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FDUNL
2º semestre 2007/2008
TEORIA DO CRIME
Incluo aqui, por pensar que será útil para os estudantes, algumas notas
sumárias que dizem respeito a pontos específicos da “teoria da infracção” (ou do
crime) vistos à luz do actual Código Penal - recorde-se que o 2º volume das
minhas Lições foi escrito ainda na vigência do Código Penal anterior; muitos
aspectos doutrinários são ainda válidos, mas há evidentemente muitas
alterações no texto legislativo.
Lembro ainda, conforme referi nas aulas iniciais, que existem neste momento
Lições actualizadas (escritas já por referência ao Código Penal vigente).
Figueiredo Dias, Taipa de Carvalho e G. Marques da Silva publicaram textos em
que boa parte da nossa matéria está tratada (Ver bibliografia).
A EDIÇÃO RECENTE (2007) DE FIGUEIREDO DIAS1 É CERTAMENTE A MAIS
RELEVANTE.
Admito porém que seja natural a utilização do texto do meu Direito Penal como
elemento básico de estudo, dado que é o que mais se aproxima da
sistematização utilizada nas aulas. Por isso pensei que, apesar do carácter
sumário e fragmentário destas notas, elas continuariam a ser de alguma
utilidade para os estudantes.
1
DIAS, Jorge de FIGUEIREDO: Direito Penal. Parte Geral, tomo I, Questões
fundamentais. A doutrina geral do crime Coimbra Editora, 2007, 2ª edição.
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minhas Lições, são textos actualizados que ajudarão a completar a preparação
da cadeira em relação a essas três matérias.
1. Acção (omissão).
Omissão: artº10º, nº2 (equiparação à acção em casos de especial
obrigação jurídica de agir); cria tipos penais de omissão impura, alargando os
tipos de resultado que estão na Parte Especial (homicídio, ofensas corporais...).
Isto é evidentemente relevante a propósito da Dogmática dos crimes omissivos .
Coisa diferente é a incriminação, a título de omissão pura, da falta de
auxílio - artº200º (dever geral de socorro em caso de “acidente”).
2. Tipo
b) subjectivo:
o CP define agora expressamente as três formas de dolo no artº14º -
directo, necessário e eventual; na delimitação entre esta última figura e a
negligência consciente (artº15º) adopta uma linguagem compatível com a
chamada teoria da aceitação.
Em numerosos artigos da Parte Especial - ie, em numerosos tipos de
crime - o CP contém especiais elementos subjectivos além do dolo.
Exs. artº 203º ( furto) - intenção de apropriação; artº 217º (burla) -
intenção de enriquecimento; artº 382º (abuso de poder) - intenção de obter
benefício ou causar prejuízo.
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gravemente interesses de outrem representa correctamente no seu espírito
aquilo que está fazendo no momento em que age ou não (deixa de agir,
devendo fazê-lo: crimes omissivos).
Talvez se possa distinguir entre erro por excesso e erro por defeito.
Embora só a este último seja usual chamar-se erro, penso que esta terminologia
poderá ajudar a entender as relações e diferenças entre estes dois tipos de
situação.
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Todos estes erros excluem o dolo, ou pelo menos a punição a título de
dolo.
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responsabilidade que pode advir, para o ébrio e para terceiros, da própria
situação de embriaguês (artºs 291º, 292º, 295º; artº 101º).
5.Tentativa
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versão de 1982; ou, nos crimes de perigo concreto, pela referência ao bem
jurídico cuja protecção antecipada eles visam - a vida, a integridade física, a
propriedade de bens de grande valor no caso do artº 272º.
6. Comparticipação criminosa:
Autoria e participação (instigação e cumplicidade)
Sobre esta matéria em geral e em especial o artº 28º, V. texto T.P. Beleza
Ilicitamente comparticipando... (fascículos de actualização de Direito Penal 2º
vol.)
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forma de participação: é que a instigação é, por definição, essencial à decisão
do autor. Neste sentido, a instigação é “causa essencial” do crime (e por isso
mesmo a teoria tradicional tende a considerá-la uma forma de autoria - a
chamada autoria moral, como vimos). É por isso justo que seja punida de uma
forma mais grave do que a cumplicidade, de uma forma equivalente à autoria.