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Módulo XII
CDD 633.2
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APRESENTAÇÃO
O ideal seria manter os animais o ano inteiro nas pastagens, pois essa opção
significaria ter menores custos de produção e menos trabalho. Entretanto, devido à
estacionalidade de produção das pastagens, o desejável não é possível. Esse problema não é
um castigo da natureza apenas para as regiões tropicais do mundo e sim para todas as regiões
onde as pastagens são usadas como base da alimentação animal.
Os produtores de regiões temperadas encontram maiores limitações ambientais que os
produtores das regiões tropicais, pois, em muitos países daquelas regiões, o produtor tem de
três a seis meses por ano para produzir todo o alimento suplementar para o inverno rigoroso
sob a neve. Os produtores dos Estados Unidos, do Canadá e da Europa já incorporaram à sua
cultura a necessidade de armazenar alimentos suplementares para o inverno, sendo que, a
pesquisa desses países já evoluiu muito no sentido de dar opções diversas para os produtores
que as adota com facilidade, devido à necessidade.
Na ilha sul da Nova Zelândia, existe uma região semi-árida onde chove entre 200 e
600 mm por ano, concentrados em três a quatro meses, mas não é só isso, pois, durante os
meses do inverno, a pastagem fica sob a neve e o produtor tem que acordar todos os dias bem
cedo para suplementar seus animais. Nem por isso a produção é baixa, pois com sistemas
eficientes de irrigação nas estações de primavera e verão, associado à suplementação
estratégica com volumosos suplementares durante o inverno, os produtores conseguem
produzir 16.000 kg de leite/ha/ano.
Segundo Rolim (1994), as limitações para o crescimento de plantas no mundo se
distribuem da seguinte forma: em 36% da terra o crescimento é limitado pela temperatura; em
31% da terra é limitado por déficit hídrico; em 24% é limitado por ambos; em 9% não sofre
influência de temperatura e déficit hídrico.
No Brasil, não é diferente, sendo que as pastagens apresentam uma queda de produção
até mesmo na região Norte onde as chuvas são abundantes e distribuídas ao longo do ano. Nos
cerrados, região onde se encontra atualmente mais de 50% da pecuária de corte e leite
brasileira, o índice pluviométrico varia entre 1.200 a 2.000 mm, com uma estação seca que
varia entre cinco e sete meses, sendo então o déficit hídrico e o fator climático limitantes do
crescimento das pastagens nessa região.
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O planejamento de sistemas pastoris baseia-se em informações como a projeção da
dinâmica do rebanho, a identificação de épocas críticas para a sua nutrição e o
estabelecimento de níveis esperados de produtividade da pastagem ao longo do ano. Essas
informações permitem estabelecer épocas de provável escassez ou excesso de forragem e
possibilitam prever intervenções de manejo para minimizar estresses nutricionais dos animais
e condições inadequadas de utilização da pastagem.
Uma das praticas para estabelecer bases para o planejamento de sistemas pastoris é a
estimativa da sua capacidade de suporte através de metodologias de mensuração da forragem
disponível. Tal pratica não é adotada nas fazendas brasileiras e, até poucos anos atrás, também
era um assunto pouco tratado nos trabalhos de pesquisa. Segundo Barioni et al., (1998), os
métodos para planejamento e controle da medição de alimentos como, o orçamento
forrageiro, são raramente utilizados no Brasil, porém permitem maior eficiência na
administração produtiva e integração dessa com o planejamento financeiro e comercialização.
A falta de planejamento adequado e a ineficiência na gestão dos recursos forrageiros
em sistemas de produção a pasto podem resultar em baixa lucratividade, má gestão de riscos,
baixa produtividade, degradação de pastagens e até morte de animais por desnutrição
(BARIONI et al., 2003).
Autor:
Adilson de Paula Almeida Aguiar.
Professor de Pastagens e Plantas Forrageiras I e de Zootecnia I e III (Bovinocultura de Corte e
de Leite) das Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU) e de Agrostologia, no curso de
Medicina Veterinária da Universidade de Uberaba (UNIUBE). Diretor da Consultoria e
Planejamento Pecuário (CONSUPEC).
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................................... 2
CAPÍTULO 1 – PLANEJAMENTO ALIMENTAR ......................................................................................... 4
1.1. Níveis de Planejamento .................................................................................................. 4
1.1.1. Nível Estratégico ......................................................................................................... 4
1.1.2. Nível Tático ................................................................................................................ 8
1.1.3. Nível Operacional ..................................................................................................... 10
CAPITULO 2 – COMO CALCULAR O SUPRIMENTO DE FORRAGEM ............................................... 12
2.1. Experimentação ............................................................................................................ 12
2.2. Modelagem Matemática ............................................................................................... 14
2.3. Monitoramento da Taxa de Lotação ............................................................................. 16
2.4. Estimativa e Monitoramento do Crescimento da Pastagem ............................................. 18
2.4.1. Técnicas de medição da produção da pastagem ......................................................... 19
2.4.1.1. Parâmetros medidos ............................................................................................... 23
CAPITULO 3 - GESTÃO DO MANEJO DO PASTEJO NO PLANEJAMENTO ALIMENTAR ............ 33
CAPITULO 4 - ESTIMATIVA DO CONSUMO ANIMAL E MONITORAMENTO DA PRODUÇÃO
ANIMAL ............................................................................................................................................................. 40
4.1. Consumo de forragem .................................................................................................. 40
4.1.1. Respostas de animais de acordo com o manejo do pastejo ......................................... 42
4.2. Estimativa de produção animal ..................................................................................... 43
CAPITULO 5 - PLANEJAMENTO ALIMENTAR EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO A PASTO ........... 45
5.1. Planejamento Alimentar em Sistemas Exclusivos de Pastejo ........................................ 46
5.2. Planejamento Alimentar em Sistemas Intensivos com Uso de Volumosos Suplementares50
5.2.1. Exemplo de Cálculo de Produção de Volumosos Suplementares ............................... 55
CAPITULO 6 - CUSTOS DE PRODUÇÃO DE ALIMENTOS .................................................................... 58
CONCLUSÃO .................................................................................................................................................... 62
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................................ 64
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O planejamento tem o objetivo de definir ações para atingir um estado desejado para o
negócio no futuro, sendo que esse estado desejado é objetivamente definido por meio de
metas (BARIONI et al., 2003). Entretanto, a definição de metas requer avaliação dos recursos
disponíveis, tais como área total e área útil, condições edafoclimáticas, recursos hídricos,
recurso animal, recurso planta forrageira, recurso financeiro, disponibilidade e qualificação da
mão-de-obra, acesso à propriedade, à energia, como também às condições do mercado local,
às leis ambientais e aos objetivos do empresário.
Uma vez conhecidos os recursos, os fatores condicionantes, as metas e os objetivos do
empreendimento, pode-se, por meio de diversas técnicas, procurar estabelecer a melhor
alocação dos recursos disponíveis para o negócio.
Mesmo com implementação eficiente, a evolução do desempenho do sistema pode
diferir do planejado por causa de variáveis incontroláveis, tais como o clima e os preços,
como também por falhas de previsão ou por erros de monitoramento. É, por isso, que os
planos precisam ser revistos periodicamente, considerando: a)modificações internas impostas
por compra, venda, arrendamento, novas pastagens, adoção de confinamento ou semi-
confinamento e b)modificações externas, tais como, condições de mercado, relações de preço,
nova legislação, entre outras (BARIONI et al., 2003).
Nesse nível são tomadas as decisões de longo prazo, as quais têm período igual ou
superior a um ano, normalmente envolvendo metas para três a cinco anos. Segundo Barioni et
al, (2003) os principais componentes do planejamento estratégico são o inventário de recursos
e o projeto do sistema de produção, incluindo a escolha das atividades a serem desenvolvidas
(produção de leite ou de carne, e, nesse caso, qual a fase da exploração, se cria, recria,
engorda, ou ciclo completo).
No inventário de recursos, faz-se o inventário do ambiente físico, o qual deve incluir a
área total e a área útil da propriedade, a área dos piquetes, as condições climáticas
(temperatura, índice pluviométrico, distribuição de chuvas, evapotranspiração), as condições
de solo (topografia, textura, classe de solo, impedimentos físicos e fertilidade de cada área),
áreas com limitações, tais como pedregosidade e má drenagem e os recursos hídricos; dos
recursos vegetais, tais como espécies forrageiras, culturas de grãos, espécies arbóreas,
estoques de volumosos e suplementos concentrados; dos recursos animais (número de
animais, raça, sexo, categoria, peso, estádio fisiológico); da infra-estrutura (acesso, piquetes,
talhões, cercas, bebedouros, saleiros, instalações gerais) e as práticas de manejo da pastagem,
tais como adubação e irrigação.
No planejamento estratégico, deve-se estabelecer metas de produtividade, estimar
fluxos financeiros, os índices financeiros e econômicos e proceder às avaliações de impacto
ambiental e social (BARIONI et al. 2003).
Aguiar (2002d) denominou o nível de planejamento estratégico de perfil alimentar ou
de longo prazo, no qual se estabelecem os padrões de produção esperada, e os requerimentos
do rebanho. Essa informação é usada para tomar decisões como: tipo de criação; taxa de
lotação; épocas de monta, de parição, de desmama; secagem de vacas; descartes; venda de
animais gordos; compra de animais; conservação de forragem; suplementação; aluguel de
pasto.
A estacionalidade de produção de forragem pela pastagem é que determina o perfil
alimentar de um sistema de produção a pasto. As pastagens tropicais apresentam um padrão
de crescimento estacional, onde essa estacionalidade é caracterizada pela produção de 75 a
90% do total de forragem que é produzida anualmente na pastagem, em um período que varia
entre quatro e sete meses do ano, e que coincide com as estações da primavera-verão para
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quase todas as regiões do Brasil, quando as condições climáticas são favoráveis, devido à alta
disponibilidade dos fatores climáticos: temperatura, luminosidade e chuvas (Figura 1).
90
80
70
Kg MS/ha.dia
60
50
40
30
20
10
0
A S O N D J F M A M J JH A S O
Meses do ano
Estação MS/ha/dia
1 1
Mom. Tanz. T851 Tanz.2 BS2 BI3
Verão 105 127 172 125 75 86
Outono 85 68 128 68 34 70
Inverno 12 11 28 23 11 34
Primavera 77 85 - 79 37 107
Verão 96 134 - - - -
Mom., Tanz., T851 – são, respectivamente, os capins mombaça, tanzânia, tifton 85, do projeto de pesquisa da
FAZU, no ano 2000 (AGUIAR, 2002d)
Tanz.2 – Tanzânia na EMBRAPA SUDESTE, São Carlos, 1995/96 e BS2, é Braquiarão em sequeiro, no mesmo
centro de pesquisa, 1999 (CORREA e POTT, 2001)
BI3 – Braquiarão irrigado. Dado de campo do período 2000/2001, Fazenda Santa Ofélia, Selviria, MS
FONTE: AGUIAR E SILVA (2002).
Nesse nível de planejamento são tomadas decisões de médio prazo e tem o objetivo de
traduzir o planejamento estratégico para ações aplicáveis a um horizonte inferior a um ano e
ajustá-lo em virtude de novas informações obtidas durante a sua implementação (BARIONI et
al., 2003).
Em relação ao nível estratégico, o nível tático envolve, por exemplo, mudanças nas
datas de compra e venda de animais devido às alterações na disponibilidade de forragem;
devido à necessidade de utilizar áreas para a conservação de forragem; na área ou no método
de renovação de pastagens, em razão de oportunidades de mercado (abertura de novas linhas
de credito, aquisição de sementes, calcário, fertilizantes com relação beneficio/custo mais
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favorável); na necessidade de controle de pragas, doenças e plantas invasoras; na formulação
de suplementos e estratégia de suplementação do rebanho (BARIONI et al., 2003).
Aguiar (2002d) denominou o planejamento tático de planejamento alimentar de médio
prazo, com duração de seis meses. Segundo ele, o planejamento alimentar é baseado no perfil
alimentar ou planejamento de longo prazo e é usado para balancear a demanda com o
suprimento de alimento. Pode ser feito por hectare ou por fazenda e o suprimento de pasto é
dado em “kg de MS/ha de massa de forragem” ou “cobertura da pastagem”, tal como
exemplificado na Tabela 4.
Observa-se que, se fosse mantida a meta de trabalhar com taxa de lotação de 5 UA/ha,
haveria um excedente na taxa de lotação da ordem de 1,38 UA/ha e um balanço negativo de
3.942 kg de MS/ha/ano, que deveriam ser produzidos em uma outra área da propriedade, na
forma de fenos ou silagens ou cana, ou serem comprados de fora, situação esta que poderia
aumentar os custos de produção podendo até mesmo inviabilizar o negócio. Entretanto, se a
política fosse a de tomar a decisão de trabalhar como meta a taxa de lotação, baseada na taxa
de acúmulo de forragem, teríamos a situação da Tabela 5, quando então haveria um balanço
positivo da ordem de 2.283 kg MS/ha/ano.
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5. Quais decisões são tomadas nos níveis de planejamento estratégico, tático e operacional
quando da elaboração do planejamento alimentar?
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Este capítulo tem como objetivo estudar as fontes de informação para a previsão de
suprimento de forragem pela pastagem e as limitações de cada uma. Serão estudadas as fontes
de informação vindas da experimentação, da modelagem matemática, do monitoramento da
taxa de lotação e da estimativa e monitoramento da massa de forragem. Nesse último tópico,
estudaremos as técnicas de medição da produção da pastagem e os parâmetros que são
medidos para a avaliação da produção de forragem e da produção animal.Ao final desse
capítulo, são dados alguns exemplos de como os cálculos são desenvolvidos, de como
interpretar os resultados obtidos e de como usá-los no planejamento alimentar.
2.1. Experimentação
Parâmetro ----- Primavera --- ------ Verão ------ ------- Outono ---- ------- Inverno --
T1 M1 T851 T M T85 T M T85 T M T85
ARPRE (cm)2 87,2 88,3 31,4 96,6 95 40,2 83,6 65,7 27,7 55,6 49,7 20,3
MFPRE (t 5,9 6,74 4,75 6,3 6,72 5,63 5,36 4,73 6,1 2,79 2,47 4,0
MS/ha) 3
DMF (kg 67,4 76,9 151 67 70,9 141 64,3 71,5 228 50,7 52,7 205
MS/ha/cm) 4
ARPOP (cm)5 40,7 41,2 16,1 45,6 40,6 20,3 48,3 38,6 19,7 39,1 33,9 15,6
MFPOP (t 2,75 2,90 2,26 3,37 3,11 2,45 3,52 2,42 3,45 2,14 1,77 2,35
MS/ha)6
TER (cm/dia)7 1,30 1,27 0,42 1,56 1,83 0,75 0,86 0,74 0,22 0,36 0,50 0,14
FA/CP (t 4,21 4,42 2,59 4,22 3,54 3,47 2,25 2,29 3,11 0,78 0,78 1,62
MS/ha)8
TAF (kg 104 114,6 76,3 123,8 106,7 128 61,5 62,6 93,4 23,8 18,8 42
MS/ha/dia)
1
T: Tanzânia; M: Mombaça; T85: Tifton 85; 2ARPRE (cm): altura do relvado no pré pastejo; 3MFPRE (t
MS/ha); massa de forragem no pré pastejo; 4DMF (kg MS/ha/cm): densidade da massa de forragem; 5ARPOP
(cm): altura do resíduo no pós pastejo; 6MFPOP (t MS/ha): massa de forragem no pós pastejo; 7TER (cm/dia):
taxa de expansão do relvado; 8FA/CP (t MS/ha): forragem acumulada por ciclo de pastejo.
FONTE: AGUIAR et al. (dados não publicados)
Os dados da Tabela 6 podem ser utilizados no início de um projeto como base para o
planejamento alimentar em fazendas que ainda não possuem base de dados sobre o
crescimento da pastagem e que estejam localizadas em regiões com condições ambientais
semelhantes, explorando as mesmas forrageiras e com o mesmo nível tecnológico de
exploração.
Na Tabela 7, estão compilados dados de dois anos pastoris de uma pastagem de
capim-braquiarão irrigada, nas diferentes estações do ano, na Fazenda Santa Ofélia, localizada
em Selviria, MS, em latitude de 20,40 Sul, 357 m de altitude, temperatura média de 25,37 0C,
evapotranspiração diária (EVPTA) de 4,34 mm (1.584 mm/ano); precipitação de 1.245 mm e
7,83 horas de insolação (estação meteorológica da UNESP, Ilha Solteira, localizada há menos
de 20 km da propriedade).
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TABELA 7. Taxa de acúmulo de forragem (TA, em kg MS/ha/dia), taxa de lotação
(UA/ha) e capacidade de suporte (CS, em UA/ha) de uma pastagem irrigada de capim-
braquiarão nos anos 2001 e 2002, nas diferentes estações do ano.
Da mesma forma que comentado, em relação ao uso dos dados da Tabela 6, os dados
da Tabela 7 podem ser usados para sistemas de pastagens irrigadas e em condições ambientais
semelhantes, até que exista uma base de dados locais.
Entretanto, Barioni et al., (2003) ressaltou que em razão da amplitude de condições
ambientais do Brasil, inexistem, para muitas regiões/localidades, curvas de produção
estacional para os principais cultivares de forrageiras em uso.
Resultados de sistemas comerciais têm sido publicados por Aguiar et al., (2002b e
2004b) em regiões próximas a municípios citados por Pinheiro (2002) e Balsalobre (2003).
Um exemplo é o projeto desenvolvido na Fazenda Santa Ofélia, propriedade da Agropecuária
Hugo Arantes, localizada em Selviria, MS, que vem intensificando a produção de carne a
partir da irrigação e adubação de uma pastagem de capim-braquiarão, irrigada por pivô central
(Tabela 9).
- O acúmulo de forragem pode ser estimado a partir das taxas de lotação suportadas
pelos piquetes ou pela propriedade num dado período de tempo (ciclo de pastejo, mês, estação
do ano, no ano), com base no histórico de anos anteriores e/ou na experiência de consultores
atuando na mesma região e com manejo semelhante. Dados de taxa de lotação animal e
desempenho animal podem ser convertidos em dados de demanda de forragem para permitir o
estabelecimento de metas para a massa de forragem (BARIONI et al., 2003).
Na Tabela 10, estão um resumo da taxa de lotação e da capacidade de suporte
(potencial) de pastagens da Fazenda Santa Lúcia, Curionópolis, Pará, entre os anos de 1998 a
2003. Cada data representa dados de uma visita àquela propriedade. A coluna potencial foi
estimada com base em resultados de análises de solos, interpretada no início dos trabalhos, em
dezembro de 1997, usando como parâmetro a lei do mínimo. A coluna ajuste foi a
recomendação de ajuste de taxa de lotação em relação ao potencial dado pelo solo, feita em
cada visita.
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TABELA 10. Área útil de pastagens, tamanho do rebanho em cabeças, unidades animais
totais (UA), peso médio do rebanho (kg de peso vivo), taxa de lotação (UA/ha),
capacidade de suporte da pastagem (UA/ha) e ajuste da taxa de lotação da Fazenda
Santa Lucia, entre os anos de 1998 e 2003.
Mês/Ano Área (ha) Cabeças UA Peso (kg) TL (UA/ha) CS (UA/ha) Ajuste (%)
04/1998 10.932 11.351 8.620 342 0,85 1,32 + 55
04/1999 10.932 15.158 11.929 354 1,09 1,32 + 21
10/1999 10.932 18.030 13.176 329 1,20 1,32 + 10
04/2000 10.932 17.562 13.138 337 1,20 1,32 + 10
10/2000 10.932 19.817 13.517 307 1,24 1,32 + 6,4
04/2001 11.042 17.831 13.036 334 1,15 1,32 + 15
11/2001 11.125 20.135 15.382 342 1,38 1,32 - 4,5
05/2002 11.125 18.646 13.870 335 1,24 1,32 + 6,4
10/2002 11.125 19.350 14.088 328 1,25 1,32 + 5,6
12/2003 11.206 20.688 13.635 297 1,22 1,32 + 7,8
MÉDIA 11.046 17.857 13.039 330 1,18 1,32 + 10,6
FONTE: AGUIAR (2002)c. Modificado.
Com os dados médios da taxa de lotação dos seis anos de avaliação (Tabela 10), é
possível fazer uma estimativa de demanda de forragem para o consumo e para o crescimento,
ao longo de um ano, quando diferentes eficiências de pastejo fossem alcançadas (Tabela 11).
É também possível estimar o consumo de forragem e o crescimento total da pastagem se a
taxa de lotação tivesse sido ajustada na capacidade de suporte da pastagem, nesse caso, dada
pelo potencial do solo fornecer nutrientes.
Taxa de UA/ha CF CF CP CP CP
Lotação MS/UA/dia kg 30% 40% 50%
MS/ha/ano
Ocorrida 1,18 10 4.307 14.000 10.760 8.610
Potencial 1,32 10 4.818 15.800 12.120 9.630
Segundo Barioni et al., (2003) dados de taxa de lotação fornecem informação limitada,
quando considerados na ausência de dados da evolução da massa de forragem. Entretanto,
esses dados podem ser utilizados para estabelecer uma estimativa inicial do padrão de
produtividade da pastagem na propriedade.
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2.4. Estimativa e Monitoramento do Crescimento da Pastagem
Segundo Pedreira (2002), esta é uma técnica atraente já que é baseada no principio
segundo o qual as leituras do instrumento são influenciadas por combinações de altura e
densidade da cobertura vegetal e tem a vantagem de combinar duas características do relvado,
altura e densidade que, em conjunto, estão mais fortemente associadas com MF do que a
altura sozinha.
É uma técnica mais eficiente para medir a MF de relvados de porte médio a baixo, de
espécies folhosas e de colmos macios. Em relvados com colmos muito grandes e rígidos, a
leitura pode não levar em conta a densidade, mas responder apenas à altura, resultando em
correlações fracas entre altura do prato e MF, por isso, não é uma técnica indicada para esse
tipo de situação e onde grande parte da vegetação está acamada.
Para pastagens da Nova Zelândia existem equações de calibração de acordo com a
estação do ano. Na Tabela 13, observa-se a variação nos valores das equações de calibração
ao longo das estações e uma estimativa da massa de forragem acumulada em uma pastagem
cuja média de leitura (ML) foi de 10 cm.
Segundo Hodgson (1990), o mais importante para o manejo é obter a altura superficial
do relvado, a massa de forragem, a densidade da massa de forragem e a proporção de folhas.
Segundo Pedreira (2002), independentemente do objetivo da avaliação, algumas
respostas são imprescindíveis e sua quantificação deve ser feita de maneira criteriosa para que
valores exatos possam ser auferidos e ainda que, do ponto de vista quantitativo, a variável-
resposta mais importante a ser quantificada seja a massa de forragem. Concorda também com
Hodgson (1990) que é importante ainda medir a massa de folhas verdes, a qualidade da dieta e
a densidade volumétrica da forragem.
a) Altura do relvado
Segundo Hodgson et al., (2000), está aumentando a evidência de que as medições da
superfície de altura possibilitam melhor indicação tanto da produção de forragem quanto da
performance animal.
A superfície de altura do relvado pode ser definida como sendo a altura média das
folhas mais altas em um dossel sem distúrbios. A altura do relvado deve ser tomada em 40 a
50 pontos da pastagem.
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Para os cálculos que se seguem, vamos considerar 40 cm de altura média do relvado.
AF = Acúmulo de forragem;
MF pré-pastejo = massa de forragem no pré-pastejo do ciclo de pastejo atual;
MF pós-pastejo = massa de forragem no pós-pastejo do ciclo de pastejo anterior.
Por exemplo:
AF = 4.000 – 2.500 = 1.500 kg MS/ha
Exemplos de cálculos
Os objetivos da medição da produção da pastagem podem ser de interesse do
pesquisador e do produtor. Para o pesquisador serve para interpretar corretamente os
resultados e formular recomendações para a extensão, e para o produtor serve para adotar
tecnologia e normas de manejo (GARDNER, 1986).
A seguir, daremos dois exemplos de cálculos a partir de situações reais de pesquisa e
de campo.
O exemplo da pesquisa vem de trabalhos que estão sendo realizados na área da
fazenda escola da FAZU, em Uberaba, MG, com as plantas forrageiras Mombaça, Tanzânia e
Tifton 85, desde março de 1998, e o objetivo principal desses trabalhos é o de comparar a
produção de forragem e algumas características de crescimento do relvado entre aquelas três
forrageiras. Na Tabela 14, estão reunidos os dados coletados em quatro anos pastoris,
compreendidos entre 1998/1999 a 2002/2003.
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TABELA 14. Resultados médios da produção e características do relvado dos capins
Tanzânia, Mombaça e Tifton 85 nos anos pastoris de 1998/99 a 2002/2003.
Um exemplo de campo pode ser avaliado a partir dos dados das Tabelas 15 e 16, os
quais foram obtidos na Fazenda Santa Ofélia, da Agropecuária Hugo Arantes, localizada em
Selviria, MS, em uma pastagem de capim Braquiarão irrigada. Na Tabela 15, estão os dados
referentes à produção da pastagem e, na Tabela 16, estão os dados, referentes à produtividade
animal. A área total é de 104 ha, divididos em 30 piquetes de 3,45 ha, manejados com cercas
elétricas provisórias, onde se adota um ciclo de pastejo médio de 34 dias entre as estações de
primavera até o inicio do outono e de 45 dias entre o final do outono ao final do inverno. A
amostragem é feita em cada piquete antes e após cada pastejo.
30
TABELA 15. Resultados médios da produção e características de um relvado de capim-
braquiarão em uma pastagem irrigada.
Seqüência de Cálculos:
4) Taxa de Lotação Média = 640 animais x 426 kg/450 kg = 606 UA ÷104 ha = 5,8 UA/ha
3.Um consultor visita uma propriedade pela primeira vez parar elaborar um planejamento
alimentar, mas, inicialmente, a única fonte de informação de que ele dispõe é o
monitoramento da taxa de lotação ao longo de cinco anos. Nesse período, a taxa de lotação
média foi de 1,0 UA/ha. Ao analisar os relatórios de pesagens do rebanho, calculou que o
ganho médio diário foi de 0,55 kg/dia, ganho esse considerado compatível para as condições
34
avaliadas (tipo de solo, espécies forrageiras, tipo de animal) com base em tabelas de
exigências nutricionais dos animais. Diante disso, calcule qual seria a provável produção da
pastagem na propriedade em questão, considerando consumo de forragem de 2,5% do peso
vivo e eficiências de pastejo de 30, 40, 50 e 60%.
6. Dados fornecidos:
Área do módulo = 12 ha; Número de piquetes = 12; Período de Ocupação/piquete = 2 dias;
Peso médio dos animais = 300 kg; GMD (Ganho Médio Diário) = 0,65 kg; Altura do
Relvado = 40 cm; Peso da Forragem = 1,5 kg de MO/m2 (matéria original); Matéria Seca
(MS) = 500 g de MO quando desidratadas se transformaram em 100 g de MS.
Perguntas:
a)Qual é o ciclo de pastejo e o período de descanso?
b)Qual é a Massa de Forragem no pré-pastejo?
c)Qual é a Densidade da Forragem no pré-pastejo?
d)Qual é a Forragem Acumulada no último ciclo de pastejo, considerando que o último
resíduo pós-pastejo pesou 2.000 kg MS/ha?
e)Qual é a Taxa de Acúmulo de Forragem?
f)Qual será a conversão alimentar se o ganho de peso for 0,65 kg/dia e o consumo de
forragem for de 6,9 kg de MS/animal/dia?
g)Qual será a Capacidade de Suporte (UA/ha) com 4%; com 6% e com 8% de oferta de
forragem?
35
CAPITULO 3 - GESTÃO DO MANEJO DO PASTEJO NO PLANEJAMENTO
ALIMENTAR
Este capítulo abordará o manejo do pastejo no planejamento alimentar e como deve ser a sua
gestão no planejamento operacional ou de curto prazo. Serão dadas definições de termos
técnicos tais como sistema de pastejo, métodos de pastejos, modalidades de métodos de
pastejos, ciclo de pastejo, período de descanso, período de ocupação e período de
permanência. Ao final desse capitulo, será apresentado um resumo dos novos avanços nas
metodologias de pesquisas sobre manejo do pastejo em pastagens tropicais e sub-tropicais.
NP = PD + 1 ou NP = PD + 2. Onde:
PP PP
Este capítulo tem por objetivo estudar o consumo de forragem por animais em pastejo e
relacionar a influência do manejo do pastejo na resposta dos animais. Ainda se discutirá as
bases para o monitoramento da produção animal.
Segundo Genro et al., (2004), o consumo diário de matéria seca é a medida mais
importante para que se façam inferências a respeito do alimento e da resposta animal.
O consumo de nutrientes digestíveis é o produto da quantidade de forragem consumida
pela digestibilidade dos nutrientes nessa forragem. Entretanto, 60 a 90% das variações na
qualidade potencial entre forrageiras são atribuídas às diferenças em consumo, enquanto
apenas 10 a 40% são resultantes de diferenças em digestibilidades dos nutrientes.
Os valores de consumo medidos com animais em baias refletem diferenças relativas e
podem servir como guias da quantidade total que seria ingerida voluntariamente pelo animal,
contudo, esses valores podem ser pouco relacionados com o consumo de um animal em
pastejo, quando fatores adicionais podem influenciar o consumo e a facilidade com que o
animal apreende a forragem (massa de forragem, oferta de forragem e estrutura do relvado)
(GENRO et al., 2004).
Segundo Gomide (1993) e Santos (2001), os fatores que influenciam o consumo de
MS a pasto são aqueles relacionados ao animal: idade, peso, estado fisiológico; à qualidade
da forragem: valor nutritivo; à estrutura do relvado: altura do relvado, relação folha-caule,
proporção de material velho, densidade da massa de forragem, disponibilidade de forragem e
ao manejo do pastejo: pressão de pastejo e oferta de forragem.
Segundo Cosgrove (1997), em qualquer circunstância, ainda é difícil predizer o
consumo de forragem por animais em pastejo e essa dificuldade se deve ao fato de a ingestão
por animais em pastejo ser influenciada por vários fatores de comportamento.
Mundialmente, há muitos esforços em busca de técnicas precisas e acuradas para a
obtenção de estimativas de ingestão de MS em condições de pastejo. Contudo, as técnicas
disponíveis até o presente momento apresentam limitações.
43
O método agronômico foi bastante variável com resultados tão improváveis quanto
consumo negativo. De acordo com Nascimento Junior (2000), o método agronômico consiste
em determinar a diferença da massa de forragem antes e após o pastejo. Este método é o que
tem sido mais adotado em fazendas comerciais por ser mais simples.
A estimativa da ingestão de MS, baseada no comportamento ingestivo, superestimou o
consumo. O uso de óxido crômico como indicador da produção fecal foi menos variável, no
entanto, apresentou alguns valores altos (> 3% do peso vivo), difíceis de serem obtidos em
animais sob pastejo.
Nascimento Junior (2000) ainda cita um método que ele classificou como direto, que é
obtido através da diferença de peso do animal antes do consumo e após o consumo.
Segundo Genro et al (2004) em pastagens dos capins tanzânia, mombaça, massai,
marandu, decumbens e cameroon, o consumo de MS variou de 1,22% a 3,85% do peso vivo,
com média de 2,27% do PV.
Correlações positivas entre oferta de folhas e de matéria verde seca e relação
folha:haste com o consumo foram observadas na maioria dos trabalhos de pesquisas com
animais em pastejo.
Em pastagens tropicais, tem sido baixa a correlação entre o consumo e a produção
animal com o total de forragem disponível, mas a correlação é melhorada quando a variável
considerada é expressa em matéria verde seca (MVS). Em alguns trabalhos de pesquisas
realizados em pastagens tropicais, os ganhos máximos foram alcançados quando as
disponibilidades de MVS estiveram em torno de 1.000 kg/ha.
Em trabalho de pesquisa em pastagem tropical, o tempo de pastejo aumentou com a
diminuição da proporção de folhas até um limite de 1.185 kg de biomassa de folhas. Abaixo
desse valor de oferta de folhas, o tempo de pastejo diminuiu e o número de bocados
inicialmente aumentou para depois diminuir, apresentando alta correlação com tempo de
pastejo. A massa de bocado diminuiu linearmente com a redução na proporção de folhas na
pastagem (GENRO et al., 2004).
O animal exerce esforços para maximizar a fração folha na sua dieta haja vista que
mesmo em condições onde a porcentagem de material morto é muito alta e a de lâminas
foliares é baixa, o ruminante é capaz de conseguir que mais de 80% de sua dieta seja
composta de folhas. Nesse sentido, a seletividade é considerada como sendo o aspecto mais
importante do comportamento de pastejo para determinar o desempenho animal.
Genro el al., (2004) concluíram que são necessárias mais estimativas acuradas de
ingestão de MS de modo a possibilitar melhor parametrização dos modelos atualmente
44
existentes ou mesmo o desenvolvimento de novos modelos para se obter melhor descrição de
consumo de forragens tropicais. Para ser um modelo de uso prático, ainda será necessário: a)
prever o efeito de substituição da forrageira quando se utilizam suplementos; b) permitir a
inclusão do efeito do aumento de consumo para animais em ganho compensatório; c)
incorporar entradas que permitam descrever a massa de forragem e a oferta de forragem e
características da planta relacionadas com a ingestão de MS.
2.Qual é a finalidade do jejum antes das pesagens dos animais para a avaliação da produção
animal?
47
CAPITULO 5 - PLANEJAMENTO ALIMENTAR EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO A
PASTO
A seguir, passarei a enfocar as possibilidades que o produtor tem para trabalhar com a
estacionalidade de produção das pastagens antes mesmo de lançar mão do uso de volumosos
suplementares, pois o alimento proveniente da pastagem é o mais barato para o produtor usar
em seu sistema de produção. Desse modo, quanto maior for a proporção da pastagem na
alimentação do rebanho menor será o custo de produção.
No Brasil, é comum o produtor estabelecer a lotação da fazenda em função do
potencial de produção das pastagens durante a seca. Nessa condição, as perdas de forragem
são altas em pastagens recém-implantadas, ou pastagens mais velhas, implantadas em solos de
alta fertilidade e que ainda apresentam um bom potencial de produção. Essas perdas ocorrem
por acamamento da forragem, pelo pisoteio do gado e pelas perdas na qualidade da forragem.
O peso dos animais em uma propriedade que trabalha com animais, cujos pesos
variam de 200 kg a até 500 kg (peso médio de 350 kg), e com ganho de 120 kg/animal,
durante o período de outubro a março, tem uma evolução na quantidade de quilos de peso
vivo de aproximadamente 36% durante este período. Entretanto, a produção de forragem
evolui em 75 a 90% da produção anual e, dessa forma, se a pressão de pastejo não for
ajustada, ocorre grandes perdas de forragem.
Exemplo:
49
Vamos considerar que o potencial de produção de uma pastagem seja de 8,0 t de
MS/ha.ano, quantidade de forragem suficiente para trabalhar com uma taxa de lotação média
de 1,2 UA/ha, considerando uma oferta de forragem (OF) de 4%, ou 18 kg de MS/UA/dia. Se
80% das 8,0 t MS/ha fossem produzidas na primavera-verão, teríamos 6,4 t de MS/ha, que
dividido por 185 dias, daria 34 kg de MS/ha.dia, suficientes para uma lotação de 1,9 UA/ha
(18 kg de MS/UA/dia). Se a lotação fosse mantida próximo de 1,2 UA/ha, haveria um
excedente de 12 kg de MS/ha/dia. Essa maior disponibilidade de forragem proporcionaria o
pastejo seletivo, com conseqüentes perdas de forragem por envelhecimento e acamamento.
Algumas técnicas de manejo podem ser usadas para se ajustar a OF, tais como a venda
de animais terminados na entrada da seca; o uso de forrageiras com padrão de crescimento
complementar; diferimento das pastagens e adubação estratégica para prolongar o período de
crescimento das forrageiras. É claro que todas essas estratégias poderão ser adotadas dentro
de uma propriedade ao mesmo tempo e isso deverá dar os melhores resultados. Vamos
comentar um pouco sobre cada uma dessas técnicas.
Observa-se que muitos trabalhos poderão ser desenvolvidos com essas culturas em
áreas irrigadas, como por exemplo, a identificação de variedades e cultivares de cana menos
exigentes em água, pois a amplitude dentro da espécie é muito grande, variando entre 1.000 e
2.000 mm/ano. Com o capim elefante poderia ser feito o mesmo. Opções como milheto e
girassol deveriam ser avaliadas (LIMA et al., 1999). O milheto é cultivado em regiões da
África com índice pluviométrico da ordem de 400 mm.ano. Lá, essa cultura tem sido usada
tanto para a produção de alimentos para o homem como também para os animais.
O modelo do uso dessas opções deveria levar em consideração a necessidade de se
conhecer o potencial de produção da pastagem ao longo do ano e a produção da cultura que
será usada para a produção de volumoso suplementar, conforme o exemplo abaixo.
16 t de MS/ha produzidas pela pastagem durante o período chuvoso de 185 dias (80%
da produção anual) = 86 kg de MS/ha.dia que são suficientes para 4,8 UA/ha (seguindo o
mesmo raciocínio anterior, o qual considerou oferta de 18 kg de MS/UA/dia).
Se considerarmos que a pastagem ainda irá produzir 4,0 t MS/ha durante 180 dias de
seca (20% da produção anual) teremos = 22 kg de MS/ha/dia suficientes para alimentar mais
1,2 UA/ha.
Assim, a área de reserva pode ser reduzida para apenas 200 ha (20 % da área da
fazenda). Então, temos o seguinte cálculo:
3.330 t MS dividido por 180 dias de seca = 18,50 t/ dia que dividido por 8 kg de
MS/UA/dia = 2.310 UA
Ainda temos a pastagem com produção de 4,0 t MS/ha no período seco x 1.000 ha =
4.000 t MS, dividido por 180 dias = 22,20 t MS/dia, divididos por 18 kg de MS/UA/dia =
mais 1.230 UA.
Assim, seria possível alimentar as 3.500 UA durante o período da seca, com forragem
de boa qualidade, tanto do pasto, que não ficou envelhecido durante a primavera-verão devido
ao seu melhor aproveitamento, quanto da forragem, que foi cortada e armazenada no estádio
correto.
A área destinada ao corte na verdade é formada por alguns pastos que deverão ser
alternados a cada ano para que ocorra a reciclagem de material orgânico para o solo. Os
pastos cortados na primavera-verão deverão ser utilizados a partir do início do outono para
prolongar a estação de pastejo e reduzir o tempo em que os animais deverão receber
suplementação no cocho.
Embora esteja surgindo no Brasil algumas fazendas que estão utilizando este modelo
de produção, que está se tornando possível devido ao aparecimento no mercado de máquinas
apropriadas para a colheita de pasto (Tabela 20), na grande maioria das fazendas, o produtor e
o técnico ainda preferem destinar uma área específica para produzir alimento para o período
seco do ano, como são as áreas para produção de silagens e cana.
57
TABELA 20. Especificações de máquinas forrageiras para corte de pastagem
Máquina Fabricante
Especificações
Colhe forragem em área total, 1,83 m de
Colhedora de forragem CF 730 SILTOMAC largura, corta de 03 a 30 cm de altura,
rendimento de 25 a 30 m3/h, potência
trator 70 a 90 HP
Largura de corte de 1,1 m, corta de 5 a 20
Colhedora de forragem CF 140 SILTOMAC cm de altura, potencia trator 60 a 70,
rendimento de 15 a 25 m3/h,
Largura de corte de 2,0 m, corta de 8 a 24
Colhedora de forragem CF 775 SILTOMAC cm de altura; rendimento de 45 a 50 m3/h,
potencia trator 110 a 130 HP.
Largura de corte de 1,82 m, potência
Colhedora de forragem CFC CASALE requerida de 40 a 75 HP, rendimento de
1800/ Super 0,5 a 0,8 ha/hora, altura de corte de 5 a 40
cm.
Colhedora de forragem CFC CASALE Largura de corte 2 m, potência de 100 a
2000/Super 120 HP, rendimento de 1,0 a 1,5 h/ha,
altura de corte de 5 a 50 cm
FONTE: Catálogos dos fabricantes (AGUIAR, 2001a).
Utilização da pastagem:
-foi considerado que a estacionalidade da produção de forragem é de 80% entre outubro e
março e 20% entre abril e setembro;
-oferta de forragem de 4% ou 18 kg de MS/UA/dia;
-estação de crescimento de 185 dias.
Sabendo-se agora qual deve ser a proporção da área da fazenda ocupada para a
produção de volumoso suplementar e aquela com pastagem, podemos levantar qual será a
taxa de lotação media de diferentes sistemas baseados em diferentes potenciais de produção
de áreas de pastagens e de volumosos suplementares (Tabela 23).
59
TABELA 23. Taxa de lotação média em UA/ha de diferentes combinações entre
produção de forragem na pastagem com produção de forragem em áreas de reserva.
2. Faça uma análise crítica das estratégias estudadas para sistemas de produção exclusivas
de pastejo (venda de animais na entrada da seca, uso de forrageiras com padrão de
crescimento complementar, diferimento de pastagens e adubação de pastagens para
prolongar o período de crescimento)
3.Quais são as informações necessárias para a elaboração de um planejamento alimentar de
um sistema de produção que utiliza volumosos suplementares no período da seca?
4.Elabore um planejamento alimentar de uma propriedade com os seguintes dados:
Área útil = 100 ha; Produção da pastagem = 10 t de MS/ha/ano; Produção da cultura para a
produção de volumoso suplementar = 10 t de MS/ha/ano; Estacionalidade de produção da
pastagem = 90% no período de outubro a março e 10% no período de abril a setembro;
Oferta de forragem na pastagem = 5%; Perdas de forragem do volumoso suplementar =
15%; Consumo do volumoso suplementar = 9 kg de MS/UA/dia.
Perguntas:
a)Qual será a capacidade de suporte da pastagem no período chuvoso e no período da seca?
b)Qual será a capacidade de suporte da área destinada à produção de volumoso suplementar
na seca?
c)Qual será a proporção da área útil da propriedade que será ocupada pela pastagem e pela
cultura para a produção de volumoso suplementar?
60
CAPITULO 6 - CUSTOS DE PRODUÇÃO DE ALIMENTOS
Ao final desse módulo só nos resta discutir os custos de produção das diferentes opções de
alimentos estudadas. Por isso, nesse capítulo serão apresentados dados de custos de produção
de alimentos volumosos provenientes da pastagem (pastagem extensiva, pastagem intensiva
não irrigada e pastagem intensiva irrigada), de volumosos suplementares (cana, silagens, pré-
secados e fenos) e de alimentos concentrados.
Aguiar (2001) compilou dados próprios e de outros autores dos custos de produção de
silagens de pastagem e comparou com o custo de outros volumosos suplementares (Tabela
24).
1. Faça uma análise critica dos dados de custos de produção das diferentes opções de
alimentos utilizados em dietas de herbívoros apresentados nas Tabelas 24 e 25. Também
faça uma analise, levando em consideração a realidade da sua região e a realidade para
brasileira.
64
CONCLUSÃO
Á medida que os sistemas de produção vão sendo intensificados passa a ser importante
a adoção de programas de gerenciamento da atividade para se conhecer bem o negócio em
questão.
Dentro de programas de gerenciamento, temos o de gerenciamento da produção da
pastagem. Nesse trabalho, vimos que são muitas as técnicas para o monitoramento da
produção de forragem e da produção animal. Pouco desse conhecimento acumulado pela
pesquisa tem sido transferido e usado por técnicos e pesquisadores e é por isso que ainda não
conhecemos quase nada da produção de nossas pastagens.
Como ainda não temos técnicas indiretas de mensuração da produção da pastagem
calibradas para as nossas condições, nós teremos que lançar mão das técnicas diretas que
consistem em cortar e pesar a forragem, pratica que toma tempo e trabalho, mas é a técnica
mais precisa.
Se os interessados no negocio da produção a pasto, sendo eles produtores, consultores,
professores e pesquisadores, começarem a se interessar pelo assunto e colocá-lo em prática,
nos seus trabalhos de campo e de pesquisa, no futuro teremos dados e parâmetros que poderão
servir para calibrar técnicas indiretas como, por exemplo, correlacionar altura com massa de
forragem. Quando este tempo chegar, será mais fácil aplicar o conceito de medição da
produção de pasto dentro das fazendas.
Uma vez tendo dados seguros em mãos, esses serão usados no planejamento anual das
fazendas, no sentido de programar os gastos; as vendas e as compras; programas de
adubações; épocas de pesagens; programa de irrigação, entre outros.
Como sugestões que o produtor pode adotar na elaboração de planejamento alimentar
em suas propriedades, quero deixar as seguintes:
1 - Produção mais estacional em fazendas de gado de corte com grandes áreas e onde não é
possível armazenar o excesso de forragem da pastagem e nem produzir volumosos
suplementares. Essa produção estacional deverá ser dimensionada de acordo com a demanda
de forragem e a curva de crescimento da pastagem.
A adoção de práticas como planejamento da estação de monta; venda de animais
terminados; de animais descarte e desmamados, antes da entrada da seca, associado com
diferimento de pastagens com uso de forrageiras com crescimento complementar. Além disso,
mais a adubação da pastagem no final do período chuvoso, poderá viabilizar ainda mais os
65
sistemas de produção extensivos de gado de corte, principalmente nos sistemas de ciclo
completo, com cria-recria-engorda.
2 – Para os produtores que têm condições de comprar máquinas forrageiras, é possível adotar
o uso intensivo da pastagem no período das chuvas, associado com o armazenamento do
excesso de forragem da pastagem sob as formas de silagem ou feno ou ter áreas de cana e/ou
capim-elefante. Esses volumosos suplementares poderão ser usados no confinamento de
animais de terminação ou para a suplementação de outras categorias do rebanho.
SANTOS, F. A. P. Manejo dos sistemas de produção de leite a pasto. In: MINAS LEITE -
SUSTENTABILIDADE DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE LEITE A PASTO E EM
CONFINAMENTO, 3, Juiz de Fora, 2001. Anais... Juiz de Fora: EMBRAPA-CNPGL, 2001.
163 p. p. 7-26.
SCALÉA, M. A cultura do milheto e seu uso no plantio direto no Cerrado. São Paulo:
Informativo Monsanto, São Paulo. s/d.