Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O lugar da semiótica dentro das ciências da comunicação depende do que se entende por
comunicação. A comunicação é hoje um vastíssimo campo de investigação, das
engenharias à sociologia e psicologia, pelo que as perspectivas em que se estuda podem
variar significativamente. É certo que toda a comunicação se faz através de sinais e que
esse facto constitui o bastante para estudar os sinais, sobre o que são, que tipos de sinais
existem, como funcionam, que assinalam, com que significado, como significam, de
que modo são utilizados. Contudo, o estudo dos sinais tanto pode ocupar um lugar
central como um lugar periférico no estudo da comunicação. Tal como na arquitectura
em que o estudo dos materiais, embora indispensável, não faz propriamente parte da
arquitectura, assim também em determinadas abordagens da comunicação o estudo dos
sinais não faz parte dos estudos de comunicação em sentido restrito. Daqui que seja
fundamental considerar, ainda que brevemente, os principais sentidos de comunicação.
Não obstante as questões semióticas que se levantam aos níveis semântico e de eficácia
no modelo de Shannon e Weaver, elas não são de primordial importância. É que as
mensagens e os seus significados estão à partida determinados e a tarefa da
comunicação é transmitir essas mensagens, levá-las de A para B. As questões não se
colocam sobre a formação das mensagens, da sua estrutura interna, da sua adequação ao
que significam, da sua relevância, mas sim sobre a sua transmissão, partindo-se do
pressuposto de que as mensagens estão já determinadas no seu significado. Qualquer
conotação que a mensagem possa ter será sempre entendida como ruído.
Notas:
1- Sigo a distinção e a caracterização das duas correntes que John Fiske desenvolve em
Introduction to Communication Studies, London: Methuen, 1982.
2- "So these models will differ from the ones just discussed, in that they are not linear,
they do not contain arrows indicating the flow of the message. They are structural
models, and any arrows indicate relationships between elements in this creation of
meaning. These models do not assume a series of steps or stages through which a
message passes: rather they concentrate on analysing a structured set of relationships
which enable a message to signify something." John Fiske, ibidem, pp. 42-43.