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GERÊNCIA EDUCACIONAL DE ELETRÔNICA
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM SISTEMAS DIGITAIS
Unidade de Estudos de RETIFICADORES
Prof. Fernando Luiz Mussoi

RESISTÊNCIA ELÉTRICA

1. RESISTÊNCIA ELÉTRICA
Já estudamos que a diferença de potencial (V) entre dois pontos de um material condutor
estabelece um campo elétrico (E). Os elétrons livres do material, neste campo elétrico, sofrem a
ação de forças elétricas que provocam um fluxo ordenado de cargas elétricas, dando origem à
corrente elétrica. A figura 1.1 mostra essa situação.

Figura 1.1 – Corrente elétrica num material

Este movimento ordenado dos elétrons não se dá livremente. Os elétrons livres sofrem
choques contra os átomos do material provocando liberação e absorção de energia, como ilustrado
nas figuras 1.2 e 1.3.

Figura 1.2 – Movimento dos elétrons livres não se dá livremente [Lourenço]

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Figura 1.3 – Choques dos elétrons livres com os átomos do material [Lourenço]

Esta dificuldade é uma resistência (oposição) à passagem do fluxo de cargas elétricas.


Dizemos então que:

A resistência elétrica de um material é a medida da oposição que ele oferece à passagem da


corrente elétrica.

A resistência elétrica depende do tipo de material, de suas dimensões e da sua temperatura.


O efeito da resistência num circuito é de limitador da corrente elétrica.

2. EFEITO JOULE (TÉRMICO)


É o aquecimento de um material devido à passagem da corrente elétrica, ou seja, devido aos
choques que os elétrons livres sofrem ao se deslocarem no material liberando energia térmica. É a
energia cinética das cargas em movimento transformada em energia térmica, como ilustra a figura
2.1. Portanto, o efeito Joule é provocado pela resistência elétrica do material.

Figura 2.1 – Liberação de energia térmica devido ao Efeito Joule [Lourenço]

O efeito Joule é útil em várias aplicações onde se deseja aquecimento através do uso da
corrente elétrica, como na lâmpada incandescente da figura 2.2. Porém, este aquecimento quando
indesejado é chamado de Perdas Térmicas.

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Figura 2.2 – Lâmpada incandescente baseada no Efeito Joule.

Observação: os fios metálicos que são usados nos circuitos elétricos também possuem resistência
elétrica, porém bastante baixa, algumas vezes desprezíveis.

3. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS QUANTO À RESISTÊNCIA


A resistência própria de cada material (resistê ncia específica) está associada ao número de
elétrons na camada de valência. Quanto maior o número de elétrons de valência, maior a dificuldade
de se obter portadores de carga (elétrons livres) e portanto maior a resistência (menor a condução
de corrente).
3.1. Condutores
São os materiais que apresentam até 3 elétrons de valência e apresentam muitos elétrons
livres à temperatura ambiente e, portanto, possuem baixa resistência elétrica.
3.2. Isolantes
São os materiais que apresentam muitos elétrons de valência, com esta camada praticamente
completa e estável. Assim, apresentam poucos elétrons livres à temperatura ambiente e, portanto,
possuem alta resistência elétrica.
3.3. Supercondutores
São os materiais que, sob determinadas condições como baixas temperat uras, apresentam
resistência elétrica nula. Têm a grande vantagem de não apresentarem perdas térmicas na condução
de corrente elétrica.
O fenômeno da supercondutividade foi apresentado pela primeira vez em 1911 pelo físico
holandês Kammerlingh Onnes. Ele utilizou mercúrio resfriado até a temperatura do gás Hélio
líquido, ou seja, alguns graus acima do zero absoluto (-273,15 oC).
O físico suíço Karl Alexander Muller obteve a supercondutividade utilizando uma cerâmica
com óxido de cobre a uma temperatura mais alta, 35K (aproximadamente –238oC).
A supercondutividade tem sido muito pesquisada atualmente e já se tem notícia de se obter
o fenômeno em cerâmicas a temperaturas de 123K (-150oC).
3.4. Semicondutores
Alguns cristais, como o Silício, o Germânio, o Arseneto de Gálio, entre outros, possuem a
característica de apresentarem alta resistência sob determinadas condições e baixa resistência em
outras. As propriedades desses cristais são utilizadas para a fabricação de componentes
eletrônicos como os diodos, os transistores, os circuitos integrados e os microprocessadores.

Observação: é importante lembrar que não existe nem isolante ideal nem condutor ideal em
temperatura ambiente.
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4. LEIS DE OHM
Estudando a corrente elétrica que percorre um material, George Simon Ohm relacionou
tensão, corrente, resistência elétrica de diferentes tipos de materiais com suas dimensões.
Ao ser aplicada uma dada tensão a um material de tipo e dimensões conhecidas, Ohm
verificou que neste circulava uma dada corrente, como mostra o circuito experimental da figura 4.1.

Figura 4.1 – Circuito experimental para determinação da resistência elétrica

Ao variar a tensão aplicada, Ohm verificou que a corrente também variava na mesma
proporção. Assim relacionando os vários valores de tensão aplicados e as respectivas correntes
obtidas no material, Ohm verificou que o resultado é uma constante que representa a resistência
elétrica do material.
V1 V 2 V3 V
= = = ... = n = R
I1 I2 I3 In
Ou seja:
V
R=
I
Ohm também verificou que diferentes materiais, de mesmas dimensões, apresentavam
valores diferentes para esta constante e que materiais iguais mas de diferentes dimensões também
apresentavam diferentes valores para a constante R. Com estas informações, Ohm enunciou duas
leis muito importantes para o estudo da eletricidade.

4.1 Primeira Lei de Ohm


Pelo experimento de Ohm, a relação entre o valor da tensão aplicada a um material e o valor
da corrente que percorre este material representa a sua resistência elétrica:

V
R=
I

Como a unidade de tensão é o Volt e a de corrente é o Ampère, a relação V/A é chamada de


Ohm (Ω
Ω ). Assim, quando uma tensão de 1V aplicada a um material fizer circular uma corrente de 1A,
este material apresenta uma resistência elétrica de 1Ω. É muito comum o uso dos múltiplos e
submúltiplos da unidade Ohm: mΩ, kΩ , MΩ, etc.
Matematicamente podemos verificar que:

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V = R⋅ I

Também podemos verificar que:

V
I=
R

De onde se origina o enunciado da Primeira Lei de Ohm :

A corrente elétrica que atravessa um determinado material é diretamente proporcional à


tensão nele aplicada. A constante de proporcionalidade é a resistência elétrica desse material.

A representação gráfica desta relação entre tensão e corrente é, portanto, linear (uma
reta) que passa pela origem, como mostra o gráfico da figura 4.2.

V (V)

cateto adjacente
Vn

V2 cateto oposto
V1 α
I (A)
i1 i2 in

Figura 4.2 – Relação entre tensão e corrente

Pelo gráfico da figura 4.2 podemos observar que a resistência pode ser determinada pelo
coeficiente angular da reta, ou seja:
V
R = tg α =
I

A Primeira Lei de Ohm é válida para a maioria dos materiais, os quais são chamados de
Materiais Ôhmicos. Porém, alguns materiais não seguem a relação de proporcionalidade constante
entre tensão e corrente e, portanto, são Materiais Não Ôhmicos. Dizemos que a relação entre
tensão e corrente não é linear, como mostram os gráficos da figura 4.3.

A resistência elétrica de um material pode ou não variar com a temperatura. Isto ocorre
porque, quando a temperatura aumenta, acontecem dois fenômenos que se opõem entre si:
a) as partículas do meio condutor vibram mais intensamente e, portanto, aumentam os choques
com as partículas que constituem a corrente elétrica; conseqüentemente, aumenta a
resistência à passagem da corrente.
b) um número maior de elétrons livres do material escapa de seus átomos e passam a fazer
parte da nuvem eletrônica. Com esse aumento de elétrons livres, a corrente torna-se mais
intensa, o que equivale a uma diminuição na resistência elétrica.

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Conforme a característica do material, haverá uma predominância de um efeito sobre o outro,
ou a compensação desses efeitos.
Para os materiais ôhmicos, esses dois efeitos se compensam e, portanto, a resistência
permanece constante com a variação da temperatura. Ex. resistores.
Para os materiais não ôhmicos há predominância de um efeito sobre o outro; portanto, a
resistência varia com a temperatura.

V (V) V (V)

Vn Vn

V1 V1
I (A) I (A)
i1 in i1 in

Figura 4.3 – Comportamento de materiais não ôhmicos

A Lei de Ohm pode ser usada para cada um dos pontos das curvas não ôhmicas, porém, a
resistência é diferente para cada ponto, ou seja:
V1 V Vn
= R1 , 2 = R 2 , ... , = Rn
I1 I2 In
R1 ≠ R2 ≠ ... ≠ Rn

Exemplos:
1) Num condutor com resistência elétrica aplica-se uma tensão de 180V. Qual o valor da
resistência desse condutor sabendo que a corrente que o percorre é de 15mA
V 180
R= = = 12 ⋅10 +3 = 12 kΩ
I 15 ⋅ 10 −3
2) Por um material com resistência elétrica de 1k5Ω passa uma corrente de 50mA. Qual a
tensão aplicada?
V = R ⋅ I = 1,5 ⋅10 +3 ⋅ 50 ⋅10 −3 = 75V
3) O elemento resistivo de um chuveiro tem resistência elétrica de 10 Ω. Sabendo que ele será
ligado em 220V, qual a corrente elétrica que este chuveiro absorverá?
V 220
I= = = 22 A
R 10

4.2. Segunda Lei de Ohm


Como vimos anteriormente, Ohm também verificou que diferentes materiais, de mesmas
dimensões, apresentavam valores diferentes para a resistência elétrica e que materiais iguais mas
de diferentes dimensões também apresentavam diferentes valores para a constante R.
Considere o material resistivo da figura 4.4. com um dado comprimento l e uma dada área da
seção transversal S. Ohm verificou que quanto maior o comprimento l do material, maior a
resistência elétrica. Por outro lado, quanto maior a área da seção transversal, menor a resistência
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elétrica. Ohm também verificou que materiais de mesmas dimensões, mas de diferentes tipos têm
uma característica própria que determina a sua resistência, chamada de Resistividade ρ . A
Resistividade pode ser entendida como a resistência específica do material, ou seja, a resistência
de cada material associada a uma dimensão padrão.

Figura 4.4 – Influência das dimensões na resistência elétrica

Podemos, então, enunciar a segunda lei de Ohm:

A resistência elétrica R de um material é diretamente proporcional ao produto de sua resistividade


elétrica ρ pelo seu comprimento l e inversamente proporcional à área da seção transversal A.

Matematicamente:

l
R = ρ⋅
A

Onde,
R – resistência elétrica (Ω)
l – comprimento (m)
A – área da seção transversal (m2)
ρ - resistividade (Ω.m)

A tabela I apresenta os valores de resistividade para alguns materiais.

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Tabela I
Coeficiente de
Material Resistividade ρ (Ω
Ω .m)
Temperatura α (oC-1)
Prata 1,6.10-8 0,0038
-8
Cobre 1,7.10 0,0040
Ouro 2,3.10 -8
Alumínio 2,8.10 -8 0,0039
Tungstênio 5.10-8 0,0048
-8
Bronze 7.10
Latão 8.10-8
Ferro 10.10-8 0,0050
Chumbo 22.10-8
Constantan 50.10-8
Mercúrio 95.10-8
Níquel-Cromo 110.10 -8 0,00017
Carbono 3500.10-8 -0,00045
Água Pura 2,5.10 +3
Porcelana 3.10+12
Vidro 1.10 +13
Mica 10+13 a 10+15
Âmbar 10+16 a 10+17

Exemplos:
1) Dois fios de cobre têm as seguintes dimensões: fio 1, 30m de comprimento e diâmetro de
2mm; fio 2, 15m de comprimento e diâmetro de 1mm. Qual dos dois possui maior resistência
elétrica?
l 30
R1 = ρ ⋅ = 1,7 ⋅10 −8 ⋅ 2
= 0 ,16234 Ω = 162 ,34 mΩ
A  2 ⋅10 −3 
π ⋅  
 2 

l 15
R2 = ρ ⋅ = 1,7 ⋅ 10 −8 ⋅ 2
= 0,324676 Ω = 324 ,67 mΩ
A  1 ⋅ 10 −3 
π ⋅  
 2 
concluímos que o fio 2, apesar de mais curto tem maior resistência porque é mais fino (menor
bitola).

2) Determine o comprimento de um fio resistivo de níquel-cromo de 2mm de diâmetro, cuja


resistência é de 100Ω.
2
 2 ⋅ 10 −3 
100 ⋅ π ⋅  
R⋅A  2 
l= = = 285 ,6 m
ρ 110 ⋅ 10 −8

4.3. Influência da Temperatura na Resistência


A dilatação ou contração com a variação da temperatura muda a energia cinética
(mobilidade) dos elétrons livres do material, alterando a sua resistividade. Dessa forma, a
temperatura ambiente influencia o valor da resistência elétrica e deve ser uma consideração
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importante em projetos para condições de operação adversas, como projetos aeroespaciais,
ambientes quentes e confinados, etc.
Nos metais puros a resistividade aumenta com a temperatura, segundo uma lei análoga à da
dilatação dos materiais:

ρ = ρ 0 ⋅ (1 + α ⋅ ∆T )

Onde:
ρ - resistividade do material a uma dada temperatura (Ω.m)
ρ0 – resistividade padrão do material a 20oC (Ω.m)
α - coeficiente de temperatura do material (oC-1)
∆T – variação de temperatura, ∆T=Tf – T0 (oC)

Multiplicando ambos os lados da equação anterior por l/A, obtemos:


l l
ρ⋅ = ρ 0 ⋅ ⋅ (1 + α ⋅ ∆T )
A A
Então;

R = R0 ⋅ (1 + α ⋅ ∆T )

Onde:
R - resistência do material a uma dada temperatura (Ω .m)
R0 – resistência padrão do material a 20oC (Ω .m)
α - coeficiente de temperatura do material ( oC-1)
∆T – variação de temperatura, ∆T=Tf – T0 (oC)

Como vimos, nos metais puros a resistência aumenta com o aumento da temperatura porque o
coeficiente de temperatura é positivo (α>0). Isto se justifique porque o aumento da temperatura
aumenta a agitação das partículas do metal, oferecendo maior dificuldade à circulação da corrente
(mais choques dos elétrons livres com os átomos).
No Grafite e nos condutores eletrolíticos a resistividade (e conseqüentemente a resistência)
diminui com o aumento da temperatura porque o coeficiente de temperatura é negativo (α<0). Isto
se justifica porque o aumento da temperatura proporciona um grande aumento dos portadores de
carga (elétrons livres) responsáveis pela condução, correspondendo a uma diminuição da resistência
elétrica.
Em certos materiais, como o Níquel-Cromo, o Constantan, entre outros, o coeficiente de
temperatura é praticamente nulo (α≅0), o que faz com que a resistência e a resistividade sejam
praticamente constantes para variações de temperatura.

Exemplos:
1) Determinar a resistência a 20 oC e a 250 oC para um fio de cobre de 2m de comprimento e
diâmetro de 0,5mm.
l 2
R20 = ρ 20 ⋅ = 1,7 ⋅ 10 −8 ⋅ 2
= 0,173 Ω
A  0 ,5 ⋅10 −3 
π ⋅  
 2 
ρ 250 = ρ 20 ⋅ [1 + α ⋅ (T250 − T 20 )] = 1,7 ⋅10 ⋅ [1 + 0,004 ⋅ (250 − 20 )] = 3,264 ⋅ 10 − 8 Ω ⋅ m
−8

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l 2
R250 = ρ 250 ⋅ = 3,264 ⋅ 10 −8 ⋅ 2
= 0,332 Ω
A  0 ,5 ⋅ 10 −3 
π ⋅  
 2 

5. MEDIÇÃO DA RESISTÊNCIA:
O instrumento usado para a medição da resistência elétrica é chamado de Ohmímetro.
Existem dois tipos de ohmímetros: analógico e digital. A figura 5.1 mostra a simbologia para um
ohmímetro e a figura 5.2 mostra os ohmímetros analógico e digital, ambos integrados ao chamado
multímetro, instrumento usado para vários tipos de medições.

+ Ω -

Figura 5.1 – Símbolo de um ohmímetro.

5.2 – Ohmímetro integrado ao multímetro Anal ógico e Digital [Chiquetto].

Para se fazer a medição da resistência elétrica com um ohmímetro, deve-se conectar os seus
terminais aos terminais do dispositivo que ser quer medir. É importante que este dispositivo esteja
desconectado do circuito ao qual pertence (pelo menos um terminal) para que não sejam
introduzidos erros na medição.
A escolha da escala de medição deve ser feita baseada na ordem de grandeza da resistência
que se quer medir.
Os ohmímetros digitais dispensam calibração da escala, porém, os analógicos devem sempre
ser calibrados antes da medição. A calibração deve ser feita conectando-se ambas as ponteiras de
medição e ajustando a indicação de zero ohm na escala do ohmímetro. Feito isso, pode -se proceder
a medição. É importante observar que as escalas dos ohmímetros analógicos são invertidas, isto é,
os valores aumentam para a esquerda e não para a direita como era de se esperar. O valor mais à
esquerda representa uma resistência infinita (∞Ω) e mais à direita uma resistência nula (0Ω). Além
disso, a variação não é linear mas logarítmica, como mostra a figura 5.3.

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Figura 5.3 – Escala de um ohmímetro analógico [Lourenço].

6.CONDUTÂNCIA E CONDUTIVIDADE
A Condutância Elétrica G expressa a facilidade com que a corrente elétrica circula através
de um material. A Condutância é, portanto, o inverso da Resistência Elétrica.

1
G=
R

A unidade de Condutância é o Siemens (S ou Ω -1).

De forma análoga, a Condutividade Elétrica σ expressa a condutância própria ou específica


dos materiais. A Condutividade é, portanto, o inverso da Resistividade Elétrica.

1
σ=
ρ

A unidade de Condutividade é o Siemens por metro (S/m).

7. POTÊNCIA E ENERGIA ELÉTRICA


As cargas elétricas ao se movimentarem ordenadamente nos materiais (corrente elétrica)
realizam trabalho elétrico. Este trabalho elétrico produz os efeitos elétricos estudados: térmico,
magnético, luminoso, químico e fisiológico. Portanto, o objetivo dos dispositivos elétricos é
aproveitar o trabalho da força elétrica sobre os portadores de carga elétrica.
Sabemos do estudo da física que trabalho é a energia transformada, associada ao
movimento. Ou seja, a energia é a capacidade de realizar trabalho.
Dessa forma, a Potência é definida como a velocidade com que essa energia é
transformada, ou seja é a relação entre a variação da energia (trabalho) e o intervalo de tempo em
que ocorre:
∆ω
P=
∆t

Como a unidade de trabalho e energia é o Joule (J) e a de tempo o Segundo (s) a unidade de
potência é J/s também chamada de Watt (W). Portanto, 1 Watt é a potência que faz com que seja
realizado um trabalho de 1 Joule no intervalo de tempo de 1 segundo.

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Nos circuitos elétricos a energia potencial da fonte de tensão é transformada em energia
cinética no movimento dos elétrons (corrente elétrica) que, por sua vez, é transformada em energia
térmica num elemento resistivo, como demonstra a figura 7.1.
Dessa forma podemos entender que:
Potência Elétrica é a velocidade com que se consome ou se fornece energia para realizar um
trabalho e produzir um efeito elétrico.

Figura 7.1 – realização de trabalho elétrico pela transformação da energia [Lourenço]

Do estudo da eletrostática sabemos que o potencial elétrico é a relação entre trabalho


realizado para deslocar uma carga e o valor desta carga elétrica, ou seja:
ω
V= ∴ω = V ⋅ q
q
E

∆Q ∆Q

V1 V2

Figura 7.2 – fluxo de cargas num condutor sob ddp.

Analisando um fluxo de cargas que atravessa uma seção de um condutor, orientado por um
campo elétrico criado por uma diferença de potencial elétrico (V1 – V2), como mostra a figura 7.2,
temos:
∆ω = (∆Q ⋅V1 ) − (∆Q ⋅ V2 ) = ∆Q ⋅ (V1 − V2 ) = ∆Q ⋅V
Dividindo ambos os lados desta equação pelo intervalo de tempo ∆t obtém-se:
∆ω ∆Q
= ⋅V
∆t ∆t
∆Q ∆ω
Sabendo-se que I = e que P = concluímos que:
∆t ∆t

P =V ⋅I

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A Potência Elétrica entre dois pontos de um circuito elétrico é o produto da tensão pela corrente
entre esses dois pontos.

Como a unidade de tensão (Volt) é J/C e a de corrente (Ampère) é C/s podemos verificar
que o produto V.A dá J/s o que corresponde à unidade Watt. Também podemos dizer que se uma
tensão de 1V produzir uma corrente de 1A entre dois pontos de um circuito elétrico, temos aí uma
potência dissipada de 1W.
O termo Potência Dissipada é usado no sentido de consumir, geralmente para o efeito
térmico ou seja, Potência Térmica Dissipada.
Sabendo-se que V = R ⋅ I temos:
P = V ⋅ I = (R ⋅ I ) ⋅ I
P = R⋅I 2

Como I=V/R, temos:


V 
P = V ⋅ I = V ⋅ 
R
V2
P=
R

∆ω
Como sabemos que a relação entre energia e tempo é a potência elétrica P = , podemos
∆t
então concluir que a Energia Elétrica consumida ou fornecida (En) é o produto da Potência
Elétrica pelo intervalo de tempo:

En = P ⋅ ∆t
A unidade de Energia Elétrica pode ser o Joule (J) ou também o Watt-segundo (Ws). Ambas
são pouco usadas porque são unidades muito pequenas. Normalmente se utiliza o produto da
potência em quilowatts (kW) pelo tempo em horas (h) resultando a unidade mais comum de energia
elétrica: o Quilowatt-hora (kWh). Esta é a unidade usada pelas concessionárias para tarifar a
energia que consumimos em nossas casas.
A tabela II apresenta algumas equivalências entre diferentes unidades de energia e
potência.

Tabela II – Equivalência entre diferentes unidades de Energia e Potência


1kWh 3,6.10 6J
1cal 4,1868J
1HP 746W
1CV 736W

Exemplos:
1) Um chuveiro elétrico está ligado a uma tensão de 220V. A corrente que ele absorve é 20A.
a. Determine a potência elétrica dissipada por esse chuveiro:
P = V ⋅ I = 220 ⋅ 20 = 4400 W
b. O valor da sua resistência elétrica:
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V 2 220 2
R= = = 11Ω
P 4400
c. A energia elétrica em kWh e em J consumida em 30 dias considerando um uso diário
de 30min:
∆ t = 30 dias ⋅ 0, 5h / dia = 15 h
15 h ⋅ 3600 s = 54000 s
En = P ⋅ ∆t = 4,4 kW ⋅15 h = 66 kWh
En = P ⋅ ∆t = 4400 W ⋅ 3600 s = 237 .600 .000 J
d. O gasto com o uso do chuveiro, considerando R$0,25/kWh:
Custo = En (kWh) ⋅ R$ / kWh = 66 kWh ⋅ 0,25 R$ / kWh = R$16 ,50

2) Um dado elemento resistivo (resistor) possui uma resistência conhecida de 20Ω e uma
potência nominal máxima de 5W. Determine qual a máxima tensão que pode a ele ser aplicada
de tal forma que não exceda sua capacidade máxima de dissipação térmica:
V2
P= ∴V 2 = P ⋅ R ∴V = P ⋅ R = 20 ⋅ 5 = 100 = 10W
R

8. RESISTORES:
Os resistores são dispositivos de dois terminais fabricados para apresentarem um
determinado valor de resistência, chamada resistência nominal.
Veja apostila sobre Resistores.

Figura 8.1 – resistores com código de cores.

9. CARGA E SOBRECARGA

Diferentemente do estudo da eletrostática, na eletrodinâmica chamamos de carga elétrica a


todo o dispositivo ou conjunto de dispositivos que consomem energia elétrica, ou seja, dissipam
potência elétrica. Quanto maior a carga elétrica maior a sua potência elétrica dissipada. Como nos
mostra a equação P = V ⋅ I , para uma dada tensão, quanto maior a carga elétrica, maior a potência
elétrica e, portanto, maior a corrente elétrica.
Num circuito elétrico, quando a potência dissipada pelo(s) dispositivo(s) e, conseqüentemente
a corrente ultrapassarem um determinado limite preestabelecido, dizemos que há uma sobrecarga.
Uma sobrecarga pode ser provocada por uma redução da resistência elétrica do circuito ou uma
elevação da tensão aplicada.

Sobrecarga é um aumento indesejável na corrente elétrica de um circuito.

É fundamental que todos os circuitos sejam protegidos contra sobrecargas. Para tanto
existem os dispositivos de proteção que serão estudados.

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10. DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO
Os fusíveis constituem a proteção mais tradicional dos circuitos elétricos contra aumentos
indesejáveis de corrente (sobrecargas). Sua operação, baseada no Efeito Joule, consiste na fusão
do elemento fusível contido no fusível. O elemento fusível é o ponto fraco do circuito pois é
constituído de um condutor de pequena seção transversal que sofre, devido à sua alta resistência,
um aquecimento maior que o dos outros condutores à passagem da corrente elétrica. Para uma
relação adequada entre seção do elemento fusível e a do condutor protegido, ocorrerá a fusão do
metal do elemento quando o condutor atingir uma temperatura próxima da máxima admissível.
O elemento fusível é um fio ou uma lâmina, geralmente de cobre ou liga metálica (à base de
chumbo ou estanho), colocado no interior do corpo do fusível, em geral cerâmico, de vidro ou
plástico. A figura 10.1 mostra a aparência de alguns tipos de fusíveis. Se o corpo não for
translúcido, um indicador permite verificar se o fusível atuou, pois uma mola é liberada após o
rompimento do elemento fusível. Esta mola desloca uma pequena plaqueta ou pino antes preso ao
corpo do fusível.

Figura 10.1 – (a) fusível tipo rolha rosqueável; (b) fusível tipo cartucho de vidro.

A figura 10.2 mostra as duas simbologias mais comuns para fusíveis.

Figura 10.2 – símbolos usuais para fusíveis.

Alguns fusíveis contêm em seu interior, envolvendo todo o elemento fusível, um material
granulado (areia de quartzo) extintor do arco voltaico (faísca), como é o caso dos fusíveis
apresentados na figura 10.3.

Figura 10.3 - Fusíveis ultra rápidos tipo Silized e Sitor da Siemens

O elemento fusível pode ter diversas formas. Em função da corrente nominal do fusível, ele
compõe-se de uma ou mais fios ou lâminas paralelas, com trecho(s) de seção reduzida. Em alguns
elementos fusíveis, chamados de retardados existe um material adicional, cuja temperatura de
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fusão é bem menor que a do elemento, caracterizando um atraso (retardo) que permite atender
certas aplicações, como por exemplo a corrente de partida de motores elétricos. As figuras 10.4 e
10.5 mostram dois tipos muitos usados para instalações elétricas industriais.

Figura 10.4 - Fusível Diazed Siemens: (1) contat o superior; (2) elo fusível; (3) corpo cerâmico; (4)
areia de quartzo; (5) contato inferior.

Figura 10.5 - Fusível e Base NH Siemens: (1) contatos; (2) elo fusível; (3) corpo cerâmico; (4) areia
de quartzo; (5) indicador de estado; (6) terminal de conexão; (7) base.

Os Disjuntores Termo-magnéticos, mostrados na figura 10.6, também são elementos muito


usados nas instalações elétricas. Além de serem usados para manobra (chaveamento) apresentam
dois tipos de proteção para os circuitos elétricos:
• térmica: contra sobrecargas, ou seja, elevações anormais e duradouras da corrente no circuito
elétrico. Funciona baseada num elemento bimetálico que aquece por sobrecorrente e desarma o
mecanismo de chaveamento.
• magnética: contra curto-circuitos, ou seja, elevações grandes e abruptas da corrente no
circuito elétrico. Funciona baseado num elemento eletromagnético (eletroímã) que atuas por
sobrecorrentes elevadas e desarma o mecanismo de chaveamento.
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Figura 10.6 - Disjuntor 5SM – Siemens: (1) Lâmina bimetálica de sobrecarga; (2) bobina
eletromagnética de curto-circuito; (3) manopla de acionamento; (4) contatos; (5) câmara de
extinção; (6) fixação rápida por engate sobre trilho.

A figura 10.7 mostra a simbologia usual para disjuntores.

Figura 10.7 – símbolo do disjuntor.


Exemplo:
Um aquecedor elétrico de 1500W será ligado a uma tensão de 220V e deverá ser protegido por um
fusível que admita uma sobrecarga máxima de 20%. Determine o fusível adequado sabendo que os
valores comerciais disponíveis para o fusível a ser usado são 5; 7; 8; 9;10A.
Determinação da corrente nominal:
P 1500
I nom = = = 6 ,82 A
V 220
Determinação da corrente máxima de sobrecarga (20% maior):
I max = 1,2 ⋅ 6,82 = 8,18 A
O fusível adequado deverá ser o de 8A pois se usarmos o de 9, a sobrecarga máxima será excedida.

11. ELEMENTOS DOS CIRCUITOS ELÉTRICOS


Circuito elétrico é um sistema constituído por, pelo menos, um dispositivo que estabelece e
mantém uma tensão (ddp), um dispositivo que consome energia e pelos fios condutores que
interligam um ao outro.
Um bipolo elétrico é qualquer dispositivo elétrico que possui dois pólos ou terminais que,
interligados a outros bipolos formarão um circuito elétrico.

11.1 Bipolo Gerador


Um bipolo gerador é aquele capaz de transformar um tipo qualquer de energia em energia
elétrica, estabelecendo e mantendo uma tensão e sendo capaz de fornecer corrente elétrica. É um
elemento ativo de um circuito. Como já estudado na eletrostática, o gerador não cria cargas
elétricas, apenas mantém o seu deslocamento através de um aumento da energia potencial das

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cargas que o atravessam. Como exemplos podemos citar as pilhas e baterias eletroquímicas,os
alternadores eletromagnéticos, entre outros.

Num bipolo gerador a corrente é fornecida pelo pólo positivo.

A figura 11.1 apresenta a polaridade e o sentido da corrente num bipolo gerador.


I
- +

V
Figura 11.1 – Polaridade e sentido da corrente no bipolo gerador.

11.2 Bipolo Receptor

Um bipolo receptor é aquele que transforma energia elétrica em outro tipo de energia,
proporcionando uma queda de tensão (potencial) e absorvendo corrente elétrica. É um elemento
passivo de um circuito. Como exemplo podemos citar os resistores, motores, lâmpadas
fluorescentes, etc.

Num bipolo receptor a corrente é absorvida pelo pólo positivo.

A figura 11.2 apresenta a polaridade e o sentido da corrente num bipolo receptor.


I
- +

V
Figura 11.2 – Polaridade e sentido da corrente no bipolo receptor.

Observação: um bipolo gerador pode se comportar como um bipolo receptor em função do sentido
da corrente a ele imposto pelo circuito. Nesse caso podemos considerar este bipolo como um
receptor ativo. Isso ocorre, por exemplo, em baterias e pilhas sendo carregadas pois estão
absorvendo corrente. Entretanto, um receptor nunca poderá se comportar como gerador.

11.3 Ramo de Circuito


Um ramo de um circuito elétrico é um trecho composto por um ou mais bipolos interligados
por condutores elétricos, sem que haja nós entre as suas extremidades, como mostra a figura 11.3.

Figura 11.3 – ramo de circuito composto por 3 bipolos.

11.4 Nó de Circuito

Um nó de um circuito elétrico é uma interligação de 3 ou mais ramos, como mostra a figura


11.4.
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Figura 11.4 – nó de um circuito composto por 3 ramos.

11.5 Percurso Fechado


Um percurso fechado é qualquer caminho possível para a circulação de uma corrente elétrica
num circuito, como mostra a figura 11.5.

Figura 11.5 – percurso fechado num circuito elétrico.

11.6 Malha de Circuito


Uma malha de circuito elétrico é qualquer percurso fechado que não contenha nenhum ramo
no seu interior.

Exemplo:
Determine o número de cada tipo de elemento do circuito da figura 11.6.

Bipolos: 7 (2 geradores e 5 receptores)


Ramos: 3
Nós: 3
Percursos Fechados: 3
Malhas: 2

Figura 11.6 – circuito para o exemplo

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11.7 Dispositivos de Manobra
São as chaves e interruptores que permitem ou não a circulação da corrente nos circuitos
elétricos. A simbologia usual está apresentada na figura 11.7.

Figura 11.7 – símbolos para interruptores.

11.8 Dispositivos de Proteção


Conforme estudado são os dispositivos responsáveis pela proteção dos circuitos elétricos.

11.9 Dispositivos de Controle e Indicação


São utilizados nos circuitos elétricos para medir e indicar as grandezas elétricas existentes
entre dois pontos de um circuito. Os dispositivos de controle e indicação mais usados são os
voltímetros, amperímetros e wattímetros.

11.10 Condutores
São os elementos responsáveis pelas conexõe s entre os dispositivos que integram um circuito
elétrico.
Os condutores, como qualquer outro material possui resistência elétrica e aquece quando
percorrido por corrente elétrica. Essa resistência é função das suas dimensões (bitola e
comprimento) e qualidade do material usado. Portanto, um condutor tem limite de corrente e, é em
função desse limite que a proteção deve ser dimensionada. Esse limite de corrente é chamado de
Ampacidade do condutor.
Por outro lado, para o estudo da maioria dos circuitos, como os que estudaremos a partir de
agora, os condutores podem ser considerados ideais, ou seja, com resistência elétrica desprezível.

12. ASSOCIAÇÕES DE RESISTORES


Associações de resistores são circuitos compostos resistores interligados entre si com um
ou mais dos seguintes objetivos:
• obter um valor de resistência diferente (maior ou menor) do que a fornecida por um único
resistor de valor comercial disponível;
• dividir a corrente em mais de um ramo de um circuito elétrico para obter diferentes valores de
corrente;
• dividir a tensão num ramo de um circuito elétrico para obter diferentes valores de tensão.
Há três tipos de associações de resistores: série, paralela e mista.
Ao valor de resistência resultante de uma associação chamamos de Resistência Equivalente
pois um resistor com esse valor pode substituir todos os resistores da associação, produzindo o
mesmo efeito para o circuito elétrico.
12.1. Associação Série
A associação série de resistores se caracteriza por ter “n” resistores ligados um após o
outro numa seqüência, daí o nome da associação, como mostra a figura 12.1.

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If

V1 V2 V3 Vn
Vf

If
+ +

Figura 12.1 – associação série de n resistores e o circuito equivalente.

Da figura 12.1 podemos observar:


• a associação série fornece um único caminho para a corrente elétrica pois o circuito possui uma
única malha e nenhum nó. Portanto, todos os resistores são percorridos pela mesma corrente
fornecida pela fonte de tensão. Assim:

I f = I1 = I 2 = I 3 = L = I n

• a associação série proporciona uma divisão de tensão, ou seja, cada resistor provoca uma queda
de tensão que é função da sua resistência. Assim:

V f = V1 + V2 + V3 + L + Vn

Para entendermos como ocorre a queda de tensão podemos usar uma analogia: temos um
prédio que possui elevador e escadarias. O elevador é usado para subir e as escadas para descer. O
elevador é considerado a fonte de tensão pois é capaz de elevar o potencial (tensão). O número de
degraus por andar nas escadas corresponde às resistências elétricas da associação série. Quanto
mais degraus maior resistência (maior dificuldade) e, portanto, maior queda de tensão (mais se
desce). Assim, a soma das quedas de tensão por andar (por resistência) é igual ao total de degraus
(tensão total).
Como sabemos que V = R.I e substituindo na equação anterior:
V f = R1 ⋅ I 1 + R 2 ⋅ I 2 + R3 ⋅ I 3 + L + Rn ⋅ I n
Sabendo que a corrente em todos os resistores da associação é a mesma fornecida pela
fonte, temos:
V f = R1 ⋅ I f + R2 ⋅ I f + R3 ⋅ I f + L + Rn ⋅ I f
V f = I f ⋅ (R1 + R 2 + R3 + L + Rn )
Vf
= (R1 + R2 + R3 + L + R n )
If
A relação entre a tensão da fonte e a corrente por ela forne cida é a resistência equivalente
do circuito. Então:

Req = R1 + R 2 + R3 + L + R n

Generalizando:

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n
Req = ∑R
i =1
i

Concluímos, portanto que:

A resistência equivalente de uma associação em série de resistores é dada pela soma das
resistências da associação.

Exemplo 12.1:
Para o circuito da figura 12.2, determine:
a) a resistência equivalente da associação;
b) a corrente total fornecida pela fonte;
c) a corrente em cada resistor;
d) a tensão em cada resistor;
e) a potência elétrica total na fonte.

Figura 12.2 – circuito série para o exemplo 12.1.

a) determinação da resistência equivalente: é dada pela soma das resistências da associação.


Req = R1 + R2 + R 3 = 40 + 50 + 10 = 100 Ω
b) determinação da corrente fornecida pela fonte: é dada pela relação entre a tensão aplicada
e a resistência equivalente.
Vf 200
If = = = 2A
Req 100
c) determinação da corrente nos resistores: como a associação é série, todos os resistores são
percorridos pela mesma corrente fornecida pela fonte.
I1 = I 2 = I 3 = I f = 2 A
d) determinação da tensão em cada resistor: é dada pelo produto entre a sua resistência e a
corrente que o atravessa.
V1 = R1 ⋅ I 1 = 40 ⋅ 2 = 80V
V2 = R2 ⋅ I 2 = 50 ⋅ 2 = 100V
V3 = R3 ⋅ I 3 = 10 ⋅ 2 = 20V
V1 + V2 + V3 = 80 + 100 + 20 = 200V = V f
e) determinação da potência elétrica na fonte: é dada pelo produto da sua tensão pela sua
corrente.
Pf = V f ⋅ I f = 200 ⋅ 2 = 400W

12.2. Associação Paralela


A associação paralela de resistores se caracteriza por ter “n” resistores ligados um ao lado
do outro, daí o nome da associação, como mostra a figura 12.3.
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If

+
Vf Vf
I1 I2 I3 In
If

Figura 12.3 – associação paralela de n resistores e o circuito equivalente.


Da figura 12.3 podemos observar:
• todos os resistores da associação paralela têm os seus terminais ligados diretamente aos
terminais da fonte, o que faz com que todos eles estejam submetidos à tensão da fonte. Assim:

V f = V1 = V2 = V3 = L = V n

• a associação paralela proporciona uma divisão de corrente pois há vários caminhos para a
corrente elétrica já que o circuito possui várias malhas e mais de um nó. Portanto, a corrente
que a fonte fornece deve suprir a necessidade de corrente de todos os resistores. Assim:

I f = I1 + I 2 + I 3 + L + I n

V
Sabemos que I = , então podemos substituir na equação anterior:
R
V V V V
I f = 1 + 2 + 3 + L+ n
R1 R2 R3 Rn
Como todos os resistores estão submetidos à mesma tensão, então:
Vf Vf Vf Vf
If = + + +L+
R1 R2 R3 Rn
 1 1 1 1 
I f = V f ⋅  + + + L+ 
 R1 R2 R3 Rn 
If 1 1 1 1
= + + +L+
Vf R1 R 2 R3 Rn
A relação entre a tensão da fonte e a corrente da fonte é a resistência equivalente do
Vf
circuito, ou seja, Req = . Invertendo esta equação e substituindo, temos:
If

1 1 1 1 1
= + + +L+
Req R1 R2 R3 Rn

Generalizando:

1 n
 1 
= ∑  
Req i =1  Ri 

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Concluímos, portanto, que:

A resistência equivalente de uma associação de resistores em paralelo é o inverso da soma dos


inversos das resistências da associação.

Observação:
• Para cada dois (e somente dois) resistores em paralelo, podemos determinar a resistência
equivalente pela razão entre o produto das duas resistências pela soma delas:
R1 ⋅ R 2
Req =
R1 + R 2

• Para n resistores iguais (e somente iguais) em paralelo, podemos determinar a resistência


equivalente dividindo-se o valor de um desses resistores pelo número de resistores iguais em
paralelo:
Ri
Req =
n

Exemplo 12.2:
Para o circuito da figura 12.4, determine:
a) a resistência equivalente da associação;
b) a corrente total fornecida pela fonte;
c) a tensão em cada resistor;
d) a corrente em cada resistor;
e) a potência elétrica total na fonte.

Figura 12.4 – circuito paralelo para o exemplo 12.2.

a) determinação da resistência equivalente:


1 1 1 1 1 1 1 5 + 4 + 20 29
= + + = + + = =
Req R1 R2 R3 40 50 10 200 200
200
Req = = 6,9Ω
29
b) determinação da corrente total fornecida pela fonte:
Vf 200
If = = = 29 A
R eq 6,9
c) determinação da tensão nos resistores:
V1 = V2 = V3 = V f = 200V
d) determinação da corrente nos resistores:
V1 200
I1 = = = 5A
R1 40
V 200
I2 = 2 = = 4A
R2 50
V 200
I3 = 3 = = 20 A
R3 10
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I1 + I 2 + I 3 = 5 + 4 + 20 = 29 A = I f
e) determinação da potência total fornecida pela fonte:
Pf = V f ⋅ I f = 200 ⋅ 29 = 5800 W

12.3. Associação Mista


A associação mista é composta por resistores associados em série e em paralelo nas mais
diversas configurações. Não há um procedimento preestabelecido para resolver esse tipo de
circuito, pois deve ser analisado parte por parte. Algumas dicas:
• identificar os nós do circuito: entre dois nós há pelo menos uma associação paralela;
• identificar as malhas do circuito: numa malha há pelo menos uma associação série;
• resolver primeiramente os menores trechos que podem ser facilmente identificados como
associação série e paralela;
• redesenhar o circuito passo a passo a medida que as associações parciais forem sendo
substituídas por resistores equivalentes parciais.
• repita os processos anteriores até encontrar a resistência equivalente total.

Exemplo 12.3.
Para o circuito da figura 12.5, determine:
a) a resistência equivalente da associação;
b) a corrente total fornecida pela fonte;
c) a tensão em cada resistor;
d) a corrente em cada resistor;
e) a potência elétrica total na fonte.

Figura 12.5 – circuito misto para o exemplo 12.2.

a) determinação da resistência equivalente: no circuito há dois nós e entre eles uma associação
paralela entre R1 e R3 que deve ser resolvida em primeiro lugar.
R1 ⋅ R 2 40 ⋅ 10 400
R13 = = = = 8Ω
R1 + R2 40 + 10 50
Redesenhando o circuito teremos uma associação em série de R2 com o equivalente parcial
R13, como mostra a figura 12.6. Assim:
Req = R2 + R13 = 50 + 8 = 58Ω

Figura 12.6 – circuito do figura 12.5 simplificado.

b) determinação da corrente total:

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Vf 200
If = = = 3,45 A
Req 58
c) e d) determinação da tensão e da corrente em cada resistor: esta etapa deve ser feita
conjuntamente, analisando- se o circuito. Percebemos que a corrente fornecida pela fonte é
a mesma que atravessa o resistor R2 e o parcial R13 porque estão em série, como mostra a
figura 12.6. Então:
I 2 = I 13 = I f = 3,45 A
Assim, podemos determinar a tensão nessas resistências:
V2 = R 2 ⋅ I 2 = 50 ⋅ 3,45 = 172 ,5V
V13 = R13 ⋅ I 13 = 8 ⋅ 3,45 = 27 ,5V
Analisando a figura 12.6 e 12.5 verificamos que a tensão entre os dois nós é 27,5V, portanto:
V13 = V1 = V3 = 27 ,5V
V 27 ,5
I1 = 1 = = 0,69 A
R1 40
V 27 ,5
I3 = 3 = = 2,75 A
R3 10
e. determinação da potência fornecida pela fonte:
Pf = V f ⋅ I f = 200 ⋅ 3,45 = 690W

13. LEITURA COMPLEMENTAR:


13.1. Mau Contato Elétrico [Chiquetto]
Um dos problemas mais comuns em circuitos elétricos é o mau contato. Ele pode ocorrer em
qualquer ponto do circuito no qual haja contanto entre dois condutores, por exemplo, numa emenda
de fios, num interruptor, num soquete de lâmpada, etc.
Geralmente o mau contato é provocado por fixação inadequada, devido a um parafuso mal
apertado, uma mola enfraquecida num interruptor, uma lâmpada mal rosqueada, etc.
O grande problema do mau contato é que, se não for corrigido, sempre tende a piorar.
Um ponto de mau contato sempre apresenta maior resistência elétrica que o resto dos
condutores do circuito. Isso quer dizer que todo mau contato é um ponto de produção de calor
(efeito Joule).
Sabemos, do estudo da Química, que a velocidade das reações químicas sempre aumenta com
o aumento da temperatura. Como todos os metais se oxidam, isto é, reagem como o oxigênio do ar,
formam óxidos que se depositam em suas superfícies. A velocidade dessa reação, para o cobre, é
muito baixa à temperatura ambiente, mas cresce na região do mau contato, devido à temperatura
maior. Os óxidos que se formam são isolantes, o que aumenta mais a resistência elétrica no ponto de
mau contato. Com isso a temperatura aumenta ainda mais, o que acelera a oxidação. Cria-se, então,
um ciclo vicioso que só torna o problema mais grave.
Esse problema é mais crítico em circuitos nos quais a intensidade da corrente é elevada,
como nos chuveiros elétricos. Um mau contato no fio de um chuveiro elétrico vai fatalmente evoluir
até que o revestimento dos fios e os isolantes comecem a se queimar. Por isso, um mau contato deve
ser corrigido imediatamente.
O mau contato é perigoso pois, não produzindo sobrecarga de corrente, não provoca
operação da proteção (fusíveis ou disjuntores). Um mau contato num ponto de alta corrente pode
produzir um incêndio sem que a proteção atue.
Resistência Elétrica Prof. Fernando Luiz Mussoi 26
14. SUGESTÕES DE LEITURA:
Além das referências bibliográficas recomenda-se também a leitura de outros livros,
revistas técnicas e a busca por informações em páginas específicas da Internet. Algumas
sugestões:
PARANÁ, D. N. Física Eletricidade – Volume 3. São Paulo: Editora Ática, 1993.
LOURENÇO, A. C. et alli. Circuitos em Corrente Contínua. Série Estude e Use. São Paulo: Editora
Érica, 1996.
HALLIDAY, D. e RESNICK, R. Fundamentos de Física – Volume 3. Rio de Janeiro: Editora Livros
Técnicos e Científicos, 1996.
Sites na Internet e revistas sobre o assunto.

15. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BONJORNO, J. R. et alli. Física 3. São Paulo: Editora FTD, s.d.


CHIQUETTO, M., VALENTIN, B. e PAGLIARI, E. Aprendendo Física 3. São Paulo: Editora
Scipione, 1996.
LOURENÇO, A. C. et alli. Circuitos em Corrente Contínua. Série Estude e Use. São Paulo: Editora
Érica, 1996.
TIPLER, P. A. FÍSICA 2. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Dois, 2 ed., 1984.
SIEMENS. Instalações e equipamentos de manobra e proteção em baixa tensão.
SIEMENS. Compilado para instalações elétricas. São Paulo: 1996.

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