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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE MACAÉ – FUNEMAC

FACULDADE PROFESSOR MIGUEL ÂNGELO DA SILVA SANTOS

NANOTECNOLOGIA:
Introduzindo os Conceitos Básicos

Grupo: NANOTRONS

Daureo Moraes da Costa Silva (2° – SI)


Lis Silva Siqueira (2º – SI)
William Alves de Oliveira Pereira (2° – EP)

MACAÉ, RJ
NOVEMBRO DE 2010
NANOTECNOLOGIA:
Introduzindo os Conceitos Básicos

Grupo: NANOTRONS

Daureo Moraes da Costa Silva (2° – SI)


Lis Silva Siqueira (2º – SI)
William Alves de Oliveira Pereira (2° – EP)

PROJETO SEMESTRAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DA FACULDADE

PROFESSOR MIGUEL ÂNGELO DA SILVA SANTOS (FeMASS) COMO PARTE DA

SISTEMÁTICA DE AVALIAÇÃO POR PROJETOS (SAP).

Banca Examinadora:

_______________________________________________
Prof. Ma. Larissa Frossard Rangel Cruz (Orientador)

_______________________________________________
Prof. Hans Schmidt Santos

MACAÉ, RJ - BRASIL

NOVEMBRO DE 2010
RESUMO

A nanotecnologia é uma nova tecnologia que começa a traçar seu rumo,


desbravando um novo mundo, o mundo nano métrico. O que eram conhecidos como
os blocos que constituem a matéria – os átomos - agora podem ser arrumados e
remodelados conforme a intenção daquele que o manipula. Neste trabalho foi
possível reunir informações que caracterizam a nanotecnologia, comparando e
diferenciando do termo miniaturização. Além disto, apresentam-se exemplos práticos
de uso desta tecnologia em vários ramos da Ciência. Foi possível concluir que a
implementação de funcionalidades já existentes se tornam mais eficazes em novos
dispositivos e novas estruturas, graças a novas formas de aplicação e das
propriedades diferentes encontradas a nano escala. Propriedades essas que
também são alternativas que contribuem para a solução do que antes parecia
impossível. A nanotecnologia esta difundida em todo mundo e apesar de pouco
investimento, comparado ao cenário global, o Brasil também caminha em direção a
essa revolução.

PALAVRAS-CHAVE: Nano, nanotecnologia, miniaturização, nanoestruturas.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 5
1.1. OBJETIVOS. ........................................................................................................ 6
1.1.1. Objetivo geral.................................................................................................... 6
1.1.2. Objetivo específico............................................................................................6
1.2. JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 6
1.3. METODOLOGIA ................................................................................................... 7
2. A ESCALA NANO ................................................................................................. 8
2.1. NANOTECNOLOGIA E MINIATURIZAÇÃO .......................................................10
3. APLICAÇÕES DA NANOTECNOLOGIA ............................................................12
3.1. O GRAFENO COMO ALTERNATIVA AO SILÍCIO ............................................ 12
3.2. MEMÓRIA SONDA (ATOMIC-FORCE MEMS MEMORY)................................. 13
3.3. METAIS AMORFOS .............................................................................................15
3.4. NANO MOTOR MOLECULAR ........................................................................... 16
3.5. DEMAIS APLICAÇÕES .....................................................................................17
4. NANOTECNOLOGIA NO BRASIL ...................................................................... 20
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 25
5.1. CONCLUSÕES ................................................................................................... 25
5.2. PROPOSTAS DE TRABALHOS FUTUROS .......................................................26
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 27
5

1. INTRODUÇÃO

No ano de 1959, em uma conferência do California Institute of Technology


(CALTECH), Richard Feynman, ganhador do Prêmio Nobel de Física de 1965, já
idealizava o futuro da nanotecnologia, mesmo sem referir-se a esse termo, e
fomentava o interesse pelo mundo nano ao propor as possibilidades físicas da
preparação e da manipulação da matéria a escalas atômicas. Abre-se então um
novo ramo na Ciência.1
Muitos anos se passaram desde a tão famosa palestra ministrada pelo físico.
Atualmente diversos produtos já chegam ao mercado contando com a tecnologia
decorrente de pesquisas nessa área e muitas são as perspectivas para novos.
Mas como surgiu o termo nano? O que pode ser considerado
nanotecnologia? Qual sua principal aplicação em relação ao apoio as outras áreas
da Ciência? Há algum interesse em pesquisas ou aplicações dessa tecnologia no
país?

1
Conteúdo da apresentação (em inglês) disponível em: http://feynman.caltech.edu/plenty.html
6

1.1. OBJETIVOS

1.1.1. Objetivo Geral

O objetivo geral deste trabalho é reunir informações que caracterizem a


nanotecnologia, suas principais ferramentas, bem como, seus impactos no
desenvolvimento científico.

1.1.2. Objetivo Específico

Para ajudar no entendimento da nanotecnologia e sua repercussão no país,


serão abordados os seguintes assuntos:
 Conceituar o termo “nano”;
 Comparar e analisar a diferença entre miniaturização e nanotecnologia;
 Descrever exemplos de uso em outros ramos da Ciência;
 Identificar possíveis fomentos a pesquisa científica relacionada à nano
tecnologia no cenário nacional.

1.2. JUSTIFICATIVA

Por ser uma tecnologia que serve de suporte para muitas áreas do
conhecimento, a nanotecnologia é um tema relativamente novo e é muito aclamado
no meio científico devido ao potencial para se tornar peça chave em cada um dos
campos a que dá apoio. Os primeiros passos já foram dados e a pesquisa nessa
área é tanto de interesse para os profissionais nas áreas de Engenharia quanto aos
profissionais nas áreas de Computação.
7

1.3. METODOLOGIA

Este trabalho será realizado a partir de uma pesquisa bibliográfica, focada


em trabalhos acadêmicos, artigos científicos e artigos publicados em periódicos
relacionados a essa temática.
8

2. A ESCALA NANO

Há algum tempo, filósofos gregos se questionavam se o que existe no mundo


poderia ser dividido em partículas menores, o que denominaram de átomos, que
seria a menor parte da matéria. Ao decorrer da história, cientistas chegaram a
conclusão que o átomo realmente existia. Porém somente no século XIX
descobriram que os átomos podem ser divididos em partes ainda menores. Essas
partes medem menos de um bilionésimo do metro, ou seja, medem menos de um
nanômetro (nm). “Nano” é um prefixo que vem do grego antigo e quer dizer anão.
Segundo Durán, Matoso e Morais (2006, p.19 apud BERGER FILHO, 2009),

[...] nano é um termo técnico usado em qualquer unidade de medida,


significando um bilionésimo dessa unidade, por exemplo, um
nanômetro equivale a um bilionésimo de um metro (1nm = 1/1.000.
000.000) ou aproximadamente a distância ocupada por cerca de 5 a
10 átomos, empilhados de maneira a formar uma linha [...].

Só é possível enxergar objetos em escala nano com a ajuda de microscópios


especiais, pois o olho humano só consegue visualizar objetos com mais de 10 mil
nanômetros.
A figura 1 faz uma pequena comparação entre tamanhos, desde o ångström
(Å) - medida de comprimento que se relaciona com o metro através da relação: 1 Å
= 10-10 m - até o metro(m), que é a medida utilizada pelo Sistema Internacional (SI).
9

Figura 1: Comparação entre a escala de tamanhos dos seres vivos e da nanotecnologia


FONTE: Portal do Ministério da Ciência e Tecnologia

Algumas comparações entre tamanhos:


 os vírus podem ter de 10 a 100 nanômetros;
 a cabeça de um alfinete possui 1 milhão de nanômetros;
 a espessura de um fio de cabelo é de cerca de 80 mil a 100 mil
nanômetros;
 um glóbulo vermelho do sangue tem cerca de 5 mil a 7 mil nanômetros;
 uma molécula de DNA possui cerca de 2 nanômetros de largura;
 10 átomos de hidrogênio, um ao lado do outro, têm o tamanho de 1
nanômetro;
 a espessura de uma folha de papel é de 0,1mm; 1 nm é 100.000 vezes
menor que esta medida.
10

2.1. NANOTECNOLOGIA E MINIATURIZAÇÃO

Norio Taniguchi, um professor da Universidade de Tóquio, em 1974, foi o


primeiro a utilizar o termo nanotecnologia. Segundo Figueiredo (2006, p. 12),

A nanotecnologia corresponde à capacidade de criar agrupamentos


de átomos ou moléculas, cujo arranjo espacial e composição são
usados para obter estruturas com novas propriedades mecânicas,
ópticas, eletrônicas ou magnéticas e, portanto, novos produtos
industriais.

Também, como define Alves (2004, p. 27), por vez a nanotecnologia “seria a
aplicação destas nanoestruturas em dispositivos nanoescalares utilizáveis”.
Desta forma, a nanotecnologia possui a faculdade de manipular átomo a
átomo, ou molécula a molécula, de forma a criar essas novas estruturas,
denominadas também de nanoestruturas.
A tecnologia nano emprega as nanoestruturas em materiais criados em
escalas nanométricas originando novos produtos com as mais diversas
propriedades.
Segundo Alves (2004), a nano escala não é apenas mais uma escala no
meio de tantas outras, mas é uma escala especial, pois nela são identificadas, nos
mais variados materiais, propriedades químicas e físicas diversificadas. Ele também
relata que há uma cumplicidade dos materiais com a nano escala, pois tais
propriedades são fundamentais para o sucesso da nanotecnologia.

O nanômetro (um bilionésimo do metro) é um ponto mágico na


escala dimensional. As nanoestruturas são a confluência do menor
dispositivo feito pelo homem e a maior molécula das coisas vivas. A
ciência e a engenharia da nano escala referem-se aqui ao
entendimento básico e aos resultados dos avanços tecnológicos,
oriundos da exploração das novas propriedades físicas, químicas e
biológicas dos sistemas que apresentam tamanho intermediário entre
os átomos isolados, moléculas e materiais estendidos (bulk), no qual
(tamanho) as propriedades de transição entre estes dois limites
podem ser controladas. (ROCO, 2001 apud ALVES, 2006, p. 29).
11

Uma miniatura é caracterizada por manter os aspectos originais da sua


forma macro, mas com dimensões diminutas. Diferentemente da nanotecnologia,
que está intrinsecamente ligada ao fato de que estruturas nanométricas, obtidas a
partir dela, diferem de qualquer outro tipo de estrutura, apresentando novas
propriedades.
A miniaturização teve um papel essencial no desenvolvimento e na evolução
da indústria dos eletrônicos. Computadores necessitavam de andares inteiros para
abrigar algumas centenas de válvulas; graças à miniaturização hoje podemos
transportar um computador milhares de vezes mais poderoso e centenas de vezes
menor do que os primeiros deles. Não só a computação beneficiou-se dessa
empreitada; qualquer aparelho eletrônico, de calculadoras de mão a televisores, hoje
possui circuitos integrados de tamanhos extremamente reduzidos.
A nanotecnologia ainda carrega uma ideia de miniaturização muito forte,
porém,

Convém esclarecer que nem tudo que é nanométrico é


nanotecnológico. Uma coisa é a miniaturização outra é a
nanotecnologia. Começa a ser consensual que o que é notecnológico
tem propriedades ou funcionalidades resultantes das dimensões
nanométricas e, portanto, diferentes das respectivas versões micro
ou macroscópicas. Por exemplo, os transístores dos
microprocessadores mais recentes têm características físicas com
dimensões inferiores a 100 nanómetros e nem por isso são
dispositivos nanotecnológicos, isto é, o seu princípio de
funcionamento e as suas capacidades são os mesmos dos seus
semelhantes micrométricos. (FIGUEIREDO, 2006, p. 12).

Sendo assim, a miniaturização pode ser definida como o processo de


redimensionamento de produtos já existentes; com o objetivo de deixá-los com um
menor custo de produção e menor consumo de matéria prima; em alguns casos
melhorando significativamente sua funcionalidade.
12

3. APLICAÇÕES DA NANOTECNOLOGIA

3.1. O GRAFENO COMO ALTERNATIVA AO SILÍCIO

Na informática, os microprocessadores necessitam cada vez mais de


capacidade de processamento. Para atender essa necessidade tais dispositivos
tendem a ficar cada vez menores, que também proporcionam maior velocidade de
transmissão.
A velocidade de operação de um transístor é determinada pelo tamanho do
componente e pela velocidade com que os elétrons viajam através dele. Grandes
empresas como IBM e Intel encaram o desafio de diminuir semicondutores e
transistores de forma continua. Porém, ao reduzir tanto esse tipo de dispositivo,
novos problemas emergem, como o superaquecimento e a perda da eletricidade de
forma a afetar em seu desempenho.
O grafeno – nanoestrutura de carbono, formada apenas de uma camada de
átomos, em forma de tela constituída por hexágonos –, assim como descreve Lin et
al (2010), é o possível material eletrônico mais fino de todos – apenas um átomo de
espessura – e oferece um grande potencial para criação de um semicondutor menor
e mais fino entre todos os semicondutores feitos de materiais conhecidos. A grande
vantagem do grafeno é justamente a altíssima velocidade com que os elétrons
conseguem passar por ele.
Transistores de grafeno de efeito de campo têm um alto desempenho,
alcançam frequências muito altas com poucos nanômetros de dimensão, provando
assim sua potencialidade para aplicações na eletrônica e assim, como efeito, para
13

informática. Ainda segundo Lin et al (2010), o grafeno marca um importante


momento para a eletrônica de carbono.

3.2. MEMÓRIA SONDA (ATOMIC-FORCE MEMS MEMORY)

Segundo Pinto (2007), um disco rígido tradicional utiliza dois imãs que se
movem de um lado para o outro, em alguns discos de cima para baixo, a fim de
deslocar os dados em uma placa de metal. Esse método é utilizado há décadas,
mas gera um problema muito conhecido que é a enorme propagação de calor. Ao
aumentar a capacidade de armazenamento dos discos, fica eminente que mais calor
será emitido e maior será o consumo de energia, pois assim, mais os imãs terão que
se mover para manipular uma maior quantidade de dados.
Uma inovação nano tecnológica, conhecida como Memória Sonda, pode ser
uma das respostas para esses problemas pelo fato de não utilizar o processo atual,
o processo magnético.

[...] a memória sonda usa pontas em nanoescala arrumadas num


padrão em X ou Y que se podem mover em paralelo. Estas pontas
estão posicionadas em conjuntos de 32x32 com uma fila para escrita
de dados e outra para leitura. Esta nova técnica de armazenamento
de memória usa MEMS (Micro-Electro Mechanical System), que é o
método para fabricar silicone em tamanhos microscópicos. As
vantagens principais são: velocidade, alta capacidade e pequeno
consumo de energia. (PINTO, 2007).

Ainda, Vettiger et al (2006), os microscópios de força atômica tem uma


pequena ponta que pode literalmente empurrar os átomos das moléculas para
alterar a propriedade dos materiais, ou para escrever em superfícies microscópicas.
Utilizando pontas de sondas de força atômica para escrever, ler e apagar
mecanicamente uma película muito fina de um polímero, pesquisadores da IBM em
Zurique construíram um dispositivo correspondente a um de armazenamento de
dados ultradenso.
14

Em um chip, tem-se uma película de polímero que é posta sob uma matriz
de micro-cantilever – micro plataformas suspensas apoiadas em um único ponto - e
pontas de prova – ou pontas de varredura -, como visto nas figuras abaixo.

Figura 2: Ponta de prova marcando a instrução “1” (on) em camadas de polímeros.


FONTE: Adaptada de Portal IEEE (2006)

Figura 3: Microfotografia de pontas de prova.


FONTE: Adaptada de Portal IEEE (2006)

Uma matriz de micro-cantilever pode ter dimensões de até 64x64, e as


pontas individuais podem ser programadas para operações de escrita ou leitura. Um
sistema do tipo MEMS ativa um micro escâner eletromagneticamente, que se
movimenta sobre a camada do polímero nas direções X/Y em resposta a um pedido,
então, as pontas de prova armazenam ou recuperam dados de acordo com o
pedido. A densidade de armazenamento alcançada foi muito superior comparada
com os melhores dispositivos atuais.
15

Figura 4: Microfotografia do chip (14 mm x 7 mm) fabricado pela IBM.


FONTE: Adaptada de Portal IEEE (2006)

3.3. METAIS AMORFOS

Uma das principais expectativas que decorrem com a nanotecnologia é a


construção das chamadas nano máquinas. Tais máquinas à escala nano poderão
auxiliar o homem nas mais diversas áreas. As construções dessas nano máquinas
não se dão de maneira simples, pois os materiais que as constituem devem possuir
propriedades diferentes dos materiais comuns para a construção de máquinas na
escala macro. Para esse impasse, a descoberta dos metais amorfos pode alterar
completamente a produção das nano máquinas, pois os metais amorfos possuem
propriedades diferentes dos demais metais.

O metal amorfo pode ser moldado como plástico, mas é mais


durável do que o silício ou o aço [...] ao contrário dos metais normais,
não formam estruturas cristalinas em sua rede atômica quando são
esfriados rapidamente. Ainda que pareçam externamente sólidos,
suas propriedades internas os colocam mais próximos de um líquido
de baixíssima viscosidade do que de um sólido tradicional, cristalino
(RIBOLDI, 2009).

Portanto, o uso desses metais admite uma maior precisão na fabricação de


peças para as nano máquinas, bem como nos moldes para a sua fabricação,
16

tornando-os também muito mais duráveis do que se fossem fabricados com silício ou
outro tipo de metais.

3.4. NANO MOTOR MOLECULAR

Segundo Riboldi (2009), o nano motor molecular possui uma base que é
constituída por uma molécula denominada roxano, a qual possui o formato de
alteres. Nele é acoplada uma placa de vidro na sua parte inferior por uma das
extremidades do roxano, em sua parte superior é fixada uma molécula fluorescente.
Esses equipamentos anexados ao nano motor permitem medir com precisão o seu
movimento. Este método de medição do nano motor, bem como o seu
desenvolvimento, foram elaborados por cientistas da Universidade de Osaka no
Japão. A figura 5 mostra um nano motor molecular.

Figura 5: nano motor molecular


Fonte: Nishimura et al (apud RIBOLDI, 2009)

Esses cientistas em pesquisas relacionadas com o nano motor molecular


também obtiveram duas grandes descobertas. A primeira é que o funcionamento do
nano motor não acontece no seco, o que segundo Riboldi (2009) deve direcionar
sua utilização para os biochips, que dependem de pequenas quantidades de fluídos
para o seu funcionamento. A segunda descoberta é que o nano motor possui uma
altíssima velocidade, dando uma volta completa em um tempo menor que o
necessário para se capturar uma imagem.
17

3.5. DEMAIS APLICAÇÕES

A nanotecnologia é muito utilizada também nas áreas da saúde, como a


medicina.
É comum a utilização de uma droga chamada Taxol para tratamentos
quimioterápicos. Essa droga causa muitos danos à saúde do paciente, prejudicando
os tecidos sadios. Com a nanotecnologia, isso pode mudar. Segundo Nogueira
(2007), “já existem métodos para a fabricação de moléculas com uma organização
muito especial e projetadas para abrigar medicamentos em seu interior. O exemplo
clássico desse tipo de organização é representado pelas chamadas buckyballs”
(conhecidas como fullerenos).
As buckyballs podem abrigar, por exemplo, drogas contra o câncer. Essas
viajam através da corrente sanguínea com a droga aprisionada. Quando atingem as
células cancerígenas liberam o veneno, sem prejudicar o tecido sadio, matando
apenas o tecido doente.

Figura 6: Concepção artística de uma Buckyball despejando drogas em células cancerígenas


Fonte: Revista Galileu (2007)

Como descrevem Nascimento e Valadão (2010) existem no mercado


lasers e nano partículas descobertas pelos cientistas da Rice University (EUA), que
descobriram um meio de localizar células cancerígenas e de destruí-las com
pequenas explosões. Os investigadores usaram lasers e nano partículas de ouro
para fazer nano bolhas, de forma a fazer explodir as células cancerígenas. Segundo
18

investigadores, a ideia é destruir as células doentes, antes que o câncer se espalhe


e comprometa o resto do organismo.
Atualmente, existe uma terapia fotodinâmica que funciona como curativo do
câncer de pele, danificando as células cancerosas e as substituindo por tecidos
sadios.
Pode-se ver na Figura 7 uma ilustração de nanorrobôs a caminho dos
pulmões para limpá-los, e na Figura 8 a ilustração de um nanorrobô flutuando na
corrente sanguínea a caminho de um micróbio causador de doenças.

Figura 7: Limpadores de Pulmões Figura 8: Caçador de micróbios

Fonte: Revista Galileu (2007) Fonte: Revista Galileu (2007)

Segundo Narloch (2007), no meio ambiente a nanotecnologia poderá ser


aplicada na fabricação de pneus ecológicos, feitos com nanopartículas de óxidos
metálicos ou de argila, esses materiais dobram a vida útil e são menos poluentes.
Os nano ímãs da Universidade de Brasília repelem a água, porém, esses se unem
ao óleo podendo fazer com que o derramamento de óleo no mar possa ser
controlado.
A nanotecnologia também contribui na fabricação de automóveis. Já existem
tintas anti-arranhões e anti-efeitos da salinidade marinha. A Mercedes Bens já aderiu
a essa nova tecnologia.
Produtos mais resistentes estão sendo fabricados com a ajuda da
nanotecnologia, como por exemplo, bolas de tênis e de golfe e embalagens que
dobram a validade dos alimentos. Já existem roupas que não mancham, não
molham e não amassam.
A nanotecnologia também é bastante utilizada na fabricação de cosméticos:
19

[...] a área de cosméticos vem empregando nanotecnologia nos mais


diversos produtos, como: partículas metálicas para aumento de brilho
em maquiagens; nano emulsões para cabelos que são hidratantes
mais promissores; proteção de ativos contra a degradação, por
exemplo, no encapsulamento da vitamina C; liberação em camadas
mais profundas da pele de ativos antirrugas; melhoria da textura do
creme e formação de um filme mais eficiente de protetores solar,
como exemplo, o emprego de nanopartículas de dióxido de zinco.
(DURÁN; MARCATO; TEIXEIRA, s.d.).

É possível até a criação de água a partir de nanopartículas com


características física parecidas com a da água existente nas células vivas.

A “água com nanotecnologia” é mais hidrofóbica - é mais ou menos


como uma água capaz de molhar menos. [...] Batizada de Neowater,
a nova água mostrou-se altamente eficaz contra a propagação da
bactéria Bacillus subtilis. Ela também pode substituir diversos
solventes, como o álcool. RIBOLDI (2009)
20

4. NANOTECNOLOGIA NO BRASIL

O Brasil já está investindo em nanotecnologia e é o país Latinoamericano que


possui maior estrutura para desenvolvê-la. Em um período de sete anos foram
investidos cerca de 195 milhões de reais na área, que ainda é um valor inferior se
comparado com outros países como os Estados Unidos, por exemplo, que são
líderes em produção científica em nanociência. Segundo César Júnior (2010) “é
preciso que o país se posicione em uma condição de maior competitividade
científica, tecnológica e industrial em relação aos demais países do mundo.”.
Como mostra o gráfico abaixo, o Brasil encontra-se na 25ª posição no ranking
dos países que investem e se desenvolvem na área nano tecnológica, baseado em
grau de especialização, números de artigos escritos entre os anos de 1997 e 2006 e
o impacto científico dos artigos publicados.
21

Figura 9: Produção científica em nanociência: países líderes: 1996-2006


Fonte: Adaptada de Science-Metrix (2008, p.21. Base de dados Scopus apud ABDI)

Segundo Martins et al (2007), o Brasil apresenta uma significativa produção


cientifica nas mais diversas áreas, como por exemplo, as de: nanobiotecnologia,
nanoquímica, nanoeletrônica, nanomagnetismo, manipulação de nano-objetos, entre
outros. Os autores também relatam que existem produções tecnológicas
representadas por patentes e também projetos realizados por empresas - que fazem
isoladamente ou em parceria com universidades ou institutos de pesquisa. As
atividades nanotecnológicas mobilizam um significativo contingente de competências
e infra-estruturas no país.
Na tabela abaixo é apresentada a relação de alguns produtos, que utilizam a
nanotecnologia, desenvolvidos por essas empresas no Brasil.
22

Figura 10: Produtos de nanotecnologia desenvolvidos no Brasil


Fonte: MCT (2007 apud ABDI)

Em 2001 o Governo iniciou as ações focadas na área de nanotecnologia,


quando foram criadas quatro redes de pesquisa. Segundo Martins et al (2007),
essas primeiras redes foram implementadas com o objetivo de fomentar as
pesquisas cooperativas em nanociência e nanotecnologia. Essas primeiras redes
encerraram oficialmente suas atividades ao final de outubro de 2005.
Tais redes com seus respectivos coordenadores e instituições são
apresentadas no quadro abaixo:

TABELA 2: QUADRO DE REDES DE PESQUISA INICIADAS EM 2001.


Nome da Rede Coordenador Instituições Um dos Objetivos principais
Rede de Nelson Duran Unicamp; Síntese e caracterização de
Nanobiotecnologia Universidade de fluidos magnéticos com aplicação
Mogi das e diagnostico e terapias em
Cruzes(UMC) câncer.
Rede de Eronides F. da Silva Universidade Propriedades óticas, vibracionais
Nanodispositivos, Júnior Federal de e fenômenos de transporte 3D e
Semicondutores e Pernambuco 2D em sistemas semicondutores
Materiais (UFPE) diversos.
Nanoestruturados
(NanoSemiMat).
Rede Nacional de Israel Baumvol Universidade Síntese, caracterização e
Materiais Federal do Rio manipulação de nano-objetos.
Nanoestruturados Grande do Sul
Rede de Oscar M. Malta Universidade Preparação de materiais híbridos
Nanotecnologia Federal de para serem utilizados como
Molecular e de Pernambuco materiais magnéticos e materiais
Interface (Renami) fotônicos.
23

Em 2005, o Governo criou o Programa Rede BrasilNano que é constituído


por dez redes de pesquisa na área nanotecnologica e de nanociência – Rede de
Nanofotônica, Rede de Pesquisa em Nanobiotecnologia e Sistemas
Nanoestruturados, Rede de Nanotecnologia Molecular e de Interfaces, Rede
Nanotubos de Carbono: Ciência e Aplicações, Rede Nanocosméticos: do Conceito
às Aplicações Tecnológicas, Rede de Microscopia de Varredura Eletrônica, Rede de
Pesquisa em Simulação e Modelagem de Nanoestruturas, Rede Cooperativa de
Pesquisa em Revestimentos Nanoestruturados, Rede de Pesquisa
Nanoglicobiotecnologia e Rede Nanobiomagnetismo. Tais redes, ainda segundo
Martins et al (2007), encontravam-se em fase inicial no primeiro semestre de 2006 e
ainda não apresentavam resultados concretos como produtos, processos de
patentes ou serviços.
Ainda em 2005 foi inaugurado o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron
(LNLS), para incentivar a pesquisa de materiais e novos produtos em escala nano
métrica.
Além do LNLS o Brasil irá contar com os cursos de graduação em
nanotecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Pontífice
Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) para o ano de 2011.
24

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1. CONCLUSÕES

A nanotecnologia não é uma ciência em hiato, porque o interesse de outras


áreas é muito evidente, já que essas áreas a vêem como uma ferramenta que
acelera o seu desenvolvimento. Podendo gerar assim uma grande revolução. Tanto
tecnológica quanto econômica.
Por ser uma tecnologia relativamente nova, e por muitos estudos ainda
estarem em andamento, o assunto possui poucas referencias nacionais de fácil
acesso. Fica evidente que os Estados Unidos é o país que mais investe em
nanotecnologia em todo o mundo, logo, a maioria dos estudos e resultados obtidos
em pesquisa encontra-se em Língua Inglesa.
Por ser um assunto atual, a nanotecnologia é bastante popular, mas muitas
das vezes ainda é assimilada de maneira equivocada, levando as pessoas à
confusão. A nanotecnologia é uma ciência que apresenta diversas peculiaridades
que a diferencia das demais.
Essa é uma ciência emergente que detém potencial poder de promover uma
revolução em praticamente todas as áreas do conhecimento humano. No momento,
mesmo com descobertas extraordinárias, muitas de suas aplicabilidades ainda
precisam de mais desenvolvimento para ser concretizadas. Provavelmente, o tempo
para este patamar ser alcançado não será tão longo, visto que, diversas pesquisas
25

estão sendo realizadas em todo mundo. Inclusive no Brasil. Contudo, os pilares


foram fundados e infra-estruturas foram criadas para o êxito dessa tecnologia.

5.2. PROPOSTAS DE TRABALHOS FUTUROS

Com vista em dar continuidade à pesquisa sobre a nanotecnologia, as


propostas de trabalhos futuros podem ser desenvolvidas a partir dos seguintes
temas:
 Mecânica Quântica: o que está por trás da nanotecnologia;
 Nanoestruturas de carbonos: fullerenos;
 Nanomáquinas;
 Prós e contras da Nanotecnologia.
26

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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<http://www.abdi.com.br/?q=system/files/Panorama_INI_Nanotecnologia_0.pdf>
Acesso em: 20 out. 2010.

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distância entre presente e futuro não é apenas questão de tempo. Parcerias
Estratégicas, Brasília: DF, n. 18, p. 23-40, ago. 2004.

BERGER FILHO, Airton Guilherme. Nanotecnologia e o princípio da precaução


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Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=14019>. Acesso em: 17
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CÉSAR JÚNIOR, Samuel. Fronteira tecnológica e escassez de recursos: uma


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