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DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA
(ensaio)
Índice
Epílogo ..................................................................................................................................................3
Introdução ..............................................................................................................................................4
Bibliografia .......................................................................................................................................... 16
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Análise das teorias básicas de transformação social Domingos Elias Bihale
Epílogo
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Análise das teorias básicas de transformação social Domingos Elias Bihale
Introdução
No presente ensaio analisa-se as teorias básicas que explicam as mudanças na estrutura das
sociedades humanas ao longo da história, isto é, a partir das sociedades primitivas até às
sociedades pós-modernas. O objectivo é identificar as teorias e seus pressupostos básicos, para
com base nelas, encontrar a alguma explicação da transformação social, partindo do pressuposto
de que o mesmo fenómeno social (no caso vertente a transformação social) pode ser vista de
diferentes ângulos. O ensaio foi desenvolvido com base em pesquisa bibliográfica.
O ensaio começa com uma abordagem conceptual da transformação Social e de seguida faz-se
uma abordagem sucinta da transformação social ao longo da história. A seguir discute-se as
teorias básicas de transformação social, nomeadamente as teorias cíclicas, a análise dialéctica
ou teoria de conflito, as teorias funcionalistas e evolucionistas e a análise pós – industrial e pós
– moderno. Depois segue uma análise crítica das teorias e finalmente tece-se as considerações
finais.
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Análise das teorias básicas de transformação social Domingos Elias Bihale
Nas teorias sociológicas, as noções de transformação se misturam muitas vezes com as noções
de desenvolvimento, progresso e evolução, merecendo, portanto, um tratamento relacionado
(Bottomore, 1987:63). Na verdade, o desenvolvimento das forças produtivas, isto é, o aumento
do conhecimento e do controle da natureza, afigura-se ser um elemento mais importante na
transformação da sociedade. O desenvolvimento como processo está ligado ao avanço
científico, tecnológico e ao progresso. Dai que haja alguma lógica no tratamento menos
diferenciado destas noções.
Costa (1992), diz que a transformação social é a alteração nas características dos protagonistas1
tais como as ligadas à inovação tecnológicas, ao desenvolvimento de sistemas de ensino e de
segurança social, as mudanças nos mercados económicos e nas instituições políticas, aos
movimentos migratórios ou outros, que conduzem, por sua vez, a mudanças nas ideias, nos
valores, nas acções colectivas, nos estilos de vida e nas práticas quotidianas. Castro (2000:268)
corrobora com o conceito trazido pelo Costa e de forma simples diz que a transformação social
são alterações fundamentais no domínio dos valores fundamentais na sociedade, mediante a
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Pessoas e grupos de pessoas
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Análise das teorias básicas de transformação social Domingos Elias Bihale
presença de forças inovadores. Para Castro. Assim, a prevalência das forças conservadoras
garante a continuação do status quo, enquanto o domínio de forças inovadoras sobre as
conservadoras causam mudanças sociais.
A sociedade humana vem conhecendo muitas transformações ao longo dos séculos e em ritmos
diferentes. Há 40.000 anos a transformação social foi bastante lenta. Com o desenvolvimento da
agricultura entre 12.000 e 18.000 anos atrás o processo foi mais comum do que na era da caça e
recolecção, mas continuou um processo lento. A transformação passou a ser mais constante e
incessante nos últimos 300 anos e tem sido cíclica desde há grande parte da era agrária de há
cerca de 4.000 a 5000 anos. A revolução industrial veio imprimir uma nova dinâmica na
transformação social (Turner, 2000:197).
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Análise das teorias básicas de transformação social Domingos Elias Bihale
Baldridge em 1975 já dizia que a transformação social era mais rápida que na era da revolução
industrial e que muitas vezes as mudanças ocorriam nas famílias. A família já não era uma
unidade essencialmente de produção agrícola e manufacturas. A produção era feita fora de casa
e a família se transformara em unidade de consumo. Mesmo a divisão social do trabalho na
família tendia a mudar, como resultado do avanço tecnológico (Baldridge, 1975:140). Passados
actualmente trinta e quatro anos, a transformação social ocorre a um ritmo vertiginoso.
Actualmente a revolução da informação promete mudar significativamente as futuras gerações
(Turner, 2000). Ainda de acordo com Turner, a Sociologia sempre se preocupou com a
interpretação das transformações sociais desde o seu surgimento como ciência: a
industrialização e seus efeitos na reorganização das sociedades, nas relações sociais e na vida
quotidiana. Actualmente se preocupa com a compreensão das transformações associadas com a
pós – industrialização e a emergente era da informação.
Várias teorias são usadas para compreender as transformações sociais ao longo da História:
teorias cíclicas, análise dialéctica, teorias funcionalistas e evolucionistas, a análise pós –
industrial e pós – moderno.
1. Teorias Cíclicas
As teorias cíclicas foram defendidas por sociólogos impressionados pelos eventos históricos
marcantes: ascensão e queda das grandes civilizações (Romana, Grega, dinastias Chinesas, entre
outras) (Sterwat & Glynn, 1971:290). Nesta vertente destaca-se os trabalhos de Herbert Spenser
(1874-1896) e Vilfredo Pareto (1916) apud, Sterwat & Glynn (1971:290); Bottomore
(1987:268/73); Turner, (2000:204); Henslin (2006:209 -410).
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Análise das teorias básicas de transformação social Domingos Elias Bihale
Karl Marx e seus contemporâneos enfatizaram que as sementes de transformação social são
geradas dentro de formas sociais, mas ao contrário da análise cíclica, os teóricos de conflito
destacam a revolução como principal força motriz para a mudança (Turner, 2000). Os marxistas
argumentam que na sociedade existem dois grupos sociais: classe dominante e classe dominada.
O poder da classe dominante emana da propriedade e controlo dos meios de produção e por
meio deste poder a classe dominante explora e oprime a classe dominada. Como resultado,
existe um conflito de interesses básico entre as duas classes. Esta relação é, mantida com
recurso à ideologias de classe que são conceitos criados pela classe dominante para justiçar e
legitimar a sua dominação e projectar uma imagem distorcida da realidade. Os membros de
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Sociedade militante é aquela em que o poder está concentrado e centralizado.
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Sociedade industrial é aquela em que o poder está descentralizado.
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Análise das teorias básicas de transformação social Domingos Elias Bihale
ambas classes tendem aceitarem o status quo como normal e natural e ficam desatentas à
verdadeira natureza da exploração e opressão. Assim, os conflitos de interesses entre as classes
encobrem-se e produz uma relativa estabilidade, mas as contradições e os conflitos básicos das
sociedades de classes permanecem irresolutas. Portanto, a revolução constitui a única forma de
imprimir mudança de um estrato para outro na sociedade de classes (Halambos & Holborn,
1991: 40).
Os neomarxistas procuram outras fontes estruturais de conflitos sociais, isto é, fonte permanente
que provoca e alimenta os conflitos à estrutura da organização social, ao seu modo de
funcionamento. Para os neomarxistas a distribuição desigual da autoridade 4 pelas pessoas ou
grupos é a principal fonte estrutural de conflitos sociais. Em toda a colectividade humana há
sempre pessoas ou grupos submetidos a uma autoridade. Como resultado, entre as pessoas ou
grupos existem sempre pessoas ou grupos que exercem uma autoridade maior ou menor e
pessoas ou grupos submetidos a essa autoridade – relações de dominação – sujeição. Os
conflitos sociais partem da dicotomia da autoridade: dominação versus sujeição totais.
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A autoridade é a probabilidade de que uma ordem com um conteúdo específico implique a obediência de um dado
grupo de pessoas. A autoridade de difere do poder que é a probabilidade de que um actor implicado numa relação
social consiga aquilo que apesar da resistência encontrada, seja qual for a base em essa probabilidade se funde.
Enquanto o poder depende de características individuais e status, a autoridade depende do papel. Assim, as fontes
estruturais de conflitos devem ser procuradas na autoridade (Rocher, 1989:83).
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Análise das teorias básicas de transformação social Domingos Elias Bihale
A evolução das sociedades passou de diversos estágios distintos: simples sem líder (caça
e recolecção); simples com líder (horticultura); composta (horticultura avançada;
duplamente composta (agricultura); triplamente composta (moderna industrial);
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Análise das teorias básicas de transformação social Domingos Elias Bihale
Ao longo dessa evolução a sociedade conheceu três eixos funcionais: (1) produção -
reprodução ou operacional –posições e unidades envolvidas com a produção económica
e socialização de novos membros da sociedade; (2) Controle e supervisão – posições e
unidades que supervisionam a produção e; (3) regulação – posições que facilitam o
movimento de mercadorias, serviços, informação, etc;
A análise pós – industrial e pós – moderno são perspectivas novas e buscam a interpretação
das mudanças que ocorrem actualmente na chamada “era da informação”.
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Análise das teorias básicas de transformação social Domingos Elias Bihale
Mais do que evidente é que a transformação social ocorre na estrutura social e ela se transforma
de diferentes maneiras, em velocidades distintas e por diversas razões. Porém existem vários
factores que imperam para transformação social.
Bottomore (ibidem: 276/7) diz que a transformação social pode ocorrer em função dos desejos e
decisões conscientes dos indivíduos; actos individuais influenciados pelas mudanças nas
condições políticas económicas; convulsões e tensões intestinais de uma estrutura ou sistema
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Análise das teorias básicas de transformação social Domingos Elias Bihale
Normalmente quem questiona é a classe que não se beneficia do status quo prevalecente, pois,
enquanto a manutenção do status quo interessa às classes dominantes e aos detentores de poder,
as mudanças interessam às classes dominadas e aos que não detém o poder. É uma dialéctica de
factores, cujos graus de profundidade variam consoante o nível de intervenção entre os
diferentes estratos sociais. Assim, as mudanças podem ser periféricas – aquelas que não atingem
os valores nucleares da sociedade como a moda, o estilo de construção, modo de cumprimentar
entre pessoas, etc –, ou as mudanças podem atingir os valores nucleares da sociedade,
manifestando-se nos sistemas sociais (económico, político, jurídico, religioso, de educação,
entre outros) e determinam o surgimento de uma “nova sociedade”. Por exemplo, a
implementação do socialismo numa sociedade de economia de mercado.
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Análise das teorias básicas de transformação social Domingos Elias Bihale
Considerações finais
Transformação social pode ser entendida como alterações ou mudanças na estrutura social
(inclusivamente mudanças no tamanho da sociedade) ou em determinadas instituições sociais
ou nas relações entre as instituições.
A sociedade humana vem conhecendo muitas transformações ao longo dos séculos e em ritmos
diferentes, mas a revolução agrária ocorrida entre 12.000 e 18.000 anos atrás e a revolução
industrial nos séculos XVIII e XIX, marcaram profundamente o processo de transformação
social;
A Sociologia sempre se preocupou com a interpretação das transformações sociais desde o seu
surgimento como ciência e por esta razão várias teorias são usadas para compreender as
transformações sociais ao longo da História, destacando-se as teorias cíclicas, análise dialéctica,
teorias funcionalistas e evolucionistas, a análise pós – industrial e pós – moderno. As teorias
cíclicas defendem que a transformação social é provocada entre grupos pelo poder político,
havendo períodos alternados de governo duro por uma elite vigorosa e recém – triunfante, e de
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“ O conflito é um factor interactivo determinante e poderoso no processo de transformação social, pois representa
uma luta consciente e intermitente pela conquista de status, fruto das sinergias libertadas e canalizadas pela
ideologia e integra um encadeamento de fenómenos que concorrem para a mudança social: ideias, valores,
motivação, ideologia, consciencialização” (Castro, 2000:274).
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Análise das teorias básicas de transformação social Domingos Elias Bihale
governo humanitário e brando por uma elite em declínio; a análise dialéctica vinca o conflito
com principal força motriz de mudança. Para as teorias funcionalistas e evolucionistas, a
evolução das sociedades passou de diversos estágios distintos: simples sem líder (caça e
recolecção); simples com líder (horticultura); composta (horticultura avançada; duplamente
composta (agricultura); triplamente composta (moderna industrial). E a análise pós – industrial
e pós – moderno olham para o avanço das tecnologias de informação e comunicação com a
alavanca da transformação social na actualidade.
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Análise das teorias básicas de transformação social Domingos Elias Bihale
Bibliografia
Baldridge, J. Victor (1975). Sociology: A Critical Approach to Conflict and Change, John
Viley & Sons, Inc, USA.
Bottomore, T.B. (1987). Introdução à Sociologia, 9ª Edição, LTC Editora, Rio de Janeiro.
Castro, Celso Antonio Pinheiro da (2000). Sociologia Geral, Editora Atlas S.A., São Paulo.
Halambos, Michael & Martin Holborn (1991). Sociology Themes and Perspectives, Third
Edition, Collin Educational – An Imprint of Harper Collins Publishers, London.
Rocher, Guy (1989). Sociologia Geral Vol.3 – Mudança Social e Acção Histórica, 4ª Edição,
Editorial Presença, Lisboa.
Sterwart, Elbert W. & James A. Glynn (1971). Introduction to Sociology. MacGrew –Hill,
Inc. New York.
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