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Antropologia

Curso de Psicologia
Prof. Ernesto Basílio
EMENTA
• Indivíduo e sociedade no pensamento
clássico e contemporâneo da Antropologia e
da Sociologia. Interacionismo Simbólico e
Etnometodologia. Cultura, Mito e
Simbolismo. Reprodução Social. Controle
Social, Socialização e Desvio.
Comportamento de Massa. Instituição.
Mudança Cultural. Identidade e Diferença.
Violência Simbólica.
O Que é a Antropologia?
• “Ciência da cultura humana”
• É uma disciplina que investiga as origens, o
desenvolvimento e as semelhanças das sociedades
humanas, assim como as diferenças entre elas. A palavra
antropologia deriva de duas palavras gregas: anthropos,
que significa "homem" ou "humano"; e logos, que significa
"pensamento" ou "razão".
• A Antropologia, sendo a ciência da humanidade e da
cultura, tem um campo de investigação extremamente
vasto: abrange, no espaço, toda a terra habitada; no
tempo, pelo menos dois milhões de anos, e todas as
populações socialmente organizadas. Divide-se em duas
grandes áreas de estudo, com objetivos definidos e
interesses teóricos próprios: a Antropologia Física ou
Biológica e a Antropologia Cultural.
 Final do século XVIII começa a se constituir um saber
científico (ou pretensamente científico) tendo o homem
como objeto de conhecimento

 O pensamento era puramente mitológico,


artístico, teológico, filosófico.

 O esboço de um projeto antropológico surge numa


região muito pequena do mundo – a Europa
Pré-História
COSMOCENTRISMO
ANTES DO
Idade Antiga
APARECIMENTO
DA CIÊNCIA
TEOCENTRISMO Idade Media

A REVOLUÇÃO ANTROPOCENTRISMO Idade


CIENTÍFICA
Moderna

AS CIÊNCIAS
POSITIVISMO Sec. XIX
HUMANAS
Pré-História Mito Imaginação
antes da escrita

Idade Antiga Filosofia Razão


Do aparecimento da
escrita até 476 d. C.

Idade Média Teologia Fé


de 476 d. C. até 1453

Idade Moderna Revolução Dados da


Científica Realidade
1453 até ... Ciências Humanas
ANTROPOLOGIA : conceito e objeto

A Antropologia não se distingue das outras ciências humanas e


sociais por um objeto de estudo que lhe seja próprio

Inicio Estudo das sociedades simples, denominadas


também primitivas, arcaicas ou frias

Estas sociedades • Sociedades de dimensões estritas


não pertencem à • Pouco contato com as sociedades
civilização vizinhas
ocidental • Tecnologia pouco desenvolvida
• Pouca divisão do trabalho social

Estudo das sociedades complexas, denominadas


Sec. XX
também sociedades civilizadas, modernas ou quentes.
Estudo do homem inteiro. Estudo do homem e das
culturas em todas as suas dimensões.
 Segunda metade do século XX a Antropologia se
atribui um objeto de estudo – as sociedades ditas
“primitivas”, que não pertencem à civilização
ocidental

 Busca de outra área de investigação – o camponês


(selvagem de dentro)

 O estudo do homem inteiro + o estudo do homem em


todas as sociedades, sob todas as latitudes em
todos os seus estados e em todas as épocas –
abordagem integrativa das múltiplas dimensões do
ser humano em sociedade
O Âmbito da Antropologia
• Para pensar as sociedades humanas, a antropologia
preocupa-se em detalhar, tanto quanto possível, os seres
humanos que as compõem e com elas se relacionam, seja
nos seus aspectos físicos, na sua relação com a natureza,
seja na sua especificidade cultural. Para o saber
antropológico o conceito de cultura abarca diversas
dimensões: universo psíquico, os mitos, os costumes e
rituais, suas histórias peculiares, a linguagem, valores,
crenças, leis, relações de parentesco, entre outros tópicos.
• Embora o estudo das sociedades humanas remonte à
Antigüidade Clássica, a antropologia nasceu, como ciência,
efetivamente, da grande revolução cultural iniciada com o
Iluminismo.
A Antropologia como Ciência
• Até o século XVIII, o saber antropológico esteve presente na
contribuição dos cronistas, viajantes, soldados, missionários
e comerciantes que discutiam, em relação aos povos que
conheciam, a maneira como estes viviam a sua condição
humana, cultivavam seus hábitos, normas, características,
interpretavam os seus mitos, os seus rituais, a sua
linguagem. Neste século, a Antropologia adquire o satus de
ciência, tendo como objeto a análise das "raças humanas".
• No Século XIX, Boucher de Perthes utiliza o termo “homem
pré-histórico”, a partir de achados arqueológicos, como
utensílios de pedra, cuja idade se estimava bastante
remota. Posteriormente, em 1865, John Lubock reavaliou
numerosos dados acerca da Cultura da Idade da Pedra e
compilou uma classificação em que enumerava as
diferenças culturais entre o Paleolítico (homem selvagem,
caçador/coletor) e Neolítico (que se inicia há 10 mil anos).
Evolução Humana: Australopitecus (3,6 milhões de anos),
Homo Habilis (2 m.a.), Neanderthal (300 a 29 mil anos),
Homo Sapiens…
CAMPOS DA ANTROPOLOGIA
Antropologia Biológica – relações entre o
patrimônio genético e o meio (geográfico, ecológico,
social) → analisa particularidades ligadas a um meio
ambiente (inato e adquirido)

Antropologia pré-histórica – estudo do homem por


meio dos vestígios materiais enterrados no solo ou
quaisquer marcas da atividade humana → visa
reconstituir as sociedades desaparecidas: técnicas e
organizações sociais, produções culturais e artísticas
(ligada à Arqueologia)
 Antropologia Psicológica – estudo dos
processos e do funcionamento do psiquismo
humano → o antropólogo é confrontado em
primeira instância a indivíduos, não a
conjuntos sociais

 Antropologia Linguística – estudo da


linguagem, que é parte do patrimônio
cultural de uma sociedade → forma como
expressam o universo e o social (literatura e
tradição oral)
 Antropologia Social e Cultural – diz respeito a tudo
que constitui uma sociedade:

 seus modos de produção econômica


 suas técnicas
 sua organização política e jurídica
 seus sistemas de parentesco
 seus sistemas de conhecimento
 suas crenças religiosas
 sua língua
 sua psicologia
 suas criações artísticas
CONCEITO DE CULTURA
Cultura, no sentido antropológico, é o
conjunto de realizações materiais e
intelectuais de uma coletividade, não
importa quão primitiva ela possa ser. Esse
conjunto inclui técnicas, costumes, crenças e
padrões de comportamento. É importante
observar que cada grupo humano possui
uma cultura, independentemente de seu grau
de desenvolvimento.
Evolucionismo
• Com a publicação de dois livros, A Origem das Espécies, em
1859 e A descendência do homem, em 1871, Charles
Darwin principia a sistematização da teoria evolucionista.
Partindo desta obra, nascia a Antropologia Biológica.
• Marcada pela discussão evolucionista, a antropologia do
Século XIX privilegiou o Darwinismo Social, que considerava
a sociedade europeia da época como o apogeu de um
processo evolutivo, em que as sociedades aborígenes eram
tidas como exemplares "mais primitivos". Esta visão usava
o conceito de “civilização” para classificar, julgar e,
posteriormente, justificar o domínio de outros povos. Esta
maneira de ver o mundo, ignorando as diferenças em
relação aos povos tidos como inferiores, recebe o nome de
etnocentrismo. É a Visão Etnocêntrica do homem europeu,
que se atribui o valor de “civilizado”, fazendo crer que os
outros povos estavam “situados fora da história e da
cultura”.
Escalas de Evolução
• Selvageria — Economia de coleta, nomadismo,
organização clânica ou tribal, desconhecimento dos
metais.

• Barbárie — Produção de alimentos (agricultura e


pastoreio), sedentarização total ou parcial,
crescimento demográfico, uso dos metais.

• Civilização — Vida urbana, Estado estruturado, religião


institucionalizada, sociedade complexa, utilização da
escrita.
Determinismo Biológico
(para as características da cultura) :
• Crenças tais como:
“os brasileiros herdaram a preguiça dos negros, a
imprevidência dos índios e a luxúria dos
portugueses...”
Determinismo Geográfico
(para as características da cultura):
• Desde a antiguidade foram comuns as
tentativas de explicar as diferenças de
comportamento entre humanos a partir das
variações nos ambientes físicos.

• As diferenças do ambiente físico condicionam a


diversidade cultural (geógrafos de finais do séc.
XIX e início do séc. XX).

- ex: clima considerado como fator importante


na dinâmica do progresso.
Antropologia Francesa
• Esta se inicia quando Marcel Mauss publica com Henri
Hubert, em 1903, a obra “Esboço de uma Teoria Geral da
Magia”, onde forja os conceitos de “mana” e “dádiva”;
• Inicialmente centrada na denominada “Etnologia”, a
Antropologia se estabelece como área de estudo em Paris,
a partir de 1927. No início, a disciplina se vinculara ao
Museu de História Natural, porque se considerava a
antropologia como uma subdisciplina da história natural.
Ainda existia um determinismo biológico, segundo o qual se
considerava que as diferenças culturais eram fruto das
diferenças biológicas entre os homens.
• A Antropologia Estrutural nasce na década de 40. O seu
grande teórico é Claude Lévi-Strauss. Centraliza o debate
na idéia de que existem regras estruturantes das culturas
na mente humana, e assume que estas regras constroem
pares de oposição para organizar o sentido.
Culturalismo e Funcionalismo
• Nos EUA, Franz Boas desenvolve a idéia de que cada cultura
tem uma história particular e considerava que a difusão de
traços culturais acontecia em toda parte. (Re)nasce o
relativismo cultural, e a antropologia estende a
investigação ao trabalho de campo. Para Boas, cada cultura
de cada povo estaria associada à sua própria história; para
compreender a cultura é preciso reconstruir a história.
Surgia o Culturalismo ou Particularismo Histórico.
• Na Inglaterra, nasce o Funcionalismo (Malinowski,
Radcliffe-Brown) que enfatiza o trabalho de campo
(observação participante). Para sistematizar o
conhecimento acerca de uma cultura é preciso apreendê-la
na sua totalidade. Para elaborar esta produção intelectual,
surge a etnografia. As instituições sociais centralizam o
debate, a partir das funções que exercem na manutenção
da totalidade cultural.
Tendência Atual da Antropologia
• Na década de 80, o debate téorico na Antropologia ganhou
novas dimensões. Muitas críticas a todas as escolas
surgiram, questionando o método e as concepções
antropológicas. No geral, este debate privilegiou algumas
idéias: a primeira delas é que a realidade é sempre
interpretada, ou seja, vista sob uma perspectiva subjetiva
do autor, portanto a antropologia seria uma interpretação
de interpretações. Da crítica da retórica de autoridade
clássica, fortemente influenciada pelos estudos de
Foucault, surgem meta-etnografias, ou seja, a análise
antropológica da própria produção etnográfica. Contribuiu
muito para esta discussão a formação de antropólogos nos
países (como o Brasil) que até então eram apenas
analisados pelos grandes centros antropológicos.
• Surgem novas subáreas, enfocando o próprio Homem
ocidental, como a Antropologia Urbana, Antropologia
Médica, Estudos de Gênero, etc.
• A natureza dos homens é a mesma, são seus
hábitos que os mantêm separados
Confúcio (séc. IV AC)

• Cada qual considera bárbaro o que não se


pratica em sua terra
Montaigne (1533-1573)

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