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Bloqueios do Neuroeixo
2017
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PRINCIPAIS CONCEITOS
• Cefaleia pós punção dural é uma complicação que ocorre com agulhas mais
calibrosas e cortantes, devido a múltiplas punções e principalmente
relacionada a hipotensão liquíorica.
Coluna Vertebral
A coluna vertebral é composta de 33 vértebras: 7 cervicais, 12 torácicas, 5
lombares, 5 sacrais e 4 coccígeas fundidas. Com a exceção de C1, a coluna cervical,
torácica e lombar apresenta um corpo anteriormente, dois pedículos que se projetam
posteriormente a partir do corpo e duas lâminas que se conectam aos pedículos.
Estas estruturas formam o canal vertebral, o qual contém a medula espinhal, nervos
espinhais e o espaço epidural. As lâminas dão origem aos processos transversos que
se projetam lateralmente e o processo espinhoso que se projeta posteriormente.
Estas projeções ósseas servem como locais para inserção de músculo e de
ligamentos. Os pedículos contêm um entalhe vertebral superior e inferior através do
qual os nervos espinhais saem do canal vertebral. Os processos articulares superiores
e inferiores surgem na junção da lâmina e pedículos e se articulam com as vértebras
adjacentes. A coluna vertebral apresenta curvaturas naturais: lordoses cervical e
lombar e cifoses torácica e sacral.
A vértebra C1 ou atlas difere desta estrutura típica pois não tem um corpo ou
uma apófise espinhosa.
A vértebras sacras são fundidas em conjunto e formam uma cunha, que liga a
espinha ilíaca com as asas da pélvis. A quinta vértebra sacra não está fundida
posteriormente, dando origem a uma abertura em forma variável conhecida como
hiato sacro. Os cornos sacrais são proeminências ósseas em ambos os lados do hiato
e auxílio na identificação dele. O hiato sacral proporciona uma abertura para dentro
do canal do sacro, que é o caudal de terminação do espaço epidural.
As quatro vértebras do cóccix rudimentar são fundidas para formar o cóccix,
um osso triangular estreito que confina com o hiato sacral e pode ser útil na
identificação dele. A ponta do cóccix pode, muitas vezes, ser palpada na fenda glútea
proximal e executando uma progressão cefálica ao longo da sua superfície lisa, o
corno sacral pode ser identificado como a primeira proeminência óssea encontrada.
Identificar as vértebras é importante para localizar corretamente o espaço
intermédio desejado para realizar os bloqueios. Os processos espinhosos de C7 a T1
são os mais proeminentes e são facilmente palpáveis. A décima segunda vértebra
torácica pode ser identificada por palpação da décima segunda costela e seguindo de
volta para o corpo de T12. Uma linha traçada entre as cristas ilíacas atravessa o corpo
de L5 ou espaço entre L4 e L5 (linha de Tuffier).
A vértebra lombar apresenta um processo transverso bem desenvolvido
chamado apêndice costiforme; não apresenta forame no processo transverso e nem
a fóvea costal.
Ligamentos
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Os corpos vertebrais são estabilizados por cinco ligamentos que aumentam
em tamanho entre a vértebra cervical e lombar. A partir do sacro até T7, o ligamento
supraespinhoso corre entre as pontas dos processos espinhosos. Acima de T7, este
ligamento continua como o ligamento cervical e se liga a protuberância occipital na
base do crânio. O ligamento interespinhoso está entre os processos espinhosos e se
liga posteriormente com o ligamento supraespinhoso e anteriormente com o
ligamento amarelo.
O ligamento amarelo é em forma de cunha, resistente e composto de elastina.
É constituído por porções direita e esquerda que se estendem em lâminas adjacentes
vertebrais e se fundem na linha média em graus variados. O ligamento amarelo é
mais grosso na linha média, medindo de 3 a 5 mm em L2 - L3 de adultos. A distância
entre o ligamento amarelo e as meninges espinhais também é maior na linha média,
medindo 4 - 6 mm na L2 para L3. Como resultado, na inserção de uma agulha epidural
na linha média, é menos provável que resulte em punção não intencional das
meninges. Os ligamentos longitudinais anterior e posterior correm ao longo das
superfícies anterior e posterior dos corpos vertebrais.
Canal Vertebral
A superposição das vértebras forma o canal vertebral, forâmens
intervertebrais e espaços interlaminares. Os foramens intervertebrais são condutos,
sendo os lombares maiores, com 1,5 cm de altura por 1 cm de largura.
Flexão da coluna aumenta a área dos forames intervertebrais (que é diminuída
com a extensão).
O canal vertebral vai desde o forâmen magno até o cóccix. Dentro do canal
está o saco dural que vai do forâmen magno até S2.
Espaço entre o canal vertebral e o saco dural é o espaço peridural. No interior
do saco dural está a medula espinhal e suas raízes nervosas.
Espaço Peridural
O espaço epidural é o espaço que fica entre as meninges espinhais e os lados
do canal vertebral. É limitado cranialmente pelo forame magno, caudalmente pelo
ligamento sacrococcigeal cobrindo o hiato sacral, anteriormente pelo ligamento
longitudinal posterior e lateralmente pelos pedículos vertebrais e posteriormente
tanto pelo o ligamento amarelo quanto pela lâmina vertebral.
O espaço epidural não é um espaço fechado, mas se comunica com o espaço
paravertebral por meio do forame intervertebral. Ele é mais raso anteriormente,
onde a dura-máter pode, em alguns lugares, fundir-se com o ligamento longitudinal
posterior. O espaço é mais profundo posteriormente, embora a profundidade varie,
pois, o espaço está intermitentemente obliterado por contato entre a dura-máter e
o ligamento amarelo ou lâmina vertebral. O contato entre a dura-máter e os
pedículos também interrompe o espaço epidural lateralmente. Assim, o espaço
epidural é composto de uma série de compartimentos descontínuos que se tornam
contínuos quando o espaço potencial que separa os compartimentos é aberto
através da injeção de ar ou de líquido.
A rica rede de veias avalvulares (plexo de Batson) cursa através da porções
anterior e laterais do espaço epidural e muito raramente no espaço peridural
posterior. As veias epidurais anastomosam-se livremente com as veias extradurais,
incluindo as veias pélvicas, sistema ázigos e veias intracranianas. O espaço epidural
também contém vasos linfáticos e artérias segmentares que funcionam entre a aorta
e a medula espinhal.
O material mais onipresente no espaço epidural é gordura, que está localizada
principalmente na região posterior e lateral do espaço epidural.
Ocorre diminuição da gordura com a idade, deixando-o mais irregular ainda. A
ideia de que com a idade haveria diminuição dos foramens intervertebrais e com isso
maior dispersão cefálica do anestésico local não é real. Na verdade, uma das
explicações para isso é a diminuição da gordura do espaço.
Curiosamente, a gordura peridural parece ter efeitos clinicamente
importantes sobre a farmacologia de medicamentos administrados por via epidural
e intratecal. Em um modelo animal, demonstrou-se que existe uma relação linear
entre a lipossolubilidade de um opióide e a sua meia-vida no espaço epidural, seu
tempo de duração no espaço epidural e a sua concentração na gordura epidural.
Além disso, a transferência de opióide do espaço epidural para o espaço intratecal foi
maior para o opióide menos lipossolúvel (morfina) e menor para os opióides
altamente lipossolúveis (fentanil, sufentanil). Com efeito, o aumento da solubilidade
resultou em sequestro de opióide na gordura epidural, reduzindo, desse modo, a
biodisponibilidade do fármaco no espaço subaracnóide e tecido subjacente.
Meninges - Aracnóide
Membrana vascular interposta por tecido conjuntivo, sendo o principal
obstáculo entre a dura máter e a medula espinhal. Hernia-se através da dura máter
para dentro do espaço peridural para formar as granulações aracnoides.
O espaço subaracnóide localiza-se entre a aracnóide e a pia-máter e contém o
líquor. Raízes dos nervos espinhais correm no espaço subaracnóide.
Medula Espinhal
No adulto termina em L1, mas em 30% pode terminar em T12 e em 10% pode
ir até L3. O saco dural termina em S1 – S2.
No RN: vai até L3 e com um ano chega em L1; saco dural termina S2 – S3.
São 31 pares de nervos espinhais (raiz motora anterior, mais grossa e mais
difícil de bloquear, e sensitiva posterior), sendo que a área da pele inervada por nervo
espinhal e seu segmento medular é conhecida como dermátomo.
Nervos que se estendem além do fim da medula espinhal até o local de saída
são conhecidos coletivamente como cauda equina.
Efeitos Neurais
Classicamente ocorre a sequência de bloqueio: simpático → dor → tato →
temperatura, o chamado bloqueio diferencial.
Geralmente, o bloqueio simpático está de 2 – 6 dermátomos mais alto que o
doloroso, o qual está 2-3 dermátomos mais alto que o motor.
Bloqueio neuroaxial produz sedação por si só, potencializa hipnóticos e
diminui necessidade de anestésicos - efeito de desaferentação.
Efeitos Cardiovasculares
Funciona como alfa 1 e beta bloqueadores: hipotensão e bradicardia.
Frequência cardíaca cai em bloqueios altos quando atingem T1 – T4: fibras
cardioaceleradoras. Bradicardia é moderada e bem tolerada mas pode ser grave e
súbita e evoluir para assistolia; atropina é eficaz na sua reversão.
Simpatectomia causa vasodilatação arterial e venosa. A venodilatação é a mais
importante porque 75% do volume sanguíneo fica no território venoso e o retorno
venoso diminuído leva a hiperatividade vagal.
Bloqueios cardíacos preexistentes são fatores de risco para arritmias,
bradicardia e assistolia. Hipotensão por vasodilatação arterial associada pode
ocorrer.
Raquianestesia apresenta instalação mais rápida que a peridural, e a
bradicardia e a hipotensão estão relacionadas a extensão e altura do bloqueio.
Fatores de risco para maiores alterações hemodinâmicas ocorrem nos idosos, com
anestesia geral associada, obesidade e hipovolemia prévia.
Hipotensão arterial na raquianestesia resulta da dilatação arterial pela queda
da resistência vascular periférica e dilatação venosa devido a diminuição da pré-carga
e do débito cardíaco, sendo esse o fator mais importante. Bradicardia ocorre em 10-
15% e o risco está relacionado à altura do bloqueio; outros fatores de risco: jovens,
ASA 1, uso ß bloqueadores.
Na peridural onde se utiliza anestésicos locais com adrenalina, produz-se
efeito ß nos vasos periféricos causando queda da resistência vascular periférica e
hipotensão arterial. Na peridural onde se utiliza anestésicos locais sem adrenalina a
hipotensão arterial resulta da dilatação arterial pela queda da resistência vascular
periférica e dilatação venosa devido a diminuição da pré-carga e do débito cardíaco,
sendo esse o fator mais importante.
Efeitos Respiratórios
Alterações respiratórias são modestas em pacientes saudáveis. Ocorre
diminuição da Capacidade Vital por diminuição do volume de reserva expiratório,
causado mais pelo bloqueio da musculatura respiratória do que pelo bloqueio do
diafragma.
Bloqueios altos causam paralisia dos músculos abdominais e intercostais
prejudicando a função respiratória, principalmente em idosos e DPOC. Apnéia após
bloqueio alto é decorrente de hipotensão grave e isquemia bulbar.
Efeitos Gastrointestinais
Náuseas e vômitos ocorrem por bloqueio simpático com liberação
parassimpática e aumento do tônus vagal. Fatores de risco de náuseas e vômitos:
bloqueios mais altos, associação com opióides, hipotensão e história de cinetose.
Uso de atropina é efetivo.
Ocorre aumento de secreções, esfíncteres relaxam e ocorre hipermotilidade
intestinal. Promove bloqueio da resposta metabólica ao trauma.
Efeitos Renais
Diminuição do fluxo sanguíneo renal depende do nível de hipotensão.
Menores doses de anestésicos locais podem paralisar a função da bexiga mais
facilmente que a função motora dos membros inferiores. Retenção urinária é
questionável: estudo em PTQ com anestesia geral versus bloqueio mostrou mesmo
número de sondagem vesical.
Raquianestesia
A introdução de fármacos no espaço subaracnóideo promove anestesia e
analgesia importantes.
Para ser feita de modo correto, o conhecimento da anatomia e os passos
fundamentais devem ser obedecidos. A preparação do material, o posicionamento e
a técnica são fundamentais para proporcionar alta qualidade da anestesia, com altos
níveis de sucesso e baixos de complicações.
Agulhas
Quanto maior o Gauge (menor calibre) tende a causar menos cefaléia pós-
raqui. Calibre 25G causa mais cefaléia que 27G. Calibre 29G e 27G causam mesmo
índice de cefaléia e a 29G tem maior chance de falha.
Ponta de lápis são menos traumáticas que as cortantes.
Posicionamento
O decúbito lateral permite mais sedação e depende menos da vontade do
paciente.
Com o paciente sentado, a sedação deve ser mais leve e depende mais da
vontade do mesmo.
Técnicas de Punção
Punção mediana com inclinação 10-15º é a de escolha por ser mais fácil e
avascular. A mediana perfura os seguintes planos: pele → tecido celular subcutâneo
→ ligamento supraespinhoso → ligamento interespinhoso → ligamento amarelo →
espaço peridural → dura máter → aracnóide → espaço subaracnóide.
Líquor no canhão da agulha indica posicionamento correto. Líquor com sangue
que vai diminuindo a intensidade do sangramento, sugestivo de acidente de punção
não contraindica a injeção do anestésico local.
Anestésicos Locais
Duração da anestesia é determinada pelo anestésico local utilizado.
A procaína hiperbárica causa mais náuseas e vômitos, mais falhas e menor
duração. Por outro lado, causa menos dor lombar e nas pernas que a lidocaína.
Lidocaína tem média duração e início rápido. A hiperbárica 5% causa
sintomas neurológicos transitórios principalmente em pacientes ambulatoriais
posicionados para litotomia ou artroscopia de joelho.
Mepivacaína tem duração maior e pode causar sintomas neurológicos
transitórios como a lidocaína. Tetracaína é de longa duração.
Bupivacaína 0,5% pode ser isobárica ou hiperbárica e tem duração
prolongada. Ropivacaína é bem parecida com a bupivacaína e também tem
duração longa.
Baricidade
É a relação entre a densidade de duas soluções quaisquer.
𝑚
𝐷𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =
𝑉
Aditivos
Aditivos são adicionados aos anestésicos locais para produzirem início mais
rápido, duração maior, menos toxicidade e melhora do bloqueio.
Vasoconstritores utilizados para prolongam o efeito dos anestésicos locais
poderiam causar isquemia medular. Estudos sugerem que não, mas também não
prolongariam tanto o bloqueio.
Alfa 2 agonistas (clonidina): prolongamento do tempo e duração bloqueio.
Neostigmine: anticolinesterásico que diminui a quebra da acetilcolina e
produz analgesia por liberar óxido nítrico na medula espinhal. Seu uso na
raquianestesia causa mais náuseas e vômitos, mas prolonga o bloqueio motor.
Altura do Bloqueio
É determinada pela dispersão cefálica do anestésico local no líquor.
O fator mais importante é a baricidade do anestésico local e a posição do
paciente. Nem o volume injetado nem a concentração da droga alteram a altura
do bloqueio.
Soluções hiperbáricas tendem a descer no LCR, as hipobáricas a subir e as
isobáricas não sofrerem efeito da gravidade.
Fixação bloqueio: a gravidade afeta a distribuição das soluções hipobáricas
e hiperbáricas até elas se misturarem ao LCR e ficarem isobáricas.
Complicações da Raquianestesia
Apesar da segurança atual, a raquianestesia, como qualquer outra técnica,
pode apresentar complicações que devem ser reconhecidas e de preferência
evitadas.
Basicamente podem ocorrer alterações neurológicas, dor lombar, cefaleia
pós-punção e parada cardíaca.
Aracnoidite Adesiva
Relacionada a resíduo de ácido fosfórico para esterilizar agulhas de raqui e
a altas doses de anestésico local na perfuração inadvertida da dura máter na
peridural. Proliferação da pia máter e da aracnoide obliteram espaço
subaracnóideo e os sintomas são insidiosos, podendo levar semanas ou meses
para surgirem.
No início ocorre perda gradual da sensibilidade, paresia de membros
inferiores e paralisia. Níveis medulares mais altos cursam com hipertensão
intracraniana, tetraplegia e óbito.
Fístula Liquórica
Mais frequente após punção e passagem de cateter. Cefaleia intratável é o
principal sintoma.
Tratamento conservador pode ser feito com acetozolamida e restrição
hídrica. Tampão sanguíneo se não houver melhora. Tratamento cirúrgico é a
última opção.
Meningites
Meningites sépticas se manifestam de 24 a 48 horas após a punção, com
cefaleia, dor na nuca, náusea e vômitos, febre, irritação meníngea, fotofobia e
convulsões. Exame do LCR apresenta aumento de leucócitos, diminuição de
cloretos, ausência de glicose e aumento de proteínas
Meningites assépticas ocorrem devido a irritação química por sangue ou
anestésico local e cursam com leve aumento da pressão intracraniana e número
de linfócitos polimorfonucleares. Os sintomas surgem em 24horas e a resolução
é espontânea, levando dias a semanas
Cefaleia pós-punção
Mais frequente na raquianestesia. É raro com peridural mas ocorre em 50%
quando há perfuração da dura máter.
Dor média a intensa que ocorre ou piora ao sentar ou ficar de pé, causada
por estiramento dos nervos cranianos vago, trigêmeo e glossofaríngeo.
Geralmente acontece entre 24 a 48 horas após a punção. Localização fronto-
occipital e temporal que pode ser acompanhada por tontura, náuseas e vômitos.
Pode estar associada a distúrbios visuais: fotofobia, diplopia, escotomas e visão
borrada por tração de nervos cranianos (oculomotor). Distúrbios auditivos podem
estar associados também com perda da acuidade, zumbidos e discinesia.
Complicação tardia: estrabismo convergente, geralmente unilateral.
Provavelmente ocorre por hipotensão liquórica que provoca deslocamento
caudal do encéfalo e tração das meninges, dos seios venosos, dos nervos e dos
vasos encefálicos, além de vasodilatação cerebral.
A incidência diminui com o aumento da idade (hipotonia liquórica) e com o
uso de agulhas de menor calibre e de ponta de lápis. Mulheres (implicação
hormonal), jovens, múltiplas punções, gravidez e história de quadro anterior ou
enxaqueca também são fatores de risco. Manter o paciente deitado após a punção
não determina diminuição na incidência de cefaleia.
Pode se resolver de forma espontânea ou durar semanas se não tratada.
Fatores de risco cefaleia pós-raqui
Jovens
Mulheres
Punção paramediana
Gravidez
Múltiplas punções
Agulhas calibrosas e cortantes
Dor Lombar
É comum, acometendo 25% dos pacientes. Mais frequente e mais prolongada
com a peridural e tem como causas o trauma, a irritação pelo anestésico local e a
distensão ligamentar.
Parada Cardíaca
O mecanismo que leva a parada cardíaca não está claro, mas provavelmente
ocorre devido ao bloqueio simpático associado, liberando o parassimpático. A
diminuição da pré-carga com bradicardia parece ser um fator importante.
Pacientes vagotônicos, medo, ansiedade, dor, tração visceral e alterações
posturais tem maior predisposição a bradicardias graves e parada cardíaca.
Bradicardia é fator de risco para parada cardíaca durante raquianestesia. São
fatores de risco para bradicardias: frequência cardíaca basal menor que 60, jovens,
pacientes com tônus vagal predominante, uso de beta bloqueadores e história de
bloqueios atrioventriculares associados.
Bradicardia é o sinal inicial do aumento do tônus vagal e deve ser tratada com
atropina de forma precoce. Atropina precoce é efetiva e reduz morbidade nos casos
de PCR durante a raquianestesia.
Hipotensão deve ser inicialmente tratada com efedrina e a seguir com
adrenalina, se necessário.
PCR deve ser tratada conforme os protocolos do ACLS.
Fixando Conhecimento
(TSA-2016) Homem de 27 anos, 75 Kg e 1,80 m é submetido à artroscopia
de joelho sob raquianestesia. Após 25 minutos do bloqueio subaracnóideo,
o paciente apresentou parada cardiorrespiratória (PCR) e o
A) Bradicardia
B) Dessaturação
C) Hipotensão arterial
D) Rebaixamento do nível de consciência
Resposta: B
Comentário - O mecanismo que leva a parada cardíaca não está claro mas provavelmente ocorre
devido ao bloqueio simpático associado, liberando o parassimpático. A diminuição da pré-carga
com bradicardia parece ser um fator importante. Pacientes vagotônicos, medo, ansiedade, dor,
tração visceral e alterações posturais tem maior predisposição a bradicardias graves e parada
cardíaca. Bradicardia é fator de risco para parada cardíaca durante raquianestesia. São fatores de
risco para bradicardias: frequência cardíaca basal menor que 60, jovens, pacientes com tônus vagal
predominante, uso de beta bloqueadores e história de bloqueios atrioventriculares associados.
Bradicardia é o sinal inicial do aumento do tônus vagal e deve ser tratada com atropina de forma
precoce. Atropina precoce é efetiva e reduz morbidade nos casos de PCR durante a raquianestesia.
Referência:
Miller RD Eriksson LI, Fleisher LA, Wiener-Kronish JP, Young WL – Miller’s Anesthesia 8th Ed,
Philadelphia, 2015
Agulhas
Apresentam diâmetro maior, permitindo a passagem do cateter e quando
perfuram a dura máter inadvertidamente, causam cefaleia em grande parte dos
pacientes.
Posicionamento
Assim como na raquianestesia, podem ser utilizadas a posição sentada e de
decúbito lateral.
Punção
Mediana é a utilizada. A paramediana deve ser evitada pois a chance de punção
inadvertida do Plexo de Batson, que é lateral, é maior.
A técnica da perda de resistência ou de Dogliotti consiste na utilização de
seringa própria para isso que é preenchida por ar ou soro fisiológico; ao ultrapassar o
ligamento amarelo e entrar no espaço peridural ocorre perda da resistência.
Técnica da gota pendente ou de Gutierrez utiliza uma gota de água destilada,
anestésico ou solução salina no canhão de agulha de punção; a gota será aspirada
quando o bisel alcançar o espaço peridural, devido a pressão negativa existente
neste.
Dispersão
Diferente da raquianestesia, produz dispersão caudal e cranial a partir do
local de punção. O local da punção é o fator determinante da dispersão do bloqueio.
Dose e volume da droga são importantes na dispersão mas a concentração não.
Efeito da posição do paciente na dispersão não é clinicamente importante. Maior
dispersão em idosos, gestantes e obesos mórbidos
Raízes de L5-S1 demoram mais para bloquear devido ao grande diâmetro das
raízes nervosas.
Início de ação segue similar aos anestésicos locais na raquianestesia, sendo
que doses maiores causam início mais rápido. O tipo de anestésico local utilizado é o
fator mais importante em relação a duração e aumentar a dose resulta em maior
duração também.
Hematoma
Pode ocorrer tanto na raquianestesia como na peridural, mas devido ao calibre
e a manipulação de cateteres seu risco é maior na peridural. Raro, mas devastador
quando ocorre. Geralmente associado ao uso de anticoagulantes.
Manifestado por fraqueza ou falta de sensibilidade nos membros inferiores
que não retornam após algumas horas do fim da anestesia. Detecção precoce é
crítica e fundamental e pode ser feita por ressonância nuclear magnética.
Descompressão cirúrgica medular imediata e precoce pode diminuir sequelas.
Para os anticoagulantes orais, o INR deve ser normal (até 1,4) e a retirada do
1 - Relacionados ao paciente
a. Idade (idosos);
b. Sexo feminino;
cateter só pode ser feita se INR for menor que 1,5. Fondaparinux é contraindicação
c. Coagulopatias congênitas;
d. Coagulopatias adquiridas (insuficiência renal/hepática, doenças malignas, Síndrome HELLP (hemólise, enzimas
aos bloqueios.
hepáticas elevadas, plaquetopenia), coagulação intravascular disseminada [CIVD]);
e. Trombocitopenia;
f. Anormalidades espinhais (espinha bífi da/estenose de canal espinhal, osteoporose, espondilite anquilosante).
Fitoterápicos alteram o tempo de coagulação e associados a outros
2 - Relacionados ao procedimento
a. Inserção ou remoção do cateter;
anticoagulantes podem potencializar seus efeitos. Alho deve ser suspenso 7 dias, o
b. Procedimento traumático (múltiplas tentativas);
c. Presença de sangue no cateter durante inserção ou remoção;
d. Inserção de cateter peridural > Punção peridural simples > Punção subaracnóidea simples.
gingko biloba por 36 horas e o ginseng 24 horas antes.
3 - Relacionado a fármacos
a. Drogas anticoagulantes, antiplaquetárias ou fi brinolíticas;
b. Administração da droga imediatamente antes/após técnica neuroaxial;
c. Uso de terapia antiplaquetária/anticoagulante dupla.
Drogas Recomendações
AAS e AINEs Não há indicação de suspensão.
AAS e AINEs + HBPM/HNF/cumarínico Aguardar 24 h para bloqueio de neuroeixo ou inserção de cateter peridural.
AAS + tienopiridínicos Se o paciente estiver em uso de stent metálico, aguardar 6 semanas. Se o stent for
farmacológico, aguardar 6 meses.
Ticlopidina Fazer bloqueio ou inserção/retirada de cateter 10-14 dias após suspensão.
Clopidogrel Fazer bloqueio ou inserção/retirada de cateter 7 dias após suspensão. Em pacientes
de alto risco, pode ser feito em 5 dias.
Prasugrel Fazer bloqueio de neuroeixo 7-10 dias após suspensão da droga.
Abciximab Fazer bloqueio de neuroeixo ou inserção/retirada de cateter 48 horas após suspensão
da droga.
Tirofi ban/eptifibatide Aguardar 8-10 h para bloqueio de neuroeixo ou inserção de cateter peridural.
Inibidores da glicoproteína IIb/IIIa Contraindicação à feitura de bloqueios.
+outros anticoagulantes/AAS
Ticagrelor Fazer bloqueio ou inserção/retirada de cateter 5 dias após suspensão da droga.
Cilostazol Fazer bloqueio ou inserção/retirada de cateter 5 dias após suspensão da droga.
Heparina não fracionada Aguardar 4 h após a última dose de HNF para bloqueio, retirada/inserç ão de cateter.
Retornar droga 1 h após.
Heparina de baixo peso molecular Doses profi láticas: aguardar 10-12 horas para fazer bloqueio. Doses terapêuticas:
aguardar 24h. Retirada de cateter 10-12 h após última dose. Retornar a droga 2h após
a retirada do cateter.
Cumarínicos Fazer bloqueio 4-5 dias após suspensão. Monitorar RNI durante analgesia peridural.
Fondaparinux Dose profi lática (2,5 mg): pode ser feito bloqueio. Se cateter de peridural, retirálo 36
h após última dose. Retornar a dose 12 h após retirada do cateter. Dose terapêutica
(5-10 mg): contraindicado o bloqueio.
Rivaroxaban Fazer bloqueio de neuroeixo, inserção/retirada de cateter 24 h após suspensão da
droga. Retornar 4-6 h após retirada do cateter.
Apixaban Fazer bloqueio de neuroeixo, inserção/retirada de cateter 20-30 h após suspensão da
droga. Retornar 4-6 h após retirada do cateter.
Desirudin Fazer bloqueio 8-10h após a suspensão da droga em pacientes com função renal
normal.