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SCHUCH, Patrice. O Estrangeiro em Campo Atritos e Deslocamentos No Trabalho Antropologico PDF
SCHUCH, Patrice. O Estrangeiro em Campo Atritos e Deslocamentos No Trabalho Antropologico PDF
Patrice Schuch
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Trabalho apresentado na mesa “Experiências Etnográficas no Contexto de Políticas Públicas”, realizada
no curso de extensão Raça, Etnia e Nação: A Antropologia e as Políticas Públicas, promovido pelo
Departamento de Ciências Sociais da UFRGS, em setembro de 2002, e publicado na revista Antropolítica,
Niterói, v. 12/13, n. 1/2 sem/2003. Políticas públicas da infância-12.indd 21 7/11/2008 14:31:22
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citação de Wittgenstein para explicar as causas de sua mudança da filosofia para a
antropologia: “Queremos andar, portanto precisamos de atrito. De volta à terra firme!”,
escreveu Wittgenstein. Geertz aproveita a citação e o ensinamento e assim explica sua
mudança para o “campo” da antropologia (que ele salienta referir-se aos dois sentidos
de “campo”): “Cansado de escorregar no gelo flutuante cartesiano, kantiano ou
hegeliano, eu queria andar” (Geertz, 2001, p. 10). Eu gostaria de reter aqui esta ideia de
“atrito” (em seus múltiplos sentidos) como fundamental para a antropologia e em
especial para a relação entre antropologia e políticas públicas e também destacar a
importância do “andar” para o conhecimento antropológico: andando, perambulando,
caminhando por diversos lugares e espaços o antropólogo acaba produzindo não uma
posição fixa, mas uma série de posicionamentos, promovidos por intensos
deslocamentos. Como resumiu Geertz: “argumentos variados para fins variados”
(Geertz, 2001, p. 10).
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da antropologia, essencialmente humanista; b) relação entre teoria e contextos políticos;
c) pesquisa e intervenção social.
Pode ser difícil ouvir tão duramente que a humanidade esteja dividida entre
antropólogos e outros não-antropólogos, uns pesquisadores e outros objetos de pesquisa.
Entretanto, as palavras de Krenak (1994) expõem, “do ponto de vista do nativo”, o quão
complexo situa-se o fazer antropológico. Isto porque é inegável o caráter ocidental da
antropologia social ou cultural, implícito em sua “matriz disciplinar” – que compromete
o antropólogo com uma subcultura profissional específica (Cardoso de Oliveira, 1988).
Afinal, a antropologia é uma ciência essencialmente humanista, que se constituiu nos
quadros do pensamento europeu do século XIX e, portanto, no bojo da modernidade e
influenciada pelos pressupostos Iluministas da universalidade da ciência e de seu valor
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ideológico. Entretanto, inclui a questão da diversidade através do método de trabalho
microscópico, contextual e comparativo e, nesse sentido, “não é uma ciência igual às
outras”, como disse Montes (1994), no mesmo seminário que Krenak participou,
comentando suas palavras. Apesar de tais fatos não serem novidades para ninguém,
continuam sendo atuais as discussões sobre um possível paradoxo entre o valor
universalista para o qual a antropologia contribui como modalidade de discurso
moderno e os seus postulados relativizadores (Peirano, 1992).
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nações, a ideologia da construção nacional é um parâmetro e sintoma importante para a
caracterização das ciências sociais onde quer que elas surjam. Peirano (1992)
exemplifica suas considerações comparando as obras de Elias e Dumont, que permitem
relacionar teoria e contexto: Elias, proveniente da Alemanha holista, acaba enfatizando
em seus trabalhos uma abordagem cultural, enquanto Dumont, proveniente da França
cosmopolita, acaba privilegiando a civilização. No Brasil, Peirano (1992) destaca a
produção do conceito de “fricção interétnica”, desenvolvido por Roberto Cardoso de
Oliveira na década de 1960 para avaliar o grau de integração dos grupos indígenas na
sociedade nacional, como uma teoria comprometida politicamente.
Apesar de Peirano (1992) não citar, talvez o exemplo mais conhecido de uma
associação entre ideologia nacional brasileira e obra antropológica esteja justamente na
obra de Gilberto Freyre “Casa Grande e Senzala” (1978). Isto porque atribuiu ao caráter
brasileiro uma positividade até então inexistente, dado que as teorias evolucionistas,
ainda em voga quando de sua obra, procuravam entender as origens do “atraso”
brasileiro em relação ao mundo europeu baseando suas argumentações nas noções de
meio e de raça – sendo as teorias evolucionistas nesse caso extremamente
comprometidas com o desenvolvimento do colonialismo europeu, que procurou explicar
as diferenças entre os homens objetivando um rendimento político em termos da
consolidação da superioridade econômica, intelectual e política europeia2. A obra de
Freyre (1978) inseriu-se num contexto evolucionista de produções sobre a sociedade
brasileira, tornando a mestiçagem positiva, caracteristicamente nacional e sinônimo de
uma sociedade igualitária. Daí a popularidade da obra de Freyre e sua apropriação como
elemento ideológico importante da construção da nação brasileira.
Porém, não apenas as temáticas que são abordadas cientificamente podem nos
mostrar a associação entre teorias antropológicas e contextos sociopolíticos, mas
também os silêncios da produção de estudos sobre determinadas temáticas revelam tal
relação. Os estudos sobre as especificidades das relações de classe no Brasil são um
bom exemplo disso. Como salienta Fonseca (2000), embora o Brasil se apresente como
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De acordo com Ortiz (1985), com relação ao meio, os autores evolucionistas concentra-vam seus
argumentos em torno de fatores como o calor, a umidade, a fertilidade da terra, o sistema fluvial e os
ventos alísios. Com relação a raça, a problemática se concentrava na idéia do mestiço que, enquanto
produto do cruzamento de raças desiguais, era percebido como encerrando os defeitos e as taras
transmitidas pela herança biológica.
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um caso extremo de sociedade de classes, os estudiosos brasileiros levaram mais tempo
para iniciar o estudo etnográfico dos grupos populares no meio urbano, devido a um
contexto repressivo motivado pelo regime estatal autoritário e ditatorial. Somente na
década de 1980, com a democratização, que os antropólogos começaram a iniciar os
estudos sobre o meio urbano, levando em conta a variável classe. Na mesma
perspectiva, atualmente a euforia neoliberal pode estar influenciando um apagamento
dos estudos de classe no Brasil, fato também apontado por Wacquant (2001a e 2001b),
analisando o caso dos Estados Unidos. Esta vinculação entre teoria e contextos sociais
torna-se mais complexa quando lembramos que, no caso brasileiro, o Estado
praticamente monopoliza o provimento de recursos para a pesquisa, sendo um
importante elemento para refletirmos sobre os modos de associação entre antropologia e
políticas públicas. Isto é, a maneira como se faz a destinação de recursos financeiros
para a pesquisa antropológica influencia na ênfase em determinadas temáticas, assim
como no silêncio de outras, colocando em questão os “usos” do saber antropológico,
tema de nosso próximo tópico.
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entanto, recusou-se a atacar, junto com os demais brancos – como lhe foi solicitado –
alegando miopia. Em uma carta para a família, Haddson escreveu:
Não foi exatamente para isso que vim até aqui... em lugar de Etnologia Índia,
tive uma lição prática de Sociologia... Mas estou aproveitando bem o tempo,
cheio de novas experiências, algumas das quais serão úteis para ensinar e
outras para bater papo (Kuper, 1978, p. 122).
Kuper salienta que nem todos eram tão emocionados como Haddson para
trabalhar junto aos governos coloniais e cita a posição da “torre de marfim” de Frazer,
relutante em especificar os possíveis usos de seus estudos. Frazer manifestou-se
publicamente numa conferência em Liverpool em 1908, afirmando que não era
“vidente”, “profeta”, “charlatão”, “remédio”, “cavaleiro da Cruz Vermelha”:
Mas se desejam destroçar a contextura social, não devem esperar que o vosso
professor de Antropologia Social os ajude e seja vosso cúmplice nesta tarefa.
Ele não é vidente para discernir, nem profeta para anunciar a vinda do
Messias a Terra; não é charlatão nem remédio eficaz para todos os males,
nem cavaleiro da Cruz Vermelha para liderar uma cruzada contra a miséria e
a fome, contra a doença e a morte, contra todos os horrendos espectros que
flagelam a pobre humanidade. (...) Ele é apenas um estudioso, um estudioso
do passado, que talvez possa contar-lhes um pouco, muito pouco, do que foi,
mas não pode nem se atreve a dizer-lhes o que deveria ter sido... (Kuper,
1978, p. 123).
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sociólogo de governo, enquanto na África Meridional o governo de Bechuanalândia
contratou Shapera, que trabalhou durante muitos anos em estreita colaboração com o
governo. Por essa época, Seligman tinha sido contratado para realizar pesquisas
antropológicas no Sudão, posto que transferiu mais tarde para Evans-Pritchard.
Entretanto – e isso é significativo – nos quase quinze anos em que Evans-Pritchard
trabalhou naquela região, nenhuma vez ele foi solicitado, pelos seus contratantes, para
emitir algum parecer sobre quaisquer questões, o que Pritchard comentou também ter
acontecido com Seligman.
Isto leva Kuper (1978) a concluir que nesta época a contribuição an-
tropológica direta para a administração colonial era insignificante – embora
indiretamente havia algum efeito, através do treinamento de funcionários coloniais em
Antropologia. Depois dos anos 1930, no entanto, o autor salienta que há uma mudança
na política colonial e o investimento passa a ser no desenvolvimento econômico e social
das colônias, havendo nesta época o investimento de altos recursos financeiros em
pesquisa, sendo que inclusive sobravam bolsas de pesquisas para o estudo do campo
africano, concedidas neste caso para antropólogos americanos. Há o que poderíamos
chamar de “divisão do trabalho” no campo da antropologia, em que paralelamente à
expansão do ensino da antropologia nas universidades também se continuava com a
contratação de antropólogos em projetos colonialistas. Nestes, as antropólogas mulheres
acabaram tendo maior destaque, na medida em que esta atividade, segundo Kuper
(1978) era menos prestigiosa do que o ensino nas universidades. A relação entre
antropologia e políticas públicas ficava mais evidente, nesta época, na definição dos
locais e temas de pesquisa, realidade até hoje muito dependente das agências
financiadoras e, no caso brasileiro, estreitamente ligadas às agências estatais.
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projetos de intervenção social ainda verifica-se uma certa dúvida acerca de se realmente
está se fazendo antropologia e sobre a relevância deste saber para decisões
governamentais – o que de uma parte tornou-se evidente nas palavras de Haddson
acerca de seu trabalho (“em lugar de Etnologia Índia, tive uma lição prática de
Sociologia...”) e de outra parte é ilustrado pela experiência de Evans Pritchard que, em
todo o período o qual esteve pesquisando, não foi nenhuma vez consultado sobre
quaisquer questões referentes ao seu campo de pesquisa.
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A FEBEM/RS (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor do Rio Grande do Sul), na época em que lá
trabalhei – de março de 1998 até março de 2001 – era o órgão estatal responsável pela execução das
medidas socioeducativas de internação e semi-liberdade, de sua exclusiva competência. A partir do dia
29/05/02, a FEBEM/RS passou a se chamar de Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase), numa
tentativa de romper os estigmas tradicionalmente alocados nesta instituição e nos adolescentes lá
atendidos.
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Para Simmel (1983), a posição do “estrangeiro” no grupo é deter-minada por
uma relação muito específica entre proximidade e distância. Nesta relação, “a distância
significa que ele, que está próximo, está distante; e a condição de estrangeiro significa
que ele, que também está distante, na verdade está próximo, pois ser estrangeiro é
naturalmente uma relação muito positiva: é uma forma específica de interação”
(Simmel, 1983, p. 183). Segundo o autor – e é significativo que tenha escrito sobre o
tema, pois Simmel era um judeu que teve que lecionar, durante muito tempo, na
Universidade de Berlim – o “estrangeiro” não pertence ao grupo desde o começo e vem
a introduzir qualidades que não se originaram nem poderiam se originar no próprio
grupo. Desta forma, o “estrangeiro” é um elemento do próprio grupo, ao mesmo tempo
em que está fora dele e o confronta. Foi com estes elementos trazidos por Simmel
(1983) sobre a condição do “estrangeiro”, que eu me identifiquei durante o período em
que estive trabalhando na FEBEM. Passo agora a contar um pouco deste meu “andar” e
seus diferentes percursos.
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Dissertação intitulada “Carícias, Olhares e Palavras: uma etnografia sobre o ‘ficar’ entre jovens
universitários solteiros de Porto Alegre”, defendida no PPGAS/UFRGS em julho de 1998.
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pesquisa do que por qualquer outra intenção “prática” ou “utilitária” de aproveitamento
dos dados.
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órgão eram as referentes aos documentos das crianças e adolescentes na FEBEM. E que
o trabalho no NDP consistia basicamente em arquivar as documentações – certidões de
nascimento, exames médicos, prontuários de atendimento – em grandes arquivos velhos
e mal cheirosos dentro de uma sala quente, escura e sem ventilação que se localizava no
final do corredor, exatamente no fim do prédio da sede da instituição.
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institucional pelo qual a FEBEM estava passando desde 1991, visando se adequar às
novas propostas legais de políticas do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990),
acabou fazendo com que os funcionários antigos fossem extremamente desvalorizados –
considerados como sendo os representantes de práticas, costumes e valores tradicionais
– em desacordo com as “ideias modernas dos direitos da criança e adolescente”.
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começou a trabalhar no NDP. Com sua importante colaboração, o NDP passou a
chamar-se “Assessoria de Pesquisa” e acrescentamos, ao trabalho com as tabelas do
“perfil” dos adolescentes, as ideias de tentar relacionar academia e políticas públicas de
intervenção social, seja através das pesquisas, seja através de seminários, cursos e
palestras. Apesar de ainda sofrermos com os modos distintos singulares de produção de
conhecimento numa instituição de intervenção social, pouco a pouco fomos trazendo o
método de trabalho da antropologia para dentro da FEBEM, olhando a instituição a
partir do “ponto de vista do nativo”. Tínhamos um objetivo que era absolutamente
antropológico e que fazia muito sentido naquele contexto: relativizar as fixas fronteiras
sociais internas e externas à FEBEM.
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ainda receber os textos que havíamos produzido sobre o tema, nos quais ainda constava
uma extensa lista de referências bibliográficas, principalmente referentes ao campo
antropológico e das ciências sociais, mas também incorporando o material já produzido
por profissionais da instituição, que também colocávamos à disposição dos interessados.
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dos jovens atendidos pela FEBEM. É importante lembrar, no entanto, que havia um
contexto propício para a articulação entre academia e políticas públicas, uma vez que,
por exemplo, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul
(FAPERGS), passou a produzir editais específicos destinados a projetos de pesquisa que
articulassem universidades com órgãos de intervenção social, visando justamente trocas
de experiências e a capacitação profissional de pessoas das instituições: tanto das
universidades quanto dos órgãos de intervenção social.
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direção da FEBEM, iniciada por volta de julho de 2000, não se sensibilizou com nosso
projeto de trabalho, questionando fortemente a pertinência da existência de um órgão
como a Assessoria de Pesquisa na FEBEM. Qual a justificativa para tal
questionamento? Justamente uma relação que era percebida, pelos dirigentes da época,
como absoluta e necessariamente distinta entre “teoria” e “ação”, usos “indiretos” do
saber e usos “diretos” deste. Nós estaríamos do lado da “teoria”, da ação “indireta”,
enquanto o projeto institucional dirigia-se no sentido de enfatizar a “ação”, de um uso
“direto” do saber sobre a realidade.
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Informalidade; hierarquias já estabelecidas e sem
necessitar serem constantemente afirmadas;
valorização da “tradição”: referências
bibliográficas e citações, “orientador” e grupos de
pesquisa em congressos – rituais que reafirmam
Acadêmica homogeneidade do “campo”; novos profissionais
são gradualmente inseridos no “campo” – o que
facilita a coesão – e de forma bem “discutida”:
estímulo a debates, troca de ideias; luta contra
“objetividade”; usos sociais “indiretos” do saber,
de “segunda ou terceira mão”.
Formalidade (bater “cartão”); ênfase no “novo” em
detrimento da tradição: desprivilegio de “teorias” e
de trabalhadores antigos; mudanças
políticas/governamentais produzindo mudanças
Intervenção
hierárquicas constantes; por isso, hierarquias
frágeis que necessitam ser constantemente
reafirmadas – o que fragiliza a coesão do campo;
necessidade de “objetividade”; usos sociais
“diretos” do saber.
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característico da antropologia, garantidor da sua não fixidez de posturas – mesmo
sabendo-se que o “andar” pressupõe “atrito”.
Este trabalho foi uma tentativa provisória de explorar estes múltiplos espaços,
tentando não obscurecer as lacunas e assimetrias entre eles, mas ao mesmo tempo
destacando uma possibilidade de suas relações. A antropologia não é, nem nunca foi,
única. E embora num certo sentido ser antropólogo é sempre dever ser um “estrangeiro”
e permanecer “andando” –, sem dúvida enriquece-nos sobremaneira pensar por onde
andamos, com quem dialogamos e quais os “atritos” que vivenciamos. Sendo a
antropologia uma “disciplina facilitadora”, como nos propõe Geertz (2001), nada mais
desafiante do que tentar colocar, entre os modos particulares de produção
contemporânea de antropologia: “um nós onde há um eles e um eles onde há um nós” –
mesmo que isso signifique, na condição de “estrangeiro”, uma questão indecifrável para
o próprio antropólogo.
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