, na filosofia kantiana,
cartesiana ao reconhecer que a) à defesa da dúvida metódica.
a) a natureza operacionalizada serve aos humanos de b) à impossibilidade do conhecimento científico.
forma harmônica e reforça a relevância de todos os c) ao exame dos limites da compreensão.
seres vivos. d) à recusa de elementos transcendentais.
b) o método cartesiano tem sido utilizado na natureza e) ao estabelecimento das bases da experimentação.
a partir de medidas ecológicas estabelecidas pela
Unesco. FIL0551 - (Uece) Leia com atenção o seguinte diálogo
c) os órgãos oficiais vêm se esforçando pelo equilíbrio entre Galileu e o garoto Andrea, personagens da peça
entre o desenvolvimento econômico e a preservação Vida de Galileu (1938-39), do dramaturgo alemão
da natureza. Bertolt Brecht (1898-1956):
d) as instituições que representam a humanidade “GALILEU – Você entendeu o que eu lhe expliquei
negligenciam a integral manutenção do meio ontem?
ambiente. ANDREA – O quê? Aquela história de Copérnico e da
e) a dúvida cartesiana não permite afirmações sobre o rotação da Terra?
desenvolvimento sustentável, por estas serem GALILEU – É.
inconclusivas. ANDREA – Por que o senhor quer que eu entenda? É
muito difícil, e eu ainda não fiz onze anos, vou fazer em
FIL0531 - (Unesp) É como se cada homem dissesse a outubro.
cada homem: Autorizo e transfiro o meu direito de me GALILEU – Mas eu quero que você entenda. É para que
governar a mim mesmo a este homem, ou a esta se entendam essas coisas que eu trabalho e compro
assembleia de homens, com a condição de transferires livros caros em vez de pagar o leiteiro.
para ele o teu direito, autorizando de uma maneira ANDREA – Mas eu vejo que o Sol de noite não está
semelhante todas as suas ações. Feito isso, à multidão onde estava de manhã. Quer dizer que ele não pode
assim unida numa só pessoa se chama Estado. ficar parado! Nunca, jamais...
(Thomas Hobbes. Leviatã, 2003. Adaptado.) GALILEU – Você vê?! O que você vê? Você não vê nada!
Você arregala os olhos, mas arregalar os olhos não é
No texto, o autor expressa sua teoria sobre a origem do ver.
Estado. Nessa teoria, o Estado tem sua origem na Galileu põe a bacia de ferro no centro do quarto e diz:
a) atribuição de um poder absoluto ao soberano. GALILEU – Bem, isto é o Sol (aponta para a bacia).
b) criação de leis aplicáveis ao povo e ao governante. Sente-se aí (aponta para a cadeira).
c) instituição de um governo pelos mais sábios. Andrea se senta na única cadeira, tendo a bacia à sua
d) manipulação do povo pelos chefes de Estado. esquerda; Galileu fica de pé, atrás dele, e pergunta:
e) gestão do coletivo no estado de natureza. GALILEU – Onde está o Sol, à direita ou à esquerda?
ANDREA – À esquerda.
FIL0532 - (Unesp) Texto 1 GALILEU – Como fazer para ele passar para a direita?
A crítica não se opõe ao procedimento dogmático da ANDREA – O senhor carrega a bacia para a direita,
razão no seu conhecimento puro […], mas sim ao claro.
dogmatismo […], apoiado em princípios, como os que GALILEU – E não tem outro jeito?
a razão desde há muito aplica, sem se informar como e Galileu levanta Andrea e a cadeira do chão, coloca-os
com que direito os alcançou. O dogmatismo é, pois, o do outro lado da bacia e pergunta:
procedimento dogmático da razão sem uma crítica GALILEU – Agora, onde está o Sol?
prévia da sua própria capacidade. ANDREA – À direita.
(Immanuel Kant. Crítica da razão pura, 2018.) GALILEU – E ele se moveu?

59
ANDREA – Ele, não. FIL0553 - (Uece) “A extrema desigualdade na maneira
GALILEU – O que é que se moveu? de viver, o excesso de ociosidade por parte de uns, o
ANDREA – Eu. excesso de trabalho de outros, [...] os alimentos
GALILEU (gritando) – Errado, seu desatencioso! A demasiadamente requintados, que nos nutrem de
cadeira! A cadeira se moveu! sucos abrasantes e nos sobrecarregam de indigestões,
ANDREA – Mas eu com ela! a má alimentação dos pobres, [...]: eis, pois, as funestas
GALILEU – Claro, a cadeira é a Terra. Você está em cima garantias de que a maioria dos males é fruto de nossa
dela.” própria obra, e de que seriam quase todos evitados se
BRECHT, B. A vida de Galileu. Trad. Roberto Schwartz. In: Bertolt conservássemos a maneira simples, uniforme e
Brecht. Teatro completo, vol. 6.– 3ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, solitária de viver, que nos foi prescrita pela Natureza.”
1991. Adaptado.
Rousseau, J.-J. Discurso sobre a origem e os fundamentos da
desigualdade entre os homens. São Paulo: Editora Nova Cultural,
Com base no diálogo acima, é correto afirmar que, para 1999, p. 61 – Coleção Os Pensadores.
o personagem Galileu, para compreender os
fenômenos astronômicos acima discutidos, Por meio do trecho acima, é correto concluir que, para
a) não é necessário observá-los, pois é suficiente Rousseau,
raciocinar sobre eles. a) as desigualdades existentes entre os homens não
b) não é necessário raciocinar sobre eles, basta melhor são naturais, mas decorrentes da sociedade.
observá-los. b) alguns homens vivem melhor, pois trabalham mais,
c) é necessário observá-los, com base em raciocínios e enquanto outros vivem no ócio e na pobreza.
cálculos corretos. c) as desigualdades entre os homens são resultado da
d) é necessário ler criticamente o que sobre eles diz a natureza e independem da vontade humana.
tradição filosófica. d) a natureza humana impede que haja desigualdades
entre os homens, mesmo na vida em sociedade.

FIL0552 - (Uece) “Locke caracteriza como tirânico o FIL0554 - (Uece) Os filósofos políticos modernos
governo que ignora as leis e se orienta apenas pela usaram o conceito de estado de natureza para colocar
prepotência do governante. O único remédio que o a questão sobre o que legitima o contrato (ou pacto)
povo tem contra um governo tirânico é o direito de social fundador da sociedade civil (o Estado). Em outras
resistir às suas ações até que se possa substituí-lo. palavras, perguntavam-se pelo que torna legítima a
Nesse caso, a lei da natureza, que mesmo após o saída dos indivíduos do estado de natureza e sua
estabelecimento do Estado político continua em vigor, submissão à lei no Estado, através do contrato (ou
representa uma espécie de permissão moral para a pacto). Em última instância, essa é uma pergunta pela
desobediência sempre que o povo entender que a ação legitimidade do Estado.
do governante não tem em vista a preservação da O filósofo que considerou que a finalidade do contrato
sociedade. ” é o estabelecimento da liberdade e da igualdade civis
OTTONICAR, F. G. C. John Locke e o direito de resistência. In: em substituição à liberdade e à igualdade natural foi
Investigação Filosófica, v. 10, nº 1, p. 75-85, 2019. a) Jean-Jacques Rousseau.
b) Thomas Hobbes.
Segundo a citação acima, o direito de resistência à c) John Locke.
tirania se justificaria porque d) François-Marie Voltaire.
a) todos os direitos naturais dos indivíduos são
transferidos ao pacto social. FIL0555 - (Uece) Na edição de 2022 do Oscar, o surdo
b) os indivíduos preservam todos seus direitos naturais Troy Kotsur recebeu o prêmio de melhor ator
no pacto social. coadjuvante por sua participação no filme No ritmo do
c) a lei da natureza de autopreservação dos indivíduos Coração (2021). Essa premiação ocorreu justamente no
vale após o pacto social. ano em que, no Brasil, se comemoram os 20 anos da
d) o pacto inclui, na forma da lei, o direito do povo à Lei que reconhece a Língua Brasileira de Sinais (Libras),
resistência e ao tiranicídio. aprovada em 24 de abril de 2002. No seu tempo, o
filósofo francês Etienne de Condillac (1714-1780)
buscou fundamentar a língua de sinais francesa em um
ponto de vista filosófico. Ele o fez dizendo o seguinte
sobre o ensino em língua de sinais que o Abade de
l’Épeé (1712-1789), importante professor de surdos à
época, oferecia às crianças surdas:

60
“Com base na linguagem da ação, o abade De l’Epée Considerando a citação acima, é correto afirmar que
criou uma arte metódica, simples e fácil, com a qual dá a) vontade livre é a vontade determinada pela razão.
a seus pupilos ideias de todo tipo e, ouso dizer, ideias b) o agir livre, na prática, é espontâneo e involuntário.
mais precisas do que as que, em geral, se adquirem c) o ser racional é impulsivo e necessariamente livre.
com a ajuda da audição. O abade De l’Epée só tem um d) liberdade é verdadeiramente agir pelas paixões.
meio de dar às crianças surdas ideias sensoriais: é
analisar e fazer com que o pupilo analise junto. Assim,
ele os conduz de ideias sensoriais a ideias abstratas”. FIL0558 - (Uece) Quando argumenta que um Estado
CONDILLAC, E. Apud SACKS, Oliver. Vendo vozes: Uma viagem ao não tem direito a apropriar-se de outro Estado, seja por
mundo dos surdos. Trad. bras. Laura Teixeira Motta. São Paulo: herança de seus soberanos, troca, compra ou doação,
Companhia das Letras, 2010, p.30. Adaptado.
Kant afirma:
“Um Estado não é patrimônio (como, por exemplo, o
A expressão “linguagem da ação” deve ser entendida
solo em que ele tem a sua sede). É uma sociedade de
no sentido do que a linguística atual nomeia de língua
homens sobre a qual mais ninguém a não ser ele
gestual-visual. Considerando a citação acima, é correto
próprio tem de mandar e dispor. Enxertá-lo noutro
afirmar que o ponto de vista filosófico em que
Estado significa eliminar a sua existência como pessoa
Condillac se baseia para justificar a língua de sinais é
moral e fazer desta última uma coisa, contradizendo,
a) idealista.
por conseguinte, a ideia do contrato originário, sem a
b) racionalista.
qual é impossível pensar Direito algum sobre um
c) marxista.
povo”.
d) empirista. KANT, Immanuel. À paz perpétua: Um projeto filosófico. Trad. port. Artur
Morão. Covilhã, Portugal: Universidade da Beira Interior, 2008, p.5.
FIL0556 - (Uece) “A moradora de rua Rosângela Sibele, Adaptado.

que furtou R$ 21,69 em comida para alimentar os Baseado na citação acima, é correto afirmar que
filhos, concedeu uma entrevista ao Brasil Urgente após a) o Estado é uma coisa, por isso só pode ser tomado
deixar a cadeia e contou que tem ‘o sonho de ser pela força.
gente’. Ela ficou 18 dias detida após o episódio e teve a b) o Estado, sendo uma coisa, pode ser herdado,
prisão revogada pelo ministro Joel Ilan Paciornik, do STJ comprado ou doado.
(Superior Tribunal Federal), na última quarta-feira, 13. c) cada Estado, como pessoa moral, só obedece às suas
‘Meu grande sonho é ser gente. Eu ainda não sei o que próprias leis.
é isso, não sei o que é ser mãe, filha, irmã’, contou ela. d) o Estado é uma pessoa moral, pois o território é
A mulher de 41 anos é mãe de cinco filhos e mora há sagrado para seu povo.
dez anos nas ruas de São Paulo. ”
IG DELAS. “Meu sonho é ser gente”, diz mãe que furtou comida FIL0559 - (Uece) “A tarefa da bela aparência artística,
para alimentar os filhos. Disponível em: segundo Hegel, é libertar-nos da aparência sensorial
https://delas.ig.com.br/2021-10-14/sonho-ser-gente-mae-furto- impura e grosseira. No quadro de um mestre holandês,
filhos.html. Acessado em 14/10/2021.
não é a exata reprodução dos objetos que nos agrada:
é que a ‘magia da cor e da iluminação’ transfigura as
A palavra “gente” na fala dessa mulher, quando
pobres coisas naturais que são representadas; é que as
compreendida à luz da Ética de Immanuel Kant,
cenas prosaicas de quermesses e bebedeiras são
expressa seu desejo de
metamorfoseadas num ‘domingo da vida’; é que a ‘bela
a) compor a população de um país ou um Estado.
aparência’ torna fascinante o que, na vida, nos deixava
b) ter satisfeitas as suas carências alimentares.
indiferentes. Assim, a representação artística é uma
c) ser solta da cadeia e ficar livre de penalidade.
negação sorrateira do sensível: ante os nossos olhos, o
d) ser moralmente reconhecida em sua dignidade.
sensível se torna o que ele não é. Mas, é claro, é
sempre ante nossos olhos que se efetua essa
FIL0557 - (Uece) “Todo o ser que só pode agir sob a
transmutação; é sempre no sensível que a arte critica
ideia da liberdade é, por isso mesmo, em sentido
o sensível. E porque a obra de arte se apresenta
prático, verdadeiramente livre. Quer dizer, para ele
necessariamente numa matéria sensível, ela não pode
valem todas as leis que estão inseparavelmente ligadas
ser ‘o modo de expressão mais elevado da verdade’. O
à liberdade, exatamente como se a sua vontade fosse
fato de a obra de arte se dirigir à aísthesis
definida como livre em si mesma. A todo o ser racional
(sensibilidade) constitui, para Hegel, tanto a sua
que tem uma vontade, temos que atribuir-lhe
essência como a sua limitação.”
necessariamente também a ideia de liberdade, sob a LEBRUN, G. A mutação da obra de arte. In: A filosofia e sua
qual ele unicamente pode agir.” história. São Paulo: Cosac Naify, 2006, p. 332-333 – Adaptado.
Kant, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. port.
Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70, p. 16 – Adaptado.
61
Conforme o texto acima, é correto afirmar que, para FIL0562 - (Uece) “O comportamento efetivo, ativo do
Hegel, a arte não pode ser o modo de expressão mais homem para consigo mesmo na condição de ser
elevado da verdade, porque genérico, ou o acionamento de seu ser genérico como
a) ultrapassa o sensível, tornando-se conceitual. um ser genérico efetivo, na condição de ser humano,
b) não abrange toda a realidade por ser sensível. somente é possível porque ele efetivamente expõe
c) se limita à pura e grosseira realidade sensível. todas as suas forças genéricas – o que é possível apenas
d) modifica o sensível, produzindo uma ilusão. mediante a ação conjunta dos homens, somente
enquanto resultado da história –, comportando-se
diante delas como frente a objetos.”
FIL0560 - (Uece) “Para Hegel, a arte apresenta a Marx, K. Manuscritos Econômico-filosóficos. Trad. bras. Jesus
realidade e a liberdade do espírito na forma sensível. Ranieri. São Paulo: Boitempo Editorial, 2004, p. 22 – Adaptado.
Ela apresenta imediatamente, na forma sensível, toda
a gama de relações humanas, com seus sentimentos, Considerando a citação acima, é correto afirmar que
ações, paixões, conflitos, estados etc. Diferentemente, a) a história resulta da atividade prática pela qual o
a filosofia apreende toda essa mesma realidade e homem, em relação com outros, desenvolve-se como
liberdade das relações humanas no pensamento, a gênero humano.
partir do pensamento, no conceito.” b) o homem, na história, é determinado por forças,
SILVA FILHO, A. V. Poesia e prosa: Arte e filosofia na Estética de estranhas a ele, que o conduzem em direção a uma
Hegel. Campinas, SP: Pontes, 2008. - Adaptado. ação genérica.
c) as forças genéricas são o resultado de forças
Com base na citação acima, compreende-se a metáfora exteriores ao homem postas como objetos frente a ele.
hegeliana da “morte da arte” no sentido de que d) a história resulta da relação que os homens,
a) a arte, por ser sensível, deve perecer como tudo o isoladamente, estabelecem com os objetos que a
que é sensível perece. natureza lhes impõe.
b) a apresentação sensível do real na arte é superada
pela apresentação conceitual.
c) a arte é falsa: por ser sensível, não consegue
apresentar a verdade do real. FIL0563 - (Uece) O filósofo cearense Alcântara
d) o real apresentado sensivelmente pela arte é Nogueira (1918-1989) afirma o seguinte sobre o
diferente do real conceitualizado. materialismo histórico:
“Marx considera o processo histórico significando uma
atividade que se exerce em contínua transformação e
FIL0561 - (Uece) “A contradição aparece em todo que, no final, se realiza como ação em constante
desenvolvimento. O desenvolvimento da árvore é a modificação renovadora. [...] Existe a realidade
negação da semente, e a floração é a negação das objetiva, mas é preciso que esta seja modificada,
folhas, pois estas não marcam a mais alta e verdadeira porque só assim haverá condições para alcançar sua
existência da árvore; por último, a floração é negada compreensão [...]”.
pelo fruto. Mas este último não pode chegar à NOGUEIRA, Francisco Alcântara. Poder e humanismo. Porto
atualidade sem a precedente existência dos outros Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1989, p.147.
estágios.”
HEGEL, G. W. F. Introdução à história da filosofia. Trad. port. Em outras palavras, a compreensão da realidade
Antônio Pinto de Carvalho. Coimbra: Arménio Amado, 1961. – a) não depende da ação humana.
Adaptado b) só é possível com a ação humana.
c) antecede toda ação humana.
Em sua concepção dialética, Hegel explica o d) é o mesmo que a ação humana.
desenvolvimento do real, usando os termos “negação”,
“contradição” e “atualidade”, porque
a) o desenvolvimento da realidade só é possível com a
negação da contradição, que o impede.
b) a contradição, que impulsiona o desenvolvimento,
só deixa de existir na atualização das potências.
c) a contradição presente na realidade nega-a em seu
estágio anterior e a eleva a outro estágio.
d) a atualização das potências da realidade é
contraditória com a negação dos estágios anteriores.

62
FIL0611 - (Fer) Mas eu me persuadi de que nada existia a) A questão da manutenção do poder é o principal
no mundo, que não havia nenhum céu, nenhuma terra, desafio ao príncipe e, por isso, ele não precisa cumprir
espíritos alguns, nem corpos alguns; me persuadi a palavra dada, desde que autorizado pela Igreja.
também, portanto, de que eu não existia? Certamente b) Há uma ordem natural e eterna em todas as
não, eu existia, sem dúvida, se é que eu me persuadi questões humanas e em todo o fazer político, de modo
ou, apenas, pensei alguma coisa. Mas há algum, não sei que a estabilidade e a certeza são constantes nessa
qual, enganador mui poderoso e mui ardiloso que dimensão.
emprega toda a sua indústria em enganar-me sempre. c) O mundo da política obriga o governante a tomar
Não há pois dúvida alguma de que sou, se ele me decisões que contrariam os seus ideais de moralidade
engana; e, por mais que me engane, não poderá jamais e de virtude em nome da conservação do regime
fazer com que eu nada seja, enquanto eu pensar ser político.
alguma coisa. De sorte que, após ter pensado bastante d) O mundo da política exige ações más, porém
nisto e de ter examinado cuidadosamente todas as disfarçadas de bondade, isto é, a total hipocrisia do
coisas, cumpre enfim concluir e ter por constante que político.
esta proposição, penso, logo sou, é necessariamente e) O governante deve ser um modelo de virtude, e é
verdadeira, todas as vezes que a enuncio […]. precisamente por saber como governar a si próprio e
(René Descartes. Meditações, 1973.) não se deixar influenciar pelos maus que ele está
qualificado a governar os outros, isto é, a conduzi-los à
O texto ilustra o método epistemológico defendido por virtude.
Descartes. Sobre esse método de aquisição de
conhecimento, pode-se afirmar que ele busca:
a) Fundamentar as certezas a partir da experiência
sensível. FIL0613 - (Fer) Mesmo supondo que as faculdades
b) Chegar a um conhecimento provável, evitando racionais de Adão fossem inteiramente perfeitas desde
qualquer espécie de dúvida. o primeiro momento, ele não poderia ter inferido da
c) Excluir a metafísica do campo de estudo da Filosofia, fluidez e da transparência da água que ela o afogaria,
por meio de uma posição cética ante a existência de ou da luz e do calor do fogo, que este o consumiria.
ideias inatas. Nenhum objeto jamais revela, pelas qualidades que
d) Chegar ao conhecimento seguro, usando a dúvida aparecem aos sentidos, tanto as causas que o
como etapa metodológica. produziram como os efeitos que surgirão dele; nem
e) Duvidar de tudo, exceto das verdades da fé cristã já pode nossa razão, sem o auxílio da experiência, jamais
estabelecidas. tirar uma inferência acerca da existência real e de um
fato.
HUME, D. Investigação acerca do Entendimento Humano. São
Paulo: Nova Cultural, 1996, p. 50.
Com base no texto e em seus conhecimentos sobre a
teoria do conhecimento de David Hume, assinale a
FIL0612 - (Fer) Considere o seguinte texto: alternativa CORRETA:
Maquiavel rejeita a política normativa dos gregos, a a) A noção de causalidade entre objetos decorre da
qual, ao explicar “como o homem deve agir”, cria inferência de que há uma conexão necessária entre
sistemas utópicos. A nova política, ao contrário, deve eventos similares e constantes.
procurar a verdade efetiva, ou seja, “como o homem b) Para Hume, a experiência não é determinante para
age de fato”. O método de Maquiavel estipula a a elaboração de nossas regras de conduta, pois
observação dos fatos, o que denota uma tendência podemos nos equivocar sobre o que sentimos.
comum aos pensadores do Renascimento, c) A noção de causa é uma força que impulsiona os
preocupados em superar, através da experiência, os objetos e a noção de efeito é a ação resultante sobre
esquemas meramente dedutivos da Idade Média. Seus esse mesmo objeto.
estudos levam à constatação de que os homens d) Há, em nosso pensamento, percepções cuja origem
sempre agiram pelas formas da corrupção e da não remonta, em última instância, àquilo que é origem
violência. de nossas impressões.
(Maria Lúcia Aranha e Maria Helena Martins. Filosofando, 1986. e) Hume não pode ser considerado um filósofo cético,
Adaptado.) uma vez que defende a possibilidade do conhecimento
das relações de causa e efeito por meio das sensações.
Com base no texto e no pensamento político de
Maquiavel, assinale a alternativa correta:

63
FIL0614 - (Fer) Contra o obscurantismo, o I. A exemplo de John Locke, Rousseau apresenta uma
Iluminismo/Esclarecimento sustentou que a ignorância concepção positiva da propriedade como elemento
não é uma virtude e que a obediência cega à fundamental na consolidação do pacto social e da
autoridade é incompatível com nossa natureza opinião geral.
racional. A esse respeito, Immanuel Kant foi taxativo: II. O homem, degenerado pela civilização, só poderá
“Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o recuperar a felicidade no estado de natureza com o
lema do esclarecimento [«Aufklärung»]”.
retorno à vida isolada no meio das florestas.
KANT, Immanuel. Resposta à pergunta Que é “Esclarecimento”?
(Aufklärung) Trad. Floriano de Souza Fernandes, 2 ed. Petrópolis, III. Para Rousseau, o processo de desigualdade
Editora Vozes, 1985. p. 100. consolidou-se com o estabelecimento da lei e do
direito de propriedade.
De acordo com o texto e com seus conhecimentos IV. A felicidade original do bom selvagem se realiza no
sobre o movimento Iluminista, assinale a alternativa suor de seu trabalho em sua propriedade, de onde
correta: retira o necessário para a sua sobrevivência.
a) A razão defendida pelos iluministas depende de
Deus, entidade transcendente que banha a Terra de luz Estão corretas as afirmativas:
resplandecente. a) Todas estão corretas.
b) O pensamento iluminista busca superar a b) Somente I, III e IV estão corretas.
sacralização da realidade e coloca o homem como c) Somente II e IV estão corretas.
centro da reflexão, de modo que a razão humana passa d) Somente II e III estão corretas.
a ser parâmetro do conhecimento. e) Somente a afirmativa III está correta.
c) No campo político o Iluminismo adotou
unanimemente uma posição de defesa do sufrágio
universal como único instrumento para instaurar um FIL0616 - (Fer) Considere os fragmentos a seguir:
Estado democrático. A única maneira de instituir um tal poder comum é
d) As teorias iluministas desenvolveram-se conferir toda sua força e poder a um homem ou a uma
principalmente no âmbito das sociedades secretas assembleia de homens. É como se cada homem
europeias, uma vez que o conhecimento era dissesse a cada homem: Cedo e transfiro meu direito
considerado perigoso demais para ser divulgado de governar-me a mim mesmo a este homem, ou a esta
publicamente. assembleia de homens, com a condição de transferires
e) A crítica ao Antigo Regime incluiu a Igreja Católica, a ele teu direito, autorizando de maneira semelhante
de modo que os filósofos do Esclarecimento são todos todas as suas ações. Feito isso, à multidão assim unida
ateus. numa só pessoa se chama Estado.
Adaptado de: HOBBES, T. Leviatã. Trad. de João Paulo Monteiro e
Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Abril Cultural, 1974. p.109.
Coleção Os Pensadores.

A monarquia absoluta é incompatível com a sociedade


FIL0615 - (Fer) Ora, nada é mais meigo do que o civil, não podendo ser uma forma de governo civil,
homem em seu estado primitivo, quando, colocado porque o objetivo da sociedade civil consiste em evitar
pela natureza a igual distância da estupidez dos brutos e remediar os inconvenientes do estado de natureza
e das luzes funestas do homem civil, é impedido pela que resultam necessariamente de poder cada homem
piedade natural de fazer mal a alguém. Mas, desde o ser juiz em seu próprio caso, estabelecendo-se uma
instante em que se percebeu ser útil a um só contar autoridade conhecida para a qual todos os membros
com provisões para dois, desapareceu a igualdade, dessa sociedade podem apelar por qualquer dano que
introduziu-se a propriedade, o trabalho tornou-se lhe causem ou controvérsia que possa surgir, e à qual
necessário e as vastas florestas transformaram-se em todos os membros dessa sociedade terão que
campos que se impôs regar com o suor dos homens e obedecer.
nos quais logo se viu a escravidão e a miséria Adaptado de: LOCKE, J. Segundo Tratado sobre o Governo (ou
germinarem e crescerem com as colheitas. Ensaio sobre o Governo Civil). 5.ed. São Paulo: Nova Cultural,
Rousseau. Discurso sobre a origem e os fundamentos da 1991. p.250
desigualdade entre os homens, 1991. Adaptado.
Com base nos fragmentos e nos conhecimentos sobre
Considerando a teoria contratualista de Rousseau, a filosofia política de Thomas Hobbes e John Locke,
julgue os itens: assinale a alternativa correta:

64
a) Os autores, representantes do contratualismo FIL0618 - (Fer) “Nenhum conhecimento em nós
britânico, defendem a criação de um Estado precede a experiência e todo conhecimento começa
absolutista, capaz de impor o poder aos súditos. com ela. Mas, embora todo o nosso conhecimento
b) Hobbes nega a existência de direitos naturais, pois o comece com a experiência, nem por isso todo ele se
homem somente passa a ser sujeito de direitos depois origina da experiência. Pois, poderia bem acontecer
da constituição do Estado, por meio do Contrato Social. que, mesmo o nosso conhecimento de experiência seja
c) Para Hobbes, o poder soberano instituído mediante um composto daquilo que recebemos por impressões
o pacto de submissão é um poder limitado, restrito e e daquilo que nossa própria faculdade de
revogável, pois no estado civil permanecem em vigor conhecimento fornece de si mesma. (...) Tais
os direitos naturais à vida, à liberdade e à propriedade. conhecimentos denominam-se a priori e distinguem-se
d) John Locke, filósofo inglês do século XVII, foi um dos empíricos, que possuem suas fontes a posteriori,
crítico do poder absoluto dos reis, e suas ideias ou seja, na experiência.”
políticas fundamentaram as revoluções liberais KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. Introdução, São Paulo,
ocorridas na Europa e nas Américas, a partir do final do Abril Cultural, 1980, coleção Os Pensadores (adaptado).
século XVIII.
e) Locke formulou a tese de que, no estado de Com base no texto e na teoria do conhecimento de
natureza, os homens viviam em permanente estado de Kant, assinale a alternativa INCORRETA:
guerra, o que gerava insegurança, anarquia e miséria. a) O conhecimento é constituído de matéria e forma.
No seu entendimento, o Estado surgiu para fazer cessar Para termos conhecimento das coisas, temos de
essa “guerra de todos contra todos”. organizá-las a partir das formas a priori do espaço e do
tempo.
b) Se a Metafísica é o conhecimento da essência das
FIL0617 - (Fer) Immanuel Kant afirma que o imperativo coisas elas mesmas, Kant é, na Crítica da Razão Pura,
categórico é o princípio objetivo da moralidade válido um defensor da Metafísica, e não um defensor da
para todos os seres humanos como fundamento de finitude do conhecimento.
determinação da vontade e critério de escolha de c) O conhecimento tem seu início na experiência
máximas morais. sensível; isso não significa, todavia, que ele esteja
preso à experiência e limitado por ela.
Sobre a moral kantiana, marque V, se for verdadeiro, e d) O ato de conhecer se distingue em duas formas
F, se for falso. básicas: conhecimento empírico e conhecimento puro.
e) Podemos conhecer, em relação às coisas em si
(__) Immanuel Kant defende a tese de que as ações mesmas, apenas seu fenômeno, ou seja, a maneira
humanas morais são motivadas unicamente pelos como elas afetam nossos sentidos.
sentimentos inerentes à natureza humana e ao
instinto, por exemplo, o sentimento de piedade em
relação ao próximo.
(__) Para Kant, devemos pensar e agir de tal modo que
todas as nossas ações se transformem em lei universal.
(__) Liberdade e obrigação são conceitos que se opõem
mutuamente, pois, se uma ação é considerada livre e,
portanto, dependente apenas do querer do agente,
então é inaceitável, de acordo com Kant, que seres
humanos tenham deveres morais.
(__) Kant acreditava que era possível desenvolver um
sistema moral consistente e particular, utilizando
apenas as experiências sensíveis.

A sequência correta, de cima para baixo, é:


a) V, V, V, V.
b) V, F, V, F.
c) F, V, F, F.
d) V, V, V, F.
e) F, V, V, F.

65
FIL0619 - (Fer) Resta-nos um único e simples método, FIL0620 - (Fer) Afirma o filósofo Galileu Galilei (1564-
para alcançar os nossos intentos: levar os homens aos 1642):
próprios fatos particulares e às suas séries e ordens, a “A Filosofia encontra-se escrita neste grande livro que
fim de que eles, por si mesmos, se sintam obrigados a continuamente se abre perante nossos olhos (isto é, o
renunciar às suas noções e comecem a habituar-se ao Universo), que não se pode compreender antes de
trato direto das coisas. entender a língua e conhecer os caracteres com os
(BACON, F. Novum Organum Trad. José Aluysio Reis de Andrade. quais está escrito. Ele está escrito em língua
São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 26.)
matemática, os caracteres são triângulos,
circunferências e outras figuras geométricas, sem cujos
Considerando as ideias do filósofo britânico Francis meios é impossível entender humanamente as
Bacon sobre o método de produção do conhecimento, palavras: sem eles nós vagamos perdidos dentro de um
assinale a alternativa correta. obscuro labirinto”.
a) Francis Bacon é considerado um defensor do (GALILEI, Galileu. O ensaiador. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p.
método indutivo de investigação científica. 119 – Coleção Os pensadores).
b) A concepção baconiana de mundo está ligada à
corrente racionalista que associa a ideia divina Sobre as ideias de Galileu e a Revolução Científica,
revelada ao processo de descoberta da verdade. julgue os itens abaixo.
c) Há na alma humana, para Bacon, algumas ideias
inatas que permitiriam a compreensão dos dados I. A nova postura de investigação científica, assumida
captados pelos sentidos. por Galileu, baseava-se na metodologia da:
d) A investigação da natureza consiste em aplicar um observação, experimentação e na valorização da
conjunto de pressupostos metafísicos, cuja função é matemática.
orientar a investigação, aos dados fornecidos pelos II. O abandono da especulação levou Galileu a adotar
sentidos. pressupostos da filosofia de Aristóteles, pois esse
e) Por defender o empirismo, Bacon afirma que o pensador possuía uma concepção de experimentação
conhecimento sensível anula o conhecimento racional similar à sua.
e se contrapõe a ele. III. Segundo Galileu, a bíblia, por registrar literalmente
a palavra divina, apresenta a verdade dos fatos
naturais, tornando-se guia para a ciência.
IV. Galileu é um dos vultos do Renascimento. O
Renascimento vai marcar uma mudança de
mentalidade e a afirmação de novos valores, entre
outros, o individualismo, o humanismo e o
antropocentrismo.

Está correto o que se afirma em:


a) I, II, III e IV.
b) III e IV somente.
c) I e IV somente.
d) II e III somente.
e) Todas estão erradas.

66
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Filosofia Contemporânea
FIL0365 - (Uece) d) na concepção moral agostiniana, na qual o bem e o
mal, o pecado e a graça, a cidade dos homens e a
cidade de Deus coabitam no interior de cada indivíduo:
Coringa e Batman são representações dessa
contradição.

FIL0366 - (Uece) “Não existe contraposição maior à


exegese e justificação puramente estética do mundo
[...] do que a doutrina cristã, a qual é e quer ser
A refilmagem, deste ano, do clássico personagem somente moral, e com seus padrões absolutos, já com
“Coringa” provocou discussões sobre seus significados sua veracidade de Deus, por exemplo, desterra a arte,
no plano sociopolítico. Analisando as várias versões toda arte, ao reino da mentira – isto é, nega-a, reprova-
inspiradas no HQ da DC Comics, a, condena-a.”
Fabrício Moraes descreve o Coringa como o id, o NIETZSCHE, F. O nascimento da tragédia, ou helenismo e
pessimismo. – “Tentativa de autocrítica”. São Paulo: Companhia
impulso destrutivo e caótico, mas também criativo e
das Letras, 1992, p. 19.
artístico. Batman seria o superego, o juiz punitivo e
ordenador da cidade, o arquétipo do guardião que
Nessa passagem, Nietzsche
afronta e interpõe limites a um território. O Coringa
a) apoia a valorização moral da obra de arte, negando
seria a face da comédia, Batman não se livra da face da
que seja possível obras de arte divergentes da moral
tragédia. Neste sentido, o filme Coringa nos mostraria
cristã.
que o aspecto lúdico só tem pleno sentido se coexiste
b) defende uma arte verdadeira, contra a arte cristã,
com a vida da sobriedade. Coringa e Batman são
que adere à mentira, pois não passa de uma moral.
indissociáveis.
c) concebe que os padrões absolutos do cristianismo
Ver: MORAES, Fabrício. ‘Coringa’: A raiva de Caliban por se ver no
espelho. In Revista Amálgama. Disponível em: são supraestéticos, suprassensíveis, e por isso
https://www.revistaamalgama.com.br/10/2019/resenha-coringa/. valorizam a arte.
2019. d) critica a concepção moral da existência em defesa
do caráter sensível, estético do mundo, tal como se
Considerando a análise acima, é correto dizer que está configura na arte.
amparada teoricamente
a) na noção estético-moral de Nietzsche em O
nascimento da tragédia, onde ordem e caos se FIL0367 - (Enem) Eis o ensinamento de minha doutrina:
equilibram e fazem nascer o humano: Coringa e “Viva de forma a ter de desejar reviver – é o dever –,
Batman são indissociáveis como Dionísio (loucura) e pois, em todo caso, você reviverá! Aquele que ama
Apolo (razão). antes de tudo se submeter, obedecer e seguir, que
b) na teoria política marxista, que concebe as relações obedeça! Mas que saiba para o que dirige sua
sociais mascaradas pela ideologia de classe, o que preferência, e não recue diante de nenhum meio! É a
necessariamente provoca o conflito social: Coringa e eternidade que está em jogo!”.
Batman são representações da luta de classes. NIETZSCHE apud FERRY, L. Aprender a viver: filosofia para os novos
c) na definição de arte dos filósofos gregos como tempos. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010 (adaptado).
Aristóteles, cuja ideia fundamental era a de mímesis,
ou seja, de imitação ou representação da realidade: O trecho contém uma formulação da doutrina
Coringa e Batman são representações do ser e do não nietzscheana do eterno retorno, que apresenta
ser. critérios radicais de avaliação da

1
a) qualidade de nossa existência pessoal e coletiva. Novaes, A. (org.) Artepensamento. São Paulo. Companhia das
b) conveniência do cuidado da saúde física e espiritual. Letras, 1994.
c) legitimidade da doutrina pagã da transmigração da Os trechos acima aludem diretamente à crítica
alma. nietzschiana referente à atitude estética que
d) veracidade do postulado cosmológico da perenidade a) subordina a beleza à racionalidade.
do mundo. b) cultua os antigos em detrimento do contemporâneo.
e) validade de padrões habituais de ação humana ao c) privilegia o cômico ao trágico.
longo da história. d) concebe o gosto como processo social.
e) glorifica o gênio em detrimento da composição
FIL0368 - (Unesp) Convicção é a crença de estar na calculada.
posse da verdade absoluta. Essa crença pressupõe que
há verdades absolutas, que foram encontrados FIL0370 - (Ueg) Friedrich Nietzsche (1844-1900) é um
métodos perfeitos para chegar a elas e que todo aquele importante e polêmico pensador contemporâneo,
que tem convicções se serve desses métodos perfeitos. particularmente por sua famosa frase “Deus está
Esses três pressupostos demonstram que o homem das morto”. Em que sentido podemos interpretar a
convicções está na idade da inocência, e é uma criança, proclamação dessa morte?
por adulto que seja quanto ao mais. Mas milênios a) O Deus que morre é o Deus cristão, mas ainda vive o
viveram nesses pressupostos infantis, e deles jorraram deus-natureza, no qual o homem encontrará uma
as mais poderosas fontes de força da humanidade. Se, justificativa e um consolo para sua existência sem
entretanto, todos aqueles que faziam uma ideia tão sentido.
alta de sua convicção houvessem dedicado apenas b) Não fomos nós que matamos Deus, ele nos
metade de sua força para investigar por que caminho abandonou na medida em que não aceitamos o fato de
haviam chegado a ela: que aspecto pacífico teria a que essa vida só poderá ser justificada no além, uma
história da humanidade! vez que o devir não tem finalidade.
(Nietzsche. Obras incompletas, 1991. Adaptado.) c) O Deus que morre é o deus-mercado, que tudo
nivela à condição de mercadoria, entretanto o Deus
Nesse excerto, Nietzsche cristão poderá ainda nos salvar, desde que nos
a) defende o inatismo metafísico contra as teses abandonemos à experiência de fé.
empiristas sobre o conhecimento. d) A morte de Deus não se refere apenas ao Deus
b) valoriza a posse da verdade absoluta como meio cristão, mas remete à falta de fundamento no
para a realização da paz. conhecimento, na ética, na política e na religião,
c) defende a fé religiosa como alicerce para o cabendo ao homem inventar novos valores.
pensamento crítico. e) A morte de Deus serve de alerta ao homem de que
d) identifica a maturidade intelectual com a capacidade nada é infinito e eterno, e que o homem e sua
de conhecer a verdade absoluta. existência são momentos fugazes que devem ser
e) valoriza uma postura crítica de autorreflexão, em vividos intensamente.
oposição ao dogmatismo.
FIL0371 - (Enem) Jamais deixou de haver sangue,
FIL0369 - (Unioeste) Considere os seguintes excertos: martírio e sacrifício, quando o homem sentiu a
“Dionísio já havia sido afugentado do palco trágico e o necessidade de criar em si uma memória; os mais
fora através do poder demoníaco que falava pela boca horrendos sacrifícios e penhores, as mais repugnantes
de Eurípedes. Também Eurípedes foi, em certo sentido, mutilações (as castrações, por exemplo), os mais cruéis
apenas máscara: a divindade, que falava por sua boca, rituais, tudo isto tem origem naquele instinto que
não era Dionísio, tampouco Apolo, porém um demônio divisou na dor o mais poderoso auxiliar da memória.
NIETZSCHE, F. Genealogia da moral. São Paulo: Cia. das Letras,
de recentíssimo nascimento, chamado Sócrates”.
1999.
Nietzsche, F. O Nascimento da Tragédia ou Helenismo e
Pessimismo. Trad. J. Guinsburg. São Paulo: Companhia das Letras,
1996. O fragmento evoca uma reflexão sobre a condição
humana e a elaboração de um mecanismo distintivo
“O Nascimento da tragédia tem dois objetivos entre homens e animais, marcado pelo(a)
principais: a crítica da racionalidade conceitual a) racionalidade científica.
instaurada na filosofia por Sócrates e Platão; a b) determinismo biológico.
apresentação da arte trágica, expressão das pulsões c) degradação da natureza.
artísticas dionisíaca e apolínea, como alternativa à d) domínio da contingência.
racionalidade”. e) consciência da existência.
Machado, R. “Arte e filosofia no Zaratustra de Nietzsche” In:
2
FIL0372 - (Ufu) Nietzsche escreveu: que tudo quanto puder possuir ou ser aos olhos dos
E vede! Apolo não podia viver sem Dionísio! O outros. Um homem espiritualmente rico, na mais
“titânico” e o “bárbaro” eram no fim de contas, absoluta solidão, consegue se divertir primorosamente
precisamente uma necessidade tal como o apolíneo! com seus próprios pensamentos e fantasias, enquanto
NIETZSCHE, F. O nascimento da tragédia ou helenismo e um obtuso, por mais que mude continuamente de
pessimismo. Tradução de J. Guinsburg. São Paulo: Companhia das
sociedades, espetáculos, passeios e festas, não
Letras, 2007, p. 38.
consegue afugentar o tédio que o martiriza.
(Schopenhauer. Aforismos sobre a sabedoria de vida, 2015.
Assinale a alternativa que descreve corretamente o Adaptado.)
dionisíaco e o apolíneo.
a) O dionisíaco é a personificação da razão grega; o Com base no texto, é correto afirmar que a ética de
apolínio equivale ao poder místico do uno primordial. Schopenhauer
b) O dionisíaco é o homem teórico que personifica a a) corrobora os padrões hegemônicos de
sabedoria filosófica; o apolíneo é a natureza e suas comportamento da sociedade de consumo atual.
forças demoníacas. b) valoriza o aprimoramento formativo do espírito
c) O dionisíaco é o instinto, a embriaguez e a força vital; como campo mais relevante da vida humana.
o apolíneo é a racionalidade, o equilíbrio, a força c) valoriza preferencialmente a simplicidade e a
figurativa. humildade, em vez do cultivo de qualidades
d) O dionisíaco representa a força figurativa atuante na intelectuais.
arte; o apolíneo representa a música primordial não d) prioriza a condição social e a riqueza material como
objetivada. as determinações mais relevantes da vida humana.
e) realiza um elogio à fé religiosa e à espiritualidade em
FIL0373 - (Upe) Sobre a consciência crítica, considere o detrimento da atração pelos bens materiais.
texto a seguir:
O homem é corda estendida entre o animal e o Super- FIL0375 - (Ueg) Para Nietzsche, uma educação superior
homem: uma corda sobre um abismo; perigosa da humanidade exigiria uma transvaloração de todos
travessia, perigoso caminhar; perigoso olhar para trás, os valores que têm como frente de combate a
perigoso tremer e parar. O que é de grande valor no transvaloração platônico-cristã. Em relação à
homem é ele ser uma ponte e não um fim; o que se transvaloração proposta por Nietzsche, nota-se que
pode amar no homem é ele ser uma passagem e um a) visa retirar o homem da alienação na qual se
acabamento. Eu só amo aqueles que sabem viver como encontra, mostrando que tudo já está decidido e
que se extinguindo, porque são esses os que escolhido para nós.
atravessam de um para outro lado. b) sustenta uma visão metafísica que valoriza e postula
NIETZSCHE, Friedrich. Assim Falou Zaratustra. São Paulo, 1999, p. uma possível realidade para além do mundo sensível.
27.
c) implica uma valorização dos valores presentes
eliminando a ideia de um mundo metafísico de
O filósofo Nietzsche elucida, sobre a consciência crítica verdades eternas.
e a filosofia, que d) visa aprofundar a cisão platônico-cristã entre esse
a) o valor da natureza íntima do homem está na pura mundo (o empírico) e o outro mundo (o mundo-
razão e não na vontade de viver. verdade).
b) a dimensão existencial tem importância e conduz à e) opera uma inversão de valores, na medida em que
exaltação da vida e à superação do homem. considera os valores vigentes como sintoma de
c) a virtude do homem está na superação do existir decadência.
para alcançar a salvação.
d) o homem deve renunciar à vida e buscar o sentido FIL0376 - (Enem) Vi os homens sumirem-se numa
do super-homem na transcendência. grande tristeza. Os melhores cansaram-se das suas
e) a consciência crítica é a supressão da vontade de obras. Proclamou-se uma doutrina e com ela circulou
viver, já que o homem é o Super-homem. uma crença: Tudo é oco, tudo é igual, tudo passou! O
nosso trabalho foi inútil; o nosso vinho tornou-se
FIL0374 - (Unesp) Nossa felicidade depende daquilo veneno; o mau olhado amareleceu-nos os campos e os
que somos, de nossa individualidade; enquanto, na corações. Secamos de todo, e se caísse fogo em cima
maior parte das vezes, levamos em conta apenas a de nós, as nossas cinzas voariam em pó. Sim; cansamos
nossa sorte, apenas aquilo que temos ou o próprio fogo. Todas as fontes secaram para nós, e o
representamos. Pois, o que alguém é para si mesmo, o mar retirou-se. Todos os solos se querem abrir, mas os
que o acompanha na solidão e ninguém lhe pode dar abismos não nos querem tragar!
ou retirar, é manifestamente mais essencial para ele do
3
FIL0379 - (Ufsj) Na filosofia de Friedrich Nietzsche, é
NIETZSCHE. F. Assim falou Zaratustra. Rio de Janeiro: fundamental entender a crítica que ele faz à metafísica.
Ediouro,1977. Nesse sentido, é CORRETO afirmar que essa crítica
O texto exprime uma construção alegórica, que traduz a) tem o sentido, na tradição filosófica, de
um entendimento da doutrina niilista, uma vez que contentamento, plenitude.
a) reforça a liberdade do cidadão. b) é a inauguração de uma nova forma de pensar sem
b) desvela os valores do cotidiano. metafísica através do método genealógico.
c) exorta as relações de produção. c) é o discernimento proposto por Nietzsche para levar
d) destaca a decadência da cultura. à supressão da tendência que o homem tem à
e) amplifica o sentimento de ansiedade. individualidade radical.
d) pressupõe que nenhum homem, de posse de sua
FIL0377 - (Unesp) Jamais um homem fez algo apenas razão, tem como conceber uma metafísica qualquer,
para outros e sem qualquer motivo pessoal. E como que não tenha recebido a chancela da observação.
poderia fazer algo que fosse sem referência a ele
próprio, ou seja, sem uma necessidade interna? Como
poderia o ego agir sem ego? Se um homem desejasse FIL0380 - (Ufsj) “A Filosofia a golpes de martelo” é o
ser todo amor como aquele Deus, fazer e querer tudo subtítulo que Nietzsche dá à sua obra Crepúsculo dos
para os outros e nada para si, isto pressupõe que o ídolos. Tais golpes são dirigidos, em particular, ao(s)
outro seja egoísta o bastante para sempre aceitar esse a) conceitos filosóficos e valores morais, pois eles são
sacrifício, esse viver para ele: de modo que os homens os instrumentos eficientes para a compreensão e o
do amor e do sacrifício têm interesse em que norteamento da humanidade.
continuem existindo os egoístas sem amor e incapazes b) existencialismo, ao anticristo, ao realismo ante a
de sacrifício, e a suprema moralidade, para poder sexualidade, ao materialismo, à abordagem psicológica
subsistir, teria de requerer a existência da imoralidade, de artistas e pensadores, bem como ao
com o que, então, suprimiria a si mesma. antigermanismo.
(Friedrich Nietzsche. Humano, demasiado humano, 2005.
Adaptado.) c) compositores do século XIX, como, por exemplo,
A reflexão do filósofo sobre a condição humana Wolfgang Amadeus Mozart, compositor de uma ópera
apresenta pressupostos de nome “Crepúsculo dos deuses”, parodiada no título.
a) psicológicos, baseados na crítica da inconsistência d) conceitos de razão e moralidade preponderantes
subjetiva da moral cristã. nas doutrinas filosóficas dos vários pensadores que o
b) cartesianos, baseados na ideia inata da existência de antecederam e seus compatriotas e/ou
Deus na substância pensante. contemporâneos Kant, Hegel e Schopenhauer.
c) estoicistas, exaltadores da apatia emocional como
ideal de uma vida sábia.
d) éticos, defensores de princípios universais para FIL0381 - (Ufsj) Assinale a alternativa que expressa o
orientar a conduta humana. pensamento de Nietzsche sobre a origem do bem.
e) metafísicos, uma vez que é alicerçada no mundo a) “Faça isto e mais isto, não faça aquilo e mais aquilo
inteligível platônico. – e então serás feliz, contrário...” Dessas ações
procedem o bem em si.
FIL0378 - (Enem) Sentimos que toda satisfação de b) “Todo o bem procede do instinto e é, por
nossos desejos advinda do mundo assemelha-se à conseguinte, leve, necessário, espontâneo”.
esmola que mantém hoje o mendigo vivo, porém c) “O vício e o luxo são a causa do perecimento de
prolonga amanhã a sua fome. A resignação, ao povos e raças”. Libertar-se de tais desequilíbrios, eis aí
contrário, assemelha-se à fortuna herdada: livra o a fórmula do bem original.
herdeiro para sempre de todas as preocupações. d) “O cornarismo resume toda a origem do bem e é
SCHOPENHAUER, A. Aforismo para a sabedoria da vida. São Paulo: prerrogativa cultural da raça humana”.
Martins Fontes, 2005
O trecho destaca uma ideia remanescente de uma
tradição filosófica ocidental, segundo a qual a FIL0382 – (Ufsj) Nietzsche identificou os deuses gregos
felicidade se mostra indissociavelmente ligada à Apolo e Dionísio, respectivamente, como
a) a consagração de relacionamentos afetivos. a) complexidade e ingenuidade: extremos de um
b) administração da independência interior. mesmo segmento moral, no qual se inserem as paixões
c) fugacidade do conhecimento empírico. humanas.
d) liberdade de expressão religiosa. b) movimento e niilismo: polos de tensão na existência
e) busca de prazeres efêmeros. humana.
4
c) alteridade e virtu: expressões dinâmicas de a) agiria de modo coerente com os valores pacifistas,
intervenção e subversão de toda moral humana. repudiando o uso da força física e da violência na
d) razão e desordem: dimensões complementares da consecução de seus objetivos.
realidade. b) expressaria os princípios morais do protestantismo,
em contraposição ao materialismo presente no herói
FIL0383 - (Ufsj) O que motivou a crítica de Nietzsche à dos quadrinhos.
cultura ocidental a partir de Sócrates foi c) abdicar-se-ia das regras morais vigentes,
a) a atitude niilista de Sócrates de recusar a vida e optar desprezando as noções de “bem”, “mal”, “certo” e
por ingerir a letal dose de cicuta. “errado”, típicas do cristianismo.
b) a busca e aferição da verdade por meio de um d) representaria os valores políticos e morais alemães,
método que Sócrates denominou de maiêutica. e não o individualismo pequeno burguês norte-
c) o fato de Sócrates ter negado a intuição criadora da americano.
filosofia anterior, pré-socrática.
d) a total falta de vinculação da filosofia socrática aos FIL0387 - (Ufsj) A ideia do “martelo” de Nietzsche é
preceitos básicos de uma lógica possível, o que o entendida como
tornava obscuro. a) argumento construído com a clara intenção de
fomentar o debate e a defesa privilegiada dos valores
FIL0384 - (Unimontes) O pensamento de Nietzsche e da moral cristã.
(1844 - 1900) orienta-se no sentido de recuperar as b) instrumento metafórico de destruição de todos os
forças inconscientes, vitais, instintivas, subjugadas pela ídolos, de todas as crenças estabelecidas, de todas as
razão durante séculos. Para tanto, critica Sócrates por convenções e valores transcendentais fundamentados
ter encaminhado, pela primeira vez, a reflexão moral na moral e na religião cristã, bem como na filosofia
em direção ao controle racional das paixões. Nietzsche metafísica socrático-platônica.
faz uma crítica à tradição moral desenvolvida pelo c) uma normalização para todo e qualquer embate
ocidente. Marque a alternativa que indica as obras que moral e sistemático no âmbito das relações do Homem
melhor representam a crítica nietzscheana. com o mundo no qual ele está inserido.
a) Para além do bem e do mal, Genealogia da moral, d) uma afirmação da derrogação do universo racional e
Crepúsculo dos ídolos. religioso no qual estava mergulhada a natureza
b) Para além do bem e do mal, Genealogia da moral, humana do século XVIII.
República.
c) Leviatã, Genealogia da moral, Crepúsculo dos ídolos. FIL0388 - (Unioeste) O filósofo alemão Martin
d) Microfísica do poder, Genealogia da moral, Heidegger publicou, em 1927, sua obra Ser e tempo,
Crepúsculo dos ídolos. que rapidamente ganhou notoriedade e ocupa posição
central nos debates de várias correntes e temas
FIL0385 - (Ufsj) Na perspectiva nietzscheana, o livre- filosóficos. Entre as inovações da obra, está a elevação
arbítrio é um erro porque da tonalidade afetiva ao centro da possibilidade de
a) ao declarar que os homens são livres, as forças compreensão do mundo. Compreendemos algo
coercitivas, como o poder da Igreja, agem com o claro sempre situado em algum contexto: primeiro dá-se
intuito de castigá-los, julgá-los e declará-los culpados. algo como sala de aula, ou como sala de visitas, ou
b) os homens, indignos como são, jamais alcançarão a como sala de jogos, e somente por abstração
dimensão da ideia implícita no livre-arbítrio. imaginaríamos uma ‘pura sala’, a ‘sala em si mesma’.
c) o cristianismo, apesar de seus esforços candentes, Toda compreensão é, assim, interpretativa (algo
não conseguiu tirar a culpa do ser humano. aparece sempre como algo, x aparece como sala de
d) a fatalidade impressa no ser humano está na sua aula, etc.). Mas, além disso, toda compreensão é
historicidade, no seu livre-arbítrio, e por isso mesmo o atravessada por tonalidade afetiva. Nunca se está
Homem está condenado à culpa. apenas puramente em uma sala de aula; está-se ali de
FIL0386 - (Ueg) No século XIX, o filósofo alemão algum modo, tocado por uma tonalidade de afeto:
Friedrich Nietzsche vislumbrou o advento do “super- tédio, ansiedade, cansaço, alegria, expectativa... A
homem” em reação ao que para ele era a crise cultural tonalidade mostra, abre, unifica a sala de aula, que,
da época. Na década de 1930, foi criado nos Estados sem isso, seria um ajuntamento de partes. O ‘como
Unidos o Super-Homem, um dos mais conhecidos aparece’ antecede o ‘o que aparece’: os entes não são
personagens das histórias em quadrinhos. A diferença essências determinadas, eles dependem do modo de
entre os dois “super-homens” está no fato de aparecimento, que inclui interpretação e tonalidade
Nietzsche defender que o super-homem afetiva.
Essa ontologia diverge frontalmente da metafísica da
5
substância, ligada a certa leitura do aristotelismo. FIL0389 - (Upe-ssa) Sobre a dimensão do homem na
Segundo essa metafísica, o conhecimento verdadeiro e perspectiva existencialista, considere o texto a seguir:
‘primeiro’ dos entes implica visualizar sua substância
ou essência, o que se faz e se expressa na definição,
que diz o que é x.

Com base nas indicações precedentes, assinale a


alternativa CORRETA.

a) Ao se adotar a perspectiva substancialista, fundada


em certas leituras da filosofia aristotélica, as teses de
Ser e tempo sobre a tonalidade afetiva complementam
perfeitamente a tarefa de uma definição, a qual,
segundo Aristóteles, deve ser compreensiva, O homem, tal como o concebe o existencialista, se não
interpretativa e caracterizada pela tonalidade afetiva é definível, é porque primeiramente não é nada. Só
análoga. depois será alguma coisa e tal como a si próprio se
b) Compreensão é sempre interpretativa, e, além disso, fizer. Assim, não há natureza humana, visto que não há
atravessada e unificada por uma tonalidade afetiva. Deus para a conceber.
Essa tese de Ser e tempo oferece um ponto de partida (SARTRE, Jean-Paul. O Existencialismo é um Humanismo. São
para a comparação com Aristóteles e, com base nela, Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 12).
Heidegger afirma que as definições são todas poéticas.
c) Segundo Heidegger, o erro aristotélico reside em O enfoque existencialista questiona o modo de ser do
ignorar os sentimentos e optar somente pela homem. Entende esse modo de ser como o modo de
racionalidade. Com isso, a definição se tornaria ser-no-mundo. Na perspectiva existencialista, sobre o
impossível, pois toda definição depende de uma homem, assinale a alternativa CORRETA.
sensação. Noutras palavras, a tonalidade afetiva a) É um projeto de ser.
ganhou lugar no discurso filosófico definicional, a partir b) É um seguidor das escolhas dos outros.
de Ser e tempo. c) Na sua própria essencialidade e no trajeto de sua
d) A tonalidade afetiva, proposta por Heidegger em Ser liberdade, não tem escolha.
e tempo, implica a primazia do sentir sobre o pensar. d) Tem uma natureza concebida por Deus em sua
Por isso, a fenomenologia heideggeriana supera o essência.
racionalismo aristotélico. e) É irresponsável por si próprio ao conceber seus atos.
e) Para Aristóteles, o decisivo é indicar a forma
substancial (essência) de um ente, a fim de alcançar a FIL0390 - (Ufu) Considere o seguinte trecho, extraído
sua definição – assim ocorre o conhecimento da obra A náusea, do escritor e filósofo francês Jean
metafísico. Em outras palavras, devemos saber e dizer Paul Sartre (1889-1980).
“o que é” uma sala, uma xícara, um ser humano, para "O essencial é a contingência. O que quero dizer é que,
assim iniciar um discurso de conhecimento. Em por definição, a existência não é a necessidade. Existir
Heidegger, por outro lado, a definição alcança somente é simplesmente estar presente; os entes aparecem,
o ente abstraído do contexto de compreensão e deixam que os encontremos, mas nunca podemos
tonalidade afetiva, em que apareceu. Tal deduzi-los. Creio que há pessoas que compreenderam
conhecimento abstrativo é, para Heidegger, por isso, isso. Só que tentaram superar essa contingência
precário e derivado: definir uma sala de aula é um inventando um ser necessário e causa de si próprio.
procedimento tardio em relação à “experiência” em Ora, nenhum ser necessário pode explicar a existência:
que a unidade de seu aparecimento articula a contingência não é uma ilusão, uma aparência que se
compreensão, interpretação e tonalidade afetiva. pode dissipar; é o absoluto, por conseguinte, a
gratuidade perfeita."
SARTRE, Jean Paul. A Náusea. Rio de Janeiro, Nova Fronteira,
1986. Tradução de Rita Braga, citado por: MARCONDES, Danilo
Marcondes. Textos Básicos de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Editora, 2000.

Nesse trecho, vemos uma exemplificação ou uma


referência ao existencialismo sartriano que se
apresenta como

6
a) recusa da noção de que tudo é contingente. b) ajustar a clareza do conhecimento ao inatismo das
b) fundamentado no conceito de angústia, que deriva ideias.
da consciência de que tudo é contingente. c) associar a certeza do intelecto à imutabilidade da
c) denúncia da noção de má fé, que nos leva a admitir verdade.
a existência de um ser necessário para aplacar o d) conciliar o rigor da investigação à inquietude do
sentimento de angústia. questionamento.
d) crítica à metafísica essencialista. e) compatibilizar as estruturas do pensamento aos
princípios fundamentais.
FIL0391 - (Upe-ssa) Sobre a Liberdade Humana, analise
os textos a seguir: FIL0393 - (Upe) Sobre o pensamento filosófico, leia o
texto a seguir:

É o que traduzirei dizendo que o homem está


condenado a ser livre. Condenado porque não se criou O homem apresenta-se como uma escolha a fazer.
a si próprio; e, no entanto, livre porque, uma vez Muito bem. Antes do mais, ele é a sua existência no
lançado ao mundo, é responsável por tudo quanto momento presente e está fora do determinismo
fizer. natural; o homem não se define previamente a si
(SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um Humanismo. São próprio, mas em função do seu presente individual.
Paulo: 1973, p. 15.) Não há uma natureza humana que se lhe anteponha,
mas é-lhe dada uma existência específica num dado
Com base no pensamento filosófico de Sartre sobre a momento.
liberdade, assinale a alternativa CORRETA. SARTRE, Jean Paul. O Existencialismo é um Humanismo. 1973, p.
a) O homem não é, senão o seu projeto, escolha e 31.
compromisso.
b) O homem não está condenado à liberdade; ele tem Com base no pensamento filosófico de Sartre,
escolha. considera-se que
c) O homem é livre sem escolha e sem compromisso. a) a essência da natureza humana precede a existência.
d) O homem é seu projeto responsável sem escolha. b) a natureza humana é um substituto da condição
e) O homem é responsável e livre sem escolha. humana.
c) no homem em sua inteireza, a existência precede a
FIL0392 - (Enem) O filósofo reconhece-se pela posse essência.
inseparável do gosto da evidência e do sentido da d) o existencialismo dá primazia ao determinismo
ambiguidade. Quando se limita a suportar a natural em função do seu presente individual.
ambiguidade, esta se chama equívoco. Sempre e) o homem está fechado em si, sem ter escolha.
aconteceu que, mesmo aqueles que pretenderam
construir uma filosofia absolutamente positiva, só FIL0394 - (Enem) Ser ou não ser – eis a questão.
conseguiram ser filósofos na medida em que, Morrer – dormir – Dormir! Talvez sonhar. Aí está o
simultaneamente, se recusaram o direito de se instalar obstáculo!
no saber absoluto. O que caracteriza o filósofo é o Os sonhos que hão de vir no sono da morte
movimento que leva incessantemente do saber à Quando tivermos escapado ao tumulto vital
ignorância, da ignorância ao saber, e um certo repouso Nos obrigam a hesitar: e é essa a reflexão
neste movimento. Que dá à desventura uma vida tão longa.
MERLEAU-PONTY. M. Elogio da filosofia. Lisboa: Guimarães, 1998 SHAKESPEARE, W. Hamlet. Porto Alegre: L&PM, 2007.
(adaptado).
Este solilóquio pode ser considerado um precursor do
O texto apresenta um entendimento acerca dos existencialismo ao enfatizar a tensão entre
elementos constitutivos da atividade do filósofo, que a) consciência de si e angústia humana.
se caracteriza por b) inevitabilidade do destino e incerteza moral.
a) reunir os antagonismos das opiniões ao método c) tragicidade da personagem e ordem do mundo.
dialético. d) racionalidade argumentativa e loucura iminente.
e) dependência paterna e impossibilidade de ação
7
FIL0395 - (Ufsj) Leia atentamente os fragmentos ao mesmo tempo em que construímos a nossa
abaixo. imagem, esta imagem é válida para todos e para a
nossa época. Assim, a nossa responsabilidade é muito
I. “Também tem sido frequentemente ensinado que a maior do que poderíamos supor, porque ela envolve
fé e a santidade não podem ser atingidas pelo estudo e toda a humanidade”.
pela razão, mas sim por inspiração sobrenatural, ou Sartre.
infusão, o que, uma vez aceita, não vejo por que razão
alguém deveria justificar a sua fé...”. Considerando o texto citado e o pensamento
II. “O homem não é a consequência duma intenção sartreano, é INCORRETO afirmar que
própria duma vontade, dum fim; com ele não se fazem a) o valor máximo da existência humana é a liberdade,
ensaios para obter-se um ideal de humanidade; um porque o homem é, antes de mais nada, o que tiver
ideal de felicidade ou um ideal de moralidade; é projetado ser, estando “condenado a ser livre”.
absurdo desviar seu ser para um fim qualquer”. b) totalmente posto sob o domínio do que ele é, ao
III. “(...) podemos estabelecer como máxima homem é atribuída a total responsabilidade pela sua
indubitável que nenhuma ação pode ser virtuosa ou existência e, sendo responsável por si, é também
moralmente boa, a menos que haja na natureza responsável por todos os homens.
humana algum motivo que a produza, distinto do senso c) o existencialismo sartreano é uma moral da ação,
de sua moralidade”. pois o homem se define pelos seus atos e atos, por
IV. “A má-fé é evidentemente uma mentira, porque excelência, livres, ou seja, o “homem não é nada além
dissimula a total liberdade do compromisso. No do conjunto de seus atos”.
mesmo plano, direi que há também má-fé, escolho d) o homem é um “projeto que se vive
declarar que certos valores existem antes de mim (...).” subjetivamente”, pois há uma natureza humana
previamente dada e predefinida, e, portanto, no
Os quatro fragmentos de texto acima são, homem, a essência precede a existência.
respectivamente, atribuídos aos seguintes pensadores e) por não haver valores preestabelecidos, o homem
a) Nietzsche, Sartre, Hobbes, Hume. deve inventá-los através de escolhas livres, e, como
b) Hobbes, Nietzsche, Hume, Sartre. escolher é afirmar o valor do que é escolhido, que é
c) Hume, Nietzsche, Sartre, Hobbes. sempre o bem, é o homem que, através de suas
d) Sartre, Hume, Hobbes, Nietzsche. escolhas livres, atribui sentido a sua existência.

FIL0396 - (Ufu) Para J.P. Sartre, o conceito de “para-si” FIL0398 - (Ufsj) Na obra “O existencialismo é um
diz respeito humanismo”, Jean-Paul Sartre intenta
a) a uma criação divina, cujo agir depende de princípio a) desenvolver a ideia de que o existencialismo é
metafísico regulador. definido pela livre escolha e valores inventados pelo
b) apenas à pura manutenção do ser pleno, completo, sujeito a partir dos quais ele exerce a sua natureza
da totalidade no seio do que é. humana essencial.
c) ao nada, na medida em que ele se especifica pelo b) mostrar o significado ético do existencialismo.
poder nadificador que o constitui. c) criticar toda a discriminação imposta pelo
d) a algo empastado de si mesmo e, por isso, não se cristianismo, através do discurso, à condição de ser
pode realizar, não se pode afirmar, porque está cheio, inexorável, característica natural dos homens.
completo. d) delinear os aspectos da sensação e da imaginação
humanas que só se fortalecem a partir do exercício da
FIL0397 - (Unioeste) “Quando dizemos que o homem liberdade.
se escolhe a si mesmo, queremos dizer que cada um de
nós se escolhe a si próprio; mas com isso queremos FIL0399 - (Ufsj) Sobre a interferência de Jean-Paul
também dizer que, ao escolher-se a si próprio, ele Sartre na filosofia do século XX, é CORRETO afirmar
escolhe todos os homens. Com efeito, não há de que ele
nossos atos um sequer que, ao criar o homem que a) reconhece a importância de Diderot, Voltaire e Kant
desejamos ser, não crie ao mesmo tempo uma imagem e repercute a interferência positiva destes na noção de
do homem como julgamos que deve ser. Escolher isto que cada homem é um exemplo particular no universo.
ou aquilo é afirmar ao mesmo tempo o valor do que b) faz a inversão da noção essencialista ao apregoar
escolhemos, porque nunca podemos escolher o mal, o que o Homem primeiramente existe, se descobre,
que escolhemos é sempre o bem, e nada pode ser bom surge no mundo e só após isso se define. Assim, não há
para nós sem que o seja para todos. Se a existência, por natureza humana, pois não há Deus para concebê-la.
outro lado, precede a essência e se quisermos existir,
8
c) inaugura uma nova ordem político-social, segundo a d) o homem é o que se lança para o futuro e que é
qual o Homem nada mais é do que um projeto que se consciente deste projetar-se no futuro.
lança numa natureza essencialmente humana. e) em suas escolhas, o homem é responsável por si
d) diz que ser ateu é mais coerente apesar de próprio e por todos os homens, porque, em seus atos,
reconhecer no Homem uma virtu que o filia, cria uma imagem do homem como julgamos que deve
definitivamente, a uma consciência a priori infinita. ser.

FIL0400 - (Ufsj) A angústia, para Jean-Paul Sartre, é FIL0402 - (Ufu) Leia o excerto abaixo e assinale a
a) tudo o que a influência de Shopenhauer determina alternativa que relaciona corretamente duas das
em Sartre: a certeza da morte. O Homem pode ser livre principais máximas do existencialismo de Jean-Paul
para fazer suas escolhas, mas não tem como se livrar Sartre, a saber:
da decrepitude e do fim.
b) a nadificação de nossos projetos e a certeza de que i. “a existência precede a essência”
a relação Homem X natureza humana é circunstancial, ii. “estamos condenados a ser livres”
objetiva, e pode ser superada pelo simples ato de se
fazer uma escolha. Com efeito, se a existência precede a essência, nada
c) a certificação de que toda a experiência humana é poderá jamais ser explicado por referência a uma
idealmente sensorial, objetivamente existencial e natureza humana dada e definitiva; ou seja, não existe
determinante para a vida e para a morte do Homem determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade.
em si mesmo e em sua humanidade. Por outro lado, se Deus não existe, não encontramos já
d) consequência da responsabilidade que o Homem prontos, valores ou ordens que possam legitimar a
tem sobre aquilo que ele é, sobre a sua liberdade, nossa conduta. [...] Estamos condenados a ser livres.
sobre as escolhas que faz, tanto de si como do outro e Estamos sós, sem desculpas. É o que posso expressar
da humanidade, por extensão. dizendo que o homem está condenado a ser livre.
Condenado, porque não se criou a si mesmo, e como,
FIL0401 - (Unioeste) “O que significa aqui o dizer-se no entanto, é livre, uma vez que foi lançado no mundo,
que a existência precede a essência? Significa que o é responsável por tudo o que faz.
homem primeiramente existe, se descobre, surge no SARTRE, Jean-Paul. O Existencialismo é um Humanismo. 3ª. ed. S.
Paulo: Nova Cultural, 1987.
mundo; e que só depois se define. O homem, tal como
o concebe o existencialista, se não é definível, é porque
primeiramente não é nada. Só depois será alguma a) Se a essência do homem, para Sartre, é a liberdade,
coisa e tal como a si próprio se fizer. (...) O homem é, então jamais o homem pode ser, em sua existência,
não apenas como ele se concebe, mas como ele quer condenado a ser livre, o que seria, na verdade, uma
que seja, como ele se concebe depois da existência, contradição.
como ele se deseja após este impulso para a existência; b) A liberdade, em Sartre, determina a essência da
o homem não é mais que o que ele faz. (...) Assim, o natureza humana que, concebida por Deus, precede
primeiro esforço do existencialismo é o de por todo o necessariamente a sua existência.
homem no domínio do que ele é e de lhe atribuir a total c) Para Sartre, a liberdade é a escolha incondicional, à
responsabilidade de sua existência. (...) Quando qual o homem, como existência já lançada no mundo,
dizemos que o homem se escolhe a si, queremos dizer está condenado, e pela qual projeta o seu ser ou a sua
que cada um de nós se escolhe a si próprio; mas com essência.
isso queremos também dizer que, ao escolher-se a si d) O Existencialismo é, para Sartre, um Humanismo,
próprio, ele escolhe todos os homens. Com efeito, não porque a existência do homem depende da essência de
há de nossos atos um sequer que, ao criar o homem sua natureza humana, que a precede e que é a
que desejamos ser, não crie ao mesmo tempo uma liberdade.
imagem do homem como julgamos que deve ser”.
Sartre. FIL0403 - (Unimontes) A fenomenologia surgiu no final
do século XIX, com Franz Brentano, cujas principais
Considerando a concepção existencialista de Sartre e o ideias foram desenvolvidas por Edmund Husserl (1859-
texto acima, é incorreto afirmar que 1958). No que se refere à fenomenologia, marque a
a) o homem é um projeto que se vive subjetivamente. alternativa incorreta.
b) o homem é um ser totalmente responsável por sua a) Na fenomenologia, o postulado básico é a noção de
existência. intencionalidade.
c) por haver uma natureza humana determinada, no b) A fenomenologia pretende superar a dicotomia
homem a essência precede a existência. razão-experiência.

9
c) Para a fenomenologia, toda consciência é mesma. Estou condenado a existir para sempre além
intencional. de minha essência, além dos móveis e dos motivos de
d) Na fenomenologia, o conceito de fenômeno refere- meu ato: estou condenado a ser livre. Isto significa que
se ao que se esconde. não se poderia encontrar para a minha liberdade
outros limites senão ela mesma, ou, se se prefere, não
somos livres de cessar de ser livres. (...) O sentido
FIL0404 - (Uenp) A Fenomenologia trata dos profundo do determinismo é o de estabelecer em nós
fenômenos perceptíveis analisando a realidade do uma continuidade sem falha da existência em si. (...)
ponto de vista individual. Tudo que se apresenta à Mas em vez de ver transcendências postas e mantidas
consciência é intencional. O objetivo do método no seu ser por minha própria transcendência, supor-se-
fenomenológico é alcançar a intuição das essências, ele á que as encontro surgindo no mundo: elas vêm de
busca interpretar o mundo através da consciência de Deus, da natureza, da ‘minha’ natureza, da sociedade.
um determinado sujeito, segundo as suas experiências. (...) Essas tentativas abortadas para sufocar a liberdade
– elas desmoronam quando surge, de repente, a
Nesse contexto, marque a alternativa incorreta. angústia diante da liberdade – mostram bastante que
a) A percepção é o conhecimento sensorial de um a liberdade coincide no fundo com o nada que está no
sujeito corporal dotado de significação. coração do homem”.
b) A percepção é uma relação do sujeito com o mundo Sartre.
exterior, com suas formas e estruturas complexas
dotadas de sentido. Com base no texto, seguem as seguintes afirmativas:
c) O mundo percebido é sempre quantitativo, de modo I. No homem, a existência precede a essência.
que a percepção é sempre uma reação fisiológica a II. Em sua essência, o homem é um ser determinado
estímulos externos. quer seja, ou por Deus, ou pela natureza, ou pela
d) A percepção da realidade envolve nossa sociedade.
personalidade, nossa história pessoal, nossa III. Os limites da minha liberdade são estabelecidos
afetividade, nossos desejos e paixões. pelos valores religiosos, estéticos, políticos e sociais.
e) A percepção envolve nossa vida social, e portanto, IV. “O homem não está livre de ser livre”, pois não é
nossa história social, a cultura e os estímulos recebidos possível “cessar de ser livre”.
da vivência no mundo. V. A liberdade humana, em suas escolhas, se orienta
por valores objetivos e pré-determinados.
FIL0405 – (Ifsp) Ao defender as principais teses do
Existencialismo, Jean-Paul Sartre afirma que o ser Assinale a alternativa correta.
humano está condenado a ser livre, a fazer escolhas e, a) Apenas II está correta.
portanto, a construir seu próprio destino. O b) Apenas I e IV estão corretas.
pressuposto básico que sustenta essa argumentação c) Apenas II e IV estão corretas.
de Sartre é o seguinte: d) Apenas III e V estão corretas.
a) A suposição de que o homem possui uma natureza e) Todas as afirmativas estão corretas.
humana, o que significa que cada homem é um
exemplo particular de um conceito universal.
b) A compreensão de que a vida humana é finita e de FIL0407 - (Uenp) O existencialismo é uma corrente
que o homem é, sobretudo, um ente que está no filosófica que destaca a liberdade individual, a
mundo para a morte. responsabilidade e a subjetividade. Ele acredita que a
c) A ideia de que a existência precede a essência e, por existência precede a essência, ou melhor, que não
isso, o ser humano não está predeterminado a nada. existe uma essência do humano pré-concebida e
d) A convicção de que o homem está desamparado e é eterna, o humano é construído pelas escolhas
impotente para mudar o seu destino individual. individuais na história pessoal de cada um. De acordo
e) A ideia de que toda pessoa tem um potencial a com o pensamento de Sartre, assinale a alternativa
realizar, desde quando nasce, mas é livre para incorreta:
transformar ou não essa possibilidade em realidade. a) A consciência humana é um nada que se projeta para
se tornar algo, de forma que lançando-se no mundo e
FIL0406 - (Unioeste) “Só pelo fato de que tenho sofrendo com ele, se define. O homem será sempre o
consciência dos motivos que solicitam minha ação, que fizer de si mesmo.
esses motivos já são objetos transcendentes para b) De acordo com Sartre, o homem é responsável por
minha consciência, estão fora; em vão buscaria suas escolhas e não deve agir com má fé de
agarrar-me a eles, escapo disto por minha existência consciência, que consistiria na simulação de não ser
10
livre, imputando a responsabilidade da felicidade ou ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
infelicidade a causas externas.
c) A existência pessoal de alguém é atestada pelo olhar TEXTO II
do outro, e isso confirma a dialeticidade da existência Nenhuma vida humana, nem mesmo a vida de um
humana, de “ser com o outro”. eremita em meio à natureza selvagem, é possível sem
d) A relação com o outro, no pensamento sartreano, é um mundo que, direta ou indiretamente, testemunhe
sempre pacífica, não gera crises ou angústias. a presença de outros seres humanos.
ARENDT, H. A condição humana. Rio de Janeiro: Forense, 1995.
e) Os outros são todos aqueles que revelam voluntária
ou involuntariamente o homem a ele mesmo.
Associados a contextos históricos distintos, os
FIL0408 - (Enem) A maioria das necessidades comuns fragmentos convergem para uma particularidade do
de descansar, distrair-se, comportar-se, amar e odiar o ser humano, caracterizada por uma condição
que os outros amam e odeiam pertence a essa naturalmente propensa à
categoria de falsas necessidades. Tais necessidades a) atividade contemplativa.
têm um conteúdo e uma função determinada por b) produção econômica.
forças externas, sobre as quais o indivíduo não tem c) articulação coletiva.
controle algum. d) criação artística.
MARCUSE, H. A ideologia da sociedade industrial: o homem e) crença religiosa.
unidimensional. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.

Segundo Marcuse, um dos pesquisadores da chamada FIL0411 - (Ueg) As histórias, resultado da ação e do
Escola de Frankfurt, tais forças externas são resultantes discurso, revelam um agente, mas este agente não é
de autor nem produtor. Alguém a iniciou e dela é o sujeito,
a) aspirações de cunho espiritual. na dupla acepção da palavra, mas ninguém é seu autor.
b) propósitos solidários de classes. ARENDT, Hannah. A condição humana. Apud SÁTIRO, A.;
c) exposição cibernética crescente. WUENSCH, A. M. Pensando melhor – iniciação ao filosofar. São
Paulo: Saraiva, 2001. p. 24.
d) interesses de ordem socioeconômica.
e) hegemonia do discurso médico-científico.
A filósofa alemã Hannah Arendt foi uma das mais
refinadas pensadoras contemporâneas, refletindo
FIL0409 - (Enem) Hoje, a indústria cultural assumiu a
sobre eventos como a ascensão do nazismo, o
herança civilizatória da democracia de pioneiros e
Holocausto, o papel histórico das massas etc. No
empresários, que tampouco desenvolvera uma fineza
trecho citado, ela reflete sobre a importância da ação
de sentido para os desvios espirituais. Todos são livres
e do discurso como fomentadores do que chama de
para dançar e para se divertir, do mesmo modo que,
“negócios humanos”. Nesse sentido, Arendt defende o
desde a neutralização histórica da religião, são livres
seguinte ponto de vista:
para entrar em qualquer uma das inúmeras seitas. Mas
a liberdade de escolha da ideologia, que reflete sempre
a) a condição humana atual não está condicionada por
a coerção econômica, revela-se em todos os setores
ações anteriores, já que cada um é autor de sua
como a liberdade de escolher o que é sempre a mesma
existência.
coisa.
ADORNO, T HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento:
b) a necessidade do ser humano de ser autor e
fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Zahar, 1985. produtor de ações históricas lhe tira a responsabilidade
sobre elas.
A liberdade de escolha na civilização ocidental, de c) o agente de uma nova ação sempre age sob a
acordo com a análise do texto, é um(a) influência de teias preexistentes de ações anteriores.
a) legado social. d) o produtor de novos discursos sempre precisa levar
b) patrimônio político. em conta discursos anteriores para criar o seu.
c) produto da moralidade.
d) conquista da humanidade.
e) ilusão da contemporaneidade. FIL0412 - (Ufpa) “O mundo tal como o compreende
Arendt (...) designa o cenário onde comparecem
FIL0410 - (Enem) TEXTO I gerações humanas completamente distintas. [Neste]
Aquele que não é capaz de pertencer a uma Cada geração tomaria emprestado dos objetos do
comunidade ou que dela não tem necessidade, porque trabalho sua durabilidade, a fim de transmitir às
se basta a si mesmo, não é em nada parte da cidade, vindouras suas mais preciosas e memoráveis
embora seja quer um animal, quer um deus. experiências”.
11
FRANCISCO, M.P.S. “Preservar e renovar o mundo”, in Revista ARENDT, H. Trabalho, Obra e Ação. In: Cadernos de Ética e
Educação, Nº 4. São Paulo: Editora Seguimento, p. 33-34. Filosofia Política 7. São Paulo: EdUSP, 2005 (fragmento).

Para que a transmissão desses objetos fabricados e Com base no texto, as principais consequências da
dessas experiências culturais vivenciadas entre as substituição da ferramenta manual pela máquina são
gerações das sociedades em geral, e da brasileira em a) o adestramento do corpo e a perda da autonomia do
particular, chegue a bom termo é necessário: trabalhador.
b) a reformulação dos modos de produção e o
I. Um juízo comum sobre o que, em suas experiências, engajamento político do trabalhador.
é digno de ser salvo do esquecimento. c) o aperfeiçoamento da produção manufatureira
II. Que as gerações vindouras reconheçam as criativa e a rejeição do trabalho repetitivo.
experiências que lhe são transmitidas como preciosas d) a flexibilização do controle ideológico e a
também para si. manutenção da liberdade do trabalhador.
III. Que os artefatos humanos, que podem perdurar e) o abandono da produção manufatureira e o
para além das gerações, tenham um valor exclusivo aperfeiçoamento da máquina.
para as gerações precedentes.
IV. Que as funções da tradição saibam relacionar as FIL0415 - (Uece) O trecho abaixo apresentado se refere
experiências que julgam valiosas para si, cuja inte- à influência da indústria cultural e seus produtos, em
ligibilidade só possa ser reconhecida verdadeiramente relação à ordem social e política contemporânea, sob a
pela geração que as vivenciou. ótica dos pensadores da Escola de Frankfurt:
“O desenvolvimento da indústria cultural ocasionou a
As afirmativas corretas são incorporação dos indivíduos numa totalidade social
a) I e II. racionalizada e reificada; frustrou sua imaginação e
b) I e III. tornou-os vulneráveis à manipulação por ditadores e
c) I e IV. demagogos. A propaganda fascista necessitou apenas
d) II e III. ativar e reproduzir a mentalidade existente das
e) III e IV. massas; ela simplesmente tomou as pessoas pelo que
eram – os filhos da indústria cultural – e empregou as
FIL0413 - (Enem) Subjaz na propaganda tanto política técnicas dessa indústria para mobilizá-las por trás dos
quanto comercial a ideia de que as massas podem ser objetivos agressivos e reacionários do fascismo”.
conquistadas, dominadas e conduzidas, e, por isso, THOMPSON, John B. Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na
era dos meios de comunicação de massa. Petrópolis, RJ: Vozes. Adaptado.
toda e qualquer propaganda tem um traço de coerção.
Nesse sentido, a filósofa Hanna Arendt diz que “não
Considerando o trecho acima e o conceito de indústria
apenas a propaganda política, mas toda a moderna
cultural, atente para o que se diz a seguir e assinale
publicidade de massa contém um elemento de
com V o que for verdadeiro e com F o que for falso.
coerção”.
AGUIAR, O. A. Veracidade e propaganda em Hannah Arendt. In: Cadernos
( ) Os produtos da indústria cultural são, geralmente,
de Ética e Filosofia Política 10. São Paulo: EdUSP, 2007 (adaptado). construções simbólicas impregnadas de estereótipos
À luz do texto, qual a implicação da publicidade de que suprimem a reflexão crítica sobre a ordem social,
massa para a democracia contemporânea? podendo abrir espaço para uma visão autoritária.
a) O fortalecimento da sociedade civil. ( ) Aqueles indivíduos que foram capturados pela
b) A transparência política das ações do Estado. retórica autoritária do fascismo são os que já haviam
c) A dissociação entre os domínios retóricos e a política. sucumbido à influência da indústria cultural e à sua
d) O combate às práticas de distorção de informações. capacidade de manipulação das massas.
e) O declínio do debate político na esfera pública. ( ) Os produtos da indústria cultural desafiam as
normas sociais e possuem um caráter antirrealista que
FIL0414 - (Enem) Parece-me bastante significativo que se torna fonte de fascínio por parte das massas que
a questão muito discutida sobre se o homem deve ser aderem ao seu falso caráter revolucionário.
“ajustado” à máquina ou se a máquina deve ser ( ) Exemplificada na indústria de entretenimento, a
ajustada à natureza do homem nunca tenha sido indústria cultural padronizou e mercantilizou as formas
levantada a respeito dos meros instrumentos e culturais, o que resultou em uma arte banal e
ferramentas. E a razão disto é que todas as ferramentas repetitiva, incapaz de provocar um olhar crítico.
da manufatura permanecem a serviço da mão, ao
passo que as máquinas realmente exigem que o A sequência correta, de cima para baixo, é:
trabalhador as sirva, ajuste o ritmo natural do seu a) F, F, V, F.
corpo ao movimento mecânico delas. b) V, V, F, V.
12
c) V, F, F, V. distribuidoras dos bens culturais, sem receber o devido
d) F, V, V, F. pagamento por isso.
b) a indústria cultural é a promoção de um discurso
FIL0416 - (Uel) Leia o texto a seguir. ideologicamente engajado em prol do capitalismo
O programa do esclarecimento era o desencantamento tardio, onde as massas são induzidas à passividade
do mundo. Sua meta era dissolver os mitos e substituir frente à exploração do seu trabalho.
a imaginação pelo saber. [..] O mito converte-se em c) a violência promovida pela indústria cultural é a da
esclarecimento, e a natureza em mera objetividade. O exploração do trabalhador da cultura e, ao mesmo
preço que os homens pagam pelo aumento de poder é tempo, a da imposição, às massas, da ideologia da
a alienação daquilo sobre o que exercem o poder. [...] passividade frente à exploração capitalista.
Quanto mais a maquinaria do pensamento subjuga o d) o comprometimento econômico e ideológico da
que existe, tanto mais cegamente ela se contenta com indústria cultural se deve ao caráter espiritual das
essa reprodução. Desse modo, o esclarecimento obras artísticas, sem qualquer vinculação com a base
regride à mitologia da qual jamais soube escapar. econômica capitalista em que os autores se situavam.
ADORNO & HORKHEIMER. Dialética do esclarecimento.
Fragmentos filosóficos. Trad. Guido Antonio de Almeida. Rio de FIL0418 - (Uece) “A crescente proletarização dos
Janeiro: Jorge Zahar, 1985. p.17; 21; 34.
homens de hoje e a crescente formação das massas são
dois lados de um mesmo acontecimento. O fascismo
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a crítica
procura organizar as massas proletarizadas recém-
à racionalidade instrumental e a relação entre mito e
surgidas sem tocar nas relações de propriedade, por
esclarecimento em Adorno e Horkheimer, assinale a
cuja abolição elas pressionam. Ele vê sua salvação em
alternativa correta.
deixar as massas alcançarem a sua expressão (de modo
algum seu direito). As massas possuem um direito à
a) O mito revela uma constituição irracional, na medida mudança das relações de propriedade; o fascismo
em que lhe é impossível apresentar uma explicação busca dar-lhe uma expressão conservando essas
convincente sobre o seu modo próprio de ser. relações. O fascismo resulta, consequentemente, em
b) A regressão do esclarecimento à mitologia revela um uma estetização da vida política.”
processo estratégico da razão, com o objetivo de BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade
ampliar e intensificar seus poderes explicativos. técnica. Porto Alegre: Zouk, 2012, p. 117.
c) A explicação da natureza, instaurada pela Considerando o que diz Benjamin sobre os efeitos
racionalidade instrumental, pressupõe uma sociais da reprodutibilidade técnica dos objetos de
compreensão holística, em que as partes são fruição estética, é correto afirmar que
incorporadas, na sua especificidade, ao todo. a) o fascismo elimina a luta de classes, pois unifica a
d) O esclarecimento implica a libertação humana da todos sob uma mesma bandeira e com a mesma
submissão à natureza, atestada pelo poder racional de camisa, unindo a nação no amor pela pátria e seus
diagnosticar, prever e corrigir as limitações naturais. símbolos, tornando a política mais bela.
e) O esclarecimento se caracteriza por uma explicação b) a luta de classes é um elemento constitutivo do
baseada no cálculo, do que resulta uma compreensão fascismo, que cria a propriedade privada e, portanto,
da natureza como algo a ser conhecido e dominado. estabelece antagonismos sociais insuperáveis pela
FIL0417 - (Uece) Rodrigo Duarte, um destacado política.
intérprete da Escola de Frankfurt no Brasil, afirma que, c) a obra de arte tecnicamente reproduzida apresenta
na indústria cultural, “encontram-se embutidos atos de uma necessária superação do fascismo, pois a
violência, oriundos do comprometimento tanto contemplação estética popularizada conduz as massas
econômico quanto ideológico da indústria cultural com para um estado de gozo apolítico.
o status quo: ela precisa, por um lado, lucrar, d) o fascismo organiza o proletariado como massa, mas
justificando sua posição de próspero ramo de negócios; não põe em questão sua condição de classe, tornando
por outro, ela tem de ajudar a garantir a adesão das a relação social mera aparência de unidade, sob
massas diante da situação precária em que elas se símbolos, cores e gritos estandardizados —
encontram no capitalismo tardio”. estetização.
DUARTE, Rodrigo. Indústria Cultural: uma introdução. Rio de
Janeiro: Editora FGV, 2010, p. 49.
Com base no texto acima, é correto afirmar que FIL0419 - (Unesp) Concentração e controle, em nossa
a) a indústria cultural é descrita como a violência cultura, escondem-se em sua própria manifestação. Se
contra os trabalhadores da cultura, que têm suas obras não fossem camuflados, provocariam resistências. Por
exploradas pelos donos das grandes produtoras e isso, precisa ser mantida a ilusão e, em certa medida,

13
até a realidade de uma realização individual. Por maiores fracassos
pseudoindividuação entendemos o envolvimento da Não importa contradição
cultura de massas com uma aparência de livre-escolha. O que importa é televisão
A padronização musical mantém os indivíduos Dizem que não há nada que você não se acostume
enquadrados, por assim dizer, escutando por eles. A Cala a boca e aumenta o volume então.
pseudoindividuação, por sua vez, os mantém MELLO, B.; BRITTO, S. A melhor banda de todos os tempos da
última semana.
enquadrados, fazendo-os esquecer que o que eles
São Paulo: Abril Music, 2001 (fragmento).
escutam já é sempre escutado por eles, “pré-digerido”.
Theodor Adorno. “Sobre música popular”. In: Gabriel Cohn (org.).
Theodor Adorno, 1986. Adaptado. TEXTO II
O fetichismo na música e a regressão da audição
Em termos filosóficos, a pseudoindividuação é um Aldous Huxley levantou em um de seus ensaios a
conceito seguinte pergunta: quem ainda se diverte realmente
a) identificado com a autonomia do sujeito na relação hoje num lugar de diversão? Com o mesmo direito
com a indústria cultural. poder-se-ia perguntar: para quem a música de
b) que identifica o caráter aristocrático da cultura entretenimento serve ainda como entretenimento? Ao
musical na sociedade de massas. invés de entreter, parece que tal música contribui
c) que expressa o controle disfarçado dos ainda mais para o emudecimento dos homens, para a
consumidores no campo da cultura. morte da linguagem como expressão, para a
d) aplicável somente a indivíduos governados por incapacidade de comunicação.
ADORNO, T. Textos escolhidos. São Paulo: Nova Cultural, 1999.
regimes políticos totalitários.
e) relacionado à autonomia estética dos produtores
musicais na relação com o mercado. A aproximação entre a letra da canção e a crítica de
Adorno indica o(a)
a) lado efêmero e restritivo da indústria cultural.
FIL0420 - (Enem) A crítica é uma questão de distância b) baixa renovação da indústria de entretenimento.
certa. O olhar hoje mais essencial, o olho mercantil que c) influência da música americana na cultura brasileira.
penetra no coração das coisas, chama-se propaganda. d) fusão entre elementos da indústria cultural e da
Esta arrasa o espaço livre da contemplação e aproxima cultura popular.
tanto as coisas, coloca-as tão debaixo do nariz quanto e) declínio da forma musical em prol de outros meios
o automóvel que sai da tela de cinema e cresce, de entretenimento.
gigantesco, tremeluzindo em direção a nós. E, do
mesmo modo que o cinema não oferece móveis e FIL0422 - (Uel) Leia o texto a seguir.
fachadas a uma observação crítica completa, mas dá
apenas a sua espetacular, rígida e repentina O modo de comportamento perceptivo, através do qual
proximidade, também a propaganda autêntica se prepara o esquecer e o rápido recordar da música de
transporta as coisas para primeiro plano e tem um massas, é a desconcentração. Se os produtos
ritmo que corresponde ao de um bom filme. normalizados e irremediavelmente semelhantes entre
BENJAMIN, W. Rua de mão única: infância berlinense – 1900. Belo si, exceto certas particularidades surpreendentes, não
Horizonte: Autêntica, 2013 (adaptado). permitem uma audição concentrada, sem se tornarem
insuportáveis para os ouvintes, estes, por sua vez, já
O texto apresenta um entendimento do filósofo Walter não são absolutamente capazes de uma audição
Benjamin, segundo o qual a propaganda dificulta o concentrada. Não conseguem manter a tensão de uma
procedimento de análise crítica em virtude do(a) concentração atenta, e por isso se entregam
a) caráter ilusório das imagens. resignadamente àquilo que acontece e flui acima deles,
b) evolução constante da tecnologia. e com o qual fazem amizade somente porque já o
c) aspecto efêmero dos acontecimentos. ouvem sem atenção excessiva.
d) conteúdo objetivo das informações. (ADORNO, T. W. O fetichismo na música e a regressão da audição.
In: Adorno et all. Textos escolhidos. São Paulo: Abril Cultural, 1978,
e) natureza emancipadora das opiniões.
p.190. Coleção Os Pensadores.)

FIL0421 - (Enem) TEXTO I


As redes sociais têm divulgado músicas de fácil
A melhor banda de todos os tempos da última semana
memorização e com forte apelo à cultura de massa.
O melhor disco brasileiro de música americana
A respeito do tema da regressão da audição na
O melhor disco dos últimos anos de sucessos do
Indústria Cultural e da relação entre arte e sociedade
passado
em Adorno, assinale a alternativa correta.
O maior sucesso de todos os tempos entre os dez
14
a) A impossibilidade de uma audição concentrada e de II. A crise do indivíduo resulta de uma incompreensão:
uma concentração atenta relaciona-se ao fato de que a ignorar que ele é uma particularidade ordenada
música tornou-se um produto de consumo, encobrindo (microcosmo) inserida numa totalidade ordenada
seu poder crítico. (macrocosmo).
b) A música representa um domínio particular, quase III. O indivíduo, que é unitário, apreende a si mesmo e
autônomo, das produções sociais, pois se baseia no ao mundo plenamente, faltando-lhe, porém, os meios
livre jogo da imaginação, o que impossibilita adequados para comunicar tal conhecimento.
estabelecer um vínculo entre arte e sociedade. IV. O desenvolvimento das ciências humanas levou a
c) A música de massa caracteriza-se pela capacidade de uma recusa da ideia universal de homem: nega-se à
manifestar criticamente conteúdos racionais expressos razão o poder de fundamentar absolutamente o
no modo típico do comportamento perceptivo inato às conhecimento sobre o indivíduo.
massas.
d) A tensão resultante da concentração requerida para Assinale a alternativa correta.
a apreciação da música é uma exigência extramusical, a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
pois nossa sensibilidade é naturalmente mais próxima b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
da desconcentração. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
e) Audição concentrada significa a capacidade de d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
apreender e de repetir os elementos que constituem a e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
música, sendo a facilidade da repetição o que concede
poder crítico à música. FIL0424 - (Unesp) Uma obra de arte pode denominar-
se revolucionária se, em virtude da transformação
FIL0423 - (Uel) Observe a figura e leia o texto a seguir. estética, representar, no destino exemplar dos
indivíduos, a predominante ausência de liberdade,
rompendo assim com a realidade social mistificada e
petrificada e abrindo os horizontes da libertação. Esta
tese implica que a literatura não é revolucionária por
ser escrita para a classe trabalhadora ou para a
“revolução”. O potencial político da arte baseia-se
apenas na sua própria dimensão estética. A sua relação
com a práxis (ação política) é inexoravelmente indireta
e frustrante. Quanto mais imediatamente política for a
obra de arte, mais reduzidos são seus objetivos de
transcendência e mudança. Nesse sentido, pode haver
mais potencial subversivo na poesia de Baudelaire e
Rimbaud que nas peças didáticas de Brecht.
(Herbert Marcuse. A dimensão estética, s/d.)

Segundo o filósofo, a dimensão estética da obra de arte


caracteriza-se por
a) apresentar conteúdos ideológicos de caráter
A crise da razão se manifesta na crise do indivíduo, por
conservador da ordem burguesa.
meio da qual se desenvolveu. A ilusão acalentada pela
b) comprometer-se com as necessidades de
filosofia tradicional sobre o indivíduo e sobre a razão –
entretenimento dos consumidores culturais.
a ilusão da sua eternidade – está se dissipando. O
c) estabelecer uma relação de independência frente à
indivíduo outrora concebia a razão como um
conjuntura política imediata.
instrumento do eu, exclusivamente. Hoje, ele
d) subordinar-se aos imperativos políticos e materiais
experimenta o reverso dessa autodeificação.
(HORKHEIMER, M. Eclipse da razão. São Paulo: Centauro, 2000,
de transformação da sociedade.
p.131.) e) contemplar as aspirações políticas das populações
economicamente excluídas.
Com base na figura e nos conhecimentos sobre a crise
da razão e do indivíduo na contemporaneidade, em FIL0425 – (Ufpa) “Originalmente concebida e acionada
Horkheimer, considere as afirmativas a seguir. para emancipar os homens, a moderna ciência está
I. A crise do indivíduo implica na sua fragmentação: hoje a serviço do capital, contribuindo para a
embora ele ainda se represente, a imagem que possui manutenção das relações de classe. A ciência e a
de si é incompleta, parcial. técnica nas mãos dos poderosos [...] controlam a vida
15
dos homens, subjuga-os ao interesse do capital. A Com qual nome ficou conhecido o grupo a que
produção de bens segue uma lógica técnica, e não à pertenceu Walter Benjamin?
lógica das necessidades reais dos homens.” a) Escola de Viena.
FREITAG, B. A teoria Crítica ontem e hoje, São Paulo: Brasiliense, b) Escola de Frankfurt.
1986, p.94.
c) Escola de Marburgo.
d) Escola Eleata.
A autora nos apresenta a visão da Escola de Frankfurt
acerca do papel desempenhado pela ciência e pela FIL0428 - (Uel) Leia os textos a seguir.
tecnologia na moderna economia capitalista. Sobre
este papel, considere as afirmativas abaixo:

I. A ciência e a técnica, além de serem forças


produtivas, funcionam como ideologias para legitimar
o sistema capitalista.
II. Nas mãos do poder econômico e político, a
tecnologia e a ciência são empregadas para impedir
que as pessoas tomem consciência de suas condições
de desigualdade.
III. A dimensão emancipadora e crítica da racionalidade
moderna foi valorizada na economia capitalista, pois
muitas das reivindicações dos trabalhadores foram Os homens sempre tiveram de escolher entre
atendidas a partir do advento da tecnologia. submeter-se à natureza ou submeter a natureza ao eu.
IV. Na economia capitalista, produz-se com eficácia o (ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialética do
Esclarecimento: fragmentos filosóficos. Trad. Guido Antonio de
que dá lucro e não aquilo que os homens necessitam e Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1985. p.43.)
gostariam de ter ou usar.
Com base no texto, é correto afirmar que a análise de
Estão corretas as afirmativas: Adorno e Horkheimer estabeleceu a ideia de que o
a) I e III homem
b) II e III
c) III e IV I. interage com a natureza de maneira pacífica,
d) I, II e IV assimilando a de forma idílica.
e) II, III e IV II. age com astúcia diante dos fenômenos naturais, ao
forjar uma relação de instrumentalidade com a
FIL0426 - (Unimontes) A Escola de Frankfurt foi natureza.
fundada em 1923, sob o nome de Instituto para a III. esclarecido e com pleno domínio da natureza
Pesquisa Social. Marque a alternativa que contempla promove a sua autoconsciência.
os principais pensadores da Escola de Frankfurt. IV. apreende a natureza visando controlá-la, o que
a) Theodor Adorno, Platão, Herbert Marcuse e Walter resulta na submissão dela.
Benjamin. Assinale a alternativa correta.
b) Tomás de Aquino, Marx Horkheimer, Herbert a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
Marcuse e Walter Benjamin. b) Somente as afirmativas II e IV são corretas.
c) Theodor Adorno, Marx Horkheimer, Herbert c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
Marcuse e Tobias Barreto. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
d) Theodor Adorno, Marx Horkheimer, Herbert e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.
Marcuse e Walter Benjamin.
FIL0429 - (Uel) Leia o texto a seguir.
FIL0427 - (Unimontes) Considerado o inventor da Francis Bacon, em sua obra Nova Atlântida, imagina
crítica moderna, Walter Benjamin teve uma vida uma utopia tecnocrática na qual o sofrimento humano
atribulada, marcada por dificuldades pessoais e poderia ser removido pelo desenvolvimento e pelo
trágicas circunstâncias políticas. Colaborou e aperfeiçoamento do conhecimento científico, o qual
participou de movimentos importantes, entre eles, a permitiria uma crescente dominação da natureza e um
União Livre dos Estudantes. Unindo-se a outros suposto afastamento do mito. Na obra Dialética do
pensadores por amizade, deu início, em 1930, a um Esclarecimento, Adorno e Horkheimer defendem que o
grupo de pesquisa que ficou conhecido mundialmente. projeto iluminista de afastamento do mito foi
convertido, ele próprio, em mito, caindo no
16
dogmatismo e em numa forma de mitologia. O e) o aprimoramento da formação cultural do individuo
progresso técnico-científico consiste, para Adorno e e a melhoria do seu convívio social pela inculcação de
Horkeheimer, no avanço crescente da racionalidade valores, de atitudes conformistas e pela eliminação do
instrumental, a qual é incapaz de frear iniciativas que debate, na medida em que este produz divergências no
afrontam a moral, como foram, por exemplo, os âmbito da sociedade.
campos de concentração nazistas.
FIL0431 - (Unicentro) Todas as alternativas abaixo
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o definem corretamente a relação crítica que se
desenvolvimento técnico-científico, é correto afirmar: estabelece na contemporaneidade entre Arte,
a) Bacon pensava que o incremento da racionalidade Indústria cultural e Cultura de massas, exceto.
instrumental aliviaria as causas do sofrimento humano, a) Com o advento da modernidade, as artes foram
apesar de a razão, a longo prazo, sucumbir novamente submetidas às regras do mercado capitalista e da
ao mito. ideologia da Indústria Cultural, baseadas na prática do
b) Adorno e Horkheimer concordavam que o progresso consumo de produtos culturais produzidos em série. As
científico não consegue superar o mito, mas se torna obras de arte são mercadorias, como tudo que existe
um tipo de concepção mítica incapaz de discriminar o no capitalismo.
que é certo do que é errado moralmente. b) Não podemos afirmar que a contemporaneidade
c) Adorno e Horkheimer sustentavam que o crescente transformou as obras de arte em mercadorias, pois
avanço da racionalidade instrumental consistia num proporcionaram sua democratização irrestrita: todos
incremento da capacidade humana de avaliar podem ter acesso a elas, conhecê-las, incorporá-las em
moralmente. suas vidas, criticá-las, graças ao capitalismo.
d) Bacon apontava que o aumento da capacidade de c) Apesar de submetida às leis do mercado capitalista e
domínio do homem sobre a natureza conduziria os de sua ideologia, a arte contemporânea não se
seres humanos a uma forma de dogmatismo. democratizou, massificou-se para consumo rápido no
e) Tanto Adorno e Horkheimer quanto Bacon viam o mercado da moda e nos meios de comunicação de
progresso técnico e científico como a solução para os massa.
sofrimentos humanos e para as incertezas morais d) A Indústria cultural define a cultura como lazer e
humanas. entretenimento, diversão e distração. O que nas obras
de arte significa trabalho da sensibilidade, da reflexão
FIL0430 - (Ufpa) “Adorno e Horkheimer (os primeiros, e da crítica é vulgarizado e banalizado; em lugar de
na década de 1940, a utilizar a expressão “indústria difundir e divulgar as artes, despertando interesse por
cultural” tal como hoje a entendemos) acreditam que ela, ocorre massificação da expressão artística e
esta indústria desempenha as mesmas funções de um intelectual.
estado fascista (...) na medida em que o individuo é e) Sob o controle econômico e ideológico da Indústria
levado a não meditar sobre si mesmo e sobre a Cultural, a arte se transformou em um evento para
totalidade do meio social circundante, transformando- tornar invisível a realidade e o próprio trabalho criador
se em mero joguete e em simples produto alimentador das obras. É algo para ser consumido e não para ser
do sistema que o envolve.” conhecido, fruído e superado por novas obras.
(COELHO, Teixeira. O que é indústria cultural, São Paulo, Editora
Brasiliense, 1987, p. 33. Texto adaptado) FIL0432 – (Uel) Leia o texto de Adorno a seguir.
Adorno e Horkheimer consideram que a indústria Se as duas esferas da música se movem na unidade da
cultural e o Estado fascista têm funções similares, pois sua contradição recíproca, a linha de demarcação que
em ambos ocorre as separa é variável. A produção musical avançada se
a) um processo de democratização da cultura ao independentizou do consumo. O resto da música séria
colocá-la ao alcance das massas o que possibilita sua é submetido à lei do consumo, pelo preço de seu
conscientização. conteúdo. Ouve-se tal música séria como se consome
b) o desenvolvimento da capacidade do sujeito de uma mercadoria adquirida no mercado. Carecem
julgar o valor das obras artísticas e bens culturais, assim totalmente de significado real as distinções entre a
como de conviver em harmonia com seus semelhantes. audição da música “clássica” oficial e da música ligeira.
c) o aprimoramento do gosto estético por meio da (ADORNO, T. W. O fetichismo na música e a regressão da audição.
indústria do entretenimento, em detrimento da In: BENJAMIN, W. et all. Textos escolhidos. 2. ed. São Paulo: Abril
capacidade de reflexão. Cultural, 1987. p. 84.)
d) um processo de alienação do homem, que leva o
indivíduo a perder ou a não formar uma imagem de si Com base no texto e nos conhecimentos sobre o
e da sociedade em que vive. pensamento de Adorno, é correto afirmar:

17
a) A música séria e a música ligeira são essencialmente [...] No século XVIII tal ideia associa-se à consciência do
críticas à sociedade de consumo e à indústria cultural. caráter progressivo da civilização, e é assim que a
b) Ao se tornarem autônomas e independentes do encontramos em Voltaire. Tal como para Bacon, no
consumo, a música séria e a música ligeira passam a início do século XVII, o progresso também é uma
realçar o seu valor de uso em detrimento do valor de espécie de objeto de fé para os iluministas. [...] A
troca. certeza do progresso permite encarar o futuro com
c) A indústria cultural acabou preparando a sua própria otimismo”.
autorreflexividade ao transformar a música ligeira e a (Adaptado de: FALCON, F. J. C. Iluminismo. 2. ed. São Paulo: Ática, 1989, p.
61-62.)
séria em mercadorias.
Na primeira metade do século XX, a ideia de progresso
d) Tanto a música séria quanto a ligeira foram
também se transformou em objeto de análise do grupo
transformadas em mercadoria com o avanço da
de pesquisadores do Instituto de Pesquisa Social
produção industrial.
vinculado à Universidade de Frankfurt.
e) As esferas da música séria e da ligeira são separadas
Tendo como referência a obra de Adorno e
e nada possuem em comum.
Horkheimer, é correto afirmar:
a) Por serem herdeiros do pensamento hegeliano, os
FIL0433 - (Unicentro) Qual dos argumentos abaixo não
autores entendem que a superação do modelo de
caracteriza a crítica feita pela Escola de Frankfurt à
racionalidade inerente aos conflitos do século XX
razão ocidental?
depende do justo equilíbrio entre uso público e uso
a) A Escola de Frankfurt confronta-se com a questão da
privado da razão.
autodestruição da razão, examinando o acasalar de
b) A despeito da Segunda Guerra, a finalidade do
razão e barbárie na história, comprometendo-se,
iluminismo de libertar os homens do medo, da magia e
assim, a pensar como é que a razão humana pôde
do mito e torná-los senhores autônomos e livres
entrar em um conflito tão radical consigo própria.
mediante o uso da ciência e da técnica, foi atingido.
b) Para os filósofos da Escola de Frankfurt,
c) Os autores propõem como alternativa às catástrofes
principalmente para Adorno e Horkheimer, há uma
da primeira metade do século XX um novo
implicação paradoxal da razão ocidental e do mito: o
entendimento da noção de progresso tendo como
próprio mito já é razão e a razão volta a ser mitologia
referência o conceito de racionalidade comunicativa.
da modernidade burguesa, isto é, se o mito se baseia
d) Como demonstra a análise feita pelos autores no
na imitação dos fenômenos naturais, a ciência
texto “O autor como produtor”, o ideal de progresso
moderna substitui a mimese pelo princípio de
consolidado ao longo da modernidade foi rompido com
identidade.
as guerras do século XX.
c) Segundo os filósofos da Escola de Frankfurt, a
e) Em obras como a Dialética do esclarecimento, os
racionalidade moderna deve contrapor ao
autores questionam a compreensão da noção de
irracionalismo inerente a sua própria constituição, uma
progresso consolidada ao longo da trajetória da razão
visão instrumental da razão, na tentativa de adequar
por ela estar vinculada a um modelo de racionalidade
meios e fins. Para esses filósofos, a razão deve observar
de cunho instrumental.
e normatizar, calcular, classificar e dominar a natureza,
controlando as incoerências, injustiças e os acasos da
FIL0435 - (Enem) O conceito de democracia, no
vida.
pensamento de Habermas, é construído a partir de
d) A racionalidade ocidental configura-se, na crítica
uma dimensão procedimental, calcada no discurso e na
feita pela Escola de Frankfurt, como razão de
deliberação. A legitimidade democrática exige que o
dominação e controle da natureza exterior e interior.
processo de tomada de decisões políticas ocorra a
Ao separar sujeito e objeto, corpo e alma, natureza e
partir de uma ampla discussão pública, para somente
cultura, destitui o indivíduo de seu aspecto empírico e
então decidir. Assim, o caráter deliberativo
singular, transformando-o em um autômato.
corresponde a um processo coletivo de ponderação e
e) Para a Escola de Frankfurt, a racionalidade moderna
análise, permeado pelo discurso, que antecede a
adota a mesma atitude com relação aos objetos que o
decisão.
ditador em relação aos homens: conhece-os para VITALE. D. Jürgen Habermas, modernidade e democracia
melhor os dominar. A crítica desses filósofos se dirigiu deliberativa. Cadernos do CRH (UFBA), v. 19, 2006 (adaptado).
a um tipo de saber que quer ser sinônimo de poder, e
que tem a técnica como sua essência. O conceito de democracia proposto por Jürgen
Habermas pode favorecer processos de inclusão social.
FIL0434 - (Uel) Leia o texto a seguir: De acordo com o texto, é uma condição para que isso
“A ideia de progresso manifesta-se inicialmente, à aconteça o(a)
época do Renascimento, como consciência de ruptura. a) participação direta periódica do cidadão.
18
b) debate livre e racional entre cidadãos e Estado. “O mundo vivido é considerado a partir do processo de
c) interlocução entre os poderes governamentais. entendimento no qual diferentes pessoas se entendem
d) eleição de lideranças políticas com mandatos sobre algo no mundo objetivo dos fatos, no mundo
temporários. social das normas de ação e mundo subjetivo das
e) controle do poder político por cidadãos mais vivências. O mundo vivido garante aos sujeitos de uma
esclarecidos. comunidade de comunicação convicções a partir das
quais se forma o contexto dos processos de
FIL0436 - (Uel) Leia o texto a seguir. entendimento”.
OLIVEIRA, M. A. de. Reviravolta linguístico-pragmática na filosofia
contemporânea. São Paulo: Edições Loyola, 1996. Adaptado.

A passagem acima apresenta uma visão da moralidade,


sobre a qual é correto afirmar que
a) se trata da ideia de moral do iluminismo, sobretudo
da filosofia de Immanuel Kant, na qual o agir moral e o
princípio da eticidade se fundamentam na razão dos
sujeitos, que se universaliza após o entendimento.
b) representa uma eticidade nos moldes do
pensamento aristotélico, em que o sujeito moral só
pode ser compreendido como membro de uma
comunidade de cidadãos, e a ética está intimamente
ligada à política.
c) expressa a visão marxista de moralidade, visto que
esta define que qualquer perspectiva de uma moral
O ser humano, no decorrer da sua existência na face da autêntica requer a superação da moral de classe e a
terra e graças à sua capacidade racional, tem instituição de uma justiça social baseada no diálogo.
desenvolvido formas de explicação do que há no d) define a conceituação de moral na perspectiva de
intuito de estabelecer um nexo de sentido entre os Jürgen Habermas, para quem a ética é discursiva e
fenômenos e as experiências por ele vivenciados. Essas origina-se das relações intersubjetivas, da construção
vivências, à medida que são passíveis de expressão de consenso entre os indivíduos e de uma ação
através das construções simbólicas contidas na comunicativa.
linguagem, apresentam um caráter eminentemente
social. FIL0438 - (Enem) Na sociedade democrática, as
(HANSEN, Gilvan. Modernidade, Utopia e Trabalho. Londrina: opiniões de cada um não são fortalezas ou castelos
Edições Cefil, 1999. p.13.) para que neles nos encerremos como forma de
autoafirmação pessoal. Não só temos de ser capazes
Com base na obra Molhe Espiral, no texto e nos de exercer a razão em nossas argumentações, como
conhecimentos sobre o pensamento de Habermas, também devemos desenvolver a capacidade de ser
assinale a alternativa correta. convencidos pelas melhores razões. A partir dessa
a) A linguagem, em razão de sua dimensão material, perspectiva, a verdade buscada é sempre um
inviabiliza a (re)produção simbólica da sociedade. resultado, não ponto de partida: e essa busca inclui a
b) As construções simbólicas se valem do apreço conversação entre iguais, a polêmica, o debate, a
instrumental e do valor mercantil. controvérsia.
c) A importância do simbólico na sociedade decorre de
sua adequação aos parâmetros funcionais e técnicos. A ideia de democracia presente no texto, baseada na
d) A dimensão simbólica da sociedade é inerente à concepção de Habermas acerca do discurso, defende
forma como o homem assegura sentido à realidade. que a verdade é um(a)
e) A forma de expressão dos elementos simbólicos na a) alvo objetivo alcançável por cada pessoa, como
arena social deve atender a uma utilidade prática. agente racional autônomo.
b) critério acima dos homens, de acordo com o qual
FIL0437 - (Uece) Considere o trecho a seguir, que podemos julgar quais opiniões são as melhores.
descreve uma definição sobre como se estabelecem as c) construção da atividade racional de comunicação
normas de ação a partir de uma determinada situação entre os indivíduos, cujo resultado é um consenso.
vivida no mundo: d) produto da razão, que todo indivíduo traz latente
educativo.

19
e) resultado que se encontra mais desenvolvido nos teorias deontológicas que a antecederam. Um exemplo
espíritos elevados, a quem cabe a tarefa de convencer está contido no texto a seguir.
os outros.
De maior gravidade são as consequências que um
FIL0439 - (Enem) Uma norma só deve pretender conceito restrito de moral comporta para as questões
validez quando todos os que possam ser concernidos da ética do meio ambiente. O modelo antropocêntrico
por ela cheguem (ou possam chegar), enquanto parece trazer uma espécie de cegueira às teorias do
participantes de um discurso prático, a um acordo tipo kantiano, no que diz respeito às questões da
quanto à validade dessa norma. responsabilidade moral do homem pelo seu meio
HABERMAS, J. Consciência moral e agir comunicativo. Rio de Janeiro: ambiente.
Tempo Brasileiro, 1989.
(HABERMAS, Jürgen. Comentários à Ética do Discurso. Trad. de
Segundo Habermas, a validez de uma norma deve ser Gilda Lopes Encarnação. Lisboa: Instituto Piaget, 1999, p.212.)
estabelecida pelo(a)
a) liberdade humana, que consagra a vontade. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a Ética
b) razão comunicativa, que requer um consenso. do Discurso, é correto afirmar que a ética
c) conhecimento filosófico, que expressa a verdade. a) abrange as ações isoladas das pessoas visando
d) técnica científica, que aumenta o poder do homem. adequar-se às mudanças climáticas e às catástrofes
e) poder político, que se concentra no sistema naturais.
partidário. b) corresponde à maneira como o homem deseja
construir e realizar plenamente a sua existência no
FIL0440 - (Uel) Leia o texto a seguir. planeta.
c) compreende a atitude conservacionista que o
A utilização da Internet ampliou e fragmentou, sistema econômico adota em relação ao ambiente.
simultaneamente, os nexos de comunicação. Isto d) implica a instrumentalização dos recursos
impacta no modo como o diálogo é construído entre os tecnológicos em benefício da redução da poluição.
indivíduos numa sociedade democrática. e) refere-se à atitude de retorno do homem à vida
(Adaptado de: HABERMAS, J. O caos da esfera pública. Folha de natural, observando as leis da natureza e sua
São Paulo, 13 ago. 2006, Caderno Mais!, p.4-5.)
regularidade.
A partir dos conhecimentos sobre a ação comunicativa
FIL0442 - (Ueg) “Uma moral racional se posiciona
em Habermas, considere as afirmativas a seguir.
criticamente em relação a todas as orientações da
I. A manipulação das opiniões impede o consenso ao
ação, sejam elas naturais, autoevidentes,
usar os interlocutores como meios e desconsiderar o
institucionalizadas ou ancoradas em motivos através
ser humano como fim em si mesmo.
de padrões de socialização. No momento em que uma
II. A validade do que é decidido consensualmente
alternativa de ação e seu pano de fundo normativo são
assenta-se na negociação em que os interlocutores se
expostos ao olhar crítico dessa moral, entra em cena a
instrumentalizam reciprocamente em prol de
problematização. A moral da razão é especializada em
interesses particulares.
questões de justiça e aborda em princípio tudo à luz
III. Como regra do discurso que busca o entendimento,
forte e restrita da universalidade.”
devem-se excluir os interlocutores que, de algum (HABERMAS, Jürgen. Direito e democracia: entre facticidade e
modo, são afetados pela norma em questão. validade. v. I. Trad. Flávio Beno Siebeneichler. Rio de Janeiro:
IV. O projeto emancipatório dos indivíduos é Tempo Brasileiro, 1997. p. 149.)
construído a partir do diálogo e da argumentação que
prima pelo entendimento mútuo. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a moral
em Habermas, é correto afirmar:
Assinale a alternativa correta. a) A formação racional de normas de ação ocorre
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. independentemente da efetivação de discursos e da
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. autonomia pública.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. b) O discurso moral se estende a todas as normas de
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. ações passíveis de serem justificadas sob o ponto de
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. vista da razão.
c) A validade universal das normas pauta-se no
FIL0441 - (Uel) Elaborada nos anos de 1980, em um conteúdo dos valores, costumes e tradições praticados
contexto de preocupações com o meio ambiente e o no interior das comunidades locais.
risco nuclear, a Ética do Discurso buscou reorientar as

20
d) A positivação da lei contida nos códigos, mesmo sem a) Contar uma mentira para outra pessoa buscando
o consentimento da participação popular, garante a obter algo que desejamos e que sabemos que não
solução moral de conflitos de ação. receberíamos se disséssemos a verdade é um exemplo
e) Os parâmetros de justiça para a avaliação crítica de de racionalidade comunicativa.
normas pautam-se no princípio do direito divino. b) Realizar um debate entre os alunos de turma da
faculdade buscando decidir democraticamente a
FIL0443 - (Uel) Leia o texto a seguir. melhor maneira de arrecadar fundos para o baile de
formatura é um exemplo de racionalidade
Na tradição liberal, a ênfase é posta no caráter instrumental.
impessoal das leis e na proteção das liberdades c) Um adolescente que diz para seu pai que vai dormir
individuais, de tal modo que o processo democrático é na casa de um amigo, mas, na verdade, vai para uma
compelido pelos (e está a serviço dos) direitos pessoais festa com amigos, é um exemplo de racionalidade
que garantem a cada indivíduo a liberdade de buscar comunicativa.
sua própria realização. Na tradição republicana, a d) Alguém que decide economizar dinheiro durante
primazia é dada ao processo democrático enquanto tal, vários anos a fim de fazer uma viagem para os Estados
entendido como uma deliberação coletiva que conduz Unidos da América é um exemplo de racionalidade
os cidadãos à procura do entendimento sobre o bem instrumental.
comum. e) Um grupo de amigos que se reúne para decidir
(Adaptado de: ARAÚJO, L. B. L. Moral, direito e política. “Sobre a democraticamente o que irão fazer com o dinheiro que
Teoria do Discurso de” Habermas. In: OLIVEIRA, M.; AGUIAR, O. A.; ganharam em um bolão da Mega Sena é um exemplo
SAHD, L. F. N. de A. e S. (Orgs.). Filosofia Política Contemporânea.
Petrópolis: Vozes, 2003. p. 214-235.) de racionalidade instrumental.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a


filosofia política na teoria do discurso, é correto afirmar FIL0445 - (Uel) Leia o texto a seguir.
que Habermas
a) privilegia a ideia de Estado de direito em detrimento Em Técnica e Ciência como “ideologia”, Habermas
de uma democracia participativa. apresenta uma reformulação do conceito weberiano
b) concede maior relevância à autonomia pública, de racionalização pela qual lança as bases conceptuais
opondo-se à autonomia privada. de sua teoria da sociedade. Neste sentido, postula a
c) ignora tanto a autonomia privada quanto a pública, distinção irredutível entre trabalho ou agir
substituindo-as pela utilidade das normas morais. instrumental e interação ou agir comunicativo, bem
d) enfatiza a compreensão individualista e como a pertinência da conexão dialética entre essas
instrumental do papel do cidadão na lógica privada do categorias, das quais deriva a diferenciação entre o
mercado. quadro institucional de uma sociedade e os
e) concilia, na mesma base, direitos humanos e subsistemas do agir racional com respeito a fins.
soberania popular, reconhecendo-os como distintos, Segundo Habermas, uma análise mais pormenorizada
porém complementares. da primeira parte da Ideologia Alemã revela que “Marx
não explicita efetivamente a conexão entre interação e
trabalho, mas sob o título nada específico da práxis
FIL0444 - (Uel) Leia o texto a seguir. social reduz um ao outro, a saber, a ação comunicativa
à instrumental”.
(Adaptado: HABERMAS, J. Técnica e ciência como “ideologia”.
Habermas distingue entre racionalidade instrumental e Lisboa: Edições 70, 1994. p.41-42.)
racionalidade comunicativa. A racionalidade
comunicativa ocorre quando os seres humanos Com base no texto e nos conhecimentos sobre o
recorrem à linguagem com o intuito de alcançar o pensamento de Habermas, é correto afirmar:
entendimento não coagido sobre algo, por exemplo, a) O crescimento das forças produtivas e a eficiência
decidir sobre a maneira correta de agir (ação moral). A administrativa conduzem à organização das relações
racionalidade instrumental, por sua vez, ocorre quando sociais baseadas na comunicação livre de quaisquer
os seres humanos utilizam as coisas do mundo, ou até formas de dominação.
mesmo outras pessoas, como meio para se alcançar b) A liberação do potencial emancipatório do
um fim (raciocínio meio e fim). desenvolvimento da técnica e da ciência depende da
prevenção das disfuncionalidades sistêmicas que
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria entravam a reprodução material da vida e suas
da ação comunicativa de Habermas, é correto afirmar: respectivas formas interativas.

21
c) O desenvolvimento da ciência e da técnica, enquanto administração efetiva. Isto porque um ente coletivo
forças produtivas, permite estabelecer uma nova tem necessidade de se integrar, política e
forma de legitimação que, por sua vez, nega as culturalmente, além de ser suficientemente autônomo
estruturas da ação instrumental, assimilando-as à ação do ponto de vista espacial, social econômico e
comunicativa. militar.[...] Em decorrência da imigração e da
d) Com base na irredutibilidade entre trabalho e segmentação cultural, as tendências subsumidas no
interação, a luta pela emancipação diz respeito tanto termo “globalização” ameaçam a composição, mais ou
ao agir comunicativo, contra as restrições impostas menos homogênea, da população em seu âmago, ou
pela dominação, quanto ao agir instrumental, contra as seja, o fundamento pré-político da integração dos
restrições materiais pela escassez econômica. cidadãos. No entanto, convém salientar outro fato
e) A racionalização na dimensão da interação social mais marcante ainda: o Estado, cada vez mais
submetida à racionalização na dimensão do trabalho emaranhado nas interdependências da economia e da
na práxis social determina o caráter emancipatório do sociedade mundial, perde, não somente em termos de
desenvolvimento das forças produtivas e do bem-estar autonomia e de competência para a ação, mas também
da vida humana. em termos de substância democrática.
(HABERMAS, J. Era das Transições. Tradução e Introdução de
Flavio Beno Siebeneichler. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003,
FIL0446 - (Uel) No final do século XX, com a p. 106.)
disseminação da Internet, o acesso à informação passa
a ser instantâneo. Com isso, novas perspectivas se Com base no texto e nos conhecimentos sobre
abrem para o debate político, sobretudo para a democracia em Habermas, considere as afirmativas a
atuação dos cidadãos na esfera pública. seguir:

Tendo presente a concepção de esfera pública nos I. A ampliação da economia além das fronteiras dos
escritos recentes de Habermas, analise as afirmativas a Estados nacionais revela a integração democrática dos
seguir: países e, consequentemente, o fortalecimento da
cidadania mundial.
I. A esfera pública constitui um espaço no qual os II. A democracia se amplia à medida que a economia e
problemas da sociedade são recebidos, discutidos e a imigração se deslocam além das fronteiras dos
problematizados, e o sistema político recepciona e Estados nacionais, produzindo um intercâmbio social e
sistematiza de forma especializada aqueles que cultural do ponto de vista global.
considera mais importantes. III. A democracia circunscrita ao âmbito nacional goza
II. Pelo fato de estar vinculada à sociedade civil, a de autonomia em segmentos significativos como a
esfera pública exime-se de efetuar mediações economia, a política e a cultura, porém, quando o
envolvendo o sistema político e o mundo da vida. Estado entra na fase da constelação pós-nacional, sofre
III. Por funcionar como uma estrutura normativa, a uma redução no exercício democrático.
esfera pública efetiva-se como um sistema IV. Do ponto de vista democrático, os Estados nacionais
institucionalizado que estabelece papéis e sofrem restrição em seu fundamento de integração
competências para a participação na sociedade. social em decorrência do aumento da imigração, da
IV. A esfera pública consiste numa rede que permite segmentação cultural e, sobretudo, da ampliação da
que certos temas, ideias e posicionamentos sejam economia no plano global.
debatidos, tendo como referência o agir voltado para o
entendimento. Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
Assinale a alternativa correta. b) Somente as afirmativas II e III são corretas.
a) Somente as afirmativas I e III são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
c) Somente as afirmativas II e IV são corretas. e) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. FIL0448 - (Uel) A proposta ética de Habermas não
comporta conteúdos. Ela é formal. Ela apresenta um
FIL0447 - (Uel) Leia o seguinte texto de Habermas: procedimento, fundamentado na racionalidade
comunicativa, de resolução de pretensões normativas
A democracia se adapta a essa formação moderna do de validade.
Estado territorial, nacional e social, equipado com uma
22
(DUTRA, D. J. V. Razão e consenso em Habermas. A teoria III. A razão comunicativa somente pode ser entendida
discursiva da verdade, da moral, do direito e da biotecnologia. como uma capacidade subjetiva, capaz de dizer aos
Florianópolis: Editora da UFSC. 2005, p. 158.)
agentes o que devem realizar.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a obra
Está(ão) correta(s) a(s) afirmação(ões):
de Habermas, é correto afirmar que, na Ética do
a) apenas a I
Discurso,
b) apenas a II
a) o processo de justificação das normas morais e o
c) I e II
procedimento de deliberação das pretensões de
d) II e III
validade de correção normativa são falíveis.
e) I e III
b) o formalismo da ética habermasiana é idêntico ao
formalismo presente nas éticas de Kant e Bentham,
FIL0451 - (Uel) A ação política pressupõe a
pois desconsidera o que resulta concretamente das
possibilidade de decidir, através da palavra, sobre o
normas morais.
bem comum. Esta acepção do termo ‘política’,
c) o modelo monológico da ética kantiana é
somente válida enquanto ideal aceito, guarda uma
reformulado na perspectiva de uma comunidade
estreita relação com a concepção de política defendida
discursiva na qual os participantes analisam as
por Habermas. Em particular, com o modelo normativo
pretensões de validade tendo como critério a força do
de democracia que este desenvolveu no início dos anos
melhor argumento.
de 1990 e que inclui um procedimento ideal de
d) o puro respeito à lei é considerado por Habermas
deliberação e tomada de decisões: a chamada política
como o critério fundamental para conferir moralidade
deliberativa.
à ação, restando excluídos do debate da ética (VELASCO ARROVO, J. C. Para ler Habermas. Madrid: AIIanza,
discursiva os desejos e as necessidades manifestados 2003, p. 93.)
pelos indivíduos.
e) o princípio “U” possibilita que sejam acatadas Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
normas que não estejam sintonizadas com uma democracia no pensamento de Habermas, considere as
vontade universal, coadunando, dessa forma, afirmativas a seguir.
particularismo e universalismo ético. I. As normas se tornam legitimas pelo fato de terem
sido submetidas ao crivo participativo de todos os
FIL0449 - (Uel) Sobre o pensamento de Habermas, é concernidos.
correto afirmar que, no modelo da democracia II. O princípio da regra da maioria está subordinado à
deliberativa, a noção de cidadania enfatiza possibilidade prévia de que todos os concernidos
a) os direitos e as liberdades metafísicas. tenham tido a oportunidade de apresentar seus
b) as liberdades individuais e a heteronomia. posicionamentos de forma argumentativa e sem
c) os direitos objetivos e o cerceamento da sociedade coerção.
civil. III. A deliberação visa formalizar posições cristalizadas
d) os direitos subjetivos e as liberdades cidadãs. pelos membros da sociedade política, limitando-se ao
e) os direitos naturais originários e a submissão à endosso das opiniões prévias de cada um.
autoridade. IV. As práticas políticas democráticas restringem-se à
escolha, mediante sufrágio universal, dos líderes que
FIL0450 - (Ufpa) Na contemporaneidade, uma das mais governam as cidades.
marcantes concepções acerca das possibilidades da
ação moral vincula-se à ideia de uma razão Assinale a alternativa correta.
comunicativa. Sobre essa ideia, julgue as afirmações a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
abaixo: b) Somente as afirmativas II e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
I. A razão comunicativa permanece presa aos d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
condicionantes da razão prática moderna, isto é, aos e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.
agentes considerados individual ou coletivamente.
II. O que propicia a razão comunicativa é a mediação FIL0452 – (Uel) O debate nascido nos anos 80 sobre a
linguística, por meio da qual as relações entre os crise da modernidade tem como pano de fundo a
sujeitos ocorrem e o modo de vida contemporâneo se consciência do esgotamento da razão, no que se refere
estrutura. a sua incapacidade de encontrar perspectivas para o
prometido progresso humano. O pensamento de
Habermas situa-se no contexto dessa crítica. A

23
racionalidade ocidental, desde Descartes, pretendeu a b) A abordagem cognitivista da ética do discurso
autonomia da razão, baseada no sujeito que assume a impossibilidade de validação das normas
solitariamente representa o mundo. [...] A morais.
racionalidade prevalente na modernidade é a c) A abordagem cognitivista da ética do discurso se
instrumental[...]. apoia no conhecimento da utilidade das ações tal como
(HERMANN, N. O pensamento de Habermas. In: Filosofia. pretendia Jeremy Bentham.
Sociedade e Educação. Ano I, n.I. Marília: UNESP, 1997. p. 122-1
d) A abordagem cognitivista da ética do discurso
23.)
procura dar continuidade às teses aristotélicas sobre a
retórica.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a Teoria
e) A ética do discurso, ao abordar a ética de um ponto
Crítica de Adorno e Horkheimer e sobre o pensamento
de vista cognitivista, segue as teorias emotivistas e
de Jürgen Habermas, é correto afirmar que a
decisionistas.
racionalidade Instrumental constitui
FIL0454 - (Uel) “De acordo com a ética do Discurso,
I. um conhecimento que se processa a partir das
uma norma só deve pretender validez quando todos os
condições especificas da objetividade empírica do fato
que possam ser concernidos por ela cheguem (ou
em si.
possam chegar), enquanto participantes de um
II. o processo de entendimento entre os sujeitos acerca
Discurso prático, a um acordo quanto à validez dessa
do uso racional dos instrumentos técnicos para o
norma”.
controle da natureza.
III. uma forma de uso amplo da razão, que torna o Fonte: Habermas, J. Consciência moral e agir comunicativo.
homem livre para compreender a si mesmo a partir do Tradução de Guido A. de Almeida. Rio de Janeiro: Tempo
domínio do conhecimento científico. Brasileiro, 1989, p.86.
IV. um saber orientado para a dominação e o controle
técnico sobre a natureza e sobre o próprio ser humano. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a Ética
do Discurso de Habermas, assinale a alternativa
Assinale a alternativa correta. correta:
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. a) O princípio possibilitador do consenso deve
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. assegurar que somente sejam aceitas como válidas as
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. normas que exprimem um desejo particular.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. b) Nas argumentações morais basta que um indivíduo
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. reflita se poderia dar seu assentimento a uma norma.
c) Os problemas que devem ser resolvidos em
FIL0453 - (Uel) De acordo com a ética do discurso, os argumentações morais podem ser superados apenas
argumentos apresentados a fim de validar as normas monologicamente.
[...] têm força de convencer os participantes de um d) O princípio que norteia a ética do discurso de
discurso a reconhecerem uma pretensão de validade, Habermas expressa-se, literalmente, nos mesmos
tanto para a pretensão de verdade quanto para a termos do imperativo categórico kantiano.
pretensão de retidão. [...] Ele [Habermas] defende a e) Uma norma só poderá ser considerada correta se
tese de que as normas éticas são passíveis de todos os envolvidos estiverem de acordo em dar-lhe o
fundamentação num sentido análogo ao da verdade. seu consentimento.
(BORGES, M. de L.; DALL’AGNOL, D.; DUTRA, D. V. Ética. Rio de
Janeiro: DP&A, 2002, p. 105.)
FIL0455 - (Uel) “[...] Somente ordenamentos políticos
podem ter legitimidade e perdê-la; somente eles têm
Assim, é correto afirmar que a ética do discurso necessidade de legitimação. [...] dado que o Estado
defende uma abordagem cognitivista da ética toma a si a tarefa de impedir a desintegração social por
(HABERMAS, J. Consciência moral e agir comunicativo. Tradução
Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Tempo Brasileira, 1989. meio de decisões obrigatórias, liga-se ao exercício do
p. 62 e 78.) poder estatal a intenção de conservar a sociedade em
sua identidade normativamente determinada em cada
Sobre o cognitivismo da ética do discurso, é correto oportunidade concreta. De resto, é esse o critério para
afirmar: mensurar a legitimidade do poder estatal, o qual – se
a) A ética do discurso procura dar continuidade à pretende durar – deve ser reconhecido como
abordagem cognitivista já presente em Kant. legítimo.”
(HABERMAS, Jürgen. Para a reconstrução do Materialismo
Histórico. 2. ed. Trad. Carlos Nelson Coutinho. São Paulo:
Brasiliense, 1990. p. 219-221.)

24
a) I e II.
Com base no texto, é correto afirmar que a b) II e IV.
legitimidade do Estado em Habermas: c) III e IV.
a) É uma necessidade que se impõe por meio da d) I, II e III.
vontade do soberano, pois este é o único capaz de e) I, III e IV.
dispor de garantias sociais para todos.
b) Reside na preservação da identidade da sociedade FIL0457 - (Ufpr) Eis como ainda no início do século XVII
como forma de assegurar a integração social. se descrevia a figura ideal do soldado. O soldado é
c) É uma exigência que, uma vez conquistada, adquire antes de tudo alguém que se reconhece de longe; que
perenidade sem se exaurir ao longo da história. leva os sinais naturais de seu vigor e coragem, as
d) É atingida pelo uso do poder econômico ou da força marcas também de seu orgulho: seu corpo é o brasão
bélica, elementos esses que podem se perder de sua força e de sua valentia. [...] Na segunda metade
facilmente. do século XVIII, o soldado tornou-se algo que se
e) Conta de forma imprescindível com os parâmetros fabrica; de uma massa informe, de um corpo inapto,
da vontade divina no estabelecimento de valores fez-se a máquina de que se precisa; corrigiram-se aos
comumente vivenciados. poucos as posturas; lentamente uma coação calculada
percorre cada parte do corpo, se assenhoreia dele,
dobra o conjunto, torna-o perpetuamente disponível e
FIL0456 - (Uel) “Desde o final do século XIX, impõe-se
se prolonga, em silêncio, no automatismo dos hábitos.
cada vez com mais força a outra tendência evolutiva (FOUCAULT, Michel. Os corpos dóceis. In: FOUCAULT, Michel.
que caracteriza o capitalismo tardio: a cientificação da Vigiar e Punir. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 162.)
técnica. No capitalismo sempre se registrou a pressão
institucional para intensificar a produtividade do Levando em conta essa passagem e a obra em que está
trabalho por meio da introdução de novas técnicas. As inserida, é correto afirmar que, para Michel Foucault,
inovações dependiam, porém, de inventos esporádicos instituições como escolas, quartéis, hospitais e prisões
que, por seu lado, podiam sem dúvida ser induzidos são exemplos de espaços em que, a partir do século
economicamente, mas tinham ainda um caráter XVIII, os indivíduos:
natural. Isso modificou-se, na medida em que a a) são educados de modo a se tornarem autônomos.
evolução técnica é realimentada com o progresso das b) aprendem a conviver uns com os outros.
ciências modernas. Com a investigação industrial de c) encontram as condições de segurança e bem-estar.
grande estilo, a ciência, a técnica e a revalorização do d) se tornam mais vigorosos e valentes.
capital confluem num mesmo sistema. Entretanto, a e) se fazem objeto do poder disciplinar.
investigação industrial associa-se a uma investigação
nascida dos encargos do Estado, que fomenta em FIL0458 - (Uece) Considere o seguinte excerto a
primeiro lugar o progresso científico e técnico no respeito da desumanização dos imigrantes latinos:
campo militar. Daí as informações refluem para as
esferas da produção civil de bens.” “Estou estarrecido pelo que vejo acontecer hoje nos
(HABERMAS, Jürgen. Técnica e ciência como ideologia. Trad. Artur
EUA – filhos de imigrantes, sendo arrancados de seus
Morão. Lisboa: Edições 70, 1987. p. 72.)
pais e enviados a centros de detenção. Laura Ingraham,
da rede de notícias Fox News disse que as crianças
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o
imigrantes presas estavam ‘praticamente numa
capitalismo tardio, considere as afirmativas a seguir.
colônia de férias’, a despeito do áudio em que se
ouvem crianças chorando. Quase 60% dos
I. A espontaneidade e naturalidade dos inventos
republicanos aprovam a prática de separar crianças
esporádicos bloquearam a produtividade no
imigrantes de seus pais e não é difícil entender os
capitalismo.
motivos. Há alguns anos Donald Trump vem
II. No capitalismo tardio, há uma junção sistêmica entre
aproveitando todas as oportunidades de desumanizar
a técnica, a ciência e a revalorização do capital.
os latinos que atravessam a fronteira, chamando-os de
III. No interior do capitalismo tardio, a técnica e a
animais, assassinos e estupradores. Essa etapa é
ciência são independentes e se desenvolvem em
essencial, a de reduzir imigrantes a um status sub-
sentidos opostos.
humano. Aconteceu durante o Holocausto. Sempre
IV. A produção civil de bens se apropria das
que um grupo de pessoas sofre opressão e horrores, os
informações geradas pela investigação industrial no
grupos no poder, primeiramente as reduzem e
campo militar.
desumanizam, de forma a aliviar a consciência dos
poderosos enquanto dure a opressão”.
Estão corretas apenas as afirmativas:
25
King, Shaun. Separar famílias de migrantes é uma barbaridade. E Ainda que o poder não seja uma coisa, ele se torna
os EUA fazem isso há séculos com não brancos. Publicado em uma, pois é assim que a maioria dos homens o
21/06/2018. Disponível em:
https://theintercept.com/2018/06/21/eua-familias-migrantes- representa. É preciso situar a tese de Foucault dentro
trump/. Adaptado. de seus devidos limites: o homem condicionado,
adestrado pelos poderes, é o privilegiado, o europeu.
No texto acima, a referência ao processo de Não é o colonizado, não é o proletário do Terceiro
desumanização dos imigrantes latinos corresponde a Mundo (assim como não era o proletário europeu do
uma ação política baseada em uma concepção de século XIX). Estes, o poder não pensa sequer em
poder que é encontrada domesticar: domina-os – e muito de cima.
a) no pensamento marxista e em sua percepção das Com base na reflexão desenvolvida por Lebrun, é
disputas ideológicas e de poder entre estratos sociais correto afirmar que:
distintos (classes sociais), marcadas que são pelas a) o conceito de poder tem a possibilidade de ser
diferenças de posicionamento na estrutura da interpretado a partir de noções como “disciplina” ou
produção material e histórica, representados pelos “adestramento”, construídas no próprio sujeito,
imigrantes, de um lado, e os nativos americanos, do considerando ao mesmo tempo a natureza estrutural e
outro. as condicionantes macrossociais do poder que
b) na obra filosófica de Michel Foucault, que discute as orientam os indivíduos à ação social.
diferentes maneiras de exercício do poder, paralelas ao b) as diferentes enunciações do conceito de poder
poder do estado, que se exercem de formas variadas e presentes na obra de Foucault devem levar em
em vários níveis institucionais, entre as quais estão os consideração a situação dos trabalhadores
meios formadores de discursos e narrativas voltadas a novecentistas em países de Terceiro Mundo; do
disciplinar e ressignificar percepções sociais. contrário o poder só pode ser entendido como
c) na visão contratualista de Rousseau e na sua narrativa dos opressores.
concepção de uma natureza humana boa, corrompida c) o poder é um fenômeno que prescinde das
pela sociedade (os imigrantes que agem como animais instituições políticas e sociais para que se manifeste e,
e assassinos), bem como na supremacia do poder que conforme Lebrun, toda forma de poder é uma
se origina da vontade geral e do interesse coletivo manifestação da domesticação e do adestramento do
sobre as vontades dos indivíduos que emigram. indivíduo para a ação coletiva, tendo como princípio a
d) na noção hobbesiana de poder, que defende o vigilância e a punição.
combate ao estado de natureza – representado pela d) a explicação oferecida por Foucault possui
situação dos imigrantes latinos – e a necessária limitações e não corresponde à realidade das relações
instituição da sociabilidade política, com o exercício da de poder existentes no mundo moderno e
força de um líder que tem que ser forte e respeitado contemporâneo, sobretudo quando se destaca a
para impor a ordem (o Presidente norte-americano análise do proletariado do Terceiro Mundo.
Donald Trump). e) as relações de poder serão compreendidas em
profundidade se assumirmos como parâmetro de
nossas análises os processos de colonização no século
XIX e a opressão ao proletário do Terceiro Mundo.
FIL0459 - (Ufpr) O filósofo Gérard Lebrun, em seu livro
intitulado O que é o poder, discorre sobre diferentes FIL0460 - (Ufpr) Em um texto chamado “Resposta à
abordagens do conceito de poder. Na apresentação da questão: o que é esclarecimento?”, Kant afirma que o
obra, tece considerações sobre o binômio “esclarecimento é a saída do homem da menoridade”.
poder/dominação, tendo como referência a obra de Afirma também que a “menoridade é a incapacidade
Michel Foucault. Escreve Lebrun: de servir-se do próprio entendimento sem direção
Quando a questão é compreender como foi e continua alheia” e que “o homem é o culpado por esta
sendo possível a resignação, quase ilimitada, dos incapacidade, quando sua causa resulta na falta, não
homens perante os excessos do poder, não basta do entendimento, mas de resolução e coragem para
invocar as disciplinas e as mil fórmulas de fazer uso dele sem a direção de outra pessoa”.
(KANT, Resposta à questão: O que é esclarecimento? In: MARÇAL, J.;
adestramento que, como mostra Foucault, são CABARRÃO, M.; FANTIN, M. E. (Org.). Antologia de Textos Filosóficos.
achados relativamente recentes da modernidade. Sua Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 407.)
origem e seu sucesso talvez se devam a um sentimento
atávico dos deserdados, de serem por natureza Por sua vez, Foucault afirma: “Houve, durante a época
excluídos do poder, estranhos a este – talvez derivem clássica, uma descoberta do corpo como objeto e alvo
da convicção de que opor-se a ele seria loucura do poder. Encontraríamos facilmente sinais dessa
comparável a opor-se aos fenômenos atmosféricos. grande atenção dedicada então ao corpo – ao corpo
26
que se manipula, se modela, se treina, que obedece, a) I, II e III.
responde, se torna hábil ou cujas forças se multiplicam b) I e II apenas.
[...]”, referindo-se a um corpo (homem) que se torna c) II e III apenas.
ao mesmo tempo analisável e manipulável. d) I e III apenas.
(FOUCAULT, Michel. Os corpos dóceis. In: FOUCAULT, Michel. Vigiar e
Punir. Trad. Ligia M. Pondé Vassalo. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1987, p. 125.).
FIL0462 - (Enem) Penso que não há um sujeito
soberano, fundador, uma forma universal de sujeito
Com base nos dois textos e no pensamento desses
que poderíamos encontrar em todos os lugares. Penso,
filósofos, considere as afirmativas abaixo:
pelo contrário, que o sujeito se constitui através das
1. O Esclarecimento seria uma espécie de menoridade
práticas de sujeição ou, de maneira mais autônoma,
intelectual e corresponderia à afirmação da religião
através de práticas de liberação, de liberdade, como na
como ponto de partida para o homem tomar suas
Antiguidade – a partir, obviamente, de um certo
principais decisões.
número de regras, de estilos, que podemos encontrar
2. Enquanto Kant se preocupa em avaliar o quanto os
no meio cultural.
indivíduos são responsáveis por se deixarem dirigir por FOUCAULT, M. Ditos e escritos V: ética, sexualidade, política. Rio de
outros, Foucault trata de mostrar os modos como a Janeiro: Forense Universitária, 2004.
sociedade torna o homem manipulável. O texto aponta que a subjetivação se efetiva numa
3. Tanto Kant quanto Foucault se questionam pelo dimensão
nível de autonomia do homem, ambos, porém, a partir a) legal, pautada em preceitos jurídicos.
de abordagens diferentes e chegando a conclusões b) racional, baseada em pressupostos lógicos.
diferentes. c) contingencial, processada em interações sociais.
4. Fica claro no texto de Foucault que a idade clássica d) transcendental, efetivada em princípios religiosos.
favorece o autoconhecimento e a autonomia de e) essencial, fundamentada em parâmetros
pensamento. substancialistas.

Assinale a alternativa correta. FIL0463 - (Uece) Observe a seguinte notícia: “O total de


a) Somente a afirmativa 2 é verdadeira. pessoas encarceradas no Brasil chegou a 726.712 em
b) Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras. junho de 2016. Em dezembro de 2014, era de 622.202.
c) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras. Houve um crescimento de mais de 104 mil pessoas.
d) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras. Cerca de 40% são presos provisórios, ou seja, ainda não
e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras. possuem condenação judicial. Mais da metade dessa
população é de jovens de 18 a 29 anos e 64% são
FIL0461 - (Uece) “Generalizando posteriormente a já negros. [...] Os crimes relacionados ao tráfico de drogas
amplíssima classe dos dispositivos foucaultianos, são os que mais levam as pessoas às prisões, com 28%
chamarei literalmente de dispositivo qualquer coisa da população carcerária total. Somados, roubos e
que tenha de algum modo a capacidade de capturar, furtos chegam a 37%. [...] Quanto à escolaridade, 75%
orientar, determinar, interceptar, modelar, controlar e da população prisional brasileira não chegaram ao
assegurar os gestos, as condutas, as opiniões e os Ensino Médio. Menos de 1% dos presos tem
discursos dos seres viventes.” graduação”.
AGAMBEN, G. O que é um dispositivo? outra travessia, Fonte: AGÊNCIA BRASIL, 08/12-2017. Em:
Florianópolis, n. 5, p. 9-16, jan. 2005. http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2017-
Considerando o excerto acima, analise as seguintes 12/populacao-carceraria-do-brasil-sobe-de-622202-para-726712-
proposições: pessoas
I. As prisões e os manicômios se enquadram nesse
conceito na medida em que se voltam para a correção As informações apresentadas na notícia acima podem
e normalização de condutas consideradas desviantes. ser pensadas filosoficamente tomando-se por base
II. As escolas, as igrejas e as fábricas podem ser
pensadas como dispositivos na medida em que se I. Foucault e sua teoria dos dispositivos disciplinares do
voltam para os corpos e os comportamentos no poder.
sentido do disciplinamento. II. Marx e sua teoria do Estado como instrumento da
III. Os computadores, os telefones celulares, as classe dominante.
câmeras de segurança se destacam como dispositivos, III. Maquiavel e sua teoria do poder do príncipe.
pois controlam tecnicamente os gestos e as condutas IV. Aristóteles e seu conceito de justiça distributiva.
humanas.
Estão corretas somente as complementações contidas
É correto o que se afirma em em
27
a) I e II. as reflexões metafísicas ou gnosiológicas. Sobre o
b) II e III. conceito de verdade, julgue as afirmativas abaixo.
c) III e IV.
d) I e IV. I. O idealismo tende à verdade imanente, ao
fechamento num sistema, ao conhecimento não
FIL0464 - (Enem) O momento histórico das disciplinas intencional.
é o momento em que nasce uma arte do corpo II. O pragmatismo, partindo da verdade de que o
humano, que visa não unicamente o aumento das suas conhecimento deva servir à vida e favorecer as
habilidades, nem tampouco aprofundar sua sujeição, finalidades práticas, inverte a relação, e faz com que a
mas a formação de uma relação que no mesmo verdade deva ser reduzida a promover a prática da
mecanismo o torna tanto mais obediente quanto é vida.
mais útil, e inversamente. Forma-se então uma política III. A verdade na contemporaneidade é, de acordo com
das coerções, que são um trabalho sobre o corpo, uma filósofos como Foucault, produzida como
manipulação calculada de seus elementos, de seus acontecimento num espaço e num tempo específicos.
gestos, de seus comportamentos.
FOUCAULT, M. Vigiar e punir: história da violência nas prisões. Assinale a alternativa que apresenta apenas a(s)
Petrópolis: Vozes, 1987. afirmativa(s) verdadeira(s).
a) I e II.
Na perspectiva de Michel Foucault, o processo b) I e III.
mencionado resulta em c) II e III.
a) declínio cultural. d) Todas.
b) segregação racial. e) Nenhuma.
c) redução da hierarquia.
d) totalitarismo dos governos. FIL0467 - (Ufsj) O Círculo de Viena foi um importante
e) modelagem dos indivíduos. marco para a filosofia e, exemplarmente, propôs que,
a) antes de ser classificado de percepção externa ou
FIL0465 - (Uema) Gilberto Cotrim (2006. p. 212), ao subjetividade, todo e qualquer dado deve ser
tratar da pós-modernidade, comenta as ideias de sistematicamente analisado.
Michel Foucault, nas quais “[...] as sociedades b) em qualquer evento, existe algo de subjetivo e isso
modernas apresentam uma nova organização do poder é disfarçado pelas extraordinárias extensões no mundo
que se desenvolveu a partir do século XVIII. Nessa nova metafísico.
organização, o poder não se concentra apenas no setor c) para ser aceita como verdadeira, uma teoria
político e nas suas formas de repressão, pois está científica deveria passar pelo crivo da verificação
disseminado pelos vários âmbitos da vida social [...] [e] empírica.
o poder fragmentou-se em micropoderes e tornou-se d) no limite do que o sujeito pode perceber e do que é
muito mais eficaz. Assim, em vez de se deter apenas no exatamente o objeto há um abismo de possibilidades e
macropoder concentrado no Estado, [os] é nisso que consiste a importância da metafísica.
micropoderes se espalham pelas mais diversas
instituições da vida social. Isto é, os poderes exercidos FIL0468 - (Uel) Leia o texto a seguir.
por uma rede imensa de pessoas, por exemplo: os pais, Esta é uma concepção de ciência que considera a
os porteiros, os enfermeiros, os professores, as abordagem crítica sua característica mais importante.
secretarias, os guardas, os fiscais etc.” Para avaliar uma teoria o cientista deve indagar se
Fonte: COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia: história e
grandes temas. São Paulo: Saraiva, 2006. (adaptado) pode ser criticada - se se expõe a críticas de todos os
tipos e, em caso afirmativo, se resiste a essas críticas.
POPPER, Karl. Conjecturas e refutações. Trad. Sérgio Bath. Brasília:
Pelo exposto por Gilberto Cotrim sobre as ideias de
UnB, 1982. p. 284.
Foucault, a principal função dos micropoderes no
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
corpo social é interiorizar e fazer cumprir
filosofia de Popper, assinale a alternativa correta.
a) o ideal de igualdade entre os homens.
b) o total direito político de acordo com as etnias.
c) as normas estabelecidas pela disciplina social. a) A concepção de ciência da qual fala Popper é aquela
d) a repressão exercida pelos menos instruídos. que possui o princípio de verificabilidade, com
e) o ideal de liberdade individual. proposições rigorosas que procuram corrigir as teorias
científicas.
FIL0466 - (Uenp) Na história da filosofia, ao longo de b) A ciência busca alcançar o conhecimento de tipo
mais de dois milênios, “verdade” é palavra-chave para essencial, pois ele garante a verdade de uma teoria
28
científica, permitindo o desenvolvimento em direção à essência ou caráter determinado (...) Na verdade não é
verdade objetiva visada pela ciência. possível distinguir disciplinas em função da matéria de
c) Uma teoria científica é verdadeira se suas que tratam (...) Estudamos problemas, não matérias:
proposições são empiricamente falsificáveis via testes, problemas que podem ultrapassar as fronteiras de
permitindo que sejam autocorrigidas e desenvolvidas qualquer matéria ou disciplina”.
na direção de uma verdade objetiva. Karl Popper.
d) Os testes empíricos nas ciências humanas, tais como
psicologia e sociologia, visam confirmar seu valor de Assinale a alternativa que não corresponde à
cientificidade, pois suas teorias são falsificáveis. concepção de filosofia de Karl Popper.
e) A concepção de ciência que Popper sustenta é a a) Os problemas filosóficos podem ultrapassar as
passivista ou receptacular, na qual as teorias científicas fronteiras da filosofia e implicar soluções
são elaboradas por meio dos sentidos e o erro surge ao interdisciplinares.
interferirmos nos dados obtidos da experiência. b) A filosofia e as demais disciplinas têm problemas em
comum.
FIL0469 - (Ufsm) Há muitas razões para valorizar a c) Não existe algo como uma entidade filosófica ou
ciência. A importância de prever e explicar fenômenos atividade com natureza determinada que possa ser
naturais e facilitar nosso controle de ambientes hostis, mencionada como resposta a pergunta “Que é a
facilitando nossa adaptação, é uma delas. Em função filosofia?”.
do sucesso que a ciência tem em explicar muitos d) Ao filosofo não cabe indicar o que deve ser feito, mas
fenômenos, a maioria das pessoas não diretamente ocupar-se da resolução de problemas.
envolvidas com atividades científicas tende a pensar e) Antes de solucionar problemas é imprescindível que
que uma teoria científica é um conjunto de leis se determine a essência da filosofia, sua natureza.
verdadeiras e infalíveis sobre o mundo natural.
Mudanças teóricas radicais na história da ciência FIL0471 - (Uel) Leia o texto a seguir.
(como a substituição de um modelo geocêntrico por [...] não exigirei que um sistema científico seja
um modelo heliocêntrico de explicação do movimento suscetível de ser dado como válido, de uma vez por
planetário) levaram filósofos a suspeitar dessa imagem todas, em sentido positivo; exigirei, porém, que sua
das teorias científicas. A teoria da ciência do físico e forma lógica seja tal que se torne possível validá-lo
filósofo austríaco Karl Popper se caracterizou por através de recurso a provas empíricas em sentido
sustentar que as leis científicas possuem um caráter negativo [...].
(POPPER, K. A lógica da pesquisa científica. Trad. L. Hegenberg e
I. hipotético e provisório. O. S. da Mota. São Paulo: Cultrix, 1972. p. 42.)
II. assistemático e irracional.
III. matemático e formal. Assinale a alternativa que corresponde ao critério de
IV. contraditório e tautológico. avaliação das teorias científicas empregado por
Popper.
É/São verdadeira(s) a(s) assertiva(s) a) Falseabilidade
a) I apenas. b) Organicidade
b) I e II apenas. c) Confiabilidade
c) III apenas. d) Dialeticidade
d) II e IV apenas. e) Diferenciabilidade
e) III e IV apenas.
FIL0472 - (Unicentro) “(...) a ciência tem mais que um
simples valor de sobrevivência biológica. Ela não é
FIL0470 - (Unioeste) “Acredito que a função do apenas um instrumento útil. Embora não possa atingir
cientista e do filósofo é solucionar problemas a verdade nem a probabilidade, o esforço pelo
científicos ou filosóficos e não falar sobre o que ele e conhecimento e a procura pela verdade ainda são os
outros filósofos estão fazendo ou deveriam fazer (...) motivos mais fortes da descoberta científica. Não
Quando disse que a indagação sobre o caráter dos sabemos, podemos apenas conjecturar. E nossas
problemas filosóficos é mais apropriada do que a conjecturas são guiadas pela fé não científica,
pergunta ‘Que é a filosofia?’ quis insinuar uma das metafísica (embora explicável biologicamente), nas leis
razões da futilidade da atual controvérsia a respeito da ou regularidades que podemos desvendar – descobrir”
(POPPER, Karl. A Lógica da pesquisa científica, in CHAUÍ (org.),
natureza da filosofia: a crença ingênua de que existe de Primeira Filosofia. São Paulo: Brasiliense, 1987 – p. 213-214).
fato uma entidade que podemos chamar de ‘filosofia’
ou de ‘atividade filosófica’, com uma ‘natureza’,
29
De acordo com o enunciado, e com seus b) faz parte da atividade científica testar seus
conhecimentos sobre o tema, qual das alternativas enunciados, e é sobre o modo de fazer esse teste que
abaixo caracteriza a ciência contemporânea para Karl incide a análise lógica popperiana.
Popper (1902-1994)? c) o teste dos enunciados de uma teoria científica deve
a) Para Popper, o que garante a verdade do discurso ser realizado por meio da experiência, ou seja, por
científico é sua condição de refutabilidade: quando meio da observação e da experimentação.
uma teoria resiste à refutação, ela é corroborada. d) o modo pelo qual um cientista concebe uma teoria
Assim, não é a explicação e a justificação de sua teoria é de interesse da psicologia empírica e não da filosofia
que deve preocupar o cientista, mas sim o da ciência.
levantamento de possíveis teorias que a refutem. e) não se pode aplicar uma análise lógica em nenhuma
b) Popper abandonou o empirismo para dedicar-se ao das etapas da atividade científica, pois o método das
chamado anarquismo epistemológico. Defende o ciências empíricas não se diferencia da atividade
pluralismo metodológico e critica as posições artística.
positivistas e as metodologias normativas adotadas
pela ciência contemporânea. FIL0474 - (Unicentro) Consideremos o campo da
c) Popper nega que o desenvolvimento da ciência epistemologia contemporânea; sob esse aspecto,
tenha sido levado a efeito pelo ideal de refutação. podemos afirmar que a posição de Thomas Kuhn
Segundo o autor, a ciência progride pela tradição (1922-1996), em relação à ciência, se contrapôs à
intelectual representada pelo conceito de paradigma. concepção científica de Karl Popper (1902-1994)?
d) De acordo com Popper, o homem está convencido Assinale a alternativa correta.
de sua capacidade de conhecer o mundo pela ciência.
A concepção de ciência do autor tem como a) Sim, Kuhn se contrapôs à teoria de Popper ao negar
pressuposto o mecanicismo e o determinismo. que o desenvolvimento da ciência se dê mediante o
e) Popper elaborou o primeiro exemplo de teoria ideal de refutação. Ao contrário, Kuhn afirma que a
científica encontrado na ciência moderna: a teoria da ciência progride pela tradição intelectual representada
gravitação universal, fazendo da fisiologia uma ciência pelo paradigma que é a visão de mundo expressa
positiva, tendo por modelo o método experimental da numa teoria.
física e da química. b) Não, Kuhn absorve a teoria da refutabilidade de
Popper ao desenvolver sua concepção de paradigma
FIL0473 - (Unioeste) “Um cientista, seja teórico seja científico. Para ambos, o que garante a verdade de um
experimental, propõe enunciados, ou sistemas de discurso científico é sua condição de justificação, ou
enunciados, e testa-os passo a passo. No campo das seja, quando uma teoria é justificada ela é
ciências empíricas, mais particularmente, constrói corroborada.
hipóteses ou sistemas de teorias e testa-as com a c) Não, Kuhn argumentou que uma teoria, como
experiência por meio da observação e do experimento. paradigma, deve ser desenvolvida em vez de criticada,
Sugiro que é tarefa da lógica da investigação científica motivo pelo qual ele não poderia opor-se ao
ou lógica do conhecimento apresentar uma análise pensamento de Popper. Sua tentativa será outra:
desse procedimento; isto é, analisar o método das tentar harmonizar aqueles pontos de vista que
ciências empíricas […]. A etapa inicial, o ato de divergem do seu.
conceber ou inventar uma teoria, não me parece exigir d) Sim, Kuhn cedo abandonou o empirismo,
uma análise nem ser suscetível dela. A questão de classificando-se como anarquista epistemológico.
saber como acontece que uma nova ideia ocorre a um Dessa forma, opôs-se não apenas à concepção
homem – seja essa ideia um tema musical, seja um metodológica de Popper como também de outros
conflito dramático, seja uma teoria científica – pode ser contemporâneos seus, como Lakatos, por exemplo.
de grande interesse para a psicologia empírica; mas ela Diferentemente de Popper, Kuhn anuncia que as
é irrelevante para a análise lógica do conhecimento teorias não são nem verdadeiras, nem falsas, mas
científico.” (Popper) úteis.
e) Sim, diferentemente de Popper, para quem a física
Considerando o texto acima, é incorreto afirmar, sobre newtoniana era considerada a imagem verdadeira do
a filosofia da ciência de Karl Popper, que mundo, tendo como pressupostos o mecanicismo e o
a) o que importa para decidir se uma atividade é ou não determinismo, Kuhn estabelece como paradigma de
científica é o que o cientista faz com suas teorias e não sua concepção de ciência o irracionalismo de
como ele as cria. Heisenberg e seu princípio da incerteza.

30
FIL0475 - (Uel) A ciência é uma das poucas atividades entre as ciências empíricas, de uma parte, e a
humanas – talvez a única – em que os erros são matemática e a lógica, bem como os sistemas
criticados sistematicamente (e com frequência “metafísicos” de outra. Esse problema foi abordado
corrigidos). Por isso podemos dizer que, no campo da por Hume, que tentou resolvê-lo. Com Kant, tornou-se
ciência, aprendemos muitas vezes com os nossos erros; o problema central da teoria do conhecimento.
por isso podemos falar em clareza e sensatez sobre o (POPPER, K. R. A Lógica da Pesquisa Científica. Tradução de
Leonidas Hegenberg e Octanny Silveira da Mota. São Paulo:
progresso científico. Na maior parte dos outros campos
Cultrix, 1972. p. 35.)
de atividade do homem ocorrem mudanças, mas
Com base no texto e nos conhecimentos sobre Popper,
raramente há progresso – a não ser dentro de uma
assinale a alternativa correta.
perspectiva muito estreita dos nossos objetivos neste
a) Os enunciados metafísicos devem ser eliminados do
mundo. Quase todos os ganhos são neutralizados por
discurso científico por serem destituídos de conteúdo
alguma perda – e quase nunca sabemos como avaliar
cognitivo.
as mudanças.
(POPPER, K. R. Conjecturas e refutações. 2 ed. Brasília: Editora da
b) O problema da demarcação encontra solução na
UNB. 1982. p. 242.) lógica indutiva.
c) O problema da demarcação, assim como o problema
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a da indução, não tem uma solução racional.
concepção de progresso da ciência em Karl R. Popper, d) A metafísica deve ser eliminada por não constituir
é correto afirmar. um problema cientificamente relevante.
a) É necessário que todas as consequências de uma e) Os enunciados metafísicos não fazem parte do
teoria científica sejam verificadas a fim de se atingir a discurso científico por não serem passíveis de
verdade em si. falseamento.
b) A descoberta da lei do progresso da ciência permite
impulsionar progressiva e linearmente a ciência na FIL0478 - (Uel) Karl Popper, em “A lógica da
direção da verdade. investigação científica”, se opõe aos métodos indutivos
c) Os cientistas estruturam as informações disponíveis das ciências empíricas. Em relação a esse tema, diz
em um dado momento histórico, incorporando saberes Popper: “Ora, de um ponto de vista lógico, está longe
anteriores, tendo como base o método paratático. de ser óbvio que estejamos justificados ao inferir
d) O progresso da ciência ocorre quando são enunciados universais a partir dos singulares, por mais
suprimidas definitivamente as ideias metafísicas, pois elevado que seja o número destes últimos”.
historicamente é nula a sua contribuição para as Fonte: POPPER, K. R. A lógica da investigação científica. Tradução
de Pablo Rubén Mariconda. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p.3.
descobertas científicas.
e) A eliminação dos erros das teorias anteriores e a
Com base no texto e nos conhecimentos sobre Popper,
substituição destas por outras mais verossímeis e,
assinale a alternativa correta:
portanto, mais próximas da verdade permitem o
a) Para Popper, qualquer conclusão obtida por
progresso da ciência.
inferência indutiva é verdadeira.
b) De acordo com Popper, o princípio da indução não
tem base lógica porque a verdade das premissas não
FIL0476 - (Uel) Considerando a solução apresentada
garante a verdade da conclusão.
por Karl Popper ao problema da indução nos métodos
c) Uma inferência indutiva é aquela que, a partir de
de investigação científica, é correto afirmar que, para
enunciados universais, infere enunciados singulares.
ele, o método científico
d) A observação de mil cisnes brancos justifica,
a) é indutivo e racional.
segundo Popper, a conclusão de que todos os cisnes
b) é dedutivo e irracional.
são brancos.
c) é indutivo e irracional.
e) Para Popper, a solução para o problema do princípio
d) não segue os padrões de racionalidade impostos
da indução seria passar a considerá-lo não como
pela lógica.
verdadeiro, mas apenas como provável.
e) é dedutivo e racional.

FIL0479 - (Uel) “As experiências e erros do cientista


consistem de hipóteses. Ele as formula em palavras, e
FIL0477 - (Uel) Leia o texto a seguir. muitas vezes por escrito. Pode então tentar encontrar
brechas em qualquer uma dessas hipóteses, criticando-
Denomino problema da demarcação o problema de a experimentalmente, ajudado por seus colegas
estabelecer um critério que nos habilite a distinguir cientistas, que ficarão deleitados se puderem
encontrar uma brecha nela. Se a hipótese não suportar
31
essas críticas e esses testes pelo menos tão bem IV. A história da ciência não tem nenhuma importância
quanto suas concorrentes, será eliminada”. para a investigação da atividade científica, pois a
(POPPER, Karl. Conhecimento objetivo. Trad. de Milton Amado. ciência não é condicionada, de forma alguma, por seu
São Paulo: Edusp & Itatiaia, 1975. p. 226.)
contexto histórico.
V. O progresso científico ocorre dentro de uma
Com base no texto e nos conhecimentos sobre ciência tradição enquanto o paradigma permitir que os
e método científico, é correto afirmar: problemas considerados importantes sejam resolvidos
a) O método científico implica a possibilidade (ciência normal).
constante de refutações teóricas por meio de Das afirmativas feitas acima
experimentos cruciais. a) apenas IV está correta.
b) A crítica no meio científico significa o fracasso do b) apenas III e V estão corretas.
cientista que formulou hipóteses incorretas. c) apenas I, II e IV estão corretas.
c) O conflito de hipóteses científicas deve ser resolvido d) apenas I, II e V estão corretas.
por quem as formulou, sem ajuda de outros cientistas. e) apenas I, II, III, V estão corretas.
d) O método crítico consiste em impedir que as
hipóteses científicas tenham brechas. FIL0481 – (Unioeste) “Segundo o filósofo da ciência
e) A atitude crítica é um empecilho para o progresso Thomas Kuhn, paradigma é um conjunto sistemático
científico. de métodos, formas de experimentações e teorias que
constituem um modelo científico, tornando-se
FIL0480 – (Unioeste) “Kuhn sustenta que a ciência condição reguladora da observação. [...] A ciência
progride quando os cientistas são treinados numa normal, conforme Kuhn, funciona submetida por
tradição intelectual comum e usam essa tradição para paradigmas estabelecidos historicamente num campo
resolver os problemas que ela suscita. Kuhn vê a contextual de problemas e soluções concretas. [...] Os
história de uma ciência ‘madura’ como sendo, paradigmas são estabelecidos nos momentos de
essencialmente, uma sucessão de tradições, cada uma revolução científica [...] Portanto, para Kuhn, a ciência
das quais com sua própria teoria e seus próprios se desenvolve por meio de rupturas, por saltos e não
métodos de pesquisa, cada um guiando uma de maneira gradual e progressiva”.
comunidade de cientistas durante um certo período de (E. C. Santos)
tempo e sendo finalmente abandonada. Kuhn
começou por chamar às ideias de uma tradição Sobre a concepção de ciência de Kuhn, é incorreto
científica um ‘paradigma’ [...] O paradigma, como um afirmar que
todo, determina que problemas são investigados, que a) o desenvolvimento científico não se dá de modo
dados são considerados pertinentes, que técnicas de linear, cumulativo e progressivo.
investigação são usadas e que tipos de solução se b) o desenvolvimento científico possui momentos de
admitem. [...] Revoluções, como as de Copérnico, revolução, de ruptura, nos quais há mudança de
Newton, Darwin e Einstein não são frequentes, diz paradigma.
Kuhn, e são deflagradas por crises. Uma crise ocorre c) a ciência normal é o período em que a pesquisa
quando os cientistas são incapazes de resolver muitos científica é dirigida por um paradigma.
problemas de longa data com que o paradigma se d) um exemplo de mudança de paradigma (revolução)
defronta”. na Astronomia e a substituição do sistema geocêntrico
Kneller aristotélico-ptolomaico pelo sistema heliocêntrico
copernicano-galilaico.
Considerando o texto acima e as ideias de Kuhn sobre e) a ciência não está submetida, de forma alguma, às
a atividade científica, seguem as afirmativas abaixo: condições históricas.
I. O paradigma determina o que uma comunidade
científica pode investigar, quais os métodos e as FIL0509 - (Enem) A hospitalidade pura consiste em
soluções possíveis. acolher aquele que chega antes de lhe impor
II. A história da ciência mostra uma sucessão de condições, antes de saber e indagar o que quer que
rupturas ou revoluções, ou seja, mudanças de seja, ainda que seja um nome ou um “documento” de
paradigmas e não um processo progressivo linear identidade. Mas ela também supõe que se dirija a ele,
contínuo do conhecimento científico. de maneira singular, chamando-o portanto e
III. Um paradigma entra em crise e pode ser substituído reconhecendo-lhe um nome próprio: “Como você se
por outro quando ele não permite mais a solução de chama?” A hospitalidade consiste em fazer tudo para
problemas considerados importantes pela comunidade se dirigir ao outro, em lhe conceder, até mesmo
científica. perguntar seu nome, evitando que essa pergunta se
32
torne uma “condição”, um inquérito policial, um FIL0512 - (Enem) Em A morte de Ivan IIitch, Tolstoi
fichamento ou um simples controle das fronteiras. descreve com detalhes repulsivos o terror de encarar a
Uma arte e uma poética, mas também toda uma morte iminente. Ilitch adoece depois de um pequeno
política dependem disso, toda uma ética se decide aí. acidente e logo compreende que se encaminha para o
DERRIDA, J. Papel-máquina. São Paulo: Estação Liberdade, 2004 fim de modo impossível de parar. “Nas profundezas de
(adaptado).
seu coração, ele sabia estar morrendo, mas em vez de
Associado ao contexto migratório contemporâneo, o se acostumar com a ideia, simplesmente não o fazia e
conceito de hospitalidade proposto pelo autor impõe a não conseguia compreendê-la”.
necessidade de KAZEZ, J. O peso das coisas: filosofia para o bem-viver. Rio de
a) anulação da diferença. Janeiro: Tinta Negra, 2004.
b) cristalização da biografia.
c) incorporação da alteridade. O texto descreve a experiência do personagem de
d) supressão da comunicação. Tolstoi diante de um aspecto incontornável de nossas
e) verificação da proveniência. vidas. Esse aspecto foi um tema central na tradição
filosófica
a) marxista, no contexto do materialismo histórico.
FIL0510 - (Enem) Por maioria, nós não entendemos b) logicista, no propósito de entendimento dos fatos.
uma quantidade relativa maior, mas a determinação de c) utilitarista, no sentido da racionalidade das ações.
um estado ou de um padrão em relação ao qual tanto d) pós-modernista, na discussão da fluidez das
as quantidades maiores quanto as menores serão ditas relações.
minoritárias. Maioria supõe um estado de dominação. e) existencialista, na questão do reconhecimento de si.
É nesse sentido que as mulheres, as crianças e também
os animais são minoritários.
DELEUZE, G.; GUATTARI. F. Mil platôs. São Paulo: Editora 34, 2012 FIL0513 - (Enem) TEXTO I
(adaptado). Os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
No texto, a caracterização de uma minoria decorre da E com as mãos e os pés
existência de E com o nariz e a boca.
a) ameaças de extinção social. PESSOA, F. O guardador de rebanhos – IX. In: GALHOZ. M. A.
b) políticas de incentivos estatais. (Org.). Obras poéticas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1999
c) relações de natureza arbitrária. (fragmento).
d) valorações de conexões simétricas.
e) hierarquizações de origem biológica. TEXTO II
Tudo aquilo que sei do mundo, mesmo por ciência, eu
o sei a partir de uma visão minha ou de uma
FIL0511 - (Enem) Em sentido geral e fundamental, experiência do mundo sem a qual os símbolos da
Direito é a técnica da coexistência humana, isto é, a ciência não poderiam dizer nada.
técnica voltada a tornar possível a coexistência dos MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. São Paulo:
Martins Fontes, 1999 (adaptado).
homens. Como técnica, o Direito se concretiza em um
conjunto de regras (que, nesse caso, são leis ou
Os textos mostram-se alinhados a um entendimento
normais); e tais regras têm por objeto o
acerca da ideia de conhecimento, numa perspectiva
comportamento intersubjetivo, isto é, o
que ampara a
comportamento recíproco dos homens entre si.
ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins
a) anterioridade da razão no domínio cognitivo.
Fontes, 2007. b) confirmação da existência de saberes inatos.
c) valorização do corpo na apreensão da realidade.
O sentido geral e fundamental do Direito, conforme foi d) verificabilidade de proposições no campo da lógica.
destacado, refere-se à e) possibilidade de contemplação de verdades
a) aplicação de códigos legais. atemporais.
b) regulação do convívio social.
c) legitimação de decisões políticas.
d) mediação de conflitos econômicos.
e) representação da autoridade constituída.

33
FIL0514 - (Enem) Minha fórmula para o que há de FIL0516 - (Enem) A promessa da tecnologia moderna
grande no indivíduo é amor fati: nada desejar além se converteu em uma ameaça, ou esta se associou
daquilo que é, nem diante de si, nem atrás de si, nem àquela de forma indissolúvel. Ela vai além da
nos séculos dos séculos. Não se contentar em suportar constatação da ameaça física. Concebida para a
o inelutável, e ainda menos dissimulá-lo, mas amá-lo. felicidade humana, a submissão da natureza, na
NIETZSCHE apud FERRY L. Aprender a viver: filosofia para os novos sobremedida de seu sucesso, que agora se estende à
tempos. Rio da Janeiro: Objetiva, 2010 (adaptado).
própria natureza do homem, conduziu ao maior
desafio já posto ao ser humano pela sua própria ação.
Essa fórmula indicada por Nietzsche consiste em uma O novo continente da práxis coletiva que adentramos
crítica à tradição cristã que com a alta tecnologia ainda constitui, para a teoria
a) combate as práticas sociais de cunho afetivo. ética, uma terra de ninguém.
b) impede o avanço científico no contexto moderno. JONAS. H. O princípio da responsabilidade. Rio de Janeiro:
c) associa os cultos pagãos à sacralização da natureza. Contraponto; Editora PUC-Rio, 2011 (adaptado).
d) condena os modelos filosóficos da Antiguidade
Clássica. As implicações éticas da articulação apresentada no
e) consagra a realização humana ao campo texto impulsionam a necessidade de construção de um
transcendental. novo padrão de comportamento, cujo objetivo
consiste em garantir o(a)
FIL0515 - (Enem) Panayiotis Zavos “quebrou” o último a) pragmatismo da escolha individual.
tabu da clonagem humana – transferiu embriões para b) sobrevivência de gerações futuras.
o útero de mulheres, que os gerariam. Esse c) fortalecimento de políticas liberais.
procedimento é crime em inúmeros países. d) valorização de múltiplas etnias.
Aparentemente, o médico possuía um laboratório e) promoção da inclusão social.
secreto, no qual fazia seus experimentos. “Não tenho
nenhuma dúvida de que uma criança clonada irá
aparecer em breve. Posso não ser eu o médico que irá FIL0517 - (Enem) Uma sociedade é uma associação
criá-la, mas vai acontecer”, declarou Zavos. “Se nos mais ou menos autossuficiente de pessoas que em suas
esforçarmos, podemos ter um bebê clonado daqui a relações mútuas reconhecem certas regras de conduta
um ano, ou dois, mas não sei se é o caso. Não sofremos como obrigatórias e que, na maioria das vezes, agem
pressão para entregar um bebê clonado ao mundo. de acordo com elas. Uma sociedade é bem ordenada
Sofremos pressão para entregar um bebê clonado não apenas quando está planejada para promover o
saudável ao mundo.” bem de seus membros, mas quando é também
CONNOR, S. Disponível em: www.independent.co.uk. Acesso em: efetivamente regulada por uma concepção pública de
14 ago. 2012 (adaptado). justiça. Isto é, trata-se de uma sociedade na qual todos
aceitam, e sabem que os outros aceitam, o mesmo
A clonagem humana é um importante assunto de princípio de justiça.
reflexão no campo da bioética que, entre outras RAWLS, J. Uma teoria da justiça. São Paulo: Martins Fontes, 1997
questões, dedica-se a (adaptado).
a) refletir sobre as relações entre o conhecimento da
vida e os valores éticos do homem. A visão expressa nesse texto do século XX remete a
b) legitimar o predomínio da espécie humana sobre as qual aspecto do pensamento moderno?
demais espécies animais no planeta. a) A relação entre liberdade e autonomia do
c) relativizar, no caso da clonagem humana, o uso dos Liberalismo.
valores de certo e errado, de bem e mal. b) A independência entre poder e moral do
d) legalizar, pelo uso das técnicas de clonagem, os Racionalismo.
processos de reprodução humana e animal. c) A convenção entre cidadãos e soberano de
e) fundamentar técnica e economicamente as Absolutismo.
pesquisas sobre células-tronco para uso em seres d) A dialética entre indivíduo e governo autocrata do
humanos. idealismo.
e) A contraposição entre bondade e condição selvagem
do Naturalismo.

34
FIL0518 - (Enem) A sociedade como um sistema justo b) A responsabilidade adquire uma nova dimensão pela
de cooperação social consiste em uma das ideias técnica que as éticas tradicionais (por exemplo, a ética
familiares fundamentais, que dá estrutura e aristotélica) não comportam, uma vez que estas não
organização à justiça como equidade. A cooperação apontam para as consequências futuras.
social guia-se por regras e procedimentos c) As éticas tradicionais primam pelo
publicamente reconhecidos e aceitos por aqueles que antropocentrismo, tornando-se, assim, um problema,
cooperam como sendo apropriados para regular a sua pois não buscam um fim imanente também na
conduta. Diz-se que a é cooperação é justa porque seus natureza.
termos são tais que todos os participantes podem d) A responsabilidade pelas futuras gerações e pelo
razoavelmente aceitar, desde que todos os demais todo orgânico são elementos fundamentais na
também o aceitem.” proposta ética de Hans Jonas.
FERES JR., J.; POGREBINSCHI, T. Teoria política contemporânea: e) A responsabilidade não pode ser uma relação
uma introdução. Rio de Janeiro: Elsevier. 2010. recíproca, uma vez que tal relação se move incidindo
numa ética futurista.
No contexto do pensamento político, a ideia
apresentada mostra-se consoante o(a) FIL0521 - (Enem) Para Rawls, a estrutura básica mais
a) ideal republicano de governo. justa de uma sociedade é aquela que alguém
b) corrente tripartite dos poderes. escolheria se não soubesse qual viria a ser seu papel
c) posicionamento crítico do socialismo. particular no sistema de cooperação daquela
d) legitimidade do absolutismo monárquico. sociedade.
e) entendimento do contratualismo moderno. LOVETT, F. Uma teoria da justiça, de John Rawls. Porto Alegre:
Penso, 2013.
FIL0519 - (Pucpr) Hans Jonas, na obra O Princípio
Responsabilidade, afirma que “sob o signo da A teoria da justiça proposta pelo autor, conforme
tecnologia, a ética tem a ver com ações de um alcance exposto no texto, pressupõe assumir uma posição
causal que carece de precedentes (...); tudo isso coloca hipotética chamada de
a responsabilidade no centro da ética)” (JONAS, 1995, a) reino de Deus.
p.16-17). A esse respeito, podemos considerar que b) mundo da utopia.
Jonas compreende o “princípio responsabilidade” c) véu da ignorância.
como um princípio d) estado de natureza.
a) hipotético, que é válido exclusivamente para e) cálculo da felicidade.
pensarmos as ações humanas.
b) relativista, porque considera cada indivíduo FIL0526 - (Ufpr) Segundo Hannah Arendt, "para os
responsável apenas pela sua própria conduta. gregos, forçar alguém mediante violência, ordenar ao
c) que não é voltado exclusivamente para a ética invés de persuadir, eram modos pré-políticos de lidar
humana, mas que baliza a conduta humana sobre a com as pessoas, típicos da vida fora da polis,
natureza em geral. característicos do lar e da vida em família, na qual o
d) ético, voltado exclusivamente para a conduta chefe da casa imperava com poderes incontestes e
humana presente. despóticos”.
e) responsável apenas pelas gerações atuais, (ARENDT, Hannah. A Condição Humana. Trad. Celso Lafer. Rio de
Janeiro: Forense Universitária, 1997, p. 36.)
desinteressado pela vida futura da humanidade e da
natureza.
Considerando a passagem acima e a obra de que foi
FIL0520 - (Pucpr) A preocupação sobre o futuro da extraída, segundo H. Arendt, para os gregos antigos:
natureza e a ação da civilização tecnológica apresenta- a) a família era considerada um tipo inferior de
se como traços constitutivos do pensamento de Hans associação política.
Jonas. Neste sentido, o princípio responsabilidade b) não havia igualdade política, posto que havia
pretende superar as éticas tradicionais, as quais o dominação no âmbito familiar.
autor chama de “éticas da similitude”. A respeito da c) as mulheres, apesar de dominadas no âmbito
reflexão ética de Hans Jonas, assinale a alternativa familiar, eram livres para participar da esfera pública.
INCORRETA. d) a comunidade política (a polis) deveria persuadir o
a) A responsabilidade não tem nenhuma implicância e chefe de família a abdicar de seus poderes despóticos.
relevância com relação às futuras gerações, e) a comunidade doméstica (a família) e a comunidade
associando- se, assim, com a ética de Kant. política (a polis) eram entendidas como formas de
associação fundamentalmente distintas.

35
FIL0533 – (Unesp) Texto 1 c) o poder de convencimento é superior ao efeito dos
A ideia do panóptico coloca no centro alguém, um olho, argumentos.
um olhar, um princípio de vigilância que poderá de d) os usos de cafeína por indígenas têm cunho
certo modo fazer sua soberania agir sobre todos os essencialmente religioso.
indivíduos [situados] no interior dessa máquina de e) o saber é relevante em uma comunidade quando
poder. Nessa medida, podemos dizer que o panóptico corroborado pela ciência.
é o mais antigo sonho do mais antigo soberano: que
nenhum dos meus súditos escape e que nenhum dos FIL0537 – (Unesp) As certezas do homem comum, as
gestos de nenhum dos meus súditos me seja verdades comuns da experiência cotidiana, os filósofos
desconhecido. vivem-nas, por certo, e não as negam, enquanto
(Michel Foucault. Segurança, território, população, 2008. homens. Mas, enquanto filósofos, não as assumem.
Adaptado.) Nesse sentido em que as desqualificam, pode-se dizer
que as recusam. Desqualificação teórica, recusa
Texto 2 filosófica, empreendidas em nome da racionalidade
Em 2013 as revelações de Edward Snowden, ex- que postulam para a filosofia. Assim é que boa parte
funcionário da Agência de Segurança Nacional dos das filosofias opta por esquecer “metodologicamente”
Estados Unidos, deixaram a noção de transparência a visão comum do Mundo, recusando-se a integrá-la ao
democrática sob suspeita. Snowden revelou que a seu saber racional e teórico. Não podendo furtar-se,
inteligência estadunidense realizava vigilância em enquanto homens, à experiência do Mundo, não o
massa de seus aliados e adversários políticos. A reconhecem como filósofos. O Mundo não é, para eles,
espionagem ocorreu logrando acesso legal ou forçado o universo reconhecido de seus discursos.
aos servidores de boa parte das maiores empresas de Desconsiderando filosoficamente as verdades
internet. cotidianas, o bom senso, o senso comum, instauram de
(Davi Lago. “O panóptico digital: por que devemos suspeitar da
palavra ‘transparência’?”. https://estadodaarte.estadao.com.br, fato o dualismo do prático e do teórico, da vida e da
29.08.2019. Adaptado.) razão filosófica. Instauram, consciente e
propositadamente, o divórcio entre o homem comum
O fenômeno retratado nos excertos implica, que são e o filósofo que querem ser.
diretamente, (Oswaldo Porchat Pereira. Rumo ao ceticismo, 2007. Adaptado.)
a) o reconhecimento da liberdade individual.
b) o aperfeiçoamento da interação social. O “divórcio” entre o homem comum e o filósofo,
c) a diversificação do conhecimento popular. segundo o autor, ocorre em função da
d) a ampliação de autoridade estatal. a) negação do homem comum em entender a
e) a valorização da responsabilidade coletiva. realidade.
b) restrição do saber comum no fazer filosófico.
c) diferença de mundos que buscam compreender.
FIL0536 – (Unesp) Muito antes de a farmacologia d) falta de correspondência factual do saber comum.
moderna desvendar cientificamente a ação da cafeína e) proposição de respostas necessariamente
sobre o sistema nervoso central, especialmente seu divergentes.
efeito estimulante, as comunidades indígenas da
Amazônia se beneficiavam das propriedades desta FIL0538 – (Unesp) A Ecologia Profunda é um conceito
substância no alívio da fadiga, por meio do emprego do filosófico que considera que todos os elementos vivos
guaraná, sem necessariamente compreender sua da natureza devem ser respeitados, assim como deve
composição química ou outras possibilidades ser garantido o equilíbrio da biosfera. O termo surgiu
terapêuticas. em 1972, com o filósofo e ambientalista norueguês
(Ediara R. G. Rios et al. “Senso comum, ciência e filosofia – elo dos Arne Naess (1912-2009). Ele distinguiu as correntes
saberes necessários à promoção da saúde”. Ciência & Saúde ambientais entre movimentos rasos e movimentos
Coletiva, 2007. Adaptado.) profundos. Os movimentos rasos limitam-se a tentar
minimizar os problemas ambientais e garantir o
O excerto ressalta um aspecto importante para o enriquecimento das sucessivas gerações humanas,
estudo do conhecimento, segundo o qual enquanto a Ecologia Profunda vai na raiz dos
a) o senso comum pode engendrar o desenvolvimento problemas ambientais e defende os direitos de toda a
de uma teoria científica. comunidade biótica.
b) as proposições teóricas se sobrepõem às (José E. D. Alves. “Os oito princípios da ecologia profunda”.
demonstrações empíricas. www.ecodebate.com.br, 05.06.2017. Adaptado.)

36
A partir do texto, o aspecto filosófico de “Ecologia FIL0564 – (Uece) Leia atentamente os seguintes textos:
Profunda” implica uma mudança de conduta, pois “O Conselho de Segurança discutiu nesta terça-feira o
requer a tema Manutenção da Paz e da Segurança
a) criação de um novo paradigma na relação entre ser Internacionais: Exclusão, Desigualdade e Conflitos. [...]
humano e natureza. O chefe das Nações Unidas disse que os gastos
b) mobilização social em torno de campanhas por militares se aproximaram de US $2 trilhões por ano,
economia verde. tendo o maior aumento como proporção do Produto
c) revisão da dependência das tecnologias de Interno Bruto anual desde 2009. Guterres destacou
produção. como uma fração desse valor permitiria o progresso
d) transformação dos acordos multilaterais entre em áreas como consolidação da paz, prevenção de
diferentes nações. conflitos e desenvolvimento humano, da igualdade e
e) manutenção dos impactos da crise ambiental. da inclusão”.
ONU. Gastos militares globais rondam US$ 2 trilhões por ano.
FIL0539 – (Unesp) Texto 1 Publicado em 09/11/2021“
Com que frequência você utiliza os seguintes meios
como fonte de informação? De um ponto de vista puramente econômico, o
militarismo é para o capital um meio privilegiado de
realizar a mais-valia; em outras palavras, é um campo
de acumulação. O militarismo possui uma demanda
concentrada e homogênea do Estado. O poder de
compra da grande massa de consumidores,
concentrado sob a forma de pedidos de material de
guerra feitos pelo Estado, não corre o risco das
arbitrariedades, das oscilações subjetivas do consumo
individual; a indústria de armamentos possui, sem
dúvida, uma regularidade quase automática, de um
crescimento contínuo. É o próprio capital que controla
esse movimento automático e rítmico da produção
para o militarismo, graças ao aparelho legislativo
Texto 2 parlamentar e à imprensa que se encarrega de criar a
O WhatsApp, aplicativo de mensagens por celular chamada opinião pública”.
extremamente disseminado no Brasil, é visto como LUXEMBURGO, R. A acumulação do capital, capítulo XXXII. Trad.
bras. Moniz Bandeira. Rio de Janeiro: Zahar Editora, 1970. –
uma das redes mais propícias para a difusão de notícias Adaptado.
falsas. Como é um aplicativo de mensagens privadas e
não tem caráter público, é difícil rastrear as fake news Conforme Rosa Luxemburgo, teórica marxista, os
espalhadas ali e avaliar seu alcance, o que preocupa gastos militares correspondem a uma necessidade
pesquisadores. econômica da acumulação de capital. Essa necessidade
(Juliana Gragnani. “Pesquisa inédita identifica grupos de família
como principal vetor de notícias falsas no WhatsApp”.
é satisfeita pelo Estado, que compra esses armamentos
www.bbc.com, 20.04.2018. Adaptado.) produzidos,
a) devido à pressão da opinião pública e dos órgãos
A leitura dos textos permite considerações filosóficas internacionais por desenvolvimento econômico e
sobre a inclusão social.
a) compreensão da aceitação da indústria cultural no b) porque o capital pode contar com o apoio dos órgãos
cotidiano. estatais, como o parlamento, e privados, como a
b) recusa do uso de dispositivos tecnológicos na imprensa.
imprensa. c) com os impostos recolhidos das próprias empresas
c) construção da autonomia humana por meio das capitalistas, preocupadas em criar empregos e
redes sociais. aumentar salários.
d) importância do estímulo ao exercício da atividade d) mas esses gastos públicos são sempre oscilantes,
reflexiva. dada a flutuação da opinião pública e das maiorias
e) consequência da vigilância e da punição nos meios parlamentares.
de comunicação.

37
FIL0565 - (Uece) “Segundo Benjamin, a proletarização FIL0567 – (Uece) Entre 16 e 18 de setembro de 1982,
e a formação de massas na Alemanha de seu tempo são ocorreu um massacre de palestinos e libaneses em dois
dois aspectos do mesmo processo. O que o fascismo campos de refugiados situados a Oeste de Beirute
faz é uma tentativa de disciplinamento dessas massas (capital do Líbano), chamados Sabra e Chatila. Na
proletarizadas, evitando com isso que haja qualquer época, o Líbano estava sob ocupação israelense. Em 22
perturbação ao regime de propriedade posto. Trata-se de setembro do mesmo ano, o filósofo judeu brasileiro
de permitir que tais massas se expressem enquanto Maurício Tragtenberg (1929-1998) publicou um artigo
massas, desde que a ordem social não seja posta em de opinião em que afirma:
xeque e que quaisquer reivindicações que toquem na
estrutura social sejam contidas.” “Deu-se o massacre dos palestinos dos campos de
VIEIRA, R. Modernidade e barbárie: as análises de Walter Sabra e Chatila por obra dos assassinos chefiados por
Benjamin sobre o fascismo alemão. Cel. Haddad, com conivência e participação [do
https://www.niepmarx.blog.br/MManteriores/MM2017/anais201
7.pdf. Acessado em 17-10-2021 Exército de Israel], isso após a morte do traficante de
– Adaptado. haxixe [Bashir] Gemayel, novo ‘Quisling’ [traidor]
Conforme o trecho acima apresentado, para Walter imposto pelas tropas de ocupação. Por tudo isso, ser
Benjamin, o fascismo fiel à tradição judaica é condenar mais este genocídio
a) se origina necessariamente das massas, quando elas praticado contra o povo palestino. É necessário acabar
se proletarizam. de vez com o etnocentrismo que toma a forma de
b) tenta evitar a oposição das massas proletarizadas à judeu-centrismo, onde o massacre de judeus brancos
ordem burguesa. por brancos europeus tem um status diferente do
c) possibilita a que as massas se expressem como o que massacre dos armênios pelos turcos, dos negros
são: proletárias. africanos pelos traficantes de escravos, dos chineses na
d) é a prova de que não existem mais classes sociais, Indonésia. Assim, Auschwitz é elevado a potência
mas apenas massas. metafísica. Sou um dos últimos a minimizar as
atrocidades cometidas em Auschwitz, porém, as
FIL0566 – (Uece) “Pois uma estátua não é apenas um lágrimas de outros povos não contam?”
documento histórico. Ela é sobretudo um dispositivo TRAGTENBERG, M. Menachem Begin visto por Einstein, H. Arendt
e N. Goldman. Folha de São Paulo, 22/09/1982.
de celebração. Como celebração, ela naturaliza
dinâmicas sociais, ela diz: ‘assim foi e assim deveria ter
Acerca do conceito moderno dos direitos humanos, é
sido’. Um bandeirante com um trabuco na mão e olhar
implícito à concepção de M. Tragtenberg que
para frente é a celebração do ‘desbravamento’ de
a) há uma universalidade nos direitos humanos,
‘nossas matas’. [...] Quando a ditadura militar criou o
independentemente de etnia e cultura.
mais vil aparato de crimes contra a humanidade,
b) o massacre de brancos europeus tem um status
dispositivo de tortura de Estado e assassinato
diferente de outros massacres.
financiado com dinheiro do empresariado paulista, não
c) a tradição judaica tem uma concepção etnocêntrica
por acaso seu nome foi: Operação Bandeirante. Sim, a
sobre os direitos humanos.
história é implacável. Como disse no início, o passado é
d) o genocídio de judeus pelos nazistas em Auschwitz
o que não cessa de retornar.”
SAFATLE, Vladimir. Do direito inalienável de derrubar estátuas. In: tem um significado metafísico.
El país, em 26-07-2021. Disponível em:
https://brasil.elpais.com/opiniao/2021-07-26/do-direito- FIL0569 – (Uece) Neste ano, comemoramos o
inalienavel-de derrubar-estatuas.html. centenário de nascimento do Patrono da Educação
Brasileira, o Professor Paulo Freire (1921-1997). Atente
Nas passagens acima citadas de seu artigo de opinião, para a seguinte passagem de sua autoria:
o filósofo Vladimir Safatle faz uso, por duas vezes, do “[...] a educação é uma forma de intervenção no
conceito de dispositivo. Sobre este conceito, formulado mundo [...], que além do conhecimento dos conteúdos
por Michel Foucault (1926-1984), é correto afirmar que bem ou mal ensinados e/ou aprendidos implica tanto o
a) expressa uma forma de poder que se opõe aos esforço de reprodução da ideologia dominante quanto
sujeitos e às formas de constituição de subjetividade. seu desmascaramento. [...] não poderia ser a educação
b) são práticas, as mais diversas, que atuam na só uma ou só outra dessas coisas. [...] É um erro
constituição, no controle e na dominação dos sujeitos. decretá-la como tarefa apenas reprodutora da
c) é sempre um instrumento de exercício de violência ideologia dominante como erro tomá-la como uma
física do poder contra os dominados. força de desocultação da realidade, a atuar livremente,
d) mostra como o poder atua somente sem obstáculos e duras dificuldades”.
simbolicamente, conduzindo a uma dominação FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática
consentida. educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996, p. 98-99. – Adaptado.

38
No texto acima, o fato de a educação ser concebida FIL0571 – (Uece) Em janeiro de 2022, dois jovens
como uma prática que une em si reprodução e negros foram presos acusados de roubo de um carro,
desmascaramento da ideologia dominante, acusação que depois se demonstrou injusta. Em uma
filosoficamente, manifesta uma reportagem do G1, o pai dos jovens, que conseguiu
a) incoerência, que desobedece ao princípio lógico de ajuda de vizinhos para provar a inocência dos filhos, faz
não contradição. a seguinte reflexão:
b) posição dialética, que concebe os processos sociais “Em momento algum deram chances de defesa para os
como contraditórios. meninos. Eu acho que todo homem tem o direito de
c) concepção mecanicista, em que forças exteriores se defesa, mas o sistema não dá o direito, principalmente
opõem e se chocam. da gente que é negro”.
d) ideação moral subjetiva, que atua no sentido Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sao-
contrário à realidade dada. paulo/noticia/2022/04/02/pai-investiga-assalto-por-conta-
propria-e-irmaos-sao-soltos-apos-um-mes-presos.ghtml. Acessado
em 03/04/2022.
FIL0570 – (Uece) “A despeito de todas as conquistas
provenientes da elaboração da ideia de direitos Com base no que afirma a Declaração Universal dos
humanos, o crime de estupro é associado ao sexo, e Direitos Humanos de 1948, o pai está reivindicando,
não à violência, e seus índices sequer são diminuídos em sua fala, o direito à
nas sociedades contemporâneas de controle e a) propriedade e à liberdade de usufruto de posses.
promoção de segurança. O estupro é crime cometido b) família e à liberdade de opinião e expressão.
preponderantemente contra as mulheres também por c) presunção de inocência e à não discriminação.
se tratar de um corpo compreendido como algo para d) liberdade de reunião e de associação pacífica.
um outro que é tido como mais forte, com mais
poderes e, portanto, mais direitos. [...] Estupra-se
significativamente mais as mulheres porque são elas FIL0572 – (Uece) Leia com atenção os dois textos
que têm, segundo a tradição, o corpo frágil para reagir. abaixo.
[...] Trata-se de um crime autorizado pela tradição, “Os números da fome no Brasil aumentaram durante a
sobre o qual o poder de qualquer regime jurídico/penal pandemia. Atualmente, 27 milhões de brasileiros estão
não tem qualquer valor. Neste aspecto da vida em vivendo abaixo da linha da pobreza – quatro milhões a
sociedades, a despeito de quais sejam as avaliações mais que antes de março de 2020. Além disso, 1,2
possíveis – se ‘atrasadas’ ou ‘avançadas’, ‘mais milhão estão na fila para conseguir receber o Bolsa
civilizadas’ ou ‘mais primitivas’ –, as mulheres seguem Família, que termina no final deste ano. ”
tendo um destino traçado pelo modo falocêntrico de G1. GLOBONEWS. Fome: 27 milhões de brasileiros estão abaixo da
interpretar a natureza e de dar seguimento a linha da pobreza. Disponível em:
tradições.” https://g1.globo.com/globonews/jornal-globonews-edicao-das-
LOPES, A. D. Sobre esse gênero que não nos pertence e os 16. Acessado em 16/10/2021.
poderes a nos pertencer. In: Kalagatos – Revista de Filosofia, Vol.
15, nº 2, 2018, p. 34-55 – Adaptado. “O Direito, no sentido de efetivação da liberdade,
Considerando a citação acima, assinale a afirmação ultrapassa o sentido estrito do jurídico e designa a
verdadeira. forma eficiente do justo, que habita todo domínio da
a) Com os debates atualmente desenvolvidos sobre os vida humana; há, assim, um direito de propriedade, um
direitos humanos, mais particularmente no que se direito de consciência, um direito de família, um direito
refere à segurança, o número de estupros de mulheres do Estado e um direito do espírito do mundo. A
diminuiu. primeira forma de liberdade se refere às coisas: meu.
b) A cultura do estupro é própria das sociedades Ela precisa das coisas. O homem, nesse aspecto, é
atrasadas, primitivas e que não alcançaram grau sensível, perpassado por desejos, arbítrios, tensões.
suficiente de civilização, sustentando-se em uma Para subsistir, ele tem necessidade de possuir coisas
tradição falocêntrica. singulares, tornar-se proprietário delas. É exatamente
c) A tradição patriarcal e falocêntrica compreende a nas coisas, na propriedade da coisa, que o querer livre
mulher como sexo frágil e legitima a proteção de seu encontra sua primeira forma de realização. ”
corpo pelo homem, visto como mais forte, SOARES, M. C. O direito de ter para ser livre. In: Conjectura:
defendendo-a contra estupros. filosofia e educação, Caxias do Sul, v. 16, n. 1, jan./abr. 2011, p.
46-68 – Adaptado.
d) A tipificação legal do estupro como crime não basta
para diminuí-lo, pois ele não se ampara na falta de leis
Com base nos textos acima apresentados, assinale a
e punições, mas na tradição que afirma o poder do
proposição verdadeira.
homem sobre a mulher.

39
a) O desemprego, a fome, a miséria material são a FIL0574 – (Uece) “Não há como usar meias-palavras: o
negação de uma forma primária e pouco importante de Marco Temporal é tese etnocidária, talvez até mesmo
um sentido mais amplo da liberdade. genocida. Ela refuta que grupos indígenas tenham
b) A satisfação das carências fundamentais, que na direito de posse e usufruto permanente, exclusivo,
sociedade moderna se realizam pela propriedade, é inalienável, indisponível e imprescritível das Terras
uma base necessária da vida livre. Indígenas que eles não ocupassem efetivamente em 05
c) A liberdade, em seu sentido moderno, se realiza de outubro de 1988, data de vigência da Constituição
completamente na propriedade e na satisfação das Federal. [...] O genocídio e o etnocídio fazem parte da
carências físico-biológicas do homem. história do Brasil, e o Marco Temporal confirma essa
d) Embora não seja a única forma de realização da regra. Aparentemente, já não há derramamento de
liberdade, o direito de propriedade é o mais sangue, mas, como dizemos indígenas: ‘Antes nos
importante em um sistema ético. matavam com epidemias, depois com armas de fogo,
hoje os brancos estão nos matando com canetas.’”
FIL0573 – (Uece) Em sua principal obra teórica e SOUSA, J. O. C.; GUARDIOLA, C. L. T. Marco Temporal e paisagens
política, publicada em 1883, Joaquim Nabuco (1849- indígenas destruídas. Jornal da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, 05-8- 2021. Disponível em:
1910) tenta estabelecer a proposta do que ele chama https://www.ufrgs.br/jornal/marco-temporal-e-paisagens-
de abolicionismo, em comparação com outros indigenas-destruidas/. Acessado em 18/10/2021.
movimentos que lutaram antes contra a escravidão,
nos seguintes termos: Conforme os autores desse artigo citado, a proposta do
“Em 1850, queria-se suprimir a escravidão, acabando Marco Temporal
com o tráfico; em 1871, libertando desde o berço, mas a) reafirma a tese jusnaturalista da inviolabilidade do
de fato depois dos vinte e um anos de idade, os filhos direito de propriedade e de seu usufruto pelos povos
de escrava ainda por nascer. Hoje quer-se suprimi-la, indígenas.
emancipando os escravos em massa e resgatando os b) reconhece que a colonização estabeleceu
ingênuos da servidão da lei de 28 de setembro. É este dispositivos de controle e genocídio dos povos
último movimento que se chama abolicionismo, e só indígenas.
este resolve o verdadeiro problema dos escravos, que c) mantém a histórica violência contra as nações
é a sua própria liberdade. A opinião, em 1845, julgava indígenas e nega-lhes os direitos humanos à história e
legítima e honesta a compra de africanos, à cultura.
transportados traiçoeiramente da África, e d) manifesta uma alternativa não violenta de retirada
introduzidos por contrabando no Brasil. A opinião, em dos povos indígenas de suas terras, sem derramar
1875, condenava as transações dos traficantes, mas sangue.
julgava legítima e honesta a matrícula depois de trinta
anos de cativeiro ilegal das vítimas do tráfico. O FIL0578 - (Fuvest) No texto do filósofo francês Maurice
abolicionismo é a opinião que deve substituir, por sua Merleau-Ponty é estabelecida uma conexão entre as
vez, esta última, e para a qual todas as transações de relações sociais e a racionalidade dos indivíduos:
propriedade sobre entes humanos são crimes que só A sociedade humana não é uma comunidade de
diferem no grau de crueldade”. espíritos racionais, só se pode compreendê-la assim
NABUCO, J. O abolicionismo. Brasília, DF: Editora do Senado, 2003. nos países favorecidos, em que o equilíbrio vital e
- Adaptado.
econômico foi obtido localmente e por certo tempo.
Maurice Merleau-Ponty, Fenomenologia da percepção, p.89.
Escrito depois das primeiras declarações sobre os
direitos naturais do homem, esse texto de Joaquim Qual sentença, se tomada como verdadeira, reforça a
Nabuco expressa a moderna concepção dos direitos posição exprimida pelo filósofo no trecho?
humanos ao afirmar que a) A racionalidade é uma potência espiritual que se
a) a abolição da escravidão deve ser gradual, dado o impõe sobre as circunstâncias históricas.
direito à propriedade. b) O equilíbrio vital e econômico é uma força irracional
b) é aceitável a propriedade da escrava comprada, mas que se contrapõe aos espíritos racionais.
não de seus filhos. c) Nos países favorecidos, as pessoas são naturalmente
c) a opinião de cada época torna legítima a forma de mais racionais.
propriedade existente. d) A racionalidade das relações sociais depende da
d) é inaceitável toda forma de propriedade de homens estabilidade de circunstâncias históricas.
por outros homens. e) Os espíritos racionais são responsáveis pelo
equilíbrio vital e econômico dos países favorecidos.

40
FIL0580 - (Uel) Leia o texto a seguir. Com base no texto de Blanchot e na obra A Dialética do
Teremos ganho muito a favor da ciência estética se Esclarecimento, de Adorno e Horkheimer, que
chegarmos não apenas à intelecção lógica mas à apresentam interpretações do encontro entre Ulisses e
certeza imediata da introvisão [Anschauung] de que o as Sereias, e tendo por referência os conhecimentos
contínuo desenvolvimento da arte está ligado à sobre os conceitos de esclarecimento, razão
duplicidade do apolíneo e do dionisíaco, da mesma instrumental e a relação humano-natureza, considere
maneira como a procriação depende da dualidade dos as afirmativas a seguir.
sexos, em que a luta é incessante e onde intervêm
periódicas reconciliações. I. O controle dos efeitos encantatórios do canto das
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. O nascimento da tragédia, ou Sereias resulta de uma ação instrumental sobre a
Helenismo e pessimismo. Trad. J. Guinsburg. São Paulo: natureza.
Companhia das Letras, 1992. p. 27.
II. A astúcia é o recurso utilizado por Ulisses para sair
vencedor das aventuras, por meio do qual ele se perde
A compreensão do processo de criação a partir da
para se conservar.
analogia com a procriação, da valorização da intuição e
III. O episódio das Sereias mostra a separação originária
da crítica ao conceito renovou profundamente a
entre o mito, marcado pela irracionalidade, e o
estética filosófica.
trabalho racional.
IV. Ulisses e as Sereias são evocados como símbolos das
A respeito da teoria nietzscheana da criação, manifesta
relações simétricas de poder entre homens e
na sua interpretação do apolíneo e do dionisíaco,
mulheres.
assinale a alternativa correta.
a) O dionisíaco, elogiado por Nietzsche como símbolo
Assinale a alternativa correta.
de um acordo superior entre o humano e a natureza,
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
tem como marca característica a dissolução do
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
humano.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
b) O apolíneo representa o âmbito da dissolução das
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
formas, da embriaguez; enquanto o dionisíaco diz
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
respeito ao âmbito figurativo do sonho.
c) O procedimento dialético socrático, discutido por
Nietzsche, mantém a tensão característica da tragédia,
FIL0582 - (Uel) Leia o texto a seguir.
sendo a lógica uma criação resultante do equilíbrio
Em contraposição tanto aos regimes tirânicos como
entre a forma e o informe.
aos autoritários, a imagem mais adequada de governo
d) A cultura da ópera representa o renascimento da
e organização totalitários parece-me ser a estrutura da
tragédia, pois reconstitui os vínculos entre arte,
cebola, em cujo centro, em uma espécie de espaço
religião e sociedade a partir da oposição entre o
vazio, localiza-se o líder; o que quer que ele faça –
apolíneo e o dionisíaco.
integre ele o organismo político como em uma
e) A relação entre o apolíneo e o dionisíaco permite
hierarquia autoritária, ou oprima seus súditos como
pensar a criação a partir de elementos negligenciados
um tirano – ele o faz de dentro, e não de fora ou de
pela filosofia, como o corpo, as pulsões e o feminino.
cima.
ARENDT, Hannah. Entre o Passado e o Futuro. 8. ed. Trad. de
FIL0581 - (Uel) Leia o texto a seguir. Mauro W. Barbosa. São Paulo: Perspectiva, 2016. p. 136.
Houve sempre, entre os homens, um esforço pouco
nobre para desacreditar as Sereias, acusando-as
simplesmente de mentirosas quando cantavam,
enganadoras quando suspiravam, fictícias quando
eram tocadas; [...] Ulisses as venceu, mas de que
maneira? Ulisses, a teimosia e a prudência de Ulisses, a
perfídia que lhe permitiu gozar do espetáculo das
Sereias sem correr risco e sem aceitar as
consequências, aquele gozo covarde, medíocre,
tranquilo e comedido, [...] aquela covardia feliz e
segura [...]. Vencidas as Sereias, pelo poder da técnica,
que pretenderá jogar sem perigo com as potências Hannah Arendt, filósofa alemã de origem judaica,
irreais (inspiradas), Ulisses não saiu porém ileso. marcou profundamente a filosofia política
BLANCHOT, Maurice. O livro por vir. Trad. Leyla Perrone-Moisés. contemporânea com suas reflexões sobre os
São Paulo: Martins Fontes, 2005. p. 05-06. fenômenos totalitários do século XX.
41
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a repartida. O exílio do leproso e a prisão da peste não
compreensão arendtiana do totalitarismo, assinale a trazem consigo o mesmo sonho político
alternativa correta. FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis:
Vozes, 1987.
a) A ideologia totalitarista se distingue da tirania e do
autoritarismo por se basear em ideias de caráter
democrático, como a de partidos políticos. Os modelos autoritários descritos no texto apontam
b) O totalitarismo possui uma estrutura em que cada para um sistema de controle que se baseia no(a):
nível mantém a fachada de normalidade e a) Formação de sociedade disciplinar.
respeitabilidade, que disfarça seu caráter b) Flexibilização do regramento social.
antidemocrático. c) Banimento da autoridade repressora.
c) A propaganda totalitária visa à violência do Estado d) Condenação da degradação humana.
como na tirania, sem investir no controle das massas e) Hierarquização da burocracia estatal.
via políticas públicas e ideologia.
d) Os regimes totalitários, assim como as tiranias e o FIL0590 - (Enem) TEXTO I
autoritarismo, pautam-se na descrença da onipotência Uma filosofia da percepção que queira reaprender a
do líder e de verdades factuais. ver o mundo restituirá à pintura e às artes em geral seu
e) As tiranias e os regimes totalitários utilizam-se de lugar verdadeiro.
MERLEAU-PONTY, M. Conversas: 1948. São Paulo: Martins Fontes,
propaganda ideológica e de programas sociais que 2004.
garantem a respeitabilidade e igualdade de direitos e
deveres. TEXTO II
Os grandes autores de cinema nos pareceram
FIL0588 - (Enem) Sempre que a relevância do discurso confrontáveis não apenas com pintores, arquitetos,
entra em jogo, a questão torna-se política por músicos, mas também com pensadores. Eles pensam
definição, pois é o discurso que faz do homem um ser com imagens, em vez de conceitos.
político. E tudo que os homens fazem, sabem ou DELEUZE, G. Cinema 1: a imagem-movimento. São Paulo:
experimentam só tem sentido na medida em que pode Brasiliense, 1983 (adaptado).
ser discutido. Haverá, talvez, verdades que ficam além
da linguagem e que podem ser de grande relevância De que modo os textos sustentam a existência de um
para o homem no singular, isto é, para o homem que, saber ancorado na sensibilidade?
seja o que for, não é um ser político. Mas homens no a) Admitindo o belo como fenômeno transcendental.
plural, isto é, os homens que vivem e se movem e agem b) Reafirmando a vivência estética como juízo de gosto.
neste mundo, só podem experimentar o significado das c) Considerando o olhar como experiência de
coisas por poderem falar e ser inteligíveis entre si e conhecimento.
consigo mesmos. d) Apontando as formas de expressão como auxiliares
ARENDT, H. A condição humana. Rio de Janeiro: Forense da razão.
Universitária, 2004. e) Estabelecendo a inteligência como implicação das
representações.
No trecho, a filósofa Hannah Arendt mostra a
importância da linguagem no processo de
a) entendimento da cultura. FIL0621 - (Enem) "Mas que quer ainda você com ideais
b) aumento da criatividade. mais nobres! Sujeitemo-nos aos fatos: o povo venceu –
c) percepção da individualidade. ou 'os escravos', ou 'a plebe', ou 'o rebanho', ou como
d) melhoria da técnica. quiser chamá-lo se isto aconteceu graças aos judeus,
e) construção da sociabilidade muito bem! Jamais um povo teve missão maior na
história universal. 'Os senhores' foram abolidos; a
FIL0589 – (Enem) O leproso é visto dentro de uma moral do homem comum venceu. A 'redenção' do
prática de rejeição, ao exílio-cerca; deixa-se que se gênero humano (do jugo dos 'senhores') está bem
perca lá dentro como numa massa que não têm muita encaminhada; tudo se judaíza, cristianiza, plebeíza
importância diferenciar; os pestilentos são visivelmente (que importam as palavras!)”.
considerados num policiamento tático meticuloso Nietzsche, Friedrich. Para a genealogia da moral - Prólogo.
onde as diferenciações individuais são os efeitos Primeira dissertação §9.
limitantes de um poder que se multiplica, se articula e
se subdivide. O grande fechamento por um lado; o bom De acordo com a crítica de Nietsche apresentada no
treinamento por outro. A lepra e a sua divisão; a peste texto acima, pode-se afirmar que:
e seus recortes. Uma é marcada; a outra, analisada e

42
a) Para Nietzsche, a moral natural é aquela que a) A indústria cultural contribui para o conformismo
“castra” o homem e o obriga a negar valores vitais. dos espectadores, que tendem a se tornar passivos
b) A moral defendida por Nietzsche é de fundamento diante do mundo.
deontológico, baseada na ideia de “dever”. b) A grande diversidade e a disponibilidade dos
c) Nietzsche prega uma vida mais pura e autêntica, produtos culturais e o constante estímulo ao consumo
ancorada por valores cristãos. intensificam a percepção sensorial e desenvolvem a
d) Nietzsche critica a moral e a filosofia de sua época, imaginação criativa e o pensamento, melhorando
afirmando que elas se afastaram da vida, refugiando- significativamente a capacidade cognitiva na
se num universo de abstração e deduções lógicas, apreciação das obras de arte.
criando falsos dualismos, como o de corpo e alma, c) Os filósofos Adorno e Horkheimer defendem a ideia
mundo e Deus, mundo aparente e mundo verdadeiro. de que a indústria cultural auxilia de forma positiva na
e) Nietzsche critica a “moral do senhor”, pois é um formação cultural e ajuda no desenvolvimento da
defensor da liberdade individual e da igualdade social. autonomia dos indivíduos.
d) A reprodução técnica das obras de arte tem como
finalidade única promover o acesso universal e
FIL0622 - (Enem) A vontade de potência é um conceito- democrático aos bens culturais.
chave na obra de Nietzsche. Indica-nos as relações de e) A elevação da capacidade tecnológica, responsável
força que se desenrolam em todo acontecer, pelo fenômeno da indústria cultural, garante a
assinalando seu método histórico. Assim, Nietzsche produção de obras de arte cada vez mais complexas e
pensa o tempo de acordo com uma concepção própria, de qualidade superior.
um tempo não linear, que se desenvolve em ciclos que
se repetem – é o pensamento do eterno retorno, outro
conceito-chave de sua obra. FIL0624 - (Enem) “Desde sempre, o Iluminismo, no
sentido mais abrangente de um pensar que faz
Sobre o conceito do eterno retorno, desenvolvido por progressos, perseguiu o objetivo de livrar os homens
Nietzsche, assinale a alternativa correta: do medo e de fazer deles senhores. Mas,
a) É um conceito político, indicando que os completamente iluminada, a Terra resplandece sob o
governantes corruptos tendem a retornar ao poder signo do infortúnio triunfal. O programa do Iluminismo
periodicamente. era o de livrar o mundo do feitiço. Sua pretensão, a de
b) É um conceito moral, devendo servir de critério para dissolver os mitos e anular a ilusão, por meio do saber.”
os homens julgarem suas condutas e escolhas. (HORKHEIMER, M.; ADORNO, T. Conceito de iluminismo. In: COTRIM, G.
Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 166).
c) É um conceito metafísico, que demonstra a teoria
nietzscheana da reencarnação das almas.
Sobre o Iluminismo, conforme a concepção
d) É um conceito exclusivamente lógico, que deve se
apresentada pelos filósofos Adorno e Horkheimer,
aplicar aos termos do discurso que surgem do
assinale a alternativa correta.
inconsciente e retornam na forma de vontade.
a) O Iluminismo cumpriu a promessa de livrar os
e) É um conceito histórico, pois Nietzsche defendeu o
homens do medo e do feitiço, mas não foi capaz de
retorno de um grande império Alemão, o II Reich,
dissolver o pensamento mitológico.
previsto por seu mestre Zaratustra.
b) O Iluminismo não cumpriu suas promessas
emancipatórias, pois não foi completamente
implementado; de modo que sua obra permanece
FIL0623 - (Enem) A expressão indústria cultural foi
inacabada.
empregada pela primeira vez no livro Dialética do
c) O Iluminismo cumpriu suas promessas, por meio do
Esclarecimento, escrito por Horkheimer e Adorno,
avanço do domínio sobre a natureza, promovido pelo
filósofos de tendência marxista pertencentes à Escola
avanço tecno-científico. Hoje o homem se encontra
de Frankfurt. Designa-se com essa expressão uma
livre do mundo ilusório de base mitológica.
cultura produzida em série, para o mercado de
d) O Iluminismo não cumpriu suas promessas, pois não
consumo em massa, na qual a realização cultural deixa
se utilizou da razão instrumental. O triunfo do
de ser um instrumento de crítica do conhecimento
Iluminismo, de acordo com Adorno e Horkheimer, só
para transformar-se em uma mercadoria qualquer cujo
será atingido com o advento do socialismo científico.
valor é, antes de tudo, monetário.
e) O Iluminismo não cumpriu suas promessas, uma vez
que o domínio sobre a natureza gerou um domínio
Com base no texto e no conceito de “indústria
sobre os indivíduos. A razão instrumental se torna um
cultural”, desenvolvido pelos filósofos Adorno e
mito e dissolve a autonomia dos homens.
Horkheimer, assinale a alternativa CORRETA:
43
FIL0625 - (Enem) Referindo-se a Walter Benjamin, a FIL0626 - (Enem) Na tradição liberal, a ênfase é posta
filósofa Jeanne Marie Gagnebin afirma que “seu no caráter impessoal das leis e na proteção das
primeiro texto traduzido no Brasil foi A Obra de Arte na liberdades individuais, de tal modo que o processo
Era de sua Reprodutibilidade Técnica. O ensaio democrático é compelido pelos (e está a serviço dos)
introduz hipóteses essenciais para uma teoria da arte direitos pessoais que garantem a cada indivíduo a
contemporânea, marcada, segundo Benjamin, pela liberdade de buscar sua própria realização. Na tradição
‘reprodutibilidade técnica’, central na fotografia e no republicana, a primazia é dada ao processo
cinema, que abole progressivamente ‘aura’ de democrático enquanto tal, entendido como uma
unicidade e de autenticidade da obra de arte”. deliberação coletiva que conduz os cidadãos à procura
Gagnebin, J. M. Walter Benjamin na era da reprodutibilidade do entendimento sobre o bem comum.
técnica. In: Folha de São Paulo, em 07/10/2012. Disponível em: (Adaptado de: ARAÚJO, L. B. L. Moral, direito e política. “Sobre a
https://m.folha.uol.com.br/ilustrissima/2012/10/1164782walter- Teoria do Discurso de” Habermas. In: OLIVEIRA, M.; AGUIAR, O. A.;
benjamin-na-era-da-reprodutibilidade-tecnica.shtml. SAHD, L. F. N. de A. e S. (Orgs.). Filosofia Política Contemporânea.
Petrópolis: Vozes, 2003. p. 214-235.)

Sobre o pensamento de Walter Benjamin e os


Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria
conceitos de reprodutibilidade técnica e aura da obra
do discurso, é correto afirmar que Habermas
de arte, julgue os itens.
a) Adota a posição dos demais pensadores da escola de
Frankfurt, ao reafirmar sua confiança na possibilidade
I. A aura representa a absoluta singularidade da obra de que os ideais iluministas pudessem trazer liberdade
artística, sua condição de exemplar único que se e autonomia às sociedades do século XX.
mostra aqui e agora e não pode ser repetida. É sua b) Afasta-se dos pensadores da escola de Frankfurt,
autenticidade. abandonando, ao mesmo tempo, a teoria crítica da
II. No que se refere ao processo de criação artística, há sociedade e a crítica da razão instrumental.
uma mudança substancial com o desenvolvimento das
c) Defende a tese de que o conhecimento resulta de
modernas técnicas de produção; a novidade é a um consenso estabelecido pelos indivíduos de um
popularização das obras de arte do passado e seu determinado tempo e lugar, a partir de suas crenças,
oferecimento às massas sedentas por cultura. mediante uma racionalidade comunicativa e
III. Segundo Walter Benjamin, as técnicas de produção argumentativa.
artística não conseguem produzir obras de mesmo
d) Afirma que a linguagem tem caráter imperativo, pois
nível artístico daquelas obras elaboradas antes do apresenta verdades encontradas por uma razão que
século XX, visto que essas técnicas se perderam ao
obedece aos preceitos da lógica formal.
longo do tempo. e) Exclui a racionalidade das decisões consensuais. Só
IV. A reprodutibilidade técnica da obra de arte permite, podendo haver validade nas normas definidas
segundo Benjamin, uma estetização social. Esse consensualmente, quando os interlocutores se
recurso foi amplamente utilizado pelo fascismo, ao instrumentalizam em prol de interesses particulares.
organizar o proletariado como massa, mas sem colocar
em questão sua condição de classe. A relação social é
apresentada sob aparência de unidade, com símbolos,
cores e gritos estandardizados.

Assinale a alternativa que contém as assertivas


verdadeiras.
a) I e III.
b) I e IV.
c) II e III.
d) II e IV.
e) Todas estão corretas.

44
FIL0627 - (Enem) “‘Se Deus não existisse, tudo seria De acordo com o pensamento de Michel Foucault
permitido’. Eis o ponto de partida do existencialismo. sobre a disciplina, assinale a alternativa CORRETA.
De fato, tudo é permitido se Deus não existe, e, por a) Segundo Foucault, a disciplina aumenta a
conseguinte, o homem está desamparado porque não capacidade de desobedecer dos indivíduos, agora mais
encontra nele próprio nem fora dele nada a que se aptos a se tornarem revolucionários.
agarrar. (...) Com efeito, se a existência precede a b) Foucault apresenta uma contradição na fabricação
essência, nada poderá jamais ser explicado por de corpos “dóceis”, pois a inaptidão ao trabalho se
referência a uma natureza humana dada ou definitiva; contrapõe à autonomia que os homens adquirem com
ou seja, não existe determinismo, o homem é livre, o a disciplina.
homem é liberdade. Por outro lado, se Deus não existe, c) A dissociação entre “poder” e “corpo”, levantada por
não encontramos, já prontos, valores ou ordens que Foucault, é uma característica do pensamento abstrato
possam legitimar a nossa conduta. Assim, não teremos do pós-estruturalismo. O poder só pode ser exercido
nem atrás de nós, nem na nossa frente, no reino de modo transcendente, por meio do abandono de
luminoso dos valores, nenhuma justificativa e qualquer coerção física.
nenhuma desculpa. Estamos sós, sem desculpas. É o d) De acordo com o filósofo, a disciplina sobre os
que posso expressar dizendo que o homem está corpos torna os indivíduos úteis a desempenhar
condenado a ser livre.” determinadas funções, mas retira o poder desses
(SARTRE, J. P. O existencialismo é um humanismo. Tradução de indivíduos de contestarem a relação de dominação a
Rita Correia Guedes. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 9) que estão sujeitos.
e) A disciplina é aplicada exclusivamente pelo Estado,
Tomando por base o texto apresentado e o poder central. Desse modo, Foucault entende que
existencialismo sartreano, assinale V ou F: instituições como a escola e a igreja são locais de
(__) Conforme Sartre, liberdade é condição ontológica contestação ao controle estatal e desenvolvimento
do ser humano, mas o homem não escolhe a liberdade, crítico dos indivíduos.
“é lançado nela”.
(__) O existencialismo é uma filosofia teológica que
procura a razão de ser no mundo a partir da moral FIL0629 - (Enem) A filosofia de método
estabelecida. fenomenológico foi criada na Alemanha pelo
(__) O homem possui uma natureza preestabelecida, matemático e filósofo Edmund Husserl. A
razão pela qual o existencialismo é uma metafísica de fenomenologia como teoria do conhecimento contesta
concepção essencialista. tanto o empirismo quanto o idealismo. Para a
(__) A ética sartreana é individualista, pois considera fenomenologia, o empirismo conduz ao ceticismo, e o
que o homem, para ser livre, deve agir sempre no idealismo reduz o conhecimento a uma atividade
sentido de alcançar objetivos que atendam puramente psicológica.
estritamente a seus interesses.
Com relação à fenomenologia e seus conceitos,
A sequência correta, de cima para baixo, é: assinale o item correto.
a) V, F, V, F. a) A fenomenologia considera que as “coisas em si” são
b) V, F, F, F. acessíveis para a consciência, contrariamente ao
c) F, V, F, V. método transcendental de Kant.
d) V, V, V, F. b) Para a fenomenologia, só podemos alcançar a
e) F, V, V, V. verdade reproduzindo, pelas experiências realizadas
em laboratório, os fenômenos que observamos na
natureza.
FIL0628 - (Enem) “[...] A disciplina fabrica assim corpos c) A fenomenologia pretende superar a distinção
submissos e exercitados, corpos ‘dóceis’. A disciplina clássica entre um mundo real, sensível, e um mundo
aumenta as forças do corpo (em termos econômicos de ideal, inteligível.
utilidade) e diminui essas mesmas forças (em termos d) Conforme o princípio da intencionalidade, presente
políticos de obediência). Em uma palavra: ela dissocia no campo da fenomenologia, a consciência não exerce
o poder do corpo; faz dele por um lado uma ‘aptidão’, nenhuma atividade na produção de conhecimentos
uma ‘capacidade’ que ela procura aumentar; e inverte científicos.
por outro lado a energia, a potência que poderia e) A intencionalidade, conceito caro à corrente
resultar disso, e faz dela uma relação de sujeição fenomenológica, implica a separação completa entre a
estrita.” consciência e o objeto.
(FOUCAULT, M. Os corpos dóceis. In: FOUCAULT, M. Vigiar e Punir.
Trad. Ligia M. P. Vassalo. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1987, p. 127.)
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FIL0630 - (Enem) “Só reconhecerei um sistema como a) Para Karl Popper, o valor de uma teoria não se mede
empírico ou científico se ele for passível de pela sua verdade, mas pela possibilidade de ser
comprovação pela experiência. Essas considerações falsificada.
sugerem que deve ser tomada como critério de b) Segundo Karl Popper, é a posse de uma teoria
demarcação […] a falseabilidade de um sistema. Em irrefutável que confere validade à ciência.
outras palavras, não exigirei que um sistema científico c) O critério de demarcação científica, para Karl
seja suscetível de ser dado como válido, de uma vez por Popper, é a verificabilidade de um sistema.
todas, em sentido positivo; exigirei, porém, que sua d) Segundo Popper, uma proposição do tipo “choverá
forma lógica seja tal que se torne possível validá-lo por ou não choverá aqui amanhã” é um enunciado
meio de recurso a provas empíricas, em sentido científico, pois não pode ser refutada pela experiência.
negativo: deve ser possível refutar, pela experiência, e) Karl Popper criou a teoria dos paradigmas, para
um sistema científico empírico.” explicar o desenvolvimento do pensamento científico.
(Karl Popper. A lógica da pesquisa científica, 2001.)

Sobre o critério da falseabilidade e a filosofia da ciência


de Karl Popper, assinale o item correto.

notas

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