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FDUNL
2º semestre 2007/2008
TEORIA DO CRIME
Incluo aqui, por pensar que será útil para os estudantes, algumas
notas sumárias que dizem respeito a pontos específicos da
“teoria da infracção” (ou do crime) vistos à luz do actual Código
Penal - recorde-se que o 2º volume das minhas Lições foi escrito
ainda na vigência do Código Penal anterior; muitos aspectos
doutrinários são ainda válidos, mas há evidentemente muitas
alterações no texto legislativo.
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mais se aproxima da sistematização utilizada nas aulas. Por isso
pensei que, apesar do carácter sumário e fragmentário destas
notas, elas continuariam a ser de alguma utilidade para os
estudantes.
1. Acção (omissão).
Omissão: artº10º, nº2 (equiparação à acção em casos de
especial obrigação jurídica de agir); cria tipos penais de omissão
impura, alargando os tipos de resultado que estão na Parte
Especial (homicídio, ofensas corporais...). Isto é evidentemente
relevante a propósito da Dogmática dos crimes omissivos .
Coisa diferente é a incriminação, a título de omissão pura,
da falta de auxílio - artº200º (dever geral de socorro em caso de
“acidente”).
2. Tipo
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b) subjectivo:
o CP define agora expressamente as três formas de dolo no
artº14º - directo, necessário e eventual; na delimitação entre esta
última figura e a negligência consciente (artº15º) adopta uma
linguagem compatível com a chamada teoria da aceitação.
Em numerosos artigos da Parte Especial - ie, em
numerosos tipos de crime - o CP contém especiais elementos
subjectivos além do dolo.
Exs. artº 203º ( furto) - intenção de apropriação; artº 217º
(burla) - intenção de enriquecimento; artº 382º (abuso de poder) -
intenção de obter benefício ou causar prejuízo.
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Em 1, A erra por defeito: a sua representação da realidade é
menos grave do que essa mesma realidade. ERRO propriamente
dito (artº16º CP) - para esta figura se costuma reservar a palavra
erro. É este fenómeno que estudamos a propósito do tipo
subjectivo.
Em 2, A erra por excesso: a sua representação da realidade
é mais grave do que essa mesma realidade. TENTATIVA
IMPOSSÍVEL (artº23º CP). Estudaremos esta situação no capítulo
da tentativa.
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tratado no artº16º, como acabamos de ver!!! Da censurabilidade
ou não do erro depende a sua relevância (isto é: o agente tinha
ou não obrigação de se ter interrogado sobre a licitude do
facto?).
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Aos inimputáveis em razão da idade podem ser aplicadas
medidas de reeducação, nos termos da legislação de Menores;
aos inimputáveis por anomalia psíquica podem ser aplicadas
medidas de segurança se praticarem um facto típico e ilícito
(artºs 91ºss do CP).
A total embriaguês pode gerar uma situação de
inimputabilidade; mas atenção às regras sobre acções livres na
causa (artº20º, nº4) e à responsabilidade que pode advir, para o
ébrio e para terceiros, da própria situação de embriaguês (artºs
291º, 292º, 295º; artº 101º).
5.Tentativa
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não pode matar cadáveres ou causar a morte de alguém por
artes de bruxaria;
6. Comparticipação criminosa:
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Autoria e participação (instigação e cumplicidade)
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considere que se trata de uma forma de participação: é que a
instigação é, por definição, essencial à decisão do autor. Neste
sentido, a instigação é “causa essencial” do crime (e por isso
mesmo a teoria tradicional tende a considerá-la uma forma de
autoria - a chamada autoria moral, como vimos). É por isso justo
que seja punida de uma forma mais grave do que a cumplicidade,
de uma forma equivalente à autoria.