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1ª Edição Eletrônica
Junho de 2012
Tradução do livro
Pondicherry, India
Temos também a esperança de que, desta forma, muitas pessoas que ain-
da não conhecem estes ensinamentos venham a descobri-los e talvez utili-
zá-los em suas vidas, assim contribuindo com a aceleração da evolução da
Consciência em nosso mundo.
Savitri III.2
10
Savitri, III.2
Os Três Modos de Ser da Mãe 11
Aquela a quem adoramos como a Mãe, é a divina Força Consciente que domina
toda a existência: única, ela é ao mesmo tempo tão múltipla que é impossível seguir
seu movimento, mesmo para a mente mais veloz e a inteligência mais livre e mais
vasta. A Mãe é a Consciência e a Força do Supremo, e está muito acima de todas as
suas criações. Mas algo de seus caminhos pode ser visto e sentido através de suas
encarnações e através do temperamento e da ação mais palpáveis — porque mais
definidos e limitados — das formas das Deusas nas quais ela consente em se manifes-
tar às suas criaturas.
Há três modos de ser da Mãe dos quais você pode se tornar consciente quando
entra em relação de unicidade com a Força consciente que nos sustenta e sustenta o
universo. Transcendente, a suprema Shakti original, ela está acima dos mundos e liga
a criação ao mistério sempre não-manifestado do Supremo. Universal, a Mahashakti
cósmica, ela cria todos estes seres e contém, penetra, sustenta e conduz todos estes
milhões de processos e forças. Individual, ela encarna o poder desses dois modos
mais vastos de sua existência, torna-os vivos e próximos a nós, e media entre a per-
sonalidade humana e a Natureza divina.
A Mãe Transcendente
A Mãe Universal
A Mãe Individual
A Mãe não só governa tudo de cima, mas ela desce para dentro deste triplo uni-
verso inferior. Impessoalmente, todas as coisas aqui, mesmo os movimentos da Igno-
rância, são ela própria em poder velado e suas criações em substância reduzida, sua
Natureza-corpo e sua Natureza-força, e elas existem porque, movida pelo misterioso
decreto do Supremo para tornar realidade algo que estava presente nas possibilida-
des do Infinito, ela consentiu no grande sacrifício e trajou, como uma máscara, a
alma e as formas da Ignorância. Mas, pessoalmente, ela também concordou em
manifestar-se aqui, na Escuridão, a fim de poder conduzi-la à Luz; na Falsidade e no
Erro, a fim de poder convertê-los em Verdade; na Morte, para poder transformá-la
em Vida divina; na dor do mundo e sua obstinada tristeza e sofrimento a fim de
poder eliminá-los no êxtase transformador de sua sublime Ananda. Em seu profundo
e grande amor por seus filhos, ela consentiu em vestir o manto dessa obscuridade,
condescendeu em suportar os ataques e influências torturantes dos poderes da Escu-
ridão e da Falsidade, sujeitou-se a passar pelos portais do nascimento, que constitui
uma morte, tomou sobre si as angústias, tristezas e sofrimentos da criação, porque
parecia que somente assim esta poderia ser elevada em direção à Luz, à Alegria, à
Verdade e à Vida eterna. Este é o grande sacrifício, às vezes denominado o sacrifício
do Purusha, mas muito mais profundamente o holocausto da Prakriti, o sacrifício da
Mãe Divina.
13
1. A MÃE ENCARNADA
Savitri, III.4
14 A Mãe Encarnada
“A Nossa Mãe”
Não é ela a Mãe Divina “Individual” que incorporou “o poder desses dois poderes
mais vastos de sua existência” – Transcendente e Universal?
Sim.
Ela desceu à terra (entre nós), em meio às Trevas, à Falsidade, ao Erro e à Morte
por causa de seu grande e profundo amor por nós?
Sim.
Há muitos que sustentam a opinião de que ela era humana, mas agora incorpora
a Mãe Divina e suas “Preces”, dizem eles, explicam este ponto de vista. Porém, para
minha concepção mental, para meu sentimento psíquico, ela é a Mãe Divina que con-
sentiu em colocar sobre si um manto de obscuridade, sofrimento e ignorância a fim
de que possa conduzir-nos efetivamente – a nós seres humanos – para o Conhecimen-
to, a Felicidade e a Ananda, bem como ao Senhor Supremo.
17 de Agosto de 1938
Existe uma única Força divina que age no universo e no ser individual, a qual está
também além do indivíduo e do universo. A Mãe representa tudo isto, mas ela está
trabalhando aqui, no corpo, para trazer para a terra algo que ainda não foi expresso
neste mundo material, a fim de transformar a vida aqui – é desta maneira que você
deve considerá-la, como a Shakti Divina trabalhando aqui para este propósito. Ela é
isto no corpo, mas em sua consciência total ela está também identificada com todos
os outros aspectos do Divino.
1933
“A Nossa Mãe” 15
12 de Agosto de 1933
Por que a Mãe atua, em sua ação universal, de acordo com a lei das coisas, mas
em seu corpo físico por meio da Graça constante?
13 de Agosto de 1933
Estou certo em pensar que a Mãe, como um ser individual, encarna todos os
Poderes Divinos e manifesta cada vez mais a Graça no plano físico, e que sua encar-
nação é uma oportunidade para que toda a consciência física possa mudar e ser
transformada?
13 de Agosto de 1933
*
16 A Mãe Encarnada
A Mãe veio para trazer o Supramental para baixo e é esta descida que torna pos-
sível aqui a plena manifestação da Mãe.
23 de Setembro de 1935
Ela não basta para transformar toda a natureza. Do contrário, a Mãe não precisa-
ria estar aqui. Isto poderia ser feito simplesmente pensando em si mesmo como o
Brahman. Não haveria nenhuma necessidade da presença da Mãe ou de sua Força.
27 de Dezembro de 1935
Esta manhã eu percebi uma grande beleza na Mãe. Foi como se todo o seu corpo
estivesse brilhando com uma luz sobrenatural. De fato, senti como se uma Deusa
Suprema tivesse descido das alturas do céu. Por favor, explique-me isto.
20 de Julho de 1933
Somente se você for capaz de ver a divindade da Mãe é que pode haver uma fir-
me convicção – é uma questão de consciência e visão internas.
5 de Junho de 1937
*
A Mãe e Sri Aurobindo 17
Como convencer a mente de que a Mãe é divina e que seus trabalhos não são
humanos?
Isto só pode ser feito abrindo o ser psíquico e deixando que ele governe a mente
e o vital – porque o psíquico sabe e pode ver o que a mente não pode.
X reconheceu a Mãe como sendo divina à primeira vista e tem sido feliz desde
então; outros, que figuram entre os devotos da Mãe, levaram anos para descobrir ou
admitir isto, mas mesmo assim conseguiram. Há pessoas que tiveram apenas dificul-
dades e revoltas pelos primeiros cinco, seis, sete anos ou mais da Sadhana, e todavia
o ser psíquico acabou por despertar. O tempo levado é secundário: a única coisa
indispensável – cedo ou tarde, com facilidade ou dificuldade – é chegar lá.
Não há nenhuma diferença entre o caminho da Mãe e o meu; nós temos e sem-
pre tivemos o mesmo caminho, aquele que conduz à transformação supramental e à
realização divina; eles são idênticos não apenas no fim, mas desde o início. A tentati-
va de estabelecer uma divisão e uma oposição, colocando a Mãe de um lado e eu de
outro, oposto ou diferente, tem sido sempre um ardil das forças da Falsidade, quan-
do elas querem impedir que um Sadhak alcance a Verdade. Descarte todas essas fal-
sidades de sua mente.
18 A Mãe Encarnada
Saiba que a luz e a força da Mãe são a luz e a força da Verdade; permaneça sem-
pre em contato com a luz e a força da Mãe, só assim você poderá crescer na Verdade
divina.
10 de Setembro de 1931
A oposição entre a consciência da Mãe e minha consciência foi uma invenção dos
velhos tempos (devida principalmente a X, Y e outros daquela época), e surgiu num
momento em que a Mãe era plenamente reconhecida ou aceita por alguns daqueles
que aqui estavam no começo. Mesmo depois de a haverem reconhecido, eles persis-
tiram nessa oposição sem sentido e causaram um grande dano a si mesmos e a
outros. A consciência da Mãe e a minha são a mesma, a Consciência Divina única pre-
sente em ambos, porque isto é necessário para o jogo. Nada pode ser realizado sem
o conhecimento e a força da Mãe, sem sua consciência – se alguém realmente sentir
sua consciência, deverá perceber que eu estou presente por trás dela, e se a pessoa
me sentir, é a mesma coisa com a dela. Se uma separação como esta é feita (deixo de
lado as distorções que suas mentes impõem tão poderosamente a essas coisas),
como pode a Verdade se estabelecer? Do ponto de vista da Verdade não há nenhu-
ma separação.
13 de Novembro de 1934
Você acha que a Mãe não pode lhe ser de nenhuma ajuda.... Se você não pode se
beneficiar com a ajuda dela, você encontraria ainda menos beneficio com a minha.
Mas, em todo caso, não tenho nenhuma intenção de alterar o arranjo que fiz para
todos os discípulos sem exceção, para que eles recebam dela a luz e a força, e não
diretamente de mim, e sejam guiados por ela em seu progresso espiritual. Fiz o
arranjo não para qualquer propósito temporário, mas porque é o único caminho ver-
dadeiro e efetivo – com a condição de que o discípulo esteja aberto e receba (consi-
derando o que ela é e seu poder).
O que quer que alguém receba da Mãe, vem de mim também – não há nenhuma
diferença. Assim, também, se eu dou alguma coisa, é pela Força da Mãe que isto che-
ga ao Sadhak.
20 de Agosto de 1936
A Mãe e Sri Aurobindo 19
É a mesma coisa se escrevemos para Sri Aurobindo ou para a Mãe? Alguns dizem
que vocês dois são um só, de maneira que se escrevemos para Sri Aurobindo ou para
a Mãe, nós estamos abertos para a Mãe; está correto?
É verdade que somos um só, mas existe também uma relação, a qual torna
necessário que a pessoa esteja aberta à Mãe.
Pode acontecer que alguém que esteja aberto a Sri Aurobindo não esteja aberto à
Mãe? É verdade que quem está aberto à Mãe, está aberto a Sri Aurobindo?
A Mãe não é uma discípula de Sri Aurobindo. Ela possui a mesma realização e
experiência que eu.
A sadhana da Mãe começou quando ela era muito jovem. Quando tinha doze ou
treze anos, toda noite muitos mestres vinham a ela e ensinavam-na suas diversas dis-
ciplinas espirituais. Entre eles havia uma personagem asiática de pele escura. Ao nos
encontrarmos pela primeira vez, ela imediatamente me reconheceu como aquela
personagem asiática a quem ela via frequentemente há muito tempo. O fato de ela
vir aqui e trabalhar comigo pelo mesmo objetivo foi, por assim dizer, um desígnio
divino.
1 Neste trecho e nos dois seguintes, Sri Aurobindo refere-se a si mesmo na terceira pessoa.
20 A Mãe Encarnada
A Mãe era praticante do yoga budista e do yoga do Gita antes mesmo de vir para
a Índia. Seu yoga estava se movendo rumo a uma grandiosa síntese. Em consequên-
cia disso, era natural que ela viesse para cá. Ela ajudou e está ajudando a dar uma
forma concreta ao meu yoga. Isto não teria sido possível sem a sua cooperação.
17 de Agosto de 1941
2 Quando perguntado sobre qual era o outro grande passo, Sri Aurobindo respondeu: “Aspiração do sadhak
pela vida divina.”
21
2. A LUZ DA MÃE
Savitri, XI.1
A Luz da Mãe
Luz é um termo geral. Luz não é conhecimento, mas a iluminação que vem de
cima e liberta o ser da obscuridade e das trevas.
Mas, essa Luz assume também diferentes formas tais como a luz branca da Mãe,
a luz azul clara de Sri Aurobindo, a luz dourada da Verdade, a luz psíquica (cor-de-
rosa e rosado), etc.
Quando falamos da Luz da Mãe ou de minha Luz num sentido especial, estamos
falando de uma ação oculta especial – estamos nos referindo a certas luzes que vêm
22 A Luz da Mãe
da Supramente. Nesta ação, a Luz da Mãe é a branca, a qual purifica, ilumina, que
traz para baixo a essência e o poder integrais da Verdade e torna a transformação
possível. Mas, de fato, toda luz que vem do alto, da Verdade divina mais elevada,
pertence à Mãe.
10 de Setembro de 1931
As luzes são os Poderes da Mãe – muitos em número. A luz branca é seu próprio
poder característico, o da Consciência Divina em sua essência.
15 de Julho de 1934
A luz branca é a luz da Mãe. Onde quer que ela desça ou penetre, ela traz paz,
pureza, silêncio e abertura para as forças superiores.
31 de Julho de 1934
12 de Outubro de 1935
28 de Julho de 1937
Ponha tudo diante da Mãe em seu coração, a fim de que sua Luz possa trabalhar
nisto para o melhor.
23
3. A PRESENÇA DA MÃE
Savitri, III.2
A Presença da Mãe
3
Eudemonizar: conduzir à felicidade. Do conceito grego eudaimonia.
A Presença da Mãe 25
tudo o mais, e tudo isto procede desta indescritível Presença. A palavra pode às vezes
ser usada num sentido menos absoluto, mas este é sempre o significado fundamental
– a percepção essencial da Presença essencial sustentando tudo o mais.
A pessoa pode sentir a Consciência Divina impessoalmente como uma nova cons-
ciência apenas. A Presença da Mãe é algo mais – a pessoa sente Ela própria presente
no interior ou acima ou envolvendo-a ou tudo isto junto.
8 de Julho de 1935
Eu quis dizer que se pode sentir a Consciência divina como um estado espiritual
impessoal, um estado de paz, de luz, de alegria, de amplidão sem sentir nele a Pre-
sença Divina. A Presença Divina é sentida como a presença de alguém que é a fonte e
a essência viva desta luz, etc., um Ser portanto, e não meramente um estado espiri-
tual. A Presença da Mãe é ainda mais concreta, definida, pessoal – não é a de Alguém
desconhecido, de um Poder ou de um Ser, mas de alguém que é conhecido, intimo,
amado, a quem podemos oferecer todo o ser de uma maneira viva e concreta. A
imagem não é indispensável, embora ajude – a presença pode ser sentida interior-
mente sem ela.
Não existe nenhuma condição precedente necessária como esta, de que a pessoa
deve sentir primeiro a Presença para só então poder sentir que pertence à Mãe; mais
frequentemente é o aumento do sentimento que traz a Presença. Pois o sentimento
vem da consciência psíquica e é o crescimento da consciência psíquica que torna a
Presença constante finalmente possível. O sentimento provém do psíquico e é ver-
dadeiro para o ser interno – o fato de ainda não estar sendo realizado no todo não
faz dele uma imaginação; pelo contrário, quanto mais ele cresce, maior é a probabili-
dade de todo o ser realizar esta verdade; o bhava interior se apossa cada vez mais da
consciência externa e a remodela de modo a torná-lo uma verdade também ali. Este
é o princípio constante da ação na transformação Yóguica – o que é verdadeiro no
interior se exterioriza e toma posse da mente, do coração e da vontade, e através
deles prevalece sobre a ignorância dos membros externos, trazendo a verdade inte-
rior para eles também.
16 de Setembro de 1936
26 A Presença da Mãe
A Presença Constante
A presença constante da Mãe vem pela prática; a Graça Divina é essencial para o
sucesso na Sadhana, mas é a prática que prepara a descida da Graça.
Você deve aprender a ir para o interior, deixando de viver apenas nas coisas
externas, aquietar a mente e aspirar a tornar-se consciente dos trabalhos da Mãe em
você.
16 de Outubro de 1933
Isto pode acontecer, mas geralmente apenas quando o psíquico está em plena
atividade.
Se você sente a presença da Mãe a maior parte do dia, isto significa que o seu ser
psíquico está ativo e sente dessa maneira; pois sem a atividade do psíquico, isto não
seria possível. Portanto, o seu ser psíquico está presente e de modo algum distante.
14 de Março de 1935
A Ocultação da Presença
A presença da Mãe está sempre aí; mas, se você decide agir por conta própria –
de acordo com sua própria idéia, sua própria noção das coisas, sua própria vontade e
seu desejo pessoal em relação às coisas, então é muito provável que sua presença
“Ela Está, na Verdade, Sempre Presente” 27
seja velada; não é ela que se afasta de você, mas você que se afasta dela. Porém, sua
mente e seu vital não querem admitir isto, porque a preocupação deles é sempre jus-
tificar seus próprios movimentos. Se fosse permitido ao ser psíquico que predomi-
nasse plenamente, isto não teria acontecido; ele teria percebido a ocultação, mas
teria dito de imediato: “Deve ter havido algum engano em mim, um obscurecimento
elevou-se em mim,” e teria observado e descoberto a causa.
25 de Março de 1932
A Presença, cujo desvanecimento você lamenta, só pode ser sentida se o ser inte-
rior continuar consagrado e a natureza externa for posta em harmonia ou pelo
menos mantida sob o toque do espírito interno.
Mas, se você faz coisas que o seu ser interior não aprova, esta condição será
eventualmente obscurecida e, a cada vez, a possibilidade de você sentir a Presença
diminuirá. Você deve ter uma poderosa vontade de purificação e uma aspiração que
não esmorece nem cessa, se quiser que a graça da Mãe esteja presente e seja efeti-
va.
Nós acreditamos que a Mãe está realizando a Sadhana em todos nós, principal-
mente através do coração; mas, por que dificilmente sentimos isto? Deve haver
algum véu em nós.
É um véu que desaparece quando a ação da Mãe, assim como sua presença, é
conscientemente sentida o tempo todo.
7 de Janeiro de 1935
Comporte-se sempre como se a Mãe estivesse olhando para você; porque ela
está, na verdade, sempre presente.
Março de 1928
*
28 A Presença da Mãe
16 de Julho de 1935
Viva sempre como se estivesse sob o próprio olhar do Supremo e da Mãe Divina.
Não faça nada, tente não pensar nem sentir nada que seja indigno da Presença Divi-
na.
16 de Abril de 1936
29
4. A FORÇA DA MÃE
Savitri, III.2
Savitri, III.2
30 A Força da Mãe
18 de Junho de 1933
Quando falo da força da Mãe, não me refiro à força da Prakriti, que carrega em si
as coisas da Ignorância, mas à Força superior do Divino, que vem do alto para trans-
formar a natureza.
O Trabalho da Força
O que você sente fluindo para baixo deve ser a Força da Mãe que está acima da
cabeça. Ela flui geralmente do alto da cabeça e trabalha primeiramente nos centros
mentais (da cabeça e do pescoço) e depois desce para o peito e para o coração e em
seguida através do movimento de todo o corpo.
Sentindo a Força 31
É o efeito desta atividade que você deve estar sentindo na cabeça até o nível dos
ombros. A Força que vem do alto é a que trabalha para transformar a consciência na
de um ser espiritual superior. Antes disso, a Força da Mãe trabalha no psíquico, no
mental, no vital e no próprio plano físico para sustentar, purificar e transformar psi-
quicamente a consciência.
Esse peso ou pressão na cabeça é sempre o sinal de que a Força da Mãe está em
contato com você e pressionando do alto para envolver o seu ser, entrar no adhara e
preenchê-lo; geralmente ela passa gradualmente através dos centros em seu cami-
nho para baixo. Às vezes, ela vem primeiramente como Paz, às vezes como Força, às
vezes como a consciência da Mãe e sua presença, às vezes como Ananda.
18 de Setembro de 1933
Para que a Força da Mãe trabalhe plenamente no corpo, o próprio corpo, e não
apenas a mente, deve ter fé e abrir-se.
9 de Outubro de 1933
1 de Fevereiro de 1934
Sentindo a Força
Com referência à Mãe, você disse uma vez: “Peça pela consciência de sua força”.
Isto significa que devo aspirar a conhecer sobre sua Força?
Sim, conhecer não apenas com a mente, mas senti-la e vê-la com a experiência
interior.
18 de Junho de 1933
*
32 A Força da Mãe
Suponha que eu esteja em dificuldade e chame a Força da Mãe, que está acima
de mim. Ora, como vou saber se ela desceu ou não?
26 de Junho de 1933
Muitas pessoas progridem rapidamente sem entender o que a Força está fazendo
– elas simplesmente observam e descrevem, dizendo: “Eu deixo tudo para a Mãe”.
Eventualmente, o conhecimento e a compreensão surgem.
17 de Julho de 1933
Não, não é apenas subjetivo. Por meditar perto deles você foi capaz de entrar em
contato através deles com a Mãe, e algo de Seu Poder e de Sua Presença estão ali.
14 de Julho de 1934
Assimilação da Força
Quanto à força da Mãe, quando alguém a recebe, a melhor coisa a fazer é ficar
quieto até que ela seja assimilada. Mais tarde não há problema, ela não é perdida
pelo movimento ou pelas relações externas.
Março de 1928
Puxando a Força da Mãe 33
O que significa puxar? Quando queremos algo da Mãe com um desejo vital, isto é
puxar? Qual o efeito disso em nós?
Sim; este é um modo de puxar – seu efeito é cegar e confundir a consciência. Mas
há também um modo de puxar as coisas certas, que não é mau em si mesmo, e a
maioria das pessoas o utiliza – isto é, puxar a Luz, a Força, a Ananda. Todavia, isto
produz mais reações do que uma tranquila abertura ao Divino.
1 de Junho de 1933
Quando a pessoa está aberta e muito ansiosa, e tenta puxar para baixo a força, a
experiência, etc., ao invés de deixá-la descer calmamente, isto se chama puxar. Mui-
tas pessoas puxam as forças da Mãe, tentando tomar mais do que elas podem assimi-
lar com facilidade e perturbam o trabalho.
Abril de 1935
A perseverança que você obteve não é uma virtude pessoal, mas depende do
contato que puder manter com a Mãe – pois é a Força da Mãe que está por trás dela
e por trás de todo progresso que você puder efetuar. Aprenda a confiar nesta Força,
a abrir-se a ela mais completamente e a buscar o progresso espiritual, não propria-
mente por sua causa, mas por causa do Divino, então você avançará mais tranquila-
mente.
Você não deveria confiar em nada mais de forma exclusiva, por mais útil que
isto possa parecer, mas principalmente, em primeiro lugar e fundamentalmente na
Força da Mãe. O Sol e a Luz podem ser um auxílio, e serão, se forem a verdadeira Luz
e o verdadeiro Sol, mas não podem tomar o lugar da Força da Mãe.
*
34 A Força da Mãe
Tudo deve ser realizado pela atuação da força da Mãe, auxiliada por sua aspira-
ção, devoção e entrega.
30 de Outubro de 1934
5. ABRINDO-SE À MÃE
Então, subitamente, um sagrado impulso elevou-se.
Savitri, III.4
36 Abrindo-se à Mãe
O Segredo Central
13 de Fevereiro de 1933
Mantenha-se aberto à Mãe, lembre-se dela constantemente e deixe que sua For-
ça trabalhe em você, rejeitando todas as outras influências – esta é a regra do yoga.
Na prática do yoga, aquilo que você visa alcançar só pode vir por meio da abertu-
ra do ser à força da Mãe e a persistente rejeição de todo egoísmo, exigência e desejo,
de todos os motivos exceto a aspiração à Verdade Divina. Se isto for feito correta-
mente, o Poder e a Luz Divina começarão a trabalhar e trarão paz e equanimidade,
força interior, uma devoção purificada e uma crescente consciência e autoconheci-
mento, os quais constituem a fundação necessária para o siddhi do yoga.
Não há nenhum sentido em tal pergunta. Aqueles que seguem o Yoga aqui são
aceitos pela Mãe – pois “aceito” significa “admitidos no Yoga, aceitos como discípu-
los”. Porém, o progresso no Yoga e o siddhi no Yoga dependem do grau em que ocor-
ra a abertura.
24 de Junho de 1933
O Que é Abertura? 37
Mas não é por meio de upadesha que esta Sadhana é dada ou conduzida. Só
aqueles que, pela aspiração e meditação na Mãe, são capazes de abrir-se e receber
Sua ação e Seu trabalho no interior, podem ser bem sucedidos neste Yoga.
21 de Junho de 1937
Você deve apenas aspirar, manter-se aberto à Mãe, rejeitar tudo que seja contrá-
rio à Sua vontade e deixá-la trabalhar em você – realizando também todo o seu tra-
balho para Ela e com a fé de que é através de Sua força que você pode realizá-lo. Se
permanecer aberto dessa maneira, o conhecimento e a realização virão a você no
devido tempo.
O Que é Abertura?
Isto é imediatamente evidente por si mesmo: quando você sente a paz divina, a
igualdade, a amplidão, a luz, a Ananda, o Conhecimento, a força, quando você se tor-
na consciente da proximidade ou da presença da Mãe, do trabalho de Sua Força, etc.,
etc. Se qualquer uma destas coisas é sentida, isto é a abertura – quanto mais for sen-
tido, mais completa é a abertura.
25 de Abril de 1933
É por meio da lembrança constante que o ser é preparado para a plena abertura.
Pela abertura do coração, a presença da Mãe começa a ser sentida e, pela abertura
ao Seu Poder acima, a Força da consciência superior desce para o corpo e trabalha
nele para transformar toda a natureza.
7 de Agosto de 1934
Abra-se à Influência
Neste Yoga tudo depende da pessoa poder se abrir à Influência ou não. Se há sin-
ceridade na aspiração e uma vontade paciente de alcançar a consciência mais eleva-
da, apesar de todos os obstáculos, então a abertura, de uma forma ou de outra, cer-
tamente virá. Mas isto pode levar um tempo longo ou curto, de acordo com a condi-
ção preparada ou não preparada da mente, do coração e do corpo; assim, se não se
tem a necessária paciência, o esforço pode ser abandonado devido à dificuldade do
começo. Não há método neste Yoga, a não ser concentrar-se de preferência no cora-
ção e invocar a presença e o poder da Mãe para assumir o ser e, pelas operações de
Sua força, transformar a consciência; você pode se concentrar também na cabeça ou
entre as sobrancelhas, mas para muitos esta é uma abertura muito difícil. Quando a
mente ficar quieta, a concentração se tornar poderosa e a aspiração intensa, então
haverá um começo de experiência. Quanto maior a fé, mais rápido certamente será o
resultado. De resto, você não deve depender apenas de seus próprios esforços, mas
conseguir estabelecer um contato com o Divino e uma receptividade ao Poder e à
Presença da Mãe.
30 de Novembro de 1934
Abra-se à Influência 39
Todo o princípio deste Yoga é abrir-se à Influência Divina. Ela está ali, acima de
você e, se puder tornar-se consciente dela, então deve chamá-la para que desça em
você. Ela desce na mente e no corpo como Paz, como uma Luz, uma Força que traba-
lha, como a Presença do Divino, com ou sem forma, como Ananda. Antes que a pes-
soa tenha esta consciência, ela deve ter fé e aspirar pela abertura. A aspiração, o
chamado, a oração são formas de uma mesma coisa e todos são efetivos; você pode
utilizar a forma que lhe vier espontaneamente ou que lhe seja mais fácil. O outro
meio é a concentração; você concentra sua consciência no coração (alguns o fazem
na cabeça ou acima dela) e meditam na Mãe no coração e invocam-na ali. Pode-se
fazer uma delas ou ambas em diferentes momentos – o que lhe vier naturalmente ou
o que se sentir movido a fazer no momento. Especialmente no início, uma grande
necessidade é fazer a mente ficar quieta, rejeitar no momento da meditação todos os
pensamentos e movimentos que são estranhos à sadhana. Na mente aquietada have-
rá uma progressiva preparação para a experiência. Mas você não deve ficar impa-
ciente se tudo não for realizado de imediato; leva tempo para trazer uma quietude
completa para a mente; você deve continuar até que a consciência esteja preparada.
40
6. A AUTO-ENTREGA À MÃE
Pois tudo o que ele havia sido deve agora recriar nele
Ele pedia Sua luz, Sua felicidade para a terra e para os homens.
Savitri, III.2
O Que é a Auto-Entrega 41
O Que é a Auto-Entrega
Entrega significa estar inteiramente nas mãos da Mãe, e não resistir de maneira
alguma por egoísmo ou de outro modo à Sua Luz, ao Seu Conhecimento, à Sua Von-
tade, ao trabalho de Sua Força, etc.
Neste Yoga espera-se que a pessoa vá além de toda cultura mental idealista.
Ideias e ideais pertencem à mente e constituem meias verdades apenas; também a
mente, com muita frequência, fica satisfeita em ter simplesmente um ideal, com o
prazer de idealizar, enquanto a vida permanece sempre a mesma, não transformada,
ou apenas um pouco mudada e principalmente na aparência. O buscador espiritual
não se desvia da busca da realização para a mera idealização; sua meta constante
não é idealizar, mas realizar a Verdade Divina, seja além da vida ou nela igualmente –
e neste último caso é necessário transformar a mente e a vida, o que não pode ser
feito sem a entrega à ação da Força Divina, da Mãe.
Buscar pelo Impessoal é o caminho daqueles que querem retirar-se da vida, mas
geralmente eles o tentam por meio de seu próprio esforço, e não pela abertura de si
42 A Auto-Entrega à Mãe
Auto-Entrega e Ego
Todo aquele que estiver voltado para a Mãe está praticando o meu Yoga. É um
grande erro supor que se pode “praticar” o Purna Yoga – ou seja, conduzir e realizar
todos os aspectos do Yoga por meio do próprio esforço pessoal. Nenhum ser humano
pode fazê-lo. O que a pessoa deve fazer é colocar-se nas mãos da Mãe e abrir-se a ela
através do serviço, por meio de Bhakti, pela aspiração; então, a Mãe, com sua luz e
sua força, trabalha na pessoa, de modo que a Sadhana é realizada. É um engano
também ter a ambição de ser um grande Purna Yogue ou um ser supramental e per-
Auto-Entrega e Ego 43
guntar-se até que ponto eu caminhei em direção a isto. A atitude correta é ser devo-
tado e estar abandonado à Mãe, e querer ser o que ela quiser que você seja. O resto
cabe à Mãe decidir e realizar em você.
Abril de 1935
Quanto à atitude ou condição, vocês não precisam se preocupar com isto. Uma fé
integral, uma abertura e um abandono totais à Mãe são as condições necessárias do
começo ao fim.
23 de Setembro de 1935
Querer ser um Super-homem é um erro. Isto apenas infla o ego. A pessoa pode
aspirar para que o Divino realize a transformação supramental, mas isto também não
deveria ser feito até que o ser tenha se tornado psíquico e espiritualizado pela desci-
da da paz, da força, da luz e da pureza da Mãe.
22 de Fevereiro de 1936
16 de Julho de 1936
*
44 A Auto-Entrega à Mãe
4 de Outubro de 1936
Se o psíquico se manifestar, ele não lhe pedirá que se entregue a ele, mas que se
entregue à Mãe.
4 de Janeiro de 1935
25 de Setembro de 1936
através do período mais sombrio.” Esta é a atitude plenamente correta que você
deve ter. Para aqueles que a têm, a depressão não pode fazer nada; mesmo que ela
surja, terá que recuar frustrada. Não se trata de entrega tamásica. A auto-entrega
tamásica é quando se diz: “Eu não farei nada; que a Mãe faça tudo. Aspiração, rejei-
ção, mesmo a entrega não são necessárias. Que ela realize tudo em mim.” Há uma
grande diferença entre as duas atitudes. Uma é a do preguiçoso que não quer fazer
nada, a outra é a do Sadhak que dá o melhor de si, mas quando se vê reduzido à ina-
tividade por um tempo e as coisas estão desfavoráveis, mantém sempre sua confian-
ça na força e na presença da Mãe por trás de tudo, e por meio dessa confiança frus-
tra a força de oposição e chama de volta a atividade da Sadhana.
26 de Outubro de 1936
Suas vidas e naturezas moviam-se compelidas pelo que Ela era e vivia,
Savitri, IV.2
A Relação Psíquica 47
A Relação Psíquica
O que você escreve aqui é uma descrição exata do ser psíquico e sua relação com
a Mãe. Esta é a verdadeira relação. Se você quiser ser bem sucedido neste Yoga deve
estabelecer-se na relação psíquica e rejeitar o movimento vital egoístico. A vinda do
ser psíquico para a superfície e seu estabelecimento ali é o movimento decisivo no
Yoga. Foi isto que aconteceu quando você viu a Mãe da última vez, o psíquico veio
para a frente. Mas, você deve mantê-lo na frente. Você não será capaz de fazê-lo se
der ouvidos ao ego vital e seus clamores. É por meio da fé, da entrega e da alegria da
pura autodoação – a atitude psíquica – que a pessoa cresce em direção à Verdade e
se torna unida ao Divino.
26 de Fevereiro de 1933
Tudo que é necessário é que seu ser psíquico venha para a frente e o abra para o
contato interior direto, real e constante comigo e com a Mãe. Até agora sua alma
expressou-se através da mente e seus ideais e admirações, ou através do vital e suas
alegrias e aspirações superiores; mas isto não é suficiente para conquistar a dificul-
dade física e iluminar e transformar a Matéria. É a sua própria alma, o seu ser psíqui-
co que deve vir para a frente, despertar inteiramente e realizar a mudança funda-
mental. O ser psíquico não precisará do apoio das ideias intelectuais ou de sinais ou
auxílios externos. Só ele pode lhe proporcionar o sentimento direto do Divino, a pro-
ximidade constante, o apoio e o auxílio interior. Dessa maneira, você não sentirá a
Mãe distante ou terá qualquer outra dúvida sobre a realização; pois a mente pensa e
o vital anela, mas a alma sente e conhece o Divino.
A relação com o Divino, a relação com a Mãe deve ser uma relação de amor, de
fé, confiança, dependência, entrega; qualquer outra relação do tipo vital comum
produz reações contrárias à Sadhana – desejo, um abhimana egoístico, exigências,
revolta e todos os distúrbios da natureza humana rajásica e ignorante, da qual o
objetivo da Sadhana é escapar.
26 de Abril de 1933
*
48 A Verdadeira Relação com a Mãe
Estou me sentindo muito próximo da Mãe, como se não houvesse nenhuma dife-
rença. Mas, como isto pode ser possível, considerando o imenso abismo entre ela e eu
– estando ela na Supramente e eu na mente?
Mas a Mãe está presente em todos os planos e não apenas no Supramental. E ela
está especialmente próxima de todos na parte psíquica (o coração interior), de modo
que quando ele se abre, o sentimento de proximidade surge naturalmente.
11 de Dezembro de 1933
10 de outubro de 1934
Sim, certamente, foi uma abertura psíquica, e no ponto enfatizado, o qual é mui-
to importante, a abertura para a Pureza superior. Esta é uma das coisas mais impor-
tantes para a abertura psíquica e para a relação interior com a Mãe.
14 de Julho de 1937
O amor que é dirigido ao Divino não deveria ser o sentimento vital comum que os
homens designam com este nome; pois isto não é amor, mas apenas desejo vital, um
instinto de apropriação, o impulso de possuir e monopolizar. Isto não é de modo
algum o Amor divino, e não se deveria permitir, por mínimo que fosse, que ele se
misturasse ao Yoga. O verdadeiro amor pelo Divino é uma autodoação, livre de exi-
Amor e Devoção à Mãe 49
gências, cheia de submissão e entrega; ele não pede por nada, não impõe nenhuma
condição, não faz nenhuma barganha, não permite nenhuma violência de ciúme, de
orgulho ou de ira – pois tais coisas não fazem parte de sua natureza. Em troca, a Mãe
Divina também se entrega, mas livremente – e isto se traduz numa autodoação inte-
rior – Sua presença em sua mente, em seu vital, em sua consciência física, Seu poder
recriando-o na natureza divina, tomando todos os movimentos de seu ser e levando-
os à perfeição e à realização, Seu amor envolvendo-o e conduzindo-o em seus braços
rumo a Deus. É isto que você deve aspirar sentir e possuir em todas as partes do ser,
até a mais material, e aqui não há nenhum limite de tempo ou de completude. Se a
pessoa realmente aspira por isto e o obtém, não deveria haver nenhum motivo para
qualquer outra exigência ou qualquer outro desejo desapontado. E se ela verdadei-
ramente aspirar por isto, infalivelmente ela o obterá, e cada vez mais, à medida que a
purificação prossiga e a natureza passe por sua necessária mudança.
Mantenha seu amor puro de toda exigência e desejo egoísta; você descobrirá que
está recebendo todo o amor que pode suportar e absorver em resposta.
1 de Agosto de 1931
28 de Abril de 1933
Não é verdade que aqueles que têm fé na Mãe também têm amor a ela? Fé e
amor não andam juntos?
Nem sempre. Há muitas pessoas que possuem alguma fé sem amor, embora elas
possam ter um certo tipo de bhakti mental, e há muitas que possuem algum amor
mas nenhuma fé. Porém, se é o verdadeiro amor psíquico, então haverá também a
fé; e se houver uma fé absoluta, então o amor psíquico não tardará a despertar. O
que você diz é correto se se trata da fé da alma, do amor da alma – mas, em alguns
50 A Verdadeira Relação com a Mãe
8 de Maio de 1933
Que espécie de sentimento é este que tem satisfação e alegria apenas em ver a
Mãe?
É psíquico.
Psíquico.
Que tipo de sentimento é o que produz mágoa no coração ao ouvir qualquer coisa
contra a Mãe?
Psíquico.
Psíquico.
9 de Maio de 1933
Pode haver um contato consciente com a Mãe através do psíquico antes que este
venha inteiramente para a frente?
15 de Novembro de 1933
Toda vez que o amor interior pela Mãe emerge, as lágrimas também se precipi-
tam.
25 de Agosto de 1934
Nós todos queremos o amor da Mãe, mas eu me pergunto quantos de nós real-
mente amam a Mãe. A maioria de nós vive em suas próprias preferências e aversões,
alegrias e misérias, satisfações e desapontamentos, mas dificilmente há alguém que
possua um amor verdadeiro pela Mãe.
Isto não significa que não haja nenhum amor, mas que o amor está misturado e
encoberto pelo egoísmo, pelo desejo e pelos movimentos vitais. Pelo menos, esta é a
condição de muitos. Há alguns, naturalmente, que não têm nenhum amor ou
“amam” – se é que se pode chamar assim – apenas por causa do que obtêm, há um
ou dois que amam verdadeiramente, mas na maioria há uma centelha psíquica oculta
por muita fumaça. A fumaça deve ser eliminada de modo que a centelha possa ter
chance de tornar-se uma chama.
9 de Novembro de 1934
O meu psíquico sente-se às vezes triste e solitário por perceber que não pode
amar apropriadamente a Mãe.
Neste caso, não pode ser o psíquico. O psíquico nunca sente que não pode amar
o Divino.
*
52 A Verdadeira Relação com a Mãe
A atitude é boa para despertar o ser psíquico e o ser interior em geral. Mas, se a
experiência superior vier, ela não deve ser interrompida.
12 de Março de 1935
23 de Outubro de 1935
Não deixe que a ansiedade mental o atormente. Espere pelo trabalho da força da
Mãe, que abrirá o lótus do coração. Na luz que vem do alto, a devoção desabrochará
em você.
25 de Outubro de 1936
O Amor da Mãe
Você é uma das crianças da Mãe e o amor da Mãe por seus filhos não tem limites;
ela tolera pacientemente os defeitos de sua natureza. Tente ser um filho verdadeiro
da Mãe: isto se acha dentro de você, mas sua mente externa está ocupada com coi-
sas pequenas e fúteis, e muito frequentemente com uma preocupação exagerada e
violenta. Você deve ver a Mãe não apenas em sonho, mas deve aprender a vê-la e
senti-la com você e em seu interior o tempo todo. Então, você achará mais fácil con-
trolar-se e mudar – pois estando presente, ela será capaz de fazê-lo por você.
*
O Amor da Mãe 53
30 de Abril de 1935
É por causa dos pensamentos sobre os outros e sobre sua própria “maldade” que
você se sente longe da Mãe. Ela está o tempo todo muito próxima de você e você
dela. Se você assumir a atitude que lhe descrevi e torná-la a base de sua vida: “a Mãe
me ama e eu pertenço a ela”, o véu logo desaparecerá, pois ele é constituído por tais
pensamentos e nada mais.
1 de Maio de 1935
Certamente, não é necessário que você se torne “bom” para que a Mãe possa
conceder-lhe seu amor. Seu amor está sempre presente e as imperfeições da nature-
za humana não contam em face deste amor. Tudo que você precisa fazer é tornar-se
consciente da presença constante deste amor. Pois isto é necessário para que o psí-
quico venha à frente – porque o psíquico sabe, ao passo que a mente, o vital e o físi-
co veem apenas as aparências superficiais e interpretam-nas erroneamente.
24 de Junho de 1936
que for necessário. Que ela fixe em sua mente que não deve insistir que em determi-
nado tempo deve progredir, desenvolver-se, obter realizações – leve o tempo que
levar, ela deve estar preparada para esperar, perseverar e fazer de toda a sua vida
uma aspiração e uma abertura para uma única coisa, o Divino. Entregar-se é o segre-
do da Sadhana, e não exigir e adquirir alguma coisa. Quanto mais a pessoa se entre-
gar, mais o poder de receber crescerá. Mas, para isto, toda impaciência e revolta
devem ser eliminadas; todas as sugestões de não se obter, de não ser auxiliado, não
ser amado, de partir, de abandonar a vida ou o esforço espiritual, devem ser rejeita-
das.
1 de Setembro de 1936
55
Savitri, VII.1
16 de Abril de 1933
possível pensando nela como a Mãe Divina, aspirar por senti-la em seu interior, ofe-
recer a ela suas ações e orar para que ela o guie e sustente a partir do interior. Este é
um estágio preliminar que geralmente leva um longo tempo, mas se a pessoa atra-
vessá-lo com sinceridade e perseverança, a mentalidade começa pouco a pouco a
mudar e uma nova consciência se abre no Sadhak, o qual começa a tornar-se cada
vez mais consciente da presença da Mãe no interior, de seu trabalho na natureza e
na vida ou de alguma outra experiência espiritual que abra a porta para a realização.
Para a maioria das pessoas não é fácil sentir a presença da Mãe no trabalho – elas
sentem como se estivessem realizando o trabalho, a mente se torna ocupada e não
consegue a verdadeira passividade ou quietude.
Todos estão na Mãe, mas a pessoa deve tornar-se consciente disto, e não apenas
do trabalho.
1 de Abril de 1935
Não deveria haver apenas uma atitude geral, mas cada trabalho deve ser ofereci-
do à Mãe, de modo a manter a atitude viva o tempo todo. Não deveria haver
nenhuma meditação durante o trabalho, pois isto desviaria a atenção do trabalho,
mas deve haver a lembrança constante do Uno a quem você o oferece. Este é apenas
um primeiro processo; pois quando você puder ter constantemente o sentimento de
um ser calmo no interior, concentrado na percepção da Presença Divina, enquanto a
mente da superfície realiza o trabalho, ou quando for capaz de começar a sentir
sempre que é a força da Mãe que está realizando o trabalho e você é apenas um
canal ou instrumento, então no lugar da lembrança, terá começado a realização
automática e constante do Yoga, a união divina, nas obras.
O sentimento de que tudo o que fazemos procede do Divino, de que toda ação
pertence à Mãe é um estágio necessário na experiência, mas não podemos permane-
cer nele – devemos ir além. Aqueles que não querem transformar a natureza, mas
apenas ter a experiência da Verdade que está por trás dela, podem permanecer aí.
Sua ação está em conformidade com a Natureza universal e dessa forma, igualmente,
em conformidade com sua natureza individual, e toda a Natureza é uma força ema-
nada pela Mãe Divina para a ação do universo. Porém, sendo as coisas como são, tra-
Sadhana através do Trabalho 57
ta-se de uma ação da ignorância e do ego; ao passo que o que queremos é uma ação
da Verdade divina desvelada e não desfigurada pela ignorância e pelo ego.
Portanto, quando você sentir que todas as suas ações são realizadas pela força
(Shakti) da Mãe, esta é a verdadeira experiência. Mas, a vontade da Mãe é de que
tudo o que você faz deveria ser feito não por Sua força na Natureza como é agora,
mas diretamente por Sua própria força na Verdade de Sua natureza, a Natureza divi-
na mais elevada. Assim, estava correto também o que você pensou posteriormente,
de que a menos que haja essa transformação, a experiência de que tudo o que você
faz é realizado por Sua vontade não pode ser inteiramente verdadeira. Portanto, isto
não será permanente até então. Pois, se fosse permanente agora, isto poderia man-
tê-lo na ação inferior, como acontece com muitos, e impedir ou retardar a mudança.
O que você precisa ter agora, como experiência permanente, é a da Força da Mãe
trabalhando em você em todas as coisas para transformar esta consciência e esta
natureza ignorantes em Sua consciência e natureza divinas.
Mas, tudo isto não pode ser feito num só dia. Assim, mais uma vez você está cer-
to em não ser ansioso ou inquieto. A pessoa deve ser vigilante, mas não ansiosa ou
inquieta. A Força da Mãe atuará e trará o resultado em seu próprio tempo, desde que
a pessoa ofereça tudo a Ela, aspire e seja vigilante, chamando-a e lembrando-se dela
o tempo todo, rejeitando calmamente tudo o que se intrometa no caminho da ação
de Sua Força transformadora.
Seu segundo ponto de vista a esse respeito foi mais do ângulo correto de visão do
que o primeiro. Dizer: “Não sou eu que devo agir, portanto não devo me preocupar”,
é algo excessivo – a pessoa deve agir, assim como deve aspirar, oferecer-se, consentir
com a ação do trabalho da Mãe, rejeitar tudo o mais, entregar-se cada vez mais.
Todo o resto será realizado em seu tempo, não há necessidade de ansiedade, depres-
são ou impaciência.
13 de Julho de 1935
*
58 O Trabalho para a Mãe
15 de Setembro de 1936
Esta consciência vem apenas por meio da aspiração ou podemos obtê-la seguindo
uma disciplina mental?
A pessoa começa com o esforço mental. Mais tarde é formada uma consciência
interior que não precisa estar sempre pensando na Mãe.
Há duas maneiras de fazer uma oferenda à Mãe: uma é oferecer uma ação aos
seus pés como se oferece uma flor; a outra é retirar nossa própria personalidade
totalmente e sentir como se ela estivesse realizando todas as ações que executamos.
A Atitude Correta no Trabalho 59
Não há nenhuma necessidade de perguntar qual é a melhor, desde que elas não
são mutuamente excludentes. É a mente que as considera opostas. O ser psíquico
pode oferecer a ação, enquanto a natureza é passiva à Força (omitindo o ego ou afas-
tando-o) e sente a Força da Mãe realizando a ação e sua Presença nela.
5 de Novembro de 1938
Quando a pessoa trabalha, ela aspira para que a Força da Mãe assuma sua ativi-
dade durante o trabalho. A que ela deve aspirar quando não está trabalhando?
Para que o Poder da Mãe atue e traga para baixo os estágios necessários da cons-
ciência superior. E também para que o sistema seja cada vez mais apto – calmo, des-
provido de ego, consagrado.
Que trabalho é este se não é o trabalho da Mãe? Tudo o que você fizer, deve
fazê-lo como sendo o trabalho da Mãe. Todo trabalho realizado no Ashram pertence
à Mãe.
Todos estes trabalhos, meditação, a leitura das Conversações, estudar Inglês, etc.
são bons. Você pode fazer cada um deles dedicando-os à Mãe.
18 de Setembro de 1932
Você deve assumir a atitude correta não apenas em sua concentração interior,
mas em seus atos e movimentos externos. Se fizer isto e colocar tudo sob a orienta-
ção da Mãe, perceberá que as dificuldades começam a diminuir ou são superadas
muito mais facilmente e as coisas se tornam cada vez mais tranquilas.
Em seu trabalho e em seus atos você deve fazer a mesma coisa que faz em sua
concentração. Abra-se à Mãe, coloque-os sob sua orientação, chame pela paz, pelo
Poder sustentador, pela proteção e, de modo que eles possam atuar, rejeite todas as
influências erradas que possam atravessar-lhes o caminho criando movimentos errô-
neos, descuidados ou inconscientes.
60 O Trabalho para a Mãe
Siga este princípio e todo o seu ser se tornará um só, sob uma única regra, na paz,
no Poder e na Luz que protegem.
1 de Março de 1933
15 de Outubro de 1933
Sim, esta é a coisa mais importante – superar o ego, a raiva, as antipatias pes-
soais, as suscetibilidades do amor-próprio, etc. O trabalho não é apenas pelo próprio
trabalho, mas um campo de Sadhana, destinado a eliminar a personalidade inferior e
suas reações, e conquistar uma completa auto-entrega ao Divino. Quanto ao trabalho
em si mesmo, ele deve ser feito de acordo com a organização realizada pela Mãe ou
sancionada por ela. Você deve se lembrar sempre de que o trabalho pertence a ela e
não a você pessoalmente.
23 de Março de 1935
Eu posso apenas repetir o que já escrevi, sempre que tais circunstâncias e senti-
mentos o acometem. Abandonar o trabalho não é a solução; é através do trabalho
que se pode detectar e progressivamente eliminar os sentimentos e movimentos que
são contrários ao ideal Yóguico, e que pertencem ao ego.
O trabalho deve ser realizado para a Mãe e não para si mesmo, é desta maneira
que se promove o crescimento do ser psíquico e se supera o ego. O teste é realizar o
trabalho dado pela Mãe sem abhimana, insistência ou escolha pessoal, sem visar o
Força e Capacidade no Trabalho 61
prestígio e ficar ofendido por qualquer coisa que afete o orgulho, o amor-próprio ou
a preferência pessoal.
28 de Setembro de 1935
Fico contente com sua resolução. Quanto maiores as dificuldades que se elevam
no trabalho, mais podemos nos beneficiar com elas aprofundando a igualdade, se o
fizermos no verdadeiro espírito. Você deve também manter-se aberto para receber a
ajuda para isto, pois o auxílio da Mãe virá constantemente para a transformação da
natureza.
29 de Setembro de 1935
Não se deve fazer exigências; o que você recebe livremente da Mãe o auxilia;
aquilo que você exige ou tenta impor a ela, certamente estará privado de sua força.
A Mãe lida com cada pessoa de maneira diferente, de acordo com sua verdadeira
necessidade (não o que a pessoa imagina ser sua necessidade), seu progresso na
Sadhana e sua natureza.
Para você, o meio mais efetivo de obter a força de que precisa, seria realizar o
trabalho de forma consciente e meticulosa, não deixando que nada interfira com sua
perfeita execução. Se você fizesse isto, abrindo-se ao mesmo tempo à Mãe em seu
trabalho, receberia de maneira mais constante a graça e sentiria sua força realizando
o trabalho através de você; então, seria capaz de viver constantemente com a per-
cepção de sua presença. Se, pelo contrário, você permitir que suas fantasias ou dese-
jos interfiram em seu trabalho ou for descuidado e negligente, interromperá o fluxo
de sua graça e abrirá espaço para que o sofrimento, a inquietude e outras forças
estranhas entrem em você. Yoga através do trabalho é o caminho mais fácil e mais
efetivo para entrar no curso desta Sadhana.
8 de Março de 1930
62 O Trabalho para a Mãe
Apague a marca do ego do coração e deixe que o amor da Mãe tome seu lugar.
Elimine da mente toda insistência em suas ideias e julgamentos pessoais, então você
terá a sabedoria para compreendê-la. Não permita que haja nenhuma obstinação
egoística, nenhum impulso do ego na ação, amor à autoridade pessoal e apego à pre-
ferência pessoal, então a força da Mãe será capaz de agir claramente em seu ser, e
você obterá a inexaurível energia que pede e seu serviço será perfeito.
27 de Novembro de 1940
Mesmo o trabalho mais puramente físico e mecânico não pode ser feito adequa-
damente se a pessoa aceita a incapacidade, a inércia e a passividade. O remédio é
não se confinar a um trabalho mecânico, mas rejeitar e lançar fora a incapacidade, a
passividade, a inércia, e abrir-se à força da Mãe. Se a vaidade, a ambição e o amor-
próprio obstruírem seu caminho, rejeite-os de você. Você não eliminará essas coisas
simplesmente esperando que elas desapareçam. Se você simplesmente espera que
as coisas aconteçam, não há nenhuma razão em absoluto para que elas aconteçam.
Se a incapacidade e a fraqueza se opõem, ainda assim, à medida que a pessoa se abra
verdadeiramente e cada vez mais para a força da Mãe, a força e a capacidade neces-
sárias para o trabalho serão dadas e crescerão no adhara.
O corpo pode ser sustentado por um longo tempo quando há uma influência ple-
na, e a fé e o chamado são absolutamente sinceros na mente e no vital; porém, se a
mente ou o vital se acha perturbado por outras influências ou se abre a forças que
Trabalho e Meditação 63
não pertençam à Mãe, então se produzirá uma condição mesclada e por vezes haverá
força, por vezes fadiga, exaustão ou doença, ou uma mistura das duas ao mesmo
tempo.
Por fim, se não apenas a mente e o vital, mas o corpo também está aberto e pode
absorver a Força, ele pode fazer coisas extraordinárias em relação ao trabalho sem
sucumbir ao cansaço. Todavia, mesmo assim o descanso é necessário. É por isso que
insistimos com aqueles que têm o impulso para o trabalho, para que mantenham um
equilíbrio apropriado entre o repouso e o labor.
Uma completa liberdade da fadiga é possível, mas isto só ocorre quando há uma
completa transformação da lei do corpo com a plena descida de uma Força supra-
mental na natureza da terra.
Não tenha medo da energia vital em atividade. A energia vital é uma inestimável
dádiva de Deus, sem a qual nada pode ser feito – como a Mãe tem sempre insistido
desde o início; ela é concedida para que o trabalho de Deus possa ser realizado.
Estou muito contente que ela tenha retornado, e com ela a alegria e o otimismo. É
assim que deve ser.
Trabalho e Meditação
A Mãe não acha que seja bom abandonar todo trabalho e apenas ler e meditar. O
trabalho é parte do Yoga e proporciona a melhor oportunidade para invocar a Pre-
sença, a Luz e o Poder para o vital e suas atividades; ele amplia também o campo e a
oportunidade de auto-entrega.
18 de Agosto de 1932
Quanto à sadhana, suponho que você queira dizer com isto algum tipo de exercí-
cio de concentração, etc. Pois o trabalho também é sadhana, se realizado com a ati-
tude e o espírito corretos. A sadhana de concentração interior consiste em:
X diz que ele não pode sentir sua presença durante o trabalho da mesma maneira
que sente durante a meditação. Ele não compreende como o trabalho pode ajudá-lo.
Ele deve aprender a consagrar seu trabalho e sentir o poder da Mãe atuando
através do trabalho. Uma realização puramente subjetiva e sedentária é apenas meia
realização.
23 de Janeiro de 1934
*
Trabalho e Meditação 65
8 de Abril de 1934
Aqueles que trabalham para a Mãe com toda sinceridade, são preparados pelo
próprio trabalho para a consciência verdadeira, mesmo que não se sentem para
meditar ou sigam qualquer prática particular de Yoga. Não é necessário dizer-lhe
como meditar; o que quer que seja necessário virá por si mesmo, se em seu trabalho
e a todo momento você for sincero e mantiver-se aberto à Mãe.
66
9. O AUXÍLIO DA MÃE
Ritmos imortais regiam-Lhe os passos nascidos no tempo;
Uma vez que se tenha entrado no caminho do Yoga, só há uma coisa a fazer,
tomar a firme resolução de ir até o fim, aconteça o que acontecer, sejam quais forem
as dificuldades que se apresentem. Na verdade, ninguém obtém a realização no Yoga
por sua própria capacidade: é por meio da Força mais poderosa que se encontra aci-
ma de você que ela virá, é pelo chamado – persistente através de todas as vicissitu-
des – a esta Força, que a realização virá. Mesmo quando não puder aspirar ativamen-
te, mantenha-se voltado para a Mãe, para que o auxílio venha – esta é a única coisa a
se fazer sempre.
3 de Janeiro de 1934
Seja rápido ou lento o progresso, a atitude deveria ser sempre de plena fé e con-
fiança na Mãe; assim como você não pensa que o progresso foi resultado de seu pró-
prio esforço ou mérito, mas de sua tomada da atitude correta de confiança e do tra-
balho da Força da Mãe, assim você não deveria achar que qualquer lentidão ou difi-
culdade foi devido a seu próprio demérito, mas procure apenas manter esta atitude
de confiança e deixe que Força da Mãe trabalhe – lenta ou rapidamente, não impor-
ta.
14 de Novembro de 1935
Sempre houve uma excessiva confiança na ação de sua própria mente e de sua
vontade – é por isso que você não progride. Se você pudesse criar o hábito de uma
silenciosa confiança no poder da Mãe – não apenas chamá-lo para sustentar o seu
próprio esforço – o obstáculo diminuiria e eventualmente desapareceria.
Não é por sua própria força ou suas boas qualidades que uma pessoa pode alcan-
çar a transformação divina; existem apenas duas coisas importantes: a força da Mãe
em ação e a vontade do Sadhak de se abrir a ela e confiar em Seu trabalho. Mante-
nha sua vontade e sua confiança, e não se importe de modo algum com o resto – são
apenas dificuldades que todos enfrentam em sua Sadhana.
13 de Maio de 1936
*
68 O Auxílio da Mãe
27 de Maio de 1936
Esse tipo de sofrimento e desânimo são os piores obstáculos que a pessoa pode
elevar na Sadhana – você não deve admiti-los. O que você não puder fazer por si
mesmo, pode conseguir que seja realizado chamando a força da Mãe. Recebê-la e
deixá-la trabalhar em você é o verdadeiro meio de obter sucesso na Sadhana.
Tudo isto não tem nenhuma utilidade – lamentos, questionamentos, etc. desse
tipo devem ser postos de lado. Você deve seguir em frente calmamente, sem depres-
são ou distúrbio, recebendo as forças da Mãe, permitindo que elas trabalhem, rejei-
Obstáculos, Erros e Quedas 69
tando tudo o que possa impedi-las, mas sem se perturbar pela dificuldade ou pelos
defeitos em si mesmo, ou por qualquer demora ou lentidão neste trabalho.
25 de Outubro de 1933
Se a meditação produz dor de cabeça, você não deve meditar. É um engano pen-
sar que a meditação é indispensável para a Sadhana. Há um grande número de pes-
soas que não a praticam, mas que estão próximas da Mãe e progridem da mesma
forma que aquelas que fazem longas meditações.
A única coisa necessária é estar voltado para a Mãe e isto é tudo de que se neces-
sita. Não tenha medo ou fique triste, mas deixe que a Mãe realize tranquilamente o
seu trabalho em você e através de você, e tudo ficará bem.
16 de Março de 1935
Não há nenhum motivo para ficar desanimado. Três anos não é muito para a pre-
paração da natureza, e é geralmente através de flutuações que ela gradualmente se
aproxima do ponto onde um progresso contínuo se torna possível. Você deve aderir
firmemente à fé no trabalho da Mãe por trás de todas as aparências, então descobri-
rá que isto o conduzirá através de tudo.
31 de Agosto de 1935
Jamais permita que essas ideias surjam e o atormentem: “Eu não sou capaz”,
“Não estou fazendo o bastante”; são sugestões tamásicas e trazem depressão, e a
depressão abre caminho para os ataques das forças erradas. Sua atitude deveria ser:
“Farei o que for possível; a força da Mãe está presente, o Divino está presente para
providenciar que em seu devido tempo tudo será realizado.”
4 de Novembro de 1935
O auxílio da Mãe está sempre presente, mas você não está consciente dele, exce-
to quando o psíquico se encontra ativo e a consciência não está obscurecida. O sur-
gimento de sugestões não é uma prova de que a ajuda não está presente. Sugestões
vêm a todos, mesmo aos melhores Sadhaks ou aos Avataras – como vieram a Buddha
70 O Auxílio da Mãe
ou a Cristo. Os obstáculos existem, eles são parte da Natureza e devem ser supera-
dos. O que se deve conseguir é não aceitar as sugestões, não admiti-las como verda-
deiras ou como seus próprios pensamentos, considerá-las como são de fato e man-
ter-se separado. Os obstáculos devem ser considerados como algo de errado no
mecanismo da natureza humana que deve ser transformado – eles não devem ser
considerados como pecados ou atos errôneos que fazem com que a pessoa se deses-
pere consigo mesma ou com a Sadhana.
Não se preocupe com a pureza do corpo. O amor da Mãe purifica tanto o coração
como o corpo; se a aspiração da alma está presente, o corpo também é puro. O que
aconteceu no passado não tem a mínima importância.
A Mãe nunca pensa sobre dificuldades futuras, quedas ou perigos. Sua concen-
tração é sempre no amor e na luz, e não em dificuldades e quedas.
Consinta em Mudar
Aqueles que não são sinceros não podem se beneficiar do auxílio da Mãe, pois
eles mesmos o repelem. A menos que mudem, eles não podem esperar que haja a
descida da Luz e da Verdade supramentais no vital inferior e na natureza física; per-
manecem atolados na lama criada por eles próprios e não podem progredir.
Novembro de 1928
A ajuda da Mãe está sempre presente para aqueles que queiram recebê-la.
Porém, você deve ser consciente de sua natureza vital, e a natureza vital deve con-
sentir em mudar. De nada adianta simplesmente observar que ela está de má vonta-
de e quando contrariada gera depressão em você. A princípio, a natureza vital não
quer mudar nunca e toda vez que é contrariada ou chamada a mudar, ela cria essa
depressão por sua revolta ou recusa em consentir. Você deve insistir até que ela
reconheça a verdade e passe a querer ser transformada e aceitar o auxílio e a graça
Abra-se e Chame a Mãe 71
15 de Julho de 1932
É esta idéia de que você é incapaz, porque o vital consente com o movimento
errado, que constitui um obstáculo no caminho. Você deve colocar sua vontade inte-
rior e a luz da Mãe sobre o vital de maneira que ele venha a mudar, e não deixá-lo
fazer o que quiser. Se a pessoa se tornar “incapaz” e movida por qualquer parte do
ser instrumental, como a mudança é possível? A força da Mãe ou o psíquico podem
agir, mas com a condição de que haja o consentimento do ser. Se você permitir que o
vital aja como quiser, ele sempre irá atrás de seus velhos hábitos; deve-se fazer com
que ele sinta que deve mudar.
De agora em diante, ponha o aviso da Mãe na porta de seu ser vital: “Nenhuma
falsidade jamais voltará a entrar aqui”, e coloque uma sentinela ali para garantir que
ele seja cumprido.
18 de Maio de 1933
Por mais poderoso que seja o ataque, e mesmo que ele o domine por algum tem-
po, no entanto, ele passará rapidamente se você tiver formado o hábito de se abrir à
Mãe. A paz retornará se você permanecer tranquilo e se mantiver aberto a ela e à
Força. Uma vez que algo da Verdade tenha se revelado dentro de você, mesmo que
seja amplamente obscurecido por algum tempo com os movimentos errados, isto
sempre voltará a brilhar como o sol no firmamento. Portanto, persevere com con-
fiança e nunca perca a coragem.
14 de Março de 1932
Você não deve ficar perturbado por causa dessas pequenas coisas. Quando esses
movimentos dos quais reclama surgirem, se você permanecer tranquilo, abrir-se à
Mãe e chamá-la, depois de algum tempo, perceberá que uma mudança começará o
72 O Auxílio da Mãe
ocorrer em você. A meditação não é suficiente para isto; pense na Mãe e ofereça-lhe
seu trabalho e sua ação; isto o ajudará melhor.
7 de Abril de 1932
Muitas pessoas passam por esta condição (é a natureza humana), mas há natu-
ralmente um modo de sair dela: tendo plena fé na Mãe para aquietar a mente inte-
rior (mesmo que a externa continue perturbada) e invocar para o adhara a Paz e a
Força da Mãe, as quais estão sempre ali, acima de você. Uma vez que elas estejam
presentes, conscientemente, manter-se aberto a elas e deixá-las continuar traba-
lhando com uma completa adesão, com o constante apoio de seu consentimento e
uma rejeição consciente de tudo o que seja contrário a isto, até que todo o ser inte-
rior esteja tranquilizado e preenchido com a Força, a Paz, a Alegria e a Presença da
Mãe – então a natureza externa será obrigada a seguir o mesmo caminho.
8 de Maio de 1933
Se você não pode exercer sua vontade, só há um meio: chamar a Força; mesmo o
chamado feito apenas com a mente ou com a palavra mental é melhor do que ser
extremamente passivo e ficar sujeito ao ataque – pois embora isto possa não produ-
zir efeito imediatamente, mesmo o chamado mental acaba por trazer a Força e abrir
a consciência novamente. Pois tudo depende disto. A obscuridade e o sofrimento
sempre podem estar presentes na consciência exteriorizada; quanto mais a consciên-
cia interiorizada predominar, mais essas coisas são repelidas e expulsas, e com a
consciência plenamente interiorizada, elas não podem permanecer – se vierem,
serão como toques externos, incapazes de se alojarem no ser.
21 de Agosto de 1933
A força da Mãe está presente junto a você mesmo quando não puder senti-la;
permaneça tranquilo e persevere.
15 de setembro de 1934
Abra-se e Chame a Mãe 73
8 de Outubro de 1936
4 de Janeiro de 1937
74
Para Ela nosso conhecimento se eleva, por Ela busca nossa paixão;
Savitri, III.2
Aprenda a Viver Interiormente 75
Você deve aprender a viver em si mesmo com a Mãe, em contato com Sua cons-
ciência, e relacionar-se com os outros apenas com sua consciência externa.
9 de Abril de 1933
5 de Junho de 1934
Quando não há nenhum apego a coisas externas por sua própria causa, quando
tudo se destina apenas à Mãe e a vida através do ser psíquico interior está centrada
nela, é que se cria a melhor condição para a realização espiritual.
11 de Novembro de 1935
O que você deve fazer é permanecer voltado apenas para a Mãe e, confiando
nela, seguir em frente tranquilamente com seu trabalho e sua Sadhana até que che-
gue o tempo em que os Sadhaks estejam suficientemente despertos e mudados para
sentir a necessidade de uma maior harmonia e união uns com os outros. Importe-se
apenas com sua própria mudança e progresso espiritual, e para isto confie plenamen-
te na força da Mãe e em sua graça, pois elas estão com você – não deixe que as coi-
sas ou as pessoas o perturbem – pois, comparadas com a verdade interior e a jornada
rumo à plena Luz da Consciência da Mãe, essas coisas não possuem nenhuma impor-
tância.
6 de Dezembro de 1935
*
76 Volte-se Apenas para a Mãe
Se é dessa maneira, deve ser provavelmente porque você está vivendo exterior-
mente, permitindo-se ficar perturbado com os contatos externos. A pessoa não pode
encontrar felicidade de natureza permanente a menos que ela viva no interior. O tra-
balho, a ação deve ser oferecida à Mãe, realizada para ela apenas, sem nenhum pen-
samento em si mesmo, em suas próprias ideias, preferências, sentimentos, simpatias
e antipatias. Se a pessoa tiver os olhos fixados nestas coisas, então a cada passo ela
provoca um atrito, seja na mente ou no vital, ou, se estes estiverem comparativa-
mente tranquilos, no corpo e nos nervos. Paz e alegria só podem tornar-se perma-
nentes se a pessoa viver interiormente com a Mãe.
2 de Janeiro de 1937
Não fique pensando em suas dificuldades. Entregue-as para a Mãe e deixe que
sua Força as elimine de você.
22 de Março de 1935
31 de Agosto de 1935
19 de Outubro de 1935
Deixe Tudo nas Mãos da Mãe 77
12 de Novembro de 1935
O caminho que você tomou agora – apegar-se à Mãe através de todas as circuns-
tâncias e não deixar nada afastá-lo disso – lhe trará a verdadeira solução das dificul-
dades. Pois parece que o ser psíquico iniciou sua atividade em você.
24 de Dezembro de 1935
A verdadeira atitude é deixar tudo para a Mãe, ter plena confiança nela e deixar
que ela o conduza pelo caminho em direção à meta.
2 de Março de 1936
Esteja certo de que a Mãe sempre estará com você para conduzi-lo no caminho.
As dificuldades vêm e vão, mas, se ela estiver com você, a vitória é certa.
18 de Julho de 1936
78
Savitri, IV.2
Savitri, VII.5
A Mãe Divina 79
A Mãe Divina
O Gita não fala expressamente da Mãe Divina; ele fala sempre de entrega ao
Purushottama – ele a menciona apenas como a Para Prakriti que se torna o Jiva, ou
seja, que manifesta o Divino na multiplicidade e através da qual todos estes mundos
são criados pelo Supremo e Ele próprio desce como o Avatara. O Gita segue a tradi-
ção Vedântica, a qual se inclina inteiramente para o aspecto Ishwara do Divino e fala
pouco da Mãe Divina, porque seu objetivo é retirar-se da natureza do mundo e
alcançar a realização suprema além dela; a tradição Tântrica inclina-se para o aspecto
Shakti ou Ishwari e faz com que tudo dependa da Mãe Divina, porque seu objetivo é
possuir e dominar a natureza do mundo e alcançar a realização suprema através dela.
Este Yoga insiste em ambos os aspectos; a auto-entrega à Mãe Divina é essencial,
pois sem isto não pode haver a realização da meta do Yoga.
*
80 A Mãe, o Si e a Alma
Não existem muitas Mães, existe uma Única em muitas formas. A transcendente
é apenas um aspecto da Mãe. Não sei o que quer dizer o aspecto encarnado da Mãe
transcendente. Há o aspecto encarnado da Mãe Única – o que ela manifesta através
dele depende dela.
7 de Julho de 1936
A Mãe e o Si
1 de Setembro de 1934
O Si possui dois aspectos, passivo e ativo. No primeiro ele é puro silêncio, ampli-
dão, calma, o Brahman inativo; no segundo, ele é o Espírito Cósmico, universal, não
individual. Podemos sentir nele união ou unidade com a Mãe. Intimidade é um sen-
timento do indivíduo, portanto do ser psíquico.
12 de Outubro de 1934
As experiências [do Si] foram corretas – mas elas proporcionam apenas um lado
da Verdade Divina, aquele que se alcança através da mente superior – o outro lado é
o que se realiza através do coração. Acima da mente superior estas duas verdades
tornam-se uma só. Se a pessoa realiza o Atman silencioso acima, não há nenhum
perigo, mas também não há nenhuma transformação, apenas Moksha, Nirvana. Se a
pessoa realiza o si cósmico, dinâmico e ativo, então ela realiza tudo como o Si, tudo
como eu mesmo, este Si como o Divino, etc. Tudo isto é verdadeiro; todavia, o perigo
A Mãe e o Si 81
é o ego se apossar deste “meu” nesta concepção de que “tudo é eu mesmo”. Pois
este “eu mesmo” não é meu eu pessoal, mas o si de todos, assim como o meu. O
meio de se livrar de tal perigo é lembrar-se de que este Divino é também a Mãe, que
o “eu” pessoal é uma criança da Mãe com a qual eu sou um, embora diferente, Seu
filho, Seu servo, Seu instrumento. Eu disse que você não precisa interromper a reali-
zação do Si como a consciência cósmica, mas deveria lembrar-se ao mesmo tempo de
que tudo isto é a Mãe.
13 de Outubro de 1934
O que as pessoas querem dizer com o svarupa sem forma da Mãe – elas geral-
mente se referem a Seu aspecto universal. É quando se tem a experiência dela como
uma Existência e um Poder universais espalhados por todo o universo, nos quais e
pelos quais todos vivem. Quando a pessoa sente esta Presença, ela começa a sentir
uma paz, uma luz e um poder universais, uma felicidade sem limites – este é Seu sva-
rupa. Podemos encontrá-lo mais facilmente elevando-nos em consciência acima da
cabeça, onde somos liberados desta consciência física limitada e nos sentimos tam-
bém como algo vasto, calmo, uno em nosso ser com todos os seres – livres da paixão
e da inquietude, em meio a uma paz eterna. Mas isto pode ser sentido através do
coração também – neste caso o coração se sente igualmente tão vasto como o mun-
do, puro e cheio de felicidade, preenchido pela presença da Mãe.
9 de Junho de 1935
82 A Mãe, o Si e a Alma
A Mãe e a Alma
Chit Shakti ou Bhagavat Chetana é a Mãe – o Jivatma é uma porção dela, o psí-
quico ou a alma, uma centelha. O ego é um reflexo distorcido do psíquico ou do
Jivatma. Se é isto que você quer dizer, está correto.
É verdade que cada alma na terra é uma porção da Mãe Divina passando através
das experiências da ignorância a fim de alcançar a verdade de seu próprio ser e tor-
nar-se aqui o instrumento de uma Manifestação e de um trabalho Divinos.
83
Savitri, IV.1
84 Traduções de Cartas em Bengali
Sadhana
Sadhana significa sentir a Mãe próxima e no interior, sentir que a Mãe está
fazendo tudo e receber tudo da Mãe em si mesmo. Estando em tal condição, se a
pessoa dedicar sua atenção aos estudos, não pode haver nenhum mal.
A natureza humana, via de regra, não pode permanecer sempre no interior. Mas,
quando se pode sentir a Mãe em todas condições, no interior e no exterior, esta difi-
culdade deixa de existir. Tente obter tal condição.
Não se preocupe por causa disso. Nem sempre é fácil lembrar-se da presença da
Mãe. Quando todo o ser estiver preenchido pela presença da Mãe, então você se
lembrará dela automaticamente e não poderá esquecê-la de maneira alguma.
Todos têm este tipo de dificuldade. Identificação com a Mãe a todo momento
não pode ser realizada facilmente. Isto é realizado por meio de uma perseverante
prática espiritual.
A Consciência da Mãe
A primeira coisa a vir é a paz; a menos que todo o instrumento se torne pleno de
paz, é difícil para o conhecimento descer. Uma vez que a paz esteja estabelecida, a
A Luz da Mãe 85
Você deve viver acima, na vastidão que está experimentando, e nas profundezas
interiores, e deve viver nisto apenas; além do mais, você deve trazer esta vastidão
para todas as partes da natureza, mesmo da natureza inferior. Dessa forma, a trans-
formação da natureza inferior e externa pode ser permanentemente estabelecida.
Pois esta vastidão é a infinitude da consciência da Mãe.
Seja sempre calmo e deixe que a consciência superior da Mãe desça em você – só
isto transformará sua consciência externa.
A Luz da Mãe
Defeitos e Dificuldades
Não há nenhum sadhak, mesmo sendo ele um filho do Divino, que não possua
numerosos pequenos defeitos em sua natureza. Tão logo se torne consciente deles,
deve rejeitá-los; você deve aspirar mais ardentemente pela Força da Mãe a fim de
que esses pequenos defeitos da natureza possam ser pouco a pouco erradicados;
mas, a fé, a auto-entrega e a confiança na Mãe devem sempre permanecer intactas.
Eliminar esses defeitos inteiramente é uma questão de tempo; você não deve ficar
perturbado por eles existirem.
Nesta sadhana, assim como você eliminou a inquietude, assim também a tristeza
não deve ser admitida. Você deve confiar na Mãe e avançar com um coração imper-
turbável e uma mente calma e alegre. Se você tem plena confiança na Mãe, onde há
lugar para tristeza? A Mãe não está distante, mas constantemente perto de você.
Você deve manter esta fé e este conhecimento.
A pessoa deve sempre manter uma fé absoluta na Mãe, de estar em Suas mãos,
de que tudo será realizado através de Seu poder. Então, o obstáculo não poderá criar
nenhum sofrimento ou desespero.
As dificuldades não têm grande importância. Elas não são nada, senão aquilo que
existe na natureza externa dos seres humanos. Gradualmente, elas serão eliminadas
pela Força da Mãe. Portanto, não há nenhum motivo para ansiedade ou depressão.
*
Defeitos e Dificuldades 87
Não se esqueça do que eu já disse muitas vezes. Pratique sua sadhana de maneira
calma e silenciosa, sem ficar agitado. Então, pouco a pouco tudo se arranjará. Lamen-
tar-se em altos brados não é bom. Chame a Mãe calmamente. Abra-se a Ela. Quanto
mais quieto o vital se tornar, mais firmemente a sadhana prosseguirá sem se desviar.
“Até onde cheguei, até onde deverei ir?” – Tais questões não são de muita valia.
Tendo a Mãe como piloto, navegue em frente. Ela o conduzirá a seu destinado porto.
Esta não é a atitude correta. Sua sadhana não foi arruinada; a Mãe não o aban-
donou; ela não se afastou nem está descontente com você – são imaginações do vital
e não deveriam ser admitidas de modo algum. Mantenha uma confiança simples e
tranquila na Mãe. Sem temer as dificuldades, chame a Força da Mãe. Tudo o que
você recebeu se encontra no interior; haverá certamente um novo progresso.
Quem vai embora? Aqueles que não possuem nenhuma sinceridade, nenhuma fé
e confiança na Mãe, aqueles que consideram sua própria imaginação como algo
superior à vontade da Mãe, estes podem partir. Mas, aquele que busca a Verdade,
que tem fé e confiança, que quer a Mãe, não tem nada a temer; mesmo que hajam
milhares de dificuldades, ele as vencerá; mesmo que ele possua numerosos defeitos
em sua natureza, ele os corrigirá; mesmo que ele caia, ele se erguerá de novo e
finalmente, um dia, ele alcançará a meta de sua sadhana.
De uma coisa você deve sempre se lembrar, de que se for em frente com plena
confiança na Mãe, então, quaisquer que sejam as circunstâncias e dificuldades, por
88 Traduções de Cartas em Bengali
mais longo que seja o tempo necessário, você certamente chegará à meta – nenhum
obstáculo, atraso ou condição adversa pode frustrar o sucesso final.
Deve-se manter relação com o mundo externo, mas tudo isto deve permanecer
na parte mais superficial. Você deve viver no interior, próximo da Mãe e observar
tudo a partir dali – é isto que se requer. É o primeiro passo do Karmayoga. Então,
conduzir a partir do interior todo trabalho externo com o auxílio da força da Mãe.
Este é o segundo passo. Se você puder fazer isto, então não terá nenhuma outra difi-
culdade.
É verdade que a Mãe está presente em todos e devemos ter uma relação com
Ela. Porém, não se trata de uma relação humana ou pessoal; é ser uno com Sua vasta
unidade.
Uma emanação ou uma parte do ser e da consciência da Mãe é projetada por Ela
para cada sadhak e permanece com ele, como Sua imagem e representante, para
auxiliá-lo. De fato, é a própria Mãe que se projeta nesta forma.
O caminho direto para a verdade está aberto no coração. Tudo o que é oferecido
se eleva para a Mãe e imerge em Sua Verdade e se torna inteiramente verdadeiro.
A Mãe é a meta, tudo se encontra nela; se Ela for alcançada, tudo é alcançado. Se
você habitar em Sua consciência, tudo o mais desabrochará por si mesmo.
89
Bhava – sentimento,
Força, a – a Força Divina, a Energia una que é a única existente e que tor-
na a ação universal ou individual possível, pois esta Força é o próprio Divi-
no no corpo de Seu poder. No indivíduo ela é uma Força para purificação,
iluminação, transformação, para tudo o que deve ser realizado no yoga.
Nirvana – extinção, não de todo o ser, mas do ser como nós o conhece-
mos, extinção do ego, do desejo, da ação e da mentalidade egoísticas.
Ser Interior – a mente, o vital e o físico interiores, com o psíquico por trás,
como o mais profundo.
Sadhak – aquele que pratica uma disciplina espiritual; alguém que está
obtendo ou buscando obter a realização espiritual.
Sankalpa – resolução.
Yoga Integral – uma união (yoga) em todas as partes de nosso ser com o
Divino e a consequente transmutação de todos os seus elementos agora
discordantes na harmonia de uma consciência e de uma existência divinas
mais elevadas. O Yoga de Sri Aurobindo e da Mãe é conhecido como Yoga
Integral.
REFERÊNCIAS DOS TEXTOS NO LIVRO 95
Yogue – aquele que pratica Yoga, mas especialmente alguém que alcan-
çou a meta do Yoga e já se encontra estabelecido na realização espiritual.
Sobre o início de sua vida espiritual a Mãe escreveu: "Entre onze e tre-
ze uma série de experiências psíquicas e espirituais revelou-me não só a
existência de Deus, mas a possibilidade do homem de unir-se com Ele, de
realizá-Lo integralmente em uma vida divina." Em 1906 e 1907, a Mãe
estudou ocultismo em Tlemcen, na Argélia, com um adepto polonês, Max
Theon, e sua esposa. Retornando a Paris, fundou um grupo de buscadores
espirituais. Entre 1911 e 1913 ela deu muitas palestras a vários grupos em
Paris.
Sobre a relação entre a Mãe e ele, Sri Aurobindo escreveu: "A cons-
ciência da Mãe e a minha é a mesma", e novamente: "Não há diferença
entre o caminho da Mãe e o meu; temos e sempre tivemos o mesmo
caminho, o caminho que conduz à mudança supramental e à realização
divina .... ".
Sobre Auroville:
www.auroville-international.org/avi-centres/brazil/informacoes-gerais-
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Página com livros da Mãe que podem ser baixados no formato pdf:
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Página com livros de Sri Aurobindo que podem ser baixados no formato
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