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Ceap - Africa Um Novo Olhar PDF
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índice
9 introdução
12 O Continente
84 Bibliografia
ISBN 85-99889-06-0
CDD 960
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A série Cadernos do CEAP é parte integrante do Projeto Camélia. Vem refletir a preocupação
institucional do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas e do conjunto das organizações
do Movimento Negro em contribuir efetivamente para o processo de reflexão e fomento da discussão a
respeito de temas relacionados à lei 10.639, que torna obrigatório a inclusão do ensino da história da
África e das culturas afro-brasileiras no currículo escolar do ensino fundamental e médio.
Reconhecendo ser a escola um espaço privilegiado de formação do indivíduo para viver em
sociedade como verdadeiro cidadão, questões como o respeito à diversidade e à historia da África;
a valorização das contribuições dos afro-descendentes na formação do povo brasileiro; o resgate de
personalidades negras que marcaram a história da luta dos negros no Brasil; o lugar ocupado pela
religiosidade negra na resistência histórica desse povo, bem como reflexões sobre as Ações
Afirmativas, não poderiam passar desapercebidas nesse novo cenário nacional.
O desafio da promoção da igualdade de oportunidade é uma tarefa educativa que exige coorde-
nação de esforços, recursos e ações no âmbito governamental em seus diferenciados níveis,
na sociedade civil organizada, bem como na solidariedade mundial.
INTRODUÇÃO
Para o historiador J. Iliffe, Cerca de três milhões de anos depois, surge o Homo habilis com o
o ponto central da história
da África é a saga dos seus
cérebro maior do que o dos australopitecos. Fabricava utensílios de
habitantes que, como pedra afiada, utilizava o fogo e alimentava-se de carne. Suas ossadas
"sertanejos" colonizaram
uma região do mundo, foram encontradas no vale de Olduvai, na Tanzânia.
particularmente hostil, a Em seguida, aparece o Homo erectus, há perto de 1,5 milhão de
bem da raça humana. Os
africanos "souberam anos, que também se desenvolveu primeiro na África. Finalmente, há
coexistir com a natureza e cem mil anos atrás é também neste continente que aparecem os
criar novidades resistentes
capazes de no decorrer do vestígios do Homo sapiens sapiens. Este teria partido da África para
tempo, resistir a agressões colonizar outras partes do mundo.
vindas de regiões mais
favorecidas". Vale lembrar aqui o historiador J.Iliffe. Para ele, o ponto central
da História da África é a saga dos seus habitantes que, como
“sertanejos” colonizaram uma região do mundo, particularmente
hostil, a bem da raça humana que, a partir dali assumia a sua forma.
Iliffe salienta a capacidade do africano de ter sabido “coexistir com a
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natureza e ter vindo a criar sociedades resistentes capazes de, no
decorrer do tempo, resistir a agressões vindas de regiões mais
favorecidas”.
O CONTINENTE
Tunísia e o reino do Marrocos que, no século VIII serviu de ponte aos O Atlântico foi, até o
século XV, com as
árabes para a sua ocupação da Europa ibérica. navegações portuguesas, a
Todas essas civilizações mantiveram seculares relações com a grande barreira ocidental
dos contatos da África com
Europa e, a partir do final do século XIX, passaram à influência direta o mundo. Só com a grande
ou foram colonizadas por ela. empresa do tráfico - "de
homens, mercadorias e
Atualmente, e por outras razões, a África do Norte é idéias" - o oceano
geopoliticamente importante para os europeus, sobretudo a França. Atlântico foi integrado à
África Subsaariana e se
Neste país vivem hoje cerca de cinco milhões de norte-africanos e seus tornaria a placenta que
descendentes, a grande maioria argelinos e marroquinos que alimenta com milhões de
vidas as Américas,
tornaram o islamismo a segunda religião da França, a seguir ao sobretudo o Brasil.
catolicismo.
A leste, temos a fachada do oceano Índico que, sobretudo depois
da expansão árabe, passou a ser mais uma zona de enlace do que uma
barreira. Dessa relação, da qual fez parte o tráfico de escravos para o
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Egito e Oriente Médio, que durou até o início do século XX, nasceu
uma língua veicular – e sua cultura – o suaíli ou swahili, como veremos
adiante.
Foi através do Índico que a África Subsaariana manteve, desde
séculos remotos, relação com a Pérsia, a Índia e a China que vinham
comprar ouro e outros metais na região austral (exemplo: o reino de
Monomotapa – atual Zimbábue). Esse trânsito era facilitado por
correntes e ventos das monções que facilitavam as navegações entre a
Ásia e a África.
Essa inserção da África na economia mundial tornou-se mais
substantiva com o comércio de ouro entre os impérios do Sudão
ocidental e a Europa Medieval intermediado, entre os séculos X e XV
pelos árabes que cruzavam em caravanas o deserto do Saara.
Quanto à fachada do Atlântico, não causa surpresa afirmar que,
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Escravos marchando do interior de Angola para o litoral conduzidos para um porto da África
Oriental, na segunda metade do século XIX, quando o tráfico já era proibido no Atlântico.
Território e A África, com a sua forma quase triangular, tem uma superfície
demografia: de 30.367.618 km2, sendo o terceiro continente em extensão, depois da
fatores Ásia (44 mil.) e as Américas (42 mi.), se considerarmos estas um só
geográficos continente. A sua superfície representa 20,4% das terras emergentes.
Com uma população de 850.558 mil habitantes (2003), a África
representa 14,3% do total mundial (6,3 bilhões de habitantes), o que
mostra sua baixa densidade demográfica - cerca de 22% hab/km2.
Embora predomine o caráter rural, a sua taxa de urbanização já é de
38% (entre 1950 e 1980, cresceu perto de 600%) e o seu índice de
crescimento demográfico, de 2,3%, é o maior do planeta, para uma
média mundial de 1,33%, com os países em desenvolvimento
apresentando 1,6%.
É o continente mais quente do mundo, com temperatura média
acima dos 20°C. Quatro quintos da sua área fica entre os trópicos, o
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que corresponde a ocupar 43% de todo o território tropical do planeta.
A África é também o continente mais árido, com 30% dos desertos
do planeta. O maior deles, o Saara, com mais de oito milhões de km.
Este continua a leste com os desertos da Líbia e da Núbia, totalizando
os três cerca de 10 milhões de km2. No sudoeste do continente estão os
desertos do Kalahari e o de Namibe. A África é, assim, responsável
por 30% das áreas desérticas do mundo (Oceania 18%, Ásia 16%).
O Saara, até cerca de 3000 a.C. era uma área verdejante. O seu
ressecamento dificultou muito o contato da maior parte do continente
com as civilizações africanas e européias da região do Mediterrâneo. A
"revolução do camelo", difundida com a ocupação árabe evitou um
ainda maior isolamento.
No outro extremo climático, destaca-se a grande floresta
equatorial que, desde a região central do Congo/Zaire, se prolonga
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pela costa atlântica até Gana, no Golfo da Guiné. A leste, ela se estende A África é o continente
mais quente: quase metade
até os relevos da África Oriental. de toda a área tropical do
É uma floresta esponja, encharcada de água, com vegetação planeta está na África. É o
continente mais árido: tem
emaranhada, com circulação praticamente reduzida aos rios. É a o maior deserto, o Saara (do
região onde ainda são predominantes as epidemias. A mosca tsé-tsé, tamanho do Brasil) e possui
30% da área desértica da
que exterminava o gado, não permitiu a tração animal, daí o não uso terra. No outro extremo
da roda e do arado. É o mundo da enxada, da terra de pouca climático, a extensa floresta
equatorial, adversa ao
espessura, na sua maioria lexivadas pela laterite, o que torna esse tipo habitat humano. No total,
de solo incapaz de produzir culturas protéicas. Essa área equatorial e só 6% das terras africanas
são cultiváveis. No entanto,
os desertos são responsáveis principais pela baixa taxa atual de terras o que o solo nega o subsolo
cultiváveis: somente 6% do total, a maior parte localizada nos dá: é um enorme repositório
de minerais nobres.
planaltos, já que as planícies costeiras são exíguas.
No entanto, o que o solo nega na África, o subsolo dá, como
veremos a seguir ao fazermos referência à enorme riqueza de minerais
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que o continente possui. A região mais rica é a austral, que os
franceses chamam de "escândalo geológico". Isto significa haver numa
área relativamente pequena - que vai de Angola - Congo/Zaire até à
África do Sul - a maior concentração mundial de minerais nobres,
muitos deles de valor estratégico.
Quanto ao perfil, o continente africano é compacto, maciço. Na
Europa, por exemplo, o ponto mais distante do mar não ultrapassa 500
km, na África chega a 1,500 km. As suas costas totalizam 27,5 mil km,
mas o litoral, especialmente o do Atlântico, é bastante retilíneo, com
poucas baías e há trechos de mil km de extensão em que não se
encontra um porto satisfatório. As correntes marítimas, os recifes de
coral, os mangues extensos, as violentas arrebentações (calemas), são
fatores que, sobretudo no passado, dificultaram as comunicações
marítimas com o exterior.
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A África é, provavelmente, 40% da sua população islamizada, onde a língua religiosa é o árabe do
a região do planeta que, em
menos de um século sofreu Corão. Disto resulta em que 30% dos africanos sejam muçulmanos.
mais mudanças impostas Para melhor reconhecer a variedade étnica da África temos de
ou assimiladas do exterior.
Em resposta, os africanos recorrer, em grande medida, à língua. É o que faremos. Entre as
ofereceram resistência no línguas mais faladas na África, uma parte substantiva é de línguas
que lhes era imposto.
Porém, no mesmo tempo, veiculares, as chamadas línguas francas, de contato. São faladas por
se preparavam para vários povos, embora, grosso modo, cada um deles tenha a sua
mudanças e, quando
indispensável, até para a própria língua materna.
ruptura. Falamos de línguas veiculares de origem africana antes de
mencionarmos, ainda que com estimativas precárias, os falantes de
línguas européias. Estas têm, na maior parte dos países do continente,
o estatuto de língua oficial oriunda da ex-metrópole.
Refira-se, de passagem, que na grande maioria dos casos, a língua
européia não era a mais falada quando esta foi escolhida, no processo
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de independência, como a língua oficial do país. Vários argumentos
foram levados em consideração para isso: facilidade de comunicação
inter-africana e internacional, facilidades e proveitos na educação, etc.
Um argumento de muito peso foi o de que a escolha de uma língua
africana do país, mesmo que majoritária nele, implicaria no
detrimento das outras línguas. A escrita não seria decisiva: pode-se
usar o árabe ou o latim. Este é usado, por exemplo, em línguas nativas
do Zimbábue e da África do Sul no ensino fundamental. No caso dos
países com sociedades crioulas, onde há uma cultura de síntese e
população majoritariamente mestiça - arquipélagos e ilhas do
Atlântico e do Índico - a língua crioula é falada por todos, mas grande
parte da população, frequentemente a maioria, fala também a língua
européia. Aliás, diga-se de passagem, a maioria dos habitantes do
planeta fala mais de uma língua.
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A diversidade lingüística Camarões à região dos Lagos, a leste. Cerca de 70% dos afro-
da África é excepcional,
próxima da asiática. descendentes brasileiros têm ascendência banto, com predominância
Contudo, somente 50 delas da área Congo-Angola.
são faladas por mais de dez
milhões de habitantes. As As línguas africanas e o inadequado termo tribo constituem a
línguas africanas podem diversidade do continente mais referida pelos brasileiros. As
ser, grosso modo,
agrupadas em quatro línguas são aqui frequentemente classificadas como dialetos no
famílias: a afro-asiática, a falso pressuposto da sua inferioridade porque quase todas elas não
nígero-kordofiana (que
incluem os dois grandes têm alfabeto próprio. O haussa usa o alfabeto árabe, por exemplo, e
grupos banto e sudanês), a as da África do Sul e do Zimbábue, que têm o seu ensino
nilo-saariana e a dos
grupos não negróides fundamental em línguas nacionais, usam o alfabeto latino, usado
(pigmeus e koisan). pela língua inglesa.
Dizem os lingüístas que não é a escrita mas uma estrutura própria
o que determina o estatuto de língua. Na África, como em toda a parte,
as línguas têm variações dialetais. Quanto ao termo tribo - que os
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brasileiros conhecem de perto dos nossos índios - ele é marcado mais
por significar não só uma etnia, mas um tipo de organização social. Na
África dos tempos modernos é a cultura que predomina, daí a
designação adequada ser a de etnia.
Voltando às línguas africanas. A seguir à segunda família, a
nigero-kordofiana, temos a terceira, a nilo-saariana, que abarca uma
área bem mais restrita e engloba as línguas nilóticas (como a dinka, do
sul do Sudão) e as línguas da região dos Grandes Lagos
A quarta família pretende abranger os povos não-negróides, isto
é os pigmeus e os do grupo khoisan (khoi-khoi e san, mais conhecidos
como bosquímanos e hotentotes). Os primeiros vivem na região
central, na floresta equatorial, os últimos nos desertos do Kalahari e do
Namibe. Os khoi-san eram os habitantes da região central do
continente e foram empurrados para as regiões áridas pela migração
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O sucessor de Ghana no comércio com os árabes foi o império do A Etiópia tornou-se uma
referência de continuidade
Mali, englobando reinos vizinhos, sob a liderança, de Sundiata Keita, histórica e de
muçulmano negro, no início do século XIII. Cresce o intercâmbio com independência milenar.
Encarnação do pan-
os árabes que, com o comércio africano do ouro abastecem a Europa africanismo, as cores do
medieval, sequiosa desse metal. Ele atingia cotações muitíssimo mais império etíope, verde,
amarela e vermelha estão
elevadas que a prata européia. nas bandeiras de muitos
Um novo Estado hegemoniza o poder na região, com uma estrutura dos países africanos. Hoje
em dia, estão também nos
militar e administrativa bem mais complexa: é o império de Songhai, que gorros de milhões de afro-
tem Gao como capital e que vai dominar o comércio do ouro por mais de descendentes espalhados
pelo mundo e participando
dois séculos. A leste do Níger surgem os reinos de Kanem e de Bornu, da grande diáspora negra.
atual Norte da Nigéria. Com a descoberta dos metais nas Américas,
perde importância o comércio do ouro com a África. Inicia-se o tráfico de
escravos, sobretudo com o Brasil, Caribe e Sul dos Estados Unidos.
Entretanto, no século XI, no sudoeste da Nigéria atual, surgem os
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reinos iorubas. Depois de Ifê, ergue-se uma civilização original, a do
Benin que iria surpreender, já no século XVI com sua refinada arte de
bronze, os portugueses. Estes haviam estabelecido, desde o final do
século XIV, relações amistosas com o reino do Kongo que duraram
quase um século antes de se degradarem no tráfico.
Antes do tempo do tráfico de escravos, a imigração dos bantos
para o sul do continente já havia proporcionado a formação de
Estados. Uma vez mais, a riqueza mineral era a base de um comércio
intermediado pelos árabes em direção à Ásia. Este foi o caso do
Monomotapa, governado pelos shonas, com o apogeu por volta do
século XV, e que ainda se manifesta através de grandes construções de
pedra como atestam as ruínas do Zimbábue.
No nordeste do continente, na região do Chifre, a velha
Abissínia, no início do século XVI sofreu um ataque dos nômades
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O asaustehene (rei) do Ashnti (atual Gana) recebe na sua côrte J. Bowdich, emissário do governo britânico, em maio de 1817.
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Somente a partir das muito em Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, bem como em cidades
últimas décadas do século
XIX, os europeus do litoral da Guiné-Bissau, como Bolama e Cacheu, exploravam o
iniciaram a conquista da comércio com Benguela e Luanda, incluindo uma faixa do rio Quanza
África, que viria a
redundar na ocupação de até Malanje. Em Moçambique, a Beira, e não a atual capital Maputo,
90% de todo o continente. era o centro comercial português num sistema de "feitorias" designado
Até perto dessa data, a
presença fixa deles mal por prazos. Essa realidade iria mudar em pouco tempo.
ultrapassava a estreita
faixa litorânea do
continente.
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"Mwana-Pwo" (Donzela),
Máscara Quioca.
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COLONIALISMO, RACISMO,
DESCOLONIZAÇÃO
Além da ascensão dos estão na ascensão do mundo capitalista ocidental no seu conjunto a
países ocidentais derivada
da revolução industrial e um elevado nível econômico, capaz de competir com a Inglaterra,
de um novo estágio do senhora até então dos mercados asiáticos e africanos. Com efeito, a
capitalismo, os europeus
tiveram a seu favor a partir da segunda metade do século XIX, essas novas potências
decadência de alguns industriais estavam maduras para a expansão colonial e dela
Estados africanos no pós-
tráfico, a desagregação necessitavam. Tinham diante de si o modelo imperial inglês e sentiam-
provocada pelo escravismo se até em condições de superá-lo, através da utilização de novas
mercantil na maioria do
continente e a técnicas oriundas do aprofundamento da revolução industrial (navios
desestruturação do império a vapor, ferrovias, siderurgia etc.) e de uma concentração financeira e
otomano, até então
dominante no norte da industrial superior inclusive à britânica.
África. Por outro lado, para além da ascensão dos países ocidentais ao
estágio imperialista, ocorreu uma conjuntura extremamente favorável
à extensão dos domínios coloniais: a decadência dos Estados asiáticos
e africanos. Assistimos assim, a partir do século XIX, à desagregação
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dos principados indianos, das províncias turcas e, na África, as
conseqüências da desestruturação de impérios e reinos, cujas bases
haviam sido minadas desde o período do tráfico escravo.
No interior das nações capitalistas o fenômeno da colonização
não foi realizado sem um reajuste de interesses das diversas frações da
burguesia. A fração comercial, representada pelas grandes
companhias de comércio, atuantes já antes da partilha colonial,
mostrava-se reticente quanto a uma colonização que levasse à
ocupação efetiva dos territórios. Deve-se ter em vista que a razão
principal da atuação dessas companhias era a possibilidade de
comerciar em regiões litorâneas livres de fronteiras, como por
exemplo, na África, onde obtinham, através de transações com as
classes dominantes locais, produtos comerciáveis na Europa com
lucros altamente compensadores. Com a partilha e a conseqüente
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As diferentes formas de colonização
A diversidade nas formas de colonização, ou os meios de
apropriação colonial, não resultaram apenas da política colonial de cada
potência ou das condições geo-climáticas do território ocupado. Essa
diversidade derivou sobretudo dos tipos de estruturas políticas e
sócio-econômicas vigentes na sociedade a ser colonizada e do grau de
desenvolvimento do capitalismo no país europeu colonizador.
Podemos distinguir, em termos didáticos, duas formas principais
de colonização: as colônias de povoamento (ou enraizamento) e as
colônias de exploração (ou enquadramento).
As colônias de povoamento caracterizam-se pela instalação no
território subjugado de uma minoria européia numericamente
expressiva. Ela assume o total controle político e constitui a camada
dominante, em todos os sentidos, da sociedade. Essa minoria
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compreende: a) ex-camponeses emigrados da metrópole que se
instalam em grande parte nas terras que vão sendo expropriadas manu
militari aos africanos, vindo a formar, portanto, a classe dos grandes
proprietários fundiários; b) uma pequena burguesia comerciante,
freqüentemente composta de não-europeus, sírios e libaneses na costa
ocidental africana; indianos, paquistaneses e chineses na costa oriental
(o grande comércio de exportação-importação é monopolizado por
companhias metropolitanas); c) uma frágil burguesia industrial.
A burguesia fundiária vai beneficiar-se da força de trabalho, a
preço irrisório, dos africanos despojados das terras que ela passou a
ocupar. Através do estatuto do trabalho forçado e do imposto
indígena, esses africanos transformam-se em assalariados rurais pelo
menos durante uma parte do ano. No restante do tempo voltam à
economia tradicional, de subsistência e troca interna, praticada em
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terras cada vez menos férteis e mais exíguas. Os proprietários
europeus beneficiam-se igualmente da manutenção de preços
elevados e de financiamentos garantidos pela metrópole para os seus
produtos agrícolas de exportação.
A essas camadas burguesas citadas - fundiária, comercial e
industrial - somam-se os funcionários e operários europeus. Tanto uns
quanto outros recebem salários muitíssimos mais altos que seus
colegas autóctones e são também muito melhor pagos do que se
trabalhassem na metrópole. No plano ideológico, funcionários e
operários europeus gozam das regalias do estatuto de "colonizadores",
fato que mascara sua situação de classe. Apesar de "pequenos
brancos", seu número e sua posição no sistema colonial fazem deles o
principal suporte político do colonialismo e os mais exaltados
executores do racismo.
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As estruturas econômicas
É em torno da economia que se organizam as relações estruturais
que definem o sistema colonial. A economia é controlada pela
metrópole que a põe ao abrigo da concorrência dos demais países
capitalistas. Trata-se de uma economia complementar, dirigida para a
produção de matérias primas agrícolas e minerais destinadas à
exportação para a metrópole. É especializada, na medida em que a
produção agrícola se orienta para a monocultura. Nesse sentido, os
camponeses foram obrigados a concentrar-se na cultura do cacau,
como no caso de Gana, em prejuízo da cultura de produtos
alimentícios para subsistência e troca regional. No entanto, o estímulo
à monocultura não se faz acompanhar de preços estáveis. Fixados
pelos europeus, que controlavam o grande comércio, baixavam
continuamente, enquanto se elevavam os preços não só dos produtos
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manufaturados, tornados necessários a partir do colonialismo, como
outros que passaram a ser indispensáveis devido às limitações à
produção diversificada imposta pela monocultura.
A introdução da economia colonial na África produz a
desestruturação dos modos de produção existentes, ao implantar
relações capitalistas de produção através de mecanismos econômicos
e extra-econômicos. Estes, de caráter coercitivo, são necessários na
medida em que os africanos possuem, de forma coletiva, a posse do
meio de produção principal - a terra. Torna-se, então, forçoso obrigá-
los a entrar de um modo generalizado na economia monetária. Vários
mecanismos são utilizados para isso: introdução do estatuto de
propriedade privada da terra, o imposto indígena, o cultivo forçado e,
principalmente, o trabalho forçado.
O primeiro agente dessa monetarização é o imposto indígena, que
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As ideologias do colonialismo
O colonialismo, além de subjugação política e econômica, exerce
igualmente uma dominação cultural eurocêntrica. Ele pressupõe a
crença numa só cultura, cuja validade e ápice encontram-se na
civilização européia ocidental. A expansão da Europa, com a ocupação
da Ásia e, em especial, da África, fez-se acompanhar de uma
reelaboração teórica do que passou a se chamar Ciências Sociais, entre
as quais a Antropologia.
Aqui, pretende-se chamar a atenção para duas escolas
antropológicas que constituíram as bases ideológicas mais fortes do
colonialismo: o evolucionismo e o funcionalismo.
A Antropologia tem a sua grande retomada a partir da década de
1860, e é nos vinte anos seguintes que irão aparecer as grandes obras
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Fourah Bay College, em Serra Leoa, à época da sua fundação, em 1827. Tornou-se
faculdade em 1876 e fornou grande parte da elite da África Ocidental.
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religião: "fiéis" contra "pagãos"; cristãos contra muçulmanos, ou contra Léopold Senghor, teórico da
negritude, afirmava que o
judeus, por exemplo. Ao tempo das grandes descobertas, navegadores racismo não tem mais de
dos séculos XV e XVI legaram relatos isentos de preconceito racial. quatro séculos, quando se
inicia o tráfico negreiro.
O racismo, como ideologia elaborada, é fruto da ciência européia Antes do século XVI as
a serviço da dominação sobre a América, África e Ásia. A ideologia ideologias de dominação
tinham como referência
racista se manifesta a partir do tráfico escravo, mas adquire o estatuto sobretudo a religião: fiéis
de teoria após a revolução industrial européia. Aimé Césaire, em seu contra pagãos, cristãos
contra muçulmanos e judeus.
Discurso sobre o Colonialismo, escrito no imediato do pós-guerra,
salienta que Cortez e Pizarro pilhavam e matavam na conquista da
América, mas que nunca afirmaram "ser mandatários de uma ordem
superior". E ressalta: "os hipócritas só vieram mais tarde", ou seja, com
a ocupação colonial nascida do capitalismo. Acrescenta ainda que
"neste campo o grande responsável é o pedantismo cristão, por ter
proposto as equações desonestas: cristianismo = civilização e
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paganismo = selvageria, às quais só poderiam seguir-se as
abomináveis conseqüências coloniais e racistas que vitimaram índios,
asiáticos, africanos negros ou árabes".
As relações entre o racismo e a ciência podem conduzir a um
engodo para o qual são atraídos muitos idealistas: o de pensar-se que
a ciência contemporânea, ao desmistificar o racismo na teoria, possa
ser a principal responsável pela sua eliminação na prática, dentro de
uma concepção positivista do "progresso inescapável da
humanidade". Ou mesmo de crer-se que a "modernização" do Terceiro
Mundo, efetuada pelo capitalismo, se faça naturalmente acompanhar
da eliminação dos comportamentos racistas herdados do
colonialismo. Para contrariar essa hipótese basta lembrar o exemplo
da África do Sul. Sendo o pólo mais desenvolvido do capitalismo no
continente africano, ela foi, ao mesmo tempo, o campo da prática
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coletivizadas: "todos eles são assim". Claro, não se está esquecendo aqui
o exemplo clássico do "colonizado-amigo", a quem paternalisticamente o
branco diz: "Você é um preto (ou árabe, ou... etc.) diferente". Com essa
afirmação se exige, em reciprocidade, a gratidão do colonizado. Esta
exigência é a marca registrada do paternalismo (forma de racismo bem
atuante, por sinal, na sociedade brasileira).
Outro tipo de paternalismo pretende esquecer as diferenças,
pensando com isso diminuir - ou mascarar - o conflito racial. Esse
comportamento estende-se àqueles que se pretendem anti-racistas,
por se considerarem numa posição ideológica de "esquerda". A
questão não é negar as diferenças mas assumi-las e verificar que, entre
os homens, as diferenças culturais, como outras, são efeitos históricos
reais e, como tal, não são escandalosas. Também é ingênuo pensar que
se torna indispensável convencer os racistas a deixarem de sê-lo para
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que se atinja urna nova ordem social. Esta deve ser conquistada apesar
da permanência de pessoas racistas. Basta que, como resultado de
uma luta política específica, sejam implementadas medidas concretas
que impeçam os racistas de fazerem prevalecer, na prática social, os
seus preconceitos. Porém, como foi anteriormente referido, a solução
da totalidade do problema remete a uma questão social mais ampla.
O Asiatismo. A presença européia na Ásia criou, entre populações O caráter difuso dessas
ideologias se deve à
divididas por religiões e etnias diversas, o sentimento de pertencerem exigência de uma resposta
a uma mesma comunidade na qual todos os esforços deveriam ser à atuação totalizante do
colonialismo e da
conjugados para uma melhoria política e social e cujo lema era: "A Ásia mobilização de todos os
para os asiáticos". De certa forma, pela subjugação, o colonialismo uniu nacionalistas, mesmo que
tivessem interesses
povos diferentes e contribuiu para forjar uma ideologia nacional específicos divergentes. Na
moderna. A vitória do Japão sobre a Rússia, em 1905, foi um maior parte das vezes, essas
ideologias servirão, após a
acontecimento importante no desenvolvimento do asiatismo. Ela foi a consolidação da soberania,
primeira guerra ganha por um povo de cor contra os brancos, no século para mascarar lutas sociais
e justificar o controle que
XX, e difundiu a convicção de que os europeus podiam ser vencidos. essa intelligentsia assume
Por outro lado, a vitória do moderno Estado japonês mostrou que a quando se apossa do Estado.
luta não poderia mais ser liderada pelas velhas classes dirigentes e nem
visar o retorno às antigas instituições políticas.
59
em descolonizar o estudo
da história africana, deformada
pelo colonialismo – a negritude
constituiu, especialmente nas
63
colônias francesas, a expressão
cultural do pan-africanismo.
Noção polêmica, ela é rejeitada
atualmente por Césaire:
"Senghor e eu inventamos e
demos conteúdo ao conceito e ao movimento da negritude. Mas meu
amigo Senghor e eu não estamos mais de acordo sobre a sua noção e
sua prática. Ele parece ter feito dela uma metafísica". Tal afirmação
está ligada ao idealismo histórico que marca a negritude, quando esta
pressupõe culturas raciais ou continentais. Amílcar Cabral, líder da
luta pela independência da Guiné Bissau, observa: "Sem pretender
minimizar a importância de tais teorias e 'movimentos', que devem ser
entendidos como tentativas, bem ou mal sucedidas, de encontrar uma
identidade e como meios de contestação da dominação estrangeira,
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AS SEIS MACRORREGIÕES
DA ÁFRICA
Antes de ser uma região, a África do Norte constitui, por si só, África do
uma parte do continente por distinção da outra parte, a África Norte
65
Subsaariana. Devido à predominância árabe na região e às
conseqüentes afinidades histórico-culturais e lingüísticas ela é
separada, em alguns livros, do resto do continente e agrupada ao
estudo do Oriente Médio.
A África do Norte apresenta duas sub-regiões: a leste, o
Machrech, que inclui a Líbia e o Egito e se prolonga, fora do
continente, até a Península Arábica. A oeste, bem mais
individualizada, o Magrebe ("onde o sol de põe", em árabe), que
compreende a Tunísia, a Argélia e o Marrocos. O grande Magrebe é
um projeto político e econômico, de longa maturação, que pretende a
integração nele da Líbia, da Mauritânia e do Saara Ocidental. Este
território está em processo de plebiscito pela independência ou
incorporação definitiva ao Marrocos.
É a região que disputa a primazia geopolítica e econômica com a
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A negritude, por Senghor: África Austral, contudo, no momento, ela apresenta vários
(...) assumir os valores da
civilização do mundo negro, indicadores de desenvolvimento econômico-social e posição
atualizá-los e fecundá-los, estratégica (compartilhada com a Europa e o Oriente Próximo a bacia
quando necessário com
contribuições estrangeiras, do Mediterrâneo) que ainda a colocam no primeiro lugar do ranking
para vivê-los em si e para si, africano. Dos sete países africanos com maior PIB, grau de
mas também para fazê-los
viver por e para os Outros, industrialização e escolaridade, cinco pertencem à África do Norte:
levando assim a Egito, Argélia, Marrocos, Líbia e Tunísia.
contribuição de novos
Negros à Civilização O seu lastro cultural indica ser a região mais homogênea do
Universal. continente: de modo geral, tem uma só religião, o Islão, uma só língua,
a árabe, e persegue a utopia de uma só nação, a árabe. No entanto, a
região tem uma forte comunidade autóctone, a berbere, especialmente
no Marrocos e na Argélia.
Como lastro histórico, a região possui grandes centros de
irradiação político-cultural. É o caso do Egito Antigo, com a influência
66
negro-sudanesa que recebeu. É também o caso de Cartago (na atual
Tunísia), e do reino do Marrocos, Estado com mais de mil anos, onde
a dinastia alauíta, reinante, tem perto de três séculos de poder.
Ponto de partida da invasão moura na Península Ibérica, o
Magrebe serviu, também, de tapete para várias invasões: fenícia,
romana, bizantina, vândala e árabe. Esta produziu uma virada
histórica na região, com sua islamização e a miscigenação com os
berberes. Após a implantação árabe veio o domínio otomano,
substituído, no final do século XIX, pela ocupação européia. Esta se
iniciou pela conquista da Argélia pela França, em 1830.
O perfil político da região é marcado pela presença de Estado
antigos, alguns milenares, que permanecem com estrutura
representativa durante a colonização, como foi o caso do Egito e do
Marrocos, que apresentam forte coesão nacional. Já a Argélia só
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do Mali e Songhai, produtores de ouro; um pouco depois, na atual A África Ocidental foi a
região de onde vieram os
Nigéria, as cidades-Estados haussa, ao norte, e as cidades iorubas, no primeiros escravos para
sudoeste. Foi uma área pioneira de tráfico (área da Guiné) para as o Brasil, provenientes
da zona que engloba a
Américas. Já no início do século XIX vieram escravos iorubas para Guiné-Bissau e o Senegal.
Salvador, predominantemente do atual Benim (antigo Daomé), Ela também foi uma das
últimas, já no século XIX,
chamados de nagôs. Neste mesmo século, ex-escravos, africanos e quando chegaram os
alguns já brasileiros, retornaram para a Nigéria, o Togo, o Benin e o iorubas e seus vizinhos,
habitantes dos atuais
Gana - são geralmente designados atualmente como agudás. Togo, Gana e sobretudo
A África Ocidental é a região com maior número de países e onde Benin e Nigéria.
**Fonte: Elaboração a partir dos dados de P. Lovejoy. A Escravidão na África. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2002. Nota: Não conseguimos dados referentes aos séculos anteriores ao XVI
para o tráfico árabe.
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AS REGIÕES DA ÁFRICA
Segundo o anuário L'état du Monde 2005
MAGREBE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .ÁFRICA CENTRAL
Argélia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Camarões
Líbia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Centro-Africana Rep.
Marrocos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Congo
Tunísia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Congo / Zaire
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Gabão
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Guiné-Equatorial
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .São Tomé e Príncipe
ÁFRICA SAELIANA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .ÁFRICA ORIENTAL
Burkina-Faso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Burundi
Chade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Quênia
Mali . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Ruanda
Níger . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Uganda
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Tanzânia
ÁFRICA EXTREMO-OCIDENTAL . . . . . . . .ÁFRICA NORDESTE
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Cabo Verde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Djibuti
Gâmbia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Eritréia
Guiné . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Etiópia
Guiné-Bissau . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Somália
Libéria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Vale do Nilo
Senegal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Egito e Sudão
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Serra Leoa
GOLFO DA GUINÉ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .ÁFRICA SUL-TROPICAL
Benin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Angola
Costa do Marfim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Malavi
Gana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Moçambique
Nigéria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Zâmbia
Togo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Zimbábue
ÁFRICA AUSTRAL
África do Sul - Botsuana - Lesoto - Namíbia - Suazilândia
ÁFRICA DO OCEANO ÍNDICO
Comores - Madagascar - Maurício - Reunião (território francês) - Seychelles
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África do Sul 1.221 44,8 Pretória 1910 Inglaterra Inglês 113,5 29,3 28,4
Angola 1.247 13,1 Luanda 1975 Portugal Português 9,2 6,7 3,3
Argélia 2.382 31,7 Argel 1962 França Árabe 53,8 20,1 9,7
Benin 113 7,0 Porto Novo 1960 França Francês 2,5 0,3 0,7
Botsuana 582 1,6 Gabarone 1966 Inglaterra Inglês 5,2 2,3 2,4
Burkina Faso 274 13,2 Uagadugu 1960 França Francês 2,6 0,2 0,7
Burundi 28 6,1 Bujumburra 1962 Bélgica Francês 0,7 — —
Cabo Verde 4 0,5 Praia 1975 Portugal Português 0,6 — —
Camarões 16 15,7 Iaundê 1960 França Francês 8,7 1,7 1,9
Chade 1.284 9,3 Ndjamena 1960 França Francês 1,8 0,2 0,6
Centro-Afr.Rp 623 3,7 Bangui 1960 França Francês 1 — —
Comores 2 0,6 Moroni 1975 França Francês 0,2 — —
82 Congo Rp Dm 2.345 57 Kinchasa 1960 Bélgica Francês 5,0 0,8 1,0
Congo 342 3,7 Brazzaville 1960 França Francês 2,2 2,1 0,9
Costa do Marfim 322 17 Yamoussokro 1960 França Francês 10,3 3,7 2,6
Djibuti 23 0,7 Djibuti 1977 França Francês 0,6 — —
Egito 1.101 72,1 Cairo 1922 Inglaterra Árabe 97,6 4,1 12,8
Eritréia 118 4,4 Asmara 1993 Etiópia Árabe 0,7 — —
Etiópia 1.104 70,7 Adis-Abeba Desde a antiguidade Amárico 6,4 0,4 1,0
Gabão 268 1,3 Libreville 1960 França Francês 4 2,6 1,0
Gâmbia 11 1,5 Banjul 1965 Inglaterra Inglês 0,4 — —
Gana 239 20,5 Acra 1957 Inglaterra Inglês 5,4 1,7 3
Guiné 246 9,0 Conacri 1958 França Francês 3,1 0,8 0,6
Guiné Bissau 36 1,3 Bissau 1974 Portugal Português 0,2 — —
Guiné Equatorial 28 0,5 Malabo 1968 Espanha Espanhol 0,3 2,0 0,7
Libéria 110 3,3 Moróvia 1847 — Inglês 0,5 0,7 0,3
Líbia 1.760 5,5 Trípoli 1951 Ingl. - Fran. Árabe 37,7 11,7 8,7
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Madasgascar 587 17,0 Antananarivo 1960 França Francês 3,9 0,9 1,2
Malavi 118 11,7 Lilongüe 1964 Inglaterra Inglês 3,7 0,3 0,6
Mali 1.240 14,6 Bamaco 1960 França Francês 2,1 0,7 0,7
Marrocos 447 30,4 Rabat 1956 França Árabe 35,4 7,1 11,0
Maurício 2 1,2 Port Louis 1968 Inglterra Inglês 4,7 1,5 2,0
Mauritânia 1.026 2,9 Nuakchott 1960 França Árabe 1,0 — —
Moçambique 802 17,5 Maputo 1975 Portugal Português 3,9 0,7 1,1
Namíbia 824 1,9 Windhoeck 1990 A. do Sul Inglês 3,5 1,5 1,4
Nigér 1.267 12,1 Niamei 1960 França Francês 2,0 0,3 0,4
Negéria 924 133,9 Abuja 1960 Inglaterra Inglês 38,7 — —
Quênia 580 31,6 Nairobi 1963 Inglaterra Inglês 11,3 1,9 2,9
Ruanda 26 8,3 Kigali 1962 Bélgica Francês 1,9 0,1 0,3
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Saara Ocidental 2,66 — El Auín Território sob ocupação marroquina, aguarda plebiscito pela ONU.
São Tomé e Príncipe 1 0,2 São Tomé 1975 Portugal Português 0,05 — —
Senegal 197 11,0 Dacar 1960 França Francês 4,7 1,0 1,5
Serra Leoa 72 5,7 Freetown 1961 Inglaterra Inglês 0,7 — —
Seuchelles 0,5 0,09 Vitória 1976 Inglaterra Inglês 0,5 — —
Somália 638 8,9 Mogadíscio 1960 Ing. - Itália Somali 1,3 0,1 0,2
Suazilândia 17 1,2 Mbabane 1968 Inglaterra Inglês 1,3 0,8 0,8
Sudão 2.506 38,0 Cartum 1956 Ing. - Egito Árabe 11,5 1,6 1,6
Tanzânia 945 35,4 Dodoma 1961 Inglaterra Suaíli 9,6 0,8 1,7
Togo 57 5,4 Lomé 1960 França Francês 1,3 — —
Tunísia 164 9,9 Tunis 1956 França Árabe 19,6 6,6 9,6
Uganda 241 25,0 Campala 1962 Inglaterra Inglês 5,9 0,5 1,6
Zâmbia 753 10,9 Lusaca 1984 Inglaterra Inglês 7,5 0,9 1,0
Zimbabue 391 12,6 Harare 1980 Inglaterra Inglês 5,8 1,8 1,5
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Obras de APPIAH, K.A. & GATES, H.L.. Africana. The Encyclopedia of the
referência African and African American Experience. Nova York: Basic Civitas
Books, 1999.
O AUTOR
José Maria Nunes Pereira, doutor em Sociologia/Estudos
Africanos na USP. É professor titular de História e
Relações Internacionais da África do Instituto de
Humanidades (IH) da Universidade Cândido Mendes do
Rio de Janeiro (UCAM), onde foi co-fundador do Centro
de Estudos Afro-Asiáticos em 1973. É professor de pós-
graduação do I.H. nos cursos de História da África e de
Cultura Afro-Brasileira, História do Século XX,
Estratégias Internacionais e Relações Internacionais. Na
graduação ministrou: História da África II, História da
Da esquerda para direita, o decano dos
historiadores africanos, Josenh Ki-Zerbo, Ásia II, Movimentos de Libertação e de Direitos
na sua primeira visita ao Centro de Humanos na segunda metade do século XX e Raça e
Estudos Afro-Asiáticos, em setembro de
88 1978, e José Maria Nunes Pereira. Em Pensamento Social Brasileiro. Seus trabalhos acadêmicos
cima, as imagens de Samory Touré, o foram editados em livros e revistas do Brasil, Argentina,
restaurador do império de Mali e a
mesquita de Djenné, no Mali. França e África do Sul.