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7.

Tendência histórica da acumulação capitalista


Nesse subitem Marx fala de como surgiu a acumulação primitiva de capital, que ela foi
apenas uma mera mudança de forma, ou seja, em suas palavras, “significa apenas a
expropriação dos produtores diretos, isto é, dissolução da propriedade privada baseada no
próprio trabalho”.
Para ele a propriedade privada é aquela que se diferencia da propriedade social que é
coletiva, existe e pertencem a pessoas privadas. Mas dependendo de quem é essa
propriedade se são de pessoas trabalhadoras ou não trabalhadoras o “privado” tem para si
uma característica diferente. A propriedade privada do trabalhador sobre seus meios de
produção é a base da pequena empresa, a pequena empresa uma condição necessária para
o desenvolvimento da produção social e da livre individualidade do próprio trabalhador.
(Marx, Pág. 379)
Esse modo de produção sempre existiu, durante a escravidão, a servidão e outras relações
de dependência. Mas ela só floresce, só libera toda a sua energia, só conquista a forma
clássica adequada, onde o trabalhador é livre proprietário privado das condições de
trabalho manipuladas por ele mesmo, o camponês da terra que cultiva, o artesão dos
instrumentos que maneja como um virtuose. (Marx, Pág. 379)
Esse modo de produção previa parcelamento do solo e dos demais meios de produção e
concentração deles, exclui também a cooperação, divisão do trabalho dentro dos próprios
processos de produção, dominação social e regulação da Natureza, livre desenvolvimento
das forças sociais produtivas. Em um certo nível de desenvolvimento desse modo houve
uma “quebra” onde forças se sentem inquietadas por ele. Marx diz que:
Sua destruição, a transformação dos meios de produção
individuais parcelados em socialmente concentrados, portanto da
propriedade minúscula de muitos em propriedade gigantesca de
poucos, portanto a expropriação da grande massa da população de
sua base fundiária, de seus meios de subsistência e instrumentos
de trabalho, essa terrível e difícil expropriação da massa do povo
constitui a pré-história do capital (...) A propriedade privada
obtida com trabalho próprio, baseada, por assim dizer, na fusão do
trabalhador individual isolado e independente com suas condições
de trabalho, é deslocada pela propriedade privada capitalista, a
qual se baseia na exploração do trabalho alheio, mas formalmente
livre. (Marx, Pág. 380)

Esse processo de mudança para o modo capitalista, acabou com a sociedade antiga, os trabalhadores
viraram proletariados, seu trabalho foi transformado em capital. Karl Marx fala por fim que:
O sistema de apropriação capitalista surgido do modo de produção
capitalista, ou seja, a propriedade privada capitalista, é a primeira
negação da propriedade privada individual, baseada no trabalho
próprio. Mas a produção capitalista produz, com a inexorabilidade de
um processo natural, sua própria negação. É a negação da negação.
Esta não restabelece a propriedade privada, mas a propriedade
individual sobre o fundamento do conquistado na era capitalista: a
cooperação e a propriedade comum da terra e dos meios de produção
produzidos pelo próprio trabalho.
A transformação da propriedade privada parcelada, baseada no
trabalho próprio dos indivíduos, em propriedade capitalista é,
naturalmente,
um processo incomparavelmente mais longo, duro e difícil do que a
transformação da propriedade capitalista, realmente já fundada numa
organização social da produção, em propriedade social. Lá, tratou-se
da expropriação da massa do povo por poucos usurpadores, aqui trata-
se da expropriação de poucos usurpadores pela massa do povo.
(Marx, Pág. 381)

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