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Capítulo

Integração entre o
1
meio ambiente e o
desenvolvimento:
1972–2002

UNEP, Tom Nebbia, Ecuador, Topham PicturePoint


INTEGRAÇÃO ENTRE O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO: 1972-2002
2

Símbolos

E A tragédia dos bens comuns


mbora o meio ambiente sempre tenha sido
essencial para a vida, a preocupação com o
equilíbrio entre a vida humana e o meio ambi- “A tragédia dos bens comuns como fonte de
encontro alimentos pode ser evitada pela propriedade
ente só assumiu dimensões internacionais durante a privada, ou algo que se assemelhe formalmente a
década de 1950. Nos anos seguintes, peças supos- isso. Mas o ar e as águas a nossa volta não podem
tamente desconexas de um quebra-cabeças global ser cercados de forma fácil, e assim, a tragédia do
uso dos bens comuns como fossa sanitária deve ser
começaram a se encaixar de forma a revelar um mundo
convenção evitada por outros meios, por leis coercitivas ou
com um futuro incerto. impostos que façam com que seja menos
Livros e artigos inovadores, como “Primavera dispendioso para o poluidor tratar seus agentes
Silenciosa”, de Rachel Carson (Silent Spring, Carson, poluentes do que despejá-los sem tratamento no
meio ambiente.”
1962) e The Tragedy of the Commons (“A Tragédia
acidente
dos Bens Comuns”), de Garrett Hardin (Hardin, 1968), Fonte: Hardin, 1968

quebraram paradigmas, motivando vários países e a


comunidade internacional em geral a agir. Uma série
de catástrofes jogou mais lenha na fogueira ambiental: as pessoas são o que há de mais precioso”, afirmou
publicação descobriu-se que a droga talidomida causa má-forma- Tang Ke, chefe da delegação chinesa na Conferência
ção congênita em recém-nascidos, o navio Torrey de Estocolmo (Clarke e Timberlake, 1982).
Canyon derramou petróleo ao longo da pitoresca costa No início da década de 1970, a atenção se con-
norte da França e cientistas suecos afirmaram que a centrou no meio ambiente biofísico, em questões como
descoberta
morte de peixes e outros organismos em milhares de as relacionadas ao manejo da fauna e da flora silves-
lagos da Suécia era resultado do longo alcance de tres, a conservação do solo, poluição da água, degra-
poluição atmosférica vinda da Europa Ocidental. dação da terra e desertificação – e o homem era consi-
No final da década de 1960, as questões derado a causa principal desses problemas. No Oci-
ambientais eram uma preocupação quase que exclusi- dente, havia (e de certa forma ainda há) duas grandes
ação legal
vamente do mundo ocidental. Em países comunistas, escolas de pensamento sobre as causas da degrada-
a destruição implacável do meio ambiente em nome da ção ambiental: uma culpava a ganância e a busca im-
industrialização continuava de forma incessante. Em placável pelo crescimento econômico; a outra respon-
países em desenvolvimento, a preocupação com o meio sabilizava o crescimento populacional. Como obser-
evento
internacional ambiente era vista como um luxo do Ocidente. “A po- vou um comentarista, “a poluição contínua e a falta de
breza é a pior forma de poluição”, afirmou a primeira- estabilidade da população são as ameaças reais à nos-
ministra da Índia, Indira Ghandi, que desempenhou sa maneira de viver e à própria vida” (Stanley
um papel essencial no direcionamento da agenda da Foundation, 1971).
nova direção Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambi- Essa visão foi resumida no estudo mais famo-
ente Humano, realizada em Estocolmo em 1972, às so da época, o modelo computadorizado sobre o futu-
questões dos países em desenvolvimento (Strong, ro global, realizado pelo Clube de Roma, que atraiu a
1999). “Pensamos que, de todas as coisas do mundo, atenção do mundo. O Clube de Roma era um grupo de
nova instituição
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cerca de 50 homens (e mulheres) autodenominados “sá- Princípios da Declaração de Estocolmo


bios” que se reunia regularmente na tentativa de endirei-
tar o mundo, como fazia o grupo de cientistas do movi- 1. Os direitos humanos devem ser defendidos; o apartheid e o
mento Pugwash em relação à Guerra Fria. Publicado com colonialismo devem ser condenados
2. Os recursos naturais devem ser preservados
o título de “Limites do Crescimento” (The Limits to 3. A capacidade da Terra de produzir recursos renováveis deve ser
Growth, Meadows e Meadows, 1972), o modelo do Clu- mantida
be de Roma analisava cinco variáveis: tecnologia, popu- 4. A fauna e a flora silvestres devem ser preservadas
5. Os recursos não-renováveis devem ser compartilhados, não
lação, nutrição, recursos naturais e meio ambiente. A prin- esgotados
cipal conclusão do estudo foi a de que, se as tendências 6. A poluição não deve exceder a capacidade do meio ambiente de
da época continuassem, o sistema global se sobrecarre- neutralizá-la
7. A poluição danosa aos oceanos deve ser evitada
garia e entraria em colapso até o ano 2000. Para que isso 8. O desenvolvimento é necessário à melhoria do meio ambiente
não ocorresse, tanto o crescimento populacional quanto 9. Os países em desenvolvimento requerem ajuda
o crescimento econômico teriam de parar (Meadows e 10. Os países em desenvolvimento necessitam de preços justos para as
suas exportações, para que realizem a gestão do meio ambiente
Meadows, 1972). Embora o estudo “Limites do Cresci- 11. As políticas ambientais não devem comprometer o
mento” tenha sido muito criticado, ele tornou pública desenvolvimento
pela primeira vez a noção de limites externos – a idéia de 12. Os países em desenvolvimento necessitam de recursos para
desenvolver medidas de proteção ambiental
que o desenvolvimento poderia ser limitado pelo tama- 13. É necessário estabelecer um planejamento integrado para o
nho finito dos recursos terrestres. desenvolvimento
14. Um planejamento racional deve resolver conflitos entre meio
ambiente e desenvolvimento
15. Assentamentos humanos devem ser planejados de forma a
A década de 1970: a base do eliminar problemas ambientais
16. Os governos devem planejar suas próprias políticas populacionais
ambientalismo moderno de maneira adequada
17. As instituições nacionais devem planejar o desenvolvimento dos
Em 1972, o mundo era bem diferente do que é hoje. A recursos naturais dos Estados
Guerra Fria ainda dividia a maior parte das nações mais 18. A ciência e a tecnologia devem ser usadas para melhorar o meio
industrializadas, o período de colonização ainda não ambiente
19. A educação ambiental é essencial
havia chegado ao fim e, embora o e-mail acabasse de 20. Deve-se promover pesquisas ambientais, principalmente em
ser inventado (Campbell, 1998), mais de duas décadas países em desenvolvimento
se passariam antes que seu uso se tornasse comum. O 21. Os Estados podem explorar seus recursos como quiserem, desde
que não causem danos a outros
computador de uso pessoal ainda não existia, e o aque- 22. Os Estados que sofrerem danos dessa forma devem ser
cimento global acabara de ser mencionado pela pri- indenizados
meira vez (SCEP, 1970). Considerava-se que a princi- 23. Cada país deve estabelecer suas próprias normas
24. Deve haver cooperação em questões internacionais
pal ameaça à camada de ozônio seria proveniente de 25. Organizações internacionais devem ajudar a melhorar o meio
uma vasta frota de aviões supersônicos, o que nunca ambiente
viria a se materializar. Embora empresas transnacionais 26. Armas de destruição em massa devem ser eliminadas
existissem e estivessem se tornando cada vez mais Fonte: Clarke e Timberlake, 1982
poderosas, o conceito de globalização surgiria somente
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vinte anos depois. Na África do Sul, o apartheid ain- de uma conferência internacional sobre o meio ambi-
da vigorava e, na Europa, o Muro de Berlim ainda ente tenha sido até mesmo cogitada (pela Suécia, em
estava de pé. 1968) e, mais ainda, que ela efetivamente tenha sido
O mundo do início da década de 1970 era, por- realizada (em Estocolmo, em 1972). E é impressionante
tanto, extremamente polarizado, e de várias maneiras. que tal conferência tenha dado origem ao que posteri-
Com esse pano de fundo, é surpreendente que a idéia ormente ficaria conhecido como o “espírito de com-
promisso de Estocolmo”, em que representantes de
países desenvolvidos e em desenvolvimento busca-
“Uma das nossas principais responsabilidades nesta Conferência é produzir ram maneiras de conciliar os pontos de vista extrema-
uma declaração internacional sobre o meio ambiente humano; um documento
mente divergentes de cada um. A Conferência foi rea-
sem uma obrigação legal, mas – esperamos – com autoridade moral, que
inspire nos homens o desejo de viver em harmonia uns com os outros e com
lizada na Suécia, que havia sofrido sérios danos em
o seu meio ambiente.” — Professor Mostafa K. Tolba, chefe da Delegação do milhares de seus lagos, em conseqüência de chuvas
Egito na Conferência de Estocolmo, diretor- executivo do PNUMA 1975-93 ácidas resultantes da forte poluição atmosférica na
Europa Ocidental.

A origem do Programa das A Conferência das Nações Unidas sobre


Nações Unidas para o Meio Ambiente
o Meio Ambiente Humano
A Conferência de Estocolmo recomendou a criação de um pequeno A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Am-
secretariado dentro da Organização das Nações Unidas como núcleo
para ação e coordenação de questões ambientais dentro do sistema biente Humano, realizada em junho de 1972, foi o even-
das Nações Unidas. Esse órgão foi criado ainda no ano de 1972, com o to que transformou o meio ambiente em uma questão
nome de Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), de relevância internacional. A Conferência reuniu tan-
comandado por um diretor-executivo cujas responsabilidades
incluíam:
to países desenvolvidos quanto em desenvolvimen-
to, mas a antiga União Soviética e a maioria de seus
dar apoio ao Conselho Administrativo do PNUMA; aliados não compareceram.
coordenar programas ambientais dentro do sistema da A Conferência de Estocolmo produziu uma De-
Organização das Nações Unidas;
prestar assessoria na formulação e implementação de programas claração de 26 princípios e um Plano de Ação com 109
ambientais; recomendações. Algumas metas específicas foram
garantir a cooperação da comunidade científica, assim como de estabelecidas: uma moratória de dez anos sobre a caça
outras comunidades profissionais de todas as regiões do mundo;
prestar assessoria sobre cooperação internacional na área de comercial a baleias, a prevenção a derramamentos de-
meio ambiente; e liberados de petróleo no mar até 1975 e um relatório
apresentar propostas relativas ao planejamento a médio e longo sobre o uso da energia até 1975. A Declaração de Es-
prazos para programas das Nações Unidas na área de meio
ambiente.
tocolmo sobre o Meio Ambiente Humano e seus prin-
cípios constituíram o primeiro conjunto de “soft law“
A missão do PNUMA hoje é “desempenhar o papel de líder e (leis internacionais sem aplicação prática, apenas in-
incentivar parcerias na proteção do meio ambiente, inspirando,
informando e capacitando os países e as pessoas a melhorarem sua tencionais) para questões ambientais internacionais
qualidade de vida sem comprometer a das gerações futuras”. (Long, 2000). Os princípios encontram-se para-
fraseados de forma livre no box da página 3.
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A Conferência também instituiu o Programa das Acordos ambientais multilaterais


Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA – ver
box à esquerda) como “a consciência ambiental do A conservação da fauna e da flora silvestres foi uma
sistema da Organização das Nações Unidas”. área em que governos e outros grupos de interesse
Pode-se dizer que vários dos marcos ambientais obtiveram sucessos notáveis durante a década de
da década de 1970 foram conseqüência direta de Esto- 1970. Isso foi o resultado de uma combinação de
colmo. É importante lembrar, no entanto, que a Confe- ações legais em âmbito mundial que foram (e ainda
rência de Estocolmo foi por si só um reflexo do espíri- são) aplicadas em âmbito nacional com uma eficácia
to da época, ou ao menos da visão de muitos no Oci- variável. A base para alguns desses sucessos foi fun-
dente. Isso posto, é instrutivo listar algumas das prin- damentada em acordos ambientais multilaterais como
cipais mudanças que se seguiram a Estocolmo: os seguintes:

• A Conferência expressou o direito das pessoas • 1971: Convenção sobre Zonas Úmidas de Impor-
de viverem “em um ambiente de qualidade que tância Internacional especialmente como Habitat
permita uma vida com dignidade e bem-estar”. A de Aves Aquáticas (Ramsar);
partir de então, várias organizações, incluindo a • 1972: Convenção sobre a Proteção do Patrimônio
Organização da Unidade Africana (OUA) e cerca Mundial Cultural e Natural (Patrimônio Mundial);
de 50 governos ao redor do mundo, adotaram ins- • 1973: Convenção sobre o Comércio Internacional
trumentos ou dispositivos constitucionais reco- das Espécies da Fauna e Flora Selvagens em Peri-
nhecendo o meio ambiente como um direito hu- go de Extinção (CITES); e
mano fundamental (Chenje, Mohamed-Katerere e • 1979: Convenção sobre a Conservação das Espé-
Ncube, 1996). cies Migratórias de Animais Silvestres (CMS).
• Muitas legislações nacionais sobre o meio ambi-
ente seguiram-se a Estocolmo. Entre 1971 e 1975,
31 importantes leis ambientais em âmbito nacio- A Convenção de Ramsar
nal foram aprovadas em países da Organização A Convenção de Ramsar é anterior à Conferência de
para a Cooperação e o Desenvolvimento Econô- Estocolmo, já que foi aberta a assinaturas em 1971. A
mico (OCDE), em comparação com somente 4 no Convenção, que entrou em vigor dois anos após a Con-
período entre 1956 e 1960, 10 de 1960 a 1965 e 18 venção em Estocolmo, contava com 130 partes em de-
entre 1966 e 1970 (Long, 2000). zembro de 2001. Ela foi desenvolvida principalmente a
• O meio ambiente passou a existir ou entrou na
lista de prioridades de várias agendas nacionais e
partir de atividades realizadas por ONGs na década de
1960 preocupadas com a proteção dos pássaros e de
regionais. Por exemplo, antes da Conferência de seu habitat. Embora o foco inicial da Convenção fosse
Estocolmo, havia apenas 10 ministérios do meio a conservação de aves aquáticas e de seus habitats,
ambiente no mundo; em 1982, cerca de 110 países hoje ela trata da qualidade da água, da produção de
possuíam ministérios ou departamentos respon- alimentos, da biodiversidade geral e de todas as zonas
sáveis por essa pasta (Clarke e Timberlake, 1982). úmidas, incluindo zonas costeiras de água salgada.
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As partes são obrigadas a listar ao menos uma Galápagos no início de 2001, colocando várias espéci-
zona úmida de importância, estabelecer reservas na- es e seus habitats em perigo, mostra que os sistemas de
turais, ter bom senso na utilização dessas áreas, in- gestão ambiental talvez nunca cheguem a ser infalíveis.
centivar o aumento de populações de aves aquáticas
em zonas úmidas apropriadas e fornecer informações
sobre a implementação de políticas relacionadas a es- A CITES
sas zonas. Há hoje mais de 1.100 áreas, cobrindo 87,7 Durante a Conferência de Estocolmo, foi relatado que
milhões de hectares, designadas como sítios Ramsar, mais de 150 espécies de aves e animais já haviam sido
melhorando a conservação da fauna silvestre em dife- exterminadas e que cerca de outras mil espécies se
rentes regiões (Ramsar Convention Bureau, 2001). encontravam ameaçadas de extinção (Comissão para
Estudar a Organização da Paz, 1972). Uma Comissão
“Todos os povos têm direito a um meio ambiente geral satisfatório, propício da Organização das Nações Unidas recomendou a
ao seu desenvolvimento.” — Carta Africana dos Direitos Humanos e dos imediata identificação de espécies ameaçadas de
Povos, 27 de junho de 1981 extinção, a conclusão de acordos adequados, a cria-
ção de instituições que cuidassem da conservação da
fauna e da flora silvestres e a regulamentação do co-
A Convenção do Patrimônio Mundial mércio internacional de espécies em perigo de extinção.
A Convenção do Patrimônio Mundial, negociada em A recomendação da Comissão basicamente
1972, é administrada pela Organização das Nações endossava uma resolução, de 1963, de membros da
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura União Internacional para a Conservação da Natureza
(Unesco). A Convenção contava com 161 Partes em (UICN), o que delineou a redação da Convenção CI-
meados de 2001. Desde 1972, quando as Ilhas TES. A Convenção, que foi adotada em 1973 e entrou
Galápagos foram colocadas sob a égide da Unesco em vigor dois anos depois, controla e/ou proíbe o
como uma “universidade natural de espécies únicas”, comércio internacional de espécies ameaçadas de
até dezembro de 2001, um total de 144 sítios em dife- extinção, o que inclui cerca de 5 mil espécies animais e
rentes regiões haviam sido designados sítios de 25 mil espécies de plantas (CITES Secretariat, 2001).
patrimônio natural. Outros 23 sítios foram considera- Controvérsias em relação a espécies de maior desta-
dos como sendo de importância natural e cultural que, como o elefante africano e as baleias, com fre-
(Unesco, 2001). O impacto da Convenção trouxe mai- qüência desviam a atenção do que foi feito em prol de
or consciência sobre a importância desses sítios tan- outras espécies.
to para as atuais como para as futuras gerações. No
entanto, o derramamento de petróleo perto das Ilhas
Outras realizações
“As pessoas não se satisfazem mais apenas com declarações. Elas exigem
Em termos de ações tangíveis, a Conferência de Esto-
ações firmes e resultados concretos. Esperam que, ao identificar um
problema, as nações do mundo tenham vitalidade para agir.” — colmo parece ter conseguido muito. Embora muitas
Primeiro-ministro sueco Olof Palme, cujo país sediou a Conferência de das suas 109 recomendações ainda não tenham sido
Estocolmo, 1972 aplicadas, elas servem – hoje em dia tanto quanto an-
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tes – como metas importantes. De igual importância, no


entanto, foi o sucesso da Conferência na redução da
diferença entre os pontos de vista dos países desen-
volvidos e dos em desenvolvimento. Uma primeira ten-
tativa com tal objetivo havia sido feita em uma confe-
rência em Founex, na Suíça, em 1969, e o Relatório de
Founex de junho de 1971 identificou o desenvolvimen-
to e o meio ambiente como “dois lados da mesma moe-
da” (UNEP, 1981). O Comitê de Redação e Planejamento
para a Conferência de Estocolmo observou, em seu re-
latório de abril de 1972, que a “proteção ambiental não
pode ser usada como pretexto para que se desacelere o
progresso econômico de países emergentes”.
Outros avanços ocorreram em 1974, quando
foi realizado um simpósio de especialistas presidido
por Barbara Ward em Cocoyoc, no México. Organiza-
do pelo PNUMA e pela Conferência das Nações Uni-
das sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD),
o Simpósio identificou os fatores sociais e econômi-
cos que levam à deterioração ambiental (UNEP/
UNCTAD, 1974). A Declaração de Cocoyoc, o relató-
rio formal publicado pelo Simpósio, influiu na mudan-
ça de atitude dos principais pensadores ambientais. O
que foi dito em Cocoyoc serviu como o primeiro pará-
grafo da “Estratégia de Conservação Mundial”,
publicada em 1980 (ver página 10) e foi reafirmado no
GEO-2000, de 1999: “Os impactos destrutivos combi- Imagens Landsat do Rio Saloum, no Senegal, em 5 de novembro de 1972 (superior) e em 31 de
nados de uma maioria carente lutando para sobrevi- outubro de 1992 mostram quanto da floresta de mangue (áreas em vermelho escuro) desapareceu
em vinte anos, mesmo em uma área protegida.
ver e uma minoria rica consumindo a maior parte dos Fonte: Landsat, 2001

recursos terrestres têm comprometido os próprios


meios que permitem a todas as pessoas sobreviver e
prosperar.” (UNEP/UNCTAD, 1974).
• O problema básico de hoje em dia não é o de uma
escassez material absoluta, mas sim de má distribui-
Outras afirmações feitas na Declaração de ção e uso, do ponto de vista econômico e social.
Cocoyoc demonstram uma consciência sobre a difi-
culdade de se atender às necessidades humanas de
• A tarefa dos estadistas é orientar os países em
direção a um novo sistema mais capaz de satisfa-
forma sustentável em um meio ambiente sob pressão: zer os limites internos das necessidades humanas
básicas para todas as pessoas do mundo, e fazê-
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lo sem violar os limites externos dos recursos e do dial. Infelizmente, as imagens fornecidas pelo
meio ambiente do planeta. Landsat nos últimos trinta anos também mostram
• Os seres humanos têm necessidades básicas: ali- que a atitude geral ainda não mudou o suficiente
mentação, abrigo, vestimentas, saúde, educação. (ver fotos da página 7).
Qualquer processo de crescimento que não leve à Em termos de mudanças climáticas, a preo-
sua realização – ou pior, que a impeça – é uma cupação cada vez maior com o aquecimento global
paródia da idéia de desenvolvimento. (em 1896, o cientista sueco Svante Arrhenius ha-
• Precisamos todos redefinir nossos objetivos, ou via alertado o mundo sobre o “efeito estufa”) le-
novas estratégias de desenvolvimento, ou novos vou à realização da primeira Conferência Mundial
modos de vida, incluindo um padrão mais modes- sobre o Clima, em Genebra, em fevereiro de 1979
to de consumo entre os ricos. (Centre for Science and Environment, 1999). Du-
rante a Conferência, chegou-se à conclusão de que
A Declaração de Cocoyoc termina assim: emissões antropogênicas de dióxido de carbono
podem causar efeitos a longo prazo sobre o clima.
“O caminho à frente não se encontra no O Programa Mundial do Clima (WCP) foi estabele-
desespero pelo fim dos tempos nem em um cido no ano seguinte, proporcionando uma estru-
otimismo fácil resultante de sucessivas so- tura para cooperação internacional em pesquisas
luções tecnológicas. Ele se encontra na e a base para a identificação de questões climáti-
avaliação cuidadosa e imparcial dos ‘limi- cas importantes ocorridas nas décadas de 1980 e
tes externos’, na busca conjunta por mei- 1990, como a destruição da camada de ozônio e o
os de alcançar os ‘limites internos’ dos di- aquecimento global.
reitos humanos fundamentais, na constru-
ção de estruturas sociais que expressem
esses direitos e no trabalho paciente de A década de 1980: definindo o
elaborar técnicas e estilos de desenvolvi- desenvolvimento sustentável
mento que aprimorem e preservem o nos-
so patrimônio terrestre.” Os principais eventos políticos da década de 1980 fo-
ram o colapso do Bloco Oriental e o fim de um mundo
Essa visão do caminho a seguir refletiu-se bipolarizado, construído sobre o equilíbrio de pode-
nas novas imagens detalhadas do planeta que sur- res entre o Ocidente, de um lado, e os países comunis-
giram na década de 1970 como resultado do lança- tas e seus respectivos aliados em países em desen-
mento do satélite Landsat em julho de 1972 pelos volvimento, de outro. As mudanças resultantes de
Estados Unidos. Tais imagens foram sem dúvida reformas e da Perestroika no Bloco Soviético segui-
determinantes para a mudança de atitude das pes- ram-se a anos de um crescimento econômico aparen-
soas em relação ao estado do meio ambiente mun- temente forte e enormes investimentos militares.
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Em 1990, ao
menos 900
milhões de
pessoas em áreas
urbanas da
África, Ásia e
América Latina
viviam na
pobreza.

Fonte: UNEP, To-


pham Picturepoint

A década perdida como a década perdida. A começar pela crise da dívi-


A situação era sensivelmente diferente em regiões da que atingiu a América Latina em 1982, a situação
em desenvolvimento como a África, a Ásia Ociden- ficou especialmente difícil em países onde milhões
tal e a América Latina e o Caribe, onde a maioria dos de pessoas se deslocaram por conta de guerras. O
países registrou um aumento pequeno na renda número de refugiados passou de cerca de 9 milhões
(UNCHS, 1996). A região subsaariana retrocedeu ain- de pessoas em 1980 para mais de 18 milhões no início
da mais, com a renda per capita caindo 1,2% ao ano da década de 1990 (UNHCR, 2000).
durante a década de 1980 (UN, 2000), devido a uma Lidar com o ciclo da pobreza tornou-se um de-
combinação de fatores, incluindo fortes secas e ter- safio em particular, uma vez que o crescimento
mos comerciais desfavoráveis. Para vários países em populacional nos países em desenvolvimento não só
desenvolvimento, a década de 1980 ficou conhecida continuou, como um número cada vez maior de pes- en um
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soas carentes passou a residir em centros urbanos. das adotou a Carta Mundial da Natureza (World
Com o aumento da população urbana, a infra-estrutu- Charter for Nature), chamando a atenção para o valor
ra física das cidades começou a ficar sobrecarregada e intrínseco das espécies e dos ecossistemas (UN, 1982).
sem condições de atender à demanda. Além das novas descobertas, a década de 1980
também presenciou uma série de eventos catastrófi-
Novas questões e novos desastres cos que marcou de forma permanente tanto o meio
Medições relativas ao tamanho do buraco na camada ambiente quanto a compreensão da sua ligação com a
de ozônio realizadas por pesquisadores britânicos e condição humana. Em 1984, um vazamento de gases
publicadas pela primeira vez em 1985 (Farnham, letais da fábrica Union Carbide deixou um saldo de 3
Gardiner e Shanklin, 1985) causaram surpresa tanto mil mortos e 20 mil feridos em Bhopal, na Índia
no mundo científico quanto na esfera política. O rela- (Diamond, 1985). No mesmo ano, mais de um milhão
tório Global 2000 reconheceu pela primeira vez que a de pessoas morreram de fome na Etiópia. Em 1986, o
extinção das espécies ameaçava a biodiversidade como mundo presenciou o seu pior desastre nuclear quan-
componente essencial dos ecossistemas terrestres (US do um reator da usina nuclear de Chernobyl explodiu
Government, 1980). Como a interdependência entre o na Ucrânia, república da União Soviética. O derrama-
meio ambiente e o desenvolvimento se tornava cada mento de 50 milhões de litros de petróleo no Canal
vez mais óbvia, a Assembléia Geral das Nações Uni- Príncipe William, no Alasca, causado pelo petroleiro
Exxon Valdez em março de 1989, mostrou que nenhu-
Carta Mundial da Natureza: princípios gerais ma área, por mais remota e “intacta” que seja, está a
salvo do impacto causado pelas atividades humanas.
A viabilidade genética da Terra não deve ser comprometida; os
níveis populacionais de todas as formas de vida, silvestres e
domesticadas, devem ser ao menos suficientes para a sua
sobrevivência e, com essa finalidade, os habitats necessários devem A Estratégia de Conservação Mundial
ser protegidos. Os eventos mencionados acima confirmaram que as
Todas as áreas do planeta, tanto terrestres quanto marítimas,
questões ambientais são sistêmicas e que lidar com
devem estar sujeitas a esses princípios de conservação; uma elas requer estratégias a longo prazo, ações integra-
proteção especial deve ser dada a áreas singulares, a amostras das e a participação de todos os países e todos os
representativas de todos os diferentes tipos de ecossistema e ao
membros da sociedade. Essa noção se refletiu na Es-
habitat de espécies raras e ameaçadas de extinção.
tratégia de Conservação Mundial (World Conser-
Os ecossistemas e organismos, assim como os recursos terrestres, vation Strategy – WCS), um dos documentos mais
marinhos e atmosféricos usados pelo homem, devem ser importantes que ajudaram a redefinir o ambientalismo
manejados de forma a alcançar e manter uma produtividade
sustentável e em condições favoráveis, desde que não após a Conferência de Estocolmo. Lançada em 1980
comprometam a integridade dos outros ecossistemas ou espécies pela União Internacional para a Conservação da Na-
com os quais coexistem. tureza (UICN), a Estratégia reconhece que a aborda-
A natureza deve ser protegida da degradação causada por guerras e gem de problemas ambientais requer um esforço a lon-
outras atividades hostis. go prazo e a integração entre objetivos ambientais e
Fonte: UN, 1982 relacionados ao desenvolvimento.
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A Estratégia sugeriu que os governos das di- “Esse é o tipo de desenvolvimento que proporciona melhorias reais na
ferentes partes do mundo criassem suas próprias es- qualidade da vida humana e ao mesmo tempo conserva a vitalidade e a
tratégias nacionais de conservação, de acordo com diversidade da terra. O objetivo é um desenvolvimento que seja sustentável.
um dos objetivos da Conferência de Estocolmo, o de Hoje isso pode parecer visionário, mas é um objetivo alcançável. Para um
incorporar o meio ambiente ao planejamento do de- número cada vez maior de pessoas, essa também parece ser a única opção
senvolvimento. Desde 1980, mais de 75 países inicia- sensata.” — Estratégia de Conservação Mundial – IUCN, UNEP e WWF, 1980
ram estratégias multissetoriais nos níveis nacional,
estadual e local (Lopez Ornat, 1996). Essas estratégias (Our Common Future), definiu o desenvolvimento
são destinadas a tratar de problemas ambientais como sustentável como sendo “o desenvolvimento que
a degradação da terra, a conversão e a perda de habitat, atende às necessidades das gerações presentes sem
o desmatamento, a poluição da água e a pobreza. comprometer a capacidade de gerações futuras de
suprir suas próprias necessidades”, tornando-se par-
te do léxico ambiental (CMMAD, 1987).
Comissão Mundial sobre o Meio A Comissão enfatizou problemas ambientais
Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) como o aquecimento global e a destruição da camada
No entanto, passar a mensagem de que o meio am- de ozônio, conceitos novos para a época, e expressou
biente e o desenvolvimento são interdependentes preocupação em relação ao fato da velocidade das mu-
requeria um processo que tivesse autoridade e cre- danças estar excedendo a capacidade das disciplinas
dibilidade em ambos os hemisférios, em governos e científicas e de nossas habilidades atuais de avaliar e
no setor empresarial, em organizações internacio- aconselhar. A Comissão concluiu que os arranjos
nais e na sociedade civil. Em 1983, a Comissão Mun- institucionais e as estruturas de tomada de decisões
dial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento existentes, tanto em âmbito nacional quanto no inter-
(CMMAD), também conhecida como a Comissão nacional, simplesmente não comportavam as deman-
Brundtland, foi criada para realizar audiências ao das do desenvolvimento sustentável (WCED, 1987).
redor do mundo e produzir um relatório formal com
suas conclusões. “A década atual (1980) tem sido marcada por
O relatório foi publicado após três anos de um retrocesso das preocupações sociais. Ci-
audiências com líderes de governo e o público em entistas chamam a nossa atenção em relação
geral no mundo todo sobre questões relacionadas ao a problemas urgentes e complexos que di-
meio ambiente e ao desenvolvimento. Reuniões pú- zem respeito à nossa sobrevivência: o aque-
blicas foram realizadas tanto em regiões desenvolvi- cimento global, ameaças à camada de ozônio
das quanto nas em desenvolvimento, e o processo da Terra, desertos avançando sobre terras
possibilitou que diferentes grupos expressassem seus cultiváveis. preparadas para lidar com eles.
pontos de vista em questões como agricultura, silvi- Respondemos exigindo mais detalhes e pas-
cultura, água, energia, transferência de tecnologias e sando os problemas a instituições mal pre-
desenvolvimento sustentável em geral. O relatório fi- paradas para lidar com eles” (WCED, 1987).
nal da Comissão, intitulado “Nosso Futuro Comum”
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Assim foi semeado um maior envolvimento com cas passaram a ser campos de estudo legítimos e reco-
questões relacionadas ao meio ambiente e ao desen- nhecidos, desenvolvendo suas próprias teorias, mas
volvimento. Como sinal do fortalecimento do setor também provando sua validade em contextos reais.
não-governamental, várias organizações novas foram O meio ambiente e a sustentabilidade ainda não
formadas. Na Europa, partidos verdes ingressaram na figuravam muito nos princípios e especialmente na
arena política, e a associação a organizações ambientais prática de assistência bilateral. Um dos primeiros si-
de base cresceu rapidamente. nais de mudança foi a instituição de um Comitê de
Ajuda ao Desenvolvimento em 1987 pela OCDE, res-
ponsável por estabelecer critérios para a integração
Envolvendo outros atores do meio ambiente e do desenvolvimento em progra-
Seguindo-se aos acidentes industriais da década de mas de assistência ao desenvolvimento.
1980, a pressão sobre grandes empresas aumentou. A conclusão do Protocolo de Montreal em 1987
Em 1984, o PNUMA participou da organização da foi considerada como um modelo promissor de coo-
Conferência Mundial da Indústria sobre a Gestão do peração entre os hemisférios norte e sul, os governos
Meio Ambiente (WICEM), e no mesmo ano o setor e o setor empresarial, no tratamento de questões
químico do Canadá criou o programa Atuação Res- ambientais globais. Lidar com a destruição da camada
ponsável (Responsible Care), uma das primeiras ten- de ozônio, no entanto, mostrou ser menos complica-
tativas de se proporcionar um código de conduta para do do que lidar com outras questões ambientais que
uma gestão ambiental saudável no setor empresarial. se apresentariam na década de 1980, mais especifica-
Ao final da década, o conceito de ecoeficiência esta- mente as mudanças climáticas.
va sendo introduzido na indústria como uma forma
de, simultaneamente, reduzir o impacto ambiental e
aumentar a rentabilidade. Embora esses interesses em Painel Intergovernamental de Mudanças
geral não fossem compartilhados por empresas que Climáticas
tinham base em países em desenvolvimento, já se de- Em 1989, o Painel Intergovernamental de Mudanças
batiam as implicações da migração de indústrias para Climáticas (IPCC, em inglês) foi criado com três gru-
“paraísos de poluição” no Hemisfério Sul. pos de trabalho concentrados na avaliação científica
Ficou claro que um número cada vez maior de das mudanças climáticas, nos impactos ambientais e
atores teria de lidar com as dimensões ambientais de socioeconômicos e em estratégias de resposta, ante-
atividades que anteriormente não eram vistas como ten- cipando os vários desafios a serem enfrentados pela
do implicações ambientais, e houve um crescente inte- humanidade no início da última década do milênio. O
resse acadêmico sobre o assunto. O meio ambiente e o IPCC, criado pelo PNUMA e pela Organização
desenvolvimento tornaram-se matérias legítimas de es- Meteorológica Mundial (OMM), ajudou a se chegar a
tudo em disciplinas sociais e naturais já estabelecidas, um consenso sobre a ciência, os impactos sociais e as
e novas disciplinas foram criadas para lidar com ques- melhores respostas ao aquecimento global resultante
tões multidisciplinares. Economia ambiental, engenha- da ação humana. O IPCC contribuiu muito para a com-
ria ambiental e outras matérias anteriormente periféri- preensão pública dos perigos do aquecimento global,
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em especial nos países industrializados. Em vários “Os povos indígenas são a base do que poderia ser chamado de sistema de
países em desenvolvimento, onde os estudos sobre o segurança ambiental. Para muitos de nós, no entanto, os últimos séculos
clima são raros e praticamente não há especialistas no significaram uma grande perda de controle sobre nossas terras e águas.
tema, as mudanças climáticas não são vistas da mesma Ainda somos os primeiros a sentir as mudanças no meio ambiente, mas
forma. Essa situação levou algumas organizações des- agora somos os últimos a ser questionados ou consultados sobre o assunto.”
sas regiões a protestarem contra “uma enorme — Louis Bruyère, presidente do Native Council do Canadá, audição pública
da CMMAD, Ottawa, Canadá, Maio de 1986
disparidade entre a participação dos hemisférios norte
e sul. ... Países do hemisfério sul não possuem progra-
mas nacionais coordenados sobre o clima, contam com iniciativa legal que compreende várias questões marí-
poucos climatologistas, e praticamente não detêm ne- timas, incluindo a proteção ambiental. As suas cláu-
nhum dado para elaborar projeções climáticas a longo sulas ambientais incluem:
prazo” (Centre for Science and Environment, 1999).
• a extensão do direito de soberania sobre recursos
marinhos, como peixes, a uma zona econômica
Acordos ambientais multilaterais exclusiva (ZEE) de 200 milhas náuticas;
Alguns dos Acordos Ambientais Multilaterais (Mul-
tilateral Environmental Agreements – MEAs) mais
• a obrigação de adotar medidas para gerir e con-
servar os recursos naturais;
importantes da década de 1980 são os seguintes: • o dever de cooperar regional e globalmente em
aspectos como a proteção ambiental e pesquisas
• a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito relativas a essa proteção;
do Mar (CNUDM), de 1982; • o dever de reduzir ao mínimo a poluição marinha,
• o Protocolo de Montreal sobre Substâncias que incluindo aquela gerada em terra; e
Destroem a Camada de Ozônio, de 1987
(implementando a Convenção de Viena para a
• restrições a despejo de dejetos no mar por navios.

Proteção da Camada de Ozônio, de 1985); e


• a Convenção da Basiléia para o Controle de Mo-
vimentos Transfronteiriços de Resíduos Peri-
O Protocolo de Montreal
O Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Des-
gosos e sua Eliminação (Convenção da Basi- troem a Camada de Ozônio implementa a Convenção
léia), de 1989. de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio. O
Protocolo, que entrou em vigor em 1989 e em dezem-
bro de 2001 já contava com 182 Partes, é um dos exem-
Direito do Mar plos mais bem-sucedidos de cooperação internacio-
Embora tenha sido assinada em 1982, a CNUDM só nal sobre o meio ambiente. O sucesso do Protocolo é
veio a entrar em vigor doze anos depois, o que talvez em parte resultado do Fundo Multilateral criado como
seja um indício da complexidade de se negociar um um incentivo à participação de países em desenvolvi-
MEA. A Convenção, que conta com 136 Partes, é uma mento (UNEP, 2001a).
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INTEGRAÇÃO ENTRE O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO: 1972-2002
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As partes do Protocolo de Montreal devem


fornecer para o Secretariado, na forma de relató- A década de 1990: implementando o
rios nacionais, dados estatísticos anuais sobre a desenvolvimento sustentável
produção, importação e exportação das substân-
cias que destroem a camada de ozônio (SDO) con- A década de 1990 caracterizou-se pela busca por uma
troladas pelo Protocolo. Mais de 85% das partes melhor compreensão sobre o conceito e o significado
entregam relatórios com seus dados. A imple- do desenvolvimento sustentável, paralelamente às
mentação do Protocolo foi reforçada e ampliada tendências crescentes em direção à globalização, es-
de forma significativa através dos anos, por meio pecialmente no que diz respeito ao comércio e à
das Emendas de Londres (1990), de Copenhague tecnologia. A convicção de que havia um número cada
(1992), de Montreal (1997) e de Beijing (1999) vez maior de problemas ambientais no mundo que exi-
(UNEP, 2000). giam soluções internacionais se tornou mais forte. As
questões ambientais também adquiriam uma dimen-
são maior no hemisfério sul à medida que as organiza-
A Convenção da Basiléia ções começaram a exigir diagnósticos e soluções para
A Convenção da Basiléia, que entrou em vigor em países em desenvolvimento. O Centro Regional para
1992 e contava com 149 Partes em dezembro de o Meio Ambiente foi criado na Hungria em 1990 para
2001, tem três objetivos principais: tratar de questões ambientais na Europa Central pós-
soviética. Houve uma ação significativa por parte da
• reduzir os movimentos transfronteiriços de re- indústria privada no sentido de se “compatibilizar”
síduos perigosos; com as questões ambientais. Também houve um cres-
• minimizar a criação de tais resíduos; e cimento explosivo em relação ao uso da Internet e da
• proibir seu envio a países que não possuam a comunicação eletrônica.
capacidade de eliminar os resíduos perigosos A década começou mal para o meio ambiente,
de forma ecologicamente racional. com a perda de milhares de vidas na Guerra do Golfo,
em 1991, e um blecaute parcial em algumas áreas da
A Convenção resultou das preocupações região quando milhões de barris de petróleo foram
em relação ao envio de despejos de países indus- propositadamente incendiados (Bennett, 1995). Para
trializados para regiões em desenvolvimento. Pre- a Ásia Ocidental, isso representou uma catástrofe
ocupados com tais envios para a África, Estados ambiental de grandes proporções. Avalia-se que a maré
Membros da Organização da Unidade Africana negra causada pelo derramamento de entre 0,5 milhão
(OUA) responderam com a Convenção Africana e 11 milhões de barris de petróleo bruto matou entre
sobre o Banimento da Importação e Controle do 15 mil e 30 mil aves aquáticas. Além disso, cerca de
Movimento e Gerenciamento de Resíduos Perigo- 20% dos manguezais do Golfo Pérsico foram contami-
sos Transfronteiriços (Bamako), que entrou em nados, e 50% dos recifes de corais foram afetados
vigor em abril de 1998. (Island Press, 1999). A atmosfera também não foi pou-
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Bombeiros tentando
apagar um poço de
petróleo em chamas
no Kuwait em 1991.

Fonte: UNEP, Abdel


Saurad-Mali, Kuwait,
Topham PicturePoint

pada: cerca de 67 milhões de toneladas de petróleo na Índia (IFRC, 2000). Segundo informações da Federação
foram queimadas, produzindo cerca de 2,1 milhões de Internacional da Cruz Vermelha e Sociedades do Crescen-
toneladas de fuligem e 2 milhões de toneladas de te Vermelho, pesquisa realizada em 1995 em 53 países reve-
dióxido de enxofre (Bennett, 1995). lou uma redução de 15% nas despesas com saúde por
Em outras regiões, embora o progresso tecnológico pessoa, após ajustes econômicos estruturais.
transformasse a sociedade industrializada, poucos países Em 1997, já no final do século XX, cerca de 800
em desenvolvimento estavam se beneficiando com isso. milhões de pessoas (quase 14% da população mundi-
O número de mortes causadas por doenças infecciosas al) não só passavam fome como não sabiam ler ou
(como Aids, malária, doenças respiratórias e diarréia) foi escrever, habilidades essenciais para o desenvolvi-
160 vezes maior do que o número de pessoas mortas em mento sustentável (Unesco, 1997).
conseqüência de desastres naturais em 1999, incluindo Em termos de gestão governamental, os even-
terremotos na Turquia, enchentes na Venezuela e ciclones tos do final da década de 1980 continuavam a influen-
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“A solução não pode implicar a interdição ao desenvolvimento daqueles pareceu à Rio-92 – 176 governos (UN, 1993), mais de
que mais precisam dela; o fato é que tudo o que contribui para o 100 chefes de Estado, contra apenas dois que compa-
subdesenvolvimento e a pobreza é uma violação patente à ecologia.” receram à Conferência de Estocolmo (Haas, Levy e
— Presidente cubano Fidel Castro, Rio-92, 1992 Parson, 1992), cerca de 10 mil delegados, 1.400 organi-
zações não-governamentais (ONGs) e aproximadamen-
ciar o desenvolvimento político em todo o mundo. te 9 mil jornalistas (Demkine, 2000). A Rio-92 ainda é a
Nenhuma região ficou imune: as ditaduras e os regi- maior reunião do gênero já realizada. Antes da Cúpula
mes militares foram derrubados na África e na Améri- propriamente dita, as preparações em âmbito nacio-
ca Latina, e, em alguns países da Europa, governos de nal, sub-regional, regional e global também envolve-
partido único foram relegados à oposição por um elei- ram a participação de centenas de milhares de pesso-
torado ávido por mudanças. As pessoas haviam co- as em todo o mundo, garantindo que suas vozes fos-
meçado a exercer seu direito de eleger seus líderes e sem ouvidas. Organizações regionais e sub-regionais,
exigir prestação de contas. Embora radicais, essas como a Associação das Nações do Sudeste Asiático
mudanças em relação aos regimes governamentais ti- (ASEAN), a Organização da Unidade Africana, a União
veram pouco impacto imediato sobre o meio ambiente Européia e várias outras, desempenharam um papel
na maioria dos países. Nos países da antiga União importante tanto antes quanto durante a Rio-92 e con-
Soviética, no entanto, a recessão econômica ajudou a tinuam a fazê-lo na implementação da Agenda 21, o
diminuir as emissões poluentes e o consumo de ener- plano de ação que resultou da Conferência.
gia. Resta saber se tais efeitos serão permanentes. A Rio-92 produziu ao menos sete grandes
No âmbito institucional, as idéias que tomaram resultados:
forma no final da década de 1980, como a participação
de múltiplos grupos de interesse e uma maior • a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e De-
senvolvimento (contendo 27 princípios);
responsabilização em relação a questões ambientais e
sociais, ganharam maior dimensão com uma série de • a Agenda 21 – um plano de ação para o meio am-
biente e o desenvolvimento no século XXI;
eventos internacionais. O primeiro desses eventos foi
uma conferência ministerial sobre o meio ambiente re- • duas grandes convenções internacionais – a Con-
venção-Quadro das Nações Unidas sobre Mu-
alizada em Bergen, na Noruega, em maio de 1990, onde
tais idéias foram formalmente apoiadas pela primeira dança do Clima (UNFCCC) e a Convenção sobre
vez. Essa conferência foi convocada como uma pre- Diversidade Biológica (CDB);
paração para a Conferência das Nações Unidas para • a Comissão de Desenvolvimento Sustentável
(CDS);
Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), tam-
bém conhecida como Cúpula da Terra, ou Rio-92), re- • um acordo para negociar uma convenção mundial
sobre a desertificação; e
alizada em junho de 1992 no Rio de Janeiro, Brasil.
• a declaração de Princípios para o Manejo Susten-
tável de Florestas.
A Cúpula da Terra, ou RIO-92
Um número sem precedentes de representantes de Os Princípios do Rio reafirmaram as questões
Estado, da sociedade civil e do setor econômico com- que haviam sido formuladas em Estocolmo, vinte anos
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antes, colocando os seres humanos no centro das “Independente das resoluções que se tomem ou se deixem de tomar em uma
preocupações relacionadas ao desenvolvimento sus- conferência como essa, nenhuma melhoria ambiental genuína e duradoura
tentável, ao declarar que os seres humanos “têm o pode acontecer sem um envolvimento local em escala global.” — Presidente
direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia da Islândia, Vigdís Finnbogadóttir, Rio-92, 1992
com a natureza”.
A Rio-92 proporcionou um fórum para abor- Agenda 21
dar questões relacionadas tanto ao meio ambiente
A Agenda 21 estabelece uma base sólida para a promoção do
quanto ao desenvolvimento e para enfatizar os dife- desenvolvimento em termos de progresso social, econômico e
rentes pontos de vista dos hemisférios norte e sul. ambiental. A Agenda 21 tem quarenta capítulos, e suas recomendações
Após a Conferência, o desenvolvimento sustentá- estão divididas em quatro áreas principais:
vel ganhou vida própria, impondo-se nas delibera- Questões sociais e econômicas como a cooperação internacional
ções de organismos, desde conselhos municipais a para acelerar o desenvolvimento sustentável, combater a pobreza,
mudar os padrões de consumo, as dinâmicas demográficas e a
organizações internacionais. Mais de 150 países cri- sustentabilidade, e proteger e promover a saúde humana.
aram instituições nacionais para desenvolver uma Conservação e manejo dos recursos visando o desenvolvimento,
abordagem integrada ao desenvolvimento sustentá- como a proteção da atmosfera, o combate ao desmatamento, o
combate à desertificação e à seca, a promoção da agricultura
vel – embora em alguns países os conselhos nacio- sustentável e do desenvolvimento rural, a conservação da
nais de desenvolvimento sustentável tivessem uma diversidade biológica, a proteção dos recursos de água doce e dos
natureza mais política do que substancial (Myers e oceanos e o manejo racional de produtos químicos tóxicos e de
resíduos perigosos.
Brown, 1997). Uma grande variedade de setores da Fortalecimento do papel de grandes grupos, incluindo mulheres,
sociedade civil tem hoje envolvimento com a criação crianças e jovens, povos indígenas e suas comunidades, ONGs,
de agendas e estratégias. Mais de 90% deles foram iniciativas de autoridades locais em apoio à Agenda 21, traba-
lhadores e seus sindicatos, comércio e indústria, a comunidade
criados em decorrência da Rio-92, a maioria em paí- científica e tecnológica e agricultores.
ses em desenvolvimento. Meios de implementação do programa, incluindo mecanismos e
A ênfase dada ao desenvolvimento sustentá- recursos financeiros, transferência de tecnologias ambien-
talmente saudáveis, promoção da educação, conscientização pú-
vel também teve um impacto considerável tanto em blica e capacitação, arranjos de instituições internacionais,
instrumentos legais quanto nas instituições respon- mecanismos e instrumentos legais internacionais e informações
sáveis por eles. A CITES, por exemplo, que já se afas- para o processo de tomada de decisões.
tava do enfoque clássico de conservação, direcionou
seu enfoque a uma abordagem que equilibra a conser-
vação e o uso sustentável. A aplicação prática do uso
sustentável na CITES provocou um debate substan- blicação “Cuidando do Planeta Terra: uma estratégia
cial e acalorado durante toda a década. para o futuro da vida” (Caring for the Earth: a Stratey
for Sustainable Living, IUCN, UNEP e WWF, 1991). A
Agenda 21 é hoje um dos instrumentos sem validade
Agenda 21 legal mais importantes e influentes no campo do meio
A Agenda 21 é um plano de ação parcialmente basea- ambiente, servindo como base de referência para o
do em uma série de contribuições especializadas de manejo ambiental na maior parte das regiões do mun-
governos e organismos internacionais, incluindo a pu- do (ver box acima).
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O custo de implementação da Agenda 21 em dos países desenvolvidos fosse o de contribuir com


países em desenvolvimento foi estimado pelo Secre- 0,7% do seu PNB para a ODA anualmente, esta só
tariado da Cúpula da Terra como sendo de aproxima- recebeu 0,29% em 1995, o nível mais baixo alcançado
damente US$ 625 bilhões ao ano, com os países em desde 1973 (GEF, 1997).
desenvolvimento cobrindo 80% do custo, ou seja, US$ No entanto, fundações, indivíduos, grandes
500 bilhões. Esperava-se que os países desenvolvi- empresas e heranças consagradas ao desenvolvimen-
dos cobrissem os 20% restantes, ou cerca de US$ 125 to sustentável deram um novo sentido à palavra “ca-
bilhões por ano, cumprindo com a sua meta antiga de ridade”, contribuindo com um total de US$ 129 bi-
consagrar 0,7% do seu produto nacional bruto (PNB) lhões em 1994 (Myers e Brown, 1997). Estima-se que
à assistência oficial para o desenvolvimento (ODA). essa quantia aumentou em 9% em 1995, alcançando
Embora a Rio-92 se preocupasse com uma abor- US$ 143,85 bilhões.
dagem global, um resultado importante da Conferên-
cia foi a adoção de vários programas nacionais e regi-
Acordos ambientais multilaterais
onais da Agenda 21 para o desenvolvimento susten-
tável. Na região da Comunidade para o Desenvolvi- A Convenção-Quadro das Nações Unidas
mento da África Austral (SADC), por exemplo, os Es- sobre Mudança do Clima
tados Membros adotaram a Política e Estratégia para A capacidade do Painel Intergovernamental de Mu-
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da danças Climáticas (IPCC) de fornecer evidências de
SADC em 1996. A União Européia adotou o Quinto que as mudanças climáticas significavam uma ameaça
Plano de Ação Ambiental “Em Direção à Sustenta- real incentivou governos, durante a Rio-92, a assinar
bilidade” (Towards Sustainability, EU, 1993). a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mu-
dança do Clima (UNFCCC). A Convenção tornou-se a
peça principal da Rio-92 e entrou em vigor em 1994;
O Fundo Mundial para o Meio Ambiente em dezembro de 2001, já contava com 186 Partes. A
O Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF) foi origem da Convenção remonta à Segunda Conferên-
criado em 1991 como uma parceria experimental entre cia Mundial sobre o Clima (1990), em que a declaração
o PNUMA, o PNUD e o Banco Mundial para gerar ministerial foi a forma de se levar adiante a elaboração
dividendos ecológicos a partir do desenvolvimento de políticas e o estabelecimento de um Sistema Global
local e regional, fornecendo subvenções e emprésti- de Observação do Clima (GCOS).
mos a juros baixos para países em desenvolvimento e O objetivo principal da UNFCCC é estabilizar
economias em transição. Após a Rio-92, intencionava- as emissões de gases de efeito estufa em um nível
se que funcionasse como o mecanismo de financia- que evite uma interferência antrópica perigosa no
mento da Agenda 21 e que mobilizasse os recursos clima global. O princípio de “responsabilidades dife-
necessários. O Fundo ajuda a financiar projetos de renciadas, embora comuns” da Convenção orientou
desenvolvimento em âmbito regional, nacional e glo- a adoção de uma estrutura regulatória. Esse princí-
bal que beneficiem o meio ambiente mundial em qua- pio reflete a realidade, ou seja, o fato de que os paí-
tro áreas básicas – mudanças climáticas, biodiversi- ses industrializados são os maiores emissores de
dade, camada de ozônio e águas internacionais – e gases de efeito estufa.
também economias e sociedades locais. O Protocolo de Quioto, que estabeleceu metas
Depois do êxito da sua reestruturação em março reais para a redução das emissões, foi aberto a assina-
de 1994, o número de membros do GEF passou de 34 a turas em 1997. Em dezembro de 2001, 84 Partes haviam
mais de 155 países, cujos representantes se reúnem na assinado e 46 haviam ratificado ou aderido ao Proto-
Assembléia de Estados Participantes do GEF, o órgão colo (UNFCCC, 2001). Uma exceção notável foi a posi-
de supervisão geral do Fundo, a cada três anos. ção dos Estados Unidos, que anunciou a sua decisão
O presidente e executivo principal do GEF, de não ratificar o Protocolo no início de 2001.
Mohamed T. El-Ashry, reconhece que ainda é cedo
para avaliar o impacto dos mais de 220 projetos finan-
ciados pelo Fundo em termos de desenvolvimento Convenção sobre Diversidade Biológica
sustentável. A diferença entre as promessas feitas (CDB)
pelos doadores e suas contribuições efetivas ao GEF A CDB entrou em vigor em 1993. Foi o primeiro acordo
causou uma certa preocupação, especialmente em mundial para a conservação e o uso sustentável da
países em desenvolvimento. Embora o compromisso biodiversidade e serve como base para ações nacio-
INTEGRAÇÃO ENTRE O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO: 1972-2002
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nais. A Convenção estabelece três objetivos princi- julho de 1996 (Centre for Science and Environment,
pais: a conservação da diversidade biológica, o uso 1999). Apesar do sucesso da Convenção, as negocia-
sustentável dos seus componentes e a divisão justa e ções que precederam a sua adoção foram em geral um
eqüitativa dos benefícios provenientes do uso dos tanto quanto amargas (ver box).
recursos genéticos. Várias questões relativas à
biodiversidade são abordadas, como a preservação
de habitats, os direitos de propriedade intelectual, a A Convenção das Nações Unidas de
biossegurança e os direitos dos povos indígenas. Combate à Desertificação
A Convenção é um marco importante no direi- Embora as negociações só tivessem se completado
to internacional, respeitada por sua abordagem em 1994, o processo de elaboração da Convenção
abrangente, com base na noção de ecossistemas para das Nações Unidas de Combate à Desertificação
a proteção da biodiversidade. O Tratado foi ampla e (CCD) teve início na Rio-92. No entanto, sua história
rapidamente aceito – em dezembro de 2001, um total remonta à década de 1970. A Convenção entrou em
de 182 governos já havia ratificado o acordo. Um acor- vigor em 1996 e contava com 177 partes em dezembro
do suplementar à Convenção, o Protocolo de de 2001. A CCD foi descrita como uma “enteada da
Cartagena sobre Biossegurança, foi adotado em ja- Rio-92” (Centre for Science and Environment, 1999),
neiro de 2000 para tratar dos riscos em potencial cau- porque não recebeu a mesma atenção que a UNFCCC
sados pelo comércio transfronteiriço e pela liberação e a CDB. As nações industrializadas se opuseram à
acidental de organismos geneticamente modificados. CCD porque não se dispunham a aceitar nenhuma
A adoção do Protocolo de Biossegurança é um suces- responsabilidade financeira pela interrupção do pro-
so para os países em desenvolvimento que o requisi- cesso de desertificação, que não é visto como um
taram. O Protocolo já havia sido assinado por 103 Par- problema mundial (Centre for Science and
tes e ratificado por 9 em dezembro de 2001. A CDB Environment, 1999). Projeções indicaram que um es-
também influenciou a decretação de uma lei que bus- forço mundial de vinte anos para combater a
ca regulamentar os recursos genéticos nas nações desertificação custaria de US$ 10 bilhões a US$ 22
participantes do Pacto Andino – Bolívia, Colômbia, bilhões por ano, mas os países financiadores contri-
Equador, Peru e Venezuela. A lei entrou em vigor em buíram com uma quantia mísera de US$ 1 bilhão em
1991 para o controle da desertificação no mundo
O papel de países em desenvolvimento (Centre for Science and Environment, 1999).
nas negociações da CDB Embora a CCD receba um apoio financeiro
Descontente com a versão inicial do CDB em modesto em comparação à UNFCCC e à CDB, a con-
novembro de 1991, o Centro Sul, com sede em venção se distingue por dois motivos:
Genebra, incitou os países em desenvolvimento a
rejeitar essa versão e insistiu que qualquer
negociação sobre a biodiversidade deve ser • Endossa e utiliza uma abordagem “de baixo para
associada a uma negociação sobre biotecnologia e, cima” (bottom-up) em relação à cooperação mun-
de forma mais geral, aos direitos de propriedade dial para o meio ambiente. Pelos termos da CCD,
intelectual. Essa tendência de privatização do
conhecimento e dos recursos genéticos representa
as atividades relacionadas ao controle e à
uma séria ameaça ao desenvolvimento do mitigação da desertificação e de seus efeitos de-
Hemisfério Sul e deve ser combatida. vem estar sintonizadas com as necessidades e a
Durante as negociações, o Sul:
participação de usuários locais das terras e de
organizações não-governamentais.
enfatizou a soberania nacional sobre os • A Convenção possui anexos regionais detalha-
recursos naturais; dos, por vezes mais que o próprio corpo da Con-
pediu que a transferência de tecnologia aos venção. Esses anexos abordam as particularida-
países em desenvolvimento fosse feita de forma
preferencial;
des do problema da desertificação em regiões es-
exerceu pressão para que a CDB tivesse pecíficas como a África, a América Latina e o
supremacia sobre outras instituições, como a Caribe e o Norte do Mediterrâneo (Raustiala, 2001).
Organização Mundial da Propriedade Intelectual
(OMPI) e o Acordo Geral sobre Tarifas e
Comércio (GATT); e O compromisso mais importante e central da
pediu o desenvolvimento de um protocolo sobre CCD é a obrigação de desenvolver “programas de ação
biossegurança.
nacional” em conjunto com grupos de interesse lo-
Fonte: Centre for Science and Environment, 1999 cais. Esses programas delineiam as tarefas que as par-
INTEGRAÇÃO ENTRE O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO: 1972-2002
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Mandato da Comissão de Desenvolvimento Sustentável ticas econômicas, sociais e ambientais – uma exigên-
cia do desenvolvimento sustentável já expressa pela
A CDS foi instaurada em dezembro de 1992 sob os auspícios do Comissão Brundtland – continua a se colocar como
Conselho Econômico e Social das Nações Unidas. Composta por 53 um desafio para instituições em todos os níveis.
membros eleitos com mandato de três anos, a Comissão se reúne
anualmente durante o período de duas a três semanas. A primeira
reunião realizou-se em junho de 1993. De forma geral, o papel da
Comissão é o de: Rio + 5
examinar o progresso alcançado em âmbito internacional, Cinco anos após a Rio-92, a comunidade internacio-
regional e nacional na implementação de recomendações e nal convocou uma nova cúpula chamada Rio + 5 para
compromissos contidos nos documentos finais da UNCED rever os compromissos empreendidos no Rio de Ja-
Agenda 21, Declaração do Rio Sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento e Declaração de Princípios sobre o Uso das neiro em 1992. Durante o encontro, realizado em Nova
Florestas; York, houve uma preocupação em relação à lenta
elaborar diretrizes e opções para atividades futuras como uma implementação da Agenda 21. A conclusão geral foi a
continuação à UNCED e para alcançar o desenvolvimento
sustentável; e
de que, embora um certo progresso houvesse sido
promover o diálogo e formar parcerias para o desenvolvimento feito em relação ao desenvolvimento sustentável, vá-
sustentável com os governos, a comunidade internacional e os rias das metas da Agenda 21 ainda estão longe de se
principais grupos identificados na Agenda 21 como os atores-
chave fora de administrações centrais que desempenham um
concretizar (UN, 1997).
papel essencial na transição para o desenvolvimento sustentável.
Fonte: UN, 2001
Outras conferências internacionais
importantes
“Aqui nos Estados Unidos, precisamos melhorar. Com 4% da população
mundial, produzimos 20% dos gases de efeito estufa do planeta. Então,
Os princípios do desenvolvimento sustentável foram
precisamos melhorar. E melhoraremos.” — Bill Clinton, presidente dos reafirmados ao longo da década de 1990 em várias
Estados Unidos, Rio + 5, 1997 conferências internacionais, como por exemplo:

“É uma questão muito preocupante para a Índia que, cinco anos após a Rio- • 1993: Conferência Mundial dos Direitos Huma-
92, haja um esforço visível para erodir a estrutura de parceria construída no nos, realizada em Viena;
Rio – mais especificamente o princípio de responsabilidades diferenciadas, • 1994: Conferência Internacional sobre População
embora comuns – com a demonstração de esforços voltados para aplicar e Desenvolvimento, Cairo;
obrigações e responsabilidades iguais a atores desiguais.” — Professor Saifuddin
Soz, ministro indiano do Meio Ambiente e Florestas, Rio + 5, 1997
• 1994: Conferência Mundial sobre o Desenvolvi-
mento Sustentável dos Pequenos Estados Insu-
lares em Desenvolvimento, Bridgetown, Barbados;
tes devem empreender na implementação da CCD. Por • 1995: Cúpula Mundial para o Desenvolvimento
exemplo, as partes devem fazer da prevenção à Social, Copenhague;
desertificação uma prioridade em políticas nacionais e • 1995: Quarta Conferência Mundial sobre a Mu-
devem promover a conscientização sobre esse pro- lher, Beijing;
blema entre seus cidadãos. • 1996: Conferência Mundial das Nações Unidas
sobre os Assentamentos Humanos (HABITAT II),
realizada em Istambul; e
A Comissão de Desenvolvimento
Sustentável (CDS)
• 1996: Cúpula Mundial da Alimentação, Roma.

O estabelecimento da CDS em dezembro de 1992 foi


uma conseqüência direta da Rio-92. Embora a meta de A participação de grupos de interesse no
desenvolvimento sustentável tivesse sido desenvolvimento sustentável
estabelecida na década de 1980, foi somente durante a Essa atividade internacional refletiu-se amplamente em
Rio-92 que um órgão internacional foi criado com o tentativas por parte do setor privado de melhorar o
mandato de supervisionar e ajudar a comunidade in- seu desempenho ambiental. Tal ação foi motivada pela
ternacional a atingir essa meta (ver box). Apesar de criação do Conselho Empresarial Mundial para o De-
um grande passo, a Comissão foi criticada como sen- senvolvimento Sustentável (WBCSD), em 1995, que
do uma resposta fraca a problemas de capacidade muito incentivou a indústria a examinar formas de
institucional, além de deparar-se com a apatia de mi- melhorar a rentabilidade diminuindo o desperdício de
nistros de Estado (Long, 2000). A integração de polí- recursos e de energia e reduzindo emissões. O WBCSD
INTEGRAÇÃO ENTRE O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO: 1972-2002
21

hoje conta com centenas de membros, dos quais vári- um tanto soturna do final da década de 1990: em ao
os conseguiram alcançar uma economia notável tanto menos um ponto significativo, os pontos de vista e as
para si quanto para o meio ambiente (Rabobank preocupações da maioria carente – apesar de toda a
International, 1998). Em 1996, a Organização Interna- retórica da década – ainda eram deixados de lado nas
cional para Padronização criou um novo padrão vo- discussões mundiais.
luntário para sistemas de manejo ambiental na indús-
tria, a ISO 14.000 (International Organization for
Standardization, 2001). Tratado de Proibição Completa de Testes
Ao final da década, grandes empresas trans- Nucleares (CTBT)
nacionais haviam melhorado muito a sua imagem A adoção, em 1996, do Tratado de Proibição Completa
ambiental; na realidade, o seu desempenho ambiental de Testes Nucleares (CTBT) pela Assembléia Geral
foi em geral melhor do que o de várias empresas de das Nações Unidas em Nova York representou um
pequeno e médio portes (Kuhndt e Van der Lugt, 2000). marco importante em termos de cooperação internaci-
A elaboração de relatórios ambientais por parte de onal com conseqüências para o meio ambiente. O
grandes empresas também se tornou uma iniciativa CTBT, que proíbe todos os testes nucleares em qual-
comum durante a década de 1990, e a iniciativa Global quer meio ambiente, foi aberto para assinaturas em
Reporting Initiative – GRI foi criada para estabelecer Nova York no dia 24 de setembro de 1996, quando foi
uma base comum para os relatórios voluntários sobre assinado por 71 Estados, incluindo as 5 potências
o desempenho ambiental, econômico e social de uma nucleares. Em agosto de 2001, 161 Estados haviam
organização (GRI, 2001). O GRI busca elevar o nível assinado e 79 haviam ratificado o Tratado. Um plano
dos relatórios sobre o desenvolvimento sustentável minucioso de verificação mundial está sendo desen-
realizados por empresas ao mesmo patamar de volvido pela Comissão Preparatória do CTBT para
credibilidade, comparabilidade e consistência dos seus quando o Tratado entrar em vigor, o que deve aconte-
relatórios financeiros. cer oitenta dias depois da sua ratificação pelos 44 Es-
A sociedade civil também teve um envolvi- tados listados em seu Anexo 2, dos quais 31 já o havi-
mento ativo, principalmente em sua tentativa de criar am feito até agosto de 2001 (CTBTO, 2001).
a Carta da Terra, que expressa os “princípios éticos
fundamentais para um modo de vida sustentável”. “Os cinco anos passados desde a Rio-92 deixaram patente que as
Centenas de grupos e milhares de pessoas se envol- transformações na estrutura política e econômica global não foram
acompanhadas pelos progressos necessários na luta contra a pobreza e
veram na criação da Carta; embora a intenção inicial
contra o uso predatório dos recursos naturais.” — Fernando Henrique
fosse a de adotá-la durante a Rio-92, a Carta foi refina- Cardoso, presidente do Brasil, cujo país sediou a Rio-92, Rio + 5, 1997
da em um processo liderado pelo Conselho da Terra e
pela Cruz Verde Internacional. A Carta está disponível
em 18 línguas no site da Internet do Secretariado (Earth
Charter, 2001). 2000 e além: reexaminando a agenda
Contudo, a sociedade civil não se limitou a cam-
panhas como a da Carta da Terra, mas também organi- Apesar de vários contratempos, os últimos trinta anos
zou grandes manifestações em várias partes do mun- forneceram uma base sólida sobre a qual o desenvol-
do, muitas das quais contra a ameaça presumida da vimento sustentável poderá ser implementado nas
globalização. Tais iniciativas são por si só um reflexo próximas décadas. O clima predominante em círculos
do processo de globalização e do atual poder extraor- ambientais é de um otimismo cauteloso em relação ao
dinário da Internet, que passou por um crescimento progresso futuro em geral, embora haja muitos fatores
explosivo. Se em 1993 a World Wide Web (WWW) con- influentes desconhecidos, como as mudanças climá-
tava com apenas 50 páginas, ao final da década elas já ticas, que é o mais importante deles.
haviam se transformado em 50 milhões (UN, 2000),
mudando radicalmente a maneira pela qual várias pes-
soas vivem e trabalham – principalmente nos países A renovação da conscientização e do
ricos e industrializados. Apesar do “custo baixo dos interesse ambiental
elétrons”, ao final da década de 1990, 88% dos usuári- Em 2002, a conscientização e o interesse ambiental
os da Internet viviam em nações industrializadas, que foram estimulados pelas preparações para a Cúpula
conjuntamente representavam apenas 17% da popu- Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável. Uma
lação mundial (UNDP, 1999). Esta foi uma constatação série de outros fatores interessantes também pode ter
INTEGRAÇÃO ENTRE O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO: 1972-2002
22

impactos duradouros. Um deles é a maior disposição Convenção de Estocolmo sobre


por parte de grupos distintos de trabalhar em conjun- Poluentes Orgânicos Persistentes
to em prol de uma causa comum. O secretário-geral
A Convenção sobre Poluentes Orgânicos
das Nações Unidas, Kofi Annan, apoiou o estabeleci- Persistentes cobre uma lista inicial de 12 produtos
mento do Pacto Global (ver box abaixo), que visa esta- químicos:
belecer uma sinergia entre o setor privado e três orga- oito pesticidas aldrin, clordano, dicloro difenil
nismos das Nações Unidas – o PNUMA, a Organiza- tricloretano (DDT), dieldrin, endrin,
ção Internacional do Trabalho (OIT) e o Escritório do heptacloro, mirex e toxafeno;
dois produtos químicos industriais bifenilas
Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direi- policloradas (PCBs) e hexaclorobenzeno (que
tos Humanos (UN, 1999). Pela primeira vez, os princí- também é um pesticida); e
pios que tratam da proteção dos direitos humanos, de dois subprodutos não-intencionais da
combustão e de processos industriais
leis de trabalho justas e da responsabilidade ambiental (dioxinas e furanos).
serão abordados por esses organismos em um único
acordo internacional. Uma isenção relacionada a questões
sanitárias foi concedida até 2025 ao DDT, ainda
necessário a muitos países para o controle do
mosquito transmissor da malária. Os governos
Produtos químicos também podem manter equipamentos existentes
Há trinta anos, vários produtos químicos tóxicos e que contenham PCBs de maneira que não haja
vazamentos, para que tenham tempo de substituí-
persistentes eram considerados não somente como los. Os PCBs têm sido muito usados em
recursos, mas como poluentes que afetavam a saúde transformadores elétricos e outros tipos de
humana de forma negativa, especialmente quando se equipamento.
A Convenção também designa o Fundo
acumulavam no topo da cadeia alimentar ou eram trans- Mundial para o Meio Ambiente como o seu principal
portados por longas distâncias no mundo. Hoje, no mecanismo financeiro, de forma provisória, por
entanto, os produtos químicos são vistos como sen- meio do qual os países desenvolvidos canalizarão
recursos novos e adicionais para ajudar países com
do ainda mais essenciais para o desenvolvimento e economias em transição e em desenvolvimento a
como um recurso que precisa ser administrado de for- implementar suas obrigações. Ela também prevê
ma a proteger ou mesmo melhorar a saúde humana e o um processo de base científica, incorporando o
princípio de precaução, para examinar outros
meio ambiente. Esse manejo racional dos produtos produtos químicos que possam vir a ser
químicos se aplica tanto aos produtos antropogênicos adicionados à lista anterior pela Conferência das
Partes.
Fonte: UNEP, 2001
Princípios do Pacto Global

Direitos Humanos quanto aos de origem natural, incluindo aqueles gera-


Princípio 1: apoiar e respeitar a proteção dos direitos humanos dos por meio de processos biológicos.
internacionais; e
Princípio 2: assegurar que as grandes empresas não sejam
A comunidade internacional recentemente
cúmplices de violações aos direitos humanos. concluiu uma convenção importante para controlar
o uso de um grupo de componentes orgânicos tóxi-
Trabalho cos persistentes (ver box acima). Em dezembro de
Princípio 3: liberdade de associação e reconhecimento efetivo do 2000, representantes de 122 governos finalizaram o
direito de negociação coletiva; texto de um tratado com validade legal visando a
Princípio 4: a eliminação de todas as formas de trabalho forçado e
obrigatório; implementação de ações internacionais em relação a
Princípio 5: a abolição efetiva do trabalho infantil; e certos poluentes orgânicos persistentes (POPs). A
Princípio 6: a eliminação da discriminação em termos de Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgâni-
emprego e ocupação.
cos Persistentes, assinada em maio de 2001 e que
Meio Ambiente contava com 111 signatários e 2 Partes em dezembro
Princípio 7: apoiar uma abordagem preventiva às questões de 2001, estabelece medidas de controle sobre 12
ambientais; produtos químicos. As disposições de controle pe-
Princípio 8: tomar iniciativas visando a promoção de uma maior dem a eliminação da produção e do uso de POPs
responsabilidade ambiental; e
Princípio 9: incentivar o desenvolvimento e a disseminação de produzidos intencionalmente e a eliminação de POPs
tecnologias ambientalmente saudáveis. produzidos de forma não-intencional, quando for
Fonte: UN, 1999 possível (UNEP, 2001).
INTEGRAÇÃO ENTRE O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO: 1972-2002
23

Desde a Conferência de Estocolmo, a indús- Propostas principais do secretário-geral da ONU


tria de produtos químicos cresceu quase nove ve- apresentadas na Cúpula do Milênio
zes, e estima-se que tenha um crescimento anual de
cerca de 3% durante as próximas três décadas, com A salvo da carência: a Agenda para o Desenvolvimento
um aumento considerável no comércio (OECD, Pede-se a chefes de Estado ou de Governo que tomem medidas nas
2001). Isso aumentará o risco de exposição de um seguintes esferas:
número cada vez maior de pessoas e do meio ambi- Pobreza: reduzir à metade a proporção da população mundial
ente a novos produtos químicos e o potencial de (atualmente 22%) cuja renda seja menor do que o equivalente a
um dólar por dia até 2015.
emergência de novas doenças de origem química.
Água: reduzir à metade a proporção de pessoas que não têm
As informações sobre o despejo de produ- acesso à água potável (atualmente 20%) até 2015.
tos químicos no meio ambiente são de muito mais Educação: diminuir a disparidade entre gêneros na educação
fácil acesso do que antes. Os Estados Unidos saí- primária e secundária até 2005; e assegurar que, em 2015, todas
as crianças tenham acesso ao curso completo de educação
ram à frente nessa área, em especial com a publica- primária.
ção do Inventário de Emissões Tóxicas (Toxics HIV/AIDS: deter e começar a reverter a disseminação do HIV/AIDS
Release Inventory – TRI, 2001) promulgado por meio até 2015, mediante:

da lei do planejamento de emergência e do direito a adoção de uma meta explícita de redução das taxas de
infecção por HIV em pessoas entre 15 e 24 anos, em 25% nos
ao conhecimento da comunidade (Emergency países mais afetados antes de 2005 e em 25% no mundo inteiro
Planning and Community Right-to-Know Act – antes de 2010;
EPCRA), de 1986. O propósito dessa lei é o de infor- o estabelecimento de metas preventivas explícitas: até 2005 ao
menos 90% e até 2010 ao menos 95% dos homens e mulheres
mar as comunidades e os cidadãos sobre os peri- jovens devem ter acesso a informações e a serviços de
gos dos produtos químicos em suas regiões. A lei prevenção ao HIV; e
exige que as empresas informem o estado e o go- um pedido a cada país gravemente afetado pela doença para que
estabeleça um plano de ação nacional dentro de um ano a partir
verno local sobre a localização e a quantidade de da Cúpula.
produtos químicos armazenados na região. Por meio
Eliminar as favelas: colocar em prática o plano Cidades sem
da EPCRA, o Congresso americano determinou que Favelas lançado pelo Banco Mundial e pelas Nações Unidas para
um Inventário de Emissões Tóxicas (TRI) se tor- melhorar a vida de 100 milhões de moradores de favelas até 2020.
nasse público. O TRI fornece informações aos ci-
dadãos sobre produtos químicos com potencial de Um futuro sustentável: a Agenda para o Meio Ambiente
risco e os seus usos, para que as comunidades pos-
sam exigir maior responsabilização por parte das em- Pede-se a chefes de Estado ou de Governo que adotem uma nova ética
de conservação e administração, começando pelo seguinte:
presas e para que tomem decisões fundamentadas
Mudanças Climáticas: que adotem e ratifiquem o Protocolo de
sobre como os produtos químicos tóxicos devem
Quioto, para que este possa entrar em vigor até 2002, e que
ser manejados. garantam que suas metas sejam alcançadas, como um passo em
direção à redução das emissões de gases de efeito estufa.
Contabilidade Verde: que considerem a incorporação do sistema
de “contabilidade verde” das Nações Unidas às suas contas
A Cúpula do Milênio nacionais, para que as questões ambientais sejam integradas às
As questões ambientais se sobressaíram durante a políticas econômicas gerais.
Cúpula do Milênio das Nações Unidas, realizada pelo Avaliação de Ecossistemas: que prestem assistência financeira a, e
que se envolvam ativamente na Avaliação de Ecossistemas do
secretário-geral da ONU, Kofi Annan, em Nova York, Milênio, um grande esforço de colaboração internacional para
no ano 2000 (ver box à direita). Mas se o reconheci- mapear a saúde do planeta.
mento sobre a importância das questões relativas ao Rio+10: que preparem as condições para que os líderes
mundiais adotem ações concretas e significativas na conferência
meio ambiente durante a Cúpula foi encorajador, o de avaliação dos dez anos decorridos desde a Rio-92, a Cúpula
relatório de progresso não teve a mesma sorte. O da Terra de 2002.
secretário-geral foi bem franco em seus comentários Fonte: UN, 2000

sobre o manejo ambiental, declarando que a comuni-


dade internacional não estava conseguindo assegu-
rar às gerações futuras a liberdade de sobreviver
neste planeta. “Ao contrário”, afirmou, “estamos pi-
lhando o patrimônio futuro de nossos filhos para
pagar pelas práticas ambientalmente insustentáveis
do presente” (UN, 2000).
INTEGRAÇÃO ENTRE O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO: 1972-2002
24

O clima e o consumo de energia danos no valor de milhões de dólares. O fenômeno


No início de 2001, o IPCC anunciou que as evidênci- também deu origem a um estudo de grande porte
as de mudanças climáticas de origem antrópica esta- por parte de várias instituições sobre o que foi
vam aumentando, que o aquecimento global estava aprendido nessa oportunidade e o que poderá ser
ocorrendo de forma mais rápida e que as conseqüên- feito para mitigar os efeitos de El Niños futuros (ver
cias pareciam mais graves do que havia sido previs- box abaixo).
to. O Painel, formado por milhares de cientistas do
mundo inteiro, previu que a temperatura média au- Melhor prevenir do que remediar:
mentaria de 1,4° C a 5,8°C durante o século XXI. O El Niño, 1997-98
IPCC afirma que “há evidências novas e sólidas de Segundo um novo estudo internacional, milhares
que o aquecimento ocorrido nos últimos cinqüenta de vidas humanas e dezenas de bilhões de dólares
anos seja, em grande parte, decorrente de atividades em prejuízos econômicos serão desperdiçados
pelos países em desenvolvimento a cada dois a
humanas. ... Além disso, é muito provável que o aque- sete anos até que seja feito um investimento na
cimento ocorrido no século XX tenha contribuído melhoria do prognóstico e da preparação em
significativamente para o aumento observado no ní- relação ao fenômeno El Niño. O estudo foi
desenvolvido por equipes de pesquisadores
vel do mar, por meio da expansão térmica da água do trabalhando em 16 países na América Latina, Ásia
mar e de uma perda generalizada de gelo terrestre” e África. Quatro organismos das Nações Unidas
(IPCC, 2001). colaboraram na preparação do estudo o PNUMA, a
Universidade da ONU, a OMM e a Estratégia
As implicações desse aumento rápido da tem- Internacional para Redução de Desastres junto
peratura mundial envolvem amplas áreas de preocu- com o Centro Nacional para Pesquisa Atmosférica,
pação econômica, social e ambiental e tornam mais com base nos Estados Unidos.
Previsões mais confiáveis em relação ao
urgente a necessidade de controlar os fatores que
El Niño e uma melhor capacidade dos governos em
contribuem para o aquecimento global. O primeiro e reagir de forma rápida a essas previsões são
mais importante desses fatores é o consumo de ener- cruciais. Sem elas, economias, infra-estruturas e
gia. Verifica-se uma queda no consumo per capita de populações vulneráveis em várias partes do
mundo continuarão a sofrer periodicamente com
combustíveis fósseis apenas na Europa, e ainda as- eventos causados pelo El Niño, como enchentes,
sim de forma muito lenta. incêndios, secas, ciclones e surtos de doenças
infecciosas.
Poucos especialistas conseguiram prever
El Niño o início do El Niño em meados de 1997, e nenhum
Uma atenção cada vez maior está sendo direcionada foi capaz de compreender a magnitude do “El Niño
ao El Niño, como resultado de um episódio especial- do século” até que o fenômeno já estivesse bem
avançado. Os serviços meteorológicos nacionais e
mente grave ocorrido entre 1997 e 1998 que acarretou regionais fizeram previsões um tanto quanto
generalizadas em relação ao El Niño para que
pudessem ser usadas de forma confiável por
Níveis do mar durante El Niño, 1997-98 responsáveis pela tomada de decisões em âmbito
regional e nacional. O prejuízo causado pelo El Niño
em 1997-98 incluiu milhares de mortes e danos
causados por graves tempestades, ondas de calor,
incêndios, enchentes, geadas e secas. Estimativas
em relação aos danos causados pelo El Niño no
período variam entre US$ 32 bilhões e US$ 96
bilhões.
Fonte: UNU, 2001

Imagem de satélite
registra o nível do
mar no Pacífico em
10 de novembro de Progressos científicos
1997. O fenômeno El
Niño caracteriza-se Nos primeiros anos do Terceiro Milênio, os pro-
pelo aumento do
nível do mar (áreas gressos científicos continuam a levantar questões
em vermelho e bran-
co) no lado sul-ame- éticas e ambientais. Uma conquista científica cujo
ricano do Pacífico Sul
e por um nível mais impacto sobre a humanidade e conseqüentemente
baixo (áreas em
azul) do outro lado.
sobre o meio ambiente ainda é desconhecido é o
Fonte:
mapeamento do genoma humano. Os benefícios de
Topex/Poseidon, NASA tal mapeamento incluem o conhecimento das cau-
INTEGRAÇÃO ENTRE O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO: 1972-2002
25

sas subjacentes a milhares de doenças genéticas e a Os custos do aquecimento global


antecipação da probabilidade de ocorrência dessas
doenças em qualquer indivíduo. As informações ge- Segundo um relatório feito por Munich Re, membro da iniciativa de
serviços financeiros do PNUMA, as possíveis conseqüências
néticas também podem ser usadas para prever uma financeiras das previsões do IPCC são as seguintes:
vulnerabilidade a diferentes agentes industriais e
ambientais. Embora haja preocupações sobre o mal Prejuízos causados por ciclones tropicais mais freqüentes, perda
de terra em conseqüência de um aumento do nível do mar e danos
uso e a perda de privacidade, muitas das ramifica- aos recursos pesqueiros, à agricultura e ao fornecimento de água
ções do mapeamento do genoma humano só serão poderiam custar mais de US$ 300 bilhões por ano.
reconhecidas quando a ciência e a tecnologia se uni- Em termos globais, os maiores prejuízos seriam na área da
energia. A indústria hídrica mundial enfrentará um custo
rem nas aplicações futuras desse novo instrumento
adicional de US$ 47 bilhões por ano em 2050. A indústria
(Human Genome Project, 1996). agrícola e a silvicultura podem perder até US$ 42 bilhões em
Igualmente controverso é o uso crescente de todo o mundo em conseqüência de secas, enchentes e
organismos geneticamente modificados (OGMs). incêndios se os níveis de dióxido de carbono alcançarem o
dobro das suas concentrações pré-industriais.
Como já foi descrito no GEO-2000 (UNEP, Programas de defesa contra inundações para proteger
1999), a rapidez de mutações em micróbios e vírus, moradias, fábricas e usinas de energia do aumento do nível do
aliada ao crescimento do transporte de animais re- mar e de tempestades repentinas podem custar US$ 1 bilhão
por ano.
presenta surpresas em potencial neste milênio. A re- A perda de ecossistemas, incluindo manguezais, recifes de
alidade por trás dessa afirmação foi demonstrada pela corais e lagunas costeiras podem chegar a mais de US$ 70
descoberta da encefalopatia espongiforme bovina (ou bilhões em 2050.
Fonte: Berz, 2001
doença da vaca louca) no Reino Unido e em outras
partes da Europa e, de forma mais dramática, pela
propagação da febre aftosa no Reino Unido. do investimento direto estrangeiro em países em de-
Os efeitos de um transporte ampliado de gado senvolvimento e naqueles do Centro e do Leste Eu-
e ração através das fronteiras intensificaram a disse- ropeu foi destinado a apenas 20 países, principal-
minação dessas doenças, levando à matança de vári- mente à China.
as criações de animais e a uma grande preocupação As grandes empresas transnacionais, as or-
em relação à transmissão a partir de, ou para, popula- ganizações de mídia transnacionais, as organiza-
ções de animais silvestres. Apesar da febre aftosa ções intergovernamentais e as ONGs foram as prin-
ser comum em vários países em desenvolvimento, cipais responsáveis pelo fenômeno da globalização
são as nações industrializadas que sentem seus efei- (Riggs, 2000).
tos de forma mais pungente. Embora a doença rara- A globalização representa mais do que o flu-
mente leve à morte, ela é debilitante e reduz a produ- xo de dinheiro e de mercadorias – é a interdepen-
tividade. Em sistemas agrícolas intensivos de porte dência crescente das populações do mundo por
industrial, em que a margem de lucro é baixa por cau- meio da “contração do espaço, da contração do tem-
sa da superprodução, não há como se tolerar o im- po e do desaparecimento de fronteiras” (UNDP,
pacto econômico de doenças. 1999). Isso oferece uma grande oportunidade para
o enriquecimento da vida das pessoas e para a cri-
Globalização ação de uma comunidade global baseada em valo-
A globalização foi descrita por alguns como a nova res compartilhados. Mas, segundo o relatório do
Revolução Industrial. Há um receio de que ela possa PNUD, permitiu-se que os mercados dominassem o
resultar em uma polarização perigosa entre pessoas processo, e os benefícios e as oportunidades não
e países que se beneficiam do sistema e aqueles que foram compartilhados de forma eqüitativa.
são meros recipientes passivos dos seus efeitos. As várias manifestações da sociedade civil
No seu Relatório de Desenvolvimento Huma- em todo o mundo foram uma resposta ao rápido
no de 1999, o PNUD afirma que a quinta parte da crescimento da globalização econômica. A manifes-
população mundial que vive nos países de renda mais tação ocorrida em Seattle em novembro de 1999
elevada conta com 86% do PIB mundial, 82% das durante o encontro da Organização Mundial do
exportações mundiais, 68% do investimento direto Comércio (OMC), em que milhares de pessoas fize-
estrangeiro e 74% das linhas telefônicas mundiais ram campanha contra a globalização, foi um evento
(UNDP, 1999). A quinta parte de menor renda, que de grande repercussão. Maior conscientização pú-
vive nos países mais pobres, conta com cerca de 1% blica também foi manifestada durante os encontros
em cada categoria. Na década de 1990, mais de 80% do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internaci-
INTEGRAÇÃO ENTRE O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO: 1972-2002
26

Uma das maiores


represas do mun-
do: a usina hidre-
létrica de Itaipu,
no Brasil. Um novo
relatório questiona
o futuro de tais
projetos

Fonte: Julio
Etchart, Still Pictures

onal na cidade de Praga, em setembro de 2000, e em lidade e à quantidade da água à frente da agenda
outros encontros desde então. ambiental, para que as perspectivas regionais possam
Essas manifestações mostram que cidadãos do ser implementadas de forma bem-sucedida.
mundo inteiro querem ser ouvidos e exigem a imple- Nas últimas décadas, as grandes represas sur-
mentação e o cumprimento de padrões ambientais, de giram como um dos instrumentos mais significativos
comércio e de trabalho aceitáveis em todo o mundo. e visíveis para o manejo dos recursos hídricos. Em
Várias organizações internacionais responsáveis pela novembro de 2000, a Comissão Mundial de Barragens
regulamentação da economia global agora têm de adap- publicou o seu relatório “Barragens e Desenvolvimen-
tar suas políticas de forma a incluir a participação da to: um Novo Modelo para Tomada de Decisões” (Dams
sociedade civil em suas atividades. A ironia da glo- and Development: A New Framework for Decision-
balização e do aumento da conscientização pública é Making), afirmando que nos últimos cinqüenta anos
que o consumo continua a crescer em nações indus- as barragens fragmentaram e transformaram os rios
trializadas e a pobreza continua a piorar em países em do mundo, deslocando entre 40 milhões e 80 milhões
desenvolvimento. de pessoas em diferentes partes do mundo (WCD,
2000). O relatório questiona o valor de várias represas
Água no atendimento das necessidades de água e energia,
A água desempenhará um papel de destaque na agen- em comparação a outras opções. Isso representa uma
da do novo milênio. O Fórum Mundial da Água, reali- mudança significativa de visão em relação ao valor
zado em Haia em março de 2000, levou à adoção de das represas e pode contribuir para que se adote uma
“perspectivas em relação à água” para as diferentes abordagem diferente para a utilização dos recursos
regiões do mundo, ajudando a definir um plano de hídricos no futuro.
ação referente ao uso da água para o século XXI. Cer-
ca de 6 mil pessoas estiveram presentes no fórum glo- Avaliações e um alerta antecipado
bal, mas milhares de outras participaram das prepara- A Avaliação de Ecossistemas do Milênio (Millennium
ções regionais. Espera-se que a participação em mas- Ecosystem Assessment – MA), lançada no Dia Mundi-
sa nesses eventos mantenha questões relativas à qua- al do Meio Ambiente em 2001, examinará os
INTEGRAÇÃO ENTRE O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO: 1972-2002
27

ecossistemas que possibilitam a vida, como as pasta- A Avaliação foi reconhecida por governos
gens, as florestas, os rios e lagos, as terras cultiváveis como um mecanismo para atender às necessidades
e os oceanos. Essa iniciativa, prevista em quatro anos de avaliação de três tratados internacionais sobre o
e envolvendo US$ 21 milhões, contará com a partici- meio ambiente: a Convenção das Nações Unidas
pação de 1.500 dos cientistas de maior destaque no sobre Diversidade Biológica, a Convenção de
mundo (MA, 2001). Ramsar sobre Zonas Úmidas e a Convenção das
“A Avaliação de Ecossistemas do Milênio Nações Unidas de Combate à Desertificação.
mapeará a saúde do nosso planeta e preencherá des-
sa forma importantes lacunas no nosso conhecimen-
to para que possamos preservá-la”, afirmou o secre- Seguindo adiante, progredindo
tário-geral da ONU, Kofi Annan, ao anunciar o estu- Um novo espírito de colaboração e participação é
do. “Todos nós temos de compartilhar os frágeis visível nestes primeiros anos do século XXI, que
ecossistemas e os preciosos recursos da Terra, e cada alguns associam ao “espírito de compromisso de
um de nós tem um papel na sua preservação. Para Estocolmo”. Com a Cúpula Mundial sobre Desen-
que possamos continuar a viver juntos nesse plane- volvimento Sustentável marcada para 2002 em
ta, todos devemos nos responsabilizar por ele.” Joanesburgo, há uma esperança renovada na ado-
O estudo foi lançado para proporcionar aos ção de ações eficazes e significativas pelos maio-
responsáveis pela tomada de decisões um conheci- res responsáveis pela tomada de decisões em âm-
mento científico confiável em relação ao impacto bito global. Os próximos quatro capítulos, ao apre-
das mudanças nos ecossistemas terrestres sobre sentarem avaliações globais e regionais sobre o
os meios de vida humanos e o meio ambiente. Ele meio ambiente, observações sobre mudanças ambi-
fornecerá informações mais detalhadas a governos, entais e vulnerabilidade humana, cenários futuros
ao setor privado e a organizações locais, sobre ini- e implicações a serem consideradas na elaboração
ciativas que podem ser tomadas para recuperar a de políticas, pretendem prestar uma contribuição
produtividade dos ecossistemas do mundo. substancial a esse debate.

Referências: Capítulo 1, Integração entre o meio ambiente e o desenvolvimento, 1972–2002


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