Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
)
Apresentação
Importância econômica
Os índios Caetés foram os primeiros brasileiros a usar a pimenta como arma, sem imaginar
que séculos depois a oleorresina de pimenta em aerossol ou em espuma, os famosos
‘pepper spray’ e ‘pepper foam’, seriam utilizados pela polícia moderna.
Botânica
Para a pimenteira, as temperaturas médias mensais ideais situam-se entre 21oC a 30oC,
sendo a média das mínimas ideal 18oC, e das máximas em torno de 35oC, sendo que
temperaturas acima 35oC prejudicam a formação dos frutos. A germinação é favorecida por
temperaturas do solo entre 25oC e 30oC, sendo 30oC a temperatura em que ocorre o
menor intervalo de dias entre semeio e germinação, e temperaturas do solo iguais ou
inferiores a 10oC inibem a germinação. Para as mudas, o melhor crescimento é alcançado
com temperaturas entre 26oC e 30oC, sendo a temperatura de 27oC considerada como a
ideal para favorecer o desenvolvimento das plantas.
Altas cotações para o produto são alcançadas nos meses de inverno quando o Sul e Sudeste
são abastecidos principalmente, pela produção das regiões Nordeste e Centro-Oeste,
originadas dos estados de Bahia e Goiás, respectivamente. Na região Centro-Oeste, não
havendo restrição de temperatura, o cultivo de pimentas, como 'De Cheiro', 'Bode
Vermelha', 'Bode Amarela', 'Cumari do Pará' e '‘Malagueta’', pode ser realizado durante o
ano todo, com irrigação suplementar no período seco. Normalmente, a semeadura é feita
em novembro mas pode estender-se até o final de janeiro. Na região de Catalão, a
semeadura de pimenta do tipo 'Jalapeño' é feita em fevereiro/março com transplante a
campo a partir de abril. Situação similar é observada em plantios de pimenta doce para
páprica na região de Brasilândia de Minas-MG, onde a semeadura direta em campo é feita
de março a abril. Na região Nordeste deve ser evitado o plantio na estação chuvosa por
dificultar o preparo de solo, tratos culturais e o controle fitossanitário. Em solos de boa
drenagem, os plantios na região de Petrolina-PE, podem ser iniciados a partir de janeiro,
embora o período preferencial seja de março em diante.
Cultivo Protegido
Solos
Os solos utilizados para o cultivo de pimenta devem ser profundos, leves, drenados (com
bom escoamento de água, não sujeitos a encharcamento), preferencialmente férteis, com
pH entre 5,5 a 7,0. Devem ser evitados solos salinos ou com elevada salinidade, uma vez
que as pimentas, assim como pimentão, são moderadamente sensíveis. Altas concentrações
de sais no solo podem ser de origem natural ou resultantes do uso excessivo de
fertilizantes, localização inadequada de fertilizantes ou ainda do uso de água de irrigação
com altas concentrações de sais. A salinidade do solo, medida por meio da condutividade
elétrica produzida por sais solúveis do solo a 25oC, deve estar abaixo de 3,5 cS/m de
condutividade elétrica, pois a partir deste valor a produtividade começa a diminuir.
Do ponto de vista sanitário, recomenda-se que sejam evitadas áreas que tenham sido
cultivadas nos últimos 3-4 anos com outras plantas da família das Solanáceas (como batata,
tomate, berinjela, pimenta, jiló, fumo, Physalis) ou Cucurbitáceas (como abóbora, moranga,
pepino, melão e melancia). Áreas com cultivos anteriores de gramíneas (milho, sorgo,
arroz, trigo, aveia), leguminosas (feijão, soja) ou aliáceas (cebola, alho), são as mais
indicadas.
A dose de calcário a ser aplicada, caso seja necessário, pode ser calculada com base na
elevação da saturação de bases de um valor considerado adequado para cada lavoura. Para
o cálculo é necessário que se tenha em mãos os resultados da análise e o valor de
saturação de bases indicado para a espécie vegetal em questão. Adota-se a sequinte
fórmula:
onde onde V2 é a saturação por bases desejada (70% a 80% para a pimenteira), V1 é a
saturação de bases atual do solo [(Ca+2 + Mg+2 + K+) x 100/T], T é a capacidade de
troca de cátions potencial do solo [Ca+2 + Mg+2 + K + (H+Al)], e PRNT = poder relativo
de neutralização total do cálcario a ser aplicado.
Adubação
A quantidade de adubo a ser aplicada é determinada com base na análise química do solo e
nos boletins-aproximação de cada região. Como na maioria destes boletins não existem
recomendações para a cultura da pimenta, utiliza-se a recomendação feita para o pimentão.
Aplicar calcário para elevar a saturação de bases a 80% e o teor mínimo de magnésio a 8
mmol/dm3. Em situações onde é muito difícil fazer a análise química do solo, existem
algumas aproximações que auxiliam o produtor quanto às quantidades e tipos de adubos a
serem utilizados. Porém, o produtor terá maiores chances de acerto fazendo a análise
química anual de solo 2-3 meses antes da calagem. A quantidade de fertilizantes indicada
deverá ser distribuída uniformemente no sulco ou no canteiro, revolvendo bem o solo a uma
profundidade de aproximadamente 30 centímetros para que ocorra uma boa incorporação.
A EPAMIG, por meio do Boletim Técnico nº 56, recomenda para a cultura da pimenta, doses
de 20 t/ha de esterco de curral ou 5 t/ha de esterco de galinha por metro de sulco. Em
seguida, aplicar também ao longo do sulco o adubo químico (de acordo com a Tabela 3) e
misturar tanto o esterco como o adubo com a terra por meio de duas passadas de
cultivador no fundo do sulco.
Até a fase de florescimento, as adubações de cobertura são feitas com adubo nitrogenado e
durante a frutificação com uma mistura de adubo nitrogenado com potássico, em intervalos
de 30-45 dias. No caso das pimentas, em que a colheita pode prolongar-se por mais de um
ano, as adubações de cobertura devem ser feitas até o final do ciclo com base em
observações no crescimento ou aparecimento de sintomas de deficiências nutricionais.
Normalmente utiliza-se 20-50 kg/ha de N e 20-50 kg/ha de K2O.
Tabela 2. Recomendação de adubação mineral para a cultura da pimenta no Estado
de São Paulo, baseada na análise química do solo .
P resina , mg/dm3 K+ trocável, mmolc/dm3 Zn, md/dm3
Nitrogênio
0-25 26-60 > 60 0-1,5 1,6-3,0 > 3,0 0,6 > 0,6
N, kg /ha P2O5, kg /ha K2O, kg /ha Zn, kg /ha
40 600 320 160 180 120 60 30
Fonte: Instituto Agronômico de Campinas – IAC (1996). Emater 1987, para o DF Plantio
Embrapa Hortaliças
Cultivares
A maioria das cultivares de pimentas plantadas no Brasil como a '‘Malagueta’' (C.
frutescens), 'Dedo-de-Moça' (C. baccatum), 'Cumari' (C. baccatum var. praetermissum), 'De
Cheiro' e 'Bode' (C. chinense), são consideradas variedades botânicas ou grupos varietais,
com características de frutos bem definidas. Normalmente, o produtor produz sua própria
semente, e as diferenças existentes dentro destes grupos estão relacionadas às diferentes
fontes de sementes utilizadas para o cultivo.
Apesar do crescente interesse no cultivo pimentas, este ainda é feito por pequenos
produtores que produzem suas próprias sementes ou compram frutos maduros em
mercados e feiras e deles extraem as sementes que serão utilizadas para plantio.
Normalmente estas sementes são de qualidade variável, apresentam baixa germinação e
podem transmitir doenças, já que são obtidas sem seguir regras básicas para a produção de
sementes. Na maioria das áreas cultivadas com pimentas, as plantas apresentam sintomas
de mancha-bacteriana (Xanthomonas campestris pv. vesicatoria), doença transmitida a
longas distâncias por meio de sementes.
Capsicum annuum é a espécie mais cultivada e inclui as variedades mais comuns deste
gênero como pimentões e pimentas doces para páprica e consumo fresco e pimentas
picantes como 'Jalapeño', 'Cayenne' entre outras, e ainda poucas cultivares ornamentais
(Tabela 1). As pimentas dos tipos 'Jalapeño' e 'Cayenne' podem ser consumidas frescas, ou
na forma de molhos líquidos (frutos maduros e vermelhos), desidratados na forma de flocos
ou pó, ou ainda em conservas (verdes) e escabeches. Estas pimentas são cultivadas
principalmente nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás.
Os tipos mais comuns e cultivados da espécie C. baccatum no Brasil são as pimentas 'Dedo-
de-Moça', 'Chifre-de-Veado' e 'Cambuci' (também conhecida como 'Chapéu de Frade')
(Tabela 1). Neste grupo de pimentas, a pungência dos frutos é menos intensa; há inclusive
cultivares de pimenta 'Cambuci' que são doces. A pimenta 'Dedo-de-Moça' é cultivada
principalmente nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. Além de ser consumida
fresca, em molhos e conservas, também é utilizada na fabricação de pimenta 'calabresa'
(desidratada na forma de flocos com a semente). A pimenta 'Cumari' é bem popular na
região Sudeste do Brasil e é encontrada também em estado silvestre, crescendo sob árvores
diversas e em capoeiras. Normalmente as plantas são mantidas por alguns anos e chegam a
formar verdadeiros arbustos. Os frutos desta pimenta são bem pequenos, arredondados ou
ovalados, de coloração vermelha quando maduros.
Produção de mudas
Em bandejas de isopor
A produção de mudas em bandejas deve ser feita em ambiente protegido, como telados. A
técnica mais recomendável para se produzir mudas é de semeio em bandejas de isopor de
128 células, preenchidas com substrato comercial ou preparado na propriedade, colocando
uma semente por célula. Caso haja comprometimento da germinação, o ideal é aumentar o
semeio para três sementes / célula, procedendo-se a um desbaste posteriormente, se
necessário, através do corte com tesoura, rente ao colo das mudas menos vigorosas quando
estas apresentam pelo menos duas folhas definitivas. O arranquio das mudas germinadas
em excesso não é recomendado pelo risco de comprometer o sistema radicular da muda
remanescente na célula .
As bandejas devem ser colocadas em suporte tipo bancada, formada por tela de arame ou
somente por fios de arame a 0,60-0,70 m do solo, a fim de que haja luz na parte inferior da
bandeja . Este cuidado impede o desenvolvimento das raízes por baixo da bandeja, o que
facilita a retirada das mudas por ocasião do transplante , evita injúrias às raízes novas e
não cria condições para infecção das mesmas por fungos e bactérias do solo.
As irrigações (duas vezes por dia , no máximo ) deverão ocorrer nas horas de temperaturas
mais amenas, ou seja, no início da manhã e final da tarde, utilizando-se água fresca e em
quantidade suficiente para que se verifique apenas o início da drenagem (gotejamento) na
parte inferior da bandeja. O cuidado nas irrigações é fundamental para se obter mudas de
boa qualidade. Em caso de necessidade, deve ser feita uma adubação foliar após o
desbaste, pulverizando-se as mudas com uma solução de adubo foliar com uma formulação
de macro + micronutrientes. Deve-se evitar o excesso de nitrogênio para não favorecer a
proliferação de doenças fúngicas nos tecidos foliares.
Em sementeiras
Plantio
Tabela 1. Informações sobre espaçamentos, época de plantio e ciclo dos principais tipos de
pimentas em diferentes regiões do país .
Tratos culturais
Durante o ciclo da pimenteira devem ser realizadas várias práticas culturais, tais como
irrigação (ver Irrigação), manejo de plantas invasoras (ver Manejo de plantas daninhas), de
insetos pragas (ver Pragas e métodos de controle) e patógenos (ver Doenças e métodos de
controle), adubação de cobertura (ver Adubação), desbrota, tutoramento e ‘mulching’.
Irrigação
SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO
Vários são os sistemas que podem ser utilizados para a irrigação da cultura de
pimentas. A escolha deve ter como base a análise de vários fatores, tais como: tipo de
solo, topografia, clima, custo do sistema, uso de mão-de-obra e energia, incidência de
pragas e doenças, rendimento da cultura, quantidade e qualidade de água disponível.
A necessidade total de água da cultura de pimentas é variável, pois além das condições
climáticas, depende grandemente da duração do ciclo de desenvolvimento de cada
cultivar. Em termos gerais, varia de 500 a 800mm, podendo ultrapassar os 1.000mm
para cultivares de ciclo longo. A necessidade diária de água, também chamada de
evapotranspiração da cultura, engloba a quantidade de água transpirada pelas plantas
mais a água evaporada do solo, sendo expressa em mm/dia, varia de 4 a 10mm/dia no
pico de demanda da cultura.
Estádio Inicial
No caso de transplante de mudas, o solo deve ser previamente irrigado, realizando uma
segunda irrigação imediatamente a seguir. Daí até o estabelecimento das mudas, as
irrigações devem ser realizadas a cada um a dois dias; em solos arenosos pode ser
necessária mais de uma irrigação por dia.
Estádio Vegetativo
Estádio Reprodutivo
Estádio que vai da floração plena até o início da maturação de frutos. É comum, entre
os diferentes tipos de pimentas, a ocorrência de um período onde existem flores,
pimentas verdes e maduras, o que requer a realização de várias colheitas. Neste caso,
o término do estádio reprodutivo deve ser estendido até o início da maturação das
pimentas a serem apanhadas na colheita de maior produção.
Estádio de Maturação
Melhor qualidade de frutos, como maior pungência em pimentas picantes, maior teor de
sólidos solúveis em pimentas para molho líquido, maior teor de matéria seca e melhor
coloração em pimentas para páprica e maior concentração na maturação, pode ser
obtida submetendo as plantas a níveis moderados de deficiência de água no solo, por
meio da adoção de turnos de rega mais espaçados que no estádio reprodutivo e/ou da
antecipação do final das irrigações.
O manejo da irrigação pode também ser realizado por sensores que medem a tensão
da água no solo, ou seja, a ‘força’ com que a água é retida pela matriz do solo. Desta
forma, pode-se determinar o momento exato de se irrigar e a quantidade de água a ser
aplicada por irrigação. Para a cultura de pimenta irrigada por aspersão ou sulcos, a
tensão recomendada varia entre 25 e 30 kPa, durante o estádio reprodutivo, entre 50 e
60 kPa durante os estádios vegetativo e de maturação. Para gotejamento, a tensão
recomendada varia de 10 a 15 kPa. O sensor mais utilizado para medição da tensão é o
tensiômetro.
FERTIRRIGAÇÃO
Os nutrientes mais aplicados via fertirrigação são os de maior mobilidade no solo, como
o potássio e nitrogênio. O fósforo e outros nutrientes pouco móveis devem ser
fornecidos, preferencialmente, como adubação básica de plantio.
Para pivô central, aplicar 1/3 do nitrogênio em pré-plantio e parcelar o restante via
água de irrigação, a partir de 30 dias após o plantio, a cada duas a três semanas até o
início da maturação. O potássio e o cálcio, embora menos utilizados, também podem
ser aplicados via água.
Os principais fertilizantes utilizados via água são: uréia, cloreto de potássio, nitrato de
cálcio, nitrato de potássio, sulfato de amônio, sulfato de potássio e cloreto de cálcio. O
cálcio não deve ser aplicado em água contendo bicarbonato (acima de 400 mg/L) ou
ser injetado simultaneamente com fertilizantes à base de sulfatos ou fosfatos sob o
risco de precipitar e causar entupimento de tubulações e emissores.
Mão-de-obra
Eficiência1 Custo Energia2
Sistema (h/ha/
(%) (R$/ha) (kWh/mm/ha)
irrigação )
Sulcos 40 - 70 800 - 1.500 0,3 - 3,0 1,0 - 4,0
1.000 -
Convencional portátil 60 - 75 3,0 - 6,0 1,5 - 3,0
2.000
Convencional semi- 1.500 –
60 - 75 3,0 - 6,0 0,7 – 2,5
portátil 2.500
Convencional 3.000 -
70 - 85 3,0 - 6,0 0,2 - 0,5
permanente 5.000
3.000 -
Autopropelido 60 - 70 6,0 - 9,0 0,5 - 1,0
5.000
3.000 -
Pivô central 75 - 90 2,0 - 6,0 0,1 - 0,7
5.000
3.000 -
Gotejamento 75 - 95 1,0 - 4,0 0,1 - 0,3
5.000
1
Em sistemas mal dimensionados e sem manutenção adequada à eficiência pode ser
ainda mais baixa .
2
Altura de recalque entre 5 e 50 m. Dividir por 3,2 para estimar litros de diesel
/mm/ha.
A interferência das plantas daninhas reduz a produtividade e qualidade dos frutos. Portanto,
é necessário controlar as plantas daninhas, pelo menos durante o período crítico (cerca de
dois terços do ciclo da cultura), ou seja, até que a cultura cubra suficientemente a superfície
do solo, e não sofra mais interferência negativa delas. A necessidade de controle depende
do grau de infestação e agressividade das plantas daninhas.
Após o PCI até o final do ciclo (Figura 1, fases G-I), as plantas daninhas não interferem
significativamente na produtividade, mas podem amadurecer e aumentar o banco de
sementes no solo, bem como servir de hospedeiros de insetos-pragas, fitopatógenos e
nematóides, além de dificultar e onerar a colheita. Com a introdução da mosca-branca, que
utiliza as plantas daninhas como hospedeiros, fonte de alimento e reprodução, a incidência
de viroses na cultura tem crescido muito, reforçando a necessidade de adotar programas de
manejo integrado de plantas daninhas.
Controle é a supressão das plantas daninhas até um limiar de dano econômico, ou seja, até
atingir um nível de controle onde a planta daninha remanescente não interfira
significativamente na produtividade biológica da cultura (Figura 1, fases C-F). Esta é a
prática de manejo mais comumente usada quando a planta daninha já está estabelecida. O
controle e pode ser feito por meio de métodos culturais, mecânicos, químico (manejo direto,
dirigido não seletivo) ou de forma integrada (Figura 1). A eficiência do controle dependerá
do grau de infestação e agressividade das espécies de plantas daninhas, época do controle,
estágio de desenvolvimento das plantas, condições climáticas, tipo de solo, disponibilidade
de herbicidas, de mão-de-obra e de equipamentos e conhecimento da interação entre as
plantas de pimenta e das plantas daninhas.
Preferencialmente, deve-se lançar mão dos métodos culturais e mecânicos, tais como:
rotação de culturas, o uso de espaçamento e densidade adequados, coberturas orgânica
e/ou inorgânicas do solo, solarização, cultivos e capinas.
O cultivo mecânico para controlar as plantas daninhas pode ser usado sozinho ou
juntamente com os herbicidas de manejo e não seletivos. O cultivo é mais eficiente quando
as plantas daninhas estão ainda pequenas, com 4 a 8 folhas definitivas. Nesse estádio as
plantas daninhas podem ser removidas facilmente sem causar dano à cultura (Figura 1,
fases E-F). A eficiência do controle mecânico sobre as plantas daninhas perenes é baixa,
podendo aumentar o problema se os propágulos vegetativos forem removidos para locais
não infestados.
O produtor de pimenta procura, sempre que possível, cultivar áreas sob rotação de culturas,
evitando aquelas previamente utilizadas com solanáceas. A rotação adequada de culturas é
importante para o manejo de plantas daninhas, pois as práticas culturais provocam
mudanças na população de plantas, havendo a cada ano uma nova relação de interferência
entre as diferentes espécies. Numa comunidade mista de plantas existe sempre um balanço
competitivo entre as espécies, predominando as mais agressivas e adaptadas ao sistema de
cultivos sucessivos ou de rotação.
Doenças
Várias são as medidas que podem ser adotadas para evitar a ocorrência de doenças em
plantas ou mesmo reduzir seu impacto no produto comercial. A observação harmoniosa de
um conjunto de medidas de controle, também conhecido como controle integrado, tem
como objetivo principal a redução da necessidade do uso de agrotóxicos.
Para que as doenças sejam bem controladas é necessário que a cultura seja bem conduzida,
ou seja, que a planta não esteja sujeita a estresses provocados por fatores diversos, tais
como época de plantio desfavorável, adubação desbalanceada, ferimentos nas plantas,
competição com plantas daninhas e o uso de cultivares não adaptadas ao clima. Dentre
estes fatores, deve ser dada atenção especial ao tipo de solo e modo de irrigação. Plantas
de pimenta são muito sensíveis a solos encharcados e morrem prematuramente por esta
causa. O controle de doenças de plantas é, mais que tudo, ‘medicina preventiva’, ou seja, a
estrita observação de medidas que devem ser adotadas antes mesmo do plantio.
2. Preferir variedades bem adaptadas ao clima local e à época de plantio, e que tenham
resistência às principais doenças que ocorrem na região. Estas informações podem ser
obtidas em catálogos de empresas de sementes;
3. Escolher para instalação da cultura uma área bem ventilada, que não tenha histórico de
plantio recente com solanáceas (pimentão, tomate, berinjela, jiló), com solo bem drenado,
não sujeita a empoçamento de água;
6. Evitar o excesso de água na irrigação, pois este é o fator que mais afeta o
desenvolvimento de doenças, em especial aquelas associadas ao solo;
7. Usar água de irrigação de boa qualidade, que não tenha sofrido contaminação antes de
chegar à propriedade;
8. Controlar os insetos que são vetores de viroses e que provocam ferimentos nas plantas,
principalmente nos frutos;
11. Evitar ao máximo o trânsito de pessoas e de máquinas que podem levar estruturas de
patógenos de uma área para outra. Em cultivos protegidos, recomenda-se colocar uma
caixa com cal virgem na entrada para desinfestação de calçados;
13. Realizar rotação de culturas, de preferência com gramíneas, tais como milho, trigo,
arroz, sorgo ou capim. Esta medida é muito importante para o controle de doenças de solo,
mais difíceis de serem controladas;
14. Inspecionar a lavoura com freqüência para identificar possíveis focos de doença, ainda
em seu início.
As pimentas podem ser atacadas por muitas doenças, que assumem diferentes graus de
importância dependendo principalmente da época de plantio. A seguir, são apresentadas as
principais doenças das pimentas que ocorrem no Brasil, enfatizando algumas medidas
específicas de controle.
Tombamento
Murcha-de-fitóftora
Mancha-de-cercóspora
Antracnose
Oídio
Mancha-aveludada
Murcha-bacteriana
Mancha-bacteriana
Talo-oco
Podridão-apical
Clorose-internerval
Clorose-das-folhas
Fumagina
Controle
É uma das principais doenças das pimentas no Brasil. Provoca maiores perdas no verão,
pois é favorecida por alta temperatura e alta umidade do solo. As plantas afetadas
apresentam murcha repentina observada inicialmente nas horas mais quentes do dia. É
comum aparecerem várias plantas murchas ao mesmo tempo, em fileiras ou em reboleiras.
Poucos dias após o murchamento inicial, a planta morre, ocasião em que pode ser
observado um escurecimento na base do caule. Sob alta umidade do ar, pode ocorrer
também a infecção de partes aéreas da planta, com manchas escuras e amolecidas nas
folhas e no caule.
Controle
Controle
Sua importância é reconhecida quase que exclusivamente pelas lesões que provoca em
frutos, em campo ou após a colheita. É mais problemática em cultivos de verão, quando
ocorrem temperatura e umidade altas. O patógeno é disseminado por sementes infectadas
e por respingos de água de chuva ou irrigação. A doença se inicia como pequenas áreas
redondas e deprimidas, que crescem rapidamente e podem atingir todo fruto. Sob alta
umidade, o centro das lesões fica recoberto por uma camada cor-de-rosa, formada por
esporos do fungo. Os frutos atacados não caem e as lesões permanecem firmes, a não ser
que haja invasão de organismos secundários que aceleram a sua deterioração.
Controle
· Fazer o plantio menos adensado em época favorável à doença, para permitir melhor
ventilação entre as plantas;
· Fazer um manejo adequado da irrigação, evitando excesso de água. A irrigação por
gotejamento, por não provocar o molhamento da parte aérea, reduz drasticamente a
chance de aparecimento da doença;
· Pulverizar preventivamente a cultura no início de frutificação com fungicidas registrados;
· Destruir os restos culturais imediatamente após a última colheita;
· Fazer rotação de culturas, de preferência com gramíneas.
Ataca com maior intensidade os cultivos irrigados por gotejamento. Inicialmente, são
observadas manchas cloróticas na superfície superior das folhas. Sob condições favoráveis à
doença, estas manchas tornam-se necróticas ou com muitas pontuações negras, com
formato pouco definido. A superfície inferior da folha fica recoberta com estruturas
esbranquiçadas do fungo, podendo levar a uma clorose geral da folha. Entretanto, pode
ocorrer clorose e necrose sem que se perceba claramente o ‘pó branco’, dificultando o
diagnóstico da doença. Folhas muito atacadas podem cair, e os frutos não são atacados pela
doença.
Controle
Ocorre esporadicamente em algumas regiões do Brasil. Pode causar algum dano à planta
somente em condição de alta umidade e alta temperatura, principalmente em locais
sombreados. Os sintomas consistem inicialmente de manchas cloróticas arredondadas na
superfície superior da folha. Com o desenvolvimento da doença, na parte inferior da folha
surgem lesões acinzentadas devido à presença de esporos do fungo. As folhas velhas são as
mais atacadas e podem cair sob alta infestação. Os frutos não apresentam sintomas desta
doença.
Controle
Causa perdas em pimentas somente quando a temperatura e a umidade são muito altas,
situação que é freqüente em regiões Norte e Nordeste do Brasil e ainda em alguns pólos de
produção de terras baixas na Região Sudeste. A bactéria não é transmitida pela semente,
mas pode ser introduzida em um campo através de mudas infectadas, água contaminada e
solo infestado aderido a máquinas agrícolas. Plantas afetadas podem não murchar, e
apresentar apenas uma redução em crescimento. Quando murcham, os sintomas aparecem
inicialmente nas horas mais quentes do dia. As folhas novas murcham primeiro, às vezes de
um só lado da planta. O tecido exposto pelo descascamento da base do caule de planta
murcha fica amarronzado. Na maioria das vezes, a doença só é percebida a partir do início
da frutificação.
Controle
· Escolher a área de plantio, que não deve ter histórico da doença em solanáceas ou em
outras hospedeiras de R. solanacearum;
· Evitar a contaminação do solo através de pessoal e máquinas que transitam por áreas
contaminadas;
· Plantar em solos com boa drenagem, não sujeitos a encharcamento;
· Plantar nas épocas menos quentes do ano;
· Não irrigar em excesso;
· Evitar ferimentos nas raízes e na base da planta;
· Arrancar, colocar em saco de plástico e retirar do campo as plantas com sintomas iniciais
de murcha, espalhando aproximadamente 100 gramas de cal virgem na superfície da cova
vazia;
· Evitar o uso de plástico preto como cobertura do solo durante o verão, porque mantém a
temperatura e a umidade do solo excessivamente elevadas.
Observação: O controle químico não é economicamente viável. As cultivares disponíveis não
apresentam níveis satisfatórios de resistência.
Controle
Causa prejuízos somente em cultivos conduzidos sob alta temperatura e alta umidade.
Nesta condição, caules e frutos com injúrias mecânicas ou provocadas por insetos,
apodrecem rapidamente. Os pontos da planta mais sensíveis ao ataque inicial da doença
são aqueles onde há um acúmulo de água, como as bifurcações do caule e a região
peduncular dos frutos. O caule afetado escurece e seca devido ao apodrecimento da
medula. Nos frutos, o ataque ocorre principalmente a partir de ferimentos causados por
insetos. Após a colheita, a bactéria pode iniciar o apodrecimento mole em frutos
contaminados externamente por ferimentos resultantes do manuseio inadequado durante a
colheita, transporte e comercialização.
Controle
Controle
· As medidas de controle de vírus são preventivas e devem ser seguidas por todos os
produtores de uma região;
· Medidas de higienização têm um efeito considerável na redução da incidência da doença:
eliminar campos abandonados, erradicar plantas com sintomas no plantio quando a
incidência for baixa, manter o campo e arredores livres de plantas daninhas;
· Produzir mudas em local protegido de insetos vetores, afastado dos campos de produção e
pulverizando-as periodicamente para evitar que se infectem precocemente;
· Plantar as mudas no maior estádio de desenvolvimento possível, de modo a retardar as
infecções precoces em campo pelo vetor;
· Pulverizar contra o vetor somente nos primeiros dias após o transplante;
· Plantar cultivares resistentes. Embora na atualidade praticamente não existam cultivares
resistentes disponíveis, deve-se consultar as companhias de semente para novas cultivares
com esta característica.
Ocorre com maior intensidade durante o período mais quente do ano. A doença é mais
severa em solos arenosos. Pode se tornar limitante quando se planta pimenta
sucessivamente na mesma área ou quando se faz rotação com outra cultura suscetível,
como feijão de vagem, quiabo e tomate. A doença se manifesta normalmente em
reboleiras. As plantas afetadas apresentam sintomas que sugerem a deficiência de água e
de nutrientes, ou seja, desenvolvimento abaixo do normal, amarelecimento das folhas e
murchamento. Estes sintomas se devem à formação de galhas (engrossamentos) e
apodrecimento das raízes, que perdem a capacidade normal de absorver água e nutrientes
do solo.
Controle
É causada pela deficiência de cálcio durante o desenvolvimento dos frutos. Ocorre em solos
com baixo teor de cálcio ou em condições que dificultam a sua absorção, como irrigação
deficiente e danos às raízes. A lesão inicia-se como uma área encharcada na região apical-
lateral do fruto. À medida que o fruto cresce, a parte afetada vai se tornando amarronzada,
endurecida, ressecada e deprimida, sendo comum o crescimento de fungos secundários na
sua superfície. Frutos com podridão-apical amadurecem precocemente.
Controle
Controle
Controle
Fumagina
· Controlar insetos;
· Evitar plantios adensados.
Doenças de pós-colheita
Controle
. Garantir, através de medidas de controle químico e/ou cultural, a sanidade dos frutos no
período que antecede a colheita (caso seja feito o controle químico, o período de carência
dos produtos deve ser rigorosamente observado);
. Colher os frutos quando estes estiverem secos;
. Colher, selecionar e transportar os frutos de maneira que ocorra o mínimo de ferimentos,
que são as principais portas de entrada dos patógenos;
. Usar contentores apropriados para colheita e transporte, fáceis de serem lavados e
desinfestados, e que produzem menos injúrias nos frutos;
. Quando os frutos são lavados, somente deve-se acondicioná-los nas embalagens depois
que eles estiverem completamente secos;
. A água usada para lavar os frutos deve ser isenta de agrotóxicos e de microorganismos;
. Os frutos comercializados em sacos de plástico, bandejas de isopor recobertas por filme
plástico de PVC ou caixas plásticas do tipo ‘PET’, ou outras embalagens fechadas devem ser
mantidos sob refrigeração;
. Frutos comercializados a granel devem ser expostos em ambiente bem ventilado, evitando
bolsões de umidade, onde podem iniciar-se focos de podridões;
. Frutos podres devem ser eliminados para evitar a contaminação de frutos vizinhos.
Pragas
Vários artrópodes estão associados com pimenteiras desde a sementeira até a colheita dos
frutos e a maioria das espécies não causam dano econômico, sendo algumas delas
benéficas, pois tratam-se de predadores e parasitóides de outras espécies de insetos.
1. O controle de insetos e ácaros deve ser feito de maneira integrada, onde práticas como a
destruição de restos culturais, eliminação de plantas hospedeiras silvestres ou voluntárias,
rotação de culturas, utilização de cultivares resistentes, utilização de mudas sadias, além de
mecanismos que assegurem a presença de inimigos naturais nas áreas cultivadas, sejam
combinadas com pulverizações de agrotóxicos seletivos e devidamente registrados para a
cultura;
. Vetores de viroses
. Pulgões
. Tripes
. Besouros
. Vaquinha
. Burrinho
. Lagartas
. Lagarta Rosca
. Brocas do ponteiro e dos frutos
. Minadores de folhas
. Mosca-do-mediterrâneo
. Ácaros
. Percevejos e cochonilhas
Vetores de viroses
Controle
Os insetos, particularmente o T. palmi, causam danos diretos nas plantas, levando a seu
‘enfezamento’ e retardando seu desenvolvimento. As folhas mostram-se ‘lanhadas’,
retorcidas, de tamanho reduzido e, sobretudo, disformes. Os frutos apresentam-se com
manchas de escurecimento, cicatrizes de vários tipos, deformações diversas e redução de
tamanho. As flores sofrem danos diretos que causam abortamento que implica na redução
da produção de frutos por planta sendo associada à presença do tripes com a incidência de
vírus do vira-cabeça.
Controle
Os adultos têm 5-7 mm de comprimento, corpo ovalado e coloração geral verde brilhante,
mostrando três manchas amarelo-alaranjadas em cada élitro. As fêmeas fazem a postura no
solo, próximo ao caule das plantas. As larvas são brancas e possuem no dorso do último
segmento abdominal uma placa quitinosa de cor marrom ou preta. Os danos causados pelas
larvas às raízes de pimenteira são em geral pouco importantes. Os adultos, contudo, podem
produzir injúrias sérias quando se alimentam das folhas, principalmente em plantas nas
sementeiras ou recém-transplantadas para o campo.
Outros crisomelídeos como Systena tenuis, Epitrix parvula, Symbrotica bruchi e Diabrotica
spp. são mencionados na literatura como pragas da pimenteira, principalmente das mudas
recém-transplantadas, de cujas folhas se alimentam. Estes insetos perfuram as folhas
causando atraso no desenvolvimento ou morte das plantas.
Os adultos são besouros polífagos, negros, revestidos de densa pilosidade cinza na cabeça,
élitros e patas, medindo 8-17 mm de comprimento. As fêmeas ovipositam geralmente no
solo, podendo alcançar 400-500 ovos durante sua existência. Os ovos eclodem após 10
dias, e deles originam-se larvas que são ativas, fortes e predadoras de outros insetos. O
adulto é a única fase desta espécie que é prejudicial às plantas, porque se alimenta das
folhas, ramos tenros e brotações da pimenteira e outras solanáceas.
Controle
· Práticas culturais como rotação de culturas, aração e gradagem do solo, pousio e queima
dos restos culturais reduzem populações de burrinhos e vaquinhas;
· Inseticidas com ação de contato e ingestão são em geral eficientes para controlar estes
insetos.
Lagartas
Estas duas espécies são as mais comuns e os mais importantes tipos de lagartas
denominadas ‘roscas’ que são encontradas nas lavouras. São confundidas erroneamente
com algumas espécies do gênero Spodoptera, que também têm o hábito de se enroscarem
ao serem tocadas. Os adultos da lagarta-rosca são mariposas grandes, de envergadura
aproximada de 50 mm de comprimento e apresentam asas anteriores escuras e posteriores
brancas ou cinzentas. As fêmeas podem fazer postura de até 1000 ovos, que são
depositados em folhas e caules das plantas, isoladamente ou em massas. As lagartas
possuem o hábito de cortar as plantas ao nível do solo durante a noite e, durante o dia, as
lagartas podem ser encontradas a pouca profundidade do solo, bem próximo às plantas
cortadas anteriormente.
Controle
· Fazer uma aração profunda três a seis semanas antes do plantio, mantendo neste período
a área livre de ervas daninhas e restos culturais;
· Após o transplante, procurar manter a cultura limpa, evitando-se o uso de cobertura
morta, restos culturais ou restos de capinas na área da cultura, que servem de abrigo para
as lagartas, protegendo-as de eventuais predadores ou outras medidas de controle;
· Fazer as pulverizações com inseticidas ao entardecer, dirigidas à base e na projeção da
copa das plantas.
São insetos de ampla distribuição no Brasil e têm importância econômica em algumas áreas
localizadas, onde foram constatadas perdas de até 66% dos frutos. As mariposas são muito
pequenas, de cor cinza-escura e cabeça marrom-clara, cujo comprimento pode alcançar até
6 mm. A postura é feita no interior dos botões florais ou extremidade das brotações e
ponteiro, isoladamente ou em grupos de dois e três ovos. As larvas alimentam-se do
interior das hastes ou ponteiro, perfurando galerias, e também das flores e frutos, onde se
alimentam das sementes. Há registro de que uma só larva pode danificar vários frutos,
antes de iniciar a fase de pupa no solo. Os orifícios da saída das larvas servem como via de
entrada para moscas diversas, as quais ovipositam no interior dos frutos, e cujas larvas
favorecem o apodrecimento deles. Geralmente os frutos atacados pela praga desprendem-
se das plantas, tão logo é iniciada a maturação e, em certos casos, há formação de uma
camada bastante espessa de frutos caídos sob a copa das plantas. Os frutos danificados que
conseguem manter-se na planta, mesmo maduros, ou aqueles que são colhidos enquanto
colonizados pelas larvas ou moscas, concorrem para a deterioração de partidas inteiras de
frutos colhidos e embalados, causando grandes prejuízos.
Controle
Minadores de folhas
As larvas completam seu ciclo entre 9-12 dias após a postura e, durante este período,
escavam galerias no parênquima foliar, que causam a morte das folhas, reduzindo a
capacidade da planta em proceder à fotossíntese. Larvas no terceiro instar e pupas medem
até 3 mm de comprimento e são de cor amarela.
Controle
· Práticas culturais como o uso de ‘mulching’ e cobertura morta tendem a favorecer a ação
de insetos como formigas, tesourinhas e besouros, que são eficientes predadores de pupas
do minador de folhas;
· Deve-se evitar a aplicação indiscriminada de inseticidas, principalmente aqueles de largo
espectro, pois estes produtos eliminam os inimigos naturais do minador-de-folhas.
Mosca-do-mediterrâneo
Controle
Ácaros
Por serem muito pequenos, difíceis de se ver a olho nu, uma das maneiras de identificar a
espécie é através da descrição da sintomatologia dos danos. O ácaro-rajado apresenta-se
nas cores branca, verde, alaranjada e vermelha, e tem duas manchas pretas em seu dorso.
O ácaro-vermelho possui coloração vermelha muito intensa, que o distingue facilmente dos
outros ácaros. Ambos localizam-se na face inferior das folhas independente da idade destas,
causando danos caracterizados pelos seguintes sintomas: 1) clorose generalizada das
folhas, sendo que as nervuras mantêm-se mais verdes; 2) aparecimento de teia envolvendo
uma ou mais folhas; 3) queda acentuada das folhas e morte das plantas. O ácaro-branco
localiza-se preferencialmente na parte apical das plantas, nos brotos terminais. Seus danos
tornam as folhas endurecidas (‘coriáceas’), com os bordos recurvados ventralmente e de
coloração bronzeada. O ácaro-plano localiza-se nas hastes e folhas mais tenras da planta e
têm coloração amarelada. As plantas podem apresentar aparência bronzeada ou manchas
cloróticas nas folhas.
Controle
Percevejos e cochonilhas
Controle
Colheita
Colheita
Seleção e Classificação
Conservação Pós-Colheita
Colheita
As pimentas apresentam diferentes pontos de colheita, de acordo com cada tipo, região de
cultivo e época do ano. O ciclo da cultura e o período de colheita são afetados diretamente
pelas condições climáticas e pelos tratos culturais, como adubação, irrigação, incidência de
pragas e doenças, e a adoção de medidas de controle fitossanitário. De uma maneira geral,
as primeiras colheitas são feitas a partir de 90 dias após a semeadura para as pimentas
mais precoces, como a ‘Murupi’, e após 120 dias para as mais tardias. O ponto de colheita
ideal das pimentas é determinado visualmente, quando os frutos atingem o tamanho
máximo de crescimento e o formato típico de cada espécie, com a cor específica demandada
pelo mercado: verde para a pimenta ‘Cambuci’; vermelho para a ‘Malagueta’; amarela ou
vermelha para a pimenta ‘Bode’; verde-claro para a ‘De Cheiro’; amarela para a ‘Cumari do
Pará’; e amarelo-claro para a ‘Murupi’.
As pimentas são mais difíceis de serem colhidas quando comparadas com pimentão devido
ao menor tamanho dos frutos e a arquitetura da planta, principalmente aquelas de menor
porte e com maior número de galhos. Para efetuar a colheita das pimentas com plantas de
porte mais baixo, como a ‘Cumari do Pará’ e ‘Malagueta’, é necessário que os apanhadores
fiquem agachados ou curvados, enquanto para aquelas pimentas com plantas mais altas,
como a ‘Bode’, é possível fazer a colheita em pé, em uma posição mais confortável. A
posição dos frutos das pimentas, seu tamanho e a resistência do pedúnculo também
interferem na velocidade da colheita. As pimentas ‘Bode’ e ‘Dedo-de-Moça’ possuem frutos
maiores e são mais fáceis de apanhar, sendo possível colher até 60kg/dia/operário,
enquanto as pimentas ‘Malagueta’ e ‘Cumari do Pará’ possuem frutos menores, o que reduz
a velocidade da colheita (aproximadamente 10kg/dia/operário).
As pimentas são colhidas manualmente, arrancando-se os frutos das plantas com ou sem os
pedúnculos, dependendo do tipo de pimenta e o uso do produto. Cada colhedor utiliza um
recipiente pequeno, como uma lata, prato ou bolsa para recolher os frutos das plantas. Um
recipiente adequado para a colheita das pimentas pode ser feito a partir de garrafas
plásticas de refrigerante de 2L do tipo ‘PET’, cortando-se o terço superior da garrafa e
colocando-se um cordão em duas extremidades laterais para pendurar no pescoço. Além de
ser um recipiente barato e fácil de ser feito, o operário fica com as duas mãos livres para
executar a colheita, sendo possível segurar os ramos e destacar os frutos sem quebrar a
planta. Depois de cheios, estes recipientes são vertidos em baldes ou latas maiores (5-10L)
ou então em caixas localizadas estrategicamente próximas do local de colheita.
O horário ideal para a colheita das pimentas é nas horas menos quentes do dia, no início da
manhã e no final da tarde. Quando não é possível colher tudo nestes dois períodos, deve-se
armazenar os frutos colhidos sempre a sombra, em local arejado e fresco. A exposição
direta ao sol aumenta a respiração e a perda de água, resultando em murcha e deterioração
dos frutos. Deve-se também evitar a colheita de frutos molhados pela chuva ou orvalho
porque tendem a apodrecer mais rapidamente durante o transporte e a comercialização.
Restos de folhas e galhos também devem ser eliminados porque podem tendem a fermentar
rapidamente, principalmente quando molhados ou úmidos, e assim aumentar a temperatura
no interior das embalagens e reduzir a durabilidade pós-colheita dos frutos.
À medida que baldes, caixas e sacos com as pimentas no campo vão ficando cheios, devem
ser transportados até pequenos galpões ou sob a sombra de árvores nas margens da
plantação. Estes galpões podem ser construídos de modo simples, com uma cobertura de
plástico preto recoberto com capim ou folhas de palmeira, servindo para proteger as
pimentas do sol direto e da chuva. Posteriormente, os frutos são acondicionados em sacos
plásticos grandes (30kg) ou caixas plásticas ou de madeira (15kg), ou outro tipo de
embalagem demandado pelo mercado. Para as pimentas destinadas para a indústria de
molhos e conservas, é possível retirar os pedúnculos dos frutos em galpões ao lado da
lavoura e armazenar as pimentas diretamente em recipientes plásticos de 50L (‘bombas’ ou
‘bombonas’) com a calda apropriada, feita a base de vinagre ou outro tipo de álcool e sal.
Este processo reduz problemas de conservação pós-colheita dos frutos de pimenta colhidos
mantidos in natura.
Seleção e Classificação
Ainda não existe nenhuma norma oficial de classificação e padronização para as pimentas
no Brasil. Praticamente todas as operações usuais de beneficiamento são feitas a campo e
executadas simultaneamente pelos colhedores. As pimentas para comercialização in natura
do tipo ‘Dedo-de-Moça’ devem ser colhidas sempre com o pedúnculo porque melhora a
aparência e os frutos tendem a se conservar melhor, o que não se aplica àquelas pimentas
que possuem frutos que se destacam facilmente da planta, como ‘Cumari do Pará’,
‘Malagueta’ e ‘Cumari Vermelha (= ‘Passarinho’). Na medida do possível, o colhedor deve
eliminar os frutos doentes, brocados, murchos, passados, desuniformes e mal-formados e
selecionar na planta somente aqueles bem desenvolvidos e de coloração típica de cada tipo
de pimenta. Para aquelas pimentas com frutos pequenos, deve-se tomar cuidado para não
colher ramos inteiros com as folhas, evitando-se o contato com o solo para não sujar e
contaminar os frutos. Depois de colhidas, pimentas de frutos pequenos, como ‘Cumari’,
‘Bode’ e ‘Malagueta’, devem ser manipuladas com cuidado para evitar danos mecânicos aos
frutos, como cortes, abrasões e outros tipos de ferimentos.
Conservação Pós-Colheita
Não existem informações disponíveis sobre a temperatura ideal de armazenamento para
cada um dos tipos de pimenta cultivados no Brasil. As pimentas são frutos tropicais e por
esta razão as temperaturas entre 7oC e 12oC são as mais indicadas para reduzir a
respiração e outros processos fisiológicos. Os maiores problemas das pimentas destinadas
ao consumo in natura são a rápida perda de água dos frutos, que resulta em murchamento,
e a descoloração do pedúnculo, que perde sua coloração verde característica. Estes dois
problemas reduzem o valor de mercado do produto e podem ser motivos de descarte na
comercialização. O armazenamento em temperaturas inferiores a 7oC pode causar injúria
por frio (‘chilling’) nos frutos, formando lesões deprimidas. Para evitar a perda acentuada de
água, é recomendável deixar os frutos com o pedúnculo e associar a refrigeração ao uso de
embalagens plásticas, que mantêm a umidade elevada. No caso de usar embalagens
plásticas (sacos de polietileno, filme de PVC ou caixinha tipo PET) e comercializar as
pimentas em temperatura ambiente (23-26oC), deve-se fazer alguns furos nas embalagens
para evitar a condensação de água no seu interior ou sobre os frutos de pimenta. Nesta
condição pode ocorrer o desenvolvimento de fungos no pedúnculo e na superfície dos frutos
após 2-3 dias, e comprometer a aparência dos frutos.
Os produtos embalados devem ter uma etiqueta ou rótulo identificador com algumas
informações básicas, como tipo de pimenta, data da embalagem e prazo de validade, e
nome e endereço do embalador. O prazo de validade varia de acordo com o tipo de
pimenta, embalagem utilizada e principalmente temperatura, sendo 5 dias para pimenta De
Cheiro e Bode em sacos plásticos perfurados mantidos a 23-25oC e até 10 dias para frutos
embalados em filmes de PVC mantidos a 12-15oC.. Em experimentos conduzidos na
Embrapa Hortaliças, as pimentas ‘Malagueta’, ‘De Cheiro’, ‘Cumari do Pará’, ‘Bode
Vermelha’, ‘Bode Amarela’ e ‘Dedo de Moça’ foram conservadas durante 30 dias a 8oC
acondicionadas em bandejas de isopor envoltas por filme de PVC (>90% UR). Na
Universidade Federal de Viçosa, determinou-se que a pimenta ‘Malagueta’ pode ser mantida
por até 30 dias a 12oC e 90% UR
Comercialização
O mercado para as pimentas nas formas processadas é muito diferente das pimentas
comercializadas in natura pela variedade de produtos e subprodutos que utilizam as
pimentas como matéria-prima. O mercado de pimentas processadas é explorado por
empresas familiares ou de pequeno porte; empresas de porte médio, especializadas ou não
em derivados de Capsicum; e grandes empresas processadoras, geralmente especializadas
em determinados tipos de produtos e que visam mais a exportação. Existe um grande
número de pequenos processadores familiares ou de pequeno porte que fazem conservas de
pimentas em garrafas de vidro com 150ml, praticamente um padrão de mercado, e que
comercializam diretamente para os consumidores em feiras-livres, mercados de beira de
estrada, pequenos estabelecimentos comerciais e eventualmente atacadistas. As empresas
de porte médio, em geral, têm vários tipos de produtos, como conservas, molhos, geléias,
conservas ornamentais, entre outros, que são comercializadas em supermercados,
mercearias especializadas, lojas de conveniência e de produtos importados, ‘delikatessens’ e
até em lojas de decoração. As grandes empresas são especializadas no processamento de
determinados produtos, como páprica e pasta de pimenta. A pimenta para a fabricação de
páprica (pimenta doce vermelha desidratada na forma de pó) é cultivada e processada por
uma grande empresa na região do cerrado mineiro que exporta para a Europa grande parte
de sua produção. O cultivo da pimenta para páprica é feito pela própria empresa e também
por produtores cooperados, sendo que em 2003 foram cultivados 1.600ha na região
noroeste de Minas Gerais com cultivares próprias fornecidas pela empresa. Situação
semelhante ocorre no estado do Ceará, onde uma empresa iniciou o cultivo da pimenta do
tipo ‘Tabasco’, semelhante à ‘Malagueta’, para exportação na forma de pasta. O plantio da
‘Tabasco’ é feito por pequenos produtores em áreas irrigadas, sendo cultivados anualmente
400ha (dados de 2003) com este tipo de pimenta no estado.
O mercado para as pimentas no Brasil sempre foi considerado como secundário em relação
às outras hortaliças, provavelmente devido ao baixo consumo e ao pequeno volume
comercializado. Este cenário está modificando-se rapidamente pela exploração de novos
tipos de pimentas e o desenvolvimento de novos produtos, com grande valor agregado,
como conservas ornamentais, geléias especiais e outras formas processadas. Os
empreendedores rurais e o segmento da agroindústria podem descobrir novas
oportunidades de negócios pela prospecção de mercado e a exploração de ‘nichos’
especializados, aproveitando o bom momento das pimentas na mídia, com uma maior
divulgação de suas propriedades medicinais e desfazendo mitos de que pimenta faz mal à
saúde. O lançamento de novos produtos a base de pimentas deve ser acompanhada de
esclarecimentos aos consumidores, ressaltando-se as características diferenciais em relação
aos produtos tradicionais, tanto para as formas processadas como para novas cultivares e
tipos para consumo fresco. Exemplos de nichos de mercado para consumo in natura:
aumento da oferta e divulgação das qualidades das pimentas do tipo americano, de sabor
mais suave e de melhor digestão; uso de pimentas menos ardidas e mais aromáticas, como
a ‘De Cheiro’ e ‘Biquinho’; cultivo de pimentas com frutos de diversas cores, formas e de
tamanho reduzido para a confecção de conservas ornamentais. Na parte de processamento,
desenvolvimento de molhos com diferentes graus de picância ou ardume (teor de
capsaicina) e com sabores diferenciados, similar ao ‘Tabasco’ importado dos Estados
Unidos; avaliação de novos tipos varietais para uso na indústria de processamento, como
pimentas em flocos desidratados, conservas e geléias, entre outros.
Comercialização
A comercialização das pimentas depende do mercado de destino, que determina sua forma
de apresentação, quantidade e preço. Na forma in natura, as pimentas são comercializadas
como as demais hortaliças, através das centrais de abastecimento (CEASAs), que agrupa e
redistribui o produto para o varejo ou para grandes consumidores, como indústrias e
restaurantes. Outras formas de comercialização incluem a venda para intermediários, que
compram o produto na roça e se responsabilizam pelo transporte e pela venda, e para
distribuidores e empacotadores, que reúnem diferentes tipos de pimentas e as embalam
com marca própria e depois revendem para a rede de varejo. Algumas das maiores redes
de supermercados têm suas próprias centrais de distribuição de produtos hortícolas e
comercializam com suas marcas, e neste caso podem adquirir as pimentas diretamente de
produtores, fornecedores credenciados ou atacadistas.
Na maioria dos mercados atacadistas, as cotações de preços para as pimentas não distingue
os tipos, ou então agrupa em classes genéricas, como ‘pimenta’ ou ‘pimenta vermelha ou
ardida’. A CEASA de Goiânia é a única a discriminar todos os tipos de pimentas e fazer as
cotações separadamente, talvez pela importância deste produto para a região. Neste
mercado, as unidades para a comercialização e cotação média de preço em novembro de
2003 eram as seguintes: pimenta ‘Bode’, R$ 1,00 a lata com 500g; pimenta ‘Cumari’, R$
2,00 a lata com 500g; pimenta ‘Malagueta’, R$ 4,00 a lata com 700g; e a pimenta ‘De
Cheiro’ R$ 3,00/kg. Na CEAGESP, em São Paulo-SP, as cotações de preços são feitas
diariamente para três tipos de pimentas, todas comercializadas em caixas do tipo ‘K’ de
12kg.
De uma maneira geral, com as temperaturas mais baixas nas regiões Sudeste e Centro-
Oeste durante os meses de inverno, existe uma tendência de redução na produção de
pimentas, plantas típicas de clima quente. Em São Paulo, existe uma maior demanda por
pimentas na época de inverno, porque são usadas em sopas, caldos quentes e outros pratos
típicos da estação.
Consumo
Desidratação
Molhos e conservas
Os diferentes tipos de pimentas têm várias formas de preparo e modos de consumo, sendo
uma das hortaliças mais versáteis para a indústria de alimentos. As pimentas doces e
picantes podem ser processadas na forma de pó, flocos, picles, escabeches, molhos
líquidos, conservas de frutos inteiros, geléias etc. As pimentas picantes ainda são utilizadas
pela indústria farmacêutica, na composição de pomadas para artrose e artrite, no famoso
emplastro Sabiá, e também pela indústria de cosméticos, na composição de xampus anti-
quedas e anti-caspas. A capsaicina, substância responsável pela pungência dos frutos, pode
ainda ser utilizada como arma na forma de ‘spray’de pimenta.
Desidratação
A área cultivada no Brasil com pimenta doce para processamento industrial na forma de pó
(páprica), ainda é muito pequena (cerca de 2.000 ha) e boa parte da produção é exportada.
O mercado externo é extremamente exigente quanto a qualidade do produto. Para atender
esta demanda é essencial a escolha de uma cultivar adequada, com polpa grossa, alto teor
de pigmentos, elevado rendimento industrial e que produza um pó com grande estabilidade.
Quanto ao mercado interno, o consumo de pimentão na forma desidratada basicamente
restringe-se à indústria de alimentos como condimento/tempero em sopas de preparo
instantâneo e em molhos, além da venda a varejo, onde é comercializada em pequenos
frascos como tempero. Grande parte da população brasileira desconhece a existência e a
composição da páprica e sua utilidade na culinária, mas existe um grande potencial para
uma maior popularização deste condimento.
Molhos e conservas
É crescente também o mercado para molhos de pimentas em conserva ou líquido, tanto
para indústrias de grande porte, quanto para indústrias caseiras. Existe uma grande
diversidade de tipos varietais, alguns com múltiplos usos e outros de uso mais específico.
Frutos de pimenta 'Malagueta', 'De Cheiro', 'Bode Amarela', 'Bode Vermelha', 'Cumari
Vermelha' e 'Cumari do Pará' são usados principalmente em conservas de frutos inteiros. As
pimentas do tipo 'Jalapeño' e 'Cayenne' são utilizadas para fabricação de molhos líquidos
porque têm frutos maiores, com polpas mais espessas e de coloração vermelha. Frutos
verdes de pimenta 'Jalapeño' também são utilizados em conservas e em escabeches
(cortados em pedaços).
Processamento
Colheita
Seleção e Classificação
Conservação Pós-Colheita
Colheita
As pimentas apresentam diferentes pontos de colheita, de acordo com cada tipo, região de
cultivo e época do ano. O ciclo da cultura e o período de colheita são afetados diretamente
pelas condições climáticas e pelos tratos culturais, como adubação, irrigação, incidência de
pragas e doenças, e a adoção de medidas de controle fitossanitário. De uma maneira geral,
as primeiras colheitas são feitas a partir de 90 dias após a semeadura para as pimentas
mais precoces, como a ‘Murupi’, e após 120 dias para as mais tardias. O ponto de colheita
ideal das pimentas é determinado visualmente, quando os frutos atingem o tamanho
máximo de crescimento e o formato típico de cada espécie, com a cor específica demandada
pelo mercado: verde para a pimenta ‘Cambuci’; vermelho para a ‘Malagueta’; amarela ou
vermelha para a pimenta ‘Bode’; verde-claro para a ‘De Cheiro’; amarela para a ‘Cumari do
Pará’; e amarelo-claro para a ‘Murupi’.
As pimentas são mais difíceis de serem colhidas quando comparadas com pimentão devido
ao menor tamanho dos frutos e a arquitetura da planta, principalmente aquelas de menor
porte e com maior número de galhos. Para efetuar a colheita das pimentas com plantas de
porte mais baixo, como a ‘Cumari do Pará’ e ‘Malagueta’, é necessário que os apanhadores
fiquem agachados ou curvados, enquanto para aquelas pimentas com plantas mais altas,
como a ‘Bode’, é possível fazer a colheita em pé, em uma posição mais confortável. A
posição dos frutos das pimentas, seu tamanho e a resistência do pedúnculo também
interferem na velocidade da colheita. As pimentas ‘Bode’ e ‘Dedo-de-Moça’ possuem frutos
maiores e são mais fáceis de apanhar, sendo possível colher até 60kg/dia/operário,
enquanto as pimentas ‘Malagueta’ e ‘Cumari do Pará’ possuem frutos menores, o que reduz
a velocidade da colheita (aproximadamente 10kg/dia/operário).
As pimentas são colhidas manualmente, arrancando-se os frutos das plantas com ou sem os
pedúnculos, dependendo do tipo de pimenta e o uso do produto. Cada colhedor utiliza um
recipiente pequeno, como uma lata, prato ou bolsa para recolher os frutos das plantas. Um
recipiente adequado para a colheita das pimentas pode ser feito a partir de garrafas
plásticas de refrigerante de 2L do tipo ‘PET’, cortando-se o terço superior da garrafa e
colocando-se um cordão em duas extremidades laterais para pendurar no pescoço. Além de
ser um recipiente barato e fácil de ser feito, o operário fica com as duas mãos livres para
executar a colheita, sendo possível segurar os ramos e destacar os frutos sem quebrar a
planta. Depois de cheios, estes recipientes são vertidos em baldes ou latas maiores (5-10L)
ou então em caixas localizadas estrategicamente próximas do local de colheita.
O horário ideal para a colheita das pimentas é nas horas menos quentes do dia, no início da
manhã e no final da tarde. Quando não é possível colher tudo nestes dois períodos, deve-se
armazenar os frutos colhidos sempre a sombra, em local arejado e fresco. A exposição
direta ao sol aumenta a respiração e a perda de água, resultando em murcha e deterioração
dos frutos. Deve-se também evitar a colheita de frutos molhados pela chuva ou orvalho
porque tendem a apodrecer mais rapidamente durante o transporte e a comercialização.
Restos de folhas e galhos também devem ser eliminados porque podem tendem a fermentar
rapidamente, principalmente quando molhados ou úmidos, e assim aumentar a temperatura
no interior das embalagens e reduzir a durabilidade pós-colheita dos frutos.
À medida que baldes, caixas e sacos com as pimentas no campo vão ficando cheios, devem
ser transportados até pequenos galpões ou sob a sombra de árvores nas margens da
plantação. Estes galpões podem ser construídos de modo simples, com uma cobertura de
plástico preto recoberto com capim ou folhas de palmeira, servindo para proteger as
pimentas do sol direto e da chuva. Posteriormente, os frutos são acondicionados em sacos
plásticos grandes (30kg) ou caixas plásticas ou de madeira (15kg), ou outro tipo de
embalagem demandado pelo mercado. Para as pimentas destinadas para a indústria de
molhos e conservas, é possível retirar os pedúnculos dos frutos em galpões ao lado da
lavoura e armazenar as pimentas diretamente em recipientes plásticos de 50L (‘bombas’ ou
‘bombonas’) com a calda apropriada, feita a base de vinagre ou outro tipo de álcool e sal.
Este processo reduz problemas de conservação pós-colheita dos frutos de pimenta colhidos
mantidos in natura.
Seleção e Classificação
Ainda não existe nenhuma norma oficial de classificação e padronização para as pimentas
no Brasil. Praticamente todas as operações usuais de beneficiamento são feitas a campo e
executadas simultaneamente pelos colhedores. As pimentas para comercialização in natura
do tipo ‘Dedo-de-Moça’ devem ser colhidas sempre com o pedúnculo porque melhora a
aparência e os frutos tendem a se conservar melhor, o que não se aplica àquelas pimentas
que possuem frutos que se destacam facilmente da planta, como ‘Cumari do Pará’,
‘Malagueta’ e ‘Cumari Vermelha (= ‘Passarinho’). Na medida do possível, o colhedor deve
eliminar os frutos doentes, brocados, murchos, passados, desuniformes e mal-formados e
selecionar na planta somente aqueles bem desenvolvidos e de coloração típica de cada tipo
de pimenta. Para aquelas pimentas com frutos pequenos, deve-se tomar cuidado para não
colher ramos inteiros com as folhas, evitando-se o contato com o solo para não sujar e
contaminar os frutos. Depois de colhidas, pimentas de frutos pequenos, como ‘Cumari’,
‘Bode’ e ‘Malagueta’, devem ser manipuladas com cuidado para evitar danos mecânicos aos
frutos, como cortes, abrasões e outros tipos de ferimentos.
Conservação Pós-Colheita
Os produtos embalados devem ter uma etiqueta ou rótulo identificador com algumas
informações básicas, como tipo de pimenta, data da embalagem e prazo de validade, e
nome e endereço do embalador. O prazo de validade varia de acordo com o tipo de
pimenta, embalagem utilizada e principalmente temperatura, sendo 5 dias para pimenta De
Cheiro e Bode em sacos plásticos perfurados mantidos a 23-25oC e até 10 dias para frutos
embalados em filmes de PVC mantidos a 12-15oC.. Em experimentos conduzidos na
Embrapa Hortaliças, as pimentas ‘Malagueta’, ‘De Cheiro’, ‘Cumari do Pará’, ‘Bode
Vermelha’, ‘Bode Amarela’ e ‘Dedo de Moça’ foram conservadas durante 30 dias a 8oC
acondicionadas em bandejas de isopor envoltas por filme de PVC (>90% UR). Na
Universidade Federal de Viçosa, determinou-se que a pimenta ‘Malagueta’ pode ser mantida
por até 30 dias a 12oC e 90% UR
Produção de sementes
A produção de sementes de pimentas pode ser desenvolvida nas mesmas regiões e sob as
mesmas condições de clima e solo recomendadas para a produção de frutos. É desejável,
entretanto, buscar uma época do ano com temperaturas e umidades relativas mais baixas,
para se evitar a elevada ocorrência de pragas e doenças. O clima ameno não prejudica a
produção e contribui para a obtenção de sementes de alta qualidade, com menores riscos
de perda de produção.
A semeadura deve ser feita com sementes de boa qualidade genética, física, fisiológica e
fitossanitária. As sementes devem ser semeadas em bandejas de isopor, com substrato
adequado para a produção de mudas. Quando as plântulas apresentarem de 4-6 folhas
verdadeiras podem ser transplantadas para local definitivo. O método de semeadura em
sacos plásticos também tem sido muito utilizado. O tratamento químico é uma prática
indispensável nesse momento, devendo-se utilizar fungicidas à base de iprodione, thiram,
captan, carboxim ou tiabendazol, na dose de 3g de produto comercial por quilo de
sementes. A profundidade da semeadura deve ser no máximo 1cm. São necessárias 100 a
150g de sementes para suprir a necessidade de mudas para um hectare.
Além dos tratos culturais normais, algumas práticas específicas podem ser aplicadas à
produção de sementes, para alcançar melhores resultados. O estaqueamento das plantas
evita o seu tombamento e garante níveis mais elevados de qualidade fitossanitária nas
sementes. A desbrota das primeiras ramas laterais contribui para ventilar o colo das plantas
e permite economizar energia para a formação das sementes. A eliminação de plantas
atípicas da mesma espécie ou de outras espécies silvestres e cultivadas deve ser efetuada
rigorosamente no início da floração e na pré-colheita. Para o controle de viroses, é
indispensável combater os pulgões e outros insetos vetores.
Na produção de sementes híbridas, a flor emasculada (sem as anteras) deve ser protegida
por saquinho de papel encerado ou rolete de papel alumínio, até o momento da polinização.
Esta deve ser efetuada de preferência em dias claros, de pouco vento e sobretudo no final
da manhã, para melhorar a eficiência de fertilização. Os saquinhos de papel devem voltar a
proteger as flores após a polinização.
Para algumas cultivares, a colheita pode ser iniciada aproximadamente aos 60 dias após o
florescimento ou quando mais de 80% dos frutos estiverem mudando de cor. Esta alteração
indica o atingimento do ponto de maturidade fisiológica das sementes, quando são
observados níveis máximos de germinação e vigor e níveis mínimos de deterioração.
Recomenda-se, nessa fase, o repouso dos frutos por três dias, a sombra e a temperatura
ambiente para uniformizar a maturação e facilitar a sua trituração. Sugere-se fazer
primeiramente a extração de sementes dos frutos mais maduros (coloração vermelha) e
posteriormente dos frutos que estão em repouso. Frutos imaturos, de coloração verde,
geralmente produzirão sementes menos vigorosas ou até inférteis. As principais
características a serem selecionadas e mantidas na fase de colheita, visando-se qualidade
total, são o tamanho e o formato característico dos frutos da cultivar, a ausência de defeitos
e a boa condição fitossanitária. A produtividade média é variável, sendo considerada normal
quando alcança 150 a 200kg de sementes por hectare.
A extração das sementes pode ser feita a seco ou por via úmida. O primeiro processo é
conduzido manualmente, sendo mais indicado para obtenção de sementes em pequena
escala. A extração via úmida é feita mecanicamente e requer equipamentos para o
esmagamento dos frutos, sendo mais utilizada em escala comercial.
O processo de secagem exige cuidados especiais. As sementes ainda úmidas devem ser
colocadas para secar a sombra, em ambiente fresco e ventilado, perdendo lentamente a
umidade superficial para o ambiente. A movimentação das sementes é desejável nessa fase
inicial. A temperatura não deve ultrapassar os 30ºC, sob pena de se danificar o sistema de
membranas das células embrionárias. Uma vez eliminada a umidade superficial, as
sementes devem ser transferidas para estufas elétricas reguladas a 38ºC, onde devem
permanecer de 24 a 48 horas até atingirem grau de umidade próximo a 6%.
A análise das sementes deve ser conduzida ‘sobre papel’, de acordo com as Regras para
Análise de Sementes – RAS do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento -
MAPA. A condição recomendada é a manutenção por 16h a 20ºC e 8h a 30ºC. A primeira
contagem deve ser feita aos seis dias e a contagem final aos 14 dias após a instalação do
teste. Em caso de dormência, as RAS prescrevem umedecer o substrato inicialmente com
uma solução de nitrato de potássio (0,2%), em vez de água, ou fornecer luz por 8 a 16
horas.
A embalagem correta das sementes contribui para a preservação das qualidades originais
do lote, fazendo com que cheguem perfeitas ao destino e apresentem um bom desempenho
fisiológico na nova semeadura. As sementes de pimentas devem ser embaladas com grau
de umidade de 6%, em latas ou sacos de papel aluminizado contendo 100g do produto.
Nessa condição, o seu poder germinativo normalmente fica garantido pelo prazo de três
anos.
O armazenamento deve ser feito de preferência em ambiente frigorificado, com
temperatura próxima a 4ºC, se as sementes estiverem acondicionadas em embalagens
herméticas. Secas e resfriadas, as sementes reduzem o nível interno de atividade
metabólica, consomem menos energia através da respiração e mantém a sua viabilidade
por períodos mais prolongados.
Coeficientes técnicos
Os indicadores básicos fornecidos pelas análises econômicas permitem afirmar que todos os
sistemas são eficientes do ponto de vista técnico-econonômico. A rentabilidade das
pimentas em todos os sistemas foram maior do que 1, indicando que cada unidade
monetária (UM) aplicada na cultura retornou ao produtor em valores que variam de 1,72
UM para a pimenta ‘Tabasco’, alcançando até 2,24 UM para a pimenta ‘Malagueta’ no
segundo ano. No caso da ‘Malagueta’ cultivada no segundo ano, esta etapa representa a
exploração final do pimental e o produtor faz aplicações mínimas de insumos, sendo a mão-
de-obra para colheita e acondicionamento o fator mais intensivo. Desta forma, os custos
tornam-se mínimos e facilmente diluídos pela produtividade obtida, o que proporciona
elevada margem de lucro ao (55,3%) ao produtor. Observa-se pelo ponto de equilíbrio da
produção comercial que em todos os sistemas a produtividade apresentou significativa
capacidade de diluir os custos variáveis da produção, portanto os sistemas considerados,
apesar de empregar tecnologias simples, são todos eficientes do ponto de vista técnico-
econômico. Esses sistemas podem se tornar ainda mais lucrativos com a utilização de
materiais genéticos mais potentes associados à inovação da base técnica do produtor.
O cultivo de pimentas Capsicum deve ser recomendado para agricultura familiar como
alternativa de diversificação da produção. A exploração de pimentas Capsicum, além de
representar uma fonte importante de geração de emprego e renda na agricultura, são
produtos que agregam valor na forma processada e detém amplas oportunidades de
mercado, tanto na forma in natura como processada.