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Introdução às Ciências Sociais Pfólio:

Tema 1: Perspetiva da vida quotidiana e do que é a


especificidade do social
-Reflexão sobre o que é a vida quotidiana e as relações sociais
:
A vida cotidiana refere-se às atividades, interações e rotinas que
ocorrem regularmente no dia a dia das pessoas.
Envolve aspetos como trabalho, lazer, família, interações sociais,
consumo, entre outros.
Nas Ciências Sociais, o estudo da vida cotidiana procura
compreender como as pessoas experimentam e dão significado às
suas atividades diárias, bem como as estruturas sociais
subjacentes que influenciam essas experiências.
As relações sociais são fundamentais na vida cotidiana e envolvem
interações entre indivíduos, grupos e instituições.
Essas interações podem ocorrer em diferentes contextos, como o
local de trabalho, a comunidade, a família, os grupos de amigos,
entre outros.
-Definição do conceito de social no âmbito das Ciências
Sociais (a especificidade do social):
O conceito de "social" nas Ciências Sociais refere-se à dimensão
coletiva da vida humana e à interação entre os indivíduos em
sociedade.
É caracterizado pela presença de normas, valores, instituições e
padrões de comportamento que orientam as interações sociais e
organizam a vida em sociedade.
A especificidade do social reside na compreensão de que os
fenômenos sociais são distintos de outras formas de interação,
como as naturais ou individuais.
Nas Ciências Sociais, o social é estudado através de diversas
disciplinas, como Sociologia, Antropologia, Ciência Política,
Economia, entre outras, cada uma trazendo sua perspetiva única
sobre as interações sociais e as suas implicações.
Identificar em que consiste a noção de quotidiano:
A noção de quotidiano refere-se às atividades, experiências e
rotinas que ocorrem regularmente no dia a dia das pessoas.
Consiste nos aspetos correntes e comuns da vida cotidiana,
envolvendo todas as atividades que fazemos de forma habitual,
sem grandes eventos ou perturbações extraordinárias.
O quotidiano abrange uma variedade de áreas da vida, como
trabalho, estudo, lazer, interações familiares, compras,
alimentação, cuidados pessoais, entre outras. Essas atividades
muitas vezes são realizadas de forma repetitiva e previsível,
contribuindo para a estruturação da vida das pessoas.
Além disso, a noção de quotidiano também inclui as interações
sociais que ocorrem nesses contextos, as normas e valores que
orientam o comportamento das pessoas no dia a dia, e as rotinas
que organizam as atividades individuais e coletivas.
O estudo do quotidiano nas Ciências Sociais procura compreender
como as pessoas vivenciam e dão significado às suas atividades
diárias, bem como as estruturas sociais subjacentes que
influenciam essas vivencias. É uma área de investigação
importante para entender a vida em sociedade e as dinâmicas que
moldam as interações humanas.
Equacionar de que forma é que o quotidiano pode ser integrado na
análise social;
O quotidiano desempenha um papel fundamental na análise social,
pois é o contexto no qual as estruturas sociais manifestam-se e as
interações sociais ocorrem. Integrar o quotidiano na análise social
envolve considerar as seguintes abordagens:
Análise das práticas sociais: Estudar as atividades diárias das
pessoas permite compreender como as estruturas sociais se
manifestam a nível individual. Por exemplo, examinar as práticas
de trabalho, lazer, consumo e cuidados pessoais pode revelar
normas, valores e hierarquias presentes na sociedade.

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Exame das rotinas e hábitos: Investigar as rotinas e hábitos das
pessoas proporciona uma interpretação sobre as estruturas
subjacentes que moldam o quotidiano. Por exemplo, as rotinas
familiares podem refletir padrões culturais, enquanto os hábitos de
consumo podem revelar desigualdades econômicas.
Exploração das interações sociais: Analisar as interações sociais
que ocorrem no quotidiano permite entender como as relações
sociais são construídas e mantidas. Por exemplo, examinar as
interações familiares, comunitárias e de trabalho pode revelar
dinâmicas de poder, identidade e pertença.
Contextualização histórica e cultural: Situar o quotidiano em seu
contexto histórico e cultural ajuda a compreender as mudanças ao
longo do tempo e as variações entre diferentes grupos sociais. Por
exemplo, as práticas de quotidiano podem ser influenciadas por
eventos históricos, desenvolvimentos tecnológicos e mudanças nas
normas sociais.
Abordagem multidisciplinar: Integrar diferentes disciplinas, como
sociologia, antropologia, psicologia e geografia, permite uma
compreensão mais abrangente do quotidiano e as suas
implicações sociais. Por exemplo, a geografia humana pode
fornecer perspetivas de como o ambiente influencia as atividades
diárias das pessoas.
Em suma, integrar o quotidiano na análise social envolve
considerar as suas múltiplas dimensões e a sua relação com as
estruturas sociais mais amplas da sociedade. Isso permite uma
compreensão profunda das experiências humanas e das dinâmicas
sociais que moldam as nossas vidas quotidianas.
Identificar o conceito de social e a sua especificidade:
O conceito de social nas Ciências Sociais refere-se ao conjunto
de relações, interações e estruturas que caracterizam a vida em
sociedade, englobando tudo o que está relacionado às interações
entre indivíduos, grupos e instituições dentro de um determinado
contexto social. A especificidade do social reside na sua
natureza dinâmica e construída, ou seja, não é algo estático ou

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dado, mas sim algo que é constantemente adaptado e
transformado pelas ações e interações humanas.
O social também abrange as normas, valores, crenças, instituições
e práticas, orientando o comportamento das pessoas e
organizando a vida em comunidade. O social manifesta-se em
diferentes níveis, desde as interações face a face até as estruturas
sociais mais amplas, como a família, a economia, a política e a
cultura.
A especificidade do social reside no seu caráter relacional e
simbólico. As relações sociais são construídas por meio da
interação entre os indivíduos, enquanto os símbolos e significados
atribuídos às práticas sociais dão forma à cultura e à identidade
coletiva de um grupo ou sociedade.
Portanto, o conceito de social nas Ciências Sociais destaca a
importância das relações humanas e das estruturas sociais na
organização e funcionamento das sociedades, enfatizando sua
complexidade e dinamismo.
Distinguir problema social de problema sociológico:
Distinguir um problema social de um problema sociológico é
essencial para a compreensão das diferentes abordagens e
perspetivas dentro das Ciências Sociais.
Um problema social refere-se a uma questão ou situação que
afeta indivíduos ou grupos em uma sociedade e é percebida como
problemática ou indesejável por parte de determinados segmentos
dessa sociedade. Esses problemas podem variar amplamente,
desde questões econômicas, como pobreza e desigualdade, até
questões culturais, como discriminação e exclusão social.
Por outro lado, um problema sociológico é uma questão que é
abordada e investigada especificamente pela sociologia ou por
outras disciplinas das Ciências Sociais. Esses problemas
geralmente se concentram na compreensão das relações sociais,
estruturas sociais e processos sociais subjacentes aos problemas
sociais. Eles são analisados à luz de teorias sociológicas e

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métodos de pesquisa para entender suas causas, consequências e
dinâmicas subjacentes.
A principal diferença entre um problema social e um problema
sociológico é que o primeiro é definido pela sociedade como um
todo, enquanto o segundo é investigado pela sociologia e outras
disciplinas das Ciências Sociais para fornecer uma compreensão
mais aprofundada das questões sociais. Em suma, enquanto um
problema social é uma questão percebida como problemática pela
sociedade, um problema sociológico é uma questão abordada e
analisada pelo ponto de vista sociológico.
Conceitos:
Estratificação social: Refere-se à divisão hierárquica da
sociedade em diferentes camadas ou estratos, com base em
características como classe social, salário, educação e ocupação.
Cultura: Conjunto de valores, normas, crenças, costumes,
tradições e práticas partilhadas por uma sociedade ou grupo social.
Globalização: Processo de interconexão e interdependência
crescente entre os países e as pessoas ao redor do mundo,
resultante da expansão do comércio, da tecnologia e da
comunicação.
Identidade social: A perceção que os indivíduos têm de si
mesmos relativamente aos grupos sociais aos quais pertencem,
incluindo características como gênero, etnia, classe social e
nacionalidade.
Instituição social: São padrões de comportamento e estruturas
sociais estabelecidas que servem propósitos específicos na
sociedade, como a família, a educação, a religião e o sistema
político.
Teoria sociológica: Conjunto de ideias, conceitos e abordagens
desenvolvidos por sociólogos para explicar e compreender os
fenômenos sociais
Tema 2: Aprender a ser membro da sociedade: formas de
sociabilidade

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O Processo de socialização - Aprender a ser membro da
sociedade: formas de sociabilidade
O Processo de socialização - Socialização primária e
secundária - Agentes de socialização - Interiorização e
estrutura social
Papéis sociais – interpretação e interiorização de normas
sociais – Definição do conceito de papel social – A
aprendizagem de múltiplos papéis sociais
-O processo de socialização é uma parte fundamental da
aprendizagem de como ser um membro funcional da sociedade.
Ele envolve a interiorização de normas, valores, crenças e
comportamentos comuns em uma determinada cultura ou grupo
social.
Compreender em que consiste o processo de interiorização e
incorporação de normas sociais:
O processo de interiorização e incorporação de normas sociais
refere-se à maneira pela qual os indivíduos adquirem e interiorizam
as normas da sociedade ou do grupo ao qual pertencem.
Interiorização de Normas Sociais:
Definição: A interiorização é o processo pelo qual os indivíduos
absorvem as normas, valores e crenças da sociedade no seu
próprio sistema de crenças e valores.
Como acontece: A interiorização ocorre principalmente através da
socialização primária, durante a infância e adolescência, quando os
indivíduos estão mais suscetíveis à influência dos principais
agentes de socialização, como a família, a escola e os pares.
Mecanismos: Durante a interiorização, os indivíduos aprendem as
normas sociais por meio de observação, imitação e reforço. Eles
interiorizam as expectativas culturais em relação ao
comportamento, atitudes e valores através de interações com os
outros e reiteração social.
Incorporação de Normas Sociais:

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Definição: A incorporação é o processo pelo qual os indivíduos não
só interiorizam as normas sociais, como as aplicam nas suas
próprias vidas e comportamentos.
Como acontece: A incorporação ocorre à medida que os indivíduos
começam a agir de acordo com as normas e expectativas sociais
interiorizadas. Eles incluem essas normas no seu comportamento
diário e nas suas interações sociais.
Manifestações: A incorporação de normas sociais pode ser
observada nos comportamentos, atitudes e escolhas dos
indivíduos. Eles seguem as regras sociais, respeitam as normas
culturais e se conformam às expectativas sociais em diferentes
contextos e situações.
Importância:
Manutenção da Ordem Social: A interiorização e incorporação de
normas sociais são essenciais para a manutenção da ordem social
e da coesão social. Elas garantem que os indivíduos compartilhem
um conjunto comum de valores e comportamentos, facilitando a
cooperação e a interação harmoniosa na sociedade.
Identidade Social: A interiorização e incorporação de normas
sociais também desempenham um papel na formação da
identidade social dos indivíduos. Eles interiorizam as normas e
valores que estão de acordo com a identidade do grupo ao qual
pertencem, contribuindo para sua própria identidade e identidade
social.
Definir o conceito de socialização:
A socialização é o processo pelo qual os indivíduos aprendem e
interiorizam as normas, valores, comportamentos e papéis sociais
de uma determinada sociedade ou grupo. Esse processo ocorre ao
longo da vida e envolve a interação com outros membros da
sociedade, incluindo familiares, amigos, colegas e instituições
sociais como a escola e os meios de comunicação. A socialização
desempenha um papel crucial na formação da identidade individual
e na integração dos indivíduos na sociedade, contribuindo para a

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sua adaptação e funcionamento dentro do grupo social em que
estão inseridos.
Distinguir as várias fases do processo de socialização:
Socialização Primária: Esta fase ocorre na infância e na primeira
infância, onde os indivíduos aprendem as normas sociais básicas,
valores e papéis através da interação com a família, cuidadores e
outras figuras de autoridade próximas. É durante essa fase que os
padrões fundamentais de comportamento são estabelecidos e a
identidade básica é formada.
Socialização Secundária: Esta fase ocorre durante a
adolescência e adiante, quando os indivíduos começam a interagir
com uma variedade mais ampla de instituições sociais, como
escolas, grupos de pares, locais de trabalho e meios de
comunicação. Durante essa fase, os indivíduos aprendem normas
e papéis sociais mais complexos e específicos relacionados a
diferentes contextos sociais.
Identificar os principais agentes de socialização:
Família: A família desempenha um papel fundamental na
socialização, transmitindo normas, valores e papéis sociais desde a
infância. Os membros da família ensinam as crianças sobre
comportamentos apropriados, regras sociais e papéis de gênero.
Educação/Formação Acadêmica: As instituições educacionais,
como escolas e universidades, também são importantes agentes
de socialização. Elas ensinam habilidades acadêmicas, mas
também transmitem normas sociais, valores culturais e promovem
a interação social entre os alunos.
Pares: Os amigos e colegas desempenham um papel significativo
na socialização, especialmente durante a adolescência. Eles
influenciam os interesses, comportamentos e atitudes uns dos
outros, fornecendo apoio social e oportunidades para aprender
sobre interações sociais.
Meios de comunicação e Tecnologia: Os meios de comunicação,
incluindo televisão, filmes, redes sociais e outras formas de
comunicação digital, exerce uma influência crescente na

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socialização. Cria as perceções, valores e comportamentos das
pessoas, fornecendo modelos de comportamento, transmitindo
normas culturais.
Instituições Religiosas: Instituições religiosas, como igrejas,
mesquitas, sinagogas e templos, desempenham um papel na
socialização, transmitindo crenças religiosas, valores morais e
práticas culturais aos seus membros.
Meios de Comunicação de Massa: Além dos meios tradicionais,
os meios de comunicação de massa, como livros, revistas e
jornais, também contribuem para a socialização, fornecendo
informações sobre o mundo e influenciando a opinião pública.
Ambiente de Trabalho: O ambiente de trabalho também é um
agente de socialização importante para adultos. Ele ensina
habilidades profissionais, normas organizacionais e expectativas de
comportamento no local de trabalho.
Definir papel social:
O papel social refere-se a um conjunto de comportamentos,
expectativas e responsabilidades associadas a uma posição ou
papel particular dentro de uma sociedade. Em outras palavras, é o
comportamento esperado de um indivíduo em uma determinada
função, cargo ou posição social.
Cada pessoa desempenha vários papéis sociais ao longo da vida,
dependendo do contexto social em que se encontra. Por exemplo,
uma pessoa pode desempenhar o papel de filho em sua família, de
estudante na escola, de funcionário em seu local de trabalho e de
amigo em seu círculo social. Cada um desses papéis carrega
consigo expectativas específicas de comportamento, normas e
obrigações.
Os papéis sociais são aprendidos e interiorizados por meio do
processo de socialização, no qual os indivíduos aprendem as
normas, valores e comportamentos associados a cada papel. Eles
também podem variar de acordo com fatores como idade, gênero,
cultura, posição socioeconómica e contexto social.

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Em resumo, o papel social é uma construção social que define as
expectativas e comportamentos esperados de um indivíduo em
uma determinada posição ou papel dentro da sociedade.
Explicitar como se interiorizam e interpretam as normas sociais: os
papéis sociais:
A compreensão das normas sociais e dos papéis sociais na
sociedade envolve um processo complexo de interiorização e
interpretação, formado pelo quotidiano e pelas interações sociais.
Desde tenra idade, os indivíduos aprendem e assimilam essas
normas através da observação e imitação dos comportamentos
daqueles ao seu redor, como familiares, amigos e figuras de
autoridade. Este processo de aprendizagem e imitação é
fundamental para a interiorização das normas sociais, à medida
que os indivíduos absorvem esses comportamentos e valores na
sua identidade.
Além da aprendizagem, a identificação com modelos sociais
também desempenha um papel significativo na interiorização das
normas sociais. Os indivíduos podem identificar-se com figuras de
autoridade, celebridades ou pares, adotando comportamentos,
atitudes e valores como parte da sua própria identidade. Esse
processo de identificação contribui para a consolidação das normas
sociais e dos papéis sociais na vida dos indivíduos.
O reforço social também desempenha um papel importante na
manutenção das normas sociais. Comportamentos que estão de
acordo com as normas sociais são frequentemente reconhecidos e
aceites socialmente, enquanto comportamentos que desrespeitem
as normas sociais podem ser punidos ou rejeitados pela sociedade.
Esse reforço social auxilia na resistência e consolidação das
normas sociais ao longo do tempo.
À medida que os indivíduos interagem uns com os outros no
quotidiano, ocorre um constante ajuste de significados em relação
às normas sociais e aos papéis sociais. Isso envolve a
interpretação e aplicação das normas em diferentes contextos

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sociais, levando a uma compreensão partilhada e aprovada das
expectativas sociais.
Por último, os indivíduos também podem refletir criticamente sobre
as normas sociais e os papéis sociais, questionando sua validade,
justiça e relevância em diferentes contextos sociais. Essa reflexão
pode levar a mudanças nas normas sociais e nos papéis sociais ao
longo do tempo, à medida que a sociedade evolui, novas
perspetivas são adotadas.
Em resumo, a interiorização e interpretação das normas sociais e
dos papéis sociais envolvem uma série de processos complexos e
dinâmicos que são influenciados pelo quotidiano, pelas interações
sociais e pelas experiências individuais de cada pessoa. Esses
processos são fundamentais para a integração dos indivíduos na
sociedade e para a manutenção da ordem social.
Tema 3: Construção do conhecimento científico:
O processo de construção do conhecimento científico - Rutura com
o senso comum - A função de comando da teoria
Construção e verificação de teorias: problemas e controvérsias -
Teorias e paradigmas nas ciências - O problema da verificação
- O processo de construção do conhecimento científico nas
Ciências Sociais é uma jornada complexa e dinâmica, que envolve
a interação entre teoria, evidência empírica e análise crítica. Ao
abordar os problemas e controvérsias inerentes a esse processo,
os cientistas sociais contribuem para um entendimento mais
profundo e abrangente da realidade social.
Conceptualizar a noção de objetividade e o processo de construção
do objeto de estudo em Ciências Sociais:
A noção de objetividade nas Ciências Sociais refere-se à procura
pela imparcialidade, neutralidade e rigor na investigação e
interpretação dos fenômenos sociais. Isso significa que os
cientistas sociais procuram abordar os temas de estudo de forma
isenta de preconceitos, interesses pessoais ou influências
externas, objetivando uma compreensão mais precisa e fiel da
realidade social.

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No entanto, a objetividade nas Ciências Sociais não implica uma
neutralidade absoluta, uma vez que os pesquisadores estão
inevitavelmente inseridos em contextos sociais e culturais
específicos, que podem influenciar suas perspetivas e
interpretações. Em vez disso, a busca pela objetividade envolve a
adoção de métodos transparentes, a utilização de dados confiáveis
e a aplicação de análises críticas e reflexivas para minimizar
tendencias e distorções.
Quanto ao processo de construção do objeto de estudo em
Ciências Sociais, este envolve a definição e delimitação do tema ou
fenômeno a ser investigado. Os cientistas sociais muitas vezes
começam por identificar as questões de pesquisa e selecionam os
conceitos relevantes para o estudo. Em seguida, eles elaboram
uma estratégia de pesquisa, que pode incluir a escolha de métodos
e técnicas de recolha de dados adequados, tais como, entrevistas,
observações ou análise documental.
Durante o processo de construção do objeto de estudo, os
cientistas sociais também consideram as teorias existentes e o
estado atual do conhecimento na área em questão. Eles procuram
compreender as diferentes abordagens teóricas e perspetivas
interpretativas relevantes para o tema, a fim de fundamentar a sua
análise de forma sólida e consistente.
Além disso, a construção do objeto de estudo nas Ciências Sociais
é um processo dinâmico e interativo, que frequentemente envolve a
revisão e reformulação das questões de pesquisa à medida que
novas informações são recolhidas e analisadas. Os cientistas
sociais podem reforçar entre a teoria e os dados, refinando as suas
hipóteses e conceitos, à luz das descobertas empíricas e das
perspetivas teóricas.
Em resumo, a objetividade nas Ciências Sociais refere-se à busca
pela imparcialidade e rigor na investigação, enquanto o processo
de construção do objeto de estudo envolve a definição, delimitação
e elaboração de estratégias de pesquisa para abordar questões
específicas dentro de um determinado contexto social.

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Identificar e explicitar os principais obstáculos epistemológicos:
familiaridade com a realidade social, dicotomias natureza/cultura e
indivíduo/sociedade e etnocentrismo:
-Os principais obstáculos epistemológicos nas Ciências Sociais são
desafios que os investigadores enfrentam ao tentar compreender e
interpretar a realidade social.
Familiaridade com a realidade social: Refere-se ao fato de os
investigadores, por vezes, encontrarem-se imersos na mesma
realidade social, que estão a investigar, o que pode provocar uma
falta de distanciamento emocional e intelectual, dificultando análise
objetiva e imparcial dos fenômenos sociais. Ou seja, a familiaridade
excessiva dos investigadores com a realidade social que estão a
investigar, pode fomentar a falta de objetividade e imparcialidade
na sua análise. Quando os investigadores estão imersos na mesma
cultura, comunidade ou contexto social que estão a investigar,
podem ter dificuldade em manter uma perspetiva distante e crítica.
Isso pode resultar numa tendencia cognitiva, onde os
investigadores tendem a interpretar os dados de acordo com as
suas próprias experiências e preconceitos, ao invés, de avaliar
objetivamente as evidências.
Dicotomias natureza/cultura e indivíduo/sociedade: As
dicotomias são divisões conceptuais, muitas vezes utilizadas para
entender a realidade social. A dicotomia natureza/cultura refere-se
à distinção entre aspetos biológicos (natureza) e aspetos culturais
(cultura) do comportamento humano. A dicotomia
indivíduo/sociedade refere-se à relação entre os indivíduos e as
estruturas sociais mais amplas em que estão inseridos. No entanto,
essas dicotomias podem ser problemáticas, pois tendem a
simplificar a complexidade da realidade social. Por exemplo, a
separação rígida entre natureza e cultura pode ignorar a influência
mútua entre fatores biológicos e culturais no comportamento
humano.
Etnocentrismo: O etnocentrismo é a tendência de avaliar outras
culturas com base nos valores e padrões da própria cultura,
considerando-a como superior ou "normal". Isso pode levar a

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preconceitos e estereótipos sobre grupos sociais diferentes, bem
como, a uma interpretação distorcida dos fenômenos sociais. O
etnocentrismo pode dificultar a compreensão da diversidade
cultural e da dinâmica social, levando a generalizações injustas e
conclusões imprecisas.
- Estes obstáculos epistemológicos destacam a importância de
investigadores adotarem uma abordagem reflexiva e crítica na sua
prática científica. É essencial reconhecer e enfrentar esses
desafios por meio de métodos de pesquisa rigorosos, sensibilidade
cultural e consciência dos próprios preconceitos e pressupostos.
Ao fazê-lo, os investigadores podem elaborar conhecimento mais
robusto e significativo sobre a complexidade da vida social.
Reconhecer as fases do processo de construção do conhecimento
científico e as várias etapas do método científico de acordo com
Gaston Bachelard: rutura com o senso comum, construção e
validação de conhecimento:
Gaston Bachelard, um filósofo francês, contribuiu significativamente
para a filosofia da ciência. Ele propôs um processo de construção
do conhecimento científico que envolve várias etapas. Aqui estão
as fases principais de acordo com Bachelard:
Rutura com o senso comum: Esta é a primeira etapa do
processo. Bachelard acreditava que o senso comum muitas vezes
impede o progresso científico. Portanto, é necessário romper com
as noções pré-concebidas e os preconceitos do senso comum para
avançar no conhecimento científico.
Construção de conhecimento: Após a rutura com o senso
comum, a próxima etapa é a construção do conhecimento. Isso
envolve a formulação de hipóteses, a realização de experiências e
a interpretação dos resultados. Bachelard enfatizou a importância
do raciocínio dedutivo e indutivo nesta fase.
Validação de conhecimento: A última etapa é a validação do
conhecimento. Isso envolve a verificação e a confirmação das
hipóteses através de testes adicionais e experiências. Bachelard

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acreditava que o conhecimento científico deve ser sempre aberto à
refutação e à revisão.
Descrever os procedimentos científicos para a rutura com o senso
comum e avaliar e discutir as dificuldades com que os cientistas se
debatem para cumprir essa necessidade metodológica:
A rutura com o senso comum é uma etapa crucial no processo de
construção do conhecimento científico, pois permite aos cientistas
transcender ideias preconcebidas e explorar a realidade de
maneira mais objetiva e fundamentada.
Investigação crítica e sistemática das noções comuns: Os
cientistas devem questionar sistematicamente as suposições,
crenças e noções comuns que podem influenciar a sua
compreensão da realidade. Isso envolve examinar criticamente as
ideias estabelecidas e estar aberto a perspetivas alternativas.
Dificuldades: A resistência à mudança é uma dificuldade
significativa, pois o ser humano muitas vezes prende-se às suas
crenças e visões de mundo existentes. Além disso, pode ser
desafiador identificar e desafiar suposições subjacentes que são
profundamente enraizadas na cultura e na sociedade.
Observação objetiva: Os cientistas devem esforçar-se para
observar e interpretar os fenômenos de forma objetiva, sem deixar
que os seus pré-conceitos e experiências pessoais influenciem a
sua análise. Isso requer uma abordagem imparcial, baseada em
evidências.
Dificuldades: É difícil separar completamente as perceções
pessoais e as influências culturais da observação objetiva. Os
cientistas podem inadvertidamente interpretar os dados de maneira
unilateral ou selecionar informações que validam as suas crenças
preexistentes.
Utilização de métodos rigorosos: Os cientistas utilizam métodos
rigorosos de recolha e análise de dados para garantir que as suas
conclusões sejam confiáveis e válidas. Isso pode incluir o uso de
uma amostra aleatória, controle de variáveis e análise estatística.

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Dificuldades: Os desafios metodológicos podem surgir ao tentar
controlar todas as variáveis relevantes em um estudo. Além disso,
diferentes abordagens metodológicas podem levar a resultados
incompatíveis, exigindo uma avaliação cuidadosa da solidez das
evidências.
Revisão por pares e replicação: Os cientistas sociais apresentam
os seus trabalhos a revisão por pares para avaliação crítica por
parte de outros especialistas na área científica. Além disso, a
contestação de estudos por diferentes investigadores é essencial
para verificar a credibilidade e validade dos resultados obtidos.
Dificuldades: A revisão por pares pode ser suscetível a
preconceitos e rivalidades acadêmicas, e nem sempre garante a
deteção de todos os erros ou falhas metodológicas. Além disso, a
contestação de estudos nem sempre é incentivada ou realizada
devido a restrições de tempo, recursos e incentivos na comunidade
científica.
Em suma, apesar de a rutura com o senso comum seja essencial
para o desenvolvimento de conhecimento científico credível,
defronta-se com várias dificuldades, resultantes de preconceitos,
influências culturais e desafios metodológicos. Os cientistas devem
estar cientes dessas dificuldades e adotar abordagens rigorosas e
críticas para superá-las.
Explicitar a importância da função de comando da teoria na
produção social do conhecimento científico:
A importância da função de comando da teoria na produção social
do conhecimento científico reside no papel fundamental que as
teorias desempenham na direção e orientação da pesquisa, na
interpretação dos resultados e na explicação dos fenômenos
estudados.
Orientação da Pesquisa: As teorias fornecem uma estrutura
conceptual, orientando na seleção de variáveis a serem estudadas,
os métodos de recolha de dados a serem usados e as hipóteses a
serem testadas. Isso ajuda os investigadores a direcionar os

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esforços de pesquisa de forma mais eficaz, concentrando-se nas
questões relevantes e significativas da sua área de estudo.
Interpretação dos dados: As teorias oferecem um enquadramento
teórico através dos quais, os investigadores interpretam os dados
recolhidos. Ou seja, fornecem um conjunto de conceitos e
princípios que permitem aos investigadores definir os padrões
observados nos dados e identificar relações causais subjacentes.
Formulação de hipóteses e previsões: As teorias orientam na
enunciação de hipóteses e previsões sobre o comportamento
humano e os fenômenos sociais. Elas ajudam os pesquisadores a
desenvolver expectativas sobre, como variáveis específicas estão
relacionadas, e a testar essas expectativas empiricamente.
Explicação e compreensão: As teorias fornecem explicações de
como certos fenômenos ocorrem e como funcionam. Elas ajudam
os investigadores a compreender os padrões observados na
sociedade e a identificar fatores que influenciam o comportamento
humano e as interações sociais.
Avanço do conhecimento: Ao fornecer uma estrutura conceptual
para a pesquisa e análise, as teorias contribuem no avanço do
conhecimento em ciências sociais. Elas permitem que os
investigadores construam sobre o trabalho existente,
desenvolvendo novas ideias e perspetivas acerca da sociedade e
comportamento humano.
Em suma, a função de comando da teoria na produção social do
conhecimento científico é crucial para orientar a pesquisa,
interpretar resultados, explicar fenômenos e promover o
desenvolvimento do conhecimento em ciências sociais e outras
áreas de estudo.
Compreender a importância da relativização e a relacionação entre
os fenómenos sociais:
Relativização: A relativização refere-se à compreensão de que os
fenômenos sociais não podem ser totalmente entendidos ou
interpretados fora do contexto específico em que ocorrem. Isso
significa reconhecer que as crenças, valores, normas, práticas e

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instituições sociais são influenciadas pela cultura, história,
geografia e outras condições específicas de um determinado
grupo, comunidade ou sociedade. A relativização implica em evitar
a aplicação de julgamentos universais ou generalizações simplistas
a partir de uma perspetiva cultural ou temporal específica. Ao invés
disso, incentiva uma abordagem comparativa e contextualizada, na
qual os fenômenos sociais são analisados em relação ao seu
ambiente social e histórico.
Relacionação: A relacionação entre os fenômenos sociais diz
respeito à compreensão de como diferentes aspetos da vida social
estão interconectados e influenciam uns aos outros. Isso inclui
reconhecer que os fenômenos sociais não ocorrem de forma
isolada, mas estão frequentemente interligados em redes
complexas de relações e interações. Por exemplo, mudanças
econômicas podem afetar a estrutura familiar, que por sua vez
pode influenciar os padrões de educação e saúde de uma
comunidade. Da mesma forma, fatores políticos podem ter impacto
sobre a distribuição de recursos e oportunidades dentro de uma
sociedade, afetando assim as dinâmicas sociais em vários níveis.
Enquadrar a noção de realidade social como fenómeno
multidimensional e as diferentes perspetivas das Ciências Sociais.
A noção de realidade social é fundamentalmente entendida como
um fenômeno multidimensional que abrange uma ampla gama de
aspetos e dinâmicas da vida em sociedade. As Ciências Sociais
oferecem diversas perspetivas para compreender e analisar essa
realidade complexa.
Sociologia: A sociologia examina a realidade social através de
perspetivas que enfatizam as estruturas sociais, as instituições, os
padrões de interação e os processos sociais que influenciam o
comportamento humano em diferentes contextos sociais. Ela
investiga questões como estratificação social, mobilidade,
identidade, gênero, raça e etnia, entre outras, procurando
compreender como esses elementos influenciam a organização e
funcionamento da sociedade.

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Antropologia: A antropologia oferece uma perspetiva que se
concentra na diversidade cultural e na compreensão das práticas
culturais, crenças, valores e simbolismos que caracterizam
diferentes grupos humanos ao redor do mundo. Ela estuda a
cultura como um elemento central da vida social e examina as
formas pelas quais as pessoas dão sentido ao mundo ao seu redor
e constroem as suas identidades culturais.
Economia: A economia analisa a realidade social pela perspetiva
das interações econômicas, incluindo a produção, distribuição e
consumo de bens e serviços, bem como os sistemas econômicos e
as políticas que influenciam esses processos. Ela explora questões
como desigualdade de renda, pobreza, desenvolvimento
econômico, globalização e políticas públicas relacionadas à
economia.
Ciência Política: A ciência política investiga as estruturas de poder,
as instituições políticas e os processos de tomada de decisão que
influenciam a organização e o funcionamento dos sistemas
políticos. Ela analisa questões como democracia, autoritarismo,
governação, direitos humanos, políticas públicas e relações
internacionais.
Geografia: A geografia examina a realidade social a partir de uma
perspetiva espacial, investigando as relações entre os seres
humanos e o ambiente físico, bem como, os padrões de
distribuição e uso do espaço geográfico. Ela estuda questões como
urbanização, migração, desenvolvimento regional, sustentabilidade
ambiental e impactos das mudanças climáticas.
Estas diferentes perspetivas das Ciências Sociais contribuem para
uma compreensão mais abrangente e multifacetada da realidade
social, permitindo que os pesquisadores examinem os fenômenos
sociais de múltiplos ângulos e abordem questões complexas de
forma integrada e interdisciplinar.
Distinguir a corrente teórica explicativa e a teoria compreensiva ou
interpretativa:

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Corrente teórica explicativa: Esta abordagem enfatiza a procura
por leis gerais e causas objetivas que explicam os fenômenos
sociais. Ela procura identificar padrões recorrentes e regularidades
no comportamento humano, muitas vezes utilizando métodos
quantitativos e experimentais. As teorias nesta corrente tendem a
dar prioridade à objetividade e a neutralidade, de forma a explicar
os fenômenos sociais de maneira sistemática e universal.
Teoria compreensiva ou interpretativa: Por outro lado, essa
abordagem valoriza a compreensão profunda dos significados e
das interpretações que os indivíduos atribuem aos seus próprios
comportamentos e às suas interações sociais. Ela concentra-se na
compreensão dos contextos culturais, históricos e simbólicos que
formam a experiência humana. As teorias interpretativas procuram
capturar a subjetividade e a complexidade da vida social,
frequentemente utilizando métodos qualitativos e hermenêuticos.
Ao invés, de procurar leis universais, essas teorias analisam a
diversidade e a singularidade das experiências humanas.
Compreender o alcance das duas correntes e de que forma se
interligam e complementam:
As correntes sociológicas lideradas por Émile Durkheim e Max
Weber representam duas abordagens fundamentais na
compreensão da sociedade, cada uma oferece perspetivas únicas
e complementares.
Durkheim, pioneiro da corrente explicativa, adotou uma abordagem
positivista, procurando explicar os fenômenos sociais através de
fatos objetivos e mensuráveis. Ele concentrou-se na coesão social,
na consciência coletiva e nos laços sociais que mantêm a ordem
na sociedade. O seu trabalho destacou a importância das
estruturas sociais na formação do comportamento humano e na
manutenção da estabilidade social.
Por outro lado, Weber introduziu a corrente interpretativa,
destacando a importância da compreensão dos significados
subjacentes às ações individuais e coletivas. Ele procurava
compreender os motivos, valores e crenças que influenciam o

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comportamento humano, adotando uma abordagem compreensiva
e subjetiva. As suas contribuições, como a teoria dos tipos ideais e
a análise da relação entre religião e economia, forneceram uma
visão mais profunda da complexidade da vida social.
Apesar das diferenças em suas abordagens, Durkheim e Weber se
complementam em várias áreas. Juntas, as suas perspetivas
oferecem uma compreensão mais completa da sociedade,
combinando uma análise das estruturas sociais objetivas com uma
exploração dos significados subjetivos atribuídos pelos agentes
sociais. As suas teorias são frequentemente utilizadas de forma
integrada em pesquisas sociológicas, permitindo uma análise mais
abrangente e aprimorada dos fenômenos sociais.
Assim, enquanto Durkheim destacava as forças que unem a
sociedade, Weber direcionava o seu olhar para os motivos e
valores que guiam as ações individuais. Juntas, as suas correntes
oferecem uma compreensão opulenta e complexa da sociedade,
enriquecendo o campo da sociologia com as suas contribuições
distintas e complementares.
Identificar os principais autores de cada uma das correntes:
Na corrente explicativa das Ciências Sociais, os principais autores
incluem Émile Durkheim e seus seguidores, que desenvolveram o
positivismo sociológico. Durkheim é conhecido pelas suas
contribuições na compreensão dos fatos sociais, do consenso
social, da consciência coletiva e dos diferentes tipos de
solidariedade social.
Na corrente interpretativa ou compreensiva, Max Weber é o
principal autor. Ele destacou a importância da interpretação da
ação social e da procura de sentido por detrás das ações dos
indivíduos. Weber desenvolveu conceitos como ação social, tipos
ideais, dominação e estatuto social, que são fundamentais para a
compreensão das dinâmicas sociais numa perspetiva interpretativa.
Identificar o contexto histórico, social e político presente no
desenvolvimento das Ciências Sociais:

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O desenvolvimento das Ciências Sociais foi profundamente
influenciado pelo contexto histórico, social e político em que
surgiram. Vários fatores contribuíram para o inicio e o
desenvolvimento dessas disciplinas:
Revolução Industrial: A Revolução Industrial no século XVIII e XIX
trouxe consigo mudanças significativas na estrutura social,
econômica e política das sociedades europeias. A urbanização em
massa, a industrialização e a ascensão da classe trabalhadora
levantaram questões sobre desigualdade social, condições de
trabalho, pobreza e outros problemas sociais, que chamaram a
atenção dos pensadores.
Iluminismo: O período do Iluminismo, que ocorreu nos séculos XVII
e XVIII, promoveu a ideia de racionalidade, liberdade individual e
contestação das instituições tradicionais. Incentivando a reflexão
crítica sobre as estruturas sociais existentes e impulsionando a
procura pelo conhecimento científico em diferentes áreas, incluindo
a sociedade e a política.
Movimentos Sociais e Políticos: Movimentos sociais e políticos,
como a Revolução Francesa e os movimentos de emancipação, o
movimento abolicionista e o movimento pelos direitos das
mulheres, estimulando debates sobre direitos civis, justiça social e
igualdade. Esses movimentos ajudaram a formar o pensamento
social e político da época e influenciou o aparecimento de teorias e
abordagens nas Ciências Sociais.
Teorias Filosóficas e Científicas: Os primórdios das teorias
filosóficas e científicas, como o positivismo de Auguste Comte, o
evolucionismo social de Herbert Spencer e as teorias sociológicas
de Émile Durkheim e Max Weber, ofereceram novas perspetivas e
métodos para entender a sociedade e o comportamento humano.
Essas teorias forneceram a base para a implantação de disciplinas
como a sociologia, a antropologia e a ciência política.
Globalização e Colonialismo: A expansão colonial europeia e a
globalização dos séculos XIX e XX levaram ao contato entre
diferentes culturas e sociedades, levantando questões sobre

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identidade, diversidade cultural e poder. Isso estimulou o interesse
acadêmico em estudar as sociedades não ocidentais e contribuiu
para o desenvolvimento de disciplinas como a antropologia e os
estudos culturais.
Em suma, o desenvolvimento das Ciências Sociais foi formado por
uma variedade de eventos históricos, movimentos sociais, avanços
filosóficos e científicos, bem como, pela interação entre diferentes
culturas e sociedades. Esses fatores criaram um ambiente
intelectual fértil que provocou o começo e a evolução das
disciplinas que procuram compreender a complexidade da vida
social e humana.
Delimitar teoricamente a especificidade do social e explicar em que
consiste:
Delimitar teoricamente a especificidade do social implica
compreender os elementos distintivos que caracterizam os
fenômenos sociais e os diferenciam de outros campos de estudo.
Em essência, trata-se de identificar o que é único e particular nas
interações, estruturas e padrões de comportamento que emergem
das relações entre os indivíduos em uma sociedade.
A especificidade do social reside na natureza coletiva e relacional
dos fenômenos que compõem o tecido social. Isso inclui as
normas, valores, instituições, práticas culturais e sistemas de
crenças compartilhados por um grupo de pessoas em um
determinado contexto histórico e geográfico. Esses elementos
refletem as formas pelas quais os indivíduos se organizam, se
relacionam e dão sentido à sua vida em conjunto.
O social também se caracteriza pela sua dinâmica e pela sua
capacidade de influenciar e ser influenciado pelas ações dos
indivíduos. Ao contrário dos fenômenos naturais, os fenômenos
sociais são adaptados por processos de construção social,
significado e interpretação, refletindo as complexas interações
entre estruturas e agentes sociais.
Além disso, a especificidade do social envolve a consideração da
dimensão simbólica das interações humanas. As práticas sociais

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muitas vezes são carregadas de significados e representações
culturais que conferem sentido e identidade aos participantes. Essa
dimensão simbólica é fundamental para compreendermos não
apenas o que as pessoas fazem, mas também por que o fazem e
como essas ações são interpretadas e valorizadas dentro de uma
determinada sociedade.
Em suma, a especificidade do social reside na sua natureza
coletiva, relacional, dinâmica e simbólica. Delimitar teoricamente
essa especificidade permite explorar e analisar criticamente os
fenômenos sociais, reconhecendo a sua complexidade e
singularidade enquanto campo de estudo nas ciências sociais.

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