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Volante de RSU.
Mariluce de Oliveira Ubaldo
COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil, mariluce_ubaldo@yahoo.com.br
RESUMO: O número de pesquisas que utilizam algum tipo de resíduo é cada vez maior ao passar
dos anos, principalmente em estudos de pavimentação onde o volume de material utilizado em uma
obra é muito grande. As cinzas de resíduos sólidos urbanos (RSU) já vêm sendo estudadas por
alguns pesquisadores, não apenas com a finalidade de obras de pavimentação, mas para diversas
finalidades. O presente estudo fez uma avaliação da estabilização de mistura solo/cinza volante de
RSU avaliando dois aspectos distintos: i) variando o tempo de cura do corpo de prova após a
compactação, corpos de prova ensaiados com 0, 7, 14, 28, 45, 90 e 130 dias de cura, e ii) variando o
tempo entre a adição de água e a compactação da mistura. Os resultados deste estudo mostram que
o tempo de cura faz aumentar a resistência mecânica da mistura solo/cinza volante, o que comprova
que a cinza volante de RSU, utilizada neste estudo, se apresentou como um bom agente químico
para estabilização de solos.
solo puro
adição de água na mistura. 2,1 solo + 40% cinza volante RSU
160 CP 2
De acordo com a referida figura a umidade
140 CP 3
ótima do solo puro é 10% e massa específica 120
seca máxima é 2,066 g/cm3 e para a mistura de 100
de 1,711 g/cm3. 40
20
0
4.2 Ensaio Triaxial de Carga Repetida 0,01 0,10 1,00
Tensão Confinante (MPa)
O ensaio triaxial de carga repetida foi utilizado Figura 2. Resultado do ensaio triaxial de carga repetida
neste estudo segundo a norma DNIT-ME 134 do solo puro.
(2010) para avaliar a resistência mecânica da
4.2.1 Avaliação da influência do tempo entre a
mistura solo/cinza por ser um ensaio muito
homogeneização da mistura e sua compactação.
utilizado em estudos de pavimentação. Para este
estudo um mesmo corpo de prova foi ensaiado
Para esta avaliação foram moldados nove
com vários tempos de cura.
corpos de prova (CP), todos utilizando a mesma
quantidade de solo, cinza volante de RSU e
água, na condição de umidade ótima da mistura
e na energia modificada. A única diferença corpos de prova, ou seja, o tempo entre a adição
entre os CPs foi o tempo entre a de água na mistura e a compactação da mesma
homogeneização e a compactação da mistura. não influênciou significativamente na
Na tabela 2 estão descritos os valores de resistência da mistura.
densidade final de cada corpo de prova, como
pode ser observado a densidade da mistura 300
tende a diminuir quanto maior for o tempo entre CP1 - imediato
250
tinha 18% de cinza volante LaCygne e os CP2 - 1 dia
valores de densidade máxima seca na ordem de 200
CP3 - 1 dia
19kN/m3 para misturas compactadas 150
imediatamente após adição de água e de
100
17,1kN/m3 para misturas compactadas 2 horas
50
após adição de água.
0
Tabela 2. Valores de densidade de cada corpo de prova 0,01 0,10 1,00
após compactação. Tensão Confinante (MPa)
Tempo de cura da amostra densidade Figura 4. Resultados dos ensaios triaxial de carga
CP antes da compactação do CP repetida das misturas solo/cinza compactadas 1 dia após
(dias) 3
(kg/m ) homogeneização – ensaios realizados no tempo zero.
1 1625
amostra homogeneizada e 300
2 1621
compactada imediatamente CP1 - 3 dia
3 1637
Módulo Resiliente (MPa)
250
CP2 - 3 dia
1 1579 200
amostra homogeneizada 1 dia CP3 - 3 dia
2 1600
antes da compactação 150
3 1579
1 1548 100
amostra homogeneizada 3 dias
2 1547 50
antes da compactação
3 1558 0
0,01 0,10 1,00
resultados do ensaio triaxial de carga repetida Figura 5. Resultados dos ensaios triaxial de carga
realizados imediatamente após a compactação repetida das misturas solo/cinza compactadas 3 dias após
do corpo de prova (tempo zero). De acordo com homogeneização – ensaios realizados no tempo zero.
estes resultados os valores de módulo de
resiliência foram semelhantes para todos os Nas figuras 6, 7 e 8 estão apresentados os
resultados do ensaio triaxial, realizados nos
mesmos corpos de prova, porém deixados em 1800 CP1 - imediato
cura por 130 dias. De acordo com as referidas 1600
CP2 - imediato
figuras observa-se que quanto mais tempo as
0
para amostras de solo é que a compactação seja 0,01 0,10 1,00
Tensão Confinante (MPa)
realizada 24 horas após a homogeneização.
No entanto, analisando estes resultados não Figura 6. Resultados dos ensaios triaxial de carga
se pode verificar uma real influência na repetida das misturas solo/cinza compactadas
imediatamente após homogeneização – ensaios realizados
resistência mecânica da mistura estabilizada após cura do CP de 130 dias.
com cinza volante quando avaliou-se o tempo
decorrido entre a adição de água na mistura e a
1800
compactação do corpo de prova. CP1 - 1 dia
1600
Diferente do apresentado por Ferguson CP2 - 1 dia
e para a amostra compactada imediatamente Figura 7. Resultados dos ensaios triaxial de carga
após a adição de água a resistência a repetida das misturas solo/cinza compactadas 1 dia após
compressão máxima foi 2.410kPa. homogeneização – ensaios realizados após cura do CP de
130 dias.
Viczarra (2010), estudou a influência do
tempo entre a homogeneização e a compactação
do corpo de prova em misturas de solo/cinza 1800 CP1 - 3 dia
volante de RSU, porém, o solo utilizado no 1600
CP2 - 3 dia
Módulo Resiliente (MPa)
1000
36%. Para a mistura deste solo argiloso com
800
40% de cinza volante de RSU, o referido autor
600
encontrou valores de módulo de resiliência da 400
ordem de 200 a 130MPa na amostra 200
compactada 1 dia após a adição de água e 0
valores de 100 a 80MPa para a amostra 0,01 0,10
Tensão Confinante (MPa)
1,00
resultados estão apresentados nas figuras 9, 10, Figura 10 - Resultados dos ensaios triaxial de carga
11, 12, 13, 14 e 15 e como pode ser observado repetida das misturas solo/cinza compactadas 3 dias após
homogeneização – ensaios realizados após cura do CP de
existe um aumento significativo nos valores de
7 dias.
módulo de resiliencia com o passar do tempo,
chegando a valores de módulo 6 vezes maiores
1800
com 130 dias de cura, quando comparados com CP 1 - 14
1600
ensaios sem cura. CP 2 - 14
1400
Módulo Resiliente (MPa)
CP 3 - 14
Viczarra (2010), também avaliou a 1200
influência do tempo de cura do CP após a 1000
compactação, achando valores de módulo de 800
resiliência variando entre 300 a 200MPa no 600
ensaio realizado imediatamente após a 400
compactação e valores de 100 a 80MPa para o 200
1400 CP 3 - 0
CP 1 - 28
1200 1600
CP 2 - 28
1400
Módulo Resiliente (MPa)
1000 CP 3 - 28
800 1200
600 1000
400 800
200 600
0 400
0,01 0,10 1,00
200
Tensão Confinante (MPa)
0
Figura 9 - Resultados dos ensaios triaxial de carga 0,01 0,10 1,00
repetida das misturas solo/cinza compactadas 3 dias após Tensão Confinante (MPa)
homogeneização – ensaios realizados imediatamente após Figura 12. Resultados dos ensaios triaxial de carga
compactação do CP. repetida das misturas solo/cinza compactadas 3 dias após
homogeneização – ensaios realizados após cura do CP de
28 dias.
1800
e os estudos relatados por Viczarra (2010) e
1600
CP 1 - 45 Ferguson (1993), pode-se concluir que a
CP 2 - 45
1400 qualidade na estabilização de misturas
Módulo Resiliente (MPa)
CP 3 - 45
1200 solo/cinza volante depende muito das
1000 características da cinza volante e do tipo de solo
800 usados.
600 Quando se avalia a influência do tempo
400 decorrido entre a adição de água e a
200
compactação da mistura solo/cinza volante,
0
0,01 0,10 1,00 temos que, cinzas de hidratação rápida, como o
Tensão Confinante (MPa) caso da cinza volante de carvão LaCygne
Figura 13. Resultados dos ensaios triaxial de carga relatado por Ferguson (1993), a diminuição na
repetida das misturas solo/cinza compactadas 3 dias após resistência a compressão é bastante significativa
homogeneização – ensaios realizados após cura do CP de
quando a mistura é deixada em repouso 2 horas
45 dias.
antes da compactação. Mas, para a cinza
volante de RSU, hidratação lenta, utilizada por
1800
CP 1 - 90
Viczarra (2010) e no presente estudo, houve um
1600
CP 2 - 90 aumento na resistência mecânica da mistura
1400
Módulo Resiliente (MPa)
CP 3 - 90
deixada em repouso por 1 dia antes da
1200
compactação, na mistura utilizando solo
1000
800
argiloso, para a mistura utilizando solo arenoso
600
os resultados dos ensaios realizados em
400 triplicata não foram conclusivos para realizar
200 esta avaliação.
0 No entanto, para a avaliação da influência do
0,01 0,10 1,00
Tensão Confinante (MPa)
tempo de cura do corpo de prova moldado com
Figura 14. Resultados dos ensaios triaxial de carga
solo/cinza volante de RSU, os resultados
repetida das misturas solo/cinza compactadas 3 dias após mostraram que a cinza utilizada por Viczarra
homogeneização – ensaios realizados após cura do CP de (2010) e no presente estudo funciona
90 dias. perfeitamente como agente químico para
estabilização de solo, aumentando a resistência
1800
mecânica da mistura realizada tanto com solo
1600
CP 1 - 130 argiloso, quanto com solo arenoso.
CP 2 - 130
1400
Módulo Resiliente (MPa)
CP 3 - 130
1200 REFERÊNCIAS
1000 DNIT-ME 134, 2010, Pavimentação – Solos -
800
Determinação do módulo de resiliência.
600
Ferguson, G. (1993) Use of self-cementing fly ashes as a
soil stabilization agent, Fly Ash for soil improvement,
400
Geotechnical Special Publication Nº 36, p. 1-14.
200
Lopes, L. S. E. (2011). Análise do Comportamento
0 Mecânico e Ambiental de Misturas Solo-Cinzas de
0,01 0,10 1,00
Tensão Confinante (MPa) Carvão Mineral para Camadas de Base de
Pavimentos, Dissertação de mestrado, Departamento
Figura 15. Resultados dos ensaios triaxial de carga
de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica
repetida das misturas solo/cinza compactadas 3 dias após
do Rio de Janeiro ( PUC- Rio), 208p.
homogeneização – ensaios realizados após cura do CP de
Medina, J., Motta, L. M. G. (2004). Apostila de
130 dias.
estabilização de solos. Escola de Engenharia, UFRJ,
Rio de Janeiro.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Vizcarra, G. O. C. (2010). Aplicabilidade de Cinzas de
Resíduo Sólido Urbano para Base de Pavimentos,
De acordo com os resultados do ensaio triaxial Dissertação de mestrado, Departamento de
Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do
de carga repetida realizados no presente estudo Rio de Janeiro ( PUC- Rio), 120p.