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Manual Juiz Leigo
Manual Juiz Leigo
Autoria do manual:
Renato Lisboa Altemani, Secretário Jurídico da
Presidência
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Sumário
para dirigir toda a fase instrutória e, ao final, redigir uma proposta de sentença,
posteriormente submetida à apreciação do magistrado.
A implementação dos mecanismos previstos pela Lei dos Juizados
Especiais ficou a cargo de cada um dos Estados. Em Santa Catarina há
inúmeras varas com competência privativa para apreciar e julgar as causas
previstas na Lei nº 9.099/95, além da aplicação do procedimento em todas as
Comarcas, ainda que de forma cumulada.
Verifica-se ampla utilização de conciliadores, o mesmo não se podendo
dizer do juiz leigo. Os atos instrutórios, assim, permanecem centralizados nos
juízes togados. O resultado, infelizmente, é o de acúmulo de demandas nos
juizados especiais e a morosidade na resolução dos processos.
Não é essa uma característica peculiar do Estado de Santa Catarina,
mas um retrato dos juizados especiais em todo o país.
Nesse sentido, disserta Carreira Alvim:
“Os conciliadores têm sido, de certa forma, prestigiados nos juizados
especiais, mas não na pessoa dos bacharéis, e sim dos estudantes de Direito,
que vêm cumprindo satisfatoriamente a sua função; mormente porque esse
trabalho conta como estágio, indispensável para se tornarem advogados.
“O mesmo não se pode dizer dos juízes leigos, que deveriam ser uma
das vigas mestras dos juizados especiais, nas são na verdade uma abstração,
por não contarem com a simpatia dos juízes togados, que nunca os vêem com
bons olhos (...)” (ALVIM, J. E. Carreira. Juizados especiais cíveis estaduais. 2.
ed. Curitiba: Juruá, 2004. p. 38).
Podem-se apontar várias justificativas para a timidez na utilização dos
juízes leigos no Estado. O só fato de se cuidar de uma proposta inovadora é
motivo para receios, que são potencializados pelo infeliz adjetivo “leigo”,
utilizado pelo texto legal. A idéia de um terceiro, leigo, presidindo a fase
instrutória e, ainda, lavrando sentença, encontra resistência dentre os
magistrados.
Uma outra dificuldade para a atuação de juízes leigos encontra-se na
própria Lei nº 9.099/95, que exige que a sua nomeação recaia sobre
advogados com cinco anos de prática. Essa circunstância impede, por
exemplo, que assessores e funcionários do Poder Judiciário ou do Ministério
Público, ou professores universitários sejam nomeados juízes leigos.
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“Juiz leigo” foi a forma pouco elegante que o legislador encontrou para
distingui-lo do juiz togado e do conciliador. Cuida-se, de fato, de profissional
experiente e idôneo, apto a conduzir a instrução e elaborar um projeto de
sentença.
Nesse esteio, disserta Joel Dias Figueira Júnior:
“A interpretação que merece ser dada à malsinada expressão ‘Juiz
leigo’ consiste em considerá-la como indicativa de oposição ao Juiz togado, ou
seja, o advogado com mais de cinco anos de experiência’ (FIGUEIRA JÚNIOR,
Joel Dias. Comentários à lei dos juizados especiais cíveis e criminais. 3. ed.
São Paulo: Saraiva, 2002. p. 185).
Nada impede, porém, que o juiz leigo atue no processo desde o início,
presidindo a audiência de conciliação.
Também na audiência de instrução deve-se buscar a conciliação das
pretensões conflitantes. O juiz leigo, na qualidade de colaborador da Justiça, é
um pacificador social e, como tal, deve buscar sempre a solução amigável dos
conflitos, medida esta que, além de atender aos princípio da celeridade e da
economia processuais, preserva o relacionamento pessoal entre os litigantes. É
essa a orientação das disposições do artigo 125, IV, do Código de Processo
Civil, e do artigo 21 da Lei nº 9.099/95.
Na condução da audiência de instrução e julgamento, o juiz leigo deve
ouvir as partes e prestar-lhes os esclarecimentos necessários, de maneira
educada, evitando tecnicismo e utilizando-se de linguagem que favoreça a sua
compreensão do objeto da demanda e da eventual proposta de acordo.
Como presidente da audiência, o juiz leigo deve manter a ordem e o
decoro na audiência, determinar que se retirem da sala os que se comportarem
inconvenientemente e, se necessário, requisitar a força policial (CPC, art. 445).
O juiz leigo poderá, igualmente, ordenar a imediata condução coercitiva da
testemunha intimada que não houver comparecido à audiência (art. 34, § 2º, da
Lei nº 9.099/95).
Na audiência de instrução serão produzidas todas as provas. Assim,
serão julgados os pedidos de juntada de documento, oitiva de testemunha e
realização de perícia, devendo o juiz leigo, ao final, ponderar sobre a
necessidade de se determinar, de ofício, alguma diligência complementar.
Observe-se que, em regra, os depoimentos não serão reduzidos a
escrito, devendo o juiz leigo fazer constar na sentença as informações
relevantes colhidas na prova oral. É ideal, nesse caso, que se faça a gravação
em fita magnética, ou por meio digital, da prova oral. Caso não seja possível o
registro, deve o juiz leigo anotar, durante o depoimento, as informações que
considerar relevantes para a fundamentação da sentença.
Concluída a instrução, o juiz leigo poderá imediatamente proferir a
sentença, ou intimar as partes para comparecimento em data próxima, para
que então conheçam o resultado do julgamento (isso ocorrerá se o juiz leigo
precisar de mais tempo para examinar a prova e/ou aprofundar o estudo da
matéria sub judice para, somente então, sentenciar).
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ANEXO I
MODELO DE FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO PARA JUIZ LEIGO
FORMUÁRIO DE INSCRIÇÃO
Nome:
CPF: RG:
OAB:
Endereço:
Experiência profissional:
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ANEXO II
MODELO DE TERMO DE COMPROMISSO PARA A DESIGNAÇÃO DE JUIZ
LEIGO:
_________________________
Assinatura
Local, data
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ANEXO III
MODELO DE PORTARIA DE DESIGNAÇÃO
RESOLVE:
Designar como JUIZ LEIGO (função não gratificada), IRINEU VOIGT JÚNIOR
(brasileiro, casado, filho de Irineu Voigt e de Arlete Batista Voigt, RG n.º 252.594.942 -
SSP/SC, que já foi inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil sob o n.º 9.799, com
habilitação desde 1995 até 2003), para atuar nos procedimentos do Juizado Especial
desta Comarca de Anchieta.
A presente terá vigência a partir de 08/05/2006 inclusive.
Afixe-se no local de costume.
Publique-se. Registre-se. Cumpra-se, encaminhando-se cópia à Corregedoria
Geral da Justiça, para fins do Provimento referido, e à Subseção da OAB local.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
Anchieta, 18 de maio de 2006