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SEDIMENTOS FLUVIAIS

LEQUES ALUVIAIS E LEQUES DELTAICOS

Leques aluviais – São pilhas de sedimentos em forma de cones, que se forma


nos sopés das área elevadas onde os rios confinados em vales estreitos
emergem para as áreas adjacentes de baixo relevo. A junção dum complexo de
leques aluviais pode formar a chamada zona de piedmont.

Leques Deltaicos – São aqueles que se formam nos lagos a mares.


As áreas proximais dos leques aluviais e as partes subaérias dos leques
deltáicos são praticamente os mesmos, mas os sedimentos subaquáticos dos
leques deltáicos diferem fortemente dos leques aluviais.

Leques aluviais
Existem diferenças entre os leques aluviais nos climas áridos e nos climas
húmidos. Leques aluviais das regiões áridas e semi-áridas têm sido
frequentemente descritos enquanto os das regiões húmidas são raramente
estudados.
A sedimentação nos leques aluviais começa quando as correntes perdem a sua
capacidade de transporte de sedimentos. Basicamente os leques aluviais são
compostos por dois tipos de sedimentos:
Sedimentos de canal
Estes sedimentos são depositados tanto pelo fluxo de água em regime efemeral
ou perenial em sistemas de canais, como pelas enxurradas. Algumas vezes,
calhaus são concentrados localmente formando (sieve deposits) – depósitos de
empeneiramento – com calhaus grosseiros, matações, desprovidos de matriz
fino. Por vezes extensos fluxos de entulhos (debris flow) com matriz de areia
argilosa atingem a parte proximal e média do leque aluvial e cobre os
sedimentos pré-existentes. Tais “debris flow” terminam em forma de lobo e
concentram normalmente grandes blocos e matacões na margem exterior
formando levees. Novo fluxo de massa pode cortar o levee, retrabalhar e
redistribuir os sedimentos em grandes proporções.
As direcções de corrente mostram um padrão readial da cabeça do leque (área
proximal) para baixo (área distal).

A sequência vertical pode ser irregular sem mostrar tendência particular porque
é controlado por vários factores:

Controle tectónico: Processos extra-bacia controlam tendências de longo termo.


Tais processos incluem reactivação ou aumento do relevo no interland.

Controle climático: afecta a meteorização e erosão na área da drenagem.


As sequências “coarsening upward” – aumento da granulometria para cima –
podem reflectir crescimento do depósito durante o falhamento, i.e. levantamento
da área fonte ou subsidência da área do leque aluvial. Assim o leque aluvial
progride em direcção as zonas baixas.

Sequências de “fining upward” – diminuição da granulometria para cima –são


geradas se uma curta fase de falhamento é seguida de recuo da escarpa e
abaixamento do relevo das áreas elevadas.

Em ambientes pro-glaciais o mesmo fenómeno pode ser gerado de diferentes


maneiras: Períodos de avanço do glaciar conduzem a sucessões de coarsening
upward enquanto fining upward resultam do recuo do glaciar.
A dinâmica da sedimentação nos leques aluvias tem características específicas
(Tabela 5) em função do clima.

CLIMA CARACTERÍSTICAS DOS LEQUES ALUVIAIS

Clima árido e - Tamanho varia de poucos Km a 50 km


semi-árido - Gradiente dos canais – 1 – 3º nas áreas proximais e
0.1 – 0.5º na base
- Tamanho dos grãos diminue para baixo

Clima húmido - Gradiente mais baixo


- Fluxo associado à variações sasonais
- A zona intermédia e baixa são geralmente vegetadas
e poucos susceptíveis à erosão
- São cortados por poucos canais
- processos sedimentares são pouco conhecidos nas
regiões húmidas e tropicais.

Tabela 5 – Características dos leques aluviais em função do clima


Leques Deltaicos
A progressão dos leques aluviais para um corpo de água – lago ou mar – forma
leques deltaicos. Logo que os rios, carregados de grandes quantidades de
sedimentos atingem um corpo de água, despejam o seu material. A intensidade
de retrabalhamento, selecção e redeposição dos sedimentos ao longo da costa
dependem da energia das ondas e em ambientes marinhos, tambem da
ampl;itude das marés.

Processos que afectam os leques deltaicos


A associação de fácies no caso dum leque deltaico que entra num graben
tectónico activo (lago) compreende sucessão de topset, foreset e bottom set
(Fig. 2.13). Ocorre tambem processo de mudança de desembocadura do rio,
que muitas vezes complica o padrão de facies devido ao deslocamento do local
onde o material grosseiro é depositado. Assim, em conjução com a contínua
subsidência, formam-se várias sequências de coarsening upward uma em cima
da outra.
Depósitos de fluxo de massas e a presença de turbiditos siltosos e argilosos
reflecte a progressão da frente deltaica para regiões mais distais.
Quando o processo da deposição do material grosseiro ocorre durante um
período relativamente longo de calmaria, os corpos deltaicos podem formar
foresets longos acompanhando o declive. O resutado deste processo á a
formação de e lobos deltaicos bem desenvolvidos conhecidos como deltas do
tipo Gilbert.

Fluctuações do nível da água nos lagos ou mares afecta tanto faceis sub-aérias
como as facies sub-aquáticas dos leques deltaicos. Eles são reflectidos por
terraços fluviais e depósitos grosseiros da desembocadura do rio em diversas
cotas. A descida do nível da água no lago ou no mar, causam exposição dos
depósitos deltaicos e subsenquente incisão de canais fluviais no topo dos
corpos deltaicos. Estes canais são normalmente preenchidos por sedimentos
fluviais (Fig. 2.14).

As fluctuações do nível da água causam mudanças nas características verticais


e laterais de facies nos depósitos lacustrinos e de mar pouco profundo.
RIOS E AMBIENTE FLUVIAL
Introdução
O termo “fluvial” “ é usado para processos relacionados com rios. Os rios são
as principais artérias que transportam detritos clásticos. Com excepção do
material transportado pelos glaciares, vento ou erosão costeira, todos os
depósitos clásticos terrígenos dos oceanos são fornecidos pelos rios. Para além
de conduzirem sedimentos para os oceanos e lagos, os rios em si constituem
um sistema deposicional. Os sedimentos podem acumular-se no leito do rio
(depósitos de canal – channel depósits ) e nas áreas adjacentes, quando o rio
fica inundado (depósitos da planície de inundação – overbank or floodplain
deposits).

A granulometria dos sedimentos fluviais e as estruturas sedimentares no rio


estão em função de:

• Taxa de abastecimento de sedimentos


• Gradiente do rio
• Caudal total e as variações sasonais do fluxo
Os depósitos do overbank – flood plain (planície de inundação) são constituidos
principalmente por sedimentos finos, transportados pelas águas das
inundações para fora do canal principal. A vegetação e a actividade dos dos
animais na planície aluvial contribuem para a formação de solos que podem ser
reconhecidos no registo estratigrafico como paleosolos.

Os rios são possivelmente os ambientes deposicionais melhor conhecidos


porque é relativamente fácil estudar processos dos rios modernos
quantitativamente e relacionar as suas características com os seus
correspondentes antigos em afloramentos.

Tipos de rios – segundo Cant 1982

• Rectilínios (raros na natureza)


• Braided
• Anastomosados
• Meandrantes

Se definirmos sinuosidade como a razão entre o comprimento do canal e o


comporimento do vale, então os rios do tipo braided são de baixa sinusidade
(1.1 – 1.2), enquanto os canais meadrantes atingem valores acima de 1.5.
De acordo com a carga sedimentar que os rios transportam, podemos dividir os
sistemas fluviais da seguinte maneira:

Sistema Fluvial Tipo de carga sedimentar


Leques aluviais e leque deltaicos Sedimentos de fundo do canal

Braided (rios interlaçados) Sedimentos de fundo do canal

Meanrantes Mistura de sedimentos de fundo e em


suspensão

Anastomosados Principalmente sedimentos em suspensão


Rio interlaçados Tipo Braided

Os rios do tio Braided são normalmente constituidos por vários canais


individuais, separados por barras arenosas ou ilhas formando um leito pouco
profundo de rio. Os rios Braided desenvolvem-se próximo das áreas de alto
relevo que fornecem uma relativamente grande quantidade de debris de cascalho
e areia no sistema fluvial.

Um exemplo moderno deste tipo de rio é o rio Brahamaputra em Bangladesh que


drena áreas elevadas do Himalaias. A sedimentação recente deste rio produz um
corpo arenoso tabular com largura aproximada de 20 Km e 40 m de espessura. A
razão largura/profundidade varia de 50:1 a 500:1. Os canais de tamanho médio
podem deslocar-se a uma taxa de 1Km/ano.

O maior processo deposicional e a acreção lateral que acreção à jusante e a


montante.

Os rios glacio-fluviais do outwash tambem pertencem a este tipo de categoria


multi-canais.

Tanto o gradiente do rio como o caudal são relativamente altos e em


consequência os depósitos de canal e os da berma são os predominante
enquanto os da planície de enundação são subordinantes.
À jusante a granulometria tende a diminuir. A parte proximal dos rios braided é
caracterizada pela preasença de barras longitudinais de cascalho (Fig. 2.15 a –
f). As barras desenvolvem-se devido à passagem em seu redor do fluxo de
canais. Assim as barras movem-se não só no sentido da jusante mas tambem
lateralmente. Os interstícios dos cascalhos são preenchidos por areia durante
períodos de baixo fluxo de água.

A sequência vertical típica nas áreas proximais é dominada por unidades


múltiplas de cascalho originado pelas barras dos canais e muitas barras são
gradadas. Lentes finas de areia intercalam-se aos corpos de cascalho
representando deposição em canais abandonados.

Nas áreas distais, as camadas de cascalho gradam para camadas parcialmente


com cascalho fino e areias. As partes mais à jusante são dominadas por areia
enquanto as àreas mais elevadas são dominadas por areia grosseira
conglomerática. Nas áreas raramente inundadas, o silto e a argila podem
acumular-se e preservar-se.

Devido à acreção lateral e a migração à jusante das barras arenosas, as


estruturas cruzadas planares são as mais comuns. Tanto a acreção lateral como
o abandono repentino do canal são responsáveis pelo “fining-upward –
diminuição da granulometria em direcção ao topo”.

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