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NIF: 509270425

CAE: 94995, 94992 Exmº Sr.

E. Postal: R. Estácio da Veiga, 1-s Procurador Geral da Republica

8700-300 Olhão Rua da Escola Politécnica, 140

E. Electrónico: somosolhao@gmail.com 1269-269 Lisboa


Tel.: 964406814

Ass: violações ao PDM V. Ref.: ___________de ___/___/____

Cc.: N. Ref.: 001-007 de 26/01/10

Olhão, 26 de Janeiro de 2010

Exmº Sr.
Somos Olhão SO! - Movimento de Cidadania Activa, vem
apresentar queixa contra a Câmara Municipal de Olhão, com
base e fundamentos seguintes:

A Câmara Municipal de Olhão (CMO) tem pautado a sua


gestão pela falta de transparência nos procedimento e actos,
recusando o acesso a processos que poderiam indiciar
irregularidades graves, tais como deliberações e decisões de
eficácia externa e a processos de ligados ao Urbanismo,
mesmo quando invocada a Lei de Acesso aos Documentos
Administrativos, e não aceitando os pareceres da respectiva
Comissão de Acesso àqueles documentos. Ora a falta de
transparência anda de mãos dadas com a corrupção e nós
procuramos saber se a há ou não nesta autarquia.
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Foi assim quando os membros deste Movimento pretenderam


ter acesso aos processos relacionados com empresas do
Grupo Bernardino Gomes.

1 – A CMO aprovou o alvará de loteamento de que segue


cópia em anexo (Doc. 1), de um terreno conhecido por Quinta
João de Ourém, (v. Doc. nº 3) prédio misto do qual foi
desanexado a área de 55.205m2, dos quais, cerca de 40.000
m2 são abrangidos pelo Plano Director Municipal (PDM) como
área de Expansão Urbana I e mais cerca de 15.000m2
classificados como Espaço Agrícola Indiscriminado , que o dito
alvará omite e que duvidamos possa ser considerado como
urbanizáveis.
O alvará sujeita ainda aos parâmetros urbanísticos constantes
do artigo 59º, nº3 do PDM, que fixa o índice máximo de
utilização bruto de 0,55. Atento ao artigo 11º do citado
regulamento o índice de utilização bruto é igual ao quociente
da superfície total de pavimento pela superfície total da
parcela a lotear, sendo a superfície total de pavimento a
soma das superfícies de todos os pisos incluindo escadas e
caixas de elevadores. Assim, multiplicando a área da parcela
(55.205) pelo índice de construção (0,55) obtemos o que
deveria ser a área total de pavimento. Ou seja
55.205x0,55=30.362m2, o que contraria os 51.526 de área
total de construção. Logo a CMO autorizou, em violação
grosseira do PDM, a construção indevida de mais 21.164m2
que vendidos a 1.200 euros/m2 geraram proveitos
excedentários de 25.396.800 euros.
Este alvará dá como cumpridas as áreas de cedências
previstas no artigo 84º do PDM, através do mecanismo da
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compensação em espécie previsto no artigo 16º, nº4 do Dec.-


Lei 448/91. Ora à data da emissão do alvará estava em vigor
o Dec.- Lei 555/99 que revogou o outro, não se percebendo as
razões porque foi invocado.
Mas mesmo assim, estipulava aquele que “se o prédio a
lotear já estiver servido pelas infra – estruturas referidas na
alínea b) do artigo 3º, ou não se justificar a localização de
qualquer equipamento público no dito prédio, não há lugar a
cedências para esses fins,
ficando no entanto o proprietário obrigado a pagar à CMO
uma compensação em numerário ou espécie, nos termos
definidos em regulamento aprovado em Assembleia
Municipal”.
Em primeiro lugar o prédio a lotear não estava servido de
quaisquer infra – estruturas , podendo sim considerar-se que
as mesmas não se justificavam, o que implicaria o seu
pagamento em numerário.
Vejamos o que diz o PDM sobre as áreas de cedência: Áreas
Verdes: 25m2/120m2 de área bruta de construção
Equipamentos colectivos: 35m2/120m2 de área bruta de
construção
Feitas as contas seriam cedidos ou compensados para área
verde 10.725m2, esse sim cumprido nos termos do alvará, e
mais 15.015m2 para equipamentos colectivos, o que de
acordo com o artigo 85º do PDM deveria ser adoptado como
mínimo 50% da área
estabelecida (conforme o artigo 84º), sendo o pagamento em
numerário correspondente ao valor de mercado das mesmas,
que feitas as contas seriam de cerca 7.500.000 euros.
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No dito alvará são citados os terrenos que estão, ou estavam


na posse da CMO desde 1979 e a favor de quem, foi feita
escritura em meados de 1986, e que importa apurar se, como
e porque mudou de mãos.
Em resumo, pode afirmar-se que a CMO permitiu, que em
violação dos artigos 59º nº3,84º nº1 alínea a) e 85º do PDM,
as Construções Lagarça do Grupo Bernardino Gomes,
tivessem construído a mais no valor de 25.396.000 euros e
isentou-a do pagamento de compensações no valor de
7.500.000 euros o que perfaz um total aproximado de 33
milhões de euros.

2. O empreendimento Marina Village insere-se na UOP1 de


Olhão em área classificada como Espaço Urbano Estruturante
I, e o alvará de loteamento nº2, emitido em nome de
Construções Lagarça do Grupo Bernardino Gomes, está ao
abrigo do artigo 49º do PDM, não tendo sido elaborado Plano
de Pormenor ou de Urbanização, como aliás é reconhecido
pelo Presidente de Câmara em carta dirigida à CCDR (doc. 2).
Nesta área também não existiam habitações degradadas ou
instalações industriais a transferir, pressupostos do nº 4 do
artigo 49º mas unicamente um antigo armazém de mercearia
conforme planta de localização em anexo (doc.3).
Assim o dito alvará para se conformar com o PDM teria de
observar os nº 3 e 6 do artigo 49º que e de acordo com o nº3
estipula um índice de construção de 1,0, enquanto o alvará
apresenta um índice de 1,27. No que concerne às cérceas o
nº 6 estipula que as mesmas devem respeitar a media das
cérceas confinantes, de 7 metros, enquanto o alvará
apresenta cérceas de 18 metros.
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Assim e pelo menos pela alteração do índice de construção


estamos perante um excesso de construção de 13.161 m2
que multiplicados por 2.000 euros/m2, permite gerar
proveitos de 26.322.000 euros indevidamente.

3-O Real Marina Hotel, outro empreendimento do Grupo


Bernardino Gomes, que também se insere na UOP I, estando
situado em Espaço Urbano Estruturante, até por se sobrepor a
área de habitação social degradada e daí ser-lhe aplicável o
artigo 49, que no seu nº 6, alínea b) determina que a cércea
máxima é igual á media dos edifícios confinantes, pelo que o
Hotel não poderia exceder os dois pisos.
Assim, o Grupo Bernardino Gomes obteve autorização para a
construção indevida de mais três pisos, em violação do PDM e
que não conseguimos avaliar.
Colateralmente e por não ter a ver com o PDM chamamos a
atenção para o processo de alienação do terreno destinado à
construção do Hotel, pelo facto de em Assembleia Municipal
de 2002 um deputado dela ter questionado o Presidente da
Câmara sobre o baixo valor base de licitação, cerca de 10%
do valor de mercado.
E, mais dúvidas nos assaltam quando sabemos que apenas
cinco anos após a deliberação de transmissão é que foi feita a
escritura, conforme cópia da minuta da acta que juntamos,
doc. 4

4- Pode dizer-se que qualquer dos empreendimentos do


Grupo Bernardino Gomes de algum modo violam o PDM de
Olhão.
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a)- Assim as licenças estão feridas de nulidade, nos termos da


Alínea a) do artigo 68º do Dec.-lei 555/99
b) É ao abrigo do artigo 69º do citado decreto que vimos
participar
c)Nos termos do artigo 70º nº 1, 2 e 4 deve ser pedida a
responsabilidade civil da Administração
d)Toda a construção excedentária e violadora do PDM deverá
ser demolida
f) Se caso disso, seja aplicada a Lei nº 34/87 sobre os crimes
de titulares de cargos políticos.

Com os cumprimentos

___________________________________________________

Raul Coelho

Presidente – Direcção

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