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O Princípio Básico do Direito das Sucessões é conhecido como Droit de Saisine (direito
de posse imediata), ou seja, transmite-se automaticamente e imediatamente, o domínio e
a posse da herança aos herdeiros legítimos e testamentários do de cujus, sem solução de
continuidade (ou seja, sem interrupção) e ainda que estes (os herdeiros) ignorem o fato
(art. 1.784 CC). Não necessita da prática de qualquer ato. No entanto deve-se proceder a
um inventário para se verificar o que foi deixado e o que foi transmitido.
Só se abre sucessão se o herdeiro sobrevive ao de cujus. O herdeiro que sobrevive ao de
cujus, ainda que por um instante, herda os bens por ele deixado e os transmite aos seus
sucessores, se falecer em seguida. Há necessidade de apuração da capacidade sucessória.
Além disso, é válido frisar que o herdeiro sucede a título universal e o legatário a título
singular.
Aceitação da herança ou adição – (arts. 1.804 e seguintes do CC) – é o ato jurídico
unilateral pelo qual o herdeiro (legítimo ou testamentário) manifesta livremente o desejo
de receber a herança que lhe é transmitida. A aceitação consolida os direitos do herdeiro.
É também indivisível e incondicional porque não se pode aceitar ou renunciar a herança
em parte e sob condição ou a termo, isto para se preservar a segurança nas relações
jurídicas; a aceitação deve ser pura e simples. Não pode haver retratação da aceitação da
herança. No entanto pode ser anulada e revogada, se após a sua ocorrência se verifica que
o aceitante não é herdeiro.
A aceitação pode ser classificada em:
• expressa – declaração escrita (pública ou particular).
• tácita – atos compatíveis com a aceitação da qualidade de herdeiro.
• presumida – quando o herdeiro permanece silente, depois que é notificado para que
declare se aceita ou não a herança.
Renúncia da herança – Consiste no ato jurídico unilateral pelo qual o herdeiro declara
expressamente que não aceita a herança a que tem direito, despojando-se de sua
titularidade. É ato solene, devendo ser feito por escritura pública (perante o tabelião) ou
termo nos autos (perante o juiz).
Se o herdeiro “renunciar” em favor de outrem, isto não se configura em uma renúncia
propriamente dita. Na verdade é uma aceitação e imediata transmissão, havendo a
incidência de tributação causa mortis e também inter vivos. Também é chamada de
renúncia translativa. A renúncia válida é a abdicativa, isto é, cessão gratuita, pura e
simples.
Requisitos para a renúncia:
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• Capacidade jurídica do renunciante. Os incapazes não podem renunciar, senão por seu
representante legal, autorizado pelo Juiz.
• Forma prescrita em lei; sempre por escrito (escritura pública ou ato judicial); não há
renúncia tácita nem presumida.
• Impossibilidade de repúdio parcial da herança. Esta é indivisível até à partilha.
• Respeito a direitos de eventuais credores. Se a renúncia prejudica credores, estes podem
aceitar a herança.
• Se o renunciante for casado, depende de outorga (uxória ou marital), pois o direito à
sucessão é considerado bem imóvel.
Efeitos da renúncia:
• O renunciante é tratado como se nunca tivesse sido chamado à sucessão; seus efeitos
retroagem à data da abertura da sucessão. O que repudia a herança pode aceitar legado.
• O quinhão hereditário do repudiante, na sucessão legítima, transmite-se de imediato aos
outros herdeiros da mesma classe (direito de acrescer). Os descendentes do renunciante
não herdam por representação. No entanto se ele for o único da classe seus filhos herdam
por direito próprio e por cabeça.
• O renunciante não perde o usufruto e nem a administração dos bens que, pelo seu
repúdio, foram transmitidos aos seus filhos menores.
• A renúncia da herança é irretratável e irrevogável.
5. HERANÇA JACENTE E VACANTE (ARTS 1819 A 1823)
Indignidade (arts. 1.814/1.818 CC) é uma espécie de incapacidade sucessória que priva
uma pessoa de receber a herança. É uma pena civil, criada pelo legislador, atingindo os
herdeiros necessários, os legítimos e os testamentários. A pena de indignidade só alcança
o indigno, sendo representado por seus sucessores, como se morto fosse. São excluídos
por indignidade os herdeiros ou legatários que:
a) houverem sido autores, co-autores ou partícipes em crime de homicídio doloso, ou
tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro,
ascendente ou descendente.
b) houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança, ou incorreram em
crime contra a sua honra (calúnia, difamação e injúria), ou de seu cônjuge ou companheira
(o).
c) por violência ou fraude, a inibiram ou obstaram o autor da herança de livremente dispor
dos seus bens por ato de última vontade.
Os descendentes do indigno herdam como se ele fosse falecido (representação). O indigno
não terá direito ao usufruto nem administração dos bens que seus filhos menores
herdaram. A exclusão do herdeiro, ou legatário, em qualquer desses casos de indignidade,
será declarada por sentença em ação ordinária, movida por quem tenha interesse na
sucessão (art. 1.815 CC). O prazo é de 04 (quatro) anos, sob pena de decadência. Os
efeitos da sentença declaratória de indignidade retroagem (ex tunc) à data da abertura da
sucessão, considerando o indigno como pré-morto ao de cujus.
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Reabilitação – O art. 1.818 CC permite ao ofendido reabilitar o indigno, desde que o faça
de forma expressa em testamento ou outro ato autêntico (ex.: escritura pública). É o
perdão do indigno.
7. SUCESSÃO LEGÍTIMA
Arts 1829 – 1844 do Código Civil. Sucessão Legítima é aquela em que o de cujus faleceu
sem testamento (ou ab intestato), ou o testamento deixado caducou, ou é ineficaz. Há
uma relação preferencial das pessoas que são chamadas a suceder o finado. Se deixou
testamento, mas havia herdeiro necessário, é possível que ocorra uma redução das
disposições testamentárias para respeitar a quota dos mesmos, prevista em lei.
Portanto, na sucessão legítima os herdeiros são apresentados pelo legislador e essa
seqüência é denominada ordem de vocação hereditária.
8. VOCAÇÃO DOS HERDEIROS LEGÍTIMOS
Arts 1829 – 1844 do Código Civil. O chamamento dos sucessores é feito de acordo com
uma seqüência denominada ordem de vocação hereditária, que é uma relação preferencial,
estabelecida pela lei, das pessoas que são chamadas para suceder o de cujus na sucessão
legítima.
Classes: 1ª descendentes + cônjuge; 2ª ascendentes + cônjuge; 3ª cônjuge; 4ª colaterais
até 4º grau. (Art 1829)
Descendentes: mais próximos excluem mais remotos. Os de mesmo grau sucedem nos
mesmos direitos, sucessão por cabeça e não por estirpe.
Ascendentes: mais próximos excluem remotos. Não há distinção entre linha materna e
paterna (Art 1836, § 2º), o que interessa é o grau. Não há direito de representação para
ascendentes (Art 1852).
Colaterais: mais próximos excluem mais remotos, exceção: direito de representação para
filho de irmão pré-morto. Irmãos germanos ou bilaterais e irmãos unilaterais: os últimos
têm metade do quinhão dos primeiros (Art 1841 e ss). Tio e sobrinho são colaterais de 3º
grau, na falta de outros herdeiros, a herança deveria ser dividida entre eles, porém o direito
sucessório estabelece que sobrinho exclui tio da sucessão, pois, devido ao direito de
representação, o sobrinho entra no lugar do irmão pré-morto, que é um colateral de 2º
grau, enquanto o tio, por ser ascendente, não possui direito de representação, se mantendo
no 3º grau, como mais próximos afastam mais remotos, logo, sobrinho exclui tio (Arts
1840, 1843 caput e 1851 ss).
Observações importantes:
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1. Uma classe só será chamada quando faltarem herdeiros da classe precedente. Exemplo:
os ascendentes só serão chamados na sucessão se não houver descendentes.
2. Dentro de uma classe, o grau mais próximo, em princípio, exclui o mais remoto.
Exemplo: o de cujus deixou um filho e este possui dois filhos (que são netos do de cujus);
a herança irá somente para o filho, excluindo, neste caso, os netos.
3. Os descendentes, os ascendentes e o cônjuge sobrevivente são considerados herdeiros
necessários; neste caso o testador só poderá dispor por testamento de metade da herança.
Isto é, metade de seus bens irá obrigatoriamente para os herdeiros necessários (salvo
alguma hipótese de deserdação). A outra metade ele poderá dispor em testamento.
4. Todos os filhos herdam em igualdade de condições (Constituição Federal, art. 227, §
6°: “Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos
direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à
filiação”). Assim, um filho não pode ser chamado de adulterino ou bastardo. Tanto faz
seja ele proveniente de um casamento ou de uma relação extraconjugal: é filho do mesmo
jeito e terá direito à herança.
5. Se houver um testamento essa ordem pode não prevalecer exatamente desta forma, ou
seja, pode haver algumas modificações.
9. DIREITO DE REPRESENTAÇÃO (ARTS. 1851 A 1856)
Dá-se o direito de representação quando a lei chama certos parentes do falecido a suceder
em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivesse (art. 1.851 CC). Só tem aplicação
na sucessão legítima.
Exemplo: A faleceu deixando 05 filhos. Dois deles (B e D) faleceram anteriormente (ou
seja, antes de A). Um desses (B) tinha um filho (G) e o outro (D) tinha dois filhos (H eI).
Cada um dos filhos de A irá receber 20% do patrimônio do pai. G representará seu pai na
herança de seu avô e receberá a totalidade que seu pai receberia (20%). No
entanto H e I representam D e irão herdar apenas 10% cada um da totalidade da herança.
Os filhos herdam por cabeça ou por direito próprio. Já os netos herdam por estirpe ou por
direito de representação.
Mas neste mesmo exemplo se todos os filhos já fossem pré-mortos, concorrendo apenas
os netos, todos do mesmo grau, a sucessão não seria mais deferida por representação (ou
estirpe), mas por cabeça. Assim, como só há três netos, cada um herdará um terço da
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de solenidades. Caso não sejam observadas, o ato será considerado nulo (conforme a regra
geral do art. 166, V do CC). Também é necessária a análise da capacidade testamentária
ativa e passiva.
Capacidade Testamentária Ativa
A capacidade testamentária ativa é a capacidade para fazer o testamento. O Código Civil
estabelece apenas como incapazes de testar (art. 1.860 CC): os menores de dezesseis anos,
os desprovidos de discernimento (ex.: os que não estiverem em perfeito juízo, surdos-
mudos, que não puderem manifestar a sua vontade, etc.) e a pessoa jurídica.
Assim, podem testar o cego, o analfabeto, o pródigo, o falido, etc. Os maiores de 16 anos,
mas menores de 18 anos, apesar de relativamente incapazes, podem testar, mesmo sem a
assistência de seu representante legal.
A incapacidade posterior à elaboração do testamento não o invalida. A capacidade para
testar deve existir no momento em que o testamento é feito, pois a incapacidade
superveniente não invalida o testamento eficaz. O testamento do incapaz não pode ser
convalidado com a superveniência da capacidade.
Capacidade Testamentária Passiva
A capacidade testamentária passiva é a capacidade para adquirir por testamento. Rege-se
pela regra genérica de que são capazes todas as pessoas, físicas ou jurídicas, nacionais ou
estrangeiras, maiores ou menores, existentes ao tempo da morte do testador.
Não podem ser contemplados por testamento as coisas inanimadas, os animais e as
entidades místicas. Se o beneficiário do testamento já morreu (pré-morto), a cláusula é
considerada caduca.
São absolutamente incapazes para adquirir por testamento:
• Os indivíduos não concebidos (o nascituro possui capacidade, pois já foi concebido) até
a morte do testador, salvo se a disposição deste se referir à prole eventual de pessoas por
ele designadas e existentes ao abrir-se a sucessão.
• As pessoas jurídicas de direito público externo relativamente a imóveis situados no
Brasil.
São relativamente incapazes para adquirir por testamento, proibindo que se nomeiem
herdeiros ou legatários:
• A pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, seu cônjuge, seus ascendentes,
descendentes, e irmãos.
• As testemunhas do testamento.
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• O concubinário (amante) do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver
separado de fato do cônjuge há mais de 05 anos.
• O tabelião, civil ou militar, o comandante, ou escrivão, perante o qual se fizer, assim
como o que fizer, ou aprovar o testamento.
Restrições do testamento
Não se pode dispor de mais da metade dos bens havendo herdeiros necessários
(descendentes, ascendentes e cônjuge sobrevivente), salvo se os mesmo forem
deserdados. As disposições que excederem à metade disponível será reduzida ao limite
dela. Reduzem-se também as doações feitas em vida, que atingiram a legítima dos
herdeiros necessários (são chamadas doações inoficiosas).
Um testamento pode ser revogado por outro (de qualquer espécie), total ou parcialmente.
Não há uma hierarquia entre os testamentos.
11. FORMAS DE TESTAMENTO
testemunhas. É permitido aos que sabem ler e escrever. Não pode ser utilizado pelo cego,
analfabeto e os incapacitados de escrever.
Requisitos:
• Escrito de próprio punho pelo testador ou mediante processo mecânico (art. 1.876 CC)
– neste caso não pode conter rasuras ou espaços em branco.
• 03 (três) testemunhas.
• Leitura do testamento pelo testador.
• Publicação, em juízo, após a morte do testador.
• Homologação do testamento pelo Juiz.
• Sobrevivência de pelo menos uma das testemunhas. Se as testemunhas forem
afirmativas (contestes) sobre o fato ou pelo menos da leitura perante elas e reconheçam
suas assinaturas o testamento será confirmado. Em casos excepcionais o testamento sem
testemunhas poderá ser confirmado pelo Juiz, desde que se convença da sua veracidade.
Morto o testador, será publicado em juízo, com citação dos herdeiros legítimos. Pelo
menos uma das testemunhas deve reconhecer sua autenticidade. Após isso e ouvido o
Ministério Público o Juiz confirmará o testamento.
TESTAMENTOS ESPECIAIS
São os de caráter provisório, feitos em situações de emergência.
Testamento Marítimo e Aeronáutico
O testamento marítimo ou aeronáutico consiste na declaração de vontade feita a bordo de
navios ou aeronaves de guerra ou mercantes, em viagem de alto mar. Deve ser lavrado
pelo comandante ou escrivão de bordo perante duas testemunhas idôneas.
Observação: se o testador não morrer na viagem ou nos 90 dias subseqüentes após o
desembarque, o testamento perde a validade (caduca).
Testamento Militar
Testamento militar é a declaração de última vontade feita por militares e demais pessoas
a serviço do exército em campanha, dentro ou fora do país. Deve ser escrito por autoridade
militar, na presença de duas testemunhas. Admite a forma nuncupativa, isto é, feita por
pessoa ferida; neste caso, pode ser feito de viva voz na presença de duas testemunhas.
Em qualquer hipótese, se o testador não morrer na guerra ou nos 90 dias subseqüentes em
lugar onde possa testar na forma ordinária, o testamento caducará.
Registro, Arquivamento e Cumprimento
Após a morte do testador, o testamento deve ser apresentado ao Juiz que o mandará
registrar, arquivar e cumprir, se não houver vício externo que o torne suspeito de nulidade
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Conforme a vontade do testador, podem ser apostos sobre os bens determinados encargos,
que podem variar indefinidamente. Podendo ser o encargo em favor de terceira pessoa,
ou da sociedade em geral.
O testador, da mesma forma, pode colocar no testamento, algumas razões que levaram
ele a realizar a divisão dos bens como foi feita, dá-se o nome dessa disposição de
Disposição Causal.
Finalmente, pode impor ônus e gravames sobre os bens que serão herdados. Os mais
conhecidos desses ônus são as cláusulas restritivas à propriedade, que consistem na
cláusula de incomunicabilidade, inalienabilidade e impenhorabilidade. Sobre essas
últimas, se faz necessário que o disponente, no próprio instrumento, mencione um motivo
bastante justificado para a aposição dessas cláusulas no testamento.
13. LEGADOS
Legado é a disposição testamentária a título singular, pela qual o testador deixa a pessoa
estranha ou não à sucessão legítima, um ou mais objetos individualizados ou uma certa
quantia em dinheiro. O legado é típico de sucessão testamentária, recaindo sobre uma
coisa certa e determinada (ex.: deixo a meu amigo minha biblioteca; deixo a meu sobrinho
o meu piano, etc.).
O conceito jurídico atual de legado é um ato de liberalidade feita em testamento a uma
pessoa determinada, chamada de legatário.
O legatário não é obrigado a aceitar o legado, podendo renunciar tácita ou expressamente.
Os legados podem caducar (ex.: anulação do testamento; alienação, modificação ou
perecimento da coisa; falecimento do legatário antes do testador; revogação; indignidade,
etc.).
Enquanto a herança consiste na totalidade ou de uma fração ideal dos bens do de cujus,
como uma universalidade de bens, sendo considerada um único bem imóvel, conforme o
art. 80, II do CC, o legado é a sucessão que incide sobre uma coisa certa e determinada.
A herança é indefinida e o legado é definido.
Quando o legado é deixado para um herdeiro legítimo, que passa a acumular os papéis de
herdeiro e legatário, é chamado de legado precípuo ou prelegado.
O legado, quanto ao objeto, pode ser de coisas corpóreas ou incorpóreas, crédito ou de
quitação de dívidas, alimentos; usufruto, imóvel, dinheiro; renda ou pensão periódica.
O legado de coisas pode se dar sobre uma coisa específica ou genérica, de modo que,
nesse último caso, a escolha somente será feita depois, pelo legatário, ou outra pessoa
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designada pelo testador. Como a coisa legada é definida apenas pelo gênero, o legado se
cumprirá mesmo que tal coisa não exista entre os bens do testador, segundo reza o art.
1.915 do CC. Além disso, o código veda totalmente o legado de coisa alheia, conforme o
disposto no art. 1.912.
Também pode um crédito de propriedade do de cujus ser objeto de legado, para se
transferir ao legatário, de modo que o novo crédito agora seja devido ao mesmo, de modo
igual ao que ocorre em uma cessão de crédito. Pode ser transmitida uma quitação de
dívida ao legatário, e se transfere pela própria entrega do instrumento de quitação do
herdeiro para o legatário.
Os alimentos podem ser transmitidos por legado. Através dessa modalidade de legado,
cria-se uma relação jurídica que obriga o pagamento da pensão alimentícia, como aquela
devida aos filhos. Os alimentos devem compreender o necessário à manutenção da vida
do legatário (alimentado), levando sempre em conta as circunstâncias e o meio-termo, de
modo que o valor estipulado dos alimentos não seja praticamente uma “esmola”, mas
também não seja muito alto, de modo que seja um aproveitamento ilícito do alimentado.
Em geral, os alimentos são fixados levados em conta as possibilidades do alimentante e
as necessidades do alimentado. Essa modalidade de legado tem fulcro legislativo no art.
1.920 do CC: “O legado de alimentos abrange o sustento, a cura, o vestuário e a casa,
enquanto o legatário viver, além da educação, se ele for menor.”
O testador, se possuir plena propriedade de um bem, pode legar o seu usufruto para uma
terceira pessoa, de modo que essa fique no uso e fruição do bem, em todo o prazo
estipulado. Se não houver um prazo estipulado pelo testador, há uma presunção iure et de
iure de que este prazo seja vitalício com relação ao legatário, conforme o disposto no art.
1.921.
Quanto ao legado de bem imóvel deve-se observar a disposição do art.1.922: “Se aquele
que legar um imóvel lhe ajuntar depois novas aquisições, estas, ainda que contíguas, não
se compreendem no legado, salvo expressa declaração em contrário do testador”. E, no
parágrafo único: “Não se aplica o disposto neste artigo às benfeitorias necessárias, úteis
ou voluptuárias feitas no prédio legado”.
Pode-se também legar dinheiro. O pagamento deve ser feito logo após a partilha, de forma
que os juros correrão a partir do momento em que o herdeiro pagador se constituir em
mora, ou seja, no momento em que for feito a partilha e o legatário não receber o dinheiro.
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Legítima a que este possui direito. Contudo, nada impede que o herdeiro necessário
renunciar a herança, na conformidade da Lei.
Legítima e Metade Disponível do patrimônio do de cujus – Distinção
O patrimônio de uma pessoa, enquanto viva, pode ser dividido em duas metades: a
Legítima e a metade disponível. Entretanto, tal distinção somente produzirá efeitos
práticos se houverem herdeiros necessários em jogo (Descendentes, Ascendentes e/ou
Cônjuge sucessíveis).
A metade chamada de Legítima é aquela que a lei transmite obrigatoriamente, e de
maneira igual, aos herdeiros necessários, a não ser que eles mesmos (e seus cônjuges, se
houver), de maneira expressa, renunciem à herança, por força do art. 1.846 do Código
Civil: “Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens da herança,
constituindo a legítima.”
No caso dessa ressalva, nem o próprio autor da herança poderá deixar de transferir a
Legítima para algum herdeiro necessário.
A outra metade do patrimônio, chamada de Metade Disponível, é aquela que o autor da
herança pode deixar para quem quiser, mediante um ato de disposição de última vontade
(Testamento ou Codicilo), a priori, não há restrições visíveis quanto à forma de disposição
da metade disponível, contudo, mesmo a disposição de última vontade deve obedecer a
certas determinações emanadas da lei.
16. SUBSTITUIÇÕES E FIDEICOMISSO
Deserdação é o ato unilateral pelo qual o de cujus exclui da sucessão, mediante testamento
com expressa declaração de causa, herdeiro necessário, privando-o de sua legítima, por
ter praticado alguma conduta prevista na lei como causa.
Requisitos de Eficácia: A deserdação exige a concorrência dos seguintes requisitos:
• Existência de herdeiros necessários.
• Testamento válido (só pode haver deserdação por testamento, sendo proibido por
escritura pública, instrumento particular, termo judicial ou codicilo – veremos este termo
mais adiante).
• Expressa declaração da causa prevista em lei.
• Propositura de ação ordinária.
Causas de Deserdação: Além das causas que autorizam a indignidade (art. 1.814 CC),
acrescenta-se:
A) Deserdação dos descendentes por seus ascendentes (art. 1.962 CC): ofensa física,
injúria grave; relações ilícitas com a madrasta ou padrasto; desamparo do ascendente, em
alienação mental ou grave enfermidade.
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B) Deserdação dos ascendentes pelos descendentes (art. 1.963 CC): ofensa física; injúria
grave; relações ilícitas com a mulher ou companheira do filho ou a do neto com o marido
ou companheiro da filha ou o da neta; desamparo do filho ou do neto com deficiência
mental ou grave enfermidade.
Efeitos da Deserdação: Os efeitos da deserdação são pessoais, isto é, atingem o herdeiro
excluído, como se ele morto fosse. Mas os seus descendentes herdam por representação,
ante o caráter personalíssimo da pena civil.
Não basta que o testador deserde o herdeiro. Cumpre aos outros herdeiros promover, no
prazo de 04 anos (contados da abertura do testamento) ação de deserdação para confirmar
a vontade do morto. O deserdado terá direito de defesa. Não se provando o motivo da
deserdação, o testamento produzirá efeitos em tudo o que não prejudicar a legítima do
herdeiro necessário.
Mera reconciliação do testador com o deserdado não gera ineficácia da deserdação. Deve
ser realizada a revogação por testamento (trata-se do perdão).
Distinção entre Indignidade e Deserdação:
1) A exclusão por indignidade se refere à sucessão legítima e afasta da sucessão tanto os
herdeiros legítimos, quanto os testamentários, necessários ou não, inclusive o legatário; a
deserdação se refere à sucessão testamentária, servindo apenas para privar da herança os
herdeiros necessários (descendentes, ascendentes e cônjuge), inclusive quanto à parte
legítima.
2) A exclusão por indignidade funda-se exclusivamente nos casos do art. 1.814 CC e a
deserdação repousa na vontade exclusiva do autor da herança, desde que fundada em
motivo legal.
18. REVOGAÇÃO E DO ROMPIMENTO DOS TESTAMENTOS
Sendo o testamento um ato jurídico, para que possa produzir efeitos jurídicos, deverá
satisfazer as condições genéricas (capacidade do testador, objeto lícito e possível, forma
solene e consentimento válido), sob pena de nulidade e anulabilidade. Além disso, ainda
existem causas que impedem o testamento de produzir seus efeitos jurídicos:
• Revogação
• Rompimento
• Caducidade
• Nulidade Absoluta ou Relativa
Revogação
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O testamento pode ser anulado se contiver defeito leve ou grave. Pode atingir o testamento
em sua totalidade (neste caso abre-se a sucessão legítima) ou em parte (prevalece a parte
válida do testamento, abrindo-se sucessão legítima, se for o caso, quanto ao que for
anulado).
a) Nulidade: incapacidade do testador; impossibilidade ou ilicitude do objeto;
inobservância das formas legais e nulidade das disposições. Requerimento de qualquer
interessado, do Ministério Público ou de ofício pelo Juiz.
b) Anulabilidade: erro substancial na designação da pessoa do herdeiro, legatário ou da
coisa legada; dolo; coação ou fraude. Requerimento apenas do interessado, respeitando o
prazo decadencial de quatro anos.
19. TESTAMENTEIRO
nomeado pelo testador, pode escolher entre receber a vintena ou a herança/legado. O que
é herdeiro legítimo recebe normalmente a vintena.
Perda do Direito da Vintena: (a) Negligência, (b) Não cumprimento das disposições por
dolo ou culpa, (c) Prestação de contas julgada negativamente.
Observação 1: O valor da vintena é de 5%, sendo que o testador ou o juiz pode fixar um
valor menor do que os 5%, dependendo do grau de dificuldade e complexidade do
cumprimento das disposições.
Observação 2: A vintena é paga ao final do cumprimento das atribuições do testamento,
mas o testador pode pedir adiantamento.
20. INVENTÁRIO E PARTILHA
faleceu sem bens, logo, credores não serão satisfeitos, de cujus pode ter deixado
obrigações a cumprir (ex: outorgar escrituras de compra e venda de imóveis que ele
vendeu) e forma de evitar imposição de finalidades civis (ex: viúvo para casar novamente
sem ser com separação obrigatória de bens deve apresentar inventário do cônjuge
falecido).
Espécies de partilha: a) Judicial: (Art 2016) após falecimento do de cujus, há herdeiros
menores e incapazes ou se não há acordo sobre a partilha; b) Amigável (Art 1029 CPC):
b’) Ato “inter vivos” (Art 2018) – ato de deliberação do de cujus antes do falecimento, de
natureza contratual ou via testamento, ele pode doar os bens a futuros sucessores e
estabelecer usufruto vitalício em seu favor (o falecimento do de cujus dá a propriedade
plena aos sucessores dos bens já partilhados); b”) Ato “causa mortis” – sucessores, de
comum acordo, estabelecem entre si qual quinhão cabe a cada um (Art 2015).
Anulação ou rescisão da partilha (Art 2027): estão vinculadas às espécies de partilha (ver
CPC 1022 e ss). A decisão do juiz sobre o conflito tem natureza de sentença, por isso,
transitando em julgado, só será rescindida por ação rescisória proposta diretamente no
Tribunal (prazo prescricional de 2 anos – Arts 1030 e 485 CPC). Na partilha amigável,
os vícios de consentimento, de natureza negocial, podem levar à anulação, por meio
de ação anulatória no juízo de 1ª instância (prazo prescricional de 1 ano) !!!Cabe ação
rescisória para anular partilha amigável quando houver pessoa absolutamente incapaz,
pois o prazo dessa ação é mais dilatado, beneficiando-a.
Emenda da partilha: juiz pode alterar o conteúdo de sua decisão de 1ª instância para sanar
erro ou inexatidão materiais ou inexatidão na descrição ou identificação dos bens.
Sobrepartilha (Art 2022): nova partilha nos próprios autos do inventário da partilha
inicial, ocorre quando nem todos os atos são partilhados, possibilidades: a) bens
sonegados: bem retirado do sonegador e partilhado; b) bens desconhecidos no momento
do inventário; c) bens litigiosos – ainda se discute a propriedade do bem (falta?).
Destituição do inventariante: impossibilidade de continuar no cargo por causas externas
ao processo de inventário. (inventariante – Arts 990 e ss CPC falta no caderno)
Bens não sujeitos ao inventário (exceções): a) bem de família convencional estabelecido
por escritura pública (Art 20, Dec 3200/40), cessada a situação que assim o caracteriza,
será inventariado; b) bens da Lei 6854/80 podem ser levantados administrativamente.
Prazos do inventário: a) início (Art 983 CPC): 30 dias após a morte – não é muito seguido,
porque a única sanção é fiscal (há multa após 60 e ela dobra após 180); b) fim – 180 a
partir do requerimento da abertura. Legitimidade para requerer abertura (Arts 987 e ss
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Noção: ato de retorno à herança de bens que foram retirados por ato de liberalidade do de
cujus. Bens que ultrapassaram os limites da legítima. (Arts 1014 e ss CPC).
O Art 2002 – retorno das doações feitas aos descendentes, não menciona o cônjuge, há
críticas: muitos falam que os bens doados aos cônjuges também deveriam retornar por ser
herdeiro necessário, mas o CC não prevê isso, há projeto de lei para mudar.
Excluído ou deserdado (Arts 2008 e 1015 CPC), descendente deve trazer bens a ele
doados à colação.
Observar que a colação, que ocorre nos autos do processo de inventário em prazo de 10
dias após citação do último herdeiro (Arts 1000 e 1014 CPC), não traz o bem de volta ao
espólio (§ ún Art 2002), por isso, sobre eles não incide imposto causa mortis (Art 155, I,
CF), ela também não aumenta a parte disponível da herança, mas sim soma bens à parte
indisponível.
Sonegação: quem sonega sofre penal civil – perde o bem sonegado, se este for o
inventariante ou o testamenteiro perde a função e o bem, o último ainda perde a vintena.
Art 2004: valor do bem à época da doação e não da abertura, Enunciado 119 Conselho de
Justiça – valor à época do falecimento – entendimento não muito aceito.
Presunção de que o bem doado a descendente seja a título de adiantamento da legítima,
se não for, o de cujus deve dizê-lo expressamente (Art 2005).
Bens que não devem ser trazidos à colação Arts §2º 2004, 2010, 2011 e 2012 (só metade)
e indenizações a título de seguro de vida ou acidente pessoal (Art 794).
Ex: A doa bem para B (filho de A) e C (casado com B), A morre: o bem deve ser todo
trazido à colação ou só metade? Doutrina maior entende que só a metade (afinal C não é
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descendente, Art 2002), S. Rodrigues entende que o todo deve ser trazido, pois, a intenção
de A era contemplar B e só contemplou C em virtude do casamento.
22. SONEGADOS
É a ocultação dolosa de bens que devem ser inventariados ou levados à colação. Pode ser
praticada pelo inventariante (quando omite intencionalmente bens e valores ao prestar as
primeira e as últimas declarações) ou pelos herdeiros (que não indicam bens em seu
poder).
A pena de sonegados tem caráter civil e consiste, para o herdeiro, na perda do direito
sobre o bem sonegado, que é devolvido ao monte e partilhado aos outros herdeiros, como
se o sonegador nunca tivesse existido. Se o bem não existir mais, será responsável por
seu valor, mais perdas e danos. Quando o sonegador for o inventariante a pena imita-se à
remoção da inventariança.
A ação de sonegados prescreve em 10 anos e deve ser ajuizada no foro
do inventário e pode ser proposta pelos herdeiros legítimos, testamentários e
credores.
23. PAGAMENTO DAS DÍVIDAS