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INSTITUTO FEDERAL DE CIÊNCIA, EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA DE SÃO PAULO

PEDRO DE OLIVEIRA RODRIGUES


FICHAMENTO: LYONS, Jhon. A Linguística: estudo científico da língua. In: LYONS.
INTRODUÇÃO A LINGUÍSTICA TEÓRICA. Tradução Rosa Virgínia Mattos e Silva e
Hélio Pimentel. Revisão e Supervisão Prof. Isaac Nicolau Salum. São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo, 1979.

São Paulo
2017
FICHAMENTO
1.1 Introdução
1.1.1 Definição da Linguística
“ A Linguística pode ser definida como o estudo cientifico da língua. (...) por estudo cientifico
da língua se entende a investigação dela por meio de observações controladas e verificáveis
empiricamente e com referência a uma teoria geral da sua estrutura. ” (LYONS, 1979, p.1)

1.1.3 Abordagem Objetiva da Língua

“ A principal dificuldade que enfrenta quem pela primeira vez a borda o estudo da Linguística
e a de que não está preparado para encarar a língua objetivamente. ” (LYONS, 1979, p.2)

E que a língua é algo que temos a tendência de aceitar como um fato;


alguma coisa com que estamos familiarizados desde a infância, num
tratamento prático e irrefletido. E, como já se tem observado muitas
vezes, é preciso um esforço particularmente grande para se olhar com
novos olhos as coisas familiares.
(LYONS, 1979, p.2)

1.1.4 História da Linguística

“ (...) A teoria tradicional das "partes do discurso", e as definições tradicionais que delas dá a
gramática clássica, refletem, como ainda iremos ver adiante, tentativas antigas e medievais de
reunir a força as categorias da Gramatica, da Lógica e da Metafisica. (...)” (LYONS, 1979,
p.3)

Obs. Em outras palavras, as definições tradicionais dadas ás “partes do discurso” pela


gramática clássica refletem tentativas antigas e medievais de reunir, a força, as categorias da
Gramática, da Lógica e da Metafísica.

(...) a História da Linguística é hoje de interesse não apenas por nos


habilitar a libertar-nos de certas concepções falsas, e correntes sobre a
língua. A Linguística, como qualquer outra ciência, constrói sobre o
passado; e assim o faz não somente desafiando e refutando doutrinas
tradicionais, mas também desenvolvendo-as e reformulando-as. (...)
(LYONS, 1979, p.3)

1.2 A Gramática tradicional

“ A gramatica tradicional, como tantas outras das nossas tradições acadêmicas, remonta a
Grécia do sec. v a.C.” (LYONS, 1979, p.4)

Obs. A Gramática foi desde o início uma parte da “Filosofia” grega, portanto, era um de seus
objetos de reflexão em relação a natureza do mundo e as suas instituições sociais, segundo
LYONS, John, em sua obra “Introdução a Linguística Teórica”.
1.2.2 “Natureza” e “Convenção”

LYONS (1979) esclarece que a discussão grega buscava determinar se a língua era regida
pela “natureza” ou pelo o “convencional”. Os gregos definiam o “natural” como eterno,
externo ao homem e imutável pelo homem, e “convencional” como algo que se originou de
um contrato social entre os homens e que, por eles, poderia ser honrado ou quebrado. (p.4)

“ Na discussão da língua, a distinção entre "natureza" e "convenção" girava principalmente


sobre se havia qualquer conexão necessária entre o significado de uma palavra e a sua forma.”
(LYONS, 1979, p.4)

Os adeptos extremos da escola "naturalista", como Crátilo, cujas


concepções reporta Platão no seu dialogo Crátilo, afirmavam que
todas as palavras eram, de fato, apropriadas por natureza as coisas que
elas significavam. Ainda que isso nem sempre pudesse ser evidente ao
leigo, diziam eles, podia ser demonstrado pelo filósofo capaz de
discernir a "realidade" que estava atrás da aparência das coisas.
(LYONS, 1979, p.4)

“ (...) A relação fundamental entre uma palavra e o seu significado era a de "dar nome"
(nominação); e originariamente as palavras eram "imitativas" das coisas que elas nomeavam.
(...) ” (LYONS, 1979, p.5)

Obs. A citação acima reflete um conceito considerado por LYONS como pertencente a escola
naturalista.

Nasce a Etimologia:
Nasceu assim a pratica da etimologia consciente e deliberada. O termo
em si - formado do radical grego etymo-, "verdadeiro", "real" -
denuncia a sua origem filosófica. Estabelecer a origem duma palavra
e, por ela, o seu "verdadeiro" significado, era revelar uma das
verdades da "natureza".
(LYONS, 1979, p.4)

(...) os etimologistas gregos (...) invocavam vários princípios segundo


os quais as palavras podiam derivar-se de outras ou relacionar-se a
outras. Estes foram codificados com o tempo como os princípios
tradicionais da etimologia. (...) eles se distribuíam em dois tipos. Em
primeiro lugar, o significado de uma palavra podia estender-se em
virtude de alguma "conexão natural" entre o sentido original e a
aplicação secundária: é o caso de boca, embocadura ou foz [ < lat.
fauce-, "boca"] de um rio, o gargalo (cf. garganta) de uma garrafa, etc.
(...)Em segundo lugar, a forma duma palavra podia derivar-se da de
outra por adição, supressão, substituição e transposição de sons,
admitida alguma conexão "natural" nos significados das duas palavras.
(...)
(LYONS, 1979, p.5)
1.2.3 Analogistas e anomalistas

“ A disputa entre os "naturalistas" e os "convencionalistas"(...) estabeleceu o estudo da


Gramatica dentro do arcabouço da indagação filosófica geral. ” (LYONS, 1979, p.6)

“ (...) a controvérsia entre os "naturalistas" e os "convencionalistas" evoluiu mais tarde, a


partir do sec. n a.C., para a discussão sobre até que ponto a língua era "regular" (...) ”
(LYONS, 1979, p.6)

“ (...) os que sustentavam que a língua era essencialmente sistemática e regular são chamados
geralmente analogistas e os que tomavam a posição oposta, anomalistas. ”
(LYONS, 1979, p.6)

“ (...) Os analogistas esforçaram-se por estabelecer os vários modelos com referência aos
quais se podiam classificar as palavras regulares da língua: o termo tradicional paradigma é
simplesmente a palavra grega para "modelo" ou "exemplo". (...)” (LYONS, 1979, p.7)

(...) Os anomalistas não negavam a existência de regularidades na


formação de palavras na língua, mas apontavam os inúmeros casos de
palavras irregulares para cuja formação razões de analogia nada valem
(p. ex., o ingl. child: children, etc.) e também a multiplicidade de
diferentes "analogias" que deviam ser reconhecidas em palavras da
mesma classe (isso é mais notável em grego ou latim do que em
inglês). Eles também chamaram a atenção para o fato de ser
frequentemente "anômala" a relação entre a forma de uma palavra e o
seu significado. (...)
(LYONS, 1979, p.7)

(...) Se a língua fosse realmente produto de uma "convenção" humana,


era de esperar que não encontrássemos "irregularidades" desses vários
tipos; e, se existissem, seriam corrigidas. Os anomalistas sustentavam
que a língua, produto da "natureza", era, apenas em parte, suscetível
de uma descrição sob padrões analógicos de formação e que se devia
dar atenção ao "uso", por mais "irracional" que este possa ser.
(LYONS, 1979, p.7)
1.2.4 O período alexandrino

“ Com o estabelecimento da grande biblioteca da colônia grega de Alexandria, no início do


sec. III a.C., essa cidade tornou-se o centro de intensa pesquisa literária e linguística(...)”
(LYONS, 1979, p.9)

A admiração pelas grandes obras literárias do passado encorajou a


crença de que a própria língua na qual elas tinham sido escritas era em
si mais "pura", mais "correta" do que a fala coloquial corrente de
Alexandria e de outros centros helênicos. As gramáticas escritas pelos
filólogos helenistas tinham então dupla finalidade: combinavam a
intenção de estabelecer e explicar a língua dos autores clássicos com o
desejo de preservar o grego da corrupção por parte dos ignorantes e
dos iletrados.
(LYONS, 1979, p.9)

Segundo LYONS (1979), esta abordagem classicista alexandrina incorria em dois erros:
estabelecendo relação incorreta entre língua escrita e falada e o entendimento acerca da
evolução da língua. Estes erros foram descritos:

“ Na medida em que se percebia alguma diferença entre a língua falada e a língua escrita, a
tendência era sempre considerar a primeira como dependente e derivada da segunda. (...) ”
(LYONS, 1979, p.9)

O segundo erro de concepção inerente a abordagem alexandrina do


estudo da língua era a suposição de que a língua dos escritores áticos
do sec. V a.C. era mais "correta" do que a fala coloquial do seu tempo;
e, em geral, a suposição de que a "pureza" de uma língua é mantida
pelo uso das pessoas cultas e "corrompida" pelos iletrados.
(LYONS, 1979, p.10)

Obs. Ainda segundo LYONS (1979) “pureza” e “correção” são palavras aplicadas apenas
quando se tem em mente um padrão referencial o que torna ilógica a proposição alexandrina,
pelo fato dela colocar tais termos sem ter um referencial exato e sim aplicados genericamente
a língua debatida por eles.
LYONS vai nomear estas concepções de “erro clássico” no estudo da linguística.

.
1.2.5 Gramática Grega

A elaboração da gramática grega demorou de sec. IV a.C. ao sec. II A.D. (LYONS, 1979)

Atribui-se a Protágoras, um dos mais antigos e mais influentes sofistas


do sec. V a.C., a distinção dos três gêneros em grego. (...)
Segundo Platão, os "substantivos" eram termos que funcionavam nas
frases como sujeitos de um predicado, e os "verbos" eram termos que
expressavam a ação ou afirmavam a qualidade. Pode-se dizer que o
sujeito de um predicado designa aquilo de que se fala, e o predicado e
a parte da frase que diz algo daquilo que se chama sujeito.
Aristóteles (...) o que não era nem "masculino" nem "feminino"
designou com uma palavra que quer simplesmente dizer "nem um nem
outro" (...); e foi a tradução latina dessa palavra, neutrum, que deu o
nosso neutro.
(...) notou que certas variações sistemáticas nas formas do verbo
poderiam relacionar-se com certas noções de tempo como "presente"
ou "passado". (...)
(LYONS, 1979, p.11)

De todas as escolas filosóficas gregas, foi a dos estoicos que deu mais
atenção a língua. (...) eles fizeram a distinção entre forma e
significado: significante e significado. (...) distinguiam cinco*,
separando "substantivos comuns" e "substantivos próprios".
Classificavam o adjetivo com o substantivo. (...) Distinguiam a voz
ativa e a passiva, e verbos transitivos e intransitivas.
(LYONS, 1979, p.12)

*Observação: Em “ distinguiam cinco, separando (...)” ele se refere a “partes do discurso”,


que está contido em trecho anterior aqui não citado. Sendo: Substantivos próprios,
substantivos comuns, adjetivos, conjunções e verbos.

(...) foi em Alexandria que se codificou mais ou menos


definitivamente o que hoje chamamos gramatica "tradicional" do
grego. A gramática de Dionísio, o Trácio (fim do sec. II a.C.) foi, que
saibamos, a primeira descrição gramatical ampla e sistemática
publicada no mundo ocidental. Além das quatro partes do discurso,
reconhecidas pelos estoicos, Dionísio acrescentou também o advérbio,
o particípio (assim chamado porque ele "participa", ao mesmo tempo,
das características nominais e das verbais), o pronome e a preposição.
Todas as palavras gregas eram classificadas segundo as categorias de
caso, gênero, número, tempo, voz, modo, etc. Dionísio não se ocupou
explicitamente da sintaxe, dos princípios segundo os quais as palavras
se combinavam em frases. (...)
(LYONS, 1979, p.12-13)
1.2.6 O período romano

Organizou-se uma gramatica latina padrão, que, como a de Dionísio, o


Trácio, compunha-se de três partes. A primeira definiria a gramática
como a arte de falar corretamente e de compreender os poetas, e
trataria também das letras e das sílabas. A segunda trataria das
"partes do discurso" e daria, com maiores ou menores detalhes, as
variações que elas sofriam segundo o tempo, o gênero, o número, o
caso, etc. Finalmente, haveria uma discussão sabre o bom e o mau
estilo, advertências contra "erros" e "barbarismos" comuns, e
exemplos das “figuras de linguagem" recomendadas.
(LYONS, 1979, p.13)

O período tardio dos estudos gramaticais latinos, de Donato (c. 400


A.D.) e Prisciano (c. 500 A.D.), como o período alexandrino, foi uma
idade de classicismo. As gramaticas de Donato e Prisciano, feitas para
serem manuais de ensino, assim foram realmente usadas durante a
ldade Media, e até mais tarde, no sec. XVII, descreviam não a língua
do seu tempo, mas a dos "melhores escritores", especialmente Cicero
e Virgílio, e assim perpetuaram aquilo que eu chamei o erro "clássico"
na abordagem da descrição linguística.
(LYONS, 1979, p.14)

1.2.7 O período medieval

“ (...) Qualquer progresso pessoal, secular ou clerical, dependia de um perfeito conhecimento


do latim. Porque o latim era não apenas a língua da liturgia e das Escrituras, mas também a
língua universal da diplomacia, da erudição e da cultura. (...) ” (LYONS, 1979, p.14)

“ (...) Os filósofos escolásticos, como os estoicos, estavam interessados na língua como um


instrumento para analisarem a estrutura da realidade. Por isso eles davam a máxima
importância a questão do significado, ou da "significação"(...). ” (LYONS, 1979, p.15)

Obs. Grande parte de suas obras recebiam o título “Modis Significandi”, o que lhes rendeu o
nome de “modistas” (LYONS, 1979)

Segundo LYONS (1979), a objeção dos gramáticos medievais aos romanos se dava em
relação ao fato de estes não terem comprovado cientificamente os fatos da gramática latina,
isto é, deduzindo-os das suas causas

“A gramatica científica, ou "especulativa", tinha como tarefa descobrir os princípios pelos


quais a palavra, como um signo, relacionava-se, de um lado, a inteligência humana e, de
outro, a coisa que ela representava, ou "significava". (...)” (LYONS, 1979, p.15)

“A Gramatica era, pois, uma teoria filosófica das partes do discurso e dos seus "modos de
significação" característicos. (...)” (LYONS, 1979, p.15)
1.2.8 Renascença e os séculos seguintes

Os ideais da gramatica "especulativa" foram revividos na França no


sec. XVII pelos mestres de Port-Royal. Em 1660 eles publicaram sua
Grammaire générale et raisonée, cujo objetivo, era demonstrar que a
estrutura da língua é um produto da razão, e que as diferentes línguas
são apenas variedades de um sistema lógico e racional mais geral. (...)
Todas essas gramáticas "racionais" foram forjadas dentro da tradição
clássica e não trouxeram nenhuma teoria linguística nova. (...)
(LYONS, 1979, p.17-18)

A Gramatica é definida como "a arte de falar e escrever


corretamente"; o seu objetivo e descobrir as relações existentes entre
os elementos da língua, sejam elas "naturais" ou "convencionais". A
tarefa do gramático e descrever "o bom uso", isto é, a língua das
pessoas cultas e dos escritores que escrevem em francês "puro", e
também defender esse "bom uso" de "todos os fatores de corrupção,
tais como a invasão de palavras estrangeiras no vocabulário, de termos
técnicos, gíria, e dessas expressões bárbaras que estão sendo
constantemente criadas para atender as dúbias necessidades do
comércio, da indústria, do esporte, da propaganda, etc.". Quanto as
regras da gramatica, elas não são arbitrárias, mas "derivam das
tendências naturais da mente humana".
(LYONS, 1979, p.18)
1.2.10 A tradição hindu

Quanto a diversidade e a extensão da obra gramatical hindu,


aproximadamente doze diferentes escolas de teoria gramatical foram
reconhecidas nessa tradição - a maioria, se não todas, até certo ponto
dependentes de Panini - e chegaram até nas cerca de mil obras
gramaticais diferentes.
(LYONS, 1979, p.19)

Obs. Segundo LYONS (1979) Panini foi o maior gramático hindu, nasceu no séc IV a.C. Sua
morte é imprecisa.

“ (...) de modo muito semelhante ao que Platão usara para o grego, isto é, com referência a
distinção entre "sujeito" e "predicado". Os gramáticos sânscritos também reconheceram duas
outras partes do discurso que podemos traduzir por "preposição" e "partícula". ”
(LYONS, 1979, p.20)

Em dois pontos podemos considerar o trabalho linguístico hindu


superior a gramatica tradicional do Ocidente: primeiro, na fonética, e
segundo, no estudo da estrutura interna das palavras. Os estudos
gramaticais hindus parecem ter-se originado da necessidade de
preservar intactos não só o texto mas também a pronuncia dos hinos
védicos, cuja recitação precisa e acurada e julgada como essencial
para sua eficácia no ritual hindu. A classificação dos sons da fala feita
pelos gramáticos hindus era mais detalhada, mais precisa e mais
firmemente baseada na observação e na experiência do que qualquer
outra realizada na Europa, ou em qualquer outra parte, que saibamos,
antes do fim do sec. XIX quando os estudos fonéticos na Europa
estavam de fato fortemente influenciados pela descoberta e pela
tradução dos tratados linguísticos hindus por estudiosos ocidentais.
Em sua análise das palavras, os gramáticos hindus foram bem além
daquilo que se poderia julgar necessária ao seu objetivo original, isto
e, preservar a língua dos textos sagrados. Aliás a gramática de Panini
não trata especificamente da língua dos hinos védicos, mas da língua
da sua época.
(LYONS, 1979, p.20)

Muitos aspectos da Linguística do sec. XIX são claramente


consequência da pratica e da teoria dos gramáticos hindus. Mas a
influência dos princípios de Panini (exaustividade, consistência e
economia) deve ser notada ainda mais claramente em algumas das
mais recentes obras da Linguística.
(LYONS, 1979, p.21)
1.3 A Linguística comparativa

1.3.1 Famílias Linguísticas

“ (...) De modo mais genérico, podemos dizer que as semelhanças entre as línguas são de dois tipos:
semelhanças de vocabulário e semelhanças de estrutura gramatical. (...) ” (LYONS, 1979, p.21)

‘(...) Dizer que duas línguas são aparentadas equivale a dizer que evoluíram de alguma língua
precedente comum. É isto, aliás, o que se afirma quando se diz que elas pertencem à mesma
família linguística. (...)” (LYONS, 1979, p.21)

Obs. A maioria das línguas da Europa, e muitas da Ásia, pertencem a chamada família indo-
europeia. (LYONS, 1979)

As realizações mais significativas da ciência linguística do sec. XIX


pode em resumir-se nestes dois fatos: o estabelecimento dos princípios
e dos métodos para a classificação dessas e de outras famílias
linguísticas, e, o que é mais importante, o desenvolvimento de uma
teoria geral das transformações linguísticas e das relações entre as
línguas.
(LYONS, 1979, p.22)

1.3.2 A Linguística “científica”

Diz-se comumente que o sec. XIX viu nascer o estudo cientifico da


língua no mundo ocidental. Tal asserção era verdadeira, se dermos ao
termo cientifico o sentido que ele geralmente tem hoje; foi no sec.
XIX que os fatos da língua começaram a ser investigados cuidadosa e
objetivamente e depois explicados por hipóteses indutivas.
(LYONS, 1979, p.22)

Obs: LYONS(1979), faz a observação “(...) o sentido que ele tem hoje (...)” pois, como foi
mostrado em outras citações anteriores, ele identificou que, antes do século XIX, houve outras
concepções do que é “científico” e/ou verdadeiro.
1.3.3 Ponto de vista evolucionista

A mudança de perspectiva que levou a adoção do ponto de vista


histórico foi geral e não se limitou ao estudo da língua. O abandono do
raciocínio apriorístico deu-se primeiro nas assim chamadas ciências
“naturais".
(LYONS, 1979, p.23)

Observou-se que todas as instituições humanas - as leis, os costumes,


as práticas religiosas, os grupos econômicos e sociais e as línguas -
mudavam continuamente e não mais se sentiu satisfatório explicar o
seu estado numa determinada época por princípios abstratos, mas
antes por sua evolução a partir de um estado prévio diferente e pela
adaptação a condições externas em mudança.
(LYONS, 1979, p.23)

1.3.5 Romantismo

Herder (1744-1803) sustentava que havia uma intima relação entre a


lingua e o caráter nacional. Depois dele, o estadista e polígrafo
Wilhelm von Humboldt (1767-1835) deu a essa tese uma forma ainda
mais definida, dizendo que cada língua tinha a sua estrutura própria
que refletia e condicionava os modos de pensamento e de expressão
do povo que a usasse.
(LYONS, 1979, p.24)

(...) Nesse período que estamos discutindo, ela promoveu não só o


interesse por fases mais antigas da língua germânica, mas um
entusiasmo geral pela variedade linguística em si e uma prontidão em
estudar todas as línguas, "bárbaras" embora, como elas se apresentam.
(...)
(LYONS, 1979, p.24)

Obs. Nesta citação o “ela” se refere a tese de Herder-Humboldt da citação anterior.

1.3.6 A descoberta do Sânscrito

No fim do sec. XVIII descobriu-se que o sânscrito, a antiga lingua


sagrada da Índia, relacionava-se com o latim e com o grego, e também
com outras línguas da Europa. (...) o orientalista britânico, Sir William
Jones declarou (1786), em palavras que se tornaram famosas, que o
sânscrito mostrava em relação ao grego e ao latim "tanto nas raízes
dos verbos como nas formas gramaticais, uma afinidade tão grande
que não seria possível considera-la casual: tão forte, em verdade, que
nenhum linguista poderia examiná-la sem crer que se tinha originado
de uma fonte comum que talvez não mais exista". (...)
(LYONS, 1979, p.24)
1.3.7 A importância das línguas indo-europeias

(...) a família indo-europeia tem, e sempre terá, talvez, orgulho da


posição que ocupa no estudo histórico e comparativo das línguas. (...)
A razão, simplesmente, é que muitas dessas línguas possuem textos
escritos bem antigos, de centenas e mesmo de milhares de anos.
Porque as línguas da mesma família são formas divergentes, na maior
parte, de alguma lingua mais antiga, quanto mais recuarmos no tempo,
tanto menores diferenças encontraremos entre as línguas que
compararmos. (...)
(LYONS, 1979, p.25)

1.3.8 Os empréstimos

E um fato bem conhecido que línguas em contato geográfico ou


cultural "tomam" muito livremente palavras umas das outras; pois as
palavras tendem a viajar através de fronteiras geográficas e
linguísticas com o objeto ou costume a que se referem. Muitas das
semelhanças lexicais de diferentes línguas podem então ser
consequência de empréstimos recíprocos de palavras ou de
empréstimos de uma terceira.
(LYONS, 1979, p.25-26)

Obs. Neste capítulo LYONS nos diz que não somente a semelhança gramatical deve ser
levada em conta para se determinar se uma e outra língua fazem parte da mesma família, mas
também devem ser notados os “empréstimos” que ocorreram entre elas nesta determinação.
Os empréstimos podem ser representados sob a forma de palavras emprestadas, expressões ou
mesmo palavras que foram formadas a partir de partes de línguas distintas, como é o caso de
algumas palavras da atualidade que se originaram da mistura de termos latinos e gregos.

Note-se de passagem que, se usamos o termo empréstimo para nos


referirmos não apenas a palavras tomadas diretamente das línguas
clássicas, mas também a palavras criadas recentemente, compostas de
modo intencional com partes de palavras gregas e latinas, então
devemos dizer que a maior parte dos modernos termos científicos, por
exemplo, os nomes de modernas invenções como telefone, televisão,
autom6vel, cinema, etc., foram empréstimos indiretos do grego e do
latim.
(LYONS, 1979, p.26)

Os fundadores da Linguística Comparativa estavam bem cônscios de


que as palavras passam facilmente de uma lingua para outra, mas não
tinham um meio seguro para distinguir do restante do vocabulário os
empréstimos léxicos. Por essa razão eles se inclinavam a confiar
principalmente nas semelhanças gramaticais como evidencias de
parentesco linguístico e a ser cautelosos quanto as semelhanças
léxicas, exceto onde estas se fundamentavam no vocabulário "básico"
das línguas em questão - as palavras essenciais, as que primeiro se
aprendem e que se usam constantemente.
(LYONS, 1979, p.26)
1.3.9 A lei de Grimm

“ Correspondências sistemáticas parciais entre os sons de palavras equivalente em diferentes


línguas foram notadas pelos primeiros comparatistas. (...)” (LYONS, 1979, p.27)

“ Em 1822 Jacó Grimm (...) observou: "A alteração fonética dá-se na maioria dos casos, mas
nunca se opera completamente em cada caso particular; algumas palavras mantém a forma da
época anterior; a Corrente da inovação passou sem afetá-las". “ (LYONS, 1979, p.28)

1.3.10 Os Neogramáticos

Uns cinquenta anos mais tarde, um princípio completamente diferente


foi proclamado por um grupo de linguistas, (...) do epíteto (...)
“Neogramáticos”. O principio formulado por Wilhelm Scherer (1875)
era o seguinte: "As alterações que podemos observar na história
linguística pelos documentos escritos baseiam-se em leis fixas que não
variam, salvo por força de outras leis".
(LYONS, 1979, p.28)

1.3.11 A lei de Verner e outras leis fonéticas

Em 1875 o linguista dinamarquês Karl Verner publicou um artigo


particularmente importante, no qual demonstrava que
correspondências do tipo got. d = lat. t (p. ex., got. fadar = lat. pater),
embora excepcionais, segundo a lei de Grimm, eram perfeitamente
regulares, desde que essa lei fosse modificada para explicar a posição
do acento nas palavras sânscritas correspondentes
(LYONS, 1979, p.29)

A significação metodológica do princípio da regularidade na evolução


fonética foi enorme. Concentrando a sua atenção nas exceções as
"leis" que tinham estabelecido, OS linguistas viram-se forçados a
formular essas "leis" de modo mais preciso (como a "lei de Grimm” se
tornou mais precisa com a "lei de Verner") ou a dar uma explicação
satisfatória para as palavras que não haviam evoluído de acordo com
as "leis" cujas condições elas pareciam preencher.
(LYONS, 1979, p.30)

1.3.12 Exceções explicadas por empréstimos

“ Muitas exceções aparentes as '"leis fonéticas" poderiam explicar-se como empréstimos


feitos a alguma lingua parente e vizinha, ou a um dialeto, depois da aplicação da "lei" que
essas exceções pareciam violar. ” (LYONS, 1979, p.30)
1.3.13 O papel da analogia

“ O segundo fator principal que os Neogramáticos invocavam para explicar as exceções das
suas leis fonéticas era o que eles chamavam analogia. (...) ” (LYONS, 1979, p.30)

Com o aumento da atenção dispensada ao desenvolvimento histórico e


pré-histórico das línguas clássicas e vernáculas da Europa durante o
sec. XIX, notou-se afinal que a analogia foi um fator importantíssimo
no desenvolvimento das línguas em todas as épocas, e não poderia ser
atribuída simplesmente a épocas de declínio e corrupção.
(LYONS, 1979, p.31)

1.3.14 O positivismo da Linguística do Século XIX

Em sua tentativa de construir uma teoria das transformações


linguísticas baseada naquilo que eles acreditavam ser os só1idos
princípios positivistas das ciências "exatas", os neogramáticos se
foram simplesmente alinhando entre os cientistas sociais da época. A
Linguística contemporânea não mais se compromete em uma
concepção positivista da "ciência"; e, como veremos, seu interesse
predominante não é mais a "evolução" das línguas.
(LYONS, 1979, p.33)
1.3.15 Linguística Comparativa e Linguística Geral

“A Linguística Comparativa é um ramo da Linguística Geral. É uma ciência explicativa. Seu


objetivo é explicar o fato evidente de que as línguas se transformam e que as diferentes
línguas se apresentam em diferentes graus.” (LYONS, 1979, p.33)

Os primeiros comparatistas herdaram a concepção clássica de que a


língua escrita, em certo sentido, tinha precedência em relação a falada
(...) No entanto, logo perceberam que qualquer explicação sistemática
da evolução linguística deve reconhecer, pratica e teoricamente, o
princípio de que as letras (num sistema de escrita alfabética) apenas
simbolizam os sons da língua falada correspondente. (...)
(LYONS, 1979, p.34)

“(...) a hipótese fundamental em que se baseia a Linguística Moderna é a de que é o som, e


não a escrita, que é o meio primário da língua. (...) “ (LYONS, 1979, p.34)

(...) a partir da metade do séc. XIX (...) ficou claro que as diferenças;
entre as línguas e dialetos estreitamente aparentados são, em sua
grande maioria, políticas e culturais, ao invés de linguísticas. (...) Em
geral, as línguas-padrão de vários países originaram-se dos dialetos
falados pelas classes socialmente dominantes ou governantes desses
países.
(LYONS, 1979, p.34-35)

Outra coisa que se tornou clara com as pesquisas sobre dialetos


regionais - no ramo da Linguística chamado dialetologia, ou geografia
Linguística - e a impossibilidade de se traçar uma linha demarcatória
precisa entre dialetos da mesma língua ou de línguas vizinhas. Nas
regiões do mundo em que têm havido frequentes mudanças de
fronteiras políticas ou em que as principais vias de comercio e de
comunicação cruzam as fronteiras políticas, o que se considera como
dialeto de uma língua pode, de modo mais ou menos imperceptível,
fundir-se com um dialeto de outra língua.
(LYONS, 1979, p.35)

Observou-se que línguas diferentes, e diferentes etapas cronológicas


da mesma língua, podiam variar consideravelmente na sua estrutura
gramatical; e não era mais possível afirmar que o quadro tradicional
das categorias gramaticais era essencial para o funcionamento da
linguagem humana. Essa conclusão foi reforçada pelo estudo de uma
série bem mais extensa de línguas do que aquelas que eram acessíveis
aos primeiros linguistas que haviam sustentado a validade universal da
teoria gramatical tradicional. (...) a teoria linguística atual se baseia em
pressupostos bem mais gerais do que os da gramatica tradicional.
(LYONS, 1979, p.36)

Obs. Para melhor entendimento, ler o período anterior grifado em vermelho.


* Período significando conjunto de orações.
1.3.16 Analogia e estrutura

“(...) enquanto o gramático tradicional via a analogia como princípio de regularidade, o


comparatista do fim do sec. XIX tendia a considerá-la um dos principais fatores que
impediam a evolução "regular" da língua. (...)” (LYONS, 1979, p.36)

O importante e que a língua é algo estruturado em um grande número


de níveis diferentes. Em todas as línguas existem princípios regulares
segundo os quais os sons se combinam para formar palavras, e
princípios regulares segundo os quais os sons podem ser pronunciados
de modo um pouco diferente em diferentes posições da palavra ou da
frase. Ao mesmo tempo, há regularidades na formação das palavras e
das frases, sob o ponto de vista da sua função gramatical.
(LYONS, 1979, p.37)

(...) o processo da combinação de sons para a formação de palavras e


de frases não pode ser explicado apenas, ou mesmo principalmente,
segundo a natureza "física" desses sons. O princípio da analogia não é
menos relevante para a formação de grupos regulares de sons duma
certa língua do que para a formação de "paradigmas" gramaticais. (...)
(LYONS, 1979, p.37)

As transformações (linguísticas) * podem acontecer ou por certas


causas externas, como empréstimos, ou pelo fator interno da pressão
estrutural. Por pressão estrutural queremos dizer a tendência de
regularizar as "anomalias" de acordo com os padrões gerais da língua.
Uma vez que as transformações podem ir ocorrendo simultaneamente
em diferentes níveis do sistema linguístico, o resultado não e,
necessariamente, a elimina9ao gradual de todas as irregularidades.
(LYONS, 1979, p.37)

*Obs. “Linguísticas” foi inserido em parênteses para denotar que esta palavra não está neste
trecho, no texto original, e para facilitar o entendimento na consulta.

(...) mesmo as irregularidades da língua podem originar-se daquilo que


antes foram regularidades, por mais paradoxal que isto possa parecer,
e também que a analogia, ou o padrão, ou a estrutura, e o princípio
dominante sem o qual as línguas não poderiam ser aprendidas ou
usadas para dizer coisas que nunca tinham sido ditas antes. (...)
(LYONS, 1979, p.38)
1.4 A Linguística moderna

1.4.1 Ferdinand de Saussure

Segundo LYONS (1979), pode-se chama-lo de fundador da linguística moderna.

1.4.2 Prioridade da língua falada

“(...) o linguista contemporâneo sustenta (...) que a língua falada vem primeiro e que a escrita
é essencialmente um processo de representar a fala em outro meio.” (LYONS, 1979, p.39)

Na descrição da língua falada, geralmente acha o linguista que – além


de muitas outras unidades, naturalmente - se devem reconhecer
unidades de três espécies diversas: sons, silabas e palavras. Assim,
todos os sistemas usuais de escrita se baseiam numa ou noutra dessas
unidades; os sistemas alfabéticos baseiam-se nos sons, os silábicos nas
silabas e os ideográficos nas palavras.
(LYONS, 1979, p.39)

“Quanto mais longo for o período durante o qual tenha sido escrita a língua (e usada na
literatura e na administração), tanto maior será a discrepância entre a escrita e a pronúncia, a
menos que essa discrepância seja periodicamente corrigida por reformas ortográficas. (...)”
(LYONS, 1979, p.40)

Destaque: Distinção entre palavras homófonas e homógrafas; enunciação do porquê a escrita


é considerada representação porém não transcrição da fala. (pág.40).

Destaque: Exemplificação de como a escrita e a fala podem ser independentes. (pág.41)


1.4.3 A Linguística e uma ciência descritiva, e não prescritiva

“ (...) Cada forma da língua, diferenciada social e regionalmente, tem imanentemente seu
próprio padrão de pureza e correção. (...) ” (LYONS, 1979, p.43)

(...) O dever primordial do linguista é descrever o modo como as


pessoas falam (e escrevem) realmente sua língua e não preceituar
como elas deveriam falar e escrever. Em outras palavras, a
Linguística, em primeiro lugar, pelo menos, e descritiva, e não
prescritiva (ou normativa).
(LYONS, 1979, p.43)

Temos de admitir que todas as línguas vivas são por natureza sistemas
de comunicação eficientes e viáveis que servem a diferentes e variadas
necessidades sociais das comunidades que as usam. Como essas
necessidades mudam, as línguas tenderão a mudar para satisfazer as
novas condições. Se há necessidade de novos termos, eles devem ser
incorporados ao vocabulário, quer "por empréstimos" de outras
línguas, quer pela sua formação com elementos já existentes no
vocabulário, pelos recursos produtivos da língua; podem-se traçar
novas distinções e perder-se velhas diferenças; as mesmas distinções
podem vir a ser expressas por diferentes meios.
(LYONS, 1979, p.43)

Negando que todas as transformações da língua sejam para pior,


logicamente não queremos dizer que elas devam ser para melhor. O
que afirmamos é tão somente que qualquer padrão de avaliação
aplicado a transformação linguística deve basear-se no
reconhecimento das várias funções que uma língua "é chamada" a
desempenhar na sociedade que a usa.
(LYONS, 1979, p.43-44)

(...) Condenando a orientação literária da gramatica tradicional, o


linguista apenas sustenta que o uso da língua tem muitos objetivos e
que em relação a essas funções esse uso não deve ser julgado com
critérios que são aplicáveis, apenas ou primordialmente, a língua
literária. (...)
(LYONS, 1979, p.43)
1.4.4 O linguista se interessa por todas as línguas

Em princípio, o interesse do linguista por todas as línguas deriva dos


fins declarados que ele se propõe: a construção de uma teoria
científica da estrutura da linguagem humana. Todos os exemplos de
língua, documentados e passiveis de observação, servem como dados
a serem sistematizados e explicados pela teoria geral.
(LYONS, 1979, p.46)

Obs. Em síntese, ele justifica o nome do capítulo através da afirmação “Temos de admitir que
todas as línguas vivas são por natureza sistemas de comunicação eficientes e viáveis que
servem a diferentes e variadas necessidades sociais das comunidades que as usam. ”.

1.4.5 Prioridade da descrição sincrônica

(...) Por estudo diacrônico de uma determinada língua entendemos a


descrição da sua evolução histórica ("através do tempo") (...) Por
estudo sincrônico de uma língua entendemos a descrição de um
determinado "estado" dessa língua "num determinado momento no
tempo” (...)
(LYONS, 1979, p.46)

Obs. Segundo LYONS (1979) “É importante compreender bem que a descrição sincrônica,
em princípio, não se restringe apenas à análise de uma língua moderna falada. ”

“Todas as línguas mudam constantemente (...) assim (...) os estados de uma língua,
sucessivos, ou delimitados social e geograficamente, podem ser descritos independentemente
uns dos outros. ” (LYONS, 1979, p.46)

Obs. Aqui Lyons explica sobre a metáfora de Saussure para o estudo sincrônico da língua.

A descrição linguística sincrônica tem por tarefa formular essas


"regras" sistemáticas, conforme elas operam na língua, num dado
período. E possível que a maneira como essas regras se integraram no
sistema descritivo reflita determinados processos históricos na
evolução da língua. Nesse caso, tal fato e importante quanto a sua
estrutura. Mas não deve afetar o princípio geral de prioridade da
sincronia, uma vez que os falantes nativos de uma determinada língua
estão em condições de aprender e de aplicar as "regras" desta, sem
apelar para conhecimentos históricos.
(LYONS, 1979, p.49)

“ (...) a analise sincrônica e independente do conhecimento da hist6ria da língua que possa


existir na comunidade linguística. ” (LYONS, 1979, p.49)
1.4.6 A abordagem estrutural

O traço mais característico da Linguística Moderna - que ela


compartilha com várias outras ciências – é o "estruturalismo" (...) Em
síntese, o estruturalismo considera cada língua como um sistema de
relações - mais precisamente, como uma serie de sistemas inter-
relacionados - cujos elementos (fonemas, palavras, etc.) não são
válidos fora das relações de equivalência e de oposição existente entre
eles. (...)
(LYONS, 1979, p.50-51)

1.4.7 “A língua” e a “fala”

(...) a distinção saussuriana entre "língua" e "fala" (...) Os enunciados * são exemplos de fala
que o linguista toma como evidência para a construção da estrutura comum subjacente: a
língua. (...)”
(LYONS, 1979, p.51-52)

*Obs. Os enunciados proferidos pelos membros de uma mesma comunidade linguística, isto
é, todos os que falam determinada língua.

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