13/03/2016 A Representação Artística da Mulher e suas Implicações Sociais: Pré História e Grécia Antiga em Diálogo com a Contemporaneidade | História d…

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Data:  20  de  novembro  de  2014

Autor:  julianegamboa2

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no  Contemporâneo
ENOC  –  Da  Arte  Pré­Histórica
até  a  Arte  Visionária  →

Introdução

A representação e forma de valorização da mulher ao longo da história sofre modificações de
acordo  com  as  implicações  políticas  e  sociais  de  cada  época.  Passando  entre  atribuições
sagradas e a busca pela forma perfeita do feminino, o que perdura nas problematizações da
representatividade é sempre a demanda por um ideal. Nosso trabalho vem tratar das raízes
históricas desses ideais em antigas civilizações. Apresentamos o modo de vida e o cotidiano
da  mulher  pré  histórica  e  grega,  buscando  entender  a  maneira  pela  qual  elas  foram
representadas artisticamente. Criamos discussões e debates a partir desses desdobramentos
históricos à fim de propor uma reflexão com a questão do feminino na contemporaneidade.

A Mulher na Pré História

Para tratar da posição da mulher na pré história, nós dispomos de materiais arqueológicos e
diversas  pesquisas  de  teóricos  e  historiadores.  Pelo  grande  distanciamento  histórico,
devemos  compreender  que  a  história,  enquanto  ciência  humana,  pode  fazer  poucas
afirmações precisas acerca deste período. A cada descoberta, a história se transforma e vem
a nós de maneira diferente.

As implicações ideológicas da pré história são parte fundamental na busca pelo entendimento
da  representação  da  figura  feminina.  O  historiador  Pascal  Semonsut  afirma  que  na  história
apresentada aos europeus da metade do século XX, a mulher pré histórica era submissa ao
homem e um ser inferior.

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A  mulher  foi  apontada  arqueologicamente  invisível  por  muito  tempo,  o  que  dificulta  muito
buscar hoje compreender seu cotidiano e suas atividades com precisão. Com a descoberta de
fósseis  femininos,  como  “Lucy”  (Etiópia,1974)  e  “Luzia”  (região  das  Américas,  1975),  os
estudos e a vontade de dar a mulher pré histórica uma nova vida aumentou. Na tentativa de
obter  essas  respostas,  os  autores  se  apoiam  na  etnologia,  que  é  o  estudo  dos  povos
indígenas atuais.

As
sociedades
primitivas  são
consideradas
sociedades

matricêntricas, onde a mulher não dominava (ginecocracia), mas a vida era centrada nela. Em
representações  artísticas  da  mulher  pré  histórica,  como  Vênus  de  Willendorf  e  Vênus  de
Laussel,  que  são  estatuetas  de  mulheres  de  carnes  abundantes  do  Período  Gravetiano  (28
000­20.000  a.C.),  vemos  a  característica  da  valorização  da  fertilidade  feminina.  Segundo  o
que  aponta  a  doutora  Myriam  Philibert  “ter  uma  numerosa  prole  fazia  da  mulher  favorecida
pela  sorte  um  ser  excepcional  no  seio  do  clã”.  Além  disso,  há  estudos  que  apontam  que  a
fêmea  púbere  era  quem  se  transportava  para  encontrar  seu  companheiro  macho  em  outras
regiões. A partir de um estudo genético, esse tipo de comportamento foi encontrado entre os
neandertais há 50 mil anos. Essa organização evidencia uma atitude menos conservadora em
relação às mulheres.

Até  o  neolítico,  não  havia  uma  divisão  sexual  do  trabalho.  Mas  no  que  se  sabe  como
atividades femininas, estão o corte dos animais caçados, o transporte da carne, a peleteria, a
produção  de  cestos  e  principalmente  a  coleta  de  frutos.  Segundo  alguns  estudiosos,  as
mulheres  foram  responsáveis  pelo  descobrimento  da  agricultura.  “Um  grão  caído  na  terra
começa  a  germinar  e  é  observado  em  seu  crescimento  por  algumas  mulheres  que  estão
coletando  na  área:  aí  temos,  provavelmente,  a  base  da  transformação.”  (PINSKY,  1994,  p.
34).

A Mulher na Grécia Antiga

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A  figura  feminina  formou­se

gradativamente  ao  longo  do  tempo  de
acordo com as posições sociais e culturais
existentes  em  cada  momento  da  história.
Conseguimos  perceber  que  no  mundo
atual  ainda  temos  pensamentos  e
costumes  artísticos  decorrentes  de  uma
padronização  antiga,  convergindo  com  o
confronto  e  aversão  a  essa  forma.  A  arte
contemporânea vive o dilema de manter a
idealização  da  figura  humana  feminina  ou
a  quebra  dessa  representação  ilusória  e
pouco coexistente com a realidade, sendo
assim  um  tema  recorrente  para
entendermos  a  complexidade  visual
humana de tentar procurar um estereótipo
ideal.  Portanto,  esses  questionamentos
surgem  na  Grécia  e  nela  começa  a
procura  e  a  realização  da  perfeição
artística  e  denominada  por  muitos Afrodite de Cápua, de Lisipo, representando a
historiadores  da  arte  como  um  dos sensualidade de uma deusa com os troncos

momentos mais elevados de superação da despidos.

arte.  Sendo  assim  um  contexto  de  obras

existentes de acordo com as influências e costumes da época, como por exemplo, o papel da
subordinação da mulher na sociedade.

Na Grécia a condição social da mulher se difere claramente em relação aos direitos políticos
obtidos  pelos  homens,  pois  não  exercia  o  papel  efetivo  de  cidadã  e  estava  longe  de  ser
tratada como tal. Portanto, o status social da mulher estava condicionado ao ambiente em que
se  inseria,  por  meio  das  suas  condições  culturais  e  econômicas,  eram  definidas  suas
liberdades ou repressões.

Ao que indica a repressão Atenas pode ser tomada como exemplo, pois foi uma das principais
cidades­estados gregas que valorizava o saber por meio da representação da deusa Atenas e
foi  aonde  surgiu  a  primeira  ideia  de  democracia,  denominação  equivocada  pelo  fato  de
apenas  homens  intelectuais  da  aristocracia  podiam  participar  de  forma  efetiva  na  política.  O
saber  atrelado  à  mulher  era  voltado  para  o  meio  doméstico  fazendo  sua  participação  na
política  ser  nula.  O  que  lhe  restava  era  cumprir  suas  tarefas  domiciliares  e  seu  destino  à
procriação,  ou  seja,  o  ambiente  da  mulher  estava  envolto  ao  lar  tendo  o  papel  de  ser  boa
anfitriã,  sendo  fértil  capaz  de  gerar  herdeiros  aos  seus  maridos,  educando  seus  filhos  e
vivendo em plena subordinação do sistema que a excluía dos costumes locais.

Já  as  mulheres  em  Esparta  seriam  um  exemplo  de  divergência  à  repressão,  pois  tinham
maior  liberdade  credibilidade  por  serem  responsáveis  por  dar  origem  a  indivíduos  aptos  e
fortes  para  o  exército  local,  pois  a  sociedade  era  militarizada  e  valorizava  a  formação  de
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guerreiros notáveis. Dessa forma, era comum a mulher ter a liberdade de praticar esportes e
outras  atividades,  podendo  participar  de  reuniões  políticas  que  estavam  direcionadas  à  vida
espartana e tinha também a autonomia de controlar as finanças domésticas.

A Mulher e a Filosofia

Em  meio  a  toda  essa  questão  do  papel  da  mulher  na  sociedade,  surgem  posteriormente
diversos pensamentos que procuram entender e classificar o gênero feminino em relação ao
homem  e  suas  capacidades  intelectuais.  Podemos  analisar  dois  pensamentos  antagônicos
dos filósofos Aristóteles e Platão, respectivamente:

“
“Aristóteles  já  afirmava  que  o  corpo  feminino  está  dotado  de  um
cérebro  menor.  Pode­se  dizer,  portanto,  que  existe  uma  redução  da
mulher ao seu corpo, sendo­lhe impedido desenvolver sua capacidade
racional  e  intelectual.  O  corpo  é  visto  como  algo  historicamente
negado.”

“Aristóteles  proferiu  severas  críticas,  sobretudo,  à  autonomia  que

tinham as mulheres espartanas em relação às atenienses. O Estagirita
não  aceitara,  de  modo  algum,  que  as  espartanas  fossem  educadas
similarmente  aos  homens,  mesmo  que  fosse  sob  o  pretexto  de  ter
mulheres  com  melhores  aptidões  e  atributos  físicos  pra  gerar  filhos,
uma conjectura que se concebia em Esparta.”

“  Platão  achava  que  as  mulheres  eram  tão  capacitadas  quanto  os

homens para governar. Isto porque os governantes deveriam dirigir a
cidade­Estado  com  a  razão.  Platão  acreditava  que  as  mulheres
tinham  a  mesma  razão  que  os  homens,  bastando  para  isto  que
recebessem  a  mesma  formação  que  os  homens  e  fossem  liberadas  do
serviço de casa e guarda das crianças. “

A Arte Grega

Para entendermos melhor a atuação e diferentes estilos da arte grega, é preciso demarcar o
tempo e o período em que as mesmas ocorreram. A Grécia era divida em 3 períodos:

Período Arcaico – Fim da Idade das Trevas do Egeu, nascimento da civilização antiga

grega (800 a.C) até as Guerras Médicas (480 a.C);

Período Clássico – Fim das Guerras Médicas até a criação de Atenas como cidade­

estado mais poderosa e culturalmente produtiva;

Período Helenístico – Demarcou o período da morte de Alexandre O Grande (323 a.C)

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até o momento de domínio do Império Romano das terras gregas (146 a.C).

No  período  arcaico,  as  esculturas  têm  características  de  rigidez  na  posição  frontal,  são
simétricas e com o peso do corpo igualmente distribuído nas duas pernas. Nesse momento se
torna  presente  uma  série  de  produções  de  estátuas  votivas  femininas  dedicadas  à  deusa
Atena,  em  mármore  as  Korai  (“donzelas”  plural  de  Koré  ou  Kore,  do  grego  “mulher  jovem”)
que exprime de maneira delicada a expressão feminina da arte grega arcaica. Eram estátuas
destinadas  a  dar  alegria  à  divindade  feminina.  Vestiam  uma  túnica  ou  quíton  jônica,  um
manto,  enfeitavam  seus  cabelos  ondulados  com  grinaldas  e  jóias  da  época  e  com  um  leve
sorriso  arcaico  nos  lábios.  Essas  obras  reúnem  todo  o  encanto  da  beleza  ateniense,
representando o jeito reservado, enigmático, reflexivo, inspirando admiração.

Korai, com proporção, equilíbrio e beleza.

As Korai, assim chamadas pelos atenienses, podem ser vistas também no alto de Acrópole de
Atenas:  Seis  jovens  se  erguem  solenemente  sobre  uma  balaustrada  de  mármore.
Despreocupadas  e  relaxadas,  as  mulheres  equilibram  um  pesado  teto  de  pedra  sobre  a
cabeça. Uma representação admirável da exibição da potência feminina, curvas voluptuosas
combinadas com maciça força muscular. As colunas em forma de mulher eram chamadas de
cariátides desde os tempos romanos, a palavra vinha da cidade espartana de Cárias e foram
as mais famosas da Antiguidade grega.

A arte grega no período clássico começa a sofrer mudanças significativas. A forma rígida que
existia  na  escultura  do  período  arcaico  começa  a  sumir  gradativamente,  dando  espaço  para
um estudo mais aprofundado do corpo humano buscando o realismo na sua representação.
Na sua constante busca da perfeição, o artista grego cria uma arte de elaboração intelectual
em que predominam o ritmo, o equilíbrio e a harmonia. As figuras das deusas começam a ser

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retratadas  com  mais  beleza  e

delicadeza, buscando sempre a
movimentação nas estátuas e a
partir  desse  momento  surge  o
nu  feminino,  as  figuras  de
mulheres  esculpidas
parcialmente ou sem o quíton.

Templo Erecteu em Acrópoles de Atena – Cariátides

(1) Aphrodite Callipydge; (2) Afrodite de Cápua; (3) Vênus de Milo – Museu do Louvre; (4) Aphrodite de
Cnidos. Cópia romana em mármore (torso e coxas) com a cabeça, braços, pernas e apoio de roupagens
restauradas no Louvre, por Praxíteles.

No período helenístico observa­se uma grande influência do naturalismo nas obras. Os seres
não eram apenas representados de acordo com a idade ou a personalidade, mas também a
escultura começou a valorizar a expressão do corpo para transmitir emoção pelos
movimentos e delicadeza, atingindo o objetivo grego de encontrar a arte perfeita e ideal.

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As Três Graças, de Cordier – Museu do Louvre.

Portanto, observa­se que a arte feminina caminha de acordo com o seu tempo e com as suas
histórias no âmbito social, cultural, político e econômico. A figura se modelou de acordo com a
necessidade  da  produtividade  e  de  seus  objetivos  em  relação  à  arte,  trazendo  novas
conquistas e novas visões a respeito da mulher e seu papel na sociedade.

A Mulher na Atualidade: Implicações Representativas e Sociais

Observando a representação feminina na pré­história e a correlacionando diretamente com a
representação na Grécia é possível notar a relação entre a importância da figura feminina nos
grupos e a sua representação.
Na  pré­história,  temos  a  mulher  enquanto  figura  de  importância  no  clã,  ela  é  responsável
direta pela multiplicação e perpetuação do grupo, e nesse sentido, suas representações vão
de encontro a valorização dessas qualidades. As estatuetas “Vênus” com seus quadris largos,
belos  e  volumosos  seios  que  demostram  o  quanto  esses  atributos  são  importantes  para
aquela comunidade. No primeiro capítulo do livro – O Livro do Amor – intitulado – Pré­História,
Regina Navarro Lins nos trás dados a cerca da organização desses grupos:

“
“A  vida  nas  cavernas  no  Paleolítico  era  uma  constante  luta  pela
sobrevivência  e  a  natureza  era  tanto  a  provedora  quanto  o  verdugo
da  humanidade.  Há  cerca  de  4,5  milhões  de  anos,  nossos  ancestrais
andaram  eretos  pela  primeira  vez.  Essa  evolução  certamente
interferiu no relacionamento amoroso. Desconhecia­se o vínculo entre
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sexo  e  procriação.  Os  homens  não  imaginavam  que  tivessem  alguma

participação  no  nascimento  de  uma  criança,  o  que  continuou  sendo
ignorado por milênios. A fertilidade era característica exclusivamente
feminina,  estando  a  mulher  associada  aos  poderes  que  governam  a
vida  e  a  morte.  A  historiadora  Riane  Eisler  diz  que  nossos  ancestrais
do  Paleolítico  e  do  começo  do  Neolítico  imaginavam  o  corpo  da
mulher  como  um  receptáculo  mágico.  Devem  ter  observado  como
sangrava  de  acordo  com  a  Lua  e  como  miraculosamente  produzia
gente.  Também  devem  ter  se  maravilhado  com  o  fato  de  ela  prover
alimento,  produzindo  leite.  Acrescente  a  isso  o  poder  aparentemente
mágico  de  fazer  com  que  o  órgão  sexual  masculino  se  erguesse  e  a
capacidade  extraordinária  para  o  prazer  sexual—  tanto  para
experimentá­lo  quanto  para  oferecê­lo  —  e  não  é  de  admirar  que  o
poder  sexual  da  mulher  tenha  infundido  tanto  respeito  em  nossos
ancestrais.  Embora  tudo  indique  que  a  mulher  tivesse  mais  poder  do
que o homem, não havia submissão. A ideia de casal era desconhecida.
Cada  mulher  pertencia  igualmente  a  todos  os  homens  e  cada  homem
a  todas  as  mulheres.  O  matrimônio  era  por  grupos.  Cada  criança
tinha vários pais e várias mães e só havia a linhagem materna.”

Observando este trecho, é fácil compreender o porquê da valorização da mulher em sua
representação, mas o questionamento que nos surge é: O que aconteceu da pré­história
até  a  Grécia  Antiga  para  provocar  tantas  mudanças  na  representação  feminina  bem
como  na  questão  social  da  mulher?  Uma  possível  resposta,  é  o  parágrafo  seguinte  ao
trecho anterior do mesmo livro:

“
“O conhecimento sobre as funções do casal parece só ter chegado nos
dias  iniciais  da  agricultura,  por  volta  de  5  mil  anos  atrás.  A  ideia
também  cristalizou  o  senso  de  posse  do  homem,  uma  vez  que  o
conceito de “meu filho” requeria que a mãe da criança estivesse ligada
a  um  homem  apenas.  Mas  não  devemos  passar  a  falsa  ideia  de  que
surgiu  aí  um  imutável  conceito  de  família.  Entre  os
caçadores/coletores  há  sinais  de  exogamia:  em  encontros  anuais,
grandes festas, quando se faziam trocas ou se formavam uniões.”

A mudança de paradigma no grupo coincide com a célula mater do que hoje conhecemos
por  propriedade  privada,  de  modo  que,  a  partir  do  momento  em  que  o  macho  toma
consciência de sua participação na procriação, essa passa a ser a moeda de troca para o
desenrolar  de  todas  as  relações  do  grupo.  Regina  Navarro  Lins,  em  entrevista  ao
programa  “De  Frente  com  Gaby”  (20­03­2013),  sobre  esse  trecho  específico  do  livro,
relata que, de acordo com as pesquisas realizadas, a o motivo de ter a necessidade de
saber  quais  eram  os  filhos  legítimos  da  prole  era  para  protegê­los  e  assegurar  que

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aquela criação de animais e/ou plantação que pertencia ao macho em questão, passaria
à sua prole legítima. Assim, passa­se a regular também a atividade sexual das fêmeas,
fazendo delas uma propriedade dos machos também.

Da  pré­história  até  a  Grécia,  essa  relação  de  poder  dos  homens  sobre  as  mulheres  só
cresceu  cada  vez  mais,  e  esse  fato  se  exprime  na  participação  social  das  mulheres  na
sociedade grega e na representação idealizada das mulheres na arte da Grécia: já não é
importante ressaltar as qualidades e as formas reais femininas, as formas passam a ser
idealizadas.  Se  adiantarmos  o  passo  na  história  do  mundo,  poderemos  ver  que  a
participação social feminina é reduzida a cada civilização, e que temos poucas mulheres
ocupando cargos de poder, o que ocorre, por exemplo, no Egito e séculos mais tarde nas
monarquias,  onde  a  mulher  não  mandava  verdadeiramente,  o  poder  era  exercido  pela
igreja. Essas posições podem ser comprovadas, por exemplo, com a obra de Vasari, que
em  seu  livro  biográfico  cita  apenas  uma  artista  renascentista,  provando  a  escassez  de
uma figura feminina criadora, e mais que isso, o pouco prestígio que as mulheres tinham
na sociedade daquela época, onde a arte, sendo uma expressão máxima de prestígio da
sociedade – estando abaixo apenas da igreja – tem o artista muito bem conceituado, de
forma que seria incoerente termos artistas mulheres de prestígio.

Se  não  bastasse  a  falta  de  figuras  femininas  produzindo  arte,  teremos  durante  toda
história, a representação feminina atrelada à participação da mulher na sociedade, e até
hoje  temos  a  representação  da  mulher  numa  lógica  muito  longe  do  real,  apesar  dos
esforços dos movimentos feministas consolidados desde a década de 60.

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Acima: Campanha da marca Victoria’s Secret; Abaixo: Campanha da marca Dear Kate
mostrando os verdadeiros ‘corpos perfeitos’

Um dos exemplos atuais é a campanha de lingerie da marca “Victória’s Secret” –
intitulada “Perfect Body”, onde só aparecem mulheres padronizadas, com corpos ditos
perfeitos e evidentemente retocadas em photoshop. A campanha ainda ressalta a
imagem com a frase “The Perfect Body” (O corpo perfeito). Será que é essa a
representação feminina que queremos ver mundo a fora? 

Referências Bibliográficas:

UOL2, site. Reportagem “A mulher na pré­história” por Frédéric Belnet.

PINSKY, Jaime. As primeiras civilizações. 13. ed. São Paulo: Atual, 1994.

Documento, PDF. O feminino na antiguidade – Mayza Bergamo

ARTE E HISTÓRIA ATENAS – Edição Portuguesa de Bonechi

ARISTÓTELES. Livro V da Ética a Nicômaco. Os pensadores. São Paulo: Editora Nova
Cultural Ltda, 1996.

PLATÃO – A REPÚBLICA
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IMAGENS CITILANTES – CAMILLE PAGLIA, Uma viagem através da arte desde o Egito a
Star Wars.

ARISTÓTELES. A Política. [tradução de Roberto Leal Ferreira]. São Paulo: Martins
Fontes, 1998.

SILVA, Semíramis Corsi. História Antiga I. (CRC – CEUCLAR – Batatais, SP). 2010.

REGINA NAVARRO LINS. História do Amor.

Universidade Federal do Rio de Janeiro – Escola de Belas Artes

Trabalho realizado por: Juliane Gamboa, Marielen Romão e Thatiana Napolitano.

Categorias:  Mulher,  Feminismo,  Pré  História,  Grécia  Antiga,  Arte  Contemporânea,

História da Mulher.

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4 pensamentos sobre “A Representação Artística da
Mulher e suas Implicações Sociais: Pré História e
Grécia Antiga em Diálogo com a
Contemporaneidade”

leticiasferreira · 24 de novembro de 2014 às 01:17 · · Responder

Como a mulher é vista e representada pela História, socialmente e artísticamente, é

um assunto que me interessa muito.

Como surgiram só depois de muito tempo as primeiras imagens femininas, como a

posição da mulher na sociedade oscilava entre a mulher inferior e a mulher

adorada; e a falta de representatividade da mulher na arte e em outros campos. Só

em discutir e problematizar esse assunto, já significa um progresso para a

visibilidade da mulher.

 Curtido por 1 pessoa

palomaoliveira09 · 24 de novembro de 2014 às 02:38 · · Responder

Belíssimo trabalho, meninas. O papel da mulher na sociedade e na arte é

importantíssimo e o trabalho de vocês me fez refletir muito sobre a concepção atual

do feminino. Vejo que ainda há uma desvalorização da mulher na nossa sociedade

aos moldes de Aristóteles, e para alguns a mulher ainda é vista, infelizmente,

apenas como meio de procriação e zeladora do lar. Porém, é muito bom saber que

as mulheres já foram valorizadas ao longo da História e só resta esperar que isso

se repita. Parabéns!

 Curtido por 1 pessoa

leandrolimapp  · 24 de novembro de 2014 às 09:28 · · Responder

Vocês estão de parabéns, amei o trabalho.

A mulher é muito importante na sua sociedade e na arte é ainda mais essencial!

Ao passar dos anos conseguimos ver o processo de “evolução” dos povos, o que

me deixa mais interessado é saber o por quê dessas modificações tão bruscas aos

longos dos anos, tem um outro trabalho aqui que é sobre as pin ups, é uma

excelente forma da mulher em forma de arte contemporânea.


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Aldones · 24 de novembro de 2014 às 14:44 · · Responder

Acho muito interessante pensar o papel da mulher na arte, na sociedade e em

todas as esferas possíveis, já que isto é praticamente um buraco na história. Um

livro, aliás uma autora muito interessante para ajudar a pensar essa problemática é

Simone de Beauvoir, ela tem várias obras que tocam no tema. Tem o famoso

“Segundo Sexo”, onde ela vai dividir os capítulos de forma magnifica

desmistificando diversos discursos que visam entender a mulher sempre como um

“segundo sexo”. A mulher desiludida também é outra obra que traz uma visão

interessante sobre a mulher francesa de sua época, retratando a história de três

mulheres e sua relação com o mundo, sempre partindo do ponto de vista feminino.

Acho interessante para quem gostar do tema explorar essa autora, e não posso

deixar de falar sobre “Todos os homens são mortais”, que é o retrato de uma atriz

do século XIX, ela dialogando com um homem imortal rs. Imperdível!! Leitura par as

férias.

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