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Universidade Federal de Itajubá

IEM – Instituto de Engenharia Mecânica


EME 503 – Termodinâmica I
LEM/LMT

Determinação Experimental do
Coeficiente Joule-Thomson

Aluno: Raphael Marinho Lomonaco Neto


Curso: EME Turma: P1
Professor: Dr. Vladimir R. M. Cobas
Universidade Federal de Itajubá
IEM – Instituto de Engenharia Mecânica
EME 503 – Termodinâmica I
LEM/LMT

Introdução
Quando há passagem de um fluido por um estrangulamento (redução no
diâmetro da tubulação), ocorre uma queda de pressão, conseqüentemente,
proporcionando uma diminuição ou aumento da temperatura, Efeito Joule-Thomson
(decréscimo da temperatura de um gás em função da expansão sem realização de
trabalho externo).
O coeficiente de Joule-Thomson é uma propriedade termodinâmica que
relaciona temperatura e pressão, para um processo de estrangulamento tendo as
seguintes características:
• Regime permanente;
• Processo adiabático;
• Variações de energias cinéticas e potenciais são desprezíveis;
• W&e = 0 (o processo não realiza trabalho).
A importância do coeficiente de Joule-Thomson é que ele pode ser medido
experimentalmente e consequentemente ser usado para calcular outras propriedades
termodinâmicas. Em um processo isentálpico, um coeficiente de Joule-Thomson maior
que zero caracteriza um resfriamento e um coeficiente menor que zero caracteriza um
aquecimento.

Objetivo

• Medir e avaliar o efeito Joule-Thomson do ar atmosférico para várias pressões de


entrada e saída;
• Determinar experimentalmente o valor do coeficiente de Joule-Thomson para o ar,
visando obter resultados próximos aos valores dados na literatura.

Desenvolvimento
Desenvolvimento Teórico

James Prescott Joule, juntamente com Lord Kelvin (então Sir William Thomson),
desenvolveu o experimento do tampão poroso. Neste experimento, Figura 1, o gás a
pressão constante p1 e temperatura T1 é forçado a escoar por um tampão (P), feito de
material poroso, colocado no interior de um tubo isolado. O gás sai do outro lado do
tampão no estado (p2,T2) após sofrer uma queda de pressão p1 - p2. Um efeito similar
ocorre quando gás é induzido a passar por uma restrição em um tubo ou capilar
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O coeficiente de Joule- Thomson é definido pela relação:

 ∂T 
µ J =  
 ∂p  h

O coeficiente de Joule-Thomson, µ J , é uma propriedade termodinâmica,


definida para um processo: sob regime permanente, adiabático, com variações de
energias cinéticas e potenciais desprezíveis e que não realiza trabalho.
Logo se pode dizer que h2=h1 para um processo de estrangulamento, isto é, a
entalpia de entrada é igual a entalpia de saída.
Para variações de temperatura T1 - T2 tendendo a zero tem-se:

 ∂T  T −T
µ J =   = lim 1 2 ( parah1 = h2 )
 ∂p  h p → p p1 − p 2
2 1

µJ = 
 ∂T  ∆T T1 − T2
≅ =
(T − T )
= 2 1

 ∂p  ∆p p1 − p2 ( p2 − p1 )
Assim:
Se µ J >0 a temperatura cai durante o estrangulamento (região de resfriamento);
Se µ J <0 a temperatura sobe durante o estrangulamento (região de aquecimento).
O valor numérico do coeficiente de Joule-Thomson também pode ser obtido
pelo diagrama p,T,Figura 2, ele é igual à inclinação da tangente da curva isentálpica no
diagrama.

Figura 2 – Diagrama p,T


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A curva isentálpica exibe uma característica de máximo, mostrado na Figura 3.


O estado ao qual corresponde esse máximo é conhecido como ponto de inversão,
poque neste ponto o coeficiente de Joule-Thomson sofre uma inversão. Para pressões
iniciais as quais são menores que as do ponto de inversão, pi, (p1 < pi), a temperatura
do gás sempre diminui (T2<T1, μ>0) no estrangulamento, da mesma forma a pressão
deve sempre decrescer. Para pressões p1 > pi, o gás sempre emerge mais quente
(T2>T1, μ<0) no diferencial de Joule-Thomson experimental. O efeito integral de Joule-
Thomson depende da perda de pressão total.

Desenvolvimento Prático

O banco de ensaio utilizado, Figura 4, é formado por um compressor, dois termopares,


um posicionado antes da região de estrangulamento e o outro logo após, e dois
manometros igualmente posicionados.
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Nota:
As pressões obtida pelos manômetros estão em kgf/cm², portando devem ser
convertidas para atm para o cálculo do coeficiente de Joule-Thomson.
Adotando 1atm = 1bar = 1,03323 kgf/cm²
Sabe-se ainda que: Pabs = Patm + Pman ,
Temos que: p2 – p1 = Δpabs ou P2 – P1 + (Pman – Patm) = ΔPman
Logo Δ pman = Δpabs.
Para o ar: T1>T2  Resfriamento durante o processo de estrangulamento.

Procedimento experimental

Liga-se o compressor e aguarda-se que a pressão em seu reservatório chegue


ao máximo, então o registro da linha para o estrangulamento é aberta, esse registro é
controlado de modo a manter a pressão p1 constante em 7kgf/cm², então faz-se a
leitura da pressão na saída do estrangulamento. Controla-se o registro da linha de
alívio para ir mudando os valores da pressão na saída do estrangulamento, tomando o
cuidado de se manter p1 constante. Os valores são então anotados na tabela 1.

P1 P2 T1 T2
Medida
[kgf/cm²] [kgf/cm²] [°C] [°C]
1 10 5,0 21,9 21,6
2 10 4,5 21,6 21,3
3 10 4,0 21,4 21,0
4 10 3,5 21,1 20,4
5 10 3,0 21,0 20,2
6 10 2,5 20,9 20,1
7 10 2,0 20,8 19,9
Tabela 1: Valores medidos das variáveis primárias

Tamb[°C] = 25°; Pamb [mmHg] = 692

Deve-se converter as pressões para [atm], pois µ J é dado em [°C/atm]

T2
Medida P1 [atm] P2 [atm] T1 [°C]
[°C]
1 9,67 4,83 21,9 21,6
2 9,67 4,35 21,6 21,3
3 9,67 3,88 21,4 21,0
4 9,67 3,41 21,1 20,4
5 9,67 2,94 21,0 20,2
6 9,67 2,44 20,9 20,1
7 9,67 1,98 20,8 19,9
Tabela 2: Valores Medidos das Variáveis Primárias
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Utilizando a aproximação µ J ≅
(T2 − T1 ) tem-se:
( p2 − p1 )

Medida μj [ºC/atm]
1 0,061
2 0,056 μj
P1 [atm] P2 [atm] T1 [°C] T2 [°C]
3 0,069 [ºC/atm]
4 0,111 9,67 3,40 21,24 20,64 0,093
5 0,121
6 0,118 Tabela 3: Média dos Valores
7 0,117

Tabela 2: Coeficiente Joule Thomson

1
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
y = 0,2401x - 0,9042
0,4
0,3
0,2
0,1
0
0 2 4 6 8 10

Gráfico 1: Relação entre a diferença de temperaturas e a diferença de pressões

Agora plotando um gráfico dos valores de (T1 − T2 ) x ( p1 − p2 ) e aproximando o


coeficiente de Joule-Thomson pela inclinação da reta tangente à curva em cada ponto
obtém-se:
°
  0,2401



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Conclusões

Para se obter uma medição mais precisa do coeficiente de Joule-Thomson, a


pressão P1 e temperatura T1 devem ser mantidas constantes (para assegurar a entalpia
h1 constante), e variar P2. Como não há uma válvula na saída, a pressão P2 é constante
(atmosférica) e variou-se P1. Neste caso, a entalpia h1 não é rigorosamente constante e
o coeficiente calculado pode estar um pouco errado. Outro erro é que o fluído na saída
do orifício não está uniforme, portanto a temperatura lida pode não ser o valor médio.
Para corrigir estes erros, pode-se usar um plugue poroso em lugar do orifício, e isolar
termicamente o volume de controle.
Por meio do ensaio foi possível verificar o efeito Joule-thomson no
estrangulamento; o cálculo do coeficiente Joule-Thomson pela fórmula aproximada
apresentou resultados satisfatórios porém diferentes do valor calculado graficamente.
No entanto pela análise gráfica foi possível obter-se um valor satisfatório,
dentro do esperado, para o coeficiente de Joule-Thomson. O que aponta para um
possível erro na utilização da fórmula, e das condições de ensaio: isolamento precário
e registros com folgas de passo.
Sendo assim considera-se o experimento parcialmente satisfatório, faz-se
necessária maior instrução para sua realização e análise e cautela em seu
desenvolvimento.

Bibliografia

• Fundamentals of engineering thermodynamics (Moran J., Shapiro N.M. - 5th ed. -


2006 - Wiley)
• Van Wylen, G. J. e Sonntag, R. E., 1985, Fundamentos da Termodinâmica clássica,
John Wiley & Sons, terceira edição.
• Apostila do professor Vladimir R. M. Cobas.
• http://en.wikipedia.org/wiki/Joule%E2%80%93Thomson_effect (acessado em
12/05/10)

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