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Quando escrevemos, podemos impedir que nosso leitor interfira diretamente em nosso texto. Indiretamente,
porém essa intervenção acaba por acontecer, visto que, continuamente, ajustamos a escrita à imagem que fazemos
dele, prevendo possíveis perguntas que ele nos faria – e tentando respondê-las. Desse modo, a presença desse
leitor virtual exige de nós um esforço de elaboração e precisão, levando o texto escrito para um certo grau de
completude e preenchimento, refletidos no vocabulário apurado, no rigor gramatical, na obediência à norma
culta, na objetividade e clareza de ideias, na eliminação de ambiguidades.
Por outro lado, na oralidade, a relação que estabelecemos com quem falamos é direta, traduzida em um processo
de dialogação, que pode ainda contar com uma série de recursos extralinguísticos, como gestos, expressões
faciais, entonação, postura, que facilitarão a transmissão de ideias, emoções e possibilitarão refazer a
mensagem, caso esta não seja assimilada ou bem interpretada.
Em ambas as modalidades (oral e escrita) , espera-se que a comunicação seja efetiva e possa, de fato, se
concretizar pelo contínuo ajustamento de linguagem que o emissor da mensagem faz com relação ao seu
destinatário.
A língua é rica e múltipla de possibilidades. Atualizá-la em função das exigências do momento da comunicação é
nossa tarefa e nosso desafio.
Oralidade e escrita compõem formas de expressão de linguagem/fala. A oralidade, comumente, utiliza uma
forma mais coloquial de expressão. Enquanto isso, a escrita segue a linguagem formal (culta), indo paralelo
às normas padrão da língua portuguesa. Cada variação linguística apresenta suas regras, portanto devem ser
alocadas da forma que melhor se adéquam.
É por esse motivo que, em muitos casos, há aviso em propostas de redação, como: “Proibido uso de
oralidade”. Ou seja, é um aviso para que o candidato não utilize uma linguagem coloquial em sua redação. A
exigência, portanto, será pela linguagem formal/culta. A escrita, dessa forma, segue normas pontuais, é mais
rígida e apresenta uma estrutura de função.
Por outro lado, a oralidade compõe uma linguagem mais regionalizada. Sem o uso de regras gramaticais
básicas e, em várias, oportunidades sem preocupação com a estrutura (sujeito-verbo-predicado).
Rua Hugo Pereira do Vale, 468 – Mata do Jacinto – Campo Grande - MS – Fone (67) 3314-8130 – Coord. 3314-8132
(Imagem: Reprodução)
Ao dialogar com parentes ou amigos, não há a preocupação de falar o que se dita como correto. A norma
padrão da língua portuguesa é deixada de lado. Afinal, ninguém vai se importar com próclise, ênclise e
mesóclise durante um papo descontraído, certo? A oralidade tem uma marcação muito pontual. Ela utiliza de
gírias, abreviações, erros de concordância, prosódias e expressões desprestigiadas.
Com o advento da internet, até mesmo uma forma de escrita angariou as características da oralidade. Se no
percurso inicial da internet os emails tinham um caráter mais formal, tal como uma carta, as conversas por
rede social ignoram-na. Por se tratar de um momento de completa descontração, a oralidade se soma à
“escrita”. No entanto, caem as normas, eleva-se a informalidade.
Características da oralidade
A linguagem oral, de forma alguma, pode ser considerada errada. Ela é uma variação linguística. Utilizada
sob determinados contextos, a fala é um recurso mais prático, rápido e seu objetivo é um só: transmitir uma
mensagem. Dessa maneira, a oralidade explora algumas características próprias, tais como:
Características da escrita
A linguagem escrita se poda na formalidade e no caráter culto. Seguindo as normas padrão da língua
portuguesa ela não pode, jamais, ser considerada “mais certa” que a oralidade. A verdade é que ambas
apresentam características próprias, situações ideais de uso e contextos a serem adotadas. A oralidade e
escrita são necessárias sempre. Dessa forma, a escrita terá as seguintes características:
Referências
01. [SEPLAG]
− Ã-hã, quer entrar, pode entrar… Mecê sabia que eu moro aqui? Como é que sabia? Hum, hum…Cavalo
seu é esse só? Ixe! Cavalo tá manco, aguado. Presta mais não.
(ROSA, João Guimarães. Estas estórias: Meu tio o Iauaretê. Rio de Janeiro: José Olympio, 1969, p.126)
Observando-se a variedade linguística de que se vale o falante do trecho acima, percebe-se uso de:
a) linguagem marcada por construções sintáticas complexas e inapropriadas para o contexto, responsáveis
por truncar a comunicação e dificultar o entendimento.
b) linguagem formal, utilizada pelas pessoas que dominam o nível culto da linguagem, sendo, portanto,
adequada à situação em que o falante se encontra.
X) gírias e interjeições, como ixe e aguado, prioritariamente utilizadas entre os jovens, sendo assim,
incompatíveis com a situação em que o falante se encontra.
d) coloquialismos e linguagem informal, como mecê e tá, apropriados para a situação de informalidade em
que o falante se encontra.
02. [ENEM]
Murilo Mendes, em um de seus poemas, dialoga com a carta de Pero Vaz de Caminha:
(MENDES, Murilo. Murilo Mendes – poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.)
→ Arcaísmos e termos coloquiais misturam-se nesse poema, criando um efeito de contraste, como ocorre
em:
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