Você está na página 1de 51

DEPARTAMENTO DE GINECOLOGIA OBSTETRÍCIA

Scientia et Labore

ANATOMIA DO APARELHO

REPRODUTOR FEMININO
Prof. Doutor Paulo Campos
Dra. Julieta de Castro
Objectivos pedagógicos:

No fim desta aula os estudantes serão capazes de:


 Caracterizar as estruturas que compõe o aparelho genital
feminino, tendo em conta: localização, dimensão,
órgãos adjacentes e função
 Descrever as principais características da pelve
feminina
 Enumerar os órgãos genitais femininos externos e
internos e sua localização;
INTRODUÇÃO
 Os ossos no corpo formam o esqueleto no qual

se destaca a pelve que tem a importante função


de alojar e proteger os órgãos genitais externos e
internos.
É importante referir que a parede abdominal
anterior tem particular importância para a mulher
devido a existência de músculos que funcionam
como motor do parto normal.
A Pelve Feminina

O anel ósseo da pelve é


constituído por dois
ossos inominados Cada osso inominado é composto de ílion,
simétricos e o sacro. ísquion e púbis

Anteriormente SÍNFISE PÚBICA


Articulação
SACRO -Articulações
Posteriormente
Sacroilíacas
Pelve Feminina
A pelve feminina evoluiu para se tornar canal do parto e difere da pelve
masculina das seguintes maneiras:

Mais ampla e menos alta

Arcada púbica mais larga e baixa

Promontório menos saliente

Sínfise púbica mais curta ou menos alta

As espinhas ciáticas (menos salientes), ampliam o diâmetro biciático.

Ossos são mais delgados

Curvas dos ossos mais graciosas

O ângulo subpúbico é arredondado (Arco romano); ao passo que na pélve masculina


é mais agudo (Arco gótico)
Músculos e ligamentos pélvicos

A pelve ganha força e estabilidade através de numerosos músculos e ligamentos

A parte interna dos ossos da pelve é coberta por músculos

• Músculo ilíaco e Psoas Acima da asa pélvica

• Obturador interno e sua fáscia ocupam as paredes laterais

• Piriforme Cobre a parede posterior

• O Elevador do Anus e o Coccígeo, com suas contrapartes opostas

Constituem o assoalho pélvico.


Ligamentos

A estabilidade do anel pélvico é proporcionada pelos seguintes ligamentos:

• Ligamento sacrospinoso: estendendo-se da margem lateral do sacro


e cóccix para a espinha isquiática.
• Ligamento sacrotuberoso: estendendo-se do sacro para a tuberosidade
isquiática.
• Ligamento iliolombar: prolongando-se da coluna até a crista ilíaca por tráz da
pelve.
• Ligamento sacroilíaco dorsal: uma banda pesada que passa do ílion para o
sacro posterior à articulação sacroilíaca.
Ligamentos

A estabilidade do anel pélvico é proporcionada pelos seguintes ligamentos:

• Ligamento sacroilíaco dorsal: uma banda pesada que passa do ílion para o
sacro posterior à articulação sacroilíaca.
• Ligamento sacroilíaco ventral: ponte da articulação sacroilíaca anterior e é
uma importante estrutura estabilizadora da articulação.
• Ligamento púbico inferior e superior: uma banda na parte inferior e superior
da sínfise, respectivamente, proporcionando maior resistência à articulação.
• Ligamento inguinal: correndo da coluna ilíaca anterior superior do ilíaco ao
tubérculo púbico do osso púbico.

Os restantes ligamentos que cercam a pelve são ligamentos que não


proporcionam estabilização da pélvis.
DEPARTAMENTO DE GINECOLOGIA OBSTETRÍCIA
Scientia et Labore

Delimitações da Pélve

• A pelve é dividida por um plano


oblíquo passando pela proeminência do
sacro, as linhas pectíneas e a margem
superior da sínfise púbica, em grande
bacia e pequena bacia.
• A circumferência deste plano
denomina-se cintura pélvica.
• A cintura pélvica separa a falsa bacia
pélvica acima, da verdadeira bacia em
baixo.
ESTREITO SUPERIOR
Saliência do promontório
Borda anterior da asa do sacro
Articulação sacro ilíaca
Linha innominada
Eminência íleo-pectínea
Borda superior do corpo do pube e da sínfise púbica
Diametros estreito superior
a) Ântero-Posterior  Conjugata Verdadeira(CV) ou Conjugata
Obstétrica (CO) 11cm. Vai do meio do promontório ao ponto
mais saliente da sínfise púbica (ponto retropúbico de Crouzart).

Diâmetro Transverso Médio (TM)  Corta a C.V ao meio e mede


13cm.
b) Diâmetros Oblíquos  De cada lado

Das eminências íleo-pectínea à


articulação sacroilíaca do lado oposto.
Medem 12cm.
ESTREITO MÉDIO
Inicia-se no encontro da 4ª e 5ª vértebras sacras
Apófise transversa da 5ª vértebra sacra
Espinha ciática
Margem inferior da sínfise púbica

a. Diâmetro Antero posterior (SMP)


 Face anterior da 3ª vértebra sacra
até ao meio da face posterior da
articulação pubiana = 12cm.
b. Diâmetro Biciático  Espinha
ciática à outra = 10,5cm.
ESTREITO INFERIOR
Partindo da ponta do cóccix (posterior)
Face interna da tuberosidade isquiática (lateral)
Sínfise púbica (anterior)

a. Diâmetro Ântero-Posterior  Cócci-


subpúbico (CSP) = 9cm. Vai do meio
do bordo inferior da sínfise púbica à
ponta do cóccix. Na fase de expulsão
fetal há uma retropulsão com
ampliação de 2-3cm = Conjugata
Exitus.
b. Diâmetro Transverso  Biisquiático
ou bituberoso, mede = 11cm.
CLASSIFICAÇÃO
É baseada:
Na forma do estreito superior
Dimensões de seus estreitos
Estudos Radiopelvimétricos

CLASSIFICAÇÃO DE THOMS (1937)

1) DOLICOPÉLICA  Diâmetro transverso, menor que o ântero-


posterior. Forma ovóide (18,6%)
2) MESATIPÉLICA  Diâmetro transverso igual ou levemente
maior que o ântero-posterior. Forma circular (45,9%).
3) BRAQUIPÉLICA  Diâmetro transverso 10-30mm maior que o
ântero-posterior com forma ovóide (32,2%)
4) PLATIPÉLICA  Diâmetro transverso 30mm ou mais, maior que
o ântero-posterior. Forma achatada (3,2%).
CLASSIFICAÇÃO DE CALDWELL / MOLOY (1933)
Baseia-se na forma dos 3 estreitos da bacia. Tipos:
1) ANTROPÓIDE  Diâmetro ântero-posterior maior que o transverso
que está reduzido de modo real ou relativo.

Semelhante à bacia dos símios. O diâmetro transverso situa-se bem


adiante do sacro, tornando alargado o arco sacroisquiático (posterior).
As paredes pélvicas são convergentes ou não, com a arcada púbica
larga ou estreita (25%).
2) GINECÓIDE  Forma arredondada. O diâmetro transverso é
levemente maior que o diâmetro ântero-posterior e situa-se pouco
atrás do meio deste diâmetro.

O sacro inclinado para trás, amplia o espaço da pelve posterior. A arcada púbica é
larga. As paredes pélvicas são retas com espinhas ciáticas pouco salientes. É
freqüente no tipo constitucional pícnico (50%)
3) ANDRÓIDE  O diâmetro transverso supera o ântero-posterior e
localiza-se bem atrás, próximo ao sacro.

O arco anterior da pelve é estreitado, dando aspecto triangular ao


estreito superior. As paredes pélvicas são convergentes e as espinhas
ciáticas salientes, reduzem as dimensões dos diâmetros transversos e
ântero-posterior do estreito médio da bacia. Arcada púbica estreita =
tipo masculina (20%).
4) PLATIPELÓIDE  O diâmetro transverso supera nitidamente o
ântero-posterior e situa-se no meio deste último, a igual distância do
promontório e da sínfise púbica (5%).
Principais características dos 4 tipos pélvicos fundamentais
ABERTURA DO ARCO SUBPÚBICO

Ginecóide Antropóide Andróide


PLANOS PARALELOS
1º Plano  Confunde-se com o
estreito superior (do promontório à
borda superior da sínfise púbica)
2º Plano  Passa pela borda inferior
da sínfise púbica até o meio da 2ª
vértebra sacra
3º Plano  Passa pelas espinhas
ciáticas, (ponto mais angustiado),
estreito médio = plano zero De Lee
4º Plano  Passa pela ponta do
cóccix e se confunde com o assoalho
pélvico

Plano de De Lee
ARCADA PÚBICA
Ângulo de 90º
Medidas Normais: 10,5 – 11cm de base
8cm de altura
Maior ângulo  Maior adaptação cefálica e
Menor solicitação perineal
EXAME DA BACIA
A semiologia da pelve é fundamental e nos permite avaliar:
Capacidade  pela Pelvimetria
Forma  pela Pelvigrafia
Inclinação  pela Tomografia Computadorizada ou Ressonância
Magnética

PELVIMETRIA EXTERNA

Executa-se por meio de instrumentos, sob a forma de compassos,


chamados de pelvímetros (de Baudelocque, de Schultze, de Martin, de
Budin), que são aplicados sobre os diversos extremos dos diâmetros
da bacia.
DIMENSÕES DA GRANDE BACIA
Diâmetro biespinha (BE)  24-26cm
Diâmetro bicrista (BC)  28-29cm
Diâmetro bitrocantérico (BT)  30-32cm
Diâmetro sacropúbico externo (SPE) Baudelocque ou conjugata
externa  20cm
QUADRILÁTERO (Losango) DE MICHAELIS

PONTOS DE REPARO
Superiormente  Apófise espinhosa da 5ª vértebra lombar
Inferiormente Extremidade superior da cissura interglútea
Lateralmente  espinhas ilíacas póstero-superiores de cada lado.
MÉTODOS RADIOLÓGICOS

Radiopelvimetria por comparação

Teleradiografia

Tomodensitometria

Tomografia Computadorizada (TC) da Pelve

Radiografia Digital

Ressonância Magnética (RM)

Ultrassonografia
BACIA MOLE

É constituída:

Segmento inferior (istmo) do útero

Cérvice

Vagina

Região vulvoperineal
ISTMO
Zona topográfica que se estende entre o corpo e o colo do útero. É uma
junção conjuntivo-muscular que difere e se individualiza pela
espessura (2-10mm) e pela morfologia, ondulada, pouco lisa e regular.
Histologicamente constituído de fibras colageneas e de feixes de
células musculares lisas.
Orgãos Genitais externos
Orgãos Genitais externos - Região Vulvoperineal

Formada pela VULVA 

órgãos genitais externos (monte

de Vênus, grandes e pequenos

lábios, clitóris, vestíbulo, as

glândulas vulvovaginais (Skeine

e Bartolin), hímen e uretra).


A VULVA
• “Órgãos genitais externos“:
– O monte de Vénus
– Os grandes lábios
– Os pequenos lábios
– O clítoris
• As glândulas de Bartholin e de
Skene
• O orifício externo da uretra
• O hímen assume também
particular importância.
A VULVA

• As formas do hímen são variadas, podendo observar-se


desde a superfície lisa com pequeno orifício circular
central, até ao rebordo muito recortado de estreito anel.
Orgãos genitais femininos externos
•Monte de vénus ou púbis:
Elevação triangular situada na parte média da região púbica.
• Os grandes lábios
• Pregas cutâneas longitudinais, face externa coberta de pêlos, e a
face interna por uma fina membrana.
• Pequenos lábios
• duas pregas cutâneas sem pêlos e delimitando o vestíbulo da
vagina.
• Clítoris
• órgão erectil, homólogo do pénis constituido por raiz, corpo, e
glande.
• Meato uretral
• Intróito vaginal fenda sagital situada atrás e por baixo do orífício
da uretra, entrada do canal vaginal
Orgãos Genitais Femininos
Internos
ÓRGÃOS GENITAIS INTERNOS

•Ovários

•Trompas

• Útero

•Vagina
VAGINA
• É canal cilíndrico, achatado AP,
musculomembranoso, mediano e
ímpar,

• Estende-se do útero à vulva.

• Na gestação as paredes vaginais


adequirem maior elasticidade;

• Devido à embebição gravídica, a


expulsão do feto se realiza sem
lacerações significativas.
ÚTERO E CÉRVIX

• Útero: Forma de uma pera

• Devide-se em corpo, ístmo,


colo
• Camadas:
• Mucosa (endométrio)
• Muscular (miométrio)
• Serosa (peritoneu)
• Cervix: Contém dois orifícios,
interno (superior) e externo
(inferior).
O ÚTERO
• IRRIGAÇÃO: ARTÉRIAS

UTERINAS E OVÁRICAS

AS ARTÉRIAS FORMAM UMA ARCADA


SINUOSA COMO QUE PREPARADAS
PARA SE DISTENDEREM DURANTE A
GRAVIDEZ

• DURANTE A GESTAÇÃO O APORTE

SANGUÍNEO PODE SER

PREFERENTEMENTE PELA OVÁRICA

IMPORTÂNCIA ANATÓMICA DO SEU

• CRUZAMENTO COM O URETER


ÓRGÃOS GENITAIS INTERNOS

Vascularização arterial

• Aorta abdominal ► artéria


ovárica
• A. ilíaca interna ► artéria
uterina e a artéria pudenda
interna
AS TROMPAS
• AS TROMPAS

• Trompas de Falópio ou oviductos


– 10 a 14 cm
– envolvidas por peritoneu e
forradas por uma mucosa
ciliada secretóra
– 4 porções:
• intersticial,
• ístmica,
• ampola e
– fímbrias
• variações com o ciclo menstrual
OVÁRIOS
• Órgãos com forma de amêndoas
com 3x2xl cm

• Fosseta ovárica

• Meso-ovário e ligamento útero-


ovárico

• Produção de células germinativas –


os óvulos – e secreção de hormonas
específicas
AS VÍSCERAS PÉLVICAS VIZINHAS

• Bexiga
• Uretra
• Os ureteres
• Artéria uterina
• Colon sigmóide
• Recto
• Ânus
O Períneo
PERÍNEO – Músculos

 Isquiocavernoso

 Bulbocavernoso
Anterior:
 Transverso superficial do períneo
 Esfíncter externo da uretra

 Esfíncter do ânus
 Levantador do ânus
 Isquiococcígeo
Posterior:
 Fossa isquiorretal / separada do espaço pelve-
subperitoneal ou espaço pelverretal superior, pelo
músculo levantador do ânus.
INFUNDÍBULO PERINEOVULVAR

É o plano de saída da bacia, fechado por formações musculares cujo


conjunto se denomina diafragma pélvico e dá passagem na parte
anterior ao recto à vagina e à uretra.
PERÍNEO – Músculos
PLANO SUPERFICIAL
• Isquiocavernoso
• Bulbocavernoso
• Transverso superficial do períneo
• Esfíncter externo da uretra

PLANO MÉDIO
• Transverso profundo do períneo
• Diafragma uro-genital

PLANO PROFUNDO
• Isquiocoxígeo
• Ileocoxígeo
• pubocoxígeo
Conclusão

• O conhecimento da Anatomia da pelvis o dos órgãos


que a compoem assim como a sua relação com os
orgão vizinhos, permite-nos evitar muitos acidentes
durante o ciclo gravídico puerperal.
MUITO OBRIGADO

Você também pode gostar