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FACULDADES ASSOCIADAS DE UBERABA - FAZU

Mantenedora : Fundação Educacional para o Desenvolvimento das Ciências Agrárias - FUNDAGRI

Curso de Pós-graduação “lato sensu”


em
Manejo da Pastagem

ADILSON DE PAULA ALMEIDA AGUIAR

Módulo XII

Medição de Forragem e Planejamento


Alimentar em Sistemas de Pastejo
2

Aguiar, Adilson de Paula Almeida


A227m Medição de forragem e planejamento alimentar em
sistemas de pastejo / Adilson de Paula Almeida Aguiar --
Uberaba: FAZU, 2004.
67 p. -- (Curso de Pós-graduação “lato sensu” em
Manejo da Pastagem, Módulo 12).

1. Pastagem. 2. Nutrição Animal. 3. Planejamento


Alimentar. I. Título.

CDD 633.2
3
APRESENTAÇÃO

O ideal seria manter os animais o ano inteiro nas pastagens, pois essa opção
significaria ter menores custos de produção e menos trabalho. Entretanto, devido à
estacionalidade de produção das pastagens, o desejável não é possível. Esse problema não é
um castigo da natureza apenas para as regiões tropicais do mundo e sim para todas as regiões
onde as pastagens são usadas como base da alimentação animal.
Os produtores de regiões temperadas encontram maiores limitações ambientais que os
produtores das regiões tropicais, pois, em muitos países daquelas regiões, o produtor tem de
três a seis meses por ano para produzir todo o alimento suplementar para o inverno rigoroso
sob a neve. Os produtores dos Estados Unidos, do Canadá e da Europa já incorporaram à sua
cultura a necessidade de armazenar alimentos suplementares para o inverno, sendo que, a
pesquisa desses países já evoluiu muito no sentido de dar opções diversas para os produtores
que as adota com facilidade, devido à necessidade.
Na ilha sul da Nova Zelândia, existe uma região semi-árida onde chove entre 200 e
600 mm por ano, concentrados em três a quatro meses, mas não é só isso, pois, durante os
meses do inverno, a pastagem fica sob a neve e o produtor tem que acordar todos os dias bem
cedo para suplementar seus animais. Nem por isso a produção é baixa, pois com sistemas
eficientes de irrigação nas estações de primavera e verão, associado à suplementação
estratégica com volumosos suplementares durante o inverno, os produtores conseguem
produzir 16.000 kg de leite/ha/ano.
Segundo Rolim (1994), as limitações para o crescimento de plantas no mundo se
distribuem da seguinte forma: em 36% da terra o crescimento é limitado pela temperatura; em
31% da terra é limitado por déficit hídrico; em 24% é limitado por ambos; em 9% não sofre
influência de temperatura e déficit hídrico.
No Brasil, não é diferente, sendo que as pastagens apresentam uma queda de produção
até mesmo na região Norte onde as chuvas são abundantes e distribuídas ao longo do ano. Nos
cerrados, região onde se encontra atualmente mais de 50% da pecuária de corte e leite
brasileira, o índice pluviométrico varia entre 1.200 a 2.000 mm, com uma estação seca que
varia entre cinco e sete meses, sendo então o déficit hídrico e o fator climático limitantes do
crescimento das pastagens nessa região.
4
O planejamento de sistemas pastoris baseia-se em informações como a projeção da
dinâmica do rebanho, a identificação de épocas críticas para a sua nutrição e o
estabelecimento de níveis esperados de produtividade da pastagem ao longo do ano. Essas
informações permitem estabelecer épocas de provável escassez ou excesso de forragem e
possibilitam prever intervenções de manejo para minimizar estresses nutricionais dos animais
e condições inadequadas de utilização da pastagem.
Uma das praticas para estabelecer bases para o planejamento de sistemas pastoris é a
estimativa da sua capacidade de suporte através de metodologias de mensuração da forragem
disponível. Tal pratica não é adotada nas fazendas brasileiras e, até poucos anos atrás, também
era um assunto pouco tratado nos trabalhos de pesquisa. Segundo Barioni et al., (1998), os
métodos para planejamento e controle da medição de alimentos como, o orçamento
forrageiro, são raramente utilizados no Brasil, porém permitem maior eficiência na
administração produtiva e integração dessa com o planejamento financeiro e comercialização.
A falta de planejamento adequado e a ineficiência na gestão dos recursos forrageiros
em sistemas de produção a pasto podem resultar em baixa lucratividade, má gestão de riscos,
baixa produtividade, degradação de pastagens e até morte de animais por desnutrição
(BARIONI et al., 2003).

Autor:
Adilson de Paula Almeida Aguiar.
Professor de Pastagens e Plantas Forrageiras I e de Zootecnia I e III (Bovinocultura de Corte e
de Leite) das Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU) e de Agrostologia, no curso de
Medicina Veterinária da Universidade de Uberaba (UNIUBE). Diretor da Consultoria e
Planejamento Pecuário (CONSUPEC).
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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................................... 2
CAPÍTULO 1 – PLANEJAMENTO ALIMENTAR ......................................................................................... 4
1.1. Níveis de Planejamento .................................................................................................. 4
1.1.1. Nível Estratégico ......................................................................................................... 4
1.1.2. Nível Tático ................................................................................................................ 8
1.1.3. Nível Operacional ..................................................................................................... 10
CAPITULO 2 – COMO CALCULAR O SUPRIMENTO DE FORRAGEM ............................................... 12
2.1. Experimentação ............................................................................................................ 12
2.2. Modelagem Matemática ............................................................................................... 14
2.3. Monitoramento da Taxa de Lotação ............................................................................. 16
2.4. Estimativa e Monitoramento do Crescimento da Pastagem ............................................. 18
2.4.1. Técnicas de medição da produção da pastagem ......................................................... 19
2.4.1.1. Parâmetros medidos ............................................................................................... 23
CAPITULO 3 - GESTÃO DO MANEJO DO PASTEJO NO PLANEJAMENTO ALIMENTAR ............ 33
CAPITULO 4 - ESTIMATIVA DO CONSUMO ANIMAL E MONITORAMENTO DA PRODUÇÃO
ANIMAL ............................................................................................................................................................. 40
4.1. Consumo de forragem .................................................................................................. 40
4.1.1. Respostas de animais de acordo com o manejo do pastejo ......................................... 42
4.2. Estimativa de produção animal ..................................................................................... 43
CAPITULO 5 - PLANEJAMENTO ALIMENTAR EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO A PASTO ........... 45
5.1. Planejamento Alimentar em Sistemas Exclusivos de Pastejo ........................................ 46
5.2. Planejamento Alimentar em Sistemas Intensivos com Uso de Volumosos Suplementares50
5.2.1. Exemplo de Cálculo de Produção de Volumosos Suplementares ............................... 55
CAPITULO 6 - CUSTOS DE PRODUÇÃO DE ALIMENTOS .................................................................... 58
CONCLUSÃO .................................................................................................................................................... 62
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................................ 64
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CAPÍTULO 1 – PLANEJAMENTO ALIMENTAR

Este capítulo aborda o planejamento alimentar sob as bases do planejamento de qualquer


empreendimento, estudando os níveis, estratégico, tático e operacional, também denominados
aqui, nesse módulo, como níveis de longo, médio e curto prazo, respectivamente. Estuda-se
quais os dados devem ser conhecidos e as decisões tomadas em cada nível do planejamento.

O planejamento tem o objetivo de definir ações para atingir um estado desejado para o
negócio no futuro, sendo que esse estado desejado é objetivamente definido por meio de
metas (BARIONI et al., 2003). Entretanto, a definição de metas requer avaliação dos recursos
disponíveis, tais como área total e área útil, condições edafoclimáticas, recursos hídricos,
recurso animal, recurso planta forrageira, recurso financeiro, disponibilidade e qualificação da
mão-de-obra, acesso à propriedade, à energia, como também às condições do mercado local,
às leis ambientais e aos objetivos do empresário.
Uma vez conhecidos os recursos, os fatores condicionantes, as metas e os objetivos do
empreendimento, pode-se, por meio de diversas técnicas, procurar estabelecer a melhor
alocação dos recursos disponíveis para o negócio.
Mesmo com implementação eficiente, a evolução do desempenho do sistema pode
diferir do planejado por causa de variáveis incontroláveis, tais como o clima e os preços,
como também por falhas de previsão ou por erros de monitoramento. É, por isso, que os
planos precisam ser revistos periodicamente, considerando: a)modificações internas impostas
por compra, venda, arrendamento, novas pastagens, adoção de confinamento ou semi-
confinamento e b)modificações externas, tais como, condições de mercado, relações de preço,
nova legislação, entre outras (BARIONI et al., 2003).

1.1. Níveis de Planejamento

O planejamento de qualquer empresa é dividido em três níveis básicos, o estratégico, o


tático e o operacional. Em todos esses níveis de gerenciamento, deve-se considerar as
estimativas de demanda, de produção e de estoque de forragem.
7

1.1.1. Nível Estratégico

Nesse nível são tomadas as decisões de longo prazo, as quais têm período igual ou
superior a um ano, normalmente envolvendo metas para três a cinco anos. Segundo Barioni et
al, (2003) os principais componentes do planejamento estratégico são o inventário de recursos
e o projeto do sistema de produção, incluindo a escolha das atividades a serem desenvolvidas
(produção de leite ou de carne, e, nesse caso, qual a fase da exploração, se cria, recria,
engorda, ou ciclo completo).
No inventário de recursos, faz-se o inventário do ambiente físico, o qual deve incluir a
área total e a área útil da propriedade, a área dos piquetes, as condições climáticas
(temperatura, índice pluviométrico, distribuição de chuvas, evapotranspiração), as condições
de solo (topografia, textura, classe de solo, impedimentos físicos e fertilidade de cada área),
áreas com limitações, tais como pedregosidade e má drenagem e os recursos hídricos; dos
recursos vegetais, tais como espécies forrageiras, culturas de grãos, espécies arbóreas,
estoques de volumosos e suplementos concentrados; dos recursos animais (número de
animais, raça, sexo, categoria, peso, estádio fisiológico); da infra-estrutura (acesso, piquetes,
talhões, cercas, bebedouros, saleiros, instalações gerais) e as práticas de manejo da pastagem,
tais como adubação e irrigação.
No planejamento estratégico, deve-se estabelecer metas de produtividade, estimar
fluxos financeiros, os índices financeiros e econômicos e proceder às avaliações de impacto
ambiental e social (BARIONI et al. 2003).
Aguiar (2002d) denominou o nível de planejamento estratégico de perfil alimentar ou
de longo prazo, no qual se estabelecem os padrões de produção esperada, e os requerimentos
do rebanho. Essa informação é usada para tomar decisões como: tipo de criação; taxa de
lotação; épocas de monta, de parição, de desmama; secagem de vacas; descartes; venda de
animais gordos; compra de animais; conservação de forragem; suplementação; aluguel de
pasto.
A estacionalidade de produção de forragem pela pastagem é que determina o perfil
alimentar de um sistema de produção a pasto. As pastagens tropicais apresentam um padrão
de crescimento estacional, onde essa estacionalidade é caracterizada pela produção de 75 a
90% do total de forragem que é produzida anualmente na pastagem, em um período que varia
entre quatro e sete meses do ano, e que coincide com as estações da primavera-verão para
8
quase todas as regiões do Brasil, quando as condições climáticas são favoráveis, devido à alta
disponibilidade dos fatores climáticos: temperatura, luminosidade e chuvas (Figura 1).

90
80
70

Kg MS/ha.dia
60
50
40
30
20
10
0
A S O N D J F M A M J JH A S O
Meses do ano

FIGURA 1 – Padrão de crescimento de uma forrageira tropical ao longo do ano.


FONTE: AGUIAR (2001a)

A Figura 1 mostra o padrão da curva de crescimento das pastagens ao longo do ano,


dado pela taxa de crescimento, como sendo kg MS/ha/dia. É mostrado como exemplo um
sistema de produção com demanda de forragem para uma taxa de lotação próxima de 1,20
UA/ha e o crescimento da pastagem ao longo do ano. A linha reta está apontando para uma
demanda de 22 kg de MS/ha/dia para alimentar 1,20 UA/ha com as perdas de forragem já
incluídas. Essa estacionalidade traz dificuldades para que o produtor explore eficientemente o
alto potencial das plantas forrageiras tropicais.
Se fossem traçadas as curvas dos fatores climáticos, temperatura, água e luz, esses
acompanhariam o padrão da curva de estacionalidade na produção de forragem e pode ser
exemplificado pelos dados climáticos do município de Uberaba (Tabela 1), os quais
determinaram as taxas de acúmulo de MS por estação (Tabelas 2). Apesar de estarem
localizadas em latitudes e longitudes diferentes das de Uberaba, a tendência para o acúmulo
de forragem em cada estação, em pastagens na EMBRAPA-Sudeste e na Fazenda Santa
Ofélia, em Selviria, MS, são semelhantes aos dados obtidos na fazenda escola das Faculdades
Associadas de Uberaba (FAZU).
9

TABELA 1. Precipitação acumulada e temperatura média nos anos pastoris de 1998/99


a 2002/2003.

Ano ----------------------------------- Precipitação (mm) -------------------------- Total


O N D J F M A M J J A S
1998/99 240 144 301 424 161 186 18 23 13 0 0 37 1.547
1999/00 66 150 324 523 350 393 85 6,2 0 9 6,4 120 2.033
2000/01 54 190 351 175 147 174 27 46 1,4 21 53 22 1.261
2001/02 96 214 298 366 277 119 5,4 100 0,2 7 11 69 1.562
2002/03 90 214 700 394 40 123 160 333 0 7 14 50 1.822
Média 109 182 385 376 195 199 59 42 3 9 17 60 1.646
Ano ------------------------------- Temperatura (ºC) ------------------------------ Média
O N D J F M A M J J A S
1998/99 24 24 23 24 24 23 25 19 19 21 20 20 22,2
1999/00 24 23 23 23 24 23 22 20 19 18 22 22 23,4
2000/01 26 24 25 25 25 24 24 19 19 20 21 22 22,8
2001/02 24 24 23 24 23 24 24 21 21 20 23 22 22,8
2002/03 27 25 24 24 25 24 23 19 21 21 21 24 23,2
Média 25 24 24 24 24 24 24 20 20 20 21 22 22,8
FONTE: EPAMIG, Uberaba (2003). Aguiar et al., (2004). Dados não publicados.

TABELA 2. Taxa de acúmulo de forragem de acordo com a estação do ano em área


experimental da FAZU, Uberaba, MG, EMBRAPA/Sudeste, em São Carlos, SP e na
Fazenda Santa Ofélia, Selviria, MS.

Estação MS/ha/dia
1 1
Mom. Tanz. T851 Tanz.2 BS2 BI3
Verão 105 127 172 125 75 86
Outono 85 68 128 68 34 70
Inverno 12 11 28 23 11 34
Primavera 77 85 - 79 37 107
Verão 96 134 - - - -
Mom., Tanz., T851 – são, respectivamente, os capins mombaça, tanzânia, tifton 85, do projeto de pesquisa da
FAZU, no ano 2000 (AGUIAR, 2002d)
Tanz.2 – Tanzânia na EMBRAPA SUDESTE, São Carlos, 1995/96 e BS2, é Braquiarão em sequeiro, no mesmo
centro de pesquisa, 1999 (CORREA e POTT, 2001)
BI3 – Braquiarão irrigado. Dado de campo do período 2000/2001, Fazenda Santa Ofélia, Selviria, MS
FONTE: AGUIAR E SILVA (2002).

Se considerarmos os mesmos níveis de adubação aplicados nos sistemas, em Uberaba


e na EMBRAPA SUDESTE, sob regime de sequeiro, para as condições de índice
pluviométrico de um município na região semi-árida de Minas Gerais (Tabela 3), a taxa de
10
acúmulo de forragem seria menor e a estacionalidade de produção seria mais acentuada, como
também, a variação da produção de ano para ano seria bem maior.
TABELA 3. Variáveis mensais de precipitação (mm) em Nova Porteirinha, MG, nos
anos de 1978 a 1998.

Meses Media Com ocorrência Máxima (ano) Mínima


(ano)
Janeiro 193,2 21 677 (85) 3,5 (90)
Fevereiro 97,0 20 377 (79) 0,0 (84)
Março 105,2 21 362 (81) 0,3(86)
Abril 39,1 21 118 (79) 0,5 (98)
Maio 6,8 14 37 (78) 0,0 (7 anos)
Junho 3,2 5 28 (89) 0,0 (16 anos)
Julho 1,1 4 12 (86) 0,0 (17 anos)
Agosto 3,9 7 54 (92) 0,0 (14 anos)
Setembro 14,7 13 84 (84) 0,0 (8 anos)
Outubro 55,8 21 120 (79) 3,1 (80)
Novembro 149,0 21 259 (96) 2,2 (82)
Dezembro 176,8 21 466 (89) 44,8 (84)
ACUMULADO 846
Fonte: Queiroz (2001). Modificado.

Em relação aos recursos forrageiros, o planejamento estratégico do sistema de


produção estabelece estimativas da quantidade de forragem produzida em cada área ou
piquete e metas de taxa de lotação, produtividade animal e quantidade demandada de
forragem (BARIONI et al., 2003).

1.1.2. Nível Tático

Nesse nível de planejamento são tomadas decisões de médio prazo e tem o objetivo de
traduzir o planejamento estratégico para ações aplicáveis a um horizonte inferior a um ano e
ajustá-lo em virtude de novas informações obtidas durante a sua implementação (BARIONI et
al., 2003).
Em relação ao nível estratégico, o nível tático envolve, por exemplo, mudanças nas
datas de compra e venda de animais devido às alterações na disponibilidade de forragem;
devido à necessidade de utilizar áreas para a conservação de forragem; na área ou no método
de renovação de pastagens, em razão de oportunidades de mercado (abertura de novas linhas
de credito, aquisição de sementes, calcário, fertilizantes com relação beneficio/custo mais
11
favorável); na necessidade de controle de pragas, doenças e plantas invasoras; na formulação
de suplementos e estratégia de suplementação do rebanho (BARIONI et al., 2003).
Aguiar (2002d) denominou o planejamento tático de planejamento alimentar de médio
prazo, com duração de seis meses. Segundo ele, o planejamento alimentar é baseado no perfil
alimentar ou planejamento de longo prazo e é usado para balancear a demanda com o
suprimento de alimento. Pode ser feito por hectare ou por fazenda e o suprimento de pasto é
dado em “kg de MS/ha de massa de forragem” ou “cobertura da pastagem”, tal como
exemplificado na Tabela 4.

TABELA 4. Exemplo dos dados de demanda e suprimento de forragem ao longo do ano


em uma fazenda com taxa de lotação constante de 5 UA/ha.

Mês TA CS Bal. Balanço


MS/ha/dia(kg) UA/ha UA/ha.dia KgMS/
5,0 ha/dia ha/30 dias
Novembro 85 4,7 + 0,3 - 3,0 - 90,0
Dezembro 90 5,0 - - -
Janeiro 100 5,5 - 0,5 +9 + 270,00
Fevereiro 120 6,7 - 1,7 + 31,0 + 930,0
Março 90 5,0 - - -
Abril 80 4,4 + 0,6 - 5,0 - 150,0
Maio 60 3,3 + 1,7 - 17,0 - 510,0
Junho 45 2,5 + 2,5 - 25,0 - 750,0
Julho 20 1,1 + 3,9 - 39,0 - 1.200,0
Agosto 12 0,67 + 4,37 - 43,7 - 1.311,0
Setembro 25 1,39 + 3,6 - 36,0 -1.080,0
Outubro 60 3,3 + 1,7 - 17,0 - 510,0
Déficit ou Superávit (kg de MS/ha.ano) - 3.942,0
TA: taxa de acúmulo; CS: capacidade de suporte da pastagem; Bal. UA/ha.dia: Balanço em unidade animal/ha.
FONTE: AGUIAR (2002d)

Observa-se que, se fosse mantida a meta de trabalhar com taxa de lotação de 5 UA/ha,
haveria um excedente na taxa de lotação da ordem de 1,38 UA/ha e um balanço negativo de
3.942 kg de MS/ha/ano, que deveriam ser produzidos em uma outra área da propriedade, na
forma de fenos ou silagens ou cana, ou serem comprados de fora, situação esta que poderia
aumentar os custos de produção podendo até mesmo inviabilizar o negócio. Entretanto, se a
política fosse a de tomar a decisão de trabalhar como meta a taxa de lotação, baseada na taxa
de acúmulo de forragem, teríamos a situação da Tabela 5, quando então haveria um balanço
positivo da ordem de 2.283 kg MS/ha/ano.
12

TABELA 5. Exemplo dos dados de demanda e suprimento de forragem ao longo do ano


em uma fazenda com taxa de lotação constante de 3,62 UA/ha.

Mês TA CS Bal. Balanço


MS/ha/dia(kg) UA/ha UA/ha.dia KgMS/
3,62 ha/dia ha/30 dias
Novembro 85 4,7 3,62 + 19,4 + 582
Dezembro 90 5,0 3,62 + 24,8 + 744
Janeiro 100 5,5 3,62 + 33,8 + 1.014
Fevereiro 120 6,6 3,62 + 54,0 + 1.620
Março 90 5,0 3,62 + 24,8 + 744
Abril 80 4,4 3,62 + 14,0 + 420
Maio 60 3,3 3,62 - 3,2 - 96
Junho 45 2,5 3,62 - 11,2 - 336
Julho 20 1,1 3,62 - 25,2 - 756
Agosto 12 0,67 3,62 - 30,0 - 900
Setembro 25 1,39 3,62 - 22,0 - 600
Outubro 60 3,3 3,62 - 3,2 - 96
Déficit ou Superávit (kg de MS/ha.ano) + 2.283
TA: taxa de acúmulo; CS: capacidade de suporte da pastagem; Bal. UA/ha.dia: balanço em unidade animal/ha.
FONTE: AGUIAR (2002c).

1.1.3. Nível Operacional

Também denominado de curto prazo com abrangência temporal de dias ou semanas e


envolve atividades cotidianas. No caso do planejamento forrageiro, as ações de nível
operacional incluem a alocação de pastagem para as várias categorias animais, visando manter
condições adequadas para a pastagem e para o desempenho animal. São tomadas decisões
relacionadas à seqüência de utilização dos piquetes, tempo de ocupação e de descanso,
intensidade de pastejo e remanejamento de animais entre lotes (BARIONI et al., 2003).
Aguiar (2002d) denominou o planejamento de curto prazo de plano de pastejo ou
planejamento alimentar de curto prazo (dia a dia). É usado para implementar o planejamento
alimentar de médio prazo. São tomadas decisões dos tipos: qual o próximo piquete a ser
pastejado; qual piquete será conservado; número de módulos e de piquetes por módulo;
período de descanso e de ocupação por piquete; ciclo de pastejo; resíduo pós-pastejo, pressão
de pastejo e oferta de forragem; quanto suplementar para manter a cobertura da pastagem.
13
Segundo Barioni et al., (2003) o planejamento forrageiro é um processo envolvendo
uma hierarquia quanto às decisões. Decisões com impacto de prazo mais dilatado (estratégias)
devem preceder àquelas de médio e de curto prazos.

Atividade suplementar do módulo:

1.Quais são os objetivos do planejamento alimentar?

2.Quais informações devem ser coletadas e conhecidas para se estabelecer metas em um


planejamento alimentar?

3.Por que o planejamento (ou planos) devem ser revistos periodicamente?

4.O que diferencia basicamente os níveis de planejamento estratégico, tático e operacional?

5. Quais decisões são tomadas nos níveis de planejamento estratégico, tático e operacional
quando da elaboração do planejamento alimentar?
14

CAPITULO 2 - COMO CALCULAR O SUPRIMENTO DE FORRAGEM

Este capítulo tem como objetivo estudar as fontes de informação para a previsão de
suprimento de forragem pela pastagem e as limitações de cada uma. Serão estudadas as fontes
de informação vindas da experimentação, da modelagem matemática, do monitoramento da
taxa de lotação e da estimativa e monitoramento da massa de forragem. Nesse último tópico,
estudaremos as técnicas de medição da produção da pastagem e os parâmetros que são
medidos para a avaliação da produção de forragem e da produção animal.Ao final desse
capítulo, são dados alguns exemplos de como os cálculos são desenvolvidos, de como
interpretar os resultados obtidos e de como usá-los no planejamento alimentar.

Segundo Barioni et al., (2003) a falta de informações sobre a distribuição da produção


de forragem ao longo do ano é, atualmente, a principal limitação para o planejamento
criterioso de sistemas de produção a pasto. Segundo aqueles autores, existem pelo menos
quatro tipos de fonte de informação para a previsão do suprimento de forragem pela
pastagem, como a seguir.

2.1. Experimentação

Em alguns países, a estacionalidade na produção de forragem foi quantificada a partir


de zoneamento agroclimático e de experimentação para cada região típica de produção, como
na Nova Zelândia, onde a variação estacional do acúmulo de forragem foi medida de forma
padronizada, por diversos grupos de pesquisas em numerosas estações experimentais,
abrangendo a maioria dos padrões climáticos encontrados por pecuaristas naquele país. Essas
estimativas têm sido incorporadas a sistemas de apoio à tomada de decisões e têm norteado o
planejamento forrageiro em fazendas que ainda não possuem bases de dados sobre o perfil
local de produção de forragem naquele país (BARIONI et al., 2003).
Na Tabela 6, estão compilados alguns dados sobre o comportamento do crescimento
dos capins tanzânia, mombaça (Panicum maximum cv Tanzânia e Mombaça) e tifton 85, entre
os anos pastoris de 1998/99 a 2002/03, para as condições ambientais do município de
0 0
Uberaba, latitude – 19 e 44’ Sul, longitude – 47 e 57’ Oeste de Greenwich, 780 m de
15
0
altitude, 1.646 mm de precipitação e temperatura média anual de 22,8 C, durante o período
de avaliação.

TABELA 6. Resultados médios da produção e características do relvado dos capins


tanzânia, mombaça e tifton 85 nos anos pastoris de 1998/99 a 2002/2003, nas diferentes
estações do ano.

Parâmetro ----- Primavera --- ------ Verão ------ ------- Outono ---- ------- Inverno --
T1 M1 T851 T M T85 T M T85 T M T85
ARPRE (cm)2 87,2 88,3 31,4 96,6 95 40,2 83,6 65,7 27,7 55,6 49,7 20,3

MFPRE (t 5,9 6,74 4,75 6,3 6,72 5,63 5,36 4,73 6,1 2,79 2,47 4,0
MS/ha) 3
DMF (kg 67,4 76,9 151 67 70,9 141 64,3 71,5 228 50,7 52,7 205
MS/ha/cm) 4
ARPOP (cm)5 40,7 41,2 16,1 45,6 40,6 20,3 48,3 38,6 19,7 39,1 33,9 15,6

MFPOP (t 2,75 2,90 2,26 3,37 3,11 2,45 3,52 2,42 3,45 2,14 1,77 2,35
MS/ha)6
TER (cm/dia)7 1,30 1,27 0,42 1,56 1,83 0,75 0,86 0,74 0,22 0,36 0,50 0,14
FA/CP (t 4,21 4,42 2,59 4,22 3,54 3,47 2,25 2,29 3,11 0,78 0,78 1,62
MS/ha)8
TAF (kg 104 114,6 76,3 123,8 106,7 128 61,5 62,6 93,4 23,8 18,8 42
MS/ha/dia)
1
T: Tanzânia; M: Mombaça; T85: Tifton 85; 2ARPRE (cm): altura do relvado no pré pastejo; 3MFPRE (t
MS/ha); massa de forragem no pré pastejo; 4DMF (kg MS/ha/cm): densidade da massa de forragem; 5ARPOP
(cm): altura do resíduo no pós pastejo; 6MFPOP (t MS/ha): massa de forragem no pós pastejo; 7TER (cm/dia):
taxa de expansão do relvado; 8FA/CP (t MS/ha): forragem acumulada por ciclo de pastejo.
FONTE: AGUIAR et al. (dados não publicados)

Os dados da Tabela 6 podem ser utilizados no início de um projeto como base para o
planejamento alimentar em fazendas que ainda não possuem base de dados sobre o
crescimento da pastagem e que estejam localizadas em regiões com condições ambientais
semelhantes, explorando as mesmas forrageiras e com o mesmo nível tecnológico de
exploração.
Na Tabela 7, estão compilados dados de dois anos pastoris de uma pastagem de
capim-braquiarão irrigada, nas diferentes estações do ano, na Fazenda Santa Ofélia, localizada
em Selviria, MS, em latitude de 20,40 Sul, 357 m de altitude, temperatura média de 25,37 0C,
evapotranspiração diária (EVPTA) de 4,34 mm (1.584 mm/ano); precipitação de 1.245 mm e
7,83 horas de insolação (estação meteorológica da UNESP, Ilha Solteira, localizada há menos
de 20 km da propriedade).
16
TABELA 7. Taxa de acúmulo de forragem (TA, em kg MS/ha/dia), taxa de lotação
(UA/ha) e capacidade de suporte (CS, em UA/ha) de uma pastagem irrigada de capim-
braquiarão nos anos 2001 e 2002, nas diferentes estações do ano.

Estação TA (kg MS/ha/dia) (TL - UA/ha) (CS – UA/ha)


2001 2002 2001 2002 2001 2002
Verão 83 109 9,47 8,3 7,5 9,8
Outono 70 145 6,15 6,0 6,3 13,0
Inverno 34 67 3,70 3,86 3,1 6,0
Primavera 107 108 8,40 5,36 8,6 8,6
Média 74 108 6,93 5,90 6,6 9,7
FONTE: AGROPECUÁRIA HUGO ARANTES, citado por Aguiar e Silva (2002).
Modificado.

Da mesma forma que comentado, em relação ao uso dos dados da Tabela 6, os dados
da Tabela 7 podem ser usados para sistemas de pastagens irrigadas e em condições ambientais
semelhantes, até que exista uma base de dados locais.
Entretanto, Barioni et al., (2003) ressaltou que em razão da amplitude de condições
ambientais do Brasil, inexistem, para muitas regiões/localidades, curvas de produção
estacional para os principais cultivares de forrageiras em uso.

2.2. Modelagem Matemática

A previsão da variação estacional da produtividade das pastagens também pode ser


realizada com o auxilio de modelos matemáticos. Modelos matemáticos de produtividade de
pastagens utilizam relações entre a magnitude de variáveis climáticas e os níveis de
produtividade obtidos em experimentos. Com base nas relações obtidas experimentalmente,
tais modelos permitem a previsão da produtividade em outros locais a partir de dados sobre as
condições ambientais locais, respeitando-se os limites de confiança impostos pelas situações
contempladas no desenvolvimento do modelo (BARIONI et al., 2003).
Esses modelos podem ser divididos em modelos de produtividade potencial, de
produtividade restrita e de produtividade reduzida. Os modelos de produtividade potencial
consideram fatores que definem as máximas taxas de crescimento, tais como características
genéticas da planta forrageira, luz e temperatura. Modelos de produtividade restrita
consideram também fatores limitantes como água e nutrientes e modelos de produtividade
reduzida consideram fatores como plantas invasoras, pragas e doenças.
17
Segundo Barioni et al., (2003), três tipos de modelos podem ser identificados quanto
às variáveis ambientais consideradas para estimar a produtividade das pastagens: (1) Modelos
de soma térmica que consideram o efeito de temperatura; (2) Modelos de unidades
fototérmicas que consideram o efeito da temperatura e fotoperiodo e (3) Modelos de radiação
solar que consideram a quantidade de radiação fotossinteticamente ativa.
Pinheiro (2002) e Balsalobre (2003) levantaram o potencial de produção de forragem
em diferentes regiões, usando o modelo de unidades fototérmicas e a partir dessa, estimativa,
calcularam a taxa de lotação da pastagem, o custo de produção, a receita obtida, o lucro e a
taxa interna de retorno. Na Tabela 8, estão resumidos alguns dos dados desses trabalhos.

TABELA 8. Potencial de pastagens irrigadas em algumas localidades, estimado pelo


modelo matemático de Unidades Fototérmicas, de Villa Nova et al., (1998).

Localidade t MS/ha/ano UA/ha FONTE


Araçatuba, SP 27,1 5,62 PINHEIRO (2002)
São José do Rio Preto, SP 25,8 5,37 PINHEIRO (2002)
Paranaíba, MS 24,8 5,15 PINHEIRO (2002)
Três Lagoas, MS 5,0 BALSALOBRE (2003)
FONTE: AGUIAR (2004a)

Resultados de sistemas comerciais têm sido publicados por Aguiar et al., (2002b e
2004b) em regiões próximas a municípios citados por Pinheiro (2002) e Balsalobre (2003).
Um exemplo é o projeto desenvolvido na Fazenda Santa Ofélia, propriedade da Agropecuária
Hugo Arantes, localizada em Selviria, MS, que vem intensificando a produção de carne a
partir da irrigação e adubação de uma pastagem de capim-braquiarão, irrigada por pivô central
(Tabela 9).

TABELA 9. Variáveis relacionadas ao crescimento e à produção de uma pastagem de


capim-braquiarão irrigada e submetida ao manejo intensivo do pastejo

Variável 2001 2002 2003 Media


1
TAF (kg MS/ha/dia) 74 109 99 94
FA (kg MS/ha/ano)2 27.000 39.800 36.300 34,3
CSP (UA/ha)3 6,6 8,4 7,1 7,36
TL (UA/ha)4 6,96 6,54 5,55 6,35
1
TAF: taxa de acúmulo de forragem; 2FA: Forragem Acumulada; 3CSP: capacidade de suporte da
pastagem; 4TL: taxa de lotação.
FONTE: ADAPTADO DE AGUIAR et al. (2004b).
18
A CSP foi calculada considerando uma oferta de forragem de 6 kg de MS/100 kg de
peso vivo ou 27 kg de MS/UA/dia com base na massa de forragem no pré-pastejo, e variou de
6,6 UA/ha em 2001, a 8,4 UA/ha em 2002, e de 7,1 UA/ha, em 2003, com CSP media, nos
três anos, de 7,36 UA/ha, valor muito acima da taxa de lotação potencial de 5,0 UA/ha,
estimado, por Balsalobre et al., (2003) com base na temperatura e latitude do município de
Três Lagoas, MS, que se localiza em latitude e altitude semelhantes as do município de
Selviria. Observa-se que mesmo a TL foi, em média, superior àquela estimada por Balsalobre
et al., (2003), indicando que os modelos ainda precisam ser aferidos de forma mais
consistente.
Tais modelos são aplicáveis apenas em condições nas quais não há carência de água e
nutrientes, como em pastos irrigados. Deve-se ressaltar que a maior parte das áreas de
pastagens no Brasil está sujeita a condições limitantes ao crescimento, particularmente com
relação à umidade e à fertilidade do solo. Sendo assim, os modelos de produtividade restrita
seriam mais apropriados para condições sub ótimas de crescimento.

2.3. Monitoramento da Taxa de Lotação

- O acúmulo de forragem pode ser estimado a partir das taxas de lotação suportadas
pelos piquetes ou pela propriedade num dado período de tempo (ciclo de pastejo, mês, estação
do ano, no ano), com base no histórico de anos anteriores e/ou na experiência de consultores
atuando na mesma região e com manejo semelhante. Dados de taxa de lotação animal e
desempenho animal podem ser convertidos em dados de demanda de forragem para permitir o
estabelecimento de metas para a massa de forragem (BARIONI et al., 2003).
Na Tabela 10, estão um resumo da taxa de lotação e da capacidade de suporte
(potencial) de pastagens da Fazenda Santa Lúcia, Curionópolis, Pará, entre os anos de 1998 a
2003. Cada data representa dados de uma visita àquela propriedade. A coluna potencial foi
estimada com base em resultados de análises de solos, interpretada no início dos trabalhos, em
dezembro de 1997, usando como parâmetro a lei do mínimo. A coluna ajuste foi a
recomendação de ajuste de taxa de lotação em relação ao potencial dado pelo solo, feita em
cada visita.
19
TABELA 10. Área útil de pastagens, tamanho do rebanho em cabeças, unidades animais
totais (UA), peso médio do rebanho (kg de peso vivo), taxa de lotação (UA/ha),
capacidade de suporte da pastagem (UA/ha) e ajuste da taxa de lotação da Fazenda
Santa Lucia, entre os anos de 1998 e 2003.

Mês/Ano Área (ha) Cabeças UA Peso (kg) TL (UA/ha) CS (UA/ha) Ajuste (%)
04/1998 10.932 11.351 8.620 342 0,85 1,32 + 55
04/1999 10.932 15.158 11.929 354 1,09 1,32 + 21
10/1999 10.932 18.030 13.176 329 1,20 1,32 + 10
04/2000 10.932 17.562 13.138 337 1,20 1,32 + 10
10/2000 10.932 19.817 13.517 307 1,24 1,32 + 6,4
04/2001 11.042 17.831 13.036 334 1,15 1,32 + 15
11/2001 11.125 20.135 15.382 342 1,38 1,32 - 4,5
05/2002 11.125 18.646 13.870 335 1,24 1,32 + 6,4
10/2002 11.125 19.350 14.088 328 1,25 1,32 + 5,6
12/2003 11.206 20.688 13.635 297 1,22 1,32 + 7,8
MÉDIA 11.046 17.857 13.039 330 1,18 1,32 + 10,6
FONTE: AGUIAR (2002)c. Modificado.

Com os dados médios da taxa de lotação dos seis anos de avaliação (Tabela 10), é
possível fazer uma estimativa de demanda de forragem para o consumo e para o crescimento,
ao longo de um ano, quando diferentes eficiências de pastejo fossem alcançadas (Tabela 11).
É também possível estimar o consumo de forragem e o crescimento total da pastagem se a
taxa de lotação tivesse sido ajustada na capacidade de suporte da pastagem, nesse caso, dada
pelo potencial do solo fornecer nutrientes.

TABELA 11. Consumo de forragem (CF, em kg MS/UA/dia e em kg MS/ha/ano),


crescimento da pastagem (CP, em kg MS/ha/ano) para diferentes níveis de eficiência de
pastejo (30%, 40% e 50%) para as condições de ocorrida e potencial.

Taxa de UA/ha CF CF CP CP CP
Lotação MS/UA/dia kg 30% 40% 50%
MS/ha/ano
Ocorrida 1,18 10 4.307 14.000 10.760 8.610
Potencial 1,32 10 4.818 15.800 12.120 9.630

Segundo Barioni et al., (2003) dados de taxa de lotação fornecem informação limitada,
quando considerados na ausência de dados da evolução da massa de forragem. Entretanto,
esses dados podem ser utilizados para estabelecer uma estimativa inicial do padrão de
produtividade da pastagem na propriedade.
20
2.4. Estimativa e Monitoramento do Crescimento da Pastagem

As estimativas devem ser usadas para redimensionar estimativas de dados


experimentais ou para calibrar modelos matemáticos para situações especificas (BARIONI et
al., 2003).
A medição da produção da pastagem é feita tanto no método de pastejo com lotação
rotacionada como no de lotação continua. No método rotacionado, as amostras são obtidas
antes e após os animais entrarem no piquete. O crescimento da pastagem é medido durante o
período de descanso.
Se o período de pastejo for de até 10 dias, o crescimento durante o mesmo poderá ser
estimado pela simples extrapolação do crescimento durante o período de descanso. Quanto
menor for o período de pastejo melhor será a estimativa (GARDNER, 1986).
No método de pastejo com lotação continua, a estimativa pode ser melhorada, mas
não é perfeita. É comum o uso de gaiolas de isolamento ou de exclusão para evitar o pastejo.
O mais simples é cortar a área coberta pela gaiola, descartar a forragem cortada, colocar a
gaiola, permitir o crescimento da pastagem e cortar novamente para determinar a produção no
final de um período de pastejo ou de um determinado espaço de tempo, geralmente de duas a
três semanas. As gaiolas deverão ser removidas para uma nova área após a amostragem
(GARDNER, 1986).
Pedreira (2002) concordou com outros autores que dentro da gaiola, o acúmulo de
forragem e os processos dos quais ele é resultante não é o mesmo que fora da gaiola, onde as
plantas não estão excluídas do pastejo, mas argumentou que em situações onde não é possível
cortar grandes proporções de área da unidade experimental durante a amostragem, o uso da
técnica é de grande utilidade.
Segundo Da Silva e Pedreira (1996), a produção de forragem não pode ser medida em
sistemas de pastejo contínuo como o "acúmulo líquido de forragem", que é o método
convencional usado em estudos agronômicos, porque parte do crescimento da forragem é
continuamente removida pelos animais em pastejo. Se a taxa bruta de produção de forragem
for igual à soma da remoção pelo pastejo e das perdas de tecidos por senescência e morte, não
serão observadas mudanças líquidas no estoque de forragem no pasto.
21
2.4.1. Técnicas de medição da produção da pastagem

Existem muitas técnicas de medição da produção da pastagem devido ao fato de que


muitos fatores interagentes podem exigir uma ou outra técnica de mensuração. Fatores, tais
como, uniformidade da pastagem, habito de crescimento e perfilhamento da planta, densidade
da forragem, altura da pastagem e a composição botânica da pastagem (AMARAL, 2001).
A classificação que se segue foi extraída de Hodgson et al., (2000). As técnicas de
medição da produção da pastagem são divididas em técnicas diretas e técnicas indiretas.
Dentro das técnicas diretas existem as técnicas de corte ou ceifa e a técnica do quadrado.
A técnica de corte consiste em cortar áreas de 5-10 m2. O corte é feito com
implementos tratorizados, ou manuais. O corte é feito a uma altura determinada que
normalmente é a altura de pastejo ou de resíduo pós-pastejo que se deseja.
Hodgson et al., (2000) comenta que a limitação dessa técnica está no fato de não se ter
a influência da distribuição de urina e fezes pela pastagem, nem o efeito do pisoteio dos
animais e nem o seu hábito de pastejo seletivo. Essa é uma técnica usada na Nova Zelândia
para conhecer as curvas de crescimento da pastagem ao longo das diferentes estações do ano
em diferentes localidades e regiões, mas não nos sistemas submetidos ao pastejo.
Na técnica do quadrado, são usadas molduras de madeira ou metálicas de formato
retangular ou quadrado, sendo preferida a de forma retangular que possibilita a obtenção de
dados mais consistentes. A área das molduras varia de 0,10 m2 a mais de 2,0 m2. Aguiar
(2002d) propõe a adoção de diferentes áreas e formatos de molduras, para diferentes espécies
forrageiras com crescimentos distintos, conforme se vê na Tabela 12.

TABELA 12. Medidas de molduras para a medição da produção da pastagem pela


técnica do quadrado.

Gênero/Espécie Hábito de Medidas do quadrado Área do quadrado


crescimento (m) (m2)
Cynodon, Digitaria Prostado, rasteiro 0,5 x 0,5 ou 0,5 x 1,0 0,25 a 0,5
Brachiaria Prostado, sub- 1,0 x 1,0 ou 0,5 x 2,0 1,0
prostado e ereto
Panicum maximum,
Andropogon, Ereto, touceira 1,5 x 1,5 ou 1,0 x 2,25 2,25
Pennisetum purpureum
FONTE: AGUIAR (2002d).
22
Segundo Hodgson et al., (2000), devido à pequena área amostrada, faz-se necessário a
tomada da medição em 10 a 20 pontos na área para aumentar a confiabilidade da amostragem.
A campo, têm sido feitas 5 a 10 tomadas de medição por pasto ou piquete. Quanto mais
uniforme for a pastagem, menor número de medições já fornece dado confiável sobre a
produção da pastagem.
Penatti et al., (2001) desenvolveram um trabalho com o objetivo de levantar a
influência do número de pontos amostrados e do formato e área da moldura em pastagem de
capim-tanzânia irrigado, dividido em piquetes de 1.332 m2. O numero de pontos amostrados
variou de 2 a 9 e as áreas e formatos das molduras foram 0,25 m2 com formato quadrado
(0,25 Q), 0,25 m2 com formato retangular (0,25 R), 1,0 m2Q e 1,0 m2R, 2,0 m2Q e 2,0 m2R.
Apesar do menor coeficiente de variação ter ocorrido para 2,0 m2R, as diferenças com 1,0
m2Q não foram significativas e os autores concluíram que essa moldura deveria ser adotada
por ser mais fácil de manusear. Quanto ao número de pontos amostrados, concluíram que 4,0
eram suficientes.
Pedreira (2002) também concorda que amostras menores são cortadas mais
rapidamente, são mais facilmente processadas e secam mais depressa do que grandes
quantidades de forragem.
Segundo Hodgson et al., (2000), a técnica direta é a que fornece os dados mais
confiáveis sobre a produção da pastagem, mas pelo fato de ser trabalhosa, tem sido deixada de
lado pelos fazendeiros na Nova Zelândia e a preferência tem recaído sobre as técnicas
indiretas. Segundo Pedreira (2002), passa a ser importante identificar características da
vegetação que estejam altamente correlacionadas com massa de forragem e que possam ser
medidas rápida e facilmente.
Métodos indiretos baseiam-se na existência de relação entre alguma variável que possa
ser medida na pastagem e a massa de forragem, com o intuito de facilitar a estimativa da
massa de forragem no pasto.
Métodos indiretos são calibrados com dados de corte da forragem (técnica direta)
através da técnica de dupla amostragem que vai gerar a equação de calibração.
A calibração é especifica para uma espécie forrageira e época do ano e, por isso, os
instrumentos devem ser recalibrados a cada três meses (BARIONI et al., 2003).
Dentre as técnicas indiretas temos a avaliação visual, a altura do dossel, o “rising plate
meter”, muito usado na Nova Zelândia e a sonda de pastagem.
A avaliação visual é muito usada pelos fazendeiros na Nova Zelândia e a estimativa é
feita em kg de MS/ha ou massa de forragem (MF). Nessa metodologia, a produção de MS é
23
calculada através da conversão de escore visual em peso de forragem por hectare. Segundo
Pedreira (2002), esta técnica exige treinamento prévio para que seja exata e precisa e alertou
para o fato de que a variação de observador para observador pode ser muito grande e que
observadores pouco ou mal treinados tendem a fazer observações pouco exatas e pouco
precisas. Por causa disso, a técnica deve ser de uso restrito a aplicações práticas em
propriedades, mas não na pesquisa.
Tem as desvantagens de não ser possível observar visualmente incrementos de
produção diários ou de curto prazo, tal como uma taxa de acúmulo de 100 kg de MS/ha/dia;
de ter uma grande variação entre avaliadores para uma mesma pastagem e a de superestimar a
disponibilidade de forragem em pastagens com baixa quantidade de massa de forragem
acumulada e de subestimar a disponibilidade de forragem em pastagens com altas quantidades
de forragem acumulada. Segundo Hodgson et al., (2000), um acúmulo de 100 kg de
MS/ha/dia pode ser notado mais facilmente em uma pastagem com 1.000 kg de MS/ha do que
em uma com 2.500 kg de MS/ha.
Na metodologia do rendimento comparativo é usada uma escala de 1 a 5 usando a
leitura de cinco quadrados padrões, os quais representam todas as variações de
disponibilidade de forragem em uma pastagem. Depois é feita uma calibragem visual pelo
observador e tem alta correlação para uma mesma pessoa.
A altura do relvado é um procedimento igual ao da avaliação visual que calibra a
altura como indicador de MF. A altura é tomada com uma régua em um grande número de
pontos da pastagem. Segundo Pedreira (2002), este método tem a vantagem de ser simples e
de não requerer equipamento sofisticado, mas também tem a desvantagem de poder ser pouco
exato e pouco preciso. Ainda comentou que, em geral, a densidade da forragem não é
constante ao longo dos estratos e que varia menos em dosséis de leguminosas do que de
gramíneas, e mais em pastagens temperadas do que nas tropicais.
Na metodologia do “step point” ou bico da bota, o amostrador usa uma bota com uma
escala numérica para determinar a altura do pasto. É considerado um método fácil e rápido,
mas só é possível em pastagem com plantas rasteiras. A amostragem deve ser feita em 40 a 50
pontos por pasto ou piquete.
O “rising plate peter” (prato ou disco medidor) é um prato de alumínio com 900 cm2
que se movimenta livremente por uma coluna que é graduada em 0,5 cm. A medida é feita
com a compressão da forragem. A medição é rápida e fácil, mas precisa ser feita em 50 pontos
dentro da área para fornecer dados confiáveis. É preciso marcar apenas a medida inicial e a
medida final e usar a fórmula abaixo:
24
Media da leitura = Leitura final – Leitura inicial
Número de leituras

Segundo Pedreira (2002), esta é uma técnica atraente já que é baseada no principio
segundo o qual as leituras do instrumento são influenciadas por combinações de altura e
densidade da cobertura vegetal e tem a vantagem de combinar duas características do relvado,
altura e densidade que, em conjunto, estão mais fortemente associadas com MF do que a
altura sozinha.
É uma técnica mais eficiente para medir a MF de relvados de porte médio a baixo, de
espécies folhosas e de colmos macios. Em relvados com colmos muito grandes e rígidos, a
leitura pode não levar em conta a densidade, mas responder apenas à altura, resultando em
correlações fracas entre altura do prato e MF, por isso, não é uma técnica indicada para esse
tipo de situação e onde grande parte da vegetação está acamada.
Para pastagens da Nova Zelândia existem equações de calibração de acordo com a
estação do ano. Na Tabela 13, observa-se a variação nos valores das equações de calibração
ao longo das estações e uma estimativa da massa de forragem acumulada em uma pastagem
cuja média de leitura (ML) foi de 10 cm.

TABELA 13. Equações de calibração estacional para o “rising plate meter”.

Estação Equação Massa de forragem estimada


(kg MS/ha com ML = 10 cm)
Inverno/Início primavera 125 ML + 640 1.890
Final primavera/Início verão 130 ML + 990 2.290
Meio do verão 165 ML + 1480 3.130
Início do outono 159 ML + 1180 2.270
Final do outono 157 ML + 970 2.540
FONTE: HODGSON et al., (2000)

A sonda de pastagem ou “eletronic capacitance pasture probe” tem sido usada em


outros países, há pelo menos 40 anos. A medida é tomada a partir da capacidade elétrica da
forragem, baseada no fato de que a capacitância do ar é baixa, enquanto que a da forragem é
alta. Tem uma desvantagem pelo fato de que a capacitância da MF depende da espécie
forrageira e da concentração de água da massa, o que torna necessário fazer muitas
calibrações, envolvendo espécies, estádios de maturidade dentro de espécies e horas do dia
(PEDREIRA, (2002); HODGSON et al., (2000)).
25
Segundo Pedreira (2002), experiências iniciais com pastagens tropicais e o uso da
capacitância, para quantificar a massa de forragem foram frustrantes.
Outra classificação de métodos ou técnicas de estimativa da produção de forragem é
dada por Nascimento Junior (2000). Segundo ele, existem dois métodos, um do tipo
destrutivo e outro do tipo não destrutivo, sendo o primeiro o método que corta a forragem
(técnica direta) e o segundo o método que usa técnicas indiretas de estimativa da produção da
pastagem.
Outra metodologia é o botanal que é usado pela pesquisa para avaliar a
heterogeneidade entre espécies de plantas presentes na área em pastagem consorciada e
estimar a quantidade de cada uma delas.
Observa-se, da analise das diferentes técnicas de medir a produção da pastagem, o
interesse do pesquisador de calibrar técnicas indiretas com base em dados obtidos através de
técnicas diretas que cortam e pesam a forragem. Essa busca se deve ao fato do uso de técnicas
diretas demandarem tempo longo e trabalho na sua obtenção. O parâmetro que mais se tenta
calibrar é a MF com a altura que daria a cobertura da pastagem.

2.4.1.1. Parâmetros medidos

Segundo Hodgson (1990), o mais importante para o manejo é obter a altura superficial
do relvado, a massa de forragem, a densidade da massa de forragem e a proporção de folhas.
Segundo Pedreira (2002), independentemente do objetivo da avaliação, algumas
respostas são imprescindíveis e sua quantificação deve ser feita de maneira criteriosa para que
valores exatos possam ser auferidos e ainda que, do ponto de vista quantitativo, a variável-
resposta mais importante a ser quantificada seja a massa de forragem. Concorda também com
Hodgson (1990) que é importante ainda medir a massa de folhas verdes, a qualidade da dieta e
a densidade volumétrica da forragem.

a) Altura do relvado
Segundo Hodgson et al., (2000), está aumentando a evidência de que as medições da
superfície de altura possibilitam melhor indicação tanto da produção de forragem quanto da
performance animal.
A superfície de altura do relvado pode ser definida como sendo a altura média das
folhas mais altas em um dossel sem distúrbios. A altura do relvado deve ser tomada em 40 a
50 pontos da pastagem.
26
Para os cálculos que se seguem, vamos considerar 40 cm de altura média do relvado.

b)Teor de matéria seca (% MS)


A massa de forragem presente na pastagem tem em sua composição água e MS, sendo
esses conteúdos variáveis em função da sua idade, da época do ano e das condições
climáticas. O conteúdo de MS pode variar de 10 a 40% (HODGSON et al., 2000) e, por isso,
é preciso obter o conteúdo de MS da forragem já que o consumo de forragem pelo animal é
considerado na base seca e a forragem que é cortada e pesada está na base original.
Por exemplo, um animal de 400 kg pode consumir 10 kg de MS de forragem/dia e se
esta forragem tiver 20% de MS, o animal terá que ingerir 50 kg de forragem verde (50 kg x
0,20), mas se a forragem tiver 25% de MS, o animal terá que ingerir 40 kg de forragem verde.
Desse modo, se a taxa de lotação for calculada na base verde, os erros podem ser grandes.
O teor de MS pode ser obtido através de vários métodos: a desidratação em estufa por
0
48 a 72 horas, à temperatura de 65 C; a desidratação por 24 horas à 80 0C em forno
microondas (HODGSON et al., 2000); a secagem ao sol até obter um feno. Nesse caso,
descontar 15% que é ainda o teor de água presente em um feno bem desidratado.
No campo, a forragem cortada deve ser pesada imediatamente e o dado deve ser
anotado. Coletar uma amostra para desidratar até peso constante e pesar o material seco
obtido. Por exemplo:
O peso da forragem verde foi de 500 g.
Após a desidratação o peso do material seco foi 100 g. Então temos:

% de MS = 100 g seco x 100 = 20%


500 g verde

c) Disponibilidade de forragem (kg MS/ha)


É calculada multiplicando a porcentagem de MS obtida pela matéria original (MO) em
um hectare, obtendo-se a massa de forragem (MF). Por exemplo:
MO/m2 = 2,0 kg
MO/ha = 2,0 kg/m2 x 10.000 m2 = 20.000 kg
MF = 20.000 x 0,20 (20% de MS) = 4.000 kg MS/ha.
d) Acúmulo de Forragem (AF)
É calculado a partir de:
27
AF = MF pré-pastejo – MF pós pastejo, onde:

AF = Acúmulo de forragem;
MF pré-pastejo = massa de forragem no pré-pastejo do ciclo de pastejo atual;
MF pós-pastejo = massa de forragem no pós-pastejo do ciclo de pastejo anterior.

Por exemplo:
AF = 4.000 – 2.500 = 1.500 kg MS/ha

e) Taxa de acúmulo de forragem


É expressa em kg de MS/ha/dia.
Usando os mesmos dados do exemplo anterior, temos que a MF do resíduo pós-pastejo
foi de 2.500 kg de MS/há, no dia 01/03/04, e que MF do pré-pastejo, no dia 31/03/04, fosse de
4.000 kg de MS/ha, a FA seria 1.500 kg de MS/ha em um período de descanso de 30 dias.

Taxa de acúmulo = 1.500 kg de MS/ha = 50 kg MS/ha/dia.


30 dias

e) Densidade da Massa de Forragem (kg MS/ha/cm)


É expressa em kg de MS/ha/cm e é obtida a partir da divisão da MF acumulada pela
altura do relvado e usando os mesmos dados que foram citados em exemplos anteriores.
Teremos:

Densidade da forragem = 4.000 kg de MS/ha = 100 kg de MS/ha/cm


40 cm

f) Levantamento da composição botânica


Na técnica que fornece dados mais confiáveis se faz o corte da forragem, separação
manual dos componentes e espécies, secagem, pesagem e classificação em porcentagem. Para
facilitar pode ser adotada a estimativa visual se tiver até três espécies na pastagem. É mais
difícil em pastagem nativa.
Classificar as espécies em primeira (mais de 70% da MS total); segunda (20%) e
terceira (10%). Este método demanda treinamento e deve ser calibrado através de método
mais preciso.
28
g) Área de solo descoberto:
Divide em áreas de solo “limpo” e áreas com cobertura morta. A estimativa é feita
visualmente com uma escala de 0 a 100, com intervalos de percentual mínimo de 5 a 10
unidades. Pode também ser medida pelos mesmos quadrados usados na técnica que corta a
forragem.
Segundo Barioni et al., (2003), para qualquer um dos métodos de estimativa do
suprimento de forragem, algumas discrepâncias inevitavelmente surgirão no primeiro e
segundo anos de planejamento forrageiro, no entanto, a precisão tenderá a aumentar com o
tempo, em razão da experiência e dos dados acumulados por meio do monitoramento da
pastagem.

Exemplos de cálculos
Os objetivos da medição da produção da pastagem podem ser de interesse do
pesquisador e do produtor. Para o pesquisador serve para interpretar corretamente os
resultados e formular recomendações para a extensão, e para o produtor serve para adotar
tecnologia e normas de manejo (GARDNER, 1986).
A seguir, daremos dois exemplos de cálculos a partir de situações reais de pesquisa e
de campo.
O exemplo da pesquisa vem de trabalhos que estão sendo realizados na área da
fazenda escola da FAZU, em Uberaba, MG, com as plantas forrageiras Mombaça, Tanzânia e
Tifton 85, desde março de 1998, e o objetivo principal desses trabalhos é o de comparar a
produção de forragem e algumas características de crescimento do relvado entre aquelas três
forrageiras. Na Tabela 14, estão reunidos os dados coletados em quatro anos pastoris,
compreendidos entre 1998/1999 a 2002/2003.
29
TABELA 14. Resultados médios da produção e características do relvado dos capins
Tanzânia, Mombaça e Tifton 85 nos anos pastoris de 1998/99 a 2002/2003.

Parâmetro TANZÂNIA MOMBAÇA TIFTON 85


P/V1 O/I2 Média3 P/V O/I Média P/V O/I Média
ARPRE (cm)4 92 69,6 80,8 92,4 57,7 75,7 36,4 25,0 29,7
MFPRE (t MS/ha) 5 5,95 4,1 5,16 6,43 3,60 5,35 5,19 5,05 5,30
DMF (kg MS/ha/cm)6 65,0 57,4 62,6 70,5 62,0 66,2 146 216 187
ARPOP (cm)7 43,1 43,7 43,6 40,8 36,1 38,4 18,2 17,6 17,9
MFPOP (t MS/ha)8 2,98 2,83 2,91 2,88 2,1 2,67 2,41 2,90 2,66
TER (cm/dia)9 1,42 0,61 1,01 1,55 0,63 1,09 0,42 0,18 0,38
FA/CP (t MS/ha)10 4,42 1,51 2,95 3,79 1,53 2,86 3,31 2,37 2,94
TAF (kg MS/ha/dia)11 111 42,6 80,7 106 40,7 78,1 102 67,6 84,9
FA/Ano (t MS/ha)12 29,1 28,6 32,8
1
P/V: estações de primavera e verão; 2O/I: estações de outono e inverno; 3média anual;
4
ARPRE (cm): altura do relvado no pré-pastejo; 5MFPRE (t MS/ha); massa de forragem no pré
pastejo; 6DMF (kg MS/ha/cm): densidade da massa de forragem; 7ARPOP (cm): altura do resíduo no
pós pastejo; 8MFPOP (t MS/ha): massa de forragem no pós pastejo; 9TER (cm/dia): taxa de
expansão do relvado; 10FA/CP (t MS/ha): forragem acumulada por ciclo de pastejo; 11TAF (kg
MS/ha/dia): taxa de acúmulo de forragem; FA/Ano (t MS/ha): forragem acumulada por ano.
FONTE: AGUIAR et al. (dados não publicados)

Um exemplo de campo pode ser avaliado a partir dos dados das Tabelas 15 e 16, os
quais foram obtidos na Fazenda Santa Ofélia, da Agropecuária Hugo Arantes, localizada em
Selviria, MS, em uma pastagem de capim Braquiarão irrigada. Na Tabela 15, estão os dados
referentes à produção da pastagem e, na Tabela 16, estão os dados, referentes à produtividade
animal. A área total é de 104 ha, divididos em 30 piquetes de 3,45 ha, manejados com cercas
elétricas provisórias, onde se adota um ciclo de pastejo médio de 34 dias entre as estações de
primavera até o inicio do outono e de 45 dias entre o final do outono ao final do inverno. A
amostragem é feita em cada piquete antes e após cada pastejo.
30
TABELA 15. Resultados médios da produção e características de um relvado de capim-
braquiarão em uma pastagem irrigada.

Mês MF Pré1 Alt.2 Dens.3 MF Pós4 Alt.5 TE6 FA7


Outubro 3,5 27 130 2,1 16,5 0,34 1,39
Novembro 3,7 29 127 2,1 16,4 0,42 1,57
Dezembro 4,2 32 131 2,28 18 0,46 1,92
Janeiro 4,8 34 141 2,5 18,5 0,5 2,26
Fevereiro 5,7 37 154 3,0 23 0,52 2,68
Março 5,6 38 147 2,9 20 0,58 2,7
Abril 6,0 39 154 2,6 18 0,69 3,4
Maio 5,3 37 143 3,3 23 0,45 2,0
Junho 4,2 39 108 4,1 27 0,39 0,93
Julho 3,8 36 105 2,7 26 0,33 1,1
Agosto 3,5 35 100 2,8 26 0,29 0,62
Setembro 4,5 39 115 3,3 30 0,3 1,2
MÉDIA 4,6 35 131 2,8 21 0,44 1,8
Legenda: 1MF Pré = massa de forragem pré-pastejo (t MS/ha); 2Alt. = é a altura do relvado no pré-pastejo (cm);
3
Dens. = densidade da massa de forragem (kg MS/ha/cm); 4MF Pós = é a massa de forragem pós-pastejo ou
resíduo pós pastejo (t MS/ha); 5Alt. = É a altura do resíduo pós-pastejo (cm); 6TE = taxa de expansão do relvado
entre dois pastejos, (cm/dia); 7FA = É a forragem acumulada entre dois pastejos, (MS/ha).
FONTE: AGROPECUÁRIA HUGO ARANTES (2001). Citado por Aguiar (2002d).

TABELA 16. Medidas da produção e produtividade animal em uma pastagem de capim-


braquiarão irrigada.

PV MF Pré4 MF Pós5 MF % GMD CA10


1 2 3 6 7 8 9
Mês NA (kg) UA/ha cons. Aprov % PV (kg)
O 328 412 3,18 3,5 2,1 1,4 40 3,4 0,774 18,0
N 487 420 4,49 3,7 2,1 1,6 43 2,7 0,784 14,4
D 636 421 5,71 4,2 2,28 2,0 48 2,5 0,795 13,2
J 846 416 7,76 4,8 2,5 2,3 48 2,2 0,791 11,5
F 1.131 423 10,4 5,7 3,0 2,7 47 1,9 0,497 16,1
M 1.109 423 10,36 5,6 2,9 2,7 48 2,0 0,556 15,2
A 744 436 7,31 6,0 2,6 3,4 57 3,6 0,771 20,3
M 508 423 4,64 5,3 3,3 2,0 38 3,2 0,374 36,19
J 719 413 6,52 4,2 4,1 0,93 22 1,1 0,312 14,5
JL 362 435 3,38 3,8 2,7 1,1 29 2,4 0,753 13,86
A 371 459 3,67 3,5 2,8 0,7 20 1,4 0,953 6,7
S 445 430 4,13 4,5 3,3 1,2 27 2,2 0,954 10,2
Média 640 426 6,0 4,6 2,8 1,8 39 2,2 0,692 13,5
Legenda: 1Número de animais que pastejaram na área; 2O peso vivo dos animais foi obtido através de pesagens
mensais; 3UA/ha é a taxa de lotação; 4Massa de forragem pré-pastejo mensal (kg MS/ha); 5Massa de forragem
pós-pastejo mensal (kg MS/ha); 6Massa de forragem consumida mensalmente (kg MS/ha); 7Porcentagem de
aproveitamento da massa de forragem; 8% de consumo em relação ao peso vivo; 9GMD é o ganho médio diário
(kg) 10Conversão alimentar.
FONTE: AGROPECUÁRIA HUGO ARANTES (2001). Citado por Aguiar (2002)d

Seqüência de Cálculos:

1) Densidade da Massa de Forragem = 4.600 kg MS/ha = 131 kg de MS/ha/cm


35 cm
31
2) Taxa de Expansão do Relvado = 35 cm – 21 cm = 0,44 cm/dia
32 dias

3) Forragem Acumulada = 4.600 kg MS/ha – 2.800 kg MS/ha = 1.800 kg MS/ha

4) Taxa de Lotação Média = 640 animais x 426 kg/450 kg = 606 UA ÷104 ha = 5,8 UA/ha

5) Aproveitamento da Forragem Disponível = 1.800 kg MS/ha x 100 = 39%


4.600 kg MS/ha

6) Consumo de Forragem em relação ao peso vivo


MS consumida = 1.800 kg MS/ha
Área do piquete = 3,45 ha
Massa de forragem no piquete = 6.210 kg MS
Numero médio de animais = 640
kg de MS/animal/dia = 9,7 kg
Peso médio dos animais = 426 kg

% consumo em relação ao peso vivo = 9,7 kg MS x 100 = 2,27%


426 kg

7) Conversão Alimentar = 9,7 kg de MS/animal/dia = 14 kg de MS/kg de peso vivo.


0,692 kg/dia

Dados que são levantados através deste acompanhamento:

Dados relacionados à produção de forragem:


-acúmulo de forragem mensal para identificar épocas críticas de ajuste da taxa de lotação e
planejar entrada e saída de animais do sistema, como no exemplo da Tabela 17, para a mesma
propriedade citada, nos exemplos das Tabelas 15 e 16;
32
TABELA 17. Acúmulo de matéria seca (kg/ha) mensal, estacional e anual em uma
pastagem de capim-braquiarão adubada e irrigada.

Acumulo mensal % da produção anual Taxa de lotação


Mês
(kg MS/ha) (UA/ha)
Outubro 1.390,0 6,3 3,18
Novembro 1.570,0 7,2 4,49
Dezembro 1.920,0 8,8 5,71
Primavera 4.880,0 22,3 4,46 (média)
Janeiro 2.260,0 10,3 7,76
Fevereiro 2.680,0 12,3 10,40
Março 2.700,0 12,4 10,36
Verão 7.640,0 35,00 9,51 (média)
Abril 3.400,0 15,6 7,31
Maio 2.000,0 9,2 4,64
Junho 930,0 4,2 6,52
Outono 6.330,0 29,0 6,15 (média)
Julho 1.100,0 5,0 3,38
Agosto 620,0 2,8 3,67
Setembro 1.200,0 5,5 4,13
Inverno 2.920,0 13,3 3,70 (média)
Total 21.770,0 100 5,95
FONTE: AGROPECUÁRIA HUGO ARANTES (2001). Citado por Aguiar e Silva (2002).

-acúmulo de forragem no resíduo pós-pastejo;


-correlacionar dados climáticos com a produção de forragem e identificar fatores limitantes da
produção;
-avaliar a resposta da adubação em kg de nutriente para cada tonelada de MS e para cada UA;
-interpretar resultados de análises de solo e correlacioná-los com a resposta à adubação.

Dados relacionados à produção animal:


-levantar consumo de forragem para levantar a conversão alimentar e também para
estabelecer parâmetros de consumo de pasto tropical sob irrigação;
-levantar a oferta de forragem e correlacioná-la com consumo de forragem e conversão
alimentar;
-avaliar os ganhos obtidos ao longo do ano para estabelecer metas de ganhos para os próximos
anos como também levantar a conversão alimentar e poder levantar as épocas mais críticas
para maiores ganhos e correlacionar isso com massa de forragem e sua estrutura (relação
folha:haste, presença de material morto);
-levantar a capacidade de suporte e a taxa de lotação alcançada mensalmente.
33
-levantar a taxa de aproveitamento da forragem para tomar decisões futuras quanto ao manejo
com objetivos de aumentar a eficiência de colheita da forragem disponível;
-levantar a produtividade em ganho/animal, peso vivo/ha, peso de carcaça/ha e produção em
arrobas/ha.

Dados relacionados à viabilidade econômica do sistema


Como os investimentos e custos estão sendo todos acompanhados mensalmente será
possível levantar as seguintes informações:
-tendo a massa de forragem produzida no ano e os custos de produção relacionados à
produção de pasto, será possível levantar o custo/t de MS em pastagem irrigada;
-com o custo de produção da forragem e a quantidade de forragem disponível, será possível
estimar o custo de cada animal e de cada UA;
-tendo a conversão alimentar, será possível estimar o custo de produção de cada kg de peso
vivo e de peso de carcaça;
-tendo o custo total da MS produzida e tendo a produção total, será possível calcular o custo
de cada arroba produzida.

Atividade suplementar do módulo:

1.Considerando a realidade da sua região, se você fosse elaborar o planejamento alimentar


de uma fazenda, quais as fontes de informação do suprimento de forragem estudadas você
teria à disposição (experimentação, modelagem matemática, monitoramento da taxa de
lotação ou monitoramento do crescimento da pastagem)?

2. Considerando a modelagem como fonte de informação do suprimento de forragem, quais


são as diferenças entre os modelos de produtividade potencial, de produtividade restrita e de
produtividade reduzida? Considerando a pergunta 1, qual ou quais desses modelos seriam
aplicados à sua realidade?

3.Um consultor visita uma propriedade pela primeira vez parar elaborar um planejamento
alimentar, mas, inicialmente, a única fonte de informação de que ele dispõe é o
monitoramento da taxa de lotação ao longo de cinco anos. Nesse período, a taxa de lotação
média foi de 1,0 UA/ha. Ao analisar os relatórios de pesagens do rebanho, calculou que o
ganho médio diário foi de 0,55 kg/dia, ganho esse considerado compatível para as condições
34
avaliadas (tipo de solo, espécies forrageiras, tipo de animal) com base em tabelas de
exigências nutricionais dos animais. Diante disso, calcule qual seria a provável produção da
pastagem na propriedade em questão, considerando consumo de forragem de 2,5% do peso
vivo e eficiências de pastejo de 30, 40, 50 e 60%.

4.Quais são as diferenças entre técnicas direta e indireta de medição da produção da


pastagem e qual é a técnica utilizada para calibrar uma técnica indireta a partir de uma
técnica direta?

5. Adotando a técnica direta de monitoramento da produção da pastagem, quais seriam as


diferenças do uso dessa técnica quando o método de pastejo fosse do tipo lotação continua
comparado com o método de pastejo do tipo lotação rotacionada?

6. Dados fornecidos:
Área do módulo = 12 ha; Número de piquetes = 12; Período de Ocupação/piquete = 2 dias;
Peso médio dos animais = 300 kg; GMD (Ganho Médio Diário) = 0,65 kg; Altura do
Relvado = 40 cm; Peso da Forragem = 1,5 kg de MO/m2 (matéria original); Matéria Seca
(MS) = 500 g de MO quando desidratadas se transformaram em 100 g de MS.

Perguntas:
a)Qual é o ciclo de pastejo e o período de descanso?
b)Qual é a Massa de Forragem no pré-pastejo?
c)Qual é a Densidade da Forragem no pré-pastejo?
d)Qual é a Forragem Acumulada no último ciclo de pastejo, considerando que o último
resíduo pós-pastejo pesou 2.000 kg MS/ha?
e)Qual é a Taxa de Acúmulo de Forragem?
f)Qual será a conversão alimentar se o ganho de peso for 0,65 kg/dia e o consumo de
forragem for de 6,9 kg de MS/animal/dia?
g)Qual será a Capacidade de Suporte (UA/ha) com 4%; com 6% e com 8% de oferta de
forragem?
35
CAPITULO 3 - GESTÃO DO MANEJO DO PASTEJO NO PLANEJAMENTO
ALIMENTAR

Este capítulo abordará o manejo do pastejo no planejamento alimentar e como deve ser a sua
gestão no planejamento operacional ou de curto prazo. Serão dadas definições de termos
técnicos tais como sistema de pastejo, métodos de pastejos, modalidades de métodos de
pastejos, ciclo de pastejo, período de descanso, período de ocupação e período de
permanência. Ao final desse capitulo, será apresentado um resumo dos novos avanços nas
metodologias de pesquisas sobre manejo do pastejo em pastagens tropicais e sub-tropicais.

É comum a confusão do significado de sistema de pastejo com o de método de pastejo,


como ocorre quando se expressa “sistema de pastejo contínuo e sistema de pastejo
rotacionado”, mas o correto é expressar método de pastejo dos tipos lotação contínua e
lotação rotacionada ou pastejo intermitente.
Sistema de pastejo tem definição e significado mais amplo já que engloba os vários
fatores envolvidos na produção, enquanto o método de pastejo é apenas o procedimento ou
técnica de manejo do pastejo, idealizado para atingir objetivos específicos, referente à
estratégia de desfolha e colheita pelos animais.
Os principais métodos de pastejo estudados e adotados são os métodos de pastejo dos
tipos lotação continua, lotação alternada e lotação rotacionada. Ocorre também erro de
definição em relação a esses métodos de pastejo que ainda são conhecidos por pastejo
contínuo, pastejo alternado e pastejo rotacionado.
O método de lotação contínua pode ser adotado em duas modalidades, lotação
contínua com taxa de lotação fixa ou lotação contínua com taxa de lotação variável. No
primeiro, a taxa de lotação não varia com a disponibilidade de forragem, enquanto no
segundo, a taxa de lotação é alterada com base na disponibilidade de forragem, a qual
determina a capacidade de suporte da pastagem. Nesse último já há uma preocupação em
manter a taxa de lotação na capacidade de suporte da pastagem.
O método de lotação contínua com taxa de lotação fixa pode ser adotado quando o
manejo do pastejo é extensivo e as taxas de lotação são muito baixas. O método de lotação
contínua com lotação variável já pode ser adotado quando a intensificação e as taxas de
lotação forem baixas a médias.
36
No método de lotação alternada aparece a preocupação com o período de ocupação e
de descanso de cada piquete. Para a adoção desse método, é preciso trabalhar com dois
piquetes, de forma que, enquanto um está sendo pastejado o outro está em descanso. A taxa de
lotação pode também ser continua ou variável. O método de lotação alternada é uma opção
para media intensificação e taxas de lotação media.
Mas quando a pastagem for explorada em níveis de intensificação alto e muito alto e
as taxas de lotação for alta e muito alta o método de pastejo do tipo lotação rotacionada deve
ser adotado.
A relação entre intensificação e taxa de lotação com os métodos de pastejo é a
velocidade de rebrota da planta forrageira e a freqüência de desfolha da planta pelos animais.
Quando o nível de intensificação é de baixo a médio, a velocidade de rebrota é baixa a média,
de forma que os animais podem permanecer longos períodos, em um mesmo piquete, sem o
risco de consumir a rebrota com freqüência. O consumo freqüente da rebrota contribui para a
redução do crescimento da planta já que, as duas folhas, que se encontram em expansão (em
rebrota) são responsáveis por aproximadamente 78% da fotossíntese da planta.
Os bovinos tendem a pastejar em plantas com rebrotas maiores do que 10 a 15 cm
porque a apreensão de forragem é mais fácil, mas em sistemas de muito baixa intensificação,
a rebrota chega a ser menor do que 0,5 cm/dia, o que significa que os animais tenderão a
visitar as plantas numa freqüência de 20 a 30 dias, período suficiente para a planta recuperar a
massa da sua parte aérea e radicular. Se a taxa de lotação for baixa, os animais terão a opção
de visitar apenas as plantas com rebrota maior do que 10 cm e com mais de 20 dias de
descanso.
Mas em sistemas muito intensivos, a velocidade de rebrota é muito rápida, devido à
grande aplicação de fertilizantes e, em alguns casos, o fornecimento de água via irrigação. Foi
medida em pesquisa e a campo a velocidade de rebrota de 9,5 cm/dia em capim-mombaça na
primeira semana após o pastejo (AGUIAR e SILVA, 2002. Dado não publicado).
Considerando que os animais preferem pastejar em plantas com mais de 10 a 15 cm de
rebrota, o capim-mombaça poderia ser desfolhado a cada 1,0 a 1,5 dia. Nesse caso, a
freqüência de desfolha deve ser controlada pelo homem através do método de pastejo. Daí, a
necessidade de se fazer um maior número de divisões da pastagem em piquetes e adotar o
método de lotação rotacionada.
Uma vez sendo necessária a adoção do método de lotação rotacionada passa a ser
importante o conhecimento das variáveis, ciclo de pastejo, período de ocupação, de
37
permanência, período de descanso, altura do relvado no pré e no pós-pastejo, a estrutura do
relvado e a capacidade de suporte da pastagem.
O ciclo de pastejo é o somatório do período de ocupação mais o período de descanso.
O período de ocupação é determinado como sendo o período de tempo em que o piquete é
ocupado pelos animais e o período de descanso é o período de tempo entre pastejos.
Não se pode confundir o período de ocupação com período de permanência, pois o
primeiro diz respeito ao tempo que o piquete é ocupado, enquanto o segundo diz respeito ao
tempo em que os animais permanecem no piquete. Quando o módulo de pastejo é ocupado
por apenas um lote de animais, o período de ocupação será igual ao período de permanência,
mas quando o módulo de pastejo for pastejado por dois lotes de animais, o período de
ocupação passa a ser o somatório do período de permanência de cada lote de animais. O
período de permanência com o período de descanso são usados no cálculo do número de
piquetes.

NP = PD + 1 ou NP = PD + 2. Onde:
PP PP

NP = número de piquetes; PD = período de descanso; PP = período de permanência; e + 1 ou


+ 2 é o número de lotes de animais que pastejarão o módulo de pastejo.

O período de descanso varia com a espécie forrageira, com as condições climáticas de


uma região, com a estação do ano, com as condições climáticas dentro da estação do ano e
com o nível de intensificação (sem adubação, só adubado, adubado e irrigado). O período de
ocupação, como já discutido anteriormente, depende da velocidade de rebrota, sendo que,
quanto maior for esta menor deve ser o período de ocupação e maior será o número de
piquetes.
Só se deve trabalhar com mais de um lote de animais quando as exigências, que sejam
nutricionais, sanitárias, de sexo ou de manejo, entre eles, forem muito diferentes. Quando o
nível de exploração da pastagem for muito intensivo, o período de permanência de cada lote
não deve ser superior a um dia, de forma que o piquete seja ocupado por no máximo dois dias.
A altura do relvado no pré-pastejo é um parâmetro de manejo do pastejo muito
importante porque pode refletir a disponibilidade de forragem e determinar o momento do
pastejo (HODGSON, (1990); HODGSON et al. (2000); PEDREIRA (2002)).
38
Para cada espécie forrageira, a partir de uma determinada altura do relvado que
representa uma determinada massa de forragem, não ocorre mais acúmulo de forragem porque
a mesma quantidade de forragem produzida no crescimento é também perdida por
envelhecimento e morte de partes da planta. Em um dado momento, a curva de acúmulo de
forragem atinge um platô e depois começa a decrescer.
Próximo do momento em que a curva de acúmulo atinge seu platô, o relvado está
interceptando em torno de 95% da luz incidente e pouca luz atinge a base das plantas de onde
surgem novos perfilhos.
Além da perda de forragem por envelhecimento e morte da planta, ocorre também
mudança na estrutura do relvado que tem a sua densidade reduzida e sua relação caule:folha
aumentada, comprometendo a produção de forragem e a sua qualidade, com conseqüente
redução do desempenho animal.
Stobbs se refere a estas diferenças de desempenho em função de idade e estrutura das
plantas em seu trabalho de 1973 quando avaliou, na Austrália, diferentes forrageiras tropicais
e a forma com que os animais a consumiam. Avaliou o número de bocados por unidade de
tempo em diferentes tipos de relvado, medindo assim as variações de consumo e desempenho
em função da densidade desses tipos de forragens, concluindo que a densidade de uma
determinada forragem é capaz de compensar a maior produção de uma outra forragem, já que
o número de bocados por unidade de tempo sofre apenas uma pequena variação e, portanto,
na planta mais densa o animal ingere mais alimento.
Na Tabela 18, estão reunidos alguns dados sobre o manejo do pastejo para as
principais espécies forrageiras exploradas em pastagens no Brasil. Alguns desses dados são de
resultados de pesquisas, (GOMIDE et al., (1997); PINTO (2000); GONÇALVES, (2002);
LUPINACCI, (2002); MELLO, (2002); UEBELE, (2002); BUENO, (2003)) enquanto outros
são dados de campo (AGUIAR et al., (2004)b).
39
TABELA 18. Manejo do pastejo de algumas espécies forrageiras usadas em pastagens
no Brasil

Capim AMR1 ARPP2 ARPOP3 ARPOP4 P5 V6 O7 I8


Cynodon sp 15 20 10 15 30-21 21 30 80
Brachiaria. humidicola 15 20 10 15 30-21 21 30 80
Brachiaria decumbens 30 40 20 30 37-25 25 25-37 100
Capim Braquiarão 30 40 20 30 37-25 25 25-37 100
Capim MG4 30 40 20 30 37-25 25 25-37 100
Capim Andropogon 70 30 45 30-21 21 30 80
Capim Tanzânia 70 30 45 37-25 25 25-37 100
Capim Colonião 70 30 45 37-25 25 25-37 100
Capim Mombaça 90 40 60 37-25 25 25-37 100
Capim Tobiatã 90 40 60 37-25 25 25-37 100
Capim Elefante 100 50 75 45-30 30 30-45 120
Legenda: AMR1: altura média do relvado quando o método de pastejo for do tipo lotação contínua; ARPP2:
altura média do relvado no pré-pastejo quando o método de pastejo é do tipo lotação rotacionada; ARPOP3:
altura média do resíduo no pós-pastejo quando o método de pastejo for do tipo lotação rotacionada e a pastagem
FOR adubada; ARPOP4: altura média do resíduo no pós-pastejo quando o método de pastejo for do tipo lotação
rotacionada e a pastagem NAÕ FOR adubada; P5, V6, O7 e I8, são os períodos de descanso, em dias, nas estações
de primavera, verão, outono e inverno, respectivamente.

A oferta de forragem (OF) é um valor relativo que busca expressar a quantidade de


forragem disponível para os animais e é dada em kg MS de forragem por 100 kg de peso vivo
animal.
Resíduo pós-pastejo representa a quantidade de forragem que fica no pasto após a
saída dos animais. É importante lembrar que a OF e o resíduo pós-pastejo exercem um efeito
marcante sobre o desempenho animal, pois deles depende o consumo total de matéria seca e a
qualidade da dieta. O consumo de forragem é maximizado quando a oferta de forragem é três
a quatro vezes maior do que a capacidade de ingestão de MS do ruminante (HODGSON,
1990). Entretanto, Genro et al., (2004) relataram que em trabalhos conduzidos com
forrageiras tropicais mostram que o consumo e o desempenho animal são potencializados com
ofertas bem maiores (13% de OF).
Para estabelecermos a OF que será adotada no manejo de uma pastagem, devemos
considerar as perdas de forragem por acamamento, a forragem velha e morta no resíduo pós-
pastejo e a massa de forragem verde do resíduo. Em uma pastagem bem conduzida, as perdas
pelo pastejo variam entre 2,5 a 20%, sendo mais comum entre 10-15%. As maiores perdas são
provenientes do material morto que acumula no resíduo pós-pastejo ao longo do ano.
Devido à necessidade de considerar essas perdas e para otimizar o consumo de
forragem é que trabalhamos com uma OF duas a quatro vezes maior que aquela que realmente
será consumida. Como o consumo em pastos tropicais varia entre 2,0-2,5 kg MS/100 kg de
40
peso vivo do animal, a OF adotada pode variar entre 4,0-10,0 kg de MS/100 kg de PV (4 a 10
% de OF).
Em sistemas intensivos de exploração da pastagem a adoção de OF de 4 a 5%
possibilita taxas de aproveitamento da MF acima de 60%, garante consumos acima de 2,4%
PV do animal e contribui para manter os resíduos pós-pastejo baixos sem a presença de
hastes. Em sistemas com nível médio de intensificação, pode ser adotadas OF de 5 a 6% (50%
de aproveitamento). Em pastagens extensivas sobre solos pobres, onde não se faz adubações,
a OF deveria variar entre 7-10% do peso vivo dos animais. Em pastagens nativas chega a
12%.
Existem poucos dados de pesquisa com plantas tropicais, correlacionando desempenho
animal com resíduo pós-pastejo, porém, acredita-se que valores em torno de 2.000 kg/ha de
MS de resíduo sejam suficientes para obter-se bom desempenho animal, sem que as perdas de
forragem sejam altas. Segundo Genro et al., (2004), no NRC (1987), foi citado que o consumo
máximo ocorre quando a disponibilidade de forragem é de, aproximadamente, 2.250 kg de
MS/ha.
Nos sistemas com altos níveis de adubação, os resíduos pós-pastejo devem ser mais
baixos para possibilitar a penetração de luz na base da touceira como forma de estimular o
perfilhamento basal, já que esse é a base de exploração para rebrotas vigorosas em sistemas
intensivos para todas as espécies forrageiras em exploração hoje em dia no Brasil, a exceção
de cultivares e variedades de capim elefante, cujo manejo do pastejo deve ser orientado para
exploração de perfilhos laterais em mais de 70% do perfilhamento da planta.
Em sistemas sem adubação ou com baixos níveis de fertilizantes, os resíduos devem
ser mais altos para causar menos estresse à planta já que as condições para a rebrota não são
tão favoráveis.
41

Atividade suplementar do módulo:

1.Quais são as diferenças entre sistema e método de pastejo?


2.Quais são as diferenças entre métodos de pastejo do tipos lotação continua, lotação
alternada e lotação rotacionada?
3.Em qualquer um dos métodos de pastejo citados, na questão de número 2, podem ser
adotadas as modalidades com taxa de lotação fixa e com taxa de lotação variável. Qual é a
diferença entre essas modalidades?
4.Quais são as definições para ciclo de pastejo, período de ocupação, período de
permanência e período de descanso? Qual é a diferença entre período de ocupação e período
de permanência?
42
CAPITULO 4 - ESTIMATIVA DO CONSUMO ANIMAL E MONITORAMENTO DA
PRODUÇÃO ANIMAL

Este capítulo tem por objetivo estudar o consumo de forragem por animais em pastejo e
relacionar a influência do manejo do pastejo na resposta dos animais. Ainda se discutirá as
bases para o monitoramento da produção animal.

4.1. Consumo de Forragem.

Segundo Genro et al., (2004), o consumo diário de matéria seca é a medida mais
importante para que se façam inferências a respeito do alimento e da resposta animal.
O consumo de nutrientes digestíveis é o produto da quantidade de forragem consumida
pela digestibilidade dos nutrientes nessa forragem. Entretanto, 60 a 90% das variações na
qualidade potencial entre forrageiras são atribuídas às diferenças em consumo, enquanto
apenas 10 a 40% são resultantes de diferenças em digestibilidades dos nutrientes.
Os valores de consumo medidos com animais em baias refletem diferenças relativas e
podem servir como guias da quantidade total que seria ingerida voluntariamente pelo animal,
contudo, esses valores podem ser pouco relacionados com o consumo de um animal em
pastejo, quando fatores adicionais podem influenciar o consumo e a facilidade com que o
animal apreende a forragem (massa de forragem, oferta de forragem e estrutura do relvado)
(GENRO et al., 2004).
Segundo Gomide (1993) e Santos (2001), os fatores que influenciam o consumo de
MS a pasto são aqueles relacionados ao animal: idade, peso, estado fisiológico; à qualidade
da forragem: valor nutritivo; à estrutura do relvado: altura do relvado, relação folha-caule,
proporção de material velho, densidade da massa de forragem, disponibilidade de forragem e
ao manejo do pastejo: pressão de pastejo e oferta de forragem.
Segundo Cosgrove (1997), em qualquer circunstância, ainda é difícil predizer o
consumo de forragem por animais em pastejo e essa dificuldade se deve ao fato de a ingestão
por animais em pastejo ser influenciada por vários fatores de comportamento.
Mundialmente, há muitos esforços em busca de técnicas precisas e acuradas para a
obtenção de estimativas de ingestão de MS em condições de pastejo. Contudo, as técnicas
disponíveis até o presente momento apresentam limitações.
43
O método agronômico foi bastante variável com resultados tão improváveis quanto
consumo negativo. De acordo com Nascimento Junior (2000), o método agronômico consiste
em determinar a diferença da massa de forragem antes e após o pastejo. Este método é o que
tem sido mais adotado em fazendas comerciais por ser mais simples.
A estimativa da ingestão de MS, baseada no comportamento ingestivo, superestimou o
consumo. O uso de óxido crômico como indicador da produção fecal foi menos variável, no
entanto, apresentou alguns valores altos (> 3% do peso vivo), difíceis de serem obtidos em
animais sob pastejo.
Nascimento Junior (2000) ainda cita um método que ele classificou como direto, que é
obtido através da diferença de peso do animal antes do consumo e após o consumo.
Segundo Genro et al (2004) em pastagens dos capins tanzânia, mombaça, massai,
marandu, decumbens e cameroon, o consumo de MS variou de 1,22% a 3,85% do peso vivo,
com média de 2,27% do PV.
Correlações positivas entre oferta de folhas e de matéria verde seca e relação
folha:haste com o consumo foram observadas na maioria dos trabalhos de pesquisas com
animais em pastejo.
Em pastagens tropicais, tem sido baixa a correlação entre o consumo e a produção
animal com o total de forragem disponível, mas a correlação é melhorada quando a variável
considerada é expressa em matéria verde seca (MVS). Em alguns trabalhos de pesquisas
realizados em pastagens tropicais, os ganhos máximos foram alcançados quando as
disponibilidades de MVS estiveram em torno de 1.000 kg/ha.
Em trabalho de pesquisa em pastagem tropical, o tempo de pastejo aumentou com a
diminuição da proporção de folhas até um limite de 1.185 kg de biomassa de folhas. Abaixo
desse valor de oferta de folhas, o tempo de pastejo diminuiu e o número de bocados
inicialmente aumentou para depois diminuir, apresentando alta correlação com tempo de
pastejo. A massa de bocado diminuiu linearmente com a redução na proporção de folhas na
pastagem (GENRO et al., 2004).
O animal exerce esforços para maximizar a fração folha na sua dieta haja vista que
mesmo em condições onde a porcentagem de material morto é muito alta e a de lâminas
foliares é baixa, o ruminante é capaz de conseguir que mais de 80% de sua dieta seja
composta de folhas. Nesse sentido, a seletividade é considerada como sendo o aspecto mais
importante do comportamento de pastejo para determinar o desempenho animal.
Genro el al., (2004) concluíram que são necessárias mais estimativas acuradas de
ingestão de MS de modo a possibilitar melhor parametrização dos modelos atualmente
44
existentes ou mesmo o desenvolvimento de novos modelos para se obter melhor descrição de
consumo de forragens tropicais. Para ser um modelo de uso prático, ainda será necessário: a)
prever o efeito de substituição da forrageira quando se utilizam suplementos; b) permitir a
inclusão do efeito do aumento de consumo para animais em ganho compensatório; c)
incorporar entradas que permitam descrever a massa de forragem e a oferta de forragem e
características da planta relacionadas com a ingestão de MS.

4.1.1. Respostas de animais de acordo com o manejo do pastejo.

Em pastagens de azevém perene, as respostas de animais em pastejo, em termos de


consumo de forragem e desempenho animal foram descritas e correlacionadas com variações
em estrutura de relvado, sendo que, de forma geral, o consumo e o desempenho aumentam
com aumentos em altura do relvado, a massa de forragem, o resíduo pós-pastejo ou a oferta de
forragem. O aumento, contudo, tende a um limite especifico para espécie e categoria animal,
tendo sido determinado seis cm para ovelhas e cordeiros e 10 cm para bovinos adultos em
pastagens de azevém perene.
Estudos com plantas forrageiras de clima tropical e subtropical têm indicado um
padrão semelhante de resposta dos animais em pastejo. Em relvados de Cynodon, o
desempenho de cordeiros e borregas foi otimizado com altura de relvado de 15 cm, sendo que
este valor, como abordado anteriormente, esta dentro da faixa de 10 a 20 cm de altura de
relvado para a produção eficiente de forragem pela pastagem. Para o capim-marandu, o
pastejo foi realizado por bovinos, em crescimento, com valores ótimos de consumo e
desempenho acima de 30 cm de altura de relvado, condição de relvado que está dentro da
faixa de 20 a 40 cm de altura do relvado para a produção eficiente de forragem para a planta
forrageira.
Para o capim-mombaça, os tratamentos com pastejos iniciados com 95% de
interceptação de luz pelo relvado resultaram em forragem com valores mais elevados de
proteína bruta e disgestibilidade, conseqüência de uma maior proporção de folhas e menores
proporções de caules e material morto na massa de forragem em pré-pastejo. O processo de
florescimento foi efetivamente controlado através da associação entre o resíduo mais baixo
(30 cm) e o pastejo mais freqüente (95% de interceptação luminosa).
Respostas de animais em pastejo estão diretamente relacionadas com a condição e ou
estrutura do relvado de forma semelhante à relatada para as plantas forrageiras. Esse padrão é
45
consistente e se aplica tanto para plantas e animais em pastagens de clima temperado como de
clima tropical e sub-tropical.

4.2. Estimativa de produção animal.

O conteúdo do aparelho digestivo pode variar entre 5% a 21% (MONTANGNER et


al., 2001) e 12 a 25% do peso corporal (GARDNER, 1986), quando se compara o peso de
animais sem jejum com o peso de animais com jejum. Esse conteúdo se distribui mais ou
menos assim: 84% no rúmen e 16% no restante. Para reduzir as diferenças causadas pelo
conteúdo do aparelho digestivo, devemos adotar jejum de água e alimento. Esta técnica não
elimina as diferenças, mas reduz.
Montangner et al.( 2001) compararam o peso de animais pesados sem jejum (PSJ) com
animais com jejum de sólidos (PJS) e animais com jejum de sólidos e líquidos (PJSL), por 12
a 14 horas, e obtiveram pesos de 343,34 kg, 339,11 kg e 331,72 kg, respectivamente, para os
tratamentos PSJ, PJS e PJSL.
A pesagem deve ter o nascer do sol como referência e não o relógio. Experiências têm
mostrado que os pesos tomados três a quatro horas após o nascer do sol, quando o principal
período de pastejo tem o seu final, apresenta menos variação, equivalendo ao jejum noturno.
Para vacas de leite, a melhor hora seria após a ordenha da manhã. A pesagem à tarde
apresenta maior variação devido à variação individual de comportamento no pastejo ser mais
marcante à tarde.
Quando pesamos lotes grandes, o ideal é fazer o jejum, pois a diferença de tempo entre
os primeiros e os últimos animais pesados pode ser grande.
O tempo de jejum adotado nos trabalhos de pesquisa varia de 14 a 16 horas, fechando
os animais no curral no final da tarde de um dia e procedendo a pesagem na manhã seguinte.
Evitar a pesagem após variações climáticas muito bruscas, tais como chuvas intensas
ou geadas e na presença de lama.
Mesmo com todos esses cuidados, existem diferenças residuais de peso não
explicáveis que somam em torno de 4,50 kg.
Merecem pouca confiança as estimativas de peso vivo feitas em períodos curtos e o
ponto crítico se apresenta aos 56 dias após o início do experimento, ou seja, pesagens com
menos de 56 dias do inicio da avaliação fornecem dados menos consistentes quando
comparados aos dados obtidos de pesagens após esse período.
46

Atividade suplementar do módulo:


1. Apresente um comentário com base nas conclusões de Da Silva e Corsi (2003) “respostas
de animais em pastejo estão diretamente relacionadas com a condição e ou estrutura do
relvado de forma semelhante à relatada para as plantas forrageiras. Esse padrão é
consistente e se aplica tanto para plantas e animais em pastagens de clima temperado como
de clima tropical e sub-tropical”.

2.Qual é a finalidade do jejum antes das pesagens dos animais para a avaliação da produção
animal?
47
CAPITULO 5 - PLANEJAMENTO ALIMENTAR EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO A
PASTO

Este capítulo abordará o planejamento alimentar de forma aplicada em propriedades que


exploram a produção animal, exclusivamente, em sistemas de pastejo e em propriedades que
fazem uso dos sistemas de pastejo, durante o período chuvoso, e de volumosos suplementares,
no período da seca. Nesse sentido, serão dados exemplos para ambas as situações. Ainda,
estudaremos as definições de taxa de lotação, capacidade de suporte da pastagem e pressão de
pastejo para estabelecer critérios de tomada de decisão em relação à medidas que devem ser
tomadas para o ajuste da taxa de lotação na capacidade de suporte da pastagem.

A taxa de lotação é a variável chave para estabelecer a demanda de alimentos por


animais em pastejo.
A capacidade de suporte de uma pastagem pode ser definida como sendo, “a máxima
taxa de lotação que proporciona um determinado nível de desempenho animal, dentro de um
método de pastejo, e que pode ser aplicada por determinado período de tempo sem causar a
deterioração do ecossistema” (RODRIGUES e REIS (1997); PEDREIRA, (2002))
A taxa de lotação pode estar acima ou abaixo da capacidade de suporte da pastagem,
resultando em problemas de super-pastejo, ou de sub-pastejo, respectivamente. Nessas duas
situações de manejo, a produtividade da pastagem é menor se comparadas com uma pastagem
manejada na pressão de pastejo ótima.
A pressão de pastejo é um termo que, quando colocado em prática, constitui em uma
ferramenta poderosa na definição da produtividade da pastagem. A pressão de pastejo é dada
em kg de peso vivo por kg de matéria seca (MS) e é uma relação entre o numero de unidades
animais ou unidades de consumo de forragem e o peso de forragem por unidade de área, em
um ponto qualquer no tempo (PEDREIRA, 2002).
A essência do manejo da pastagem é atingir um balanço harmônico entre os três
principais estádios de produção, quais sejam: o crescimento da pastagem, o consumo da
forragem pelos animais e a produção animal resultante. O planejamento alimentar de uma
fazenda tem como principal objetivo determinar o balanço entre sobras e déficits de forragem
produzida para o consumo dos animais (AMARAL, 2001).
De posse da informação de qual é a produção da pastagem, podemos calcular a sua
capacidade de suporte, ou seja, quantas UA podem ser bem alimentadas em 1 hectare e daí
tomar decisões e medidas para ajustar a pressão de pastejo.
48
No Quadro 1, estão algumas medidas que podem ser tomadas pelo técnico e pelo
produtor em situações de excesso ou falta de forragem para atender à demanda do rebanho.

QUADRO 1 - Exemplos de medidas para correção dos níveis de cobertura da pastagem

Cobertura acima da meta Cobertura abaixo da meta


Comprar animais Vender animais
Retardar a época de venda dos animais Antecipar venda de animais
Fazer silagem ou feno Suplementar
Roçar pastos passados e reduzir a adubação Aumentar a adubação nitrogenada
nitrogenada
Aumentar a pressão de pastejo (aumentar a Diminuir a pressão de pastejo (diminuir a
velocidade de rotação/diminuir o período de velocidade de rotação/aumentar o período de
descanso da pastagem) descanso da pastagem)
FONTE: BARIONI et al., (1998)

5.1. Em Sistemas Exclusivos de Pastejo

A seguir, passarei a enfocar as possibilidades que o produtor tem para trabalhar com a
estacionalidade de produção das pastagens antes mesmo de lançar mão do uso de volumosos
suplementares, pois o alimento proveniente da pastagem é o mais barato para o produtor usar
em seu sistema de produção. Desse modo, quanto maior for a proporção da pastagem na
alimentação do rebanho menor será o custo de produção.
No Brasil, é comum o produtor estabelecer a lotação da fazenda em função do
potencial de produção das pastagens durante a seca. Nessa condição, as perdas de forragem
são altas em pastagens recém-implantadas, ou pastagens mais velhas, implantadas em solos de
alta fertilidade e que ainda apresentam um bom potencial de produção. Essas perdas ocorrem
por acamamento da forragem, pelo pisoteio do gado e pelas perdas na qualidade da forragem.
O peso dos animais em uma propriedade que trabalha com animais, cujos pesos
variam de 200 kg a até 500 kg (peso médio de 350 kg), e com ganho de 120 kg/animal,
durante o período de outubro a março, tem uma evolução na quantidade de quilos de peso
vivo de aproximadamente 36% durante este período. Entretanto, a produção de forragem
evolui em 75 a 90% da produção anual e, dessa forma, se a pressão de pastejo não for
ajustada, ocorre grandes perdas de forragem.

Exemplo:
49
Vamos considerar que o potencial de produção de uma pastagem seja de 8,0 t de
MS/ha.ano, quantidade de forragem suficiente para trabalhar com uma taxa de lotação média
de 1,2 UA/ha, considerando uma oferta de forragem (OF) de 4%, ou 18 kg de MS/UA/dia. Se
80% das 8,0 t MS/ha fossem produzidas na primavera-verão, teríamos 6,4 t de MS/ha, que
dividido por 185 dias, daria 34 kg de MS/ha.dia, suficientes para uma lotação de 1,9 UA/ha
(18 kg de MS/UA/dia). Se a lotação fosse mantida próximo de 1,2 UA/ha, haveria um
excedente de 12 kg de MS/ha/dia. Essa maior disponibilidade de forragem proporcionaria o
pastejo seletivo, com conseqüentes perdas de forragem por envelhecimento e acamamento.
Algumas técnicas de manejo podem ser usadas para se ajustar a OF, tais como a venda
de animais terminados na entrada da seca; o uso de forrageiras com padrão de crescimento
complementar; diferimento das pastagens e adubação estratégica para prolongar o período de
crescimento das forrageiras. É claro que todas essas estratégias poderão ser adotadas dentro
de uma propriedade ao mesmo tempo e isso deverá dar os melhores resultados. Vamos
comentar um pouco sobre cada uma dessas técnicas.

a) Venda de animais na entrada da seca:


Considerando os dados do exemplo anterior, seria possível trabalhar com uma taxa de
lotação de 1,9 UA/ha durante a primavera-verão e, quando for próximo ao outono, os animais
terminados seriam vendidos para ajustar a OF. Se das 8,0 t de MS produzidas por ha/ano, 20%
fosse produzido no período de abril a setembro, teríamos 1,6 t de MS/ha para uso nesse
período, com uma quantidade de 9 kg de MS/ha/dia, suficientes para alimentar 0,5 UA/ha (18
kg de MS/UA/dia). Dessa forma, teríamos que diminuir a taxa de lotação em 1,4 UA/ha para
ajustar a OF.
A maioria dos pecuaristas não aceita essa proposta de produção estacional, pois
tradicionalmente, os preços da arroba do boi estiveram em baixa na safra, justamente quando
o pecuarista teria que vender os bois terminados para ajustar a OF. Além disso, teria que
passar o período da seca com uma baixa taxa de lotação na fazenda e comprar animais na
entrada do período chuvoso, que coincide com a entressafra do boi, quando os preços dos
animais para reposição tradicionalmente estiveram altos.
Mas à medida que está se aumentando a oferta de animais terminados na entressafra,
devido ao uso de estratégias, tais como, o uso de suplementos múltiplos, uso de semi-
confinamento, do confinamento e da irrigação da pastagem, não teremos mais uma diferença
muito grande entre preços de safra e de entressafra. Se essa tendência continuar, haverá um
50
encorajamento dos produtores no sentido de adotar sistemas de produção estacional baseados
no uso intensivo da pastagem durante a estação chuvosa.
No final, o que importa é quanto de lucro se pode ter por cada arroba vendida e não o
seu preço. Esse normalmente é mais baixo na safra, ou seja, no final do período chuvoso, mas
o produtor estacional também consegue produzir uma arroba a um custo mais baixo, pois, os
ganhos por animal são provenientes de altos ganhos, usando apenas o fornecimento de
misturas minerais porque durante as chuvas, a qualidade da forragem pode ser alta, se o
manejo do pastejo for adequado. Já no período da seca, os ganhos são baixos e, às vezes,
ocorrem perdas de peso, que só serão evitadas com a suplementação da pastagem com
suplementos múltiplos e concentrados. Usando esse modelo, o produtor aumentará o custo e a
produção para conseguir algum ganho de peso.
No caso de um rebanho de cria de gado de corte, um uso mais eficiente da produção
da pastagem, durante o período das chuvas, poderá ser conseguido com a adoção de estação
de monta que possibilite o início dos partos no final do período seco e a desmama e descarte
de animais improdutivos antes do final do período chuvoso, como forma de adequar a taxa de
lotação, em função da quantidade de forragem que as pastagens da fazenda terá para
atravessar o período de seca.

b) Uso de forrageiras com padrão de crescimento complementar:


Quando em uma propriedade são cultivadas forrageiras que apresentam ritmo de
crescimento acelerado durante o período das chuvas, com forrageiras com menor ritmo de
crescimento, nesse período, e com melhor distribuição da produção de forragem ao longo do
ano, é possível explorar a complementariedade das espécies forrageiras.
Exemplos dessa situação são as fazendas que cultivam capim-colonião ou andropogon,
que crescem muito rápido durante o período chuvoso, com as braquiárias decumbens e o
braquiarão, que podem ser reservadas para o período da seca. Nessa condição, as pastagens de
colonião e andropogon seriam usadas com maior pressão de pastejo (PP), enquanto as
pastagens de braquiária decumbens e de braquiarão seriam usadas com menores PP ou, até
mesmo, serem deixadas em descanso (diferimento da pastagem) para acumular forragem para
o período da seca. Quando entrasse esse período, o excesso de taxa de lotação dos pastos dos
capins colonião e andropogon, seria deslocado para os pastos de braquiária.
51
c) Diferimento de pastagens:
Consiste na prática de reservar alguns pastos para que haja acúmulo de forragem que
será consumida durante o período da seca. As forrageiras mais indicadas para o uso dessa
técnica são aquelas que apresentam ritmo de crescimento menos acelerado durante o período
das chuvas; apresentem alta proporção de folhas em relação aos caules e com alguma
produção durante o outono. As forrageiras mais usadas são as braquiárias decumbens e a
brizanta, as gramas do gênero Cynodon (coastcross, tifton 85) que apresentam essas
características.
Segundo Reis et al. (1996), os períodos de diferimento das pastagens que
proporcionam os melhores resultados são os meses de fevereiro (para uso em junho-julho) e
março (para uso em agosto e setembro).
É comum o uso de misturas múltiplas e de alimentos concentrados para melhorar o
desempenho dos animais que são colocados em pastagens diferidas.
De qualquer maneira, essas estratégias comentadas acima não irão alterar
significativamente a taxa de lotação animal e nem aumentará muito a produção/ha da
propriedade, haja vista que, na seca, as lotações terão que ser baixas. Apesar disso, ganhos
consistentes poderão ser alcançados no desempenho animal e se evita que o rebanho diminua
muito nos anos de seca prolongada.

d) Adubação de pastagens para prolongar o período de crescimento das forrageiras:


A adubação é feita no final do período das chuvas (fevereiro a março) quando as
condições climáticas ainda são favoráveis para que as forrageiras respondam à adubação. A
adubação nitrogenada é a mais usada, pois esse nutriente melhora a eficiência de uso da água
e da fotossíntese pelas forrageiras, além de estimular o aparecimento de novos perfilhos e
aumentar a longevidade das folhas. Dessa forma, a forrageira permanecerá verde por mais
tempo e terá uma estrutura mais apropriada para estimular o consumo de MS pelos animais
(maior proporção de folhas e maior densidade).
Devido à menor resposta das forrageiras à adubação, no final do período chuvoso,
quando comparada com a resposta alcançada na primavera-verão, essa técnica deve ser usada
apenas em pastagens com bom estande de plantas e em solos corrigidos, para que a resposta
seja a mais eficiente possível, e para categorias animal de alta resposta, como bezerros
desmamados, novilhas de reposição, primíparas e novilhos precoces.
52
5.2. Em Sistemas com Uso de volumosos suplementares.

Esta é a estratégia mais usada pelos produtores brasileiros em sistemas de produção


mais intensivos.
É comum entre os autores que tratam do assunto “volumosos suplementares” fazer
uma abordagem parecida sobre o mesmo, discorrendo sobre a escolha de variedades e
cultivares; sobre as formas de plantio e cultivo da cultura; sobre as principais pragas e
doenças; sobre a forma de colheita e armazenamento do volumoso; sobre a forma de
alimentação; a composição do volumoso, e traçar comparativos entre diferentes opções de
volumosos suplementares e o desempenho animal.
Neste trabalho, será diferente porque o enfoque será dado sobre o uso das diferentes
opções de volumosos suplementares dentro de diferentes sistemas de produção baseados em
diferentes níveis de produção de áreas de pastagens, associado com diferentes níveis de
produção de volumosos suplementares; os seus custos de produção; sobre a facilidade com a
qual o produtor adota um ou outro volumoso, e a sua capacidade de explorar o potencial de
produção da cultura.
As opções de volumosos suplementares mais usadas têm sido as silagens, os fenos, as
palhadas e a cana corrigida com uréia ou com grãos.
As silagens mais usadas tradicionalmente têm sido das culturas de milho, de sorgo e
de capim-elefante. Em uma região mais seca, temos que levar em conta que os riscos de perda
dessas culturas é grande e a garantia de colher e armazenar forragem para a seca com baixos
custos vai depender do uso da irrigação. Nesse sentido, devemos avaliar se existe alta
disponibilidade de água para irrigar ou não. Se existe alta disponibilidade de água para irrigar,
o produtor pode lançar mão de culturas de alto potencial de produção sem se preocupar muito
com a eficiência do uso de água para essa cultura.
Mas, se não há água suficiente para irrigar, o produtor deverá escolher plantas com
alta eficiência de uso da água disponível. Na Tabela 19, podemos observar as exigências de
água de diferentes plantas forrageiras que podem ser usadas para a produção de volumosos
suplementares.
53
TABELA 19. Exigência de água para completar o ciclo de produção de algumas plantas
forrageiras.

Cultura mm/ano mm/ciclo Fonte


Cana-de-açúcar 1.000 – 2.000 - BERNARDO (1989)
Capim elefante > 1.000 - PEREIRA (1994)
Alfafa 800 – 900 - NUSSIO et al. (1999)
Milho - 400 – 800 BERNARDO (1989); NUSSIO et al. (1999)
Sorgo - 300 – 600 BERNARDO (1989); NUSSIO et al. (1999)
Milheto - 250 – 300 NUSSIO et al. (1999)
Girassol - 250 NUSSIO et al. (1999)
FONTE: AGUIAR (2001b)

Observa-se que muitos trabalhos poderão ser desenvolvidos com essas culturas em
áreas irrigadas, como por exemplo, a identificação de variedades e cultivares de cana menos
exigentes em água, pois a amplitude dentro da espécie é muito grande, variando entre 1.000 e
2.000 mm/ano. Com o capim elefante poderia ser feito o mesmo. Opções como milheto e
girassol deveriam ser avaliadas (LIMA et al., 1999). O milheto é cultivado em regiões da
África com índice pluviométrico da ordem de 400 mm.ano. Lá, essa cultura tem sido usada
tanto para a produção de alimentos para o homem como também para os animais.
O modelo do uso dessas opções deveria levar em consideração a necessidade de se
conhecer o potencial de produção da pastagem ao longo do ano e a produção da cultura que
será usada para a produção de volumoso suplementar, conforme o exemplo abaixo.

Área útil da propriedade: 1.000 ha


Potencial de produção da pastagem: 20 t MS/ha/ano
Potencial de produção da área de reserva: 25 t MS/ha (cana ou capineira de capim-elefante,
por exemplo).

16 t de MS/ha produzidas pela pastagem durante o período chuvoso de 185 dias (80%
da produção anual) = 86 kg de MS/ha.dia que são suficientes para 4,8 UA/ha (seguindo o
mesmo raciocínio anterior, o qual considerou oferta de 18 kg de MS/UA/dia).

Na área de reserva, o potencial de produção de 25 t MS/ha x 0,8 (80% de


aproveitamento) = 20 t MS/há, dividido por 180 dias de seca = 111 kg de MS/ha/dia que,
dividido por 8 kg de MS/UA/dia = 14 UA.
54
Estas 14 UA/ha correspondem a uma lotação 3,0 vezes superior à lotação possível de
ser trabalhada na pastagem durante o período chuvoso, 4,8 UA/ha. Isso significa que com
33% da área da propriedade (330 ha) em cana ou capineira seria suficiente para produzir
alimento para o período da seca.

Se considerarmos que a pastagem ainda irá produzir 4,0 t MS/ha durante 180 dias de
seca (20% da produção anual) teremos = 22 kg de MS/ha/dia suficientes para alimentar mais
1,2 UA/ha.

Assim, a área de reserva pode ser reduzida para apenas 200 ha (20 % da área da
fazenda). Então, temos o seguinte cálculo:

Período chuvoso: 800 ha x 4,8 UA /ha = 3.840 UA


Período seco = 1,2 UA/ha a pasto x 800 ha = 960 UA. Faltam ainda 2.880 UA que deverão
receber uma suplementação.
Produção da área de reserva: 2.880 UA divididas por 14 UA/ha durante a seca = 205 ha.

O que o produtor e o técnico devem estar conscientes é do fato de que a produção de


forragem da pastagem não é constante todos os dias do ano, sofrendo variações entre estações
e com as condições edafoclimáticas dentro de cada estação. Por isso, torna-se importante
conhecer a produção média diária em cada estação para a tomada de decisão quanto ao ajuste
da taxa de lotação e colheita para armazenamento do excesso de forragem produzida.
No Brasil, não existe a tradição de se mensurar a disponibilidade de forragem para
calcular a taxa de lotação, com base na capacidade de suporte da pastagem, como existe em
países como a Nova Zelândia, onde os animais dependem da forragem produzida pela
pastagem o ano inteiro. Nessa condição, o excesso de forragem produzido no período das
chuvas deve ser armazenado para o inverno, principalmente em sistemas de cria de gado de
corte e nos rebanhos leiteiros, onde o número de animais ao longo do ano não sofre tanta
variação como nos sistemas de engorda.
Na maioria das fazendas da Nova Zelândia, o próprio produtor ou o técnico avaliam a
disponibilidade de forragem e, para facilitar esse trabalho, já desenvolveram amostradores de
forragem calibrados para as espécies forrageiras mais comuns em seu país, como já vimos
neste módulo, no estudo de técnicas de medição da produção da pastagem.
55
O produtor e o técnico brasileiros não acreditam nesse tipo de prática, acham que é
muito trabalhosa e, assim, continuamos a não conhecer o potencial de produção das fazendas
ao longo do ano e em diferentes condições edafoclimáticas e de manejo. A taxa de lotação das
pastagens continua a ser estimada de forma empírica e, por isso, na maioria das vezes, há um
excesso ou falta de animais para a quantidade de pasto disponível.
Da Silva e Pedreira (1996) sugeriram que o produtor e o técnico devem fazer um
planejamento da alimentação do rebanho com base nos balanços anual, mensal e diário entre o
suprimento e a demanda de forragem.
O equilíbrio entre o suprimento e a demanda de forragem é dado pelo déficit ou pelo
excesso de forragem. O excesso de forragem é proveniente de uma condição na qual a taxa de
acúmulo é maior que o consumo. Esse acúmulo sofre influência de fatores edafoclimáticos e
de manejo. Já o déficit de forragem ocorre na condição em que o consumo é superior ao
acúmulo e sofre a influência de fatores, tais como a taxa de lotação, o consumo de forragem
pelo animal, o uso de suplementação e conservação de forragem.
Vamos dar um exemplo de como poderia ser calculada a disponibilidade de forragem
para o ajuste da taxa de lotação ao longo do ano em uma propriedade que só possui a
pastagem como fonte de alimento como é comum na Nova Zelândia.

Área de pasto: 1.000 ha


Potencial de produção da pastagem: 20 t MS/ha/ano com 80% desta produção (16 t MS/ha)
sendo produzida de outubro a março e 20% (4,0 t MS/ha) no período de abril a setembro.

Dividindo os 16.000 kg de MS/ha por 185 dias de período chuvoso, teremos 86 kg de


MS/ha/dia, que são suficientes para alimentar 4,8 UA/ha, considerando 18 kg de MS/UA/dia
(4% de OF).

Dividindo os 4.000 kg de MS/ha por 180 dias de período seco, teremos 22 kg de


MS/ha/dia, que são suficientes para alimentar 1,23 UA/ha (3,5 UA/ha a menos que no período
chuvoso, que deverão receber suplementação no período da seca).

O número de UA que iremos trabalhar no período chuvoso será de 3.500 UA.


56
3.500 UA dividido por 4,8 UA/ha no período chuvoso é igual a 740 ha que serão
utilizados para pastejo, enquanto 260 ha serão destinados ao corte e armazenamento sob as
formas de silagem ou feno.
260 ha x 16 t de MS/ha no período chuvoso é igual a 4.160 t de MS x 0,8 (20% de
perdas desde o processo de colheita até o fornecimento) = 3.330 t MS

3.330 t MS dividido por 180 dias de seca = 18,50 t/ dia que dividido por 8 kg de
MS/UA/dia = 2.310 UA

Ainda temos a pastagem com produção de 4,0 t MS/ha no período seco x 1.000 ha =
4.000 t MS, dividido por 180 dias = 22,20 t MS/dia, divididos por 18 kg de MS/UA/dia =
mais 1.230 UA.

Assim, seria possível alimentar as 3.500 UA durante o período da seca, com forragem
de boa qualidade, tanto do pasto, que não ficou envelhecido durante a primavera-verão devido
ao seu melhor aproveitamento, quanto da forragem, que foi cortada e armazenada no estádio
correto.
A área destinada ao corte na verdade é formada por alguns pastos que deverão ser
alternados a cada ano para que ocorra a reciclagem de material orgânico para o solo. Os
pastos cortados na primavera-verão deverão ser utilizados a partir do início do outono para
prolongar a estação de pastejo e reduzir o tempo em que os animais deverão receber
suplementação no cocho.
Embora esteja surgindo no Brasil algumas fazendas que estão utilizando este modelo
de produção, que está se tornando possível devido ao aparecimento no mercado de máquinas
apropriadas para a colheita de pasto (Tabela 20), na grande maioria das fazendas, o produtor e
o técnico ainda preferem destinar uma área específica para produzir alimento para o período
seco do ano, como são as áreas para produção de silagens e cana.
57
TABELA 20. Especificações de máquinas forrageiras para corte de pastagem

Máquina Fabricante
Especificações
Colhe forragem em área total, 1,83 m de
Colhedora de forragem CF 730 SILTOMAC largura, corta de 03 a 30 cm de altura,
rendimento de 25 a 30 m3/h, potência
trator 70 a 90 HP
Largura de corte de 1,1 m, corta de 5 a 20
Colhedora de forragem CF 140 SILTOMAC cm de altura, potencia trator 60 a 70,
rendimento de 15 a 25 m3/h,
Largura de corte de 2,0 m, corta de 8 a 24
Colhedora de forragem CF 775 SILTOMAC cm de altura; rendimento de 45 a 50 m3/h,
potencia trator 110 a 130 HP.
Largura de corte de 1,82 m, potência
Colhedora de forragem CFC CASALE requerida de 40 a 75 HP, rendimento de
1800/ Super 0,5 a 0,8 ha/hora, altura de corte de 5 a 40
cm.
Colhedora de forragem CFC CASALE Largura de corte 2 m, potência de 100 a
2000/Super 120 HP, rendimento de 1,0 a 1,5 h/ha,
altura de corte de 5 a 50 cm
FONTE: Catálogos dos fabricantes (AGUIAR, 2001a).

5.2.1. Exemplo de cálculo de produção de volumosos suplementares.

Para o desenvolvimento dos dados que se seguirão abaixo, levamos em consideração


os seguintes parâmetros:

Utilização da pastagem:
-foi considerado que a estacionalidade da produção de forragem é de 80% entre outubro e
março e 20% entre abril e setembro;
-oferta de forragem de 4% ou 18 kg de MS/UA/dia;
-estação de crescimento de 185 dias.

Utilização de volumoso suplementar:


-perdas de 20% desde o início da colheita a até o término da suplementação dos animais no
final da seca;
-fornecimento de 8 kg de MS/UA/dia.

A Tabela 21 apresenta a capacidade de suporte de um hectare de pastagem nos


períodos chuvoso e seco do ano e em um hectare de volumoso suplementar.
58
TABELA 21. Capacidade de suporte de áreas de pastagens e de volumosos
suplementares com diferentes níveis de produção.

Volumoso (t MS/ha) Lotação nas chuvas Lotação na seca Lotação na seca


pastagem (UA/ha) pastagem (UA/ha) volumoso (UA/ha)
10 2,50 0,50 5,50
15 4,0 0,80 8,00
20 5,0 1,00 11,0
25 6,0 1,20 14,0
30 7,0 1,40 16,0
35 8,5 1,70 19,0
40 10,0 2,00 22,0
FONTE: AGUIAR (2002d)

Conhecendo-se as produções de forragem, das áreas de pastagem e de produção de


alimentos volumosos suplementares, torna-se possível calcular qual será a proporção da área
da propriedade que deverá ser reservada para a produção de volumoso suplementar para a
seca e, conseqüentemente, saber a proporção da área de pastagem (Tabela 22).

TABELA 22. Proporção em % da área da fazenda ocupada com volumoso suplementar


com diferentes níveis de produção.

Produção da pastagem (t MS/ha/ano)


Produção do
suplemento 10 15 20 25 30 35 40
(t MS/ha/ano)
10 26% 35% 40% 45% 50% 55% 56%
15 19% 26% 32% 36% 41% 45% 48%
20 15% 20% 26% 30% 34% 38% 42%
25 12% 17% 22% 25% 30% 32% 36%
30 11% 15% 20% 22% 27% 30% 33%
35 9% 13% 17% 20% 23% 26% 28%
40 8% 11% 15% 18% 21% 23% 26%
FONTE: AGUIAR (2002d).

Sabendo-se agora qual deve ser a proporção da área da fazenda ocupada para a
produção de volumoso suplementar e aquela com pastagem, podemos levantar qual será a
taxa de lotação media de diferentes sistemas baseados em diferentes potenciais de produção
de áreas de pastagens e de volumosos suplementares (Tabela 23).
59
TABELA 23. Taxa de lotação média em UA/ha de diferentes combinações entre
produção de forragem na pastagem com produção de forragem em áreas de reserva.

Produção da pastagem (t de MS/ha/ano)


Produção
do volumoso
suplementar 10 15 20 25 30 35 40
(t MS/ha)
10 1,7 2,3 2,9 3,3 3,6 3,8 4,2
15 1,8 2,6 3,2 3,8 4,2 4,6 5,0
20 2,0 2,8 3,5 4,2 4,7 5,2 5,6
25 2,1 3,0 3,7 4,5 5,0 5,7 6,1
30 2,15 3,15 3,8 4,7 5,2 5,9 6,4
35 2,20 3,20 4,0 4,8 5,5 6,2 6,9
40 2,21 3,25 4,1 5,0 5,7 6,5 7,1
FONTE: AGUIAR (2002d).

Atividade suplementar do módulo:


1. Faça uma análise critica das medidas sugeridas por Barioni et al., (1998) para correção
dos níveis de cobertura da pastagem listados no Quadro 1.

2. Faça uma análise crítica das estratégias estudadas para sistemas de produção exclusivas
de pastejo (venda de animais na entrada da seca, uso de forrageiras com padrão de
crescimento complementar, diferimento de pastagens e adubação de pastagens para
prolongar o período de crescimento)
3.Quais são as informações necessárias para a elaboração de um planejamento alimentar de
um sistema de produção que utiliza volumosos suplementares no período da seca?
4.Elabore um planejamento alimentar de uma propriedade com os seguintes dados:
Área útil = 100 ha; Produção da pastagem = 10 t de MS/ha/ano; Produção da cultura para a
produção de volumoso suplementar = 10 t de MS/ha/ano; Estacionalidade de produção da
pastagem = 90% no período de outubro a março e 10% no período de abril a setembro;
Oferta de forragem na pastagem = 5%; Perdas de forragem do volumoso suplementar =
15%; Consumo do volumoso suplementar = 9 kg de MS/UA/dia.
Perguntas:
a)Qual será a capacidade de suporte da pastagem no período chuvoso e no período da seca?
b)Qual será a capacidade de suporte da área destinada à produção de volumoso suplementar
na seca?
c)Qual será a proporção da área útil da propriedade que será ocupada pela pastagem e pela
cultura para a produção de volumoso suplementar?
60
CAPITULO 6 - CUSTOS DE PRODUÇÃO DE ALIMENTOS

Ao final desse módulo só nos resta discutir os custos de produção das diferentes opções de
alimentos estudadas. Por isso, nesse capítulo serão apresentados dados de custos de produção
de alimentos volumosos provenientes da pastagem (pastagem extensiva, pastagem intensiva
não irrigada e pastagem intensiva irrigada), de volumosos suplementares (cana, silagens, pré-
secados e fenos) e de alimentos concentrados.

Aguiar (2001) compilou dados próprios e de outros autores dos custos de produção de
silagens de pastagem e comparou com o custo de outros volumosos suplementares (Tabela
24).

TABELA 24. Custos de produção dos principais volumosos usados em sistemas de


produção no Brasil.

Volumoso t Custo Composição % Custo Fonte


MS/ha R$/t MS PB NDT t/MS
Silagem de Milho - 35 32 6,5 65 109 MELLO (00)
13 - 33 8,7 69 64 NUSSIO et al. (99)
15 40 32 - - 125 AGUIAR et al. (00)
Silagem de Sorgo - 30 31 7 58 96 MELLO (00)
15 - 30 9,4 64 81 NUSSIO et al. (99)
20 30 30 - - 100 AGUIAR (2000)
Sil. Girassol 15 - 30 10 64 60 NUSSIO et al. (99)
Sil. C. Elefante 40 - 23 7,8 57 40 NUSSIO et al. (99)
Sil. C. Elefante 40 11 18 - - 90 AGUIAR (00)
Sil. Pasto - 18 23 9 55 78 MELLO (00)
Sil. Tanzânia1 25 30 27 7 60 112 BOL. LEITE (00)
Sil. Tanzânia2 25 20 18 6 56 94,6 BOL. LEITE (00)
Sil. Pré-secada3 20 70 40 - - 132 BOL. LEITE (00)
Cana picada - 21 30 3 55 70 MELLO (00)
Cana corrigida 30 - 30 11 59 37 NUSSIO et al. (99)
Cana corrigida 30 16 30 - - 53 AGUIAR (00)
Cana corrigida 24 28 30 10 60 94 BOL. LEITE (00)
Corte manual - 25 - - - 84 BOL. LEITE (00)
Corte mecânico - 16 - - - 52 BOL. LEITE (00)
Feno coastcross 20 - 85 13 61 80 NUSSIO et al. (99)
Feno gramíneas 18 80 85 - - 92 AGUIAR (00)
Pasto intensivo 33 7,5 25 10 59 30 AGUIAR (ñ publicado)
Sil. C. Tanzânia 1 é com polpa cítrica
Sil. C. Tanzânia 2 é sem polpa e com inoculante.
Sil. Pré-secada de coast-cross.
Cana corrigida com 1% de uréia:fonte de enxofre.
FONTE: AGUIAR (2001a).
61
Na Tabela 25 encontramos os dados da Tabela 24 resumidos e com custos atualizados,
para março de 2002, para os volumosos suplementares de março de 2004, para pastagem
extensiva, pastagem intensiva não irrigada e pastagem intensiva irrigada.

TABELA 25. Custos de produção de diferentes alimentos volumosos.

Alimentos MS/ha R$/t MO R$/t MS


Concentrados 400-500
Feno Gramíneas 20 171 214
Sil. Capim-Elefante/PC (20%) 40 70 213
Pré-secado Gramíneas 20 82 204
Silagem Capim Elefante 40 60 180
Silagem Braquiarão Inoculada 25 39 164
Silagem de Milho 14 55 157
Silagem de Girassol 15 39 140
Silagem de Tanzânia 30 57 143
Silagem de Sorgo 15-20 36 140
Cana + Uréia Corte Mecânico 24-30 19 63
Cana + Uréia Corte Manual 24-30 22 73
Cana Irrigada + Uréia Corte Mecânico 36-45 21 69
Cana Irrigada + Uréia Corte Manual 36-45 25 82
Pastagem Intensiva Irrigada 40-50 14 65
Pastagem Intensiva Não Irrigada 25-35 8 50
Pastagem Extensiva- 8-10 3 15-17
FONTE: Aguiar (2004a).

As produções consideradas foram com base em produções alcançadas em centros de


pesquisa, instituições de ensino e por produtores mais eficientes. Ainda, podemos considerar a
opção do milheto. Essa planta pode produzir 70 t de massa verde/ha (mais de 20 t de MS/ha),
quando plantada na primavera (SCALÉA s/d).
Observa-se que o alimento volumoso mais barato, que se pode produzir, é proveniente
da pastagem extensiva, seguida da pastagem manejada intensivamente não irrigada e seguida
pela pastagem irrigada.
É bom chamar a atenção para o fato de que a pastagem manejada intensivamente pode
suprir exigências animais que atendam ganhos de peso acima de 600 g/dia. O único alimento
volumoso suplementar que pode proporcionar bons desempenhos, sem o uso de
suplementação concentrada, é o feno confeccionado a partir de uma forrageira no estádio
correto de crescimento, seguido de práticas corretas de preparo e armazenamento desse
alimento, embora seja um dos alimentos volumosos mais caros que existem além de que,
dificilmente o produtor consegue fazer fenos de boa qualidade.
62
Todos os outros alimentos volumosos citados acima dependerão de serem corrigidos
com uréia e outros alimentos concentrados para que alto desempenho animal seja alcançado.
Normalmente, sem a suplementação com concentrados, os volumosos suplementares, à
exceção dos fenos de alta qualidade, atendem às exigências de ganhos de peso de até 300
g/dia.
No campo, tem sido mais fácil o produtor explorar altas produções de forragem,
provenientes das culturas da cana e do capim-elefante, quando comparadas com o nível de
produção alcançados com a ensilagem de milho e sorgo. E isso é uma realidade que nós,
técnicos, deveremos encarar.
A grande adoção dos produtores pelo uso da mistura cana:uréia reflete a facilidade que
eles encontram em usar esta cultura com sucesso em vez de outras opções. Tem sido fácil o
produtor alcançar produções entre 80 e 150 t/ha/ano a partir de áreas de cana e capim elefante,
enquanto que, dificilmente consegue produções acima de 30 t/ha de silagem de milho. Com
esta produção, a silagem de milho se torna um alimento muito caro se considerarmos que os
custos com preparo de solo, plantio, mão-de-obra, sementes, cultivo e ensilagem, são quase os
mesmos para produções de 30 ou de 50 t/ha/ano.
Atualmente, podemos encontrar fazendas com animais confinados com ganhos ao
redor de 1,20 kg/dia, usando como volumosos suplementares a cana corrigida com uréia e as
silagens de capins com concentrados devidamente balanceados.
Quando o conceito for o de produzir o máximo por hectare, conceito que deveria ser
usado principalmente pelos produtores que possuem áreas menores, a opção de se usar a
silagem de capim-elefante seria a mais indicada. No equilíbrio das coisas, o uso da cana
corrigida com uréia seria a melhor opção para se integrar baixo custo de dieta com altos
retornos por hectare.
Os grandes produtores (confinadores, por exemplo) têm sido encorajados a usar a cana
como volumoso suplementar porque já existe no mercado máquinas, que, se ainda não são
perfeitas, já possibilitam o corte mecânico da cana com economia de R$ 10,00/t de MS em
regiões onde o preço de um dia de serviço está por volta de R$ 15,00.
O menor custo da dieta com a silagem de milho (custo por animal por dia) poderá não
ocorrer a campo se em vez do produtor conseguir colher, 45 t de silagem/ha, colher apenas 30
t/ha, como é comum. Nesse sentido, a cana pode ser a cultura que mais facilmente o produtor
conseguirá realmente colher para produção de forragem que se aproxima do potencial de
produção da cultura.
63

Atividade suplementar do módulo:

1. Faça uma análise critica dos dados de custos de produção das diferentes opções de
alimentos utilizados em dietas de herbívoros apresentados nas Tabelas 24 e 25. Também
faça uma analise, levando em consideração a realidade da sua região e a realidade para
brasileira.
64
CONCLUSÃO

Á medida que os sistemas de produção vão sendo intensificados passa a ser importante
a adoção de programas de gerenciamento da atividade para se conhecer bem o negócio em
questão.
Dentro de programas de gerenciamento, temos o de gerenciamento da produção da
pastagem. Nesse trabalho, vimos que são muitas as técnicas para o monitoramento da
produção de forragem e da produção animal. Pouco desse conhecimento acumulado pela
pesquisa tem sido transferido e usado por técnicos e pesquisadores e é por isso que ainda não
conhecemos quase nada da produção de nossas pastagens.
Como ainda não temos técnicas indiretas de mensuração da produção da pastagem
calibradas para as nossas condições, nós teremos que lançar mão das técnicas diretas que
consistem em cortar e pesar a forragem, pratica que toma tempo e trabalho, mas é a técnica
mais precisa.
Se os interessados no negocio da produção a pasto, sendo eles produtores, consultores,
professores e pesquisadores, começarem a se interessar pelo assunto e colocá-lo em prática,
nos seus trabalhos de campo e de pesquisa, no futuro teremos dados e parâmetros que poderão
servir para calibrar técnicas indiretas como, por exemplo, correlacionar altura com massa de
forragem. Quando este tempo chegar, será mais fácil aplicar o conceito de medição da
produção de pasto dentro das fazendas.
Uma vez tendo dados seguros em mãos, esses serão usados no planejamento anual das
fazendas, no sentido de programar os gastos; as vendas e as compras; programas de
adubações; épocas de pesagens; programa de irrigação, entre outros.
Como sugestões que o produtor pode adotar na elaboração de planejamento alimentar
em suas propriedades, quero deixar as seguintes:
1 - Produção mais estacional em fazendas de gado de corte com grandes áreas e onde não é
possível armazenar o excesso de forragem da pastagem e nem produzir volumosos
suplementares. Essa produção estacional deverá ser dimensionada de acordo com a demanda
de forragem e a curva de crescimento da pastagem.
A adoção de práticas como planejamento da estação de monta; venda de animais
terminados; de animais descarte e desmamados, antes da entrada da seca, associado com
diferimento de pastagens com uso de forrageiras com crescimento complementar. Além disso,
mais a adubação da pastagem no final do período chuvoso, poderá viabilizar ainda mais os
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sistemas de produção extensivos de gado de corte, principalmente nos sistemas de ciclo
completo, com cria-recria-engorda.
2 – Para os produtores que têm condições de comprar máquinas forrageiras, é possível adotar
o uso intensivo da pastagem no período das chuvas, associado com o armazenamento do
excesso de forragem da pastagem sob as formas de silagem ou feno ou ter áreas de cana e/ou
capim-elefante. Esses volumosos suplementares poderão ser usados no confinamento de
animais de terminação ou para a suplementação de outras categorias do rebanho.

3 - Integração das opções acima.


Devemos alertar que, para se planejar a alimentação do rebanho em um dado sistema
de produção, com base na demanda do rebanho e na produção de alimentos na propriedade, o
produtor e o técnico que o assessora deverão conhecer a produção de cada cultura cultivada, a
quantidade de perda e a quantidade consumida pelos animais.
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