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IMPORTANTE:
Vamos nessa?
Voto de Cabresto
Sob a proteção do governo, os
coronéis eram latifundiários que
mandavam em toda a região ou em um
município. Era um chefe político rico e
poderoso cheio de jagunços (homens
armados).
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
Nem só de
Além do café, em
café vivia a que mais eu
República... poderia investir?
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
Mas o crescimento
industrial do Brasil começou a
absorver quantidades cada vez
maiores dessa matéria-prima.
Por isso, nos anos 20, São Paulo se tornou o maior produtor e muitas
vezes era plantado entre as fileiras de café.
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
Não é difícil imaginar que esse período foi marcado por muitos problemas
financeiros gerando uma enorme inflação.
"Êpa!", mas em 1888 não havia sido assinada a Lei Áurea para
libertar os escravos? Então qual é o motivo da vinda de tanta gente para
trabalhar aqui, se existia a mão-de-obra do negro liberto? E o que será que
aconteceu com os negros?
Será que os negros que até então trabalhavam sob o regime de
escravidão tiveram as mesmas oportunidades de trabalho que os imigrantes
aqui no Brasil? A resposta é não.
São Paulo recebeu a maioria dos estrangeiros, esse fato se explica pelas
facilidades concedidas pelo Governo Brasileiro (passagens, alojamentos etc.) e
pelas oportunidades de trabalho abertas por uma economia em expansão.
E o negro, depois da abolição, teve algum amparo por parte do
Estado? A resposta novamente é não.
E se perguntar a você se hoje as oportunidades de trabalho são as mesmas
para todos, independente da cor, etnia e sexo, o que você responderia?
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
Vista de Canudos
Imagine a
situação dos
camponeses, trabalhando
debaixo do sol quente do
sertão, dando um duro
miserável, sem nunca ter
visto um médico ou uma
escola para os filhos,
passando fome, enquanto
o coronel tomava
refrescos na varanda de sua casa grande.
Todas essas condições, mais a crise econômica (entre 1850-1890), ocorreu
uma das maiores revoltas camponesas da história do continente - Canudos.
Foi no sertão da Bahia, numa área abandonada, perto do rio Vaza-Barris.
Primeiro surgiu uma rocinha aqui, um barraco lá, uma cerca com criação de
bodes; outro barraco, mais uma família que chegava para plantar feijão e
abóbora, e criar galinhas e cabritos. Em pouco tempo, milhares de famílias
estavam morando na comunidade chamada Canudos.
O povo oprimido era religioso. E nas vilas da região, nas praças e nas
feiras, um homem barbudo e de olhar profundo dizia palavras que tocavam
fundo no coração daquela gente sofrida.
CANUDOS - era uma espécie de comunidade alternativa, como se os
camponeses de lá dissessem a todos os outros do país: "Gente, se a terra for
repartida, todos viveremos melhor". Portanto, tratava-se claramente de uma
revolta social contra o latifúndio e a República Velha dominada pelos
coronéis.
No entanto, a maneira de ver as coisas não era política, era religiosa.
Antônio Conselheiro, líder de Canudos, dizia que suas metas eram guiadas pelo
retorno do Messias, Jesus.
Então, movimentos de protesto social dos pobres, que assumem uma
linguagem e uma visão religiosa, recebem o nome de messiânico. Canudos:
foi um exemplo típico de messianismo.
Não é difícil imaginar o final de toda essa história, expedições policiais
foram enviadas à região. Venceram várias expedições, até que o exército enviou
8 mil homens, acompanhados por canhões especialmente importados da
Alemanha e comandados por um general. Foi um massacre. Nem as crianças
escaparam. Milhares de pessoas foram massacradas pelo exército.
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
Estourou a rebelião popular. Trilhos de bondes foram arrancados e as
ruas do Rio de Janeiro foram ocupadas pelo povo, protegido por barricadas.
O exército matou gente do mesmo jeito que se mata ratos e mosquitos.
Ser marinheiro era muito duro. O trabalho pesado, num ambiente sem
higiene. Para piorar, o Brasil, em pleno século XX, ainda punia os marujos
com chicotadas.
Os oficiais eram filhos da aristocracia, ex-senhores de escravos, daí dá
para entender o porquê de espancarem os marinheiros: gente pobre e filhos de
negros e mulatos. Era como se a escravidão do Brasil ainda existisse num único
lugar: na Marinha de Guerra. Vergonhoso não!?
O ANARQUISMO
No século XIX havia outra
Anarquismo – Termo que significa “ausência de
corrente política anti - capitalista autoridade”. É uma corrente política que nega
forte: o anarquismo. o poder do Estado.
Os anarquistas eram O anarquismo rejeita a autoridade porque nela
vê a origem exclusiva da infelicidade do
contrários ao sistema capitalista, ao homem. Essa autoridade é representada pelo
Estado e a Igreja: para eles tratava- Estado, órgão repressor por excelência.
se da escravidão econômica
política e mental.
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
Assim como os socialistas marxistas, os anarquistas achavam que a
sociedade só seria livre numa sociedade comunista.
E o que seria uma sociedade comunista? Seria aquela em que não há
propriedade privada. Tudo pertence a todos, coletivamente.
Você já percebeu que tanto os comunistas como os anarquistas defendiam
a idéia de uma sociedade sem Estado, patrões, chefes supremos, polícia etc., a
própria sociedade se auto-governaria.
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
GREVE
É foto de
uma
creche?
Não! É uma
fábrica.
Naquele tempo,
as crianças
trabalhavam.
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
Em tempo...
Os trabalhadores cada vez mais conscientes dos seus problemas passam a
reivindicar também:
Abolição da multas, regulamentação do trabalho das mulheres e dos menores,
supressão da contribuição “Pró-Pátria” (tratava-se de uma arrecadação em dinheiro,
descontada do salário dos trabalhadores para auxiliar a Itália envolvida na Primeira
Guerra Mundial. Esse tipo de desconto obrigatório era comum na época. Em 1901, os
operários de uma fábrica de chapéu foram forçados a contribuir para os funerais do
rei Humberto I, da Itália).
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
O mundo mudou, e o progresso, (eletricidade, a velocidade, navios,
automóveis, aviões), vão dar contornos aos novos tempos. Tudo isso influenciará
os poetas, escritores, músicos e artistas plásticos a romper com antigos valores.
O TENENTISMO
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
Eles notaram que a vitória na guerra cabia aos países mais desenvolvidos e
industrializados, os atrasados, haviam sido derrotados na guerra.
Surgiu assim entre parte da oficialidade, a idéia de que um país só estaria
efetivamente defendido caso tivesse indústria desenvolvida, povo saudável, capaz
de fornecer um bom material humano para forças armadas.
Como nessa época predominava no Brasil um tradicional sistema
oligárquico que dominava a política brasileira, muitos oficiais do Exército
passaram a aceitar a idéia de que o Brasil só conseguiria progredir quando os
fazendeiros perdessem o poder político.
Na década de 1920, a baixa oficialidade do Exército se envolveu em
vários movimentos políticos. Por causa da grande participação dos tenentes,
eles ficaram conhecidos como movimentos tenentistas.
Esses movimentos possuíam algumas características comuns: queriam
moralizar a vida política, acabando com a fraude eleitoral, desenvolver o país e
diminuir a miséria no campo. Acreditavam que cabia a eles a tarefa de salvar o
país.
Epitácio Pessoa foi eleito para governar entre 1918 a 1922. Durante seu
governo, nomeou um civil para o Ministério da Guerra e descontentou muito o
exército.
Em 1921 as campanhas para eleição estavam nas ruas. As oligarquias estavam
tranqüilas pois certamente imporiam o seu candidato.
Porém um episódio vai abalar a tranqüila eleição: O candidato do governo (das
oligarquias), Artur Bernardes, fez duras críticas a Hermes da Fonseca (seu
opositor nas eleições) chamando-o de “sargentão sem compostura”. O exército
tomou a agressão para si e colocou-se ao lado do presidente Hermes da Fonseca.
Artur Bernardes vence as eleições como era esperada pela oligarquia.
No Rio de Janeiro uma parte da oficialidade se revoltou e decidiu pegar em
armas para derrubar o governo.
Em 5 de julho, o levante começou, tendo como centro do conflito o Forte de
Copacabana, dotado de pesados canhões. Os revoltosos começaram a disparar
contra outros quartéis. O governo mandou navios bombardear o forte. A maioria
dos revoltosos se rendeu. Dezoito deles decidiram, num gesto tão heróico quanto
suicida, sair do forte e enfrentar de peito aberto as tropas do governo.
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
O proletariado (assalariado) em crescimento e a classe média em
formação, excluídos da participação na política, reclamavam agora seus direitos,
a dominação oligárquica não era vista com bons olhos...
A questão econômica foi um dos fatores de agravamento da crise política.
Nossa economia ficou muito abalada com a CRISE DE 29, que levou a falência
o mercado mundial e gerou seus primeiros efeitos no Brasil já no final daquele
ano. O café, nosso principal produto, teve uma acentuada queda do preço no
mercado internacional e os cafeicultores passaram a depender da ajuda
financeira do governo e essa ajuda não veio.
Isso desgastou a imagem do Presidente da República, Washington Luís,
que tinha como proposta de governo ESTABILIZAR e MORALIZAR a
economia brasileira.
Os Estados Unidos mantiveram-se neutros até 1917 na Primeira Guerra
Mundial. Durante o conflito, forneciam armas, alimentos e empréstimos a diversas
nações européias.
Nesse período a indústria norte-americana cresceu de tal maneira que dois
anos após o fim da guerra já era responsável por cerca de metade de toda a produção
industrial do mundo. Entretanto, por falta de consumidores internos e externos,
começaram a sobrar grandes quantidades de produtos no mercado, configurando-se,
assim, uma crise de superprodução.
Até que chegou o momento em que a crise atingiu a Bolsa de Valores de Nova
Iorque, um dos mais importantes centros do capitalismo mundial. O resultado foi que
os preços das ações despencaram, ocorrendo o crash (quebra) da Bolsa de Valores de
Nova Iorque.
Abalados pela crise, os Estados Unidos reduziram drasticamente a compra de
produtos estrangeiros e suspenderam os empréstimos a outros países. Assim a crise
propagou-se rapidamente por todo o mundo capitalista.
A REVOLUÇÃO DE 30
É fato que apesar do descontentamento de grande parte da nossa sociedade
com o poder centralizado nas mãos das oligarquias, e do domínio dos estados
mais poderosos: São Paulo e Minas Gerais (Política do café-com-leite que você
já estudou), na vida política do Brasil, esse sistema, através de fraudes eleitorais,
pelo poder econômico e pelas forças das armas, permaneceriam no comando do
poder até 1929, quando dois fatos abalaram a dominação das oligarquias:
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
Bem, para encurtar essa história, basta saber que seria a vez de Minas indicar seu
candidato, entretanto, com o rompimento do acordo foi indicado o paulista Júlio
Prestes.
Minas sabia que seria impossível enfrentar sozinha a força do governo. Por
isso, aproximou-se do Rio Grande do Sul. Dessa aproximação, surgiu a
Aliança Liberal, que apresentou a candidatura do gaúcho Getúlio Vargas à
presidência da República. Vieram as eleições e, como era de se esperar,
aconteceram as fraudes eleitorais e ao controle dos coronéis sobre a
população camponesa, o governo venceu. Venceu, mas não convenceu. A
enorme diminuição da renda no setor cafeeiro foi responsável pela recessão e
pelo desemprego nos demais setores. O comércio ressentiu-se da falta de
compradores. O mesmo ocorreu com as indústrias. A solução foi a demissão.
Isso acabou não ocorrendo. A alta oficialidade das Forças Armadas, até
então governistas, exigiu a renúncia do presidente.
Sem apoio militar, o governo caiu. Em 3 de novembro, Getúlio Vargas, o
candidato derrotado nas eleições, assumiu o comando do país.
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
Vários grupos fizeram a Revolução de 30. Havia os tenentistas, a classe
operária, as classes médias, uma parcela do empresariado e até mesmo, o que é
importante ressaltar, numerosos representantes das oligarquias rurais, fazendeiros
que durante décadas, participaram do poder nos seus estados e que não quiseram
afundar junto com o governo Washington Luís.
Tamanha diversidade social fazia com que os laços que uniam tais grupos
fossem bem frágeis. Os anos seguintes foram marcados pela luta desses grupos
entre si, cada qual tentando impor os seus interesses aos demais.
A POLÍTICA TRABALHISTA
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
A maioria dos brasileiros viviam no campo, eram todos trabalhadores
rurais. Para eles a CLT não valia.
Atenção!
Agora, você dará outra voltinha pelo
mundo para conferir o que acontecia...
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
Bem, agora você vai saber o que acontecia em alguns lugares do mundo,
naquela época. Na Europa, os anos 30 foram vividos em meio aos nacionalismos
totalitários (nazismo e fascismo).
A ditadura nazi-fascista implantou-se nos países onde os efeitos da crise
mundial de 1929 foram mais sentidos e onde a burguesia estava mais assustada
com o avanço do movimento socialista.
Nos Estados Unidos, os anos 30 foram marcados pela reconstrução
econômica do país, através da política, posta em prática a partir de 1933, do
presidente Franklin Roosevelt.
O “New Deal” (novo dia), como foi chamada essa política econômica
intervencionista, permitiu a solução do problema do desemprego e valorização da
moeda norte-americana. Aos poucos, os Estados Unidos reconquistaram a
supremacia mundial.
A partir do final dos anos 30, estava consolidado o caminho para o
imperialismo norte-americano.
A eclosão da Segunda Guerra Mundial e os efeitos desse conflito só
vieram afirmar e aprofundar a política imperialista dos Estados Unidos.
Poxa! É, acho
Quando é melhor a
que vai gente ver o
acabar essa fim dessa
guerra!!! história...
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
O dia D
No famoso dia D, em junho de 1944, uma gigante operação dos exércitos
aliados (EUA,URSS, Inglaterra e França) avançavam com o objetivo de derrotar
os alemães, mas Hitler alimentou ilusões até o fim.
Mandou garotos de 13 anos de idade para a frente de batalha e não deixou
de dar as ordens mais criminosas: o grupo Werwolf (lobisomem), assassinava os
que não mostrassem fé em Hitler.
Finalmente o ditador reconheceu que
estava derrotado e suicidou-se, e a bandeira
vermelha com a foice e o martelo (URSS),
tremulou vitoriosa.
Logo depois da rendição Alemã
chegaria a vez do Japão, apesar do país já
estar totalmente derrotado pela poderosa
máquina de guerra norte-americana, os
Estados Unidos não hesitaram em lançar
suas bombas atômicas. Elas arrasaram as Explosão da bomba atômica
cidades de Hiroxima e Nagasáqui.
Os judeus
Os judeus são um povo
muito antigo do Oriente. Eles
adotaram uma religião especial, o
judaísmo. Também são chamados
de hebreus e de israelitas. Eles
viviam na Palestina, mas
começaram a migrar, e já na Idade
Média na Europa, foram
discriminados porque não eram
cristãos.
Portanto o anti-semitismo
(movimento contra os judeus) não
Prisioneiros do campo de
se desenvolveu só na Alemanha. Depois concentração de Auschwitz
que Hitler chegou ao poder, muitos judeus se
recusaram a deixar a Alemanha, porque não conseguiam viver longe de sua
pátria. Pagaram um preço alto por esse patriotismo.
No livro que Hitler escreveu Mein Kampf (Minha Luta), pregava a
eliminação física do povo judeu. O Estado nazista levou adiante o plano de
erradicar o povo judeu. Milhões de judeus foram enviados para campos de
concentração. Os trabalhadores qualificados faziam serviço escravo nas fábricas
alemãs. Os outros eram executados em câmaras de gás. Os nazistas lhes
arrancavam os dentes sem anestesia para aproveitar o ouro da obturação. Os
cabelos usavam para forrar colchões e a gordura humana fazia sabão.
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
Pois bem: ao declarar guerra à Alemanha e a Itália, Vargas criou para si um grave
problema. Afinal, havia uma incoerência! Como apoiar os Aliados em defesa da
democracia e manter um regime autoritário no Brasil?
Por toda parte começaram as manifestações pelo fim do regime do Estado Novo.
Olga Benario Prestes
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Politicamente, entre os anos de 1945 e 1960, também se registraram
mudanças na vida latino-americana. Cresceu a influência das camadas médias
urbanas nas decisões do poder.
Nesse período, as ditaduras – muitas nascidas ainda na década de 30 –
assumiram uma dimensão mais ampla e se caracterizaram por reformas sociais
profundas. Mas estas reformas não podiam ferir os interesses do capitalismo
monopolista norte-americano.
O Capitalismo Monopolista
Plano Cohen
De acordo com a polícia, era um plano de tomada do poder pelos
comunistas, incluindo o assassinato de autoridades, invasão de residências e
outras barbaridades.
É óbvio que o plano era falso. Por dois motivos bastante simples: os
comunistas condenavam o terrorismo e o segundo motivo é que quase todos os
dirigentes comunistas estavam na cadeia é bom lembrar ,que naquela época não
havia celulares para dar o “comando” de dentro da prisão!
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
Bem, como
você pode ver na
caixa de texto
acima, Getúlio deu
um golpe, para
continuar no poder e
implantar uma
ditadura (regime
autoritário) no país,
que ficou conhecido
como Estado Novo.
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
A violência da ditadura tornou-se insuportável. Vários setores das
camadas sociais brasileiras desde o operariado até a burguesia, estudantes,
militares, fazendeiros, começaram a reagir contra o extremismo do governo.
Era fundamental que o Brasil se tornasse uma democracia. Que a
sociedade passasse a ter o direito de escolher seus governantes através de
eleições e que houvesse liberdade política, econômica e social no país.
Realmente, não fazia mais sentindo a existência de uma ditadura fascista
no Brasil, quando lá fora as tropas brasileiras lutavam exatamente contra as
ditaduras fascistas.
Em janeiro de 1945, pressionado pela sociedade, Getúlio Vargas decretou
o Ato Adicional que marcava eleições diretas e livres em todo o país. Pouco
depois, concedeu anistia (permitia a volta dos exilados) e libertou centenas de
presos políticos, entre eles Luís Carlos Prestes, e foi permitido a organização
de novos partidos.
Foi legalizado o Partido Comunista do Brasil (PCB), que havia sido
criado em 1922 e que durante muitos anos ficara na clandestinidade.
UDN ( União Democrática Nacional), formado por pessoas que eram contra o
governo de Getúlio;
PSD (Partido Social Democrático), partido de natureza conservadora, criado
por Getúlio Vargas;
PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), também criado por Getúlio Vargas.
A TRANSIÇÃO...
TRANSIÇÃO...
Como vimos, no Brasil, o ano de 1945 foi marcado por grandes
manifestações pelo retorno da democracia. Cedendo às pressões, Getúlio Vargas
convocou eleições presidenciais e uma Assembléia Constituinte.
No entanto, em outubro, antes da data marcada para o pleito, Getúlio teve
de abandonar o poder. Um golpe de Estado liderado por militares o destituiu da
presidência. Os golpistas temiam que o ditador articulasse alguma artimanha para
permanecer no cargo. Mas isso não aconteceu.
O governo passou a ser exercido pelo presidente do Supremo Tribunal
Federal, José Linhares, que promoveu as eleições previstas para dezembro de
1945. Eurico Gaspar Dutra, o novo presidente, obteve uma vitória esmagadora
nas urnas: 55,39% dos votos. Dois partidos saíram fortalecidos da votação ao
eleger maior número de parlamentares para Congresso Nacional, que elaboraria
a nova Constituição: o Partido Social Democrático (PSD), com 177 eleitos, e a
União Democrática Nacional (UDN), com 87. O Partido Trabalhista Brasileiro
(PTB) conseguiu eleger somente 24 representantes e o Partido Comunista
Brasileiro (PCB), quinze. Os resultados evidenciaram a indiscutível vitória das
forças conservadoras do país.
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Para eles, o grande problema do país era basicamente a corrupção e não a
falta de reformas sociais profundas. Isso fascinava a classe média, que adorava os
políticos bem vestidos da UDN, fazendo discursos repletos de idéias anti-
comunistas e que não se misturavam ao povão. Por causa desse elitismo, a UDN
jamais conseguiria chegar à presidência. No fundo, o povão rejeitava o ar
burguês dela. Decepcionada com "as massas manipuladas pelos demagogos", a
UDN apoiaria o golpe militar de 1964.
A figura mais destacada da UDN era o empresário e jornalista Carlos
Lacerda. Através de seu jornal Tribuna da Imprensa, atacava todo mundo, fazia
denúncias sem mostrar as provas, insuflava a classe média contra os trabalhistas
e os comunistas. Outras figuras importantes da UDN eram os banqueiros,
políticos e magnatas da grande imprensa como Assis Chateaubriand, dono dos
Diários Associados, Júlio de Mesquita (O Estado de São Paulo) e a família
Marinho (O Globo).
O maranhense José Sarney e o baiano Antonio Carlos Magalhães
começaram suas carreiras políticas na velha UDN. E para que você não tenha
dúvidas: quem pediu e apoiou o golpe militar de 1964 foi a UDN.
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O general Eurico
Gaspar Dutra governo
de janeiro de 1946 a
janeiro de 1951. Em
18 de setembro de 1946,
a Assembléia
Constituinte promulgou
a nova Constituição,
garantindo o direito de
voto a homens e
mulheres brasileiros
natos ou naturalizados,
maiores de 18 anos e
alfabetizados.
As coisas iam mais ou menos até que se tocasse na questão trabalhista. Por
exemplo, os sindicatos continuavam subordinados ao Ministério do Trabalho. A
qualquer momento podiam ser invadidos pela polícia. As greves eram permitidas,
mas a Constituição indicava a criação de leis que as limitassem.
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Pois a reforma agrária não passou. E nos anos que se seguiram a questão
da terra quase incendiaria o país.
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A GUERRA FRIA
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A economia já se enrolava com um problema que ainda iria nos atazanar
por muito tempo: a Inflação. De um lado ela se ligava às boas exportações de
café, que tinham trazido dinheiro para o Brasil. Mais dinheiro circulando, preços
maiores. Inflação. Lógica malvada do dinheiro.
Para controlar a inflação, Getúlio ficava entre dois fogos: o arrocho
salarial e o fim dos créditos empresariais iriam irritar ricos e pobres. Como fazer?
Enquanto Getúlio não sabia direito o que fazer com a inflação, os
trabalhadores sabiam. O movimento operário, aos poucos, ia conquistando
autonomia. Em 1953, houve a famosa greve dos 300 mil, em São Paulo, vitoriosa
apesar da repressão policial. A burguesia, irritada, cobrava:
Ora, elas certamente não queriam ser atrapalhadas por nenhum político
nacionalista de Terceiro Mundo. Dólares para subornar autoridades, para apoiar
candidatos favoráveis e, claro, a velha pressão sobre o governo brasileiro e sobre
os generais. Nessa aí é que Getúlio dançou. Foi quando explodiu a questão do
petróleo.
É engano pensar que ele era um grande personagem a fazer sozinho a História. Seu
talento fez com que ele e não outro, fosse capaz de atender aos interesses da classe
dominante em determinado momento. Mas a gente não entende a história do Brasil se
acreditarmos que as coisas se explicam por suas idéias e vontades pessoais.
Claro que ele e seu grupo político tinham convicções e ambições pessoais. Queriam
se manter no poder. Para isso não hesitaram em buscar apoio nos setores populares e
progressistas. Aí é que moravam as contradições, por que não se pode acender uma
vela para Deus e outra para o diabo.
Em outras palavras, não era mais possível governar para a burguesia e ao mesmo
tempo fazer concessões para as camadas populares. Isso deu certo durante um
tempo. Agora não dava mais. Seu nacionalismo também estava ultrapassado. Já fora
o tempo em que tinha protegido a burguesia nacional. Agora, os empresários queriam
mesmo é fazer negócios, se associar diretamente aos investidores estrangeiros. Afinal,
o capital é internacional.
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Até essa época, a parte desenvolvida do Brasil era apenas a região
próxima do litoral. JK propôs a interiorização do desenvolvimento, isto é, a
participação do interior do país no progresso. Assim, criou um programa de
construção de rodovias, que além de interligar diferentes regiões do país serviram
para o uso da crescente frota de automóveis e caminhões. Também iniciou a
construção de uma nova capital, Brasília. A cidade foi planejada por Lúcio Costa,
e muitos de seus edifícios foram projetados por Oscar Niemeyer, dois grandes
nomes da arquitetura brasileira. Operários de diferentes partes do país
construíram a nova capital, que foi inaugurada em 21 de abril de 1960.
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O FMI (Fundo Monetário Internacional) é uma agência da ONU, fundado em 1945. Trata-se
de um superbanco internacional com vários sócios. Não existem donos privados: os sócios
são os países membros. A cota de cada país é relativa ao seu poder econômico. Assim,
mais da metade dos votos está nas mãos de países capitalistas desenvolvidos como os
Estados Unidos, Japão, Alemanha, Inglaterra, etc.)
O FMI empresta dinheiro para projetos de desenvolvimento ou simplesmente para salvar
países de economia com a corda no pescoço. O problema é que o FMI só empresta
dinheiro sob certas condições. O país assina uma carta de intenções na qual se
compromete a fazer reformas na economia. QUAIS REFORMAS?
Em primeiro lugar, estabilizar a economia. Na língua do FMI isso significa cortar
drasticamente os gastos do governo. Para evitar que gastos excessivos tenham de ser
pagos com emissão de papel-moeda, que gera inflação. Para conseguir isso, o FMI
recomenda a contenção salarial. Salário menores, menos compras, preços abaixando.
Além disso, menos patrões aumentando preços para poder pagar salários. Finalmente,
claro, facilidades para a instalação de empresas estrangeiras, liberalismo econômico.
Receitas econômicas, mas será que o remédio não é pior que a doença? Corte nos gastos
públicos resulta em menos dinheiro para saúde, educação, previdência e menos créditos
para a indústria. O que sempre leva à diminuição do crescimento econômico e às
falências. Ou seja, à recessão. Recessão, desemprego, menores salários, péssimos serviços
públicos. A população mais pobre é muito castigada. Os técnicos do FMI dizem que isso é
um "mal necessário. Depois as coisas melhoram." Depois de morto de fome, melhora para
quem?
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
“Varre, varre,vassourinha.
Varre toda essa sujeira.
Que o povo já está cansado
De viver dessa maneira.”
(Campanha eleitoral de Jânio Quadros)
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
"Fui vencido pela reação, e assim deixo o governo. Nestes sete meses cumpri o meu
dever.
Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando, neste sonho, a corrupção, a mentira e
a covardia, que subordinam os interesses gerais aos apetites e às ambições de grupos
ou indivíduos, inclusive do exterior.
Sinto-me, porém esmagado. Forças terríveis levantam-se contra mim e me intrigam ou
infamam, até com a desculpa da colaboração.
Creio, mesmo, que não manteria a própria paz pública. Encerro, assim, com o
pensamento voltado para a nossa gente, para os estudantes e para os operários, para
a grande família do País, esta página de minha vida, e da vida nacional. A mim não falta
a coragem da renúncia"...
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
O governo de Goulart foi muito agitado. Havia na época dois grupos com
idéias políticas opostas: o dos conservadores - grandes proprietários rurais,
empresários nacionais e estrangeiros, parte da classe média, intelectuais,
estudantes e militares -, que queriam transformar alguns aspectos da vida
brasileira. Apoiado pelos progressistas, Jango tentou fazer as chamadas
Reformas de Base: reforma agrária, educacional e bancária e a nacionalização
de alguns setores da economia dominados por capitais estrangeiros.
O problema é que elas mexeriam com os privilégios de muita gente
poderosa no Brasil.
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
A primeira das reformas de base era a sonhada reforma agrária. Não era
possível que o Brasil, com extensões de terras gigantescas nas mãos de
proprietários que nada plantavam, permitisse que milhões de famílias moradoras
do campo passassem fome porque não possuíam nenhum pedacinho de terra para
cultivar. Japão, França, Alemanha, e até México e China, já tinham realizado
reforma agrária.
Para executar uma reforma agrária, o governo confisca (toma) uma parte
das terras do latifundiário, ou seja, o desapropria. O problema era que a
Constituição só admitia a desapropriação de terras em caso de utilidade pública,
se o governo indenizasse os proprietários em dinheiro. Ora, simplesmente o
Estado não tinha grana para indenizar tantos latifundiários.
Um projeto de expropriação sem indenização em dinheiro foi vetado em
1963. Talvez aí estivesse um dos erros de Jango: ele avaliou que poderia deixar
rolar os protestos populares que o Congresso, acuado, faria as leis. Porém
aconteceria o contrário: a classe dominante, apavorada com os
protestos, veria em Jango apenas um fraco incapaz de
controlá-los. Pediria a cabeça do presidente.
Outra das reformas de base era a reforma urbana,
que controlaria o valor dos aluguéis de imóveis e ajudaria os
inquilinos a comprar a casa própria. A classe média alta, dona
de mais de um imóvel, ficaria apavorada com a “ameaça
comunista de tomar o que é dos outros”.
As reformas de base também eram reformas políticas:
direito de voto para analfabetos e de sargentos e patentes inferiores nas Forças
Armadas.Os comandantes militares torceram o nariz para a idéia de sargentos,
cabos e soldados votarem. Achavam que isso traria indisciplina para as tropas.
As elites e a classe média também repudiavam o voto dos analfabetos, a quem
consideravam “despreparados”. Só estavam preparados para trabalhar, pagar
impostos, passar fome e morrer pela pátria.
As reformas de base eram bem nacionalistas.Incluíam a proibição de
empresas estrangeiras operarem em setores como os de energia elétrica,
frigoríficos, indústrias de remédios, refinarias de petróleo, telefones. Os
nacionalistas achavam que as empresas estrangeiras atuavam nesses setores
pensando unicamente em seus lucros, pouco se importando com os interesses da
nação; já que uma empresa nacional poderia fazer o mesmo serviço e usar os
lucros para reinvestir no crescimento da própria economia brasileira.
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vamos pensar
um pouco...
Caro aluno,
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O presidente pretendia ampliar o mercado consumidor, melhorando as
condições de vida da população, e reforçar o capitalismo brasileiro. Mas não foi
o que os conservadores entenderam: acharam que essas reformas eram "coisa de
comunista" e passaram a fazer forte oposição ao governo para defender seus
interesses, que consideravam ameaçados. Ao mesmo tempo, aconteceram atos de
insubordinação nas Forças Armadas, como o movimento dos sargentos, que
queriam o direito de se candidatar às eleições. Havia também o temor de que o
governo perdesse o controle da situação, pois as camadas populares
pressionavam, exigindo melhores salários, já que a alta inflação do período
diminuía muito seu poder de compra.
A Igreja Católica, proprietários rurais e empresários organizaram
manifestações como a "Marcha com Deus pela família", com apoio de oficiais
das Forças Armadas e da classe média. Criou-se, dessa forma, um ambiente de
desconfiança com relação ao governo, o que facilitou um golpe.
No plano internacional, era a época da Guerra Fria e o mundo estava
dividido em duas forças opostas. Você já viu também que no início da década de
1960 o bloco comunista passou a contar com a participação de Cuba, o primeiro
país socialista das Américas. Para evitar que o Brasil se inclinasse para esse lado,
forças norte-americanas se prepararam para intervir em apoio aos golpistas.
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As lutas de classes chegaram ao ponto mais agudo. Valia tudo, até mesmo
calúnias e baixíssimo nível. Madames subiam às favelas para alertar que "com
Jango, em breve o comunismo vai mandar no Brasil. Aí, o Estado vai tomar tudo
dos pobres, inclusive os filhos, que serão enviados para Moscou e nunca
mais voltarão".
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Panfletos espalhavam que Jango baixaria um decreto ordenando que os
moradores dividissem seus apartamentos com os favelados. Os famintos
desceriam o morro aos gritos de "isso aqui é nosso!" para ocupar as casas das
pessoas de bem.
Jango resolveu apresentar sua última
Cortando a Verdade carta: as reformas de base teriam de passar
Valia tudo contra Jango. Em "por bem ou por mal", como se dizia. No dia
alguns jornais, noticiou-se que 13 de março de 1964, apesar do feriado
o cabeleireiro e o costureiro de decretado de surpresa pelo governador
sua esposa, especialistas em Lacerda, um oceano de centenas de milhares
usar a tesoura, seriam de pessoas compareceram ao célebre
nomeados tesoureiros da Comício da Central do Brasil.
Caixa Econômica Federal.
No Comício João Goulart anunciou
Muita gente riu, mas houve
quem acreditasse.
que estava enviando ao Congresso as
primeiras reformas de base: expropriação de
latifúndios improdutivos, nacionalização das refinarias de petróleo. A galera foi
ao delírio de felicidade, sem ter noção de que em duas semanas Jango seria
derrubado.
Meia dúzia de dias depois foi a vez da classe média paulista dar o troco.
Associações de donas de casa, esposas de maridos com altos vencimentos
mensais, damas da sociedade, pastores evangélicos, comerciantes, policiais,
bicheiros, e demais organizações representativas mobilizaram milhares de
fanáticos nas Marchas da Família com Deus pela Liberdade. Rezavam para que
Deus preservasse os nossos valores: o latifúndio, as contas bancárias, etc.
O toque final foi provocar as Forças Armadas. Os marujos da Marinha de
Guerra criaram uma associação para defender seus interesses, quase um
sindicato. Coisa absolutamente proibida pelos comandantes. Pois o ministro da
Marinha proibiu que os marinheiros comemorassem o segundo aniversário de sua
associação. Mesmo assim, eles fizeram a festa, lá na sede do sindicato dos
metalúrgicos do Rio de Janeiro. Para puni-los, deslocaram-se fuzileiros navais
para a área. Mas em vez de prender os marinheiros, confraternizaram-se. Por fim
os marinheiros se renderam porque tiveram a promessa de anistia (perdão) de
Jango, que foi cumprida. As Forças Armadas jamais perdoariam o presidente por
ter permitido o desrespeito à hierarquia militar.
Em 31 de março de 1964, o general Olímpio Mourão Filho precipitou o
golpe. Tinha o apoio do governador mineiro Magalhães Pinto. Na Guanabara,
Lacerda entrincheirou-se no Palácio da Guanabara, aguardando o ataque dos
fuzileiros navais liderados pelo comandante Aragão. Não houve ataque nenhum.
Jango voou de Brasília para Porto Alegre. De lá, percebeu que a
resistência faria correr o sangue dos brasileiros. Preferiu se exilar no Uruguai.
Mas antes mesmo de renunciar, o senador Auro de Moura Andrade já anunciava
o novo presidente: Ranieri Mazzili, da Câmara dos Deputados.
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Agora, amigo aluno, veja que curiosa coincidência. No momento em que
os militares deram o golpe, havia um força tarefa da Marinha de Guerra norte-
americana rumo à costa brasileira, incluindo porta-aviões, fragatas com
mísseis,
fuzileiros, etc. Se o golpe não fosse vitorioso, nossos amiguinhos ianques daria
uma força para os generais patrióticos verde-amarelos.
Os militares tinham o projeto de mudar o Brasil profundamente. Por isso,
chamaram o golpe de "Revolução de 1964". Mas uma verdadeira revolução só
acontece quando se muda radicalmente a estrutura econômica e política da
sociedade.
No Brasil, a estrutura econômica continuou a mesma: capitalismo,
latifúndios, forte presença do capital estrangeiro. Na estrutura política, o
principal foi preservado: a burguesia continuava no poder. Apenas não o exercia
diretamente, mas sob a proteção dos militares.
Os militares foram os executores. Fizeram o serviço pesado. Mas os
principais beneficiados com o regime militar foram os grandes empresários. Eles
eram ministros, assessores, secretários. Viviam nos gabinetes em Brasília,
pedindo favores, aconselhando, pressionando militares.
Na verdade, o regime militar foi uma ditadura militar e civil. Porque os
civis foram a maioria dos governadores e prefeitos de capitais, havia um partido
político que apoiava o regime (a Arena) e os ministros da área econômica eram
todos civis.
Esse golpe pôs fim a um período democrático da história brasileira,
marcado pela tentativa de um desenvolvimento econômico mais autônomo.
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Em 1964, os militares
tomaram o poder e
implantaram uma ditadura no
Brasil. Muitos dos direitos
constitucionais foram suspensos e
substituídos por uma série de
medidas de exceção. Os golpistas
procuraram definir esse assalto à
democracia como uma revolução.
Na verdade, porém tratava-se
apenas de uma estratégia para
legitimar o golpe e a ditadura que
naquele momento foram impostos
a toda a nação.
Muitos historiadores afirmam atualmente que o golpe foi dado para acabar
com o modelo de desenvolvimento econômico autônomo (“independente”), que
contrariava os interesses da maioria das elites econômicas nacionais e dos
investidores estrangeiros, integrando mais o Brasil ao bloco capitalista.
No clima de
radicalização dos
anos 1960, a direita e
as elites
conservadoras
acabaram triunfando
e, nos 25 anos
seguintes, impuseram
seu projeto ao país.
Nesse período, nosso
país assistiu, com
perplexidade, ao
ferrenho combate às
liberdades civis e aos
movimentos sociais
organizados, no qual não faltaram requintes de crueldade, como tortura,
assassinatos e perseguições.
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Bastava o agente do
SNI apontar um suspeito para ele ser preso. Imagine o clima na sala de aula, por
exemplo. O professor correndo o risco de ser detido caso fizesse uma crítica ao
governo. Os alunos, falando baixinho, desconfiando de cada pessoa nova,
apavorados com os dedos-duros. A ditadura comprometia até as novas amizades!
O pior é que o SNI cresceu tanto que quase acabou tendo vida própria,
independente do general-presidente, a quem estava ligado. Seu criador, o general
Goldery do Couto e Silva, no final da vida, diria amargurado:
“Criei um monstro”.
O novo governo passou a governar por decreto, o chamado A.I. (Ato
Institucional). O presidente baixava o AI sem consultar ninguém e todos tinham
de obedecer. O primeiro Ato Institucional (AI-1) determinava que a eleição para
presidente da República seria indireta. Ou seja, com o Congresso Nacional já
sem os deputados e senadores incômodos, devidamente cassados, e um único
candidato. Adivinha quem ganhou? Pois é, em 15 de abril de 1964 era anunciado
o general-presidente que iria nos governar nos próximos anos: Castello Branco.
Tranqüilos com a vitória, os generais nem se importaram com as eleições
diretas para governador em 1965. Esperavam que o povo brasileiro em massa
votasse nos 6 candidatos do regime. Estavam errados. Na Guanabara e em Minas
Gerais venceram políticos ligados ao ex-presidente Juscelino Kubitschek. (Em
São Paulo não houve eleições. Seriam depois.) Mostra clara de que alguns meses
depois do golpe ainda tinha muita gente que não apoiava o regime.
Pois bem, os militares reagiram. Vinte e poucos dias depois das eleições
desastrosas, foi baixado o AI-2, que acabava em definitivo com as eleições
diretas para presidente da República.
A CONSTITUIÇÃO DE 1967
No Brasil, os homens da ditadura faziam questão de criar uma imagem de
que o país era um regime "democrático". Alegavam que existia partido de
oposição e as eleições para deputado e senador. Está bom, mas acontece que os
políticos mais críticos estavam cassados e o MDB, sob vigilância. Além disso, o
Congresso Nacional ficou com os poderes muito limitados. No fundo, quem
mandava mesmo era o general-presidente e pronto. Decretou-se também o AI-4,
que dava ao governo poderes para elaborar uma nova Constituição.
Dentro dessa preocupação de manter a aparência de democrático, o regime
promulgou a Constituição de 1967. ATENÇÃO: Ela vigorou de 1967
até 1988, quando foi aprovada a nossa Constituição atual.
Promulgar não é bem a palavra. Por que nem sequer existiu uma
Assembléia Constituinte. Os militares fizeram um rascunho do texto
constitucional e enviaram para o Congresso aprovar. O trabalho era pouco mais
que aplaudir. Deputados obedientes como soldados em marcha.
Para começar, eleições indiretas para presidente da República e
governadores de Estado. Os prefeitos de capital e cidades consideradas de
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
"segurança nacional" (como Santos, em São Paulo, o maior porto do país, ou
Volta Redonda, no Rio de Janeiro, por causa da Companhia Siderúrgica
Nacional) seriam nomeados pelo governador. Em outras palavras, a ARENA
governaria o país pela força da lei (e das armas, claro!).
A Constituição de 1967 aumentava as atribuições do Executivo e a
centralização do poder. Pela Constituição, os deputados e senadores não podiam
fazer quase nada, a não ser discursos. Veja bem: a lei não permitia nem mesmo
que o Congresso pudesse controlar as despesas do Executivo.
Os governadores perderam a autonomia para gastar. Para qualquer obra
importante, tinham de pedir dinheiro ao governo federal, ou seja, ao general-
presidente. O mesmo valia para os prefeitos. Por exemplo, vamos imaginar que
na cidade de Itaijuca, o prefeito fosse do MDB. A maioria dos impostos fica com
o governo federal, em Brasília. Esse prefeito quer construir uma escola em
Itaijuca. Não tem dinheiro. Tem de pedir para o governador que é da ARENA, e,
certamente recebe ordens de Brasília para não dar nada. Agora se o prefeito fosse
da ARENA, as coisas mudariam de figura.
Esqueminha montado e quase sem furos. Dá para entender por que o
regime militar não teve medo de manter eleições para o Congresso e permitir a
existência do MDB, não é mesmo? Jogo fácil de ganhar, por que o juiz roubava
escancarado para um lado.
O pior de tudo é que o regime iria fechar ainda mais. O último ato do
governo de Castello foi a LSN (Lei de Segurança Nacional). Reprimir
passava a ser sinônimo de "defender a pátria".
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
Quer dizer então que uma ditadura consegue estabilidade? Essa pergunta
necessita de outra: que tipo de estabilidade estamos falando? Quando
examinamos as estatísticas econômicas percebemos que a estabilidade teve um
preço: o aumento da exploração da força de trabalho.
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
A esquerda
voltava a crescer no
Brasil. Nas ruas, as
passeatas contra o
regime militar
começavam a reunir
milhares de pessoas
em quase todas as
capitais. Diante
disso, a direita mais
selvagem partiu
para suas habituais
covardias. Aliás,
covardia era a
especialidade da
organização de
direita CCC
(Comando de Caça aos Comunistas). O nome já diz tudo. Consideravam que a
esquerda era feita por mamíferos a serem abatidos. Os trogloditas, então
atacaram os atores da peça Roda Viva, de Chico Buarque, em São Paulo.
Surraram todo mundo, inclusive a atriz Marília Pera. Depois metralharam a casa
do arcebispo D. Helder Câmara, em Recife (alguns membros da Igreja católica
estavam deixando de bajular o regime).
A greve operária de Contagem terminou com acordo salarial entre patrões
e empregados. Mas em Osasco a coisa foi diferente. Ela tinha sido bem melhor
preparada, inclusive com participação de estudantes esquerdistas na organização
do movimento.
O governo então falou grosso. O sindicato dos metalúrgicos foi invadido e
o presidente, José Ibraim, teve de se esconder da polícia. O exército preparou
uma operação de guerra e ocupou as instalações industriais. A partir daí, quem
fizesse gracinha de greve teria de enfrentar os blindados e fuzis automáticos. Ou
seja, as greves acabaram.
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
É exagerado achar que toda hora tem tanque na rua, soldados desfilando
dentro das faculdades. Aparentemente não muda muita coisa, porque você vai às
compras, ao dentista, à praia e ao cinema, namora e casa, vê televisão. A não ser
o fato de que seu vizinho é oficial do Exército e você sabe que por isso ele manda
na rua e no bairro, o resto parece bem normal. Mas, se você tiver um pingo de
consciência, desconfia que as coisas não vão bem. Existe um cheirinho de
esquisitice: as pessoas falam baixo, há uma nuvem de mistério cobrindo o país, o
estômago fica pesado demais.
Depois de 1964
ainda dava para fazer
umas passeatazinhas e
desafiar o regime.
Depois do AI-5
(dezembro de 1968) o
regime tinha fechado
de vez.
Passeata era
dissolvida a tiros de
fuzil. Em cada
redação de jornal
havia um sujeito da
polícia federal para
fazer a CENSURA.
Não poderia sair
nenhuma notícia que
desagradasse ao
governo.
Uma simples reportagem esportiva sobre o time do Internacional de Porto
Alegre, com sua camisa vermelha, poderia ser encarada como “propaganda da
Internacional Comunista”. Além de tudo, o jornal não podia dizer que tinha
sofrido a censura (isso, claro, também era censurado). O jeito foi botar receitas
de bolo nos vazios deixados pelas partes retiradas pela polícia. As pessoas
estavam lendo uma página sobre política nacional e, de repente, vinha aquela
absurda receita para fazer uma torta de abacaxi. Os espertos sacavam logo que
era uma forma de protestar, de mostrar a censura. Claro que existem também os
ingênuos, que ainda hoje declaram que “naquele tempo o governo era muito
melhor do que hoje. Bastava abrir os jornais, eles só tinham elogios para o
governo. Aliás, também tinham receitas de bolo muito boas”.
Ninguém podia falar mal do governo. Reclamação na fila do ônibus era
uma linha até a cadeia. Estudantes e professores que conversassem sobre política
poderiam ser expulsos da escola ou da faculdade, devido ao decreto-lei n. º 477
(1969).
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
Imagine o clima dentro da sala de aula. Se o professor contasse aos alunos
o que você está lendo neste livro, corria o sério risco de não poder voltar mais à
sala de aula. Qualquer aluno novo que tentasse se enturmar era logo suspeito de
pertencer ao SNI. Veja que coisa, a ditadura tolheu até as novas amizades!
O político que fizesse oposição aguda seria logo cassado pelo A.I.5. Foi o
caso, por exemplo, do deputado federal Francisco Pinto (MDB), punido em 1974
porque fez no Congresso um discurso chamando de “ditador” o ditador chileno
Pinochet em visita ao Brasil. O deputado Lysâneas Maciel (MDB) solicitou a
criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar denúncias
de corrupção no regime. Não teve CPI nenhuma e ele ainda foi cassado. É isso aí:
numa ditadura, a sociedade não pode fiscalizar o governo. Os cidadãos
estão enjaulados, mas a corrupção está livre.
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
Nem quiseram saber, passaram a fazer grilagem das terras (tomar
ilegalmente). Quando o camponês não queria abandonar a terra, os capangas da
empresa iam lá, ateavam fogo no barraco, destruíam a plantação, espancavam os
moradores.
Como você pode perceber, as lutas de classes entre os grileiros e os
posseiros eram muito fortes. O PC do B quis aproveitar esse potencial de revolta
e chegou na região para montar uma base de treinamento. Foram descobertos
pelo Exército, que deslocou para a região milhares de soldados. Contra uns 60
guerrilheiros. Numa região isolada do país, imprensa censurada, as pessoas só
sabiam alguma coisa através de boatos.
Mas na região do Araguaia até hoje as pessoas humildes se recordam do
que aconteceu. Muitos militares abusaram do poder e espancaram brutalmente
a população para que revelasse os esconderijos dos guerrilheiros. Os
prisioneiros eram torturados de forma bárbara e muitos foram mortos. Os
guerrilheiros mortos foram enterrados em cemitérios clandestinos e até hoje as
famílias procuram seus corpos. Em 1974, a guerrilha do Araguaia estava
destruída.
O QUE DIZER SOBRE ESSA LOUCURA TODA?
Foram rapazes e moças, muitos ainda adolescentes, que tiveram a
coragem de abandonar o conforto do lar, a segurança de uma vida encaminhada,
a tranqüilidade da vida de jovem de classe média, para combater um regime
opressor com armas na mão.
Pessoas que dão a vida pelo ideal de libertação de seu povo não podem ser
consideradas criminosas.
Mesmo que a gente não concorde com os caminhos trilhados. Eles
mataram? Certamente. Mas nunca torturaram. Nem enterraram suas vítimas em
cemitérios clandestinos. E se o tivessem feito, nada disso justificaria a tortura e o
assassinato executados pelo governo.
Além disso, você acha mesmo inadmissível pegar em armas contra um
regime antidemocrático que esmagava o povo brasileiro?
Que moral uma ditadura tem para definir como deve ser combatida?
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Muito triste é saber que alguns desses monstros permanecem na polícia,
nas Forças Armadas e que foram anistiados pelo general Figueiredo em 1979.
Neste país, jamais um torturador sentou no banco dos réus.
A ditadura não se manteve só com violência
física. Ela soube se valer de uma
propaganda ideológica massacrante. Numa
época em que todas as críticas ao governo
eram censuradas, os jornais, a tevê, os rádios
e revistas transmitiam a idéia de que o Brasil
tinha encontrado um caminho maravilhoso
de desenvolvimento e progresso.
Reportagens sobre grandes obras do governo
e o crescimento econômico do país
convenciam a população de que vivíamos
numa época incrível. Nas ruas as pessoas
cantavam: “Ninguém segura esse país”
Os guerrilheiros eram apresentados como
“terroristas”, “inimigos da pátria”, “agentes
subversivos”. Qualquer crítica era vista
como “coisa de comunista”, de
“baderneiro”. Houve até quem chegasse ao cúmulo de acusar os comunistas de
responsáveis pela difusão das drogas e da pornografia!
O futebol, como não poderia deixar de ser, foi utilizado como arma de
propaganda ideológica. Na época, a esquerda se perguntava: “O futebol aliena os
trabalhadores, é o ópio do povo?” E houve até quem torcesse para que o Brasil
perdesse a Copa: como se o trabalhador brasileiro precisasse de uma derrota no
jogo de futebol para realmente se sentir oprimido! Ou seja, quem estava
supervalorizando o futebol: o povão ou a esquerda? De qualquer modo, meu
amigo, aquela seleção de 1970 foi simplesmente o maior time de futebol que já
existiu. Pelé, Tostão, Jairzinho, Gérson, Rivelino, Clodoaldo, Carlos Alberto
Torres, seus craques são inesquecíveis. O tricampeonato conquistado na Copa do
México encheu o país de euforia. Nas casas (pela primeira vez a Copa foi
transmitida ao vivo pela televisão) e ruas o povo explodia de alegria e cantava:
“Todos juntos, vamos/ Pra frente Brasil...” Os homens do governo, claro,
trataram logo de aparecer em centenas de fotos ao lado dos craques. Queriam que
o país tivesse a impressão de que só tínhamos ganhado a Copa graças à ditadura
militar (embora as vitórias de 1958 e 1962 tivessem sido no tempo da
democracia, com JK e Jango).
Além do futebol, os brasileiros conheceram uma nova paixão, o
automobilismo. Até hoje, o mundo só teve um único piloto capaz de vencer na
sua estréia na Fórmula 1: o nosso Émerson Fittipaldi, campeão mundial em 1972
e 1974.
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Nas escolas vivia-se um tempo de
ufanismo (exaltação da pátria). Todo mundo
tinha que acreditar que o Brasil estava se
tornando um país maravilhoso. Nos vidros dos
carros, os adesivos diziam: Brasil – Ame-o ou
deixe-o. É como se os perseguidos políticos
foragidos tivessem se exilado por
antipatriotismo. Um pontapé na verdade.
Claro que essa euforia toda no começo
dos anos 70 não vinha só das vitórias
esportivas e da máquina de propaganda do
governo. Em realidade, o país vivia a excitação
de um crescimento econômico espetacular. Era
o tempo do “milagre econômico”.
Agora responda:
5) Como você percebeu, no Regime Militar as liberdades foram limitadas e
os direitos humanos desrespeitados. Pesquise em jornais e revistas,
recorte e cole numa folha sulfite ou cartolina, um artigo que mostre
situações em que prevalece o clima de liberdade no Brasil de hoje e outro
artigo com notícias relatando ações que na sua opinião limitam essa
liberdade.
Costa e Silva não teve muito tempo para se alegrar com os efeitos do A.I. -
5: um derrame o matou, em agosto de 1969. O povo não teve tempo de se
alegrar: uma Junta Militar, comandada pelo general Lyra Tavares, assumiu o
governo até se nomear o novo general-presidente. O vice de Costa e Silva, o civil
Pedro Aleixo (ex-UDN), não tinha apoiado totalmente o AI-5 e por isso fora
jogado para escanteio.
No mesmo ano, ocorreu a Emenda Constitucional nº1, que alguns
juristas consideram quase como uma nova Constituição. Ela legalizou o arbítrio e
os poderes totalitários da ditadura. Todas aquelas medidas arbitrárias tipo o AI-5
e o decreto-lei 477 foram incorporadas à Constituição. Além disso, ela
estabeleceu que o presidente podia baixar medidas (decretos-lei) que valeriam
imediatamente.
O Congresso disporia de 60 dias para votar a aprovação. Se depois desse
prazo não tivesse havido votação (o Congresso poderia por exemplo, estar
fechado pelo AI-5, ou com número insuficiente de membros comparecendo às
sessões), ele seria automaticamente aprovado por decurso de prazo.
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
Dias depois, era indicado o novo chefe supremo do país. O novo
presidente era o general Emílio Garrastazu Médici. Seu governo teve dois
pontos de destaque: o extermínio da guerrilha e o crescimento econômico
espetacular ( o “milagre”).
Nenhuma época do regime militar foi tão repressora e brutal. Nunca se
torturou e assassinou tanto. Nos porões do regime, as pessoas tinham suas vidas
postas na marca do pênalti. E assim os órgãos de repressão marcaram gols,
liquidando guerrilheiros como Marighella e Lamarca.
Na economia, o ministro Delfim Netto comandou o milagre
econômico. A produção crescia e se modernizava num ritmo espetacular. A
inflação, dentro dos padrões brasileiros, até que era moderada, lá na casa dos
vinte e tantos por cento. Construía-se com euforia. Obras, como a ponte Rio-
Niterói, a rodovia Transamazônica, a refinaria de Paulínia e a instalação da tevê
em cores (1972), pareciam mostrar que a prosperidade seria eterna. A classe
média comprava ações na Bolsa de Valores e imaginava se tornar grande
capitalista.
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Para acelerar o crescimento, ampliaram-se as empresas estatais ou
criaram-se novas, principalmente na produção de aço, petróleo, eletricidade,
estradas, mineração e telecomunicações. Os nomes delas você já ouviu falar:
Petrobrás, Eletrobrás, Telebrás, Correios, Vale do Rio Doce Companhia
Siderúrgica Nacional e tantas outras.
Crescimento e modernização que não beneficiavam as classes
trabalhadoras. Pelo contrário, quanto mais o país crescia, tanto mais piorava a
vida do povo. Em 1969, por exemplo, o salário mínimo só valia 42% do que
representava em 1959. Em 1974, isso
desceu para 36%.
Os ricos foram ficando cada vez
mais ricos e os pobres, cada vez mais
pobres. A ditadura foi uma espécie de
Robin Hood ao contrário, tirava dos
pobres para dar aos ricos!
Essa distribuição de renda ao
contrário era facilitada pelo fato de que
não havia nenhuma greve, nem sindicato
independente, nem a oposição no
Congresso tinha margem de manobra. Era
uma ditadura que fazia uma coisa incrível:
o país crescia como poucos no mundo e
quanto mais riquezas eram produzidas,
mais difícil ficava a vida dos
trabalhadores.
Até nos países mais pobres da África, a mortalidade infantil diminuía. Nas
grandes cidades brasileiras ela crescia. Quanto mais a renda per capita do Brasil
aumentava, mais as crianças pobres morriam por que comiam pouco, não eram
vacinadas, não tinham médico. De repente, houve uma epidemia de meningite.
Doença que pode matar. É preciso que os pais estejam alerta. O que fez a
ditadura? Proibiu que os jornais divulgassem qualquer notícia a respeito. O povo
tinha que ser enganado pela imagem de que no Brasil a saúde pública estava sob
controle. O que veio em seguida era previsível: os pais, sem saber do surto da
doença, não davam muita importância para aquela febrezinha do filho. Achavam
que era só uma gripe. Não levavam para o posto de saúde. Até que a criança
morria. A meningite mataria milhares de meninos e meninas no Brasil, numa das
mais terríveis epidemias do século.
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
É claro que hoje em dia não se pode ter aquela visão de ódio total às
multinacionais. Afinal, com a internacionalização da economia, ou seja, a ligação
econômica direta entre quase todos os países e continentes, elas se tornaram
peças fundamentais da economia mundial. Inclusive, por que parecem realmente
ser úteis parceiras em alguns setores, já que nenhum país pode ter sozinho
tecnologia e capital para produzir tudo. Todavia, é sensato esclarecer alguns
pontos: por que elas são as responsáveis por grande parte da dívida externa
brasileira? Será benéfico o governo pedir dinheiro emprestado aos banqueiros
internacionais para fazer obras gigantescas a favor das multinacionais? Ou
simplesmente para financiá-las? Será correto que elas mandem para fora lucros
de bilhões de dólares em vez de aqui reinvestir? Será interessante o seu poder de
levar à falência as empresas nacionais, através de uma concorrência desleal? Será
que elas realmente nos transferem tecnologia ou só mandam pacotes prontos
feitos nos seus laboratórios? Será que elas não mandam dinheiro escondido “por
debaixo do pano” Será que não interferem na nossa vida interna, combatendo
governos que não lhes interessam, mesmo se estes forem a favor do povo? Será
saudável que produzam aqui remédios e produtos químicos proibidos em seus
países de origem? Por que será que um operário da Volkswagen ou da Ford no
Brasil faz o mesmo serviço, nos mesmos ritmos e níveis de tecnologia, que
operários dessas empresas na Alemanha ou nos Estados Unidos e, no entanto,
ganha tão menos? Quantas perguntas...
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Claro que a esquerda não podia dar bobeira. A ditadura ainda existia. Um
trágico exemplo disso foi o massacre da Lapa, quando agentes do Exército
invadiram uma casa neste bairro da capital paulista, em 1976, onde se realizava
uma reunião secreta de dirigentes do PC do B. As pessoas nem puderam esboçar
reação: foram exterminadas ali mesmo, covardemente.
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O Pacotão também alterou o quociente eleitoral, de modo que os Estados
do Nordeste, onde a população rural ainda era dominada pelos currais eleitorais,
assegurado o direito de eleger um número maior de deputados para o Congresso.
No sertão nordestino, chuva mesmo, só de deputados da Arena. O pacotão fazia
das eleições um jogo de futebol em que o dono da bola joga de um lado e, ao
mesmo tempo, é juiz.
Em 1978 foi decretado o fim do AI-5, o que mostrava alguma boa
vontade de Geisel com a abertura política. Mas antes de ele acabar com o ato
arbitrário, usou o AI-5 para cassar diversos opositores. Mais ou menos como o
pistoleiro que mata todo mundo e que, depois de acabarem as balas, resolve se
arrepender do que fez. A garantia disso tudo era a Lei de Segurança Nacional
(LSN) que continuava sendo mantida.
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Organizada nas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), a população
católica ia se conscientizando. Descobria-se que o Evangelho não era uma
mensagem para manter escravos, mas justamente o contrário, uma boa-nova de
libertação, libertação de toda a opressão, incluindo a opressão social. Nos anos
80, surgiram diversos movimentos de operários e de camponeses, que ergueram
sua voz para exigir direitos. Muitos deles se originaram das CPT (Comissões
Pastorais da Terra) e das CEBs católicas.
O movimento estudantil universitário renascia. Nas principais
universidades do Brasil, o pessoal reorganizava as entidades representativas
(Centros Acadêmicos, Diretórios Acadêmicos, Diretórios Centrais dos
Estudantes). Esta geração do final dos anos 70 e começo dos anos 80 mostraria
que a política ainda corria no sangue dos estudantes. Mas as coisas não eram
fáceis. As faculdades ainda estavam cheias de agentes secretos do SNI infiltrados
e em algumas tentativas de refazerem a UNE, foram desfeitas com brutalidade
pela polícia. Mesmo assim, em 1979, num congresso em Salvador, a UNE estava
recriada.
Entidades como a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência) a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e intelectuais de prestígio se
manifestavam contra o regime. A imprensa alternativa, representada pelos jornais
O Pasquim, Movimento e Opinião, não descansava. A censura tinha sido
abrandada no final do governo Geisel e, portanto, já havia um espaço para falar
de coisas novas na política.
Em 1975, foi criado o MFA (Movimento Feminino pela Anistia), para que
os presos políticos fossem soltos, os exilados pudessem voltar à pátria e os
cassados recebessem justiça. Em 1978, foi criado o CBA (Comitê Brasileiro pela
Anistia). O Brasil repudiava a tortura e a arbitrariedade.
Como você vê, a oposição estava articulada: jornalistas, MDB, estudantes,
Igreja Católica, intelectuais, movimento pela anistia. Mas as coisas não seriam
tão fáceis assim.
A extrema direita respondeu com fogo. D. Adriano Hipólito, bispo de
Nova Iguaçu (Rio de Janeiro), foi seqüestrado e espancado. Bombas explodiram
na ABI (Associação Brasileira de Imprensa), e na Editora Civilização Brasileira.
A situação ficou tensa. As forças democráticas avançavam, mas a direita
replicava. O governo, irritado, se confundia, reprimia, vacilava. Era o impasse.
Para onde iria o Brasil?
Apesar de toda a articulação da sociedade, o regime autoritário dava a
impressão de ser capaz de resistir por muito tempo. Seria uma muralha
indestrutível?
Haveria algum movimento social capaz de provocar a virada decisiva? As
pessoas se entreolhavam angustiadas: e agora?
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A ditadura reprimia sem dó. O operário Santo Dias, ativista sindical, foi
assassinado pela PM na rua. Era preciso deixar claro que novas rebeldias não
seriam toleradas.
Pois não se intimidaram. Contra os abusos dos patrões, novas greves no
ABC, em 1980.
Uma operação de guerra foi montada. Guerra contra trabalhadores
desarmados. O comandante do II Exército planejou as ações bélicas.
Mobilizaram-se homens, armas, recursos. A polícia federal chefiada pelo Dr.
Romeu Tuma, o DOPS e o DOI-CODI prenderam Lula e mais 15 dirigentes
sindicais. Ficaram incomunicáveis.
Esperavam que, prendendo a liderança, acabariam as greves. Engano. Esse
era um novo sindicalismo. Organizado pela base, sem chefes supremos a decidir
tudo.
A greve continuava. Proibida pelo governo, decretada ilegal pelo Tribunal
do Trabalho. Mais prisões de políticos, advogados e sindicalistas. A televisão só
entrevistava ministro, patrão, policial e pelego, para dar a impressão de que o
Brasil era contra. Mas o povo colhia donativos nas ruas para ajudar as famílias
dos operários. Provocadores da polícia destruíram lojas, para criar a fama de que
greve é baderna. Jornalistas os fotografaram e desmascararam a armação.
O Exército deu, então, o ultimato. As ruas de São Bernardo do Campo
foram ocupadas por blindados, soldados de fuzis automáticos, ninhos de
metralhadoras. Helicópteros equipados com bombas patrulhavam a cidade.
Estava terminantemente proibido fazer assembléia operária.
Pois uma multidão de 120 mil pessoas desafiou o poder. Cabeças erguidas,
força da verdade no coração. Massacrá-los seria dar início a uma guerra civil.
No dia seguinte, não havia mais soldados em São Bernardo. A luta da
classe operária havia derrotado a ditadura.
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Figueiredo gostava de dizer que “jurou fazer deste país uma democracia”.
Mas sua abertura foi uma mistura de oportunismo com recuo. É bem verdade que
a censura abrandou, embora fosse mais fácil publicar revistas pornôs do que
jornaizinhos de esquerda. Realmente, Figueiredo era tolerante com as
manifestações democráticas.
Não foi à toa que os generais linha-dura nunca o perdoaram e até hoje o
xingam de “traidor do regime”. Ponto favorável para ele no julgamento da
história. Mas não se deve esquecer o lado repressor do governo Figueiredo:
reprimiu greves; prendeu militantes do PCB e do PC do B; expulsou padres
estrangeiros que colaboravam com a luta camponesa pela reforma agrária; impôs
novidades nas regras eleitorais, para favorecer o governo; fez com que mudanças
na Constituição só ocorressem com aprovação de dois terços do Congresso;
enquadrou estudantes na LSN (Lei de Segurança Nacional).
A extrema direita, que nunca foi reprimida, continuou fazendo das suas:
um atentado terrorista à secretária da OAB (1980). No ano seguinte, durante um
show de MPB comemorando o dia 1º de maio, várias bombas foram instaladas
no Rio-centro (Rio de Janeiro). A operação falhou e a bomba explodiu no colo
dos próprios militares, matando um sargento e ferindo gravemente um capitão do
Exército.
O objetivo dos setores militares que promoviam essas ações era atribuir os
atentados à esquerda e, assim, ganhar argumentos para combater a abertura
política.
A campanha da sociedade pela redemocratização do país obteve os
primeiros resultados positivos: anistia, fim do bipartidarismo...
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Acontece que o candidato oficial do PDS, Sr. Paulo Maluf, estava muito
queimado. Sua ligação com a podridão do regime atraía o ódio popular. Se ele
fosse presidente seria uma decepção muito grande para o Brasil.
Muitos políticos do PDS perceberam que não dava para Maluf. Liderados
pelo senador José Sarney, eles formaram a Frente Liberal que, no Colégio
Eleitoral, elegeu Tancredo Neves presidente do Brasil (o vice era Sarney).
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DA NOVA REPÚBLICA AO
GOVERNO ATUAL
Bem, até aqui você aprendeu que, no final de 1983 e início de 1984, teve
início um dos maiores movimentos populares do século XX no Brasil. Era a
campanha pelas “Diretas Já” – eleições diretas para presidente da República, que
culminou com a eleição de Tancredo Neves. Ele não chegou a tomar posse, vindo
a falecer no dia 21 de abril de 1985.
José Sarney, vice-presidente, assumiu a Presidência da República, dando
inicio a uma fase denominada de Nova República.
Vamos lá?!
A SITUAÇÃO MUNDIAL
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Afinal, imagens,
notícias, bens culturais de
qualquer parte do planeta
estão ao alcance de todos
aqueles que podem pagar
por eles!
No século XXI, quem
não puder estudar
ficará para trás. Cada
vez mais o mundo
precisa de pessoas
qualificadas. O Brasil
estará pronto para
responder a esse
desafio?
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Durante 300 anos, o primeiro bloco recebia o nome genérico de colônias,
e o segundo de metrópoles. Mas as coisas evoluíram e, no século XIX, as antigas
colônias proclamaram sua independência. Passaram então a ser chamadas de
países pobres, enquanto as ex-metrópoles ficaram conhecidas como países ricos.
Mais um pouco de evolução e nova mudança: em meados do século XX os
pobres passaram a ser chamados de subdesenvolvidos; e os ricos, de
desenvolvidos.
Finalmente, às vésperas do século XXI fomos informados de que o mundo
era um só, “globalizado”, e que todos os países – ricos, pobres, desenvolvidos,
subdesenvolvidos, emergentes, ou seja lá como se queira chamar – pertenciam a
UM ÚNICO BLOCO. Não teria sentido, portanto, haver qualquer barreira
econômica entre eles, pois afinal de contas, estavam todos no mesmo barco.
Se D. João III de Portugal – sob cujas ordens se criou no Brasil a
primeira colônia mercantilista do mundo – pudesse ver os acontecimentos
atuais, provavelmente teria um ataque de riso. Ele entendia tanto de colônia
como de barcos. E no seu tempo havia naus, caravelas e também galés movidas
a remo. Nestas, quando os comandantes precisavam incentivar os remadores a
fazer mais força, tratavam de lembrá-los de que todos estavam no mesmo
barco...
VICENTINO, Cláudio. E MOURA, José Carlos Pires de. História (apostila Anglo). 2000.
• ÁSIA
O processo urgente de industrialização foi à tônica dos anos 80-90 na
Ásia, assim, uma intensa atividade econômica envolveu essa região.
A modernização da CHINA teve início em 1984 com a adoção de
medidas liberais na área econômica. Contudo, o país permanecia fechado às
liberdades democráticas. Em maio de 1989, a onda de manifestações,
denominada Primavera de Pequim, acabava em repressão total. O governo agiu
com violência diante das manifestações populares contra a corrupção política.
Tanques de guerra massacraram centenas de manifestantes na Praça da Paz
Celestial, em Pequim.
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Na última década do século XX, A China aparecia como um dos mais
fortes pólos da economia mundial. Tornou-se grande exportadora de produtos
industrializados: tecidos, calçados, roupas, brinquedos, etc.
O JAPÃO manteve seu crescimento econômico e a estabilidade política,
apesar das denúncias de corrupção envolvendo importantes autoridades do
governo. Os países chamados “TIGRES ASIÁTICOS” (Taiwan, Coréia do Sul,
Cingapura e Hong Kong), beneficiados com os altos investimentos vindos do
Japão e dos Estados Unidos, reforçaram seu setor industrial eletrônico. Voltada
para a exportação, à produção industrial desses países entrou no mercado externo
com preços muito competitivos.
APARTHEID!?
No começo do século XXI, o Brasil vive uma crise marcada por profundas
desigualdades.
Democrática na aparência, a sociedade brasileira ainda é essencialmente
elitista e autoritária. Nossa democracia é extremamente limitada ao plano formal;
expressando-se em frases pomposas como: todos são iguais perante a lei ou todo
cidadão tem direito ao voto.
Na verdade, sabemos que a democracia autêntica não chegou ao cotidiano do
povo. Não democratizamos o acesso à escola, à saúde, às condições materiais
mínimas para uma vida digna. Vivemos, na prática, um enorme apartheid social. De
um lado, uma elite ostentando um padrão de vida de País Desenvolvido. Do outro,
uma imensa população de subcidadãos, subnutridos. Esses grupos vivem no Brasil
como se habitassem países completamente diferentes.
Dados do IBGE, mostraram que o Brasil possui por volta de 30 milhões de
indigentes, o que representa algo equivalente à população da Argentina. Eles formam
a imensa legião dos sem-terras, sem tetos, meninos de rua, famintos urbanos.
Pessoas que convivem diariamente com o sofrimento, a humilhação, a fome, a
violência, a doença. São evitados, temidos, odiados pelo Brasil rico, como se fossem
os únicos culpados da sua própria desgraça.
É a pobreza gerando mais pobreza. O preconceito gerando mais preconceito.
• O FIM DA URSS
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 3ª série
Com a abertura política e econômica, ocorreu a liberalização cultural, a
diminuição da intervenção estatal nos meios de comunicação e a volta da
liberdade de imprensa.
A crise econômica, o caos político e a abertura para a descentralização
culminaram na desagregação lenta e contínua do Bloco Soviético.
A queda do muro de Berlim (1989) foi o marco dessa desestruturação. A
partir de então, ocorreram pressões de movimentos a favor do fim da ditadura do
Partido Comunista (PCUS) da União Soviética.
Em 1991, após uma tentativa de golpe (feita por civis e militares
conservadores), Gorbatchev renunciou. Era o fim da URSS, e os países que
faziam parte tornaram-se independentes, um depois do outro.
A União Soviética voltou a ser Rússia. A
partir desse momento, nascia a CEI (Comunidade O fim da União
dos Estados Independentes), aglomerando os países Soviética significou
também o fim da
liderados pela Rússia. Guerra Fria e uma
Em março de 2000 foi eleito um novo grave crise no
presidente para a Rússia, Vladimir Valdimirovitch movimento comunista
em todo o mundo.
Putin. Este procura combater a corrupção e a
criminalidade. Ele defende um Estado Forte, aberto à economia de mercado. Nas
relações internacionais, demonstra interesse em entrar para a União Européia.
Na política externa de Putin, um aspecto interessante é sua aproximação
com a Alemanha, maior financiadora da Rússia nos anos de 1990, com
expressivas representações empresariais e que possuem muitas ações de
empresas no País.
A Alemanha é vista como um aliado tradicional, especialmente nos
esforços de se evitar a supremacia norte-americana.
• A UNIFICAÇÃO EUROPÉIA
A atual União Européia teve seu início efetivo em 1957-1958. Mais
conhecido como Mercado Comum Europeu (MCE), esse organismo foi criado
com o objetivo de garantir a livre circulação de mercadorias, serviços e
pessoas entre os países membros, isto é, formar um mercado único e moeda
única – o euro. Assim, sua finalidade era eliminar os obstáculos, alfandegários
ou não, que impediam o livre comércio.
Ao longo de década de 1990, o MCE, que está sediado em Bruxelas
evoluiu para se tornar uma união monetária, o que confirmou seu forte caráter
político. Por isso, em 1994, o antigo MCE cedeu lugar à União Européia (UE),
que pretende construir uma unidade política, econômica, monetária e militar na
Europa.
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O enorme êxito do MCE muito contribuiu para ampliar a importância
econômica da Europa ocidental e reduzir a interferência norte-americana nessa
região, colocando-a em condições de voltar a concorrer com os Estados Unidos,
com nítida vantagem em alguns setores, principalmente por parte da Alemanha,
que possui a economia mais forte do continente europeu. A atual União Européia
colhe os frutos desse projeto arrojado, pois a Europa Ocidental voltou a ocupar a
tradicional posição de centro mundial de poder.
O objetivo de ampliar a integração européia se deve tanto ao seu próprio
sucesso como também ao desafio representado pelo crescimento japonês e pelo
enorme poderio norte-americano, os dois outros pólos ou centros mundiais de
poder. Unidos, os países da Europa constituem a maior economia do planeta, o
maior mercado consumidor do mundo.
Mas a unificação é, sobretudo, uma maneira de a Europa voltar a exercer
uma liderança política de primeiro plano no mundo no início do século XXI.
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No plano externo, Bush adotou medidas que, segundo historiadores,
poderão incentivar nova corrida armamentista.
Retomou, por exemplo, o projeto do governo Reagan que propunha a
criação de um polêmico sistema de defesa antimíssil (Guerra nas Estrelas),
para proteger os EUA e seus aliados de um eventual ataque por parte de países
inimigos. Leia o quadro ao lado.
A postura que os EUA pareciam decididos
a adotar – de potência hegemônica auto-
suficiente – sofreu sério abalo na manhã do dia
11 de setembro de 2001, quando aviões
seqüestrados por terroristas suicidas foram
atirados contra dois dos principais símbolos do
poderio econômico e militar norte-americano: o
World Trade Center, em Nova York, e o
Pentágono, em Washington. Um outro avião caiu
nos arredores de Pittsburgh (nordeste dos EUA),
antes de atingir seu alvo.
Em 200 anos de história recente, foi a
primeira vez que os EUA tiveram seu próprio território atacado por forças
estrangeiras. As torres do World Trade Center foram atingidas por dois aviões.
O impacto do segundo
avião foi acompanhado por
milhões de pessoas em todo o
mundo, que assistiram pela
TV às imagens da primeira
torre atacada. Menos de 2
horas depois dos choques,
enquanto os bombeiros
tentavam resgatar as vítimas,
as duas imensas torres
desabaram, causando pânico
e cobrindo Nova York com
uma espessa nuvem de poeira.
Estima-se que debaixo dos destroços tenham ficado cerca de 5 mil
pessoas. O edifício do Pentágono (sede do comando militar norte-americano) foi
atingido por um Boeing-747. Cerca de 260 pessoas morreram no ataque.
No mesmo dia do ataque o presidente dos Estados Unidos classificou a
ação como “ato de guerra” e prometeu “caçar e punir” os grupos envolvidos e
“aqueles que os abrigam”.
As investigações iniciais revelaram o nome de 19 suspeitos de serem os
seqüestradores, todos de origem árabe. Alguns viviam havia algum tempo nos
EUA, onde inclusive aprenderam a pilotar aviões.
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O árabe Osama Bin Laden foi apontado como
idealizador do ataque. Escondido no Afeganistão,
vivia sob a proteção do TALEBAN, uma
organização guerrilheira formada por islâmicos
radicais e que controlava, na época do atentado, 95%
daquele país.
Após o ataque, os EUA articularam uma
aliança internacional contra o terrorismo. Os Estados
Unidos da América conseguiram atrair para sua
causa várias nações do mundo: Inglaterra, França,
Itália, Japão, Alemanha, Canadá e Rússia, além do
Paquistão, vizinho e ex-aliado do Taleban.
O objetivo principal era capturar Osama Bin Laden. Para isso, tornou-se
necessária à invasão do Afeganistão (capital é Cabul), já que o Taleban se
recusou a entregá-lo para julgamento.
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Sem poder prever os rumos desses conflitos e suas conseqüências para o
mundo, a opinião pública internacional se dividiu entre aqueles que apoiavam a
guerra liderada pelos EUA e os que clamavam pela paz mundial e uma ação
contra o terror coordenada pela ONU.
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Na tentativa de equilibrar a economia interna, foram postos em prática
alguns planos, cuja principal característica era o combate a inflação,
implantando o congelamento de preços e salários.
A partir de abril de 1985, trabalhadores dos mais variados setores promoveram greves por
melhorias salariais. Entre as categorias que paralisaram suas atividades estavam os
metalúrgicos, metroviários, ferroviários, aeronautas, motoristas de ônibus, médicos,
funcionários dos correios, professores e trabalhadores rurais.
No Plano Bresser, do ministro Luís Carlos Bresser Pereira, foi efetuada uma
desvalorização da moeda e o congelamento dos preços por 90 dias. Como não
houve resultados positivos, o ministro pediu demissão.
Com o Plano Verão, do ministro Maílson da Nóbrega, que entrou em vigor
em janeiro de 1989, a moeda passou a se chamar Cruzado Novo, valendo mil
Cruzados, e houve congelamento de preços e salários. Este plano também não
funcionou e a inflação voltou a subir.
Com o crescimento da dívida externa e interna, o país ficou
desacreditado no exterior, diminuindo os investimentos estrangeiros.
Os altos índices de inflação, as denúncias de
corrupção no governo, as constantes greves, o
assassinato de trabalhadores rurais e o aumento da
criminalidade enfraqueceram o governo,
fortalecendo a oposição.
Ao lado: Chico Mendes, líder seringueiro
e sindicalista do Acre. Mundialmente conhecido
pelas denúncias de destruição da Floresta
Amazônica, foi assassinado em dezembro de 1988,
depois de ter sofrido várias ameaças
A Constituição de 1988
Sarney convocou uma Assembléia Nacional Constituinte e coube ao
Congresso Nacional, que fora
eleito em 15 de novembro de
1986, elaborar a nova
Constituição para o país.
A Constituição
promulgada em 5 de outubro
de 1988 devolveu ao país a
democracia.
Houve a participação
popular em sua elaboração,
por meio de abaixo-assinados,
orientados por sindicatos de Na Constituição de 1988, nossa atual constituição
classe, entidades religiosas, e está escrito:
vários outros segmentos da so- “Um dos direitos fundamentais do cidadão é o de
ciedade. não sofrer discriminação racial ou social.
Do ponto de vista dos Será que esse direito é plenamente
chamados direitos sociais nela respeitado em nosso pais?
inscritos, é a mais ampla de
nossa história.
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Assim, em 5 de outubro de 1988, o presidente da Assembléia Nacional
Constituinte, Ulysses Guimarães, declarou promulgada a nova Constituição,
qualificando-a de “Constituição Cidadã”.
À esquerda a capa
da revista Veja, de 18
de janeiro de 1989,
retrata o lançamento
de mais um plano
econômico, o Plano
Verão.
A outra foto é de
Ulysses Guimarães,
ao promulgar a
Constituição
brasileira de 1988,
que ele denominou
de “Constituição
Cidadã”.
Não se esqueça!!
A constituição Federal do Brasil, promulgada em 5 de
outubro de 1988 é a nossa ATUAL CONSTITUIÇÃO.
É A LEI MAIOR DO NOSSO PAÍS.
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A campanha
de
COLLOR
contou com
o apoio
financeiro
dos grupos
mais
poderosos
do país.
O objetivo desse apoio era EVITAR a eleição de LULA, que mantinha vínculos com
movimentos populares. Desde o início de seu governo, Collor promoveu intensamente
sua imagem, como a de um presidente jovem e saudável que andava de jet-ski,
pilotava aviões e fazia corridas dominicais vestindo camisetas com frases de efeito.
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Queima de
arquivo?
Em junho
de 1996, PC
Farias apareceu
morto com um
tiro. Houve
quem dissesse
que foi a
namorada
desprezada que
o teria matado e
depois se
suicidado.
Mas a coisa foi muito confusa. PC durante todo o tempo esteve de bico calado, indo para
a cadeia sem comprometer nenhum cúmplice.
E agora? Levou para o túmulo os segredos da corrupção no Brasil? Teria sido uma
queima de arquivo?
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Assim, bilhões de dólares foi arrecadado com a venda dessas empresas,
realizadas sob a forma de leilão, na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. O
dinheiro foi em grande parte utilizado para pagar a dívida pública do governo. Os
governos estaduais e municipais também venderam empresas públicas.
Saiba que a maioria das empresas foi vendida para multinacionais
estrangeiras.
Outro ponto importante do programa de governo referia-se à Reforma da
Previdência. Nesse setor, a reforma não ocorreu como o governo desejava, mas
foi abolida a aposentadoria por tempo de serviço e as aposentadorias especiais,
instituindo a aposentadoria por idade e tempo de contribuição. O estatuto do
funcionário público também sofreu alterações, como a quebra da estabilidade.
Em 1997, o presidente Fernando Henrique conseguiu que o Congresso
aprovasse uma emenda constitucional permitindo a reeleição dos executivos, em
todos os níveis: municipal, estadual e federal.
FHC e a saúde
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As consequências foram muito graves para a economia brasileira – o Real
foi desvalorizado, o custo de vida subiu, a dívida aumentou e os investimentos
foram reduzidos.
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Além disso, dificilmente alguém que não disponha de muito dinheiro para
despender com sua campanha eleitoral poderá se candidatar a algum cargo.
O resultado é que poucos são os candidatos que, na defesa de interesses mais
populares, conseguem concorrer com aqueles que detém maior poder econômico.
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Enquanto isso...
...continua a violência no campo entre os
sem-terra e os ricos fazendeiros
que usam da força para abafar o movimento.
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...e as reformas...
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DIREÇÃO:
VOTORANTIM, 2003.
(Revisão 2007)
OBSERVAÇÃO
APOIO
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