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Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito da 20ª Unidade dos Juizados Cíveis e Criminais da

Comarca de Fortaleza (CE),

AÇÃO ORDINÁRIA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER, PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS


EFEITOS DA TUTELA DE MÉRITO E/OU LIMINAR INAUDITA ALTERA PARS, PRECEITO
COMINATÓRIO, RESSARCIMENTO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS

U R G E N T E

PRIORIDADE PROCESSUAL
( P o r t a d o r a d e d o e n ç a g r a v e )

OBS: NEGATIVA VERBAL A REQUISIÇÃO PROTOCOLIZADA

......................................................... , brasileira, solteira, professora, CPF/MF n°


............................................, residente e domiciliada na Rua ........................., por conduto de
sua advogada habilitada nos autos através de instrumento procuratório anexo, cujo
endereço repousa no rodapé da presente peça, vem propor a presente AÇÃO ORDINÁRIA
DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA
DE MÉRITO E/OU LIMINAR INAUDITA ALTERA PARS, PRECEITO COMINATÓRIO,
RESSARCIMENTO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS em desfavor de
UNIMED ......................... – COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO LTDA., pessoa jurídica
de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n° 05.868.278/0001-07, representada por quem de
direito, com sede na .........................................., com fulcro no Código de Defesa do
Consumidor, na Constituição Federal e demais dispositivos legais pertinentes a matéria, nos
termos dos fatos e fundamentos que adiante se seguem:
PRELIMINARMENTE, a Promovente requesta de Vossa Excelência os benefícios da
Justiça gratuita, na forma da lei n° 7.115/83, por ser incapaz de arcar com custas e
despesas processuais advindas com o presente ajuizamento sem o comprometimento de
seu sustento e/ou de seus familiares.

Por outro lado, a Lei n° 12.008, de 29 de julho do corrente ano, deu a seguinte
redação aos artigos abaixo transcritos do Código de Processo Civil:

Art. 1.211-A. Os procedimentos judiciais em que figure como parte ou


interessada pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, ou
portadora de doença grave, terão prioridade de tramitação em todas as
instâncias.

Art. 1.211-B. A pessoa interessada na obtenção do benefício, juntando


prova de sua condição, deverá requerê-lo à autoridade judiciária competente
para decidir o feito, que determinará ao cartório do juízo as providências a
serem cumpridas.

§ 1°. Deferida a prioridade, os autos receberão identificação própria que


evidencie o regime de tramitação prioritária.
Baseando-se nesses dispositivos, requer-se tratamento prioritário a esta demanda,
visto que ser a Autora portadora de OBEDIDADE MÓRBIDA, conforme pode ser
comprovado na documentação anexada.

DOS FATOS E DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA


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Obesidade mórbida pode ser curada com cirurgia


26/08/2003
A obesidade é hoje considerada um grave problema de saúde pública, pois
atinge um número crescente de pessoas em todo o mundo, trazendo graves
problemas sociais e de saúde.

A obesidade é hoje considerada um grave problema de saúde pública, pois


atinge um número crescente de pessoas em todo o mundo, trazendo graves
problemas sociais e de saúde. No Brasil, uma pesquisa feita em 1997 pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicou que cerca de 7%
dos homens e 12,5% das mulheres são obesos. Se for somada a esses
números a quantidade de pessoas com peso acima da faixa saudável tem-se
38% da população. Hoje a estimativa é de que existam no país 66 milhões de
obesos e 1 milhão de obesos mórbidos.

Recentemente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou relatório


apresentando uma população mundial de 250 milhões de obesos e 500
milhões de pessoas com sobrepeso. Nem todas as pessoas com peso acima
do normal apresentam a mesma gama de problemas, portanto, as soluções
para cada uma são diferenciadas.

Desde 1983, procura-se avaliar as condições nutricionais de uma pessoa e


diferenciar os obesos utilizando-se um índice denominado Índice de Massa
Corpórea (IMC). Esse índice é calculado dividindo-se o peso em quilogramas
(kg) pelo quadrado da altura em metros (m) {IMC = PESO (kg)/alt½}. Por
meio desse índice classificam-se como obesas as pessoas com IMC
superior a 25.

As consequências da obesidade no organismo são variáveis em número e


intensidade de acordo com o valor do IMC. Quanto maior for esse índice,
mais freqüentes e graves serão as doenças associadas à obesidade.
Pessoas com IMC SUPERIOR A 35 são mais sujeitas a doenças
cardíacas e vasculares (coronariopatias e hipertensão arterial), diabetes,
insuficiência pulmonar, distúrbios metabólicos (hiperlipidemia, doenças
da vesícula biliar, cálculos), doenças que afetam articulações
(osteoartrite degenerativa), distúrbios da menstruação, além de
problemas psicológicos, desajustes sociais e familiares.

As formas leve e moderada da obesidade são passíveis de tratamento não


cirúrgico (dietético, fisioterápico e psicológico), mas as pessoas com
obesidade mórbida ou super obesidade somente perdem peso caso
sejam submetidas também a um tipo de cirurgia que se denomina
cirurgia bariátrica.

“O fundamento da obesidade mórbida é genético, entretanto, ao avaliar o


doente, leva-se em consideração: quando ele desenvolveu a obesidade,
se houve algum mecanismo ou acontecimento na vida dele que
desencadeou a compulsão alimentar e o histórico familiar”, afirma Dr.
Sizenando Ernesto de Lima Júnior, cirurgião do aparelho digestivo do
Hospital Samaritano.

Estudos apontam uma redução de 20% na expectativa de vida do obeso


mórbido e o objetivo do tratamento cirúrgico é justamente reduzir o peso em
níveis nos quais os riscos da obesidade se tornem aceitáveis e a taxa de
mortalidade seja próxima à da população não obesa. Esse nível corresponde
a um peso, no máximo, 30% acima do ideal, ou seja, um IMC inferior a 35.

O tratamento cirúrgico da obesidade mórbida é indicado para pessoas com


peso corporal 45 kg acima do peso ideal (IMC superior a 40), mantido por
período mínimo de 2 anos. TAMBÉM SÃO CANDIDATAS À CIRURGIA
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PESSOAS COM IMC ENTRE 35 E 40 QUE APRESENTEM FORMAS


GRAVES DE DOENÇAS ASSOCIADAS, PORÉM REVERSÍVEIS OU MAIS
FACILMENTE CONTROLÁVEIS COM A PERDA DE PESO, TAIS COMO
DIABETES, HIPERTENSÃO ARTERIAL E AS ARTRITES.

O tempo de preparação para a cirurgia é de dois a seis meses. Nesse


período, o paciente passa por uma mudança drástica de vida para melhor. A
mudança de hábitos precisa ser grande, e quem não está pronto é
aconselhado a desistir. É importante salientar que o sucesso do tratamento
cirúrgico da obesidade mórbida depende, principalmente, da motivação do
indivíduo e de uma indicação precisa.

É muito importante que o obeso se sinta devidamente esclarecido e deseje


alcançar os benefícios oferecidos pela cirurgia. Deve aceitar sem restrições o
que lhe é proposto, compreender as razões da operação e estar preparado
para eventuais desconfortos e possíveis complicações inerentes a todo ato
cirúrgico. Para tanto, é fundamental a participação de uma equipe
multidisciplinar motivada, em que todos os profissionais envolvidos (médicos,
psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas e enfermeiras, assistentes sociais e
secretárias) tenham, cada um em sua área, profundos conhecimentos das
alterações próprias da obesidade, que vão julgar a indicação e o momento
oportuno para a realização da cirurgia.

“Os resultados mostraram-se muito satisfatórios”, na avaliação do dr.


Sizenando. “No período de janeiro de 1998 até hoje realizamos 1.020
cirurgias em obesos mórbidos, com apenas dois casos de perda de peso
inadequada, sem registrarmos nenhum caso de desnutrição, e três casos de
fístulas (rompimentos na linha de grampeamento da cirurgia), que após
reoperação evoluíram satisfatoriamente”.

Segundo se aprende com o texto acima, já do longínquo ano de 2003, é conhecida


como Obesidade a doença provocada pelo acúmulo demasiado de gordura no corpo. A
partir do momento em que a obesidade torna-se capaz de acentuar o risco de doenças
relacionadas ao excesso de peso, ela é classificada como de grau III, conhecida também
como mórbida.

Um dos parâmetros utilizados para avaliar ou determinar o nível de obesidade é o


Índice de Massa Corporal (IMC). Esse índice é obtido dividindo-se o peso pelo quadrado da
altura do indivíduo. Exemplo: 65 Kg/ (1,70)² = 22,5

De acordo com o valor do IMC, tem-se a seguinte classificação:

 Menor que 18,5 -> abaixo do peso


 Entre 18,5 e 24,5 -> peso normal
 Entre 20,0 e 29,9 -> sobrepeso
 Entre 30,0 e 34,9 -> Obesidade Grau I ou leve
 Entre 35,0 e 39,9 -> Obesidade Grau II ou moderada
 Acima de 40,0 -> Obesidade Grau III ou mórbida

A obesidade mórbida é, portanto, doença grave, qualificada como crônica, ou


seja, dura por longos períodos, relacionada a vários fatores, tais como predisposição
genética, desordens glandulares ou gastrintestinais, alterações nervosas e psicológicas,
erros alimentares (comer em excesso, consumo elevado de açúcares e gorduras,
mastigação rápida) e falta de exercícios físicos.

Pode ser a mola propulsora para o desenvolvimento de várias outras doenças e


distúrbios de alto risco à saúde, como, por exemplo, Diabetes mellitus, hipercolesterolemia,
complicações cardíacas, hipertensão arterial, problemas nas articulações (principalmente
joelhos e coluna lombar, devido à sobrecarga de peso), apnéia do sono, infertilidade em
mulheres, impotência em homens, trombose venosa e depressão. Tais doenças muito
favorecem a diminuição da expectativa de vida e a maioria delas não tem cura.
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Além de lidar com as complicações de saúde, os obesos mórbidos estão


rotineiramente sujeitos a outros problemas como discriminação, dificuldade para encontrar
roupas com tamanho apropriado, dificuldades para realizar atividades básicas (sentar numa
cadeira, passar em roletas de ônibus, amarrar os cadarços dos sapatos, fazer a própria
higiene pessoal, manter relações afetivas e sexuais, trabalhar, etc.). Têm, ainda, sensação
de fadiga constante, pouca resistência física, fôlego curto e limitações de movimento.

Atualmente, o tratamento da obesidade mórbida é feito por meio de processo


cirúrgico. Dentre elas, a chamada “Gastroplastia à Capella por Vídeo Laparoscopia”,
indicação do especialista para o caso da Autora.
In casu, apesar de obesa desde criança, não alcançou sucesso em seguidas
tentativas de emagrecimento, por dieta, endocrinologista e medicamentos.

l Sempre com a ajuda profissional de médicos especialistas na tenta de minorar seus


problemas de saúde, observou-se que, nos últimos meses, o ganho de peso foi crescente e
rápido. A tal ponto que única opção seria a cirurgia “Gastroplastia à Capella por Vídeo
Laparoscopia”.

Em fevereiro último, alçou alarmantes 113 kg, os quais são deveras excessivos para
sua pequena estatura, 1,53m, resultando em IMC = 48,50 kg/m², classificada a Autora como
Portadora de Obesidade Mórbida, agravada por outras patologias graves como Esteatose
Hepática (acúmulo de gordura no fígado); DRGE (Doença do Refluxo Gastro-Esofágico);
Hiperuricemia (excesso de ácido úrico); dores nos membros inferiores, lombalgia e, pior, a
Síndrome do Comer Compulsivo. Sem contar com as sequelas psicológicas, a baixa estima
em especial e a discriminação reinante numa sociedade que cultua o corpo sarado mais do
que o corpo saudável.

Ademais, o excesso de ácido úrico, muito preocupante, pode ter sérias


complicações, como comprometimento da função renal, com cálculos e desenvolvimento de
gota, terrível e muitíssimo dolorosa enfermidade.

Por ser a Autora é consumidora do plano de saúde da Ré desde janeiro de 2011,


estando inteiramente adimplente com suas obrigações contratuais, ante a progressão
vertical da sua tabela de peso, e, consequentemente, do seu IMC, apesar de
acompanhamento de equipe multidisciplinar, a única opção apontada pelos especialistas é a
cirurgia Gastroplastia à Capella por Vídeo Laparoscopia.

Razões pelas quais a Autora buscou a UNIMED, no dia 07 de fevereiro, com o fim
de obter autorização para se submeter à cirurgia então prevista para o dia 13 de fevereiro
último, que seria apenas outra etapa, a mais importante, há de se ressaltar, de um longo
caminho na busca de melhorar sua saúde e, consequentemente, da sua qualidade de vida,
tudo rigorosamente indicado e acompanhado por equipe composta de cirurgião,
endocrinologista, psicólogo, nutricionista, ortopedista, ginecologista.

No protocolo de entrega da documentação (requisições e laudos), constam 72 horas


para resposta.

Sem quaisquer formalidades, vários dias depois, lhe foi respondido VERBALMENTE
que o procedimento não seria autorizado porque a carência para doenças preexistentes,
como era seu caso, só estaria cumprida no meio de janeiro do próximo ano.

A Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde


(também conhecida como Classificação Internacional de Doenças – CID 10) é publicada
pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e visa padronizar a codificação de doenças e
outros problemas relacionados à saúde. A lista CID-10 fornece códigos relativos à
classificação de doenças e de uma grande variedade de sinais, sintomas, aspectos
anormais, queixas, circunstâncias sociais e causas externas para ferimentos ou doenças. A
cada estado de saúde é atribuída uma categoria única à qual corresponde um código CID
10.
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Quando da vistoria médica antes de firmar o contrato, onde foi apresentado exame
de sangue, o documento constatou, VISUALMENTE, doenças que taxou como
preexistentes: astigmatismo, hipermetropia, estrias atrofícas e OBESIDADE NE (NÃO
ESPECIFICADA), esta última classificada com CID-10 E-66.9. Destaque-se que a Autora
usa óculos e é, obviamente, obesa.

Entretanto, uma pessoa pode ter obesidade em três graus, segundo a OMS. Pode ter
sobrepeso e, ainda assim, ser razoavelmente saudável. Não consta ali, no documento da
UNIMED que a Obesidade era mórbida, e, portanto, de Grau III, dando-lhe caráter
preexistente.

Quando era sua oportunidade de fazer, a empresa Promovida não definiu especificou
o tipo de Obesidade que acometia a Autora. Apenas colocou o CID de Obesidade NE (Não
especificada), o que, sob nenhuma hipótese, pode servir como definição tão geral a ponto
de conceituar seu grau, sendo que existem três nos critérios médicos, sendo a mórbida, a
mais severa.

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA. SEGURO. DOENÇA PRÉ-


EXISTENTE. MÁ-FÉ DA SEGURADA. ÔNUS DA SEGURADORA.
CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS. SUCUMBÊNCIA. É ônus da demandada
provar que a segurada agiu de má-fé ao contratar o seguro, porquanto a má-
fé não se presume. Da mesma forma, à seguradora incumbe vistoriar o
estado de saúde da segurada quando da contratação. Na falta destes
elementos de prova, a questão se resolve em favor da beneficiária do seguro.
Apelo desprovido. (Apelação Cível Nº 70015342553, Sexta Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Antônio Corrêa Palmeiro da Fontoura,
Julgado em 31/08/2006).

Silente se quedou a Parte Promovida em relação à solicitação de autorização da


cirurgia, única opção para restabelecer a saúde da Autora indicada por especialistas desta
área médica, sequer investigando a progressão do seu sobrepeso, o grau da
obesidade, se a chamada morbidez se instaurara e em que índice, bem como os
demais fatores que levaram à requisição da cirurgia como urgente e necessária.

Cadê a solicitação com o carimbo de negativa?! Simplesmente não responderam,


prática que vem sendo adotada para dificultar a busca do amparo jurídico por parte dos
usuários.

Por tudo isto, reputa-se como abusiva a protelação e consequente recusa da Ré em


custear a cirurgia “Gastroplastia à Capella por Vídeo Laparoscopia” da Autora marcada para
o dia 13 de fevereiro último, tratamento considerado imprescindível por profissionais
habilitados, necessário aos fins propostos e, principalmente, urgente e premente ao
restabelecimento da saúde da paciente, pois o mal que lhe acomete é progressivo,
agravando-se mês a mês.

Entre tantos julgados, dita a jurisprudência:

Notícias - 13 maio 2008

Saúde em risco - Plano de saúde é obrigado a autorizar cirurgia mesmo na carência

Plano de saúde tem de autorizar cirurgia mesmo no período da carência do


contrato. O entendimento é da 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça. Os ministros
determinaram que a Unimed Rondônia autorize todos os procedimentos necessários
para a cirurgia de redução de estômago de um paciente com obesidade mórbida,
independentemente do período de carência. No STJ, a cooperativa médica tentava
suspender a determinação da Justiça do Estado, mas o pedido foi negado.
De acordo com o relator, ministro Fernando Gonçalves, analisar a questão
envolveria reexame de prova, o que não é possível ao STJ. A Unimed-RO alegou
que, além de não se tratar de cirurgia de urgência e emergência, a doença seria pré-
existente. A Justiça de Rondônia, nas duas instâncias, entendeu que a cirurgia
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deveria ser feita por haver risco de morte comprovado ao paciente obeso. Já a
alegação de doença pré-existente foi considerada infundada, porque não foi juntado
ao processo qualquer laudo pericial.
Conforme o processo, o paciente, um representante comercial, à época dos
exames para a cirurgia, media 1,72 metro e pesava 144 quilos. Ele aderiu ao plano de
saúde oferecido pela Unimed-RO em 22 de junho de 2006. O prazo de carência do
contrato é de dois anos. No entanto, o paciente tentava, há mais de um ano, fazer a
cirurgia indicada por seu médico após vários tratamentos contra a obesidade,
todos sem sucesso.
Como a Unimed-RO se negou a autorizar o procedimento, o paciente
ingressou com ação judicial. Pediu, também, indenização por danos morais pelo
desgaste emocional. Em junho de 2007, a Justiça de Porto Velho (RO) concedeu
liminar, determinando que a Unimed-RO autorizasse o procedimento
independentemente do período de carência, sob pena de multa diária de R$ 500, até
o limite de R$ 15 mil. A cooperativa recorreu da decisão, mas o Tribunal de Justiça de
Rondônia manteve a determinação e negou seguimento ao Recurso Especial para o
STJ.
A Unimed recorreu diretamente ao Superior Tribunal de Justiça, por meio de
uma Medida Cautelar, com a intenção de não só ter admitido o Recurso Especial,
como de suspensão da obrigação de autorizar a cirurgia. Esse pedido foi negado pelo
ministro Fernando Gonçalves e referendado pela 4ª Turma. MC 14.134

Terça-feira, 27 de março de 2012.

Plano de saúde terá que arcar com despesas médicas de cirurgia bariátrica
Do TJDF
O juiz da 4ª Vara Cível de Taguatinga condenou a Sul América Serviços Médicos a
arcar com todas as despesas decorrentes de um procedimento cirúrgico (cirurgia
bariátrica) realizado por um beneficiário. Na mesma decisão, o juiz condenou a
operadora a pagar R$ 5 mil de danos morais ao autor, bem como os honorários
advocatícios no valor de R$ 1 mil e custas processuais. No entendimento do
magistrado, tratando-se de tratamento médico de natureza urgente, cujo não
atendimento redundaria em lesões irreparáveis ou de difícil reparação ao autor, a
obrigação mostra-se devida.
Segundo o processo, o autor foi diagnosticado com obesidade mórbida, sendo
indicada a cirurgia bariátrica. A operadora se recusou a custear as despesas médico-
hospitalares do procedimento cirúrgico do tipo banda gástrica ajustável por vídeo,
mesmo tendo sido atendidas todas as especificações médicas.
Em sua resposta (defesa), a Sul América afirmou que, de fato, houve recusa para o
tratamento médico requerido pelo autor, uma vez que o procedimento médico
solicitado não constava do rol da agência regulatória. Assegurou ainda que em se
tratando de tratamento de alta complexidade, a autorização depende do
preenchimento de requisitos pré-estabelecidos, que não foram demonstrados pela
parte autora. Afirmou também que não praticou qualquer ato ilícito, não sendo
responsável pelos supostos danos morais suportados.
O magistrado, ao apreciar o caso, reconheceu o vínculo jurídico-obrigacional entre as
partes, decorrente do plano de saúde, que está sob a égide das normas do Código de
Defesa do Consumidor (CDC). De acordo com o ele, a norma consumerista considera
defeito quando o produto ou serviço não oferecer a segurança que dele legitimamente
se espera.
"Contrata-se plano de saúde com a finalidade de, havendo necessidade de
tratamento médico, seja feito o pronto atendimento. Verifica-se no processo defeito na
prestação do serviço de saúde, na medida em que, considerando os próprios termos
do ajuste, dever-se-ia disponibilizar tratamento médico geral e específico ao autor",
assegurou o juiz.
Ainda segundo o julgador, diferentemente do que foi afirmado pelo Plano de Saúde, a
cirurgia bariátrica consta do rol dos procedimentos autorizados pela agência
reguladora, não se podendo alegar, ainda que a causa fosse superveniente, a não
autorização do ato médico, sob a premissa de ausência de cobertura.

PLANO DE SAÚDE. OBESIDADE MÓRBIDA. GASTROPLASTIA. ALEGAÇÃO DE


DOENÇA PRÉ-EXISTENTE. PRAZO DE CARÊNCIA. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. 1. "O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram
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opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por
faltar o requisito do prequestionamento" (Súmula 356/STF). 2. A gastroplastia,
indicada como tratamento para obesidade mórbida, longe de ser um procedimento
estético ou mero tratamento emagrecedor, revela-se como cirurgia essencial à
sobrevida do segurado, vocacionada, ademais, ao tratamento das outras tantas co-
morbidades que acompanham a obesidade em grau severo. Nessa hipótese, mostra-
se ilegítima a negativa do plano de saúde em cobrir as despesas da intervenção
cirúrgica. 3. Ademais, não se justifica a recusa à cobertura de cirurgia necessária à
sobrevida do segurado, ao argumento de se tratar de doença pré-existente, quando a
administradora do plano de saúde não se precaveu mediante realização de exames
de admissão no plano, sobretudo no caso de obesidade mórbida, a qual poderia ser
facilmente detectada. 4. No caso, tendo sido as declarações do segurado submetidas
à apreciação de médico credenciado pela recorrente, por ocasião do que não foi
verificada qualquer incorreção na declaração de saúde do contratante, deve mesmo a
seguradora suportar as despesas decorrentes de gastroplastia indicada como
tratamento de obesidade mórbida. 5. Recurso não provido. (980326 RN
2007/0195089-0, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento:
01/03/2011, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 04/03/2011)

“Obesidade mórbida reconhecida, com evidente risco à saúde da parte agravada,


prescrita por médico conveniado da agravante – Cirurgia redutora do estômago que
não tem fins estéticos, mas necessária para os fins propostos, diante da prova
inequívoca acostada – Pedido verossímil. Abusividade na negativa. Tutela
antecipada, pelo imediato custeio dos procedimentos, regularmente deferida.
Inúmeros precedentes jurisprudenciais, inclusive desta corte. Agravo à unanimidade
improvido.” (TJPE – AI 72845-8 – Rel. Des. Antônio Camarotti – DJPE 29.01.2003);

Plano de saúde - Paciente com IMC 48,89 e que apresenta hipertensão arterial,
úlcera péptica e hérnia discai - Cirurgia de obesidade mórbida [gastrologia redutora]
indicada para o caso - Alegação de procedimento não coberto pelo contrato -
Paciente com risco de morte extremo, implicando na urgência da cirurgia - Recurso
provido para determinar que a seguradora arque com o procedimento indicado como
necessário para curar a patologia apresentada pela autora. (4050724500 SP, Relator:
Enio Zuliani; Data de Julgamento: 27/03/2008, 4ª Câmara de Direito Privado, Data de
Publicação: 23/04/2008)

Apelação Cível - Ação de obrigação de fazer com pedido de tutela antecipada – Plano
de saúde - Cirurgia Bariátrica - Obesidade Mórbida associada a outras doenças -
Indicação médica atestando a necessidade da realização do procedimento cirúrgico -
Contrato de Adesão - Aplicação do Código de Defesa do Consumidor - Alegação de
doença pré- existente e má-fé da apelada afastada - Prazo de carência observado -
cláusula limitativa de direitos do consumidor - Abusividade - Custas processuais -
Sucumbência mínima - Obrigação da parte sucumbente de arcar com o pagamento
integral das despesas processuais - decisão mantida - Apelo desprovido. Código de
defesa do consumidor. (7235254 PR 0723525-4, Relator: Renato Braga Bettega; Data
de Julgamento: 24/03/2011, 9ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ: 612)

Paciente com obesidade mórbida ganha direito à cirurgia


07 de setembro de 2009, às 20h30min

Um paciente que sobre de obesidade mórbida ganhou na Justiça o direito de fazer


cirurgia de redução do estômago, negado pelo seu plano de saúde. A decisão foi da
3ª Câmara Cível, em julgamento de Apelação Cível quinta-feira, 17, movido pela
Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil – CASSI.

O cliente do Plano de Saúde já havia ganho o direito de fazer o procedimento


cirúrgico denominado Gastroplastia Fobi Capella Vídeo Laparoscópica, bem como
todos os procedimentos pré e pós -operatórios a ele inerentes, em Ação Ordinária de
Obrigação de Fazer c/c pedido liminar de tutela antecipada, com a decisão do Juiz da
1ª Vara Cível de Natal.

O CASSI alegou que o paciente, apesar do quadro de obesidade mórbida, não se


encontrava em risco de vida eminente, ademais, sequer se deu ao trabalho de
demonstrar o fato constitutivo de seu direito (art. 333, I, do CPC), omitindo que fora
convidado pela CASSI para aderir ao plano que contemplava o procedimento
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cirúrgico, e negou-se, ao tempo que investe contra o contrato firmado sob inequívoca
vontade, feito de acordo com a necessidade do associado na época.

Afirmou, que, as provas juntadas comprovam que o cliente há mais de um ano já


vinha se preparando para a cirurgia e contudo, não buscou em nenhum momento se
adequar ao plano CASSI Saúde Família III, o que enfatiza a sua total falta de vontade
em se adequar ao plano oferecido, afastando portanto a idéia de contrato de adesão,
pois a parte tem sim poder de escolher o plano que mais se adeque as suas
necessidades. Alega ainda que a cirurgia não seria negada caso o autor tivesse
migrado para o Plano CASSI Saúde Família III, incabível que a recusa à autorização
para o procedimento lhes acarrete dano imediato eis que aquele teve tempo de se
adequar ao plano.

O plano de Saúde sustentou que a decisão favorável ao cliente caracteriza


enriquecimento sem causa, em detrimento dele e dos demais segurados. Ainda
segundo o Plano, o contrato em questão veda expressamente o tratamento de
obesidade afastando-se assim a alegação de arbitrariedade ou negligência por parte
da CASSI, que apresentou alternativa de solução com a adaptação contratual. A
CASSI pediu revogação de sua condenação, a obrigatoriedade do cliente de restituí-
la dos valores pagos indevidamente e que o cliente seja obrigado a migrar para o
plano Saúde CASSI Família III.

O relator, juiz convocado Kennedi de Oliveira Braga entendeu que a decisão de


primeiro grau não mereceu reforma, pois, na sua visão, há perigo de lesão grave e
irreparável para o paciente caso tenha de esperar o final da ação judicial, pois é
fato notório que as pessoas que sofrem de obesidade mórbida têm aumentados
os riscos de desenvolver doenças diversas como diabetes, pressão alta, etc. De
outra parte, entendeu que não há qualquer perigo de dano irreparável à CASSI pela
realização da cirurgia, bem como, pela determinação de arcar com o tratamento
necessário ao pós-operatório.

Ainda que indiscutível a legitimidade da cláusula de carência estabelecida em


contrato voluntariamente aceito por aquele que ingressa em plano de saúde, merece
reparos, todavia, a sua aplicação quando se revela circunstância excepcional, urgente e/ou
de emergência, constituída por necessidade de tratamento decorrente de doença grave
que, se não combatida a tempo, tornará inócuo o fim maior do pacto celebrado, qual
seja, o de assegurar eficiente amparo à saúde e à vida.

Pleiteia-se, no caso, o reconhecimento, pela autoridade judicial, da abusiva e


engessada interpretação da cláusula de carência pela Unimed, uma vez que sequer foi
registrado Obesidade de Grau III (Mórbida) no registro de patologias preexistentes, sem
quaisquer manifestações formais em 72 horas como assevera seu protocolo, negando o fim
maior do contrato de assistência médica, o amparo à vida e à saúde, o que, com eficiência,
tem sido combatido pela jurisprudência, sob a luz dos princípios constitucionais da dignidade
humana e da proteção ao consumidor, a parte mais fraca na relação jurídica de consumo.

Busca-se também no Poder Judiciário a concessão, a título de antecipação de tutela


e/ou liminar, do direito de a Promovente realizar a citada cirurgia com a rapidez possível,
pois, com a Síndrome do Comer Compulsivo, seu sobrepeso e seus problemas colaterais só
tendem a aumentar, tudo como indicado pelos médicos especialistas e constante dos laudos
anexados, sob pena de arcar com multa diária a ser arbitrada por este douto Juízo.
No mérito, ainda se pretende declarar o direito da Promovente ter assegurada a
realização deste tipo de tratamento o mais rapidamente possível a cirurgia conforme
requisitado pelo médico credenciado, uma vez que se reveste de urgência pelo caráter
crescente e inexorável da patologia que lhe acomete, por ser inerente à finalidade do plano
de saúde disponibilizá-la ao consumidor, sem vantagem manifesta do seu imensurável maior
poder econômico, social e técnico.

O Código de Defesa do Consumidor garante o direito da Promovente em ter


garantida a cobertura do plano de saúde para a cirurgia necessária ao pronto
restabelecimento da sua saúde. Estabelece a Lei n° 8.078/90:
Art. 51. “São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que:
9

IV – estabelecerem obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o


consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a
equidade;
§1o. Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:
II – restringem direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato,
de tal modo a ameaçar seu objetivo ou o equilíbrio contratual;
III – se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a
natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias
peculiares ao caso.”

Na análise e avaliação das práticas exercidas pelas operadoras de seguro-saúde,


como é o caso da ré Unimed, deve-se ter em mente que estas empresas atuam no mercado
prestando um serviço de relevância pública, delegado pelo Estado, como se constata pela
leitura dos artigos 197 e 199 da Constituição Federal, in verbis:
“Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder
Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle,
devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por
pessoa física ou jurídica de direito privado.”
“Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.”

Ao mesmo tempo em que é dado às operadoras de planos de saúde, como é o caso


da UNIMED, a autorização pelo Estado para explorarem uma atividade considerada de
relevância pública - a assistência à saúde –, o Poder Público impõe às operadoras o dever
de obedecer às diretrizes impostas pelos princípios e normas que regem a atividade.

Um destes princípios fundamentais está expresso no artigo 1º, inciso III, da


Constituição Federal, que prevê como um dos fundamentos da República Federativa do
Brasil a dignidade da pessoa humana.

Analisando-se o artigo 1º, inciso III, acima citado, com os artigos 5º, caput e inciso
XXXII e 196, todos da Carta Magna, conclui-se que o nosso sistema jurídico visa instituir,
como alguns dos direitos fundamentais do consumidor, o direito à vida, à saúde e à
dignidade como pessoa humana.

Observe-se o que dizem os dispositivos legais supramencionados:

“Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
...XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor.”
“Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e
ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação.”

Específico à matéria em questão, o artigo 4º, caput, do Código de Defesa do


Consumidor, confirma que um dos objetivos da Política Nacional das Relações de Consumo
é o “atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade,
saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua
qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo.”

Assim sendo, qualquer cláusula contratual ou prática exercida pelo fornecedor que
afronte tais princípios e normas, diretrizes do sistema de proteção à saúde e dignidade do
consumidor, é nula de pleno direito ou considerada abusiva, pois ofende aos princípios do
sistema jurídico ao qual pertence.

Na obra “Questões Controvertidas no Código de Defesa do Consumidor – 2ª Edição,


Editora Livraria do Advogado”, os autores Cláudio Bonatto e Paulo Valério Dal Pai Moraes,
dissertam sobre o conceito de práticas comerciais abusivas:
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“Práticas abusivas, para nós, são condutas, comissivas ou omissivas, praticadas por
fornecedores, nas quais estes abusam de seu direito, violam os direitos dos
consumidores ou infringem de alguma forma a lei.

Na trilha deste entendimento é o comentário de Ricardo Hasson Sayeg, ao definir


práticas comerciais abusivas como sendo:

“(...) os atos de fornecimento ou aqueles ocorridos em razão deles realizados


irregularmente por empresas com abuso de direito do fornecedor, violação ao direito
do consumidor ou infração à Lei, desde que dentro dos limites da relação de
consumo.”

Assim, as práticas comerciais abusivas podem surgir a partir do desrespeito de


quaisquer dos dispositivos do Sistema Protetivo ao Consumidor, dependendo, isto sim, da
conduta do fornecedor e desde que ela ofenda a algum dos três aspectos apontados.

Deve-se ressaltar sempre que do contrato de plano ou seguro saúde resulta, a toda
evidência, uma relação de consumo, logo, tal negócio jurídico, antes da vigência da nova lei
que regulamenta os planos ou seguros saúde, já era regido pelo Código de Defesa do
Consumidor.
 DO DANO MATERIAL

Outra situação inusitada é a negativa do plano de arcar com o exame de ergometria


que foi requisitado pelo médico, pois, segundo resposta VERBAL, a Autora não tem 30 anos
ou mais, razão porque não teria direito à cobertura.

Entretanto, sendo a Autora Professora e não médica, que é o profissional habilitado


para requerer tal avaliação, ante a possibilidade aberta a cada dia em função do seu
sobrepeso, teve que arcar com o pagamento do exame, a saber, R$ 150,00 (cento e
cinquenta reais), que requer lhes sejam ressarcidos.

 DO DANO MORAL
 DO DUPLO CARÁTER, SATISFATIVO E COIBITIVO,
DO QUANTUM INDENIZATÓRIO
Com relação à configuração do dano moral e da necessidade de seu ressarcimento,
também já estão consolidadas as decisões da jurisprudência brasileira, inclusive pelo
Superior Tribunal de Justiça.
Lamentavelmente, ainda assim se registra uma tendência à limitação de valores
indenizatórios que sequer alçam a dez salários mínimos vigentes, muitas vezes tão irrisórios
frente ao poderio econômico das empresas promovidas, que não desestimulam o
cometimento da mesma falta.
Quer dizer: ou o duplo caráter é aceito e duas fases são observadas na fixação do
montante; ou deve apenas ser reconhecido à indenização o caráter satisfativo. De outro
modo incorre-se em incoerência inaceitável.
A "INDÚSTRIA DA ILEGALIDADE", CUJO PAPEL PRINCIPAL É
DESEMPENHADO POR AGENTES DETENTORES DO CAPITAL, DEVE SER TEMIDA E
COMBATIDA. A CRIMINALIDADE ECONÔMICO-SOCIAL, DE ENORME REPERCUSSÃO
NA COMUNIDADE, É MUITO MAIS GRAVE E AMEAÇADORA PARA O ESTADO
DEMOCRÁTICO DE DIREITO – FOMENTADOR DA IGUALDADE E DA JUSTIÇA SOCIAL
– DO QUE A EVENTUAL MÁ-FÉ DE UM INDIVÍDUO QUE QUEIRA SE BENEFICIAR COM
UMA INDENIZAÇÃO A QUE NÃO FIZESSE JUS.

A conduta da empresa Ré de SEQUER NEGAR FORMALMENTE O PEDIDO DA


AUTORA, apenas informando verbalmente que a cirurgia não seria acobertada por causa da
carência, foi também motivo de grande constrangimento, vez que se aproximou a data
prevista para a cirurgia, com inúmeros telefonemas e idas à unidade na Avenida Santos
Dumont, até que chegou ao ponto de, sem resposta até a véspera do dia marcada, caiu em
si de que toda a preparação fora em vão.
11

O prazo de 72 horas constantes do cartão de protocolo é, portanto, formado de letras


mortas.

Da UNIMED apenas recebeu palavras e olhares penalizados, além de instruções


sussurradas para “entrar na Justiça”.

Por tudo isto é justo que a Promovida indenize os danos morais pela Autora e seja
punida pelo cometimento da ilegalidade prevista no Código de Defesa do Consumidor, da
forma que mais inibe a sua repetição: pelo bolso.

 DA TUTELA ANTECIPATÓRIA - E/OU DA CONCESSÃO DA


LIMINAR INAUDITA ALTERA PARS
A tutela antecipatória dos efeitos da sentença de mérito é providência que tem
natureza jurídica mandamental, que se efetiva mediante execução lato sensu, com o
objetivo de entregar à Autora total ou parcialmente, a própria pretensão deduzida em juízo
ou os seus efeitos.
É medida satisfativa no plano dos fatos, já que realiza o direito, dando ao requerente
o bem da vida por ele pretendido com a ação de conhecimento.
A tutela antecipada dos efeitos da sentença de mérito não é tutela cautelar, porque
não se limita a assegurar o resultado prático do processo, nem a assegurar a viabilidade da
realização do direito afirmado pelo autor, mas tem por objetivo conceder, de forma
antecipada, o próprio provimento jurisdicional pleiteado ou seus efeitos. Sua finalidade
precípua é adiantar os efeitos da tutela de mérito, de sorte a propiciar sua imediata
execução.
São requisitos fundamentais para a concessão da tutela antecipada: a
verossimilhança do alegado sob a existência de prova inequívoca e irreparabilidade do dano
causado.
A verossimilhança do alegado está plenamente discutida e analisada, de forma bem
dilatada, na exposição do direito que a Autora possui ao intentar a presente ação, com na
legislação pertinente à matéria.
Referida legislação asseguram a Promovente o direito de ter plena cobertura
assistencial do plano de saúde para tratamento do seu problema de saúde, agravado nos
últimos meses, a ponto da mera obesidade, aferida a olho nu antes da contratação, ter
alçado a MORBIDEZ com IMC = 48,50 kg/m², com o fornecimento de todo suporte
necessária ao procedimento cirúrgico, denominado bariátrico, sendo indevida e abusiva a
negativa amparada no cumprimento de menos de um ano para finalizar a carência,
injustificável ante a patologia grave e progressiva.

Tal situação afronta o Código de Defesa do Consumidor, uma vez que coloca a
consumidora em desvantagem total e exagerada, ferindo o fim social e o objetivo do próprio
contrato de prestação de serviço. Farta informação médica e jurisprudência pátria
comprovam a verossimilhança do direito da Autora.
A prova inequívoca resta demonstrada através do pedido para Internação Hospitalar,
sem respostas formais, a despeito do comprovante de protocolização determinar 72 horas.
A difícil reparação do dano causado encontra supedâneo fático em virtude de a
Promovente sofrer prejuízo irreparável, colocando em risco ainda maior sua já precária
saúde, seu bem estar físico, psicológico e social, enfim, sua vida e sua dignidade, caso não
realize o mais rápido possível a cirurgia, conforme orientação de médico especialista.
Tal situação também comprova o periculum in mora, uma vez que quanto mais o
tempo passa mais complicações de saúde acometem a Autora, não sendo justo nem
prudente aguardar todo o desenrolar da presente ação para ter seu direito resguardado,
pois, sendo a patologia progressiva, a certeza é de ganho de peso a cada mês,
agravamento das doenças já instaladas e desenvolvidos de outras mais sérias.
12

O deferimento da tutela antecipada seria uma decisão plenamente eficaz garantidora


do bom e do justo direito que assiste a requerente, tendo em vista o que já foi exposto ante
a possibilidade da aplicação legal em torno dos fatos.
Deve-se levar em consideração também que tal medida é bem menos prejudicial a
Promovida, pois não afetará em nada sua empresa, sua sustentabilidade, seu equilíbrio
financeiro, o que difere da Promovente, pois suportar o ônus de não realizar logo a cirurgia
Gastroplastia à Capella por Vídeo Laparoscopia” pode lhe custar a o agravamento de sua já
precária qualidade de vida.
Ao mesmo tempo, a Lei n° 10.444/2002, que altera o artigo 273 do CPC,
acrescentando-lhe o §7o, possibilita Vossa Excelência conceder liminar de natureza
acautelatória ao invés de tutela antecipada, desde que presentes seus requisitos, quais
sejam: o fumus boni iuris e o periculum in mora, como de fato acontece no caso em mesa.
Destarte, após a alteração da lei processual civil, adequando-a a presente
possibilidade, tornou o procedimento bem mais proveitoso para a parte que teve ou tem seu
direito lesado, pois deixa a critério do julgador analisar o cabimento, dentro da ação
ordinária, da concessão da antecipação dos efeitos da tutela ou da liminar, prevalecendo
também os princípios da eficiência da tutela jurisdicional, da celeridade e da economia
processual, pois evitaria dois processos, no caso de ser uma cautelar e uma ordinária
principal.
De mais a mais, estabelece o artigo 84 do Código de Defesa do Consumidor,
garantindo a necessidade e possibilidade da concessão da liminar ou da tutela antecipada:
Art. 84. “Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não
fazer, o juiz concederá a tutela específica ou a obtenção do resultado prático
equivalente ao do adimplemento.”
§3o. “Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio
da ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela
liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu.”
Todos os elementos constantes dos presentes autos comprovam, não apenas em
nível de verossimilhança de alegações, igualmente, em sede de Direito líquido e certo, que a
pretensão autoral há que ser julgada procedente em todos os seus termos. o direito que se
pretende tutelar é a saúde, a qualidade de vida e a dignidade da Autora.
Aqui não se trata de possibilidade de perecimento de direito – se trata da
possibilidade súbita do agravamento da saúde da Autora. Impossível se cogitar de um maior
e mais evidente perigo na demora para a concessão da medida pleiteada.
Inexiste também o periculum in mora inverso por duas simples razões: primeiramente
porque o bem jurídico consistente na saúde da Autora é imensamente superior ao bem
jurídico eventualmente consistente na interrupção da carência no que pertine à cirurgia
“Gastroplastia à Capella por Vídeo Laparoscopia”, uma vez que mesmo na avaliação
preliminar do Plano não foi especificado o grau da obesidade da Autora, (que pode,
inclusive, em caso de improcedência da presente - o que se admite apenas para argumentar
-, ser reembolsada) e porque não se requer da Ré nada mais do que o cumprimento da lei e
do contrato com tantos julgados precedentes – e a ambos ela teima em desobedecer.

DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer-se que Vossa Excelência se digne em:
a) Conceder os benefícios da gratuidade da Justiça e da prioridade
processual nos termos preliminares;
b) Conceder a antecipação dos efeitos da tutela de mérito e/ou liminar
inaudita altera pars, uma vez que os procedimentos anteriores já foram
cumpridos, determinando a Promovida – UNIMED – arcar imediatamente,
com todas as etapas do tratamento destinado à cura da patologia que
acomete a Promovente, cuja Obesidade se agravou para Grau III, com
IMC = 48,50 kg/m², cirurgia “Gastroplastia à Capella por Vídeo
Laparoscopia” nos termos da solicitação protocolizada no dia 07/02/2012
e sem respostas formais até a presente data, incluindo a assistência de 02
(dois) anestesiologistas, bem como as fases subsequentes ou
consequentes, sem necessidade de quaisquer adiamentos em função do
13

cumprimento de carência até o meio de janeiro de 2013, pois que,


segundo constatado por equipe multidisciplinar de saúde, este o único, o
necessário e o imediato tratamento eficaz, sob pena de arcar com multa
diária a ser arbitrada por este douto Juízo em favor da Autora;

c) Determinar a intimação da Promovida, no endereço constante na primeira


página da presente exordial, para tomar ciência e cumprir a decisão que
antecipou os efeitos da tutela ou concedeu a liminar, para que tome
ciência da presente decisão e empreenda todos os esforços necessários
para o seu fiel cumprimento;
d) No mérito, uma vez que os procedimentos anteriores já foram cumpridos,
reconhecer o direito da Promovente de ter assegurado a realizar,
imediatamente, com todas as demais etapas destinadas à cura da
patologia que acomete a Promovente, cuja Obesidade se agravou para o
Grau III, com IMC = 48,50 kg/m², cirurgia “Gastroplastia à Capella por
Vídeo Laparoscopia” nos termos da solicitação protocolizada no dia
07/02/2012 e sem respostas formais até a presente data, incluindo a
assistência de 02 (dois) anestesiologistas, bem como as fases
subsequentes ou consequentes, sem necessidade de quaisquer
adiamentos em função do cumprimento de carência até o meio de janeiro
de 2013, pois que, segundo constatado por equipe multidisciplinar de
saúde, este o único, o necessário e o imediato tratamento eficaz,
declarando suspensão, no que pertine a esse tratamento, a carência a se
encerrar no meio de janeiro do próximo ano, impeditiva da autorização
contígua deste tipo de tratamento a essa altura da vigência contratual,
mantendo, em todos seus termos, a decisão que antecipar os efeitos da
tutela de mérito;

e) Condenar a UNIMED ressarcir o pagamento à Autora da quantia de


R$ ............ (....... reais), utilizada para o custeio de ergometria, não
autorizado verbalmente porque este tipo de exame só é liberado aos
usuários com 30 (trinta) anos ou mais, a despeito de ter sido requisitada
pelo médico especialista e ser avaliador de saúde e não de desempenho;

f) Condenar, ainda, a UNIMED pagar à Autora a quantia justa e razoável de


R$ ...... (.............................. reais), a título de indenização por danos
morais, agravado por não ter recebido, até a presente data, quaisquer
respostas formais, ultrapassando, em muito, as declaradas 72 horas
constantes do cartão do protocolo da requisição da cirurgia;
g) Determinar a citação da Promovida, no endereço constante na primeira
página da presente peça para, querendo, contestar o presente feito, sob
pena de revelia;
h) Conceder inversão do ônus da prova, nos termos do artigo 6 o, VIII do
CDC;
i) Arbitrar multa diária, no valor, mínimo, de 1.000,00 (mil reais) em favor da
Autora, em caso de descumprimento da decisão que antecipou os efeitos
da tutela ou concedeu a liminar, bem como pelo descumprimento da
decisão de mérito;
j) Condenar a Promovida ao pagamento dos ônus de sucumbência e dos
honorários advocatícios, na instância cabível.
Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidas, dentre
elas, juntada posterior de documentos, oitiva de testemunhas, perícia, tudo desde já
requerido.
Dá-se a causa o valor de R$ ..................... (no máximo 40 salários mínimos).
Pelo que pede e aguarda deferimento.

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