Você está na página 1de 4

Universidade Federal de Pernambuco

CCEN - Departamento de Fı́sica


Terceiro Exercı́cio Escolar - Fı́sica Geral I (2007/1)
Data: 03/08/2007

Nome: Turma: CPF:


Justificar TODAS as respostas; NÃO é permitido o uso de calculadoras
Dados: ICM (disco, ao longo do eixo ẑ)= 12 M R2

Questão 1: Na figura 1, um bloco de massa m está conectado por um fio a um outro bloco de massa
m0 . O fio tem massa desprezı́vel e passa, sem deslizar, pela borda de uma polia. A polia consiste de um
cilindro maciço de raio R e massa M . O atrito do bloco de massa m com o plano e da polia com seu
eixo podem ser desprezados. Forneça as respostas em termos dos dados do enunciado e da aceleração da
gravidade, g.
a) (1,0) Partindo do repouso, qual é a velocidade angular ω adquirida pela polia após o bloco de massa
m0 cair de uma altura h?
b) (1,5) Qual é a aceleração da massa m?
c) (1,0) Quais são os valores das tensões nas cordas que puxam os blocos de massas m e m0 , respecti-
vamente?

m M
R

m'

Figura 1:

Questão 2: Uma barata, de massa m, encontra-se sobre a borda de um disco uniforme, de massa 4m,
que pode girar livremente em torno do seu centro, como um carrossel. Inicialmente, a barata e o disco
giram juntos, com uma velocidade angular de 0, 240 rad/s. A barata caminha, então, até a metade da
distância ao centro do disco, parando neste ponto.
a) (1,5) Qual é, então, a velocidade angular do sistema barata-disco?
b) (1,0) Qual é a razão K/K0 entre a nova energia cinética do sistema e a sua energia cinética inicial?
c) (0,5) O que é responsável pela variação na energia cinética do sistema?
Questão 3: A expressão − →
r (t) = 4, 0t2 ı̂ − (6, 0t2 + 2, 0t3 ) ̂ dá posição de uma partı́cula, de massa
igual a 2, 0 kg, em relação a um sistema de coordenadas xyz (− → r em metros e t em segundos).
a) (1,5) Em notação de vetores unitários e partindo da definição do torque − →τ resultante, determine


a expressão para o τ (t) atuando sobre a partı́cula, em relação à origem, e quantifique esta grandeza no
tempo t = 1, 0 s.


b) (1,0) Em notação de vetores unitários e partindo da definição do momento angular L , determine a


expressão para o L (t) da partı́cula, em relação à origem, e quantifique esta grandeza no tempo t = 1, 0 s.
c) (1,0) Use a segunda lei de Newton, em sua forma angular, para demonstrar que os resultados obtidos
nos itens anteriores são coerentes entre si, para um tempo arbitrário t. Há possibilidade de o torque total
atuando sobre a partı́cula ser nulo (caso positivo, determine em que instante de tempo)?
GABARITO DO TERCEIRO EXERCÍCIO ESCOLAR - FÍSICA GERAL I
2007/1

Solução da Questão 1

a) Após cair de uma altura h, a perda de energia potencial do bloco de massa m0 é

∆U = m0 gh .

Esta perda de energia potencial é igual ao ganho de energia cinética do sistema todo

mv 2 m0 v 2 Iω 2
∆K = + + ,
2 2 2
onde v é a velocidade dos blocos. Como o fio não desliza, temos v = Rω e portanto
µ ¶
mR2 m0 R2 I
∆K = + + ω2 .
2 2 2

Da forma da polia, temos ainda que I = M R2 /2. Finalmente, por conservação de energia, segue que

∆U = ∆K
µ ¶
0 mR2 m0 R2 M R2
m gh = + + ω2
2 2 4
s
m0 gh
ω = mR2 m0 R2 M R2 .
2
+ 2 + 4

b) Aplicando a segunda lei de Newton para o movimento de translação dos blocos, temos

P 0 − T 0 = m0 a (1)
T = ma (2)

onde P 0 e T 0 são a força peso e a tensão da corda atuando no bloco de massa m0 , e T é a tensão
atuando no outro bloco.
Aplicando a segunda lei de Newton para o movimento de rotação da polia, temos

τres = Iα ,

onde o torque resultante τres é dado por

τres = T R − T 0 R .

Como α = −a/R, segue que


Ia Ma
T − T0 = − 2
=− . (3)
R 2
Somando as equações (1), (2) e (3), ficamos então com
µ ¶
0 0 M
P = m+m + a
2
µ ¶
0 M
0
mg = m+m + a
2
m0 g
a= M
.
m0 + m + 2

c) A tensão na corda que puxa m é


T = ma
mm0 g
T = M
.
m0 + m + 2

A tensão na corda que puxa a massa m0 é dada por

m0 g − T 0 = m0 a
¡
¢
m + M2 m0 g
T = 0 .
m + m + M2

Solução da Questão 2
a) Sejam R o raio do disco e M a sua massa. O momento de inércia inicial do sistema é então

M R2
Ii = + mR2 = 2mR2 + mR2 = 3mR2 .
2
Já seu momento de inércia ao final do movimento da barata é
M R2 mR2 9
If = + = mR2 .
2 4 4
Segue que sua velocidade angular final pode ser obtida por

Li = Lf

Ii ωi = If ωf
9
3mR2 ωi = mR2 ωf
4
4
ωf = ωi
3
ωf = 0, 320 rad/s .
b)
19
¡ ¢2
K 24
mR2 43 ωi
= 1
K0 2
3mR2 ωi2
K 4
= .
K0 3
c) ∆K é devida ao trabalho realizado pela barata, às custas de sua energia interna (energia gasta
para movimentar seus músculos).
Solução da Questão 3
a) A trajetória da partícula é dada pela variação no tempo de seu vetor posição ~r(t) = [4t2 ı̂ −
(6t2 + 2t3 )̂], com ~r dado em metros e t em segundos. Segue que

~τ (t) = ~r(t) × F~ (t) = m ~r(t) × ~a(t) . (4)

Já a velocidade da partícula é

~r(t)
~v (t) = = [8tı̂ − (12t + 6t2 )̂] m/s (5)
dt
e sua aceleração
~v (t)
~a(t) = = [8ı̂ − 12(1 + t)̂] m/s2 . (6)
dt
Substituindo (6) em (4), temos então

~τ (t) = m ~r(t) × [8ı̂ − 12(1 + t)̂]


= 8 [4t2 ı̂ − (6t2 + 2t3 )̂] × [2ı̂ − 3(1 + t)̂] N·m
= 8 [−12(t2 + t3 )ı̂ × ̂ − (12t2 + 4t3 )̂ × ı̂] N·m
= −64t3 k̂ N·m

e ~τ (t = 1s) = −64k̂ N·m .


b)
~
L(t) = ~r(t) × p~(t) = m ~r(t) × ~v (t)
Substituindo as expressões para ~r(t) e ~v (t), temos

~
L(t) = 2 [4t2 ı̂ − (6t2 + 2t3 )̂] × [8tı̂ − (12t + 6t2 )̂] kg·m2 /s
= −16t4 k̂ kg·m2 /s

e ~ = 1s) = −16k̂ kg·m2 /s .


L(t

c) A segunda lei de Newton, em sua forma rotacional, escreve-se

~
dL(t) d
~τ (t) = = [−16t4 k̂] kg·m2 /s
dt dt
4
= −64t k̂ N·m

que recupera o resultado do item a). Como é fácil verificar, o torque total atuando sobre o sistema
é nulo em t = 0, 0 s.

Você também pode gostar