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São Paulo
2017
FICHAMENTO
1.1 Introdução
1.1.1 Definição da Linguística
“ A Linguística pode ser definida como o estudo cientifico da língua. (...) por estudo cientifico
da língua se entende a investigação dela por meio de observações controladas e verificáveis
empiricamente e com referência a uma teoria geral da sua estrutura. ” (LYONS, 1979, p.1)
“ A principal dificuldade que enfrenta quem pela primeira vez a borda o estudo da Linguística
e a de que não está preparado para encarar a língua objetivamente. ” (LYONS, 1979, p.2)
“ (...) A teoria tradicional das "partes do discurso", e as definições tradicionais que delas dá a
gramática clássica, refletem, como ainda iremos ver adiante, tentativas antigas e medievais de
reunir a força as categorias da Gramatica, da Lógica e da Metafisica. (...)” (LYONS, 1979,
p.3)
“ A gramatica tradicional, como tantas outras das nossas tradições acadêmicas, remonta a
Grécia do sec. v a.C.” (LYONS, 1979, p.4)
Obs. A Gramática foi desde o início uma parte da “Filosofia” grega, portanto, era um de seus
objetos de reflexão em relação a natureza do mundo e as suas instituições sociais, segundo
LYONS, John, em sua obra “Introdução a Linguística Teórica”.
1.2.2 “Natureza” e “Convenção”
LYONS (1979) esclarece que a discussão grega buscava determinar se a língua era regida
pela “natureza” ou pelo o “convencional”. Os gregos definiam o “natural” como eterno,
externo ao homem e imutável pelo homem, e “convencional” como algo que se originou de
um contrato social entre os homens e que, por eles, poderia ser honrado ou quebrado. (p.4)
“ (...) A relação fundamental entre uma palavra e o seu significado era a de "dar nome"
(nominação); e originariamente as palavras eram "imitativas" das coisas que elas nomeavam.
(...) ” (LYONS, 1979, p.5)
Obs. A citação acima reflete um conceito considerado por LYONS como pertencente a escola
naturalista.
Nasce a Etimologia:
Nasceu assim a pratica da etimologia consciente e deliberada. O termo
em si - formado do radical grego etymo-, "verdadeiro", "real" -
denuncia a sua origem filosófica. Estabelecer a origem duma palavra
e, por ela, o seu "verdadeiro" significado, era revelar uma das
verdades da "natureza".
(LYONS, 1979, p.4)
“ (...) os que sustentavam que a língua era essencialmente sistemática e regular são chamados
geralmente analogistas e os que tomavam a posição oposta, anomalistas. ”
(LYONS, 1979, p.6)
“ (...) Os analogistas esforçaram-se por estabelecer os vários modelos com referência aos
quais se podiam classificar as palavras regulares da língua: o termo tradicional paradigma é
simplesmente a palavra grega para "modelo" ou "exemplo". (...)” (LYONS, 1979, p.7)
Segundo LYONS (1979), esta abordagem classicista alexandrina incorria em dois erros:
estabelecendo relação incorreta entre língua escrita e falada e o entendimento acerca da
evolução da língua. Estes erros foram descritos:
“ Na medida em que se percebia alguma diferença entre a língua falada e a língua escrita, a
tendência era sempre considerar a primeira como dependente e derivada da segunda. (...) ”
(LYONS, 1979, p.9)
Obs. Ainda segundo LYONS (1979) “pureza” e “correção” são palavras aplicadas apenas
quando se tem em mente um padrão referencial o que torna ilógica a proposição alexandrina,
pelo fato dela colocar tais termos sem ter um referencial exato e sim aplicados genericamente
a língua debatida por eles.
LYONS vai nomear estas concepções de “erro clássico” no estudo da linguística.
.
1.2.5 Gramática Grega
A elaboração da gramática grega demorou de sec. IV a.C. ao sec. II A.D. (LYONS, 1979)
De todas as escolas filosóficas gregas, foi a dos estoicos que deu mais
atenção a língua. (...) eles fizeram a distinção entre forma e
significado: significante e significado. (...) distinguiam cinco*,
separando "substantivos comuns" e "substantivos próprios".
Classificavam o adjetivo com o substantivo. (...) Distinguiam a voz
ativa e a passiva, e verbos transitivos e intransitivas.
(LYONS, 1979, p.12)
Obs. Grande parte de suas obras recebiam o título “Modis Significandi”, o que lhes rendeu o
nome de “modistas” (LYONS, 1979)
Segundo LYONS (1979), a objeção dos gramáticos medievais aos romanos se dava em
relação ao fato de estes não terem comprovado cientificamente os fatos da gramática latina,
isto é, deduzindo-os das suas causas
“A Gramatica era, pois, uma teoria filosófica das partes do discurso e dos seus "modos de
significação" característicos. (...)” (LYONS, 1979, p.15)
1.2.8 Renascença e os séculos seguintes
Obs. Segundo LYONS (1979) Panini foi o maior gramático hindu, nasceu no séc IV a.C. Sua
morte é imprecisa.
“ (...) de modo muito semelhante ao que Platão usara para o grego, isto é, com referência a
distinção entre "sujeito" e "predicado". Os gramáticos sânscritos também reconheceram duas
outras partes do discurso que podemos traduzir por "preposição" e "partícula". ”
(LYONS, 1979, p.20)
“ (...) De modo mais genérico, podemos dizer que as semelhanças entre as línguas são de dois tipos:
semelhanças de vocabulário e semelhanças de estrutura gramatical. (...) ” (LYONS, 1979, p.21)
‘(...) Dizer que duas línguas são aparentadas equivale a dizer que evoluíram de alguma língua
precedente comum. É isto, aliás, o que se afirma quando se diz que elas pertencem à mesma
família linguística. (...)” (LYONS, 1979, p.21)
Obs. A maioria das línguas da Europa, e muitas da Ásia, pertencem a chamada família indo-
europeia. (LYONS, 1979)
Obs: LYONS(1979), faz a observação “(...) o sentido que ele tem hoje (...)” pois, como foi
mostrado em outras citações anteriores, ele identificou que, antes do século XIX, houve outras
concepções do que é “científico” e/ou verdadeiro.
1.3.3 Ponto de vista evolucionista
1.3.5 Romantismo
1.3.8 Os empréstimos
Obs. Neste capítulo LYONS nos diz que não somente a semelhança gramatical deve ser
levada em conta para se determinar se uma e outra língua fazem parte da mesma família, mas
também devem ser notados os “empréstimos” que ocorreram entre elas nesta determinação.
Os empréstimos podem ser representados sob a forma de palavras emprestadas, expressões ou
mesmo palavras que foram formadas a partir de partes de línguas distintas, como é o caso de
algumas palavras da atualidade que se originaram da mistura de termos latinos e gregos.
“ Em 1822 Jacó Grimm (...) observou: "A alteração fonética dá-se na maioria dos casos, mas
nunca se opera completamente em cada caso particular; algumas palavras mantém a forma da
época anterior; a Corrente da inovação passou sem afetá-las". “ (LYONS, 1979, p.28)
1.3.10 Os Neogramáticos
“ O segundo fator principal que os Neogramáticos invocavam para explicar as exceções das
suas leis fonéticas era o que eles chamavam analogia. (...) ” (LYONS, 1979, p.30)
(...) a partir da metade do séc. XIX (...) ficou claro que as diferenças;
entre as línguas e dialetos estreitamente aparentados são, em sua
grande maioria, políticas e culturais, ao invés de linguísticas. (...) Em
geral, as línguas-padrão de vários países originaram-se dos dialetos
falados pelas classes socialmente dominantes ou governantes desses
países.
(LYONS, 1979, p.34-35)
*Obs. “Linguísticas” foi inserido em parênteses para denotar que esta palavra não está neste
trecho, no texto original, e para facilitar o entendimento na consulta.
“(...) o linguista contemporâneo sustenta (...) que a língua falada vem primeiro e que a escrita
é essencialmente um processo de representar a fala em outro meio.” (LYONS, 1979, p.39)
“Quanto mais longo for o período durante o qual tenha sido escrita a língua (e usada na
literatura e na administração), tanto maior será a discrepância entre a escrita e a pronúncia, a
menos que essa discrepância seja periodicamente corrigida por reformas ortográficas. (...)”
(LYONS, 1979, p.40)
“ (...) Cada forma da língua, diferenciada social e regionalmente, tem imanentemente seu
próprio padrão de pureza e correção. (...) ” (LYONS, 1979, p.43)
Temos de admitir que todas as línguas vivas são por natureza sistemas
de comunicação eficientes e viáveis que servem a diferentes e variadas
necessidades sociais das comunidades que as usam. Como essas
necessidades mudam, as línguas tenderão a mudar para satisfazer as
novas condições. Se há necessidade de novos termos, eles devem ser
incorporados ao vocabulário, quer "por empréstimos" de outras
línguas, quer pela sua formação com elementos já existentes no
vocabulário, pelos recursos produtivos da língua; podem-se traçar
novas distinções e perder-se velhas diferenças; as mesmas distinções
podem vir a ser expressas por diferentes meios.
(LYONS, 1979, p.43)
Obs. Em síntese, ele justifica o nome do capítulo através da afirmação “Temos de admitir que
todas as línguas vivas são por natureza sistemas de comunicação eficientes e viáveis que
servem a diferentes e variadas necessidades sociais das comunidades que as usam. ”.
Obs. Segundo LYONS (1979) “É importante compreender bem que a descrição sincrônica,
em princípio, não se restringe apenas à análise de uma língua moderna falada. ”
“Todas as línguas mudam constantemente (...) assim (...) os estados de uma língua,
sucessivos, ou delimitados social e geograficamente, podem ser descritos independentemente
uns dos outros. ” (LYONS, 1979, p.46)
Obs. Aqui Lyons explica sobre a metáfora de Saussure para o estudo sincrônico da língua.
(...) a distinção saussuriana entre "língua" e "fala" (...) Os enunciados * são exemplos de fala
que o linguista toma como evidência para a construção da estrutura comum subjacente: a
língua. (...)”
(LYONS, 1979, p.51-52)
*Obs. Os enunciados proferidos pelos membros de uma mesma comunidade linguística, isto
é, todos os que falam determinada língua.