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JAZIGOS KIMBERLÍTICOS

As fontes primárias dos diamantes - os kimberlitos -


aparecem normalmente na forma de chaminés intrusivas
na crosta, podendo apresentar contribuições variáveis de
xenólitos das rochas por onde passou a intrusão.
Os kimberlitos são rochas híbridas, ultrabásicas,
potássicas e ricas em voláteis (CO2 e H2O), compostas por
fragmentos de eclogitos e/ou peridotitos, em uma matriz
fina formada essencialmente de olivina (predominante),
flogopita, calcite, serpentina, diopsídio, granada, ilmenite
e enstatite (Chaves & Chambel, 2003).
O diamante se forma numa área delimitada pela
intersecção entre o Manto Superior e a região basal da
Litosfera, onde esta se torna mais espessa. Esta área bem
delimitada se denomina de Janela do Diamante. O seu
limite superior é a isotermal de 900oC e o limite inferior,
de 1200oC. Abaixo da curva do Manto Superior está a
zona de equilíbrio do diamante e acima, a zona de
equilíbrio da grafite. A génese do diamante exige uma
profundidade entre 150 e 200 km (acompanhe a curvatura
da figura).
Esta figura mostra o início da ascensão da chaminé
kimberlítica, a partir do Manto Superior, transportando os
cristais de diamante no seu interior
Concluída a sua ascensão, a chaminé kimberlítica atinge
a superfície do terreno. Observe que o kimberlito estéril
(barren kimberlite) se encontra na zona de equilíbrio da
grafite, não podendo, portanto, conter diamante.
Processos tardiomagmáticos e jazigos associados
Durante a cristalização de um magma produz-se a
incorporação de determinados elementos químicos aos
minerais que o compõem, mas não de todos.
Há elementos que, pelo seu tamanho iónico ou
incompatibilidade geoquímica com outros, ou porque
tendem a formar minerais de baixo ponto de fusão, ficam
fora do sólido que se forma por cristalização magmática.
Estes elementos evoluem de formas diversas para dar
uma certa variedade de rochas e jazigos, entre os quais se
encontram fundamentalmente os pegmatitos, as rochas e
jazigos pneumatolíticos e os jazigos hidrotermais.
A sua cristalização pode-se produzir de duas formas:
1º - substituindo em maior ou menor grau a componentes
de determinadas rochas;
2º - ou preenchendo com fluidos zonas de fracturas ou
ainda, formando disseminações.

O primeiro caso corresponde aos processos de


substituição metassomática, enquanto que o segundo dá
origem aos denominados filões hidrotermais.
Jazigos pegmatíticos e Rochas associadas
Os pegmatitos são o resultado da cristalização final de
magmas num ambiente rico em voláteis, que:
1 - favorece a migração iónica
2 - e permite a formação de cristais de grande tamanho,
que às vezes podem chegar a alcançar vários metros
cúbicos.
Apresentam uma grande variedade composicional, que está em
função do tipo de rocha (normalmente plutónica) com a que estão
relacionadas geneticamente.
Os Pegmatitos mais frequentes são de composição granítica,
associados a granitos e granitos alcalinos e estão constituídos
maioritariamente por quartzo, feldspato potássico (microclina ou
ortoclase), plagioclase sódica (albite) e mica branca (moscovite).
Aos pegmatitos estão associados outros minerais industriais,
que podem ser mais ou menos abundantes: turmalina, apatite,
fluorite, lepidolite, berilo, topázio, coríndon, monazite, cassiterite,
uraninite, torbernite, assim até 300 espécies mineralógicas
descritas num solo maciço pegmatítico.
Estes minerais podem ter interesse económico, devida a suas
possíveis altos conteúdos em minerais tipo gema (esmeraldas
aguamarinhas, topázios, rubis, etc.) e minerais com teores em
elementos raros (Li, U, Th, Terras Raras) e ainda outros (Sn,
W, F).
Também os minerais comuns destas rochas podem ter interesse
económico, já que tanto os seus grandes cristais de quartzo
podem ser utilizados para o talhamento de lentes, como ainda os
feldspatos que podem ser utilizados para a produção de cerâmica
e os de mica para isolamento eléctrico.
Ocorrência e morfología dos pegmatitos
Os pegmatitos podem aparecer na zona periférica de
maciços de rochas plutónicas, constituindo diques, sills
ou filões camadas e massas irregulares, de dimensões
muito variáveis: até mais de 1 km de comprimento.
Podem mostrar zonalidades composicionais, com núcleo
de quartzo maciço e zonas periféricas feldespáticas e
moscovites.

Do ponto de vista textural são rochas granudas de grão


muito grosseiro: reconhecem se cristais de moscovite
com dimensões até 10 m de comprimento nestas rochas e
de feldspato potássico de vários metros cúbicos.
Rochas e jazigos pneumatolíticos - metassomáticos

As rochas (ou jazigos pneumatolíticos), são intermédias entre as rochas


pegmatíticas e as rochas hidrotermais. São rochas de substituição
metassomática, isto é, produto de substituição a alta temperatura de uma
rocha por outra, por dissolução parcial da original e depósito a partir dos
fluidos mineralizantes. As temperaturas características de formação
situam-se entre 600 e 400 ºC.
A sua composição é muito variável, em função da dos fluidos e da rocha
que substituem, com a qual pode produzir-se mistura química. As rochas
pneumatolíticas metassomáticas mais conhecidas e interessantes , em
termos mineiro são as denominadas Escarnitos (skarns), produzidas pela
interacção entre fluidos derivados de granitos, e, principalmente, rochas
carbonatadas (calcários ou dolomites). Forma-se assim umas rochas de
mineralogia especial, ricas em silicatos cálcicos (epidote, anfíbolas e
piroxenas cálcicas, granadas cálcicas) e que podem conter concentrações
de minerais metálicos de interesse económico tais como: scheelite,
cassiterite, fluorite, calcopirite, blenda, galena, magnetite, hematite, etc.
Geralmente constituem massas irregulares na zona de contacto entre
as rochas intrusivas e as encaixantes. A sua morfologia é irregular,
embora se encontre condicionada pela zona de contacto entre ambas
rochas (ver figura).
A sua textura é característica de sistemas de substituição
metassomática, onde aparecem substituições pseudomórficas,
disseminações irregulares, estruturas de preenchimento fracturais
ou fissurais, etc.
Outro tipo de jazigo pneumatolítico de interesse mineiro é o
denominado Greissen. Estes jazigos correspondem a zonas de
alteração relacionadas com granitos e que geralmente afectam as
zonas periféricas ou cumeadas do próprio granito. Nestas zonas
produz-se uma destruição de feldspato potássico, com formação de
mica branca microcristalina (illite) e com entrada de abundante
sílica que se deposita na rocha em forma coloidal (calcedónia), no
que se denomina processo de silicificação. A cassiterite e a
wolframite podem ser os principais minérios metálicos associados a
estes jazigos. Às vezes os greissen se associam a jazigos
tipicamente filonianos: casos de Panasqueira (Portugal) e Piaotan
(China).
Esquema geológico do jazigo de tipo Esquema geológico do jazigo de
greissen de Panasqueira (Portugal) Piaotan (China), em zonas de
cúpula granítica e com complexos
filonianos associados.
Jazigos Hidrotermais
Os jazigos hidrotermais, vulgarmente também conhecidos
como filonianos (vein deposits), classificam-se segundo a
sua temperatura de formação (que pode estar entre os 400
e os 100 ºC) e em função da maior ou menor proximidade
à rocha ígnea da qual derivam.
Não é uma classificação rigorosa, já que nem sempre é
possível determinar com exactidão a temperatura a que se
formam, nem a distância à rocha da qual derivam, que
pode não reconhecer-se, ou pode ser difícil de estabelecer
com precisão entre várias próximas. Uma classificação
mais conveniente basear-se ia na sua mineralogia, mas
esta pode ser tão variada que invalida qualquer intento de
classificação sistemática neste sentido.
As mineralizações hidrotermais estão constituídas
fundamentalmente por quartzo e/ou carbonatos diversos,
entre os quais, cabe destacar: calcite, dolomite, e siderite,
minerais que podem constituir a ganga ou parte não
explorável nos jazigos de interesse mineiro.

Entre os minerais de interesse mineiro ou minérios que


podem estar presentes neste tipo de rochas ou jazigos,
podemos citar a barite, fluorite, e minerais sulfuretos
como pirite, calcopirite, blenda, galena, cobres cinzentos
(tetraedrite e tenantite), argentite, pratas roxas
(proustite-pirargirite), cinábrio e um largo etc, etc., de
minerais, entre os quais se encontram também a prata e o
ouro nativos.
MORFOLOGIA DOS JAZIGOS
Os jazigos filonianos constituem o recheio ou preenchimento das
fracturas abertas nas rochas que podem apresentar disposições
planares de dimensões muito variáveis (filões no sentido estrito).
Outras morfologias incluem o entrecruzado de veios (stockwork) e
as disseminações de mineral, características ambas dos jazigos de
tipo pórfiro cuprífero.
Também são relativamente frequentes os corpos irregulares, que
podem formar-se tanto por fenómenos de substituição de iões
químicos como por preenchimento de cavidades.
As texturas são características da cristalização nos espaços abertos:
geodes, drusas, crescimentos paralelos, concentrações nodulares,
etc.
TIPOS DE JAZIGOS HIDROTERMAIS

Dentre os distintos tipos de jazigos hidrotermais, destacaremos


dois tipos pela sua importância económica:
os jazigos de pórfiros cupríferos (+/- Mo);
 e os jazigos epitermais de metais preciosos (Au, Ag).
Têm também sua importância , embora menor na actualidade,
as mineralizações filonianas de metais de base (Pb-Zn-Cu) e
de Sn-W.
Ainda chegam a alcançar considerável interesse mineiro
algumas mineralizações de Ferro de carácter hidrotermal
associadas a intrusões, como podem ser as de Kiruna (Suécia)
ou as existentes na denominada "Franja Ferrífera de Chile".
Pórfiros cupríferos
Os pórfiros cupríferos são jazigos de grande tonelagem (10 6 – 109
ton) e baixas leis (teores) de cobre (0.2 – 2 % Cu). Além de cobre
estes jazigos podem apresentar quantidades variáveis de molibdénio
e/ou metais preciosos (Au + Ag), susceptíveis de ser recuperados
economicamente.
Associam-se a rochas intrusivas geralmente félsicas de composição
granodiorítica, embora os pórfiros do Pacífico oriental
(desenvolvidos em arcos de ilhas) podem associar-se a fácies
intermédias (intrusivos dioríticos).
Apresentam um modelo zonal de alteração hidrotermal com um
núcleo de alteração potássica (feldspato K, biotite), que grada até
fora, a uma alteração fílica (= quartzo sericítica).
Na sua zona periférica encontramos fácies argílicas
(intermédia ou avançada) e propilítica (com clorite,
epidote, calcite).

A consequência de alteração é a seguinte:

1) Formação das zonas de alteração potássica e


propilítica;
2) Desenvolvimento da alteração fílica (até fora e
acima);
3) Formação de fácies de alteração argílica na parte
superior do sistema:
Esta última pode ser avançada, implicando a presença de
minerais tais como caulinite e alunite.
Reconhece-se uma sobreposição temporal e espacial
nesta sequência. De 1 a 3 a participação de águas
meteóricas no sistema hidrotermal é cada vez mais
importante.
De facto, a parte superior do sistema hidrotermal entra
completamente no campo epitermal (alteração argílica
avançada) e na mesma podem formar-se mineralizações
auríferas, num ambiente mais superficial (desde uns 2
km de profundidade até à superfície).
Existem grandes províncias metalogénicas de pórfiros cupríferos, entre as
que ressaltam as da cadeia Andina (Chile – Perú principalmente, destacando o
jazigo de Chuquicamata) e a do SO dos Estados Unidos.
Dado que os pórfiros são de substituição superficial (epizona), é raro
encontrar jazigos mais antigos que Mesozóicos e, de facto a maioria destes
jazigos são de idade Cenozóica. A razão é simples e reside na efectividade dos
processos erosivos, que haviam desmantelado os de maior antiguidade.
Mineralizações epitermais de metais preciosos
O ambiente superior de um sistema hidrotermal pode dar
origem a mineralização epitermal de metais preciosos, isto é,
assumindo que as fácies plutónicas do sistema pórfiro
cuprífero constituem as raízes magmáticas superficiais
(epizona) de um sistema vulcânico na superfície.

Os jazigos epitermais de metais preciosos formam-se, como


seu nome indica, num troço de baixas temperaturas (300 – 50
ºC) em associação com as manifestações vulcânicas tipo
central, caldeiras, ou campos geotérmicos. São jazigos de
baixa lei (baixo teor), normalmente de algumas dezenas de
g/ton de Au; embora isto possa ser extremamente variável.
Classificam-se em dois tipos:
Classificam-se em dois tipos:
1º) Sulfato ácido;
2º) Sericite-adulária
O primeiro tipo encontra-se relacionado com os clássicos
fenómenos vulcânicos tipo aparelho central ou caldeiras,
sistemas ricos em enxofre (geradores de grandes
quantidades de ácido sulfúrico) que dão origem a fácies de
alteração tipo argílica avançada. Outras fácies que se
reconhecem neles incluem a silicificação e a
propilitização.

O segundo tipo de sericite-adulária se encontra mais bem


relacionado com manifestações tipo campo geotérmico,
e as fácies de alteração presentes são principalmente de
tipo potássico (adulária) e clorítica.
Um terceiro tipo se assim podemos denominá-lo
corresponde ao dos denominados jazigos epitermais
tipo " Carlin", que tomam este nome da faixa do
mesmo nome no Estado de Nevada (E.U.A.). Associam-
se principalmente a fácies carbonatadas, em sistemas
estruturalmente extensionais. Assim, como os jazigos
tipo sulfato ácido são facilmente detectáveis pelas
importantes anomalias de cor que geram ( roxos,
amarelos verdes), os Carlin são praticamente
"invisíveis".
Só os restantes gerados pela silicificação dos calcários
(jasperóides) constituem uma amostra mais ou menos
visível destes tipos de jazigos.
A figura ilustra um exemplo espanhol em que se vê as
mineralizações de ouro relacionadas com o vulcanismo de Cabo de
Gata (Almeria)
Outras manifestações tardiomagmáticas
Até aqui fez-se descrição dos principais tipos de rochas e
jazigos originados por consequência da actividade
tardiomagmática.

Além disso, outros dois fenómenos que podem ter esta


mesma origem são:

 as alterações de origem endógena


 e as manifestações de actividades tardiomagmáticas mais
ou menos
recentes.
No primeiro caso (alterações endógenas) pertencem toda uma
gama de processos ou fenómenos que afectam à composição
mineralógica (e às vezes também o quimismo) das rochas: trata-
se de processos de tipologia metassomática, mas de menor
temperatura que os de tipo pneumatolítico, que às vezes
guardam relação genética com os processos hidrotermais
típicos.
Alguns destes processos são os de silicificação (introdução e/ou
neoformação de sílica a partir dos minerais preexistentes numa
rocha), argilitização (formação de minerais de argila),
cloritização, alunitização e adularização.
Podem ser consequência da interacção de soluções de tipo
hidrotermal com rochas de composição adequada, que reagem
com estes fluidos dando origem as associações minerais
características de cada caso. Uma breve descrição dos distintos
tipos seria a seguinte:
Alteração potássica: caracterizada pela presença de feldspato
potássico e/ou biotite secundária (o anidrite também pode
estar presente). Em termos fisico-químicos esta alteração de
desenvolve na presença de soluções quase neutras e a altas
temperaturas (400º - 600º C).
Propilítica: caracterizada pela presença de clorite, epidote,
calcite e plagioclase albitizada. Gerada por soluções quase
neutras num intervalo variável de temperaturas.
Alteração fílica também denominada quartzo-sericítica ou
simplesmente sericítica: caracterizada pelo desenvolvimento
de sericite e quartzo secundário. É o resultado de uma
hidrólise moderada a forte dos feldspatos, num intervalo de
temperatura de 300 – 400º C.
Alteração argílica, também denominada argílica intermédia:
caracterizada pela presença de caulinite e/ou montmorilonite.
Argílica avançada: caracterizada pela destruição total de
feldspatos em condições de uma hidrólise muito forte, dando
lugar à formação de caulinite e/ou alunite.
Sulicificação: caracterizada pela destruição total da
mineralogía original. A rocha fica convertida numa massa
silícea. Representa o maior grau de hidrólise possível. Os
preenchimentos hidrotermais de espaços abertos por quartzo não
são uma silicificação.

Este enlace mostra-nos algumas das reacções tipicamente


relacionadas com estes processos.
Reacções fluido – rocha silicatada mais vulgares nos processos de alteração
relacionados com actividade hidrotermal

Formação de feldespato potássico secundário:


plagioclase + K+ -> feldespato potássico + (Na+, Ca2+)
Formação de biotite secundária:
hornblenda + (H+, Mg2+, K+) -> biotite + (Na+, Ca2+)
Sericitização do feldespato potássico:
3 KAlSi3O8 + 2H+ -> KAl3Si3O10(OH)2 + 6 SiO2 + 2 K+

Caulinização da sericite:
4 KAl3Si3O10(OH)2 + 6 H2O + 4 H+ -> 3 Al4Si4O10(OH)8 + 4 K+

Alunitização da caulinite:
3 Al4Si4O10(OH)8 + 2K+ + 6H+ + (SO4)2- -> 2 KAl3(SO4)2(OH)6 + 6 SiO2 + 3 H2O

Cloritização da biotite:
biotita + H+ -> clorita + cuarzo + K+
Epidotização e albitização da plagioclase:
plagioclase + quartzo + H2O + Na+ -> epidoto + albite + H+
As manifestações de actividade tardiomagmática podem
ser emissões de águas ou de gases a temperaturas e/ou
com composições anómalas. Por sua vez, podem ser de
dois tipos, em função da sua possibilidade de ser
aproveitadas: emissões directas na superfície e
manifestações subterrâneas (energia térmica).

As manifestações superficiais podem ser muito variadas


desde as mais conhecidas e espectaculares, como os
géiseres ou as emanações de gases em volta de edifícios
vulcânicos recentes (fumarolas, sulfatares).
As manifestações subterrâneas correspondem à
denominada energia geotérmica, contida nos aquíferos
localizados a profundidades inferiores a uns 2 500 – 3
000 metros com águas a temperaturas por cima dos 150º
C, que podem ser explorados comercialmente para a
obtenção de energia eléctrica.
A elevada temperatura a qual se encontra esta água está
em relação com a presença de um foco de calor activo,
relacionado normalmente com esta actividade
tardiomagmática.

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