Computadores

S EGUNDA-FEIRA 12 AB RI L 20 04 DI RE CT OR JOSE MANUEL FERNANDES EDITOR RUI JORGE CRUZ

PUB
Tablet PC aquém O regresso As autarquias As restrições Jogos cheios
do esperado do Sober e a Internet à privacidade de magia
Vendas do portátil Vírus que chega por Estudo faz o retrato Depois do 11 de Março De ‘Final Fantasy’
onde se escreve E-mail reapareceu de 2002 e da evolução em Madrid, a Europa a ‘Art Fatalis’, os enigmas
desiludem fabricantes com nova variante de dois anos reforça a segurança nas consolas PS2 e Xbox
➜ pág. 3 ➜ pág. 6 ➜ pág. 2 ➜ pág. 8 ➜ pág. 12

A VERSÃO 8.1 DA CAIXA MÁGICA CHEGA ÀS LOJAS EM PARCERIA COM A PORTO EDITORA

Nova
edição de
Linux em
português
A
FACILIDADE DE INSTALAÇÃO e
configuração são os dois prin-
cipais trunfos apresentados
pela nova versão 8.1 do Linux
Caixa Mágica Desktop Pro,
que chegou neste mês às lojas atra-
vés de uma parceria com a Porto Apresentado num pacote onde se inclui nicas à altura. De facto, os conhecimentos
Editora. Sendo a sequência normal um manual, um CD-ROM de instalação e exigidos para instalar esta versão portu-
do Linux@PME — a versão para um DVD com 3,3 gigabytes de “software” guesa do sistema operativo Linux não são
servidor lançada em Outubro último de “open source” — assim como uma bro- superiores aos necessários para configu-
—, o Caixa Mágica Desktop pretende chura de segurança e documentação que rar um PC com o sistema Windows.
garantir a todos os utilizadores em dá direito a suporte técnico por telefone e Para além da configuração e instalação
ambiente empresarial ou doméstico E-mail —, o Linux Caixa Mágica Desktop mais fácil com interface em modo gráfico,
a maior facilidade de utilização, assim 8.1 Pro poderá ultrapassar o Desktop Linux 8.1 da
como uma gama completa de aplicações muitas das dúvidas dos uti- FÁTIMA CAÇADOR Caixa Mágica assegura um
que lhe permitam navegar na Internet, lizadores que nunca quise- / Casa dos Bits melhor suporte de “har-
usar o correio electrónico e ainda ter ram “arriscar” a instalação dware”, a optimização para
acesso a ferramentas e aplicações de pro- de Linux nos seus computadores por pen- processadores Athlon, da AMD, e Pentium
dutividade. sarem que não tinham competências téc- IV, da Intel (com funcionalidades ➜

7c1bf3e5-024b-435b-bb28-84bbcd8a7552
➜ de Hyperthreading),
assim como o suporte a um maior
número de periféricos — onde se
incluem modems para ADSL com
ligação USB, impressoras, câma-
ras digitais e “pen drives”.
Estabelecendo uma compa-
ração com o Windows XP (versão
profissional), o Caixa Mágica
ganha no preço — apenas 78
euros contra os 399 euros do XP
—, na integração gratuita do
pacote de produtividade Open
Office e ainda na garantia de
apoio técnico.
O suporte ao utilizador é
uma das novidades da nova
versão e pretende ser uma forma
de garantir a resolução dos even-
tuais problemas de quem instala
o “software”. Tal como já acon-
tecia na versão para servidor
Linux@PME, quem compra o
Desktop Pro tem direito a apoio
ilimitado por E-mail durante 12
meses ou por telefone durante
60 dias, com um limite de 30
minutos. Foi ainda criada uma
zona especial no “site” da Caixa
Mágica, designada Rede de
Conhecimentos, onde o cliente
pode aceder através de um “login” e uma
“password” fornecidos com a caixa do “sof-
tware” e aí encontrar vários serviços de
resposta a dúvidas, a lista actualizada de
todos os pacotes de “updates” e “patches”,
garantindo assim a actualidade e a segu-
rança das aplicações instaladas.
Apesar de a versão Desktop Pro ser
vendida em pacote, a equipa do Caixa
Mágica não abandona os princípios do
“open source” e disponibiliza igualmente
uma versão gratuita para “download”
pela Web a partir do seu servidor. Esta
versão, designada Desktop Linux Caixa
Magica 8.1, foi colocada “on-line” algumas
semanas antes de a caixa estar à venda
ESTUDO GÁVEA-‘INTERFACE’ SOBRE PRESENÇA DAS AUTARQUIAS NA INTERNET EM 2002
28 por cento das câmaras
municipais sem ‘site’
C
ERCA DE 28 POR CENTO das autar-
quias ainda não possui um
“site” na Internet, 58 por cento
está presente na Web mas
apenas com alguma informação
genérica. Apenas em 8 por cento dos casos
é já possível efectuar o “download” de for-
mulários e em 5 por cento das câmaras já
se efectua o processamento e autenticação
de formulários através da Net. Estas são
algumas das conclusões de um trabalho
desenvolvido pelo Gávea, um organismo
da Escola de Engenharia da Universidade
do Minho que elabora estudos dobre o
desenvolvimento da sociedade da infor-
mação, e pela revista “Interface”.
O estudo Gávea-‘Interface’ refere-se
ao ano de 2002 mas só recentemente foi
apresentado. De acordo com este traba-
lho, é Bragança a autarquia que ocupa o
primeiro lugar no “ranking” das presen-
ças das autarquias na Internet. Segue-se
Loulé, Lisboa, Évora e Chaves, respec-
tivamente. Nas últimas posições, estão
Vila do Conde, Vila Real de S. António e
Vizela, mas, depois destas, há ainda uma
vasta lista de câmaras municipais sem
qualquer presença na Internet.
Este estudo procurou avaliar a quali-
dade dos “sites” das câmaras municipais.
Das 308 autarquias então existentes,
222 estavam já presentes na Internet,
computadores .2
e não confere direito ao manual em papel
nem ao apoio técnico — duas vantagens
que são exclusivas da versão Pro, vendida
no retalho.
Ao mesmo tempo, a equipa do Caixa
Mágica continua a oferecer o acesso ao
código-fonte do sistema operativo, sob a
licença GPL (General Public License), do
qual os utilizadores interessados podem
fazer “download” a partir do sítio do pro-
jecto. O código está estruturado em blocos
para facilitar o acesso dos programadores,
contendo ainda comentários.
O pacote do Desktop Linux Caixa
Mágica 8.1 Pro está a ser colocado nas
lojas através de uma parceria entre o pro-
tendo sido analisados a infra-estrutura e
os serviços disponibilizados, bem como a
utilização do correio electrónico.
A metodologia deste estudo passou
pela criação de cinco níveis de classifi-
cação. No nível 5, o último, ficaram as
autarquias que não possuíam qualquer
presença na Internet. As câmaras que dis-
ponibilizavam na Web alguma informação
genérica mas que não possuíam formulá-
rios ou serviços “on-line” foram colocadas
no nível 4.
S E G U N D A - F E I R A . 1 2 . A B R I L . 2 0 0 4
jecto Caixa Mágica, da Adetti-Associação
para o Desenvolvimento das Telecomuni-
cações e Técnicas de Informática, e a Porto
Editora. Esta última assegurará a distri-
buição mais alargada deste “software”,
com presença nas prateleiras das grandes
superfícies assim como das lojas de infor-
mática de menor dimensão. Desta forma,
esta distribuição portuguesa do sistema
operativo Linux ganhará também mais
visibilidade, já que os utilizadores podem
encontrá-lo no habitual circuito comercial
— e não apenas encomendá-lo ou descar-
regar o “software” pela Internet, um pro-
cesso por vezes demorado, sobretudo para
quem tem ligações de baixo débito. ●
Os “sites” que já permitiam alguma
interacção com os munícipes — o acesso
a formulários, por exemplo — foram colo-
cados no nível 3. O nível 2, por sua vez,
diz respeito aos sítios que já permitem
alguma interacção nos dois sentidos, o
que significa que o munícipe pode usar
a Net para enviar alguns formulários.
Finalmente, o nível 1 implicava a dispo-
nibilização de serviços e a possibilidade
de efectuar pagamentos. Nenhum sítio
reunia em 2002 as condições para ser con-
Uma presença
nos computadores
das escolas
Apesar de não estar ainda confir-
mado oficialmente, o Linux Caixa
Mágica deverá ser um dos sistemas
operativos a instalar nas mais de mil
salas de informática que o Ministério
da Educação pretende ter prontas
no início do próximo ano lectivo. O
ministro David Justino tinha assumido
o compromisso de introduzir no cur-
rículo das disciplinas de Tecnologias
de Informação e Comunicações (TIC)
um capítulo sobre o sistema opera-
tivo Linux, assim como de garantir
a possibilidade de duplo arranque,
em Windows e Linux para os mais
de 13.600 novos computadores que
equiparão as chamadas Salas TIC.
Os testes para a instalação do Caixa
Mágica em conjunto com o Windows
já começaram e estão a ser resolvidos
os últimos pormenores, de forma a
assegurar os requisitos do Ministério
da Educação em termos de facilidade
de reposição do “software” e configu-
ração dos computadores no caso de
existir algum problema técnico.
Como vantagens para a utilização nas
escolas, o Caixa Mágica apresenta o
facto de estar totalmente em portu-
guês, coexistir pacificamente com o
Windows e ter também uma série
de ferramentas de “open source”
associadas, que garantem uma uti-
lização simplificada na língua lusa,
nomeadamente o Open Office (ver
notícia, na pág. 4, sobre os proto-
colos celebrados pelo Ministério da
Educação com a Microsoft e a Sun
Microsystems). ● F.C. / CdB
siderado neste último patamar.
Os conteúdos e a respectiva actualiza-
ção, a acessibilidade dos sítios, a “nave-
gabilidade”, as facilidades para cidadãos
com necessidades especiais e os serviços
“on-line” foram alguns dos aspectos ava-
liados.
Uma conclusão do estudo indica que, de
2000 para 2002, o número de autarquias
com presença na Internet aumentou 22 por
cento, passando a totalizar 72 por cento
das autarquias. Em termos da distribuição
por distritos, foi a Braga e ao Porto que
couberam os melhores resultados, já que
a presença das autarquias na Internet
alcança aí os 100 por cento. O distrito de
Viana do Castelo possui também 90 por
cento das autarquias com sítio na Web.
“O ‘web site’ deverá constituir-se
como um balcão de atendimento, único
e integrado, que permita ao cidadão ter,
a partir dele, acesso aos serviços muni-
cipais, em formato digital, construído
segundo as suas necessidades e não na
óptica da estrutura dos serviços da autar-
quia” — lê-se nas conclusões deste estudo,
onde se salienta ainda que o “site” de uma
autarquia “pode ser o pretexto para um
importante processo de mudança, para a
modernização, racionalização, integração
de procedimentos e para a desburocrati-
zação dos serviços”. ● ISABEL GORJÃO SANTOS
 FABRICANTES DE COMPUTADORES DESAPONTADOS MAS MICROSOFT OPTIMISTA

Sucesso do Tablet PC ficou

aquém das expectativas
O
SUCESSO QUE SE PREVIA para os estão insatisfeitos com o sucesso empresas que desenvolvem “sof-
Tablet PC, no mercado há 18 do Tablet PC e acusam a Microsoft tware”: “As vossas aplicações são
meses, parece não ter sido de não ter feito “o suficiente para capazes de ‘pensar’ com tinta?”
alcançado. Ficou aquém das encorajar as vendas”. No mesmo A alusão ao Tablet PC é clara,
expectativas então avançadas dia, o Ciberpaís, o suplemento de uma vez que é esse o modelo de
por consultoras como a Gartner ou a IDC e TI do diário espanhol “El País”, computador que permite escrever
desapontou também alguns fabricantes. dizia que, “na Europa, só 0,8 por no ecrã.
Tablet PC é um tipo de computador cento dos computadores portáteis “Dentro de cinco anos, grande
portátil que utiliza o sistema operativo vendidos em 2003 foram Tablet parte dos computadores portáteis
Windows XP Tablet PC, desenvolvido PC” e que terá sido o preço e o peso deverão integrar a opção Tablet”,
pela Microsoft. Diversos fabricantes das máquinas a travar a expansão adiantou Julius Sinkevicius,
— como a HP, a Toshiba, a Fujitsu deste novo formato. responsável na Microsoft pela
Siemens ou a Acer — possuem no No ano passado, o presidente divisão de Tablet PC, referindo
mercado modelos de Tablet PC, cuja da Acer, Wang Chen-tang, tinha também que a empresa está a
principal particularidade é o facto de já demonstrado o seu desaponta- trabalhar com os seus parceiros
se poder escrever directamente sobre mento em relação ao Tablet PC: no sentido de alcançar uma redu-
o ecrã, o qual pode rodar 180 graus em “A Microsoft deveria esforçar-se ção no preço das máquinas. Para
várias direcções — o que permite fazer mais e trabalhar juntamente com além disso, haverá hoje cerca de
do Tablet PC um portátil convencional os fabricantes numa campanha de 300 editores de “software” a tra-
ou um bloco de notas electrónico, onde ‘marketing’ em torno do Tablet balhar em projectos relacionados
se pode usar todas as aplicações do PC.” Também Adrian von Ham- com o Tablet PC.
Windows XP sem recorrer ao teclado, merstein, presidente da Fujitsu Analistas de empresas como
só com a “caneta”. Siemens, se mostrou desapontado a IDC ou a Gartner mostraram-
Quando a Microsoft lançar o Sevice com o Tablet PC e referiu que o se mais reticentes em relação
Pack 2 (SP2) para actualização do sis- sucesso destas máquinas não foi ao sucesso do formato. Brian
tema operativo Windows XP — previsto maior “devido à falta de aplicações Gammage, da Gartner, afirmou
para Junho — serão incluídas diversas disponíveis”. Sugeriu Hammerton não acreditar que estas medidas
ferramentas para o Tablet PC. Mas que a Microsoft deveria encora- da Microsoft sejam suficientes.
essas novas funcionalidades jar os fornecedores Andy Brown, da IDC, afirmou,
poderão não ser suficientes ISABEL GORJÃO independentes de por seu lado, que a Microsoft
para impulsionar as vendas SANTOS “software” a desenvol- deveria considerar seriamente a
deste formato. Na passada ver aplicações para o Tablet Como forma de responder a estas hipótese de fornecer gratuitamente as
quinta-feira, lia-se no jornal britânico PC que pudessem ser usadas nos mais críticas, os responsáveis da Microsoft extensões dos programas relativas ao
“The Guardian” que os fabricantes diversos sectores. lançaram uma pergunta e um desafio às Tablet PC. ●

S E G U N D A - F E I R A . 1 2 . A B R I L . 2 0 0 4 computadores .3
 Protocolos entre Sun,
Microsoft e Educação…
A Sun Microsystems
deverá apoiar a formação e
actualização dos professores
de Tecnologias de
Informação e Comunicação
(TIC) e as actividades das
entidades formadoras do
Ministério da Educação, e a
adaptação dos conteúdos
da aplicação educacional
“StarOffice for Kids” para
uso em todas as etapas do
ciclo educativo. Isto consta
do protocolo estabelecido
no mês passado entre o
Ministério da Educação e a
empresa para a difusão de
“software” de “open source”
no contexto escolar. O
“Star Office for Kids” surge
como um acréscimo ao
compromisso celebrado
para os próximos cinco
anos, em que se prevê a
disponibilização, pela Sun
Microsystems, do pacote
de aplicações StarOffice-
OpenOffice.org e do
sistema operativo Linux
para uso nos computadores
pessoais dos laboratórios
da disciplina de TIC, que,
a partir de Setembro, será
introduzida nos programas
do 9º e do 10º anos
de escolaridade. A Sun
Microsystems possibilita
também a utilização destes
tipos de “software” nos
computadores pessoais
dos docentes da disciplina
e de entidades formadoras
do ministério. A disciplina
de TIC, agora destinada
a um maior número de
alunos, visa promover o
acesso dos estudantes às
tecnologias da informação e
comunicação e será apoiada
pela criação de 1220 salas
de informática (as chamadas
Salas TIC). ●
… para as TIC
nas escolas
Também a Microsoft
subscreveu um protocolo
de cooperação com o
Ministério da Educação
para a disponibilização do
seu “software” adaptado às
necessidades específicas
dos utilizadores, no âmbito
da revisão curricular.
Trata-se de um projecto
de investimento a cinco
anos na educação, “em total
sintonia com os objectivos
definidos pelo Ministério em
matéria de desenvolvimento
de competências para
a nova área das TIC”. A
parceria inclui a criação de
produtos específicos para
professores e alunos. Desde
o início que a Microsoft
Portugal fez da educação
uma das suas áreas mais
importantes de investimento
e, recentemente, apresentou
um plataforma de gestão
de aprendizagem que
permite incluir a tecnologia
para a gestão pedagógica,
encontrando-se em
projectos-piloto em mais de
20 escolas e junto de 5 mil
alunos. ●
computadores .4
release 3.0
Um espelho
das nossas vidas
H
Á UMA HISTÓRIA MUITO batida no
sector do imobiliário sobre um
senhorio cujo edifício de escri-
tórios tinha elevadores muito
vagarosos. Ora esse senhorio
terá resolvido aplacar as queixas dos seus
inquilinos pondo um bonito quadro no
átrio de entrada a fim de que eles o des-
frutassem enquanto esperavam. Ao cabo
de uma semana, este efeito desvaneceu-
se. Por isso, a mulher do senhorio, muito
mais esperta, teve uma ideia melhor: con-
venceu-o a comprar um espelho enorme.
E, então, o efeito de redução das queixas
não desapareceu: os inquilinos continua-
ram a gostar de se verem a si próprios ao
espelho, dia após dia.
Esta história consegue, de certo modo,
explicar a crescente popularidade das
numerosas ferramentas que proporcio-
nam “réplicas virtuais” aos utilizadores
da Web. É certo que estou a escrever
esta crónica sentada no meu quarto de
hotel em Tallinn, na Estónia, a contas
com um valente “jet lag”. As palavras
não estavam a sair-me com facilidade
e, por isso, antes de começar redigir o
texto, tirei umas fotos da vista do meu
quarto e, é claro, de mim mesma. A
minha mãe vai adorá-las! Agora até já
aprendi a transferir fotografias do meu
telemóvel Treo para o meu PC (embora
ainda não tenha descoberto a maneira
de as enviar directamente do telemóvel,
apesar de saber que, em teoria, isso é
possível).
Aquilo que é extraordinário neste tipo
de conteúdos é que eu sou capaz de os
produzir sem grande esforço e, apesar
disso, eles são ricos em informação com
significado, pelo menos, para as pessoas
que gostam de mim — e, em especial, para
o meu amigo Ross, cuja mulher e filhos
são originários da Estónia. Para as outras
pessoas, bem… todos nós conhecemos as
piadas que se contam das fotos que os
outros tiram nas férias.
Movimento de massas
Piadas à parte, o crescendo dos conteúdos
criados pelos utilizadores significa uma
enorme viragem no negócio dos média. A
tendência para nos representarmos a nós
próprios através de palavras e imagens
poderá ter existido desde sempre mas
o que é novo são as ferramentas para
criar e difundir essas palavras e essas
imagens. Os telemóveis com câmaras de
vídeo são um factor-chave na concretização
desta realidade: eles são leves e fáceis de
trazer connosco, e a qualidade das fotos
que eles proporcionam está a melhorar
rapidamente.
De acordo com o Pew Internet &
American Life Project, de cujo conselho
consultivo faço parte, mais de 53 milhões
de norte-americanos — ou 44 por cento
dos utilizadores da Internet nos EUA
— já contribuíram com algum tipo de
conteúdo digital para o mundo “on-line”,
para além do seu correio electrónico pri-
vativo. Desses 53 milhões, 21 por cento
disponibilizaram fotografias, 17 por
cento contribuíram com texto (num sítio
de mensagens ou através de mecanismos
de “feedback” de consumidores, como o
da Amazon), e 13 por cento têm os seus
S E G U N D A - F E I R A . 1 2 . A B R I L . 2 0 0 4
E S T H E R D Y S O N
Piadas à parte,
o crescendo dos
conteúdos criados
pelos utilizadores
significa uma
enorme viragem no
negócio dos média.
A tendência para nos
representarmos a nós
próprios através de
palavras e imagens
poderá ter existido
desde sempre mas
o que é novo são as
ferramentas para
criar e difundir
essas palavras e
essas imagens. Os
telemóveis com
câmaras de vídeo são
um factor-chave na
concretização desta
realidade.
próprios sítios na Web.
As consequências de tudo isto para as
empresas são enormes, a começar pela pro-
cura relativamente reduzida de largura de
banda “assimétrica”, como a do cabo ou do
satélite — em que há imensa capacidade de
comunicação para descarregar conteúdos
mas nada que se pareça para o enviar para
outros. As pessoas não andam só a copiar
músicas; elas também enviam os resultados
dos seus esforços criativos.
Para além da comunicação, há toda uma
nova fonte de concorrência pela atenção
dos consumidores.
A plataforma conta
Para as empresas, a questão não reside
em concorrer com os conteúdos criados
pelos utilizadores — mas em coexistir
com ele, fornecendo a plataforma onde
os utilizadores podem tornar públicos
os seus conteúdos e para a qual podem
convidar os seus amigos a vê-los. Por
exemplo, em vez de usar o correio elec-
trónico para mandar as minhas fotos da
Estónia à minha mãe e aos meus amigos,
poderei limitar-me a enviar-lhes uma
ligação (“link”) para o sítio de um qual-
quer fornecedor de acesso à Internet. E
depois, é claro, se este modelo de negócio
funcionar, serão cada vez mais os meus
amigos que começarão a partilhar e a
anotar as suas fotografias nesse mesmo
sítio da Web.
Já existem muitos serviços como este,
desde o Ofoto (pertencente à Kodak) e o
Fotolog — de que um dos fundadores, Scott
Heiferman, foi-o também da Meetup.com)
— à PreClick, à Flickr e uma data de blo-
gues e outros sítios de partilha que tanto
recebem fotos como blogues de texto.
Muitos dos “sites” de redes sociais que
referi numa crónica no Outono passado,
como o Friendster, assentam boa parte
da sua actividade nas fotografias. As
fotos são aquilo que fazem esses sítios da
Web serem sentidos como comunidades
reais e eles constituem meios infinita-
mente atraentes, mesmo quando exibem
pessoas que não conhecemos e com quem
jamais nos encontraremos frente a frente
(o que funcionou também para a revista
“People”). É preciso talento para criar
boa música ou escrever bem mas quase
toda a gente é capaz de tirar uma foto-
grafia que os outros queiram ver.
Lisa Gansky, presidente e administra-
dora da Ofoto, diz: “Na Europa Ocidental,
na Coreia e no Japão, onde os mercados dos
telemóveis com câmara estão mais ama-
durecidos, vemos que a autoria de grupo
ou de comunidade das fotos exibidas ‘on-
line’ são uma prática regular. A capacidade
de organizar a história e de a partilhar
rapidamente ou ao vivo é extremamente
aliciante para muitos tipos de pessoas”.
Se alguém vai a uma festa, as pessoas
nela presentes pode entreter-se com uma
colecção de fotos dessas mesmas pessoas
ou da sua autoria.
À medida que uma parte cada vez maior
das nossas vidas é passada “on-line”, faz
sentido que queiramos decorar com fotos
o nosso espaço virtual, tal como decora-
mos as nossas salas de estar. Do ponto de
vista empresarial, o desafio reside em ser o
imobiliário que as pessoas querem decorar.
Na vida real, isso geralmente pressupõe
boas escolas; no “on-line”, isso exige boas
ferramentas.
É claro que existe sempre uma tensão
delicada: as pessoas querem construir
ninhos “on-line” em espaços tão individuais
como elas próprias — mas elas querem a
validação e experiência mais amplamente
partilhada de uma marca.
A AOL, o Yahoo! e provavelmente o
Google (se extravasar da sua plataforma
de rede social Orkut) estão dispostos a
suportar as vizinhanças “on-line” que cada
utilizador escolher. Trata-se de um mer-
cado que registará uma concentração e as
empresas independentes que eu referi atrás
poderão, em breve, ser “varridas” pelas de
maior dimensão. ●
Esther Dyson (edyson@edventure.com) é analista das TI,
edita o boletim “Release 1.0”, é presidente da EDventure
Holdings (organizadora do PC Fórum) e foi,
até Novembro de 2000, presidente da Internet
Corporation for Assigned Names and Numbers (ICANN)
S E G U N D A - F E I R A . 1 2 . A B R I L . 2 0 0 4 computadores .5
 virose
Dia 12

OS VÍRUS DA SEMANA
VBS/Aqui, W97M/Alamat, W97M/Cobra.a1,
WM/Envader.A (Intended), WM/Alliance.A,
O ‘verme’ Sober regressa WM/Eraser.A:Tw, W97M/Yous
Descoberto nos primeiros dias de Abril, o Sober.F é uma nova variante do O Sober.F copia-se a si próprio para a pasta do Sistema com um nome Dia 13
“worm” Sober, um “verme” de distribuição em massa por correio electró- escolhido de entre os seguintes e com a extensão .exe: “sys”,“host”,“dir”, W97M/Yous, WM/FRIDAY.D, WM/FRIDAY.A,
nico de que já não ouvíamos falar há um mês — o que, comparado com “explorer”,“win”,“run”,“log”,“32”,“disc”,“crypt”,“data”,“diag”,“spool”,“service” e WM/Goldsecret.B:Int, WM/CVCK1.B;E, WM/
os “worms” que têm vindo a apresentar duas, três ou mais variantes por “smss32”.Também altera o Registo do Windows de modo a ser executado Eraser.A:Tw, WM/Envader.A (Intended), Twno.A,
semana, é motivo de notícia. À semelhança de alguns dos seus anteces- de cada vez que aquele inicia. WM/BOOM.A;B, WM/BADBOY.A;B;C, W97M/
sores, o Sober.F foi classificado como sendo de perigosidade média. O Sober.F cria ainda os seguintes ficheiros: zmndpgwf.kxx, zhcarxxi.vvx, Cobra.a1, W97M/Idea.A, W97M/BackHand.A,
Como já acontecia com as anteriores variantes, ele usa o seu próprio bcegfds.lll, winsys32xx.zzp, winhex32xx.wrm, spoofed_recips.ocx e W97M/Digma, WM/SHOWOFF.G, W97M/
Rapmak.a, W97M/Alamat, VBS/Aqui, VBS/Zync,
motor de SMTP para se propagar enviando mensagens para os endere- syst32win.dll — sendo este um ficheiro de log que contém a lista dos VBS/Alphae
ços de correio electrónico que recolhe em todas as unidades de disco endereços recolhidos na máquina infectada.
do computador infectado, numa enorme variedade de ficheiros (cerca Dia 14
de 60 tipos de ficheiros). Falha no RealPlayer W97M/Ekiam, VBS/Aqui, W97M/Alamat, VBS/
Tal como havia acontecido com outras variantes, também o Sober.F é San@M, W97M/Este, W32/SoftSix.worm, W97M/
propagado por mensagens que podem estar em inglês ou em alemão. A RealNetworks disponibilizou um“patch”para uma falha de segurança Cobra.a1, WM/PHARDERA.C ;D (INTENDED),
Estas mensagens apresentam como remetente uma entidade do tipo detectada num dos “plug-ins” utilizados nos seus programas. WM/Eraser.A:Tw, W97M/Class.B, W97M/Class.D,
W97M/Class.Q, W97M/Yous, VBS/Valentin@MM
“Administrator” ou “Webmaster”, ou, ainda, um serviço de gestão de A falha afecta o “plug-in” R3T e pode causar um “buffer overflow”. Os
E-mail. Também pode ser um endereço em que o nome do utilizador programas atingidos são o RealPlayer 8, o RealOne Player, o RealOne Dia 15
do computador infectado está associado a um dos seguintes domí- Player v.2 for Windows, o RealPlayer 10 Beta (versão inglesa só) ou o W97M/Yous, JS/Gigger.a@MM, W97M/Fifteen.a,
nios: “@abuse.de”, “@yahoo.com”, “@yahoo.de”, “@gmx.de”, “@gmx.net”, RealPlayer Enterprise. W32/PetLil@MM, W32/Urick@MM, Habir.A,
“@web.de”,“@freenet.de” e “@lycos.de”. A falha pode permitir a um intruso inserir código numa máquina e Tribute.A;B, WM/Eraser.A:Tw, AOS.A, WM/
O assunto das mensagens e o seu texto é escolhido de entre várias hipó- utilizá-la para executar outras acções. O RealPlayer 10 Gold não Theatre.A, W97M/Jackal.A, W97M/Cobra.a1,
teses, sempre em torno de questões relacionadas com a gestão ou erros é afectado porque remove o “plug-in” X97M/Hopper.r, X97M/Anis, W97M/Courage.a,
de “mails”, sempre com variantes em inglês e alemão. O ficheiro anexo, na durante a instalação. VBS/Count, W97M/Alamat, W97M/Class.ed,
W32/Winur.worm.b, W32/Winur.worm.a, VBS/
versão inglesa, pode apresentar um dos seguintes nomes com extensão ● JOSÉ DOUTIL
Aqui, VBS/Alphae, VBS/Zync
.pif ou .zip:“anitv_text”,“instructions”,“your_article”,“your_passwords”,“mes-
sagedoc”,“corrected_text-file”,“attach-message”,“<random>-attachment”, Dia 16
“<random>_attach”,“pass-message”,“text” ou “Textdocument”. W97M/Akuma, W97M/Cash, W97M/Alamat,
O “worm” não se envia para endereços que possam apontar para enti- XM/Laroux.IC, W97M/Cobra.a1, WM/ERASER.H,
dades que, à partida, possam facilmente detectá-lo, como WM/Concept.F;G;J, WM/Eraser.A:Tw, Tribute.A;B,
as empresas de programas antivírus ou os serviços de W97M/Yous
gestão de correio electrónico.
Dia 17
W97M/Yous, Acid.A (intended), WM/Eraser.A:
Tw, W97M/Jackal.A, W97M/Cobra.a1, W32/
Mypics.worm.25600, VBS/Mantie.ow, W97M/
Serpent, W97M/Alamat, W97M/Akuma

Dia 18
W97M/Akuma, W97M/Alamat, W97M/
Trugbar.a, VBS/SWVK.ow.gen, W97M/
Chameleon.a, W97M/Cobra.a1, WM/Eraser.A:
Tw, W97M/Yous

computadores .6 S E G U N D A - F E I R A . 1 2 . A B R I L . 2 0 0 4
 QUARTA EDIÇÃO DO FESTIVAL DE ‘LAN PART Y’ MAIS POPULAR EM PORTUGAL

Minho Campus Party já tem

1700 participantes inscritos
A
ASSOCIAÇÃO I NDUSTRIAL DO MINHO vai realizar, A edição de 2003 realizou-se em Viana do Castelo, desta iniciativa, tendo angariado apoios e suporte
entre 28 de Julho e 1 de Agosto, o terceiro tendo reunido mais de 1500 participantes. A cidade de institucional, e efectuado contactos com a organi-
Minho Campus Party, um festival para utili- Guimarães acolhera a segunda edição, em 2002, enquanto zação do equivalente evento espanhol.
zadores da Internet, que contará com mais de a primeira se realizara no ano anterior em Braga. Curioso será também observar a diferença entre
1700 participantes — apurou a agência Lusa Nesta primeira experi ncia do Minho Campus os principais temas propostos na edição deste ano
há cerca de uma semana junto da organização. António Party, em 2001, foi prestada homenagem a Alta- face aos da primeira edição. Há três anos, as áreas
Marques, presidente da Associação Industrial do Minho, miro Machado, professor catedrático e director do mais focadas foram os jogos de computador, o Linux, a
adiantou que o festival decorrerá nas instalações anexas Departamento de Sistemas de Informação (DSI) da música e a imagem digital. Neste ano, foi-lhes acres-
ao novo Estádio Municipal de Braga, numa área de 9500 Escola de Engenharia da Universidade do Minho, centada a segurança, uma das vertentes das redes que
metros quadrados. que falecera no anterior mês de Março. Altamiro mais condiciona, hoje em dia, a difusão e a adopção
“Vamos dar um grande salto, duplicando a maioria Machado foi um dos principais impulsionadores das redes sem fios (o chamado “wireless”). ●
das vertentes do festival, quer no que toca a cibernau-
tas presentes quer nas infra-estruturas”, disse António
Marques. Este responsável revelou que a organização —
em que participam 150 pessoas — disponibilizará para
esta “LAN party” 1800 computadores, 15 mil metros de
fibra óptica, 30.000 cabos de rede, 86 horas de ligações
contínuas à Internet, 80 mil bebidas, 40 mil cafés aos
cerca de 25 mil visitantes.
Segundo António Marques, que apresentou o certame
em conferência de imprensa, a edição deste ano terá como
atracção principal uma maior largura de banda — asse-
gurada pela PT Comunicações — e uma feira de informá-
tica e novas tecnologias, que decorrerá em simultâneo.
Em paralelo, realizar-se-ão conferências, jogos
— entre eles, o da FIFA Multimédia, que se realizará
no relvado do próprio estádio — e concursos, em que
poderão entrar todos os participantes. Haverá pelo
menos quatro áreas à escolha: Jogos, Linux, Multimé-
dia e Segurança.
Cada um dos inscritos terá de levar um saco-cama, o
seu próprio computador, que será ligado no local à Inter-
net, preencher uma ficha de inscrição e pagar 80 euros,
que darão direito a dormir numa tenda, refeições e liga-
ções à rede durante os dias do certame.
Os participantes serão, também, alvo de uma
experiência inédita em Portugal, já que o Instituto
de Desenvolvimento e Inovação Tecnológica do Minho
(Idite-Minho) colocará um “chip” em cada uma das
pessoas e nos seus computadores, através do qual será
possível monitorizar a sua presença em cada uma das
salas ou num dado evento. A coordenação do festival
está a cargo de Eduardo Beira, Gil Carvalho e Filipe
Fadigas do Vale.

S E G U N D A - F E I R A . 1 2 . A B R I L . 2 0 0 4 computadores .7
 MEDIDAS NA SEQUÊNCIA DOS ATAQUES DE MADRID ABREM PORTAS AO CONTROLO SOCIAL E POLÍTICO
Governos europeus impõem
mais restrições à privacidade
T
AL COMO SUCEDEU após o 11 de aéreos ou o registo do
Setembro nos Estados Unidos da
América, onde foram adoptadas
e activadas medidas bastante
restritivas da privacidade indi- veis e telefones fixos. A
vidual, a Europa está a reforçar as medi-
das já tomadas nessa altura, na sequência
dos ataques do 11 de Março em Madrid.
Em Portugal, na semana passada, a
Comissão Nacional de Protecção de Dados
(CNPD) esclareceu que não tinha sido
ouvida para a elaboração da proposta de
diploma que prevê o acesso pela Polícia
Judiciária (PJ) aos dados fiscais sem qual- privacidade, tem de se
quer abertura de inquérito judicial (ver
“CNPD esclarece posição sobre acesso da PJ mos a defender”.
a dados fiscais”, PÚBLICO de 8-4-2004).
No dia anterior, já o PÚBLICO expli-
cara que a PJ “vai poder aceder em tempo
real aos dados fiscais e da Segurança
Social ‘que sejam relevantes para as
investigações relacionadas com crimes
tributários da sua competência’, mas
que são extensíveis aos crimes de bran-
queamento de capitais e financiamento
do terrorismo”. Esta formulação abre as
portas a que a PJ possa aceder a essa
informação sem a abertura de inquérito e
sem controlo prévio do Ministério Público
ou de um juiz de instrução, embora de
forma subordinada “à identificação da
acção de investigação em curso” (“Governo
dá novos poderes à PJ que o Ministério
Público desconhece”, edição de 7-4-2004).
Também na semana passada, em
França, o Senado analisou a proposta
de transposição da directiva do comércio
electrónico mas, tal como sucedeu em
Portugal, a discussão está longe de ser
pacífica. Uma das medidas elimina a
“doutrina de que o correio
electrónico deve ser tra- PEDRO FONSECA
tado como ‘correspondência
privada’, criando a possibilidade de essas positivo. “É óbvio que as bases de
mensagens serem mais facilmente inter-
ceptadas por terceiros” — como salientava
a Global Internet Liberty Campaign
(GILC), coligação internacional de organi-
zações de direitos cívicos e humanos. Uma
dessas entidades, a Reporters Sans Fron-
tières, salientou que, se a proposta de lei
for aprovada, “vai seguir-se uma censura
excessiva da Internet”.
Estas iniciativas estão a ser seguidas
noutros países europeus, de tal forma que
a organização Statewatch divulgou no
final de Março que o tempo e os recursos
neste tipo de matérias acabam por não ser
gastos em questões directamente relacio-
nadas com o terrorismo.
A organização britânica de direitos
cívicos analisou as 57 diferentes propos-
tas que os líderes europeus definiram na
reunião de 25 e 26 de Março em Bruxelas
para a luta contra o terrorismo e detectou
que 27 delas tinham pouca ou nenhuma
relação com a prevenção dos ataques ter-
roristas — estando mais relacionadas com
o crime em geral, a vigilância ou a reten-
ção e armazenamento de dados. Apesar
de não se poder separar totalmente estas
instâncias do terrorismo, o trabalho da
Statewatch salienta que algumas das
propostas vão introduzir uma “completa
vigilância de qualquer pessoa na Europa
e podem potencialmente ser usadas para
o controlo social e político”.
Os exemplos dados referem-se à
informação biométrica em passaportes
e autorizações de residência para cida-
dãos não europeus, a vigilância dos voos
computadores .8
Uma coligação de 28
correio electrónico, entidades defensoras da
faxes ou chamadas privacidade e dos direi-
telefónicas em telemó- tos cívicos escreveu aos
fundadores do Google no
organização britânica sentido de estes repen-
afirma mesmo: “Se, sarem o novo serviço,
na defesa da democra- que poderá abrir um
cia, são introduzidas “potencial precedente
medidas que funda- perigoso” para a análise
mentalmente minam das comunicações priva-
as liberdades cívicas e das, bem como infringir
o direito das pessoas à as leis europeias sobre
privacidade.
questionar o que esta- Como se o pano-
rama para as liberda-
Três anos após o 11 des individuais não
de Setembro, os EUA fosse já suficientemente
estão precisamente na preocupante, a Lituâ-
fase em que questio- nia veio colocar a sua
nam o tipo de medidas assinatura num tratado
impostas nessa altura. que parecia esquecido e
Indo mais longe nessa vai impor medidas res-
demonstração, a edição tritivas nos países do
de Junho da revista Conselho da Europa a
“Reason” vai mostrar partir de 1 de Julho.
aos seus 40 mil assi- Ao ratificar a
nantes uma fotografia Convenção sobre o
individualizada na Cibercrime, a Lituânia
capa, que mostra uma juntou-se à Hungria,
imagem por satélite da Croácia, Estónia e Albâ-
sua zona habitacional, nia, completando desta
com a sua habitação marcada explicita- sidente do Electronic Privacy Informa- forma o grupo de cinco países necessários
mente. Para reforçar a ideia de que não se tion Center. “Isso não significa que não para efectivar o tratado — apesar de países
está a salvo em termos de privacidade, a devam existir sérios debates sobre as como os EUA, a Grã-Bretanha, a França ou
revista vai ainda incluir publicidade diri- bases de dados governamentais” — mas a Alemanha ainda não a tenham ratificado.
gida especificamente a cada assinante. não só governamentais, como a história Conforme refere a Global Internet
Esta acção pretende demonstrar a anedótica relatada na caixa junto ajuda Liberty Campaign, essa Convenção auto-
importância das bases de dados —expli- a demonstrar. riza as autoridades governamentais dos
cava ao “New York Times” Nick Gilles- Nesse sentido, um vivo debate sobre a países signatários a instalarem sistemas
pie, o editor da “Reason”, privacidade tem sido servido nos últimos de vigilância nos fornecedores de acesso
quer do ponto de vista dias, devido à oferta de 1 gigabyte de à Internet para poderem interceptar as
negativo como também espaço em disco para correio electrónico comunicações, devendo ainda colabo-
no Gmail (o serviço do motor de busca rar com agências estrangeiras “mesmo
dados têm enormes benefícios na vida Google), anunciada em 31 de Março mas quando estas estão a investigar activida-
moderna”, explica Marc Rotenberg, pre- ainda não concretizada. des que não são crimes nesse país”. ●
Como poderá ser a privacidade em 2015
A história que se segue pretende ser uma anedota, anónima, que Pronto, está bem! Dê-me duas “pizzas” familiares. Quanto é?
circula na Internet e ficciona como poderá ser, no futuro,“encomendar É a escolha certa para si, a sua esposa e os seus quatro
uma pizza em 2015”… ou “a nossa vida daqui a uns anos”. filhos. São 49,99 dólares.
Quer o número do meu cartão de crédito?
Telefonista — Pizza Hot, bom dia. Lamento mas tem de pagar em dinheiro. O limite do seu
Cliente — Bom dia. Quero encomendar uma “pizza”. cartão de crédito já foi ultrapassado.
Pode dar-me o seu número de identificação nacional? Não faz mal, vou ao multibanco levantar dinheiro antes de
Com certeza. O meu número de identificação nacional é o chegar a “pizza”.
6102049998-45-54610. Duvido, porque tem a conta a descoberto.
Muito obrigado, Sr. Kerry. A sua morada é 1742 Meadowland Meta-se na sua vida. Mande-me as “pizzas” que eu arranjo o
Drive e o número de telefone é o 494-2366. O seu número dinheiro. Quando é que as entregam?
no escritório da Lincoln Insurance é o 745-2302 e o do seu Serão entregues dentro de 45 minutos. Se estiver com
telemóvel é 266-2566. De que número ligou? muita pressa, pode vir buscá-las mas transportar duas
Eu? Estou em casa. Onde foi buscar essas informações todas? “pizzas” de mota não é aconselhável, além de ser perigoso.
Nós estamos ligados em rede ao Sistema. Mas que raio de história é esta? Como é que sabe que tenho
(Suspiro) Ah sim? Queria encomendar duas “pizzas” extra com uma mota?
queijo e camarão… Peço desculpa, apenas reparei que não tinha pago as
É capaz de não ser boa ideia. prestações do carro e que ele foi penhorado. Mas a sua
Desculpe!!!? mota está paga — e daí pensei que fosse utilizá-la.
Consta na sua ficha médica que sofre de hipertensão e de um @#%/$@&?#!@#%/$@&?#!@#%/$@&?#!
nível muito alto de colesterol. Além disso, o seu seguro de vida Agradeço que não me insulte… Não se esqueça de que já
desaconselha vivamente escolhas que envolvam perigo para a foi condenado em Julho de 2009 por insulto a um agente
sua saúde. na via pública.
Pois é, tem razão! O que me propõe? (Silêncio)
Porque não experimenta a nossa “pizza light” com iogurte de Mais alguma coisa?
soja? Tenho a certeza de que vai adorar. Não, é tudo… e não se esqueça dos dois litros de cola da
Como é que sabe que vou adorar?!? promoção.
Porque consultou o sítio “Receitas Gulosas com Soja” na biblioteca Peço imensa desculpa mas o regulamento da nossa
municipal, no dia 15 de Janeiro às 14h32, onde permaneceu promoção, descrito no artº. 3/12, proíbe-nos de enviar
ligado à rede durante 36 minutos. Daí a minha sugestão. bebidas com açúcar a pessoas diabéticas. ●
S E G U N D A - F E I R A . 1 2 . A B R I L . 2 0 0 4
O ‘software’, a retoma
e a maneira de ser
Carlos Zorrinho, professor catedrático
na Universidade de Évora, defendeu na
passada quarta-feira, em Coimbra, que o
sector do “software” poderá ser o “cavalo
de Tróia” (não confundir com os vírus
do mesmo nome) para “quebrar o ciclo
de alguma desmotivação e incerteza”
sobre a vocação de Portugal. “A nossa
criatividade e capacidade de inovação
e descoberta, demonstrada ao longo
da história, mostra que a indústria de
‘software’ pode ser essencial nessa
estratégia”, afirmou este especialista em
sistemas de informação, um dos mais de
cem oradores no I Congresso Português
de Engenharia de Software, que, durante
dois dias, decorreu no Instituto Superior
de Contabilidade e Administração de
Coimbra no âmbito do Projecto Tradição,
Inovação e Mudança. Para Carlos Zorrinho,
citado pela Lusa, a aposta no “software”
não deve ser dirigida para a produção de
programas (área demasiado competitiva)
mas para a criação de novas formas
de negócio: “Temos de tirar partido da
nossa maneira de ser — desenrascados,
emotivos, flexíveis —, que parece ser
uma grande vantagem num mundo em
mudança mas que não se vê.” Para o
antigo deputado e secretário de Estado
do PS, “um dos problemas fundamentais
de Portugal” foi o facto de a multiplicação
de conhecimento proporcionada pelos
fundos dos Quadros Comunitários de
Apoio (QCA) não ter aumentado as
competências e a qualificação, o que terá
gerado “desconfiança” e quebrado a “auto-
estima colectiva”. “Falta o que fecha o
ciclo das organizações: o para quê, a visão
estratégica”, sublinhou Carlos Zorrinho,
para quem os portugueses devem aspirar
a ser “fazedores de ‘cavalos de Tróia’” e não
“apenas cavaleiros da utopia”. ●
Quebra nas chamadas da
rede telefónica fixa em 2003
O número de acessos telefónicos da rede
fixa em Portugal caiu 1,74 por cento no
ano passado, face a 2002, para cerca de 4,3
milhões — anunciou na passada semana
a Autoridade Nacional de Comunicações
(Anacom). Em comunicado, o órgão
regulador das telecomunicações revelou
que, em 2003, o tráfego total também
registou uma quebra de 9 por cento no
volume de chamadas e de 14,66 por cento
no tempo de duração das ligações face a
2002. Incluindo o acesso à Internet, o tráfego
de rede fixa totalizou 3 mil milhões de
chamadas, que geraram 12.600 milhões de
minutos. A Portugal Telecom (PT) realizou
94,47 por cento dos acessos, contra os
95,23 por cento registados no ano anterior.
A percentagem de utilizadores por acesso
indirecto situou-se nos 9,22 por cento, com
destaque para as chamadas internacionais
com origem em Portugal. De acordo com
a Anacom, citada pela Lusa, as empresas
do grupo PT foram responsáveis por 88
por cento dos minutos e 82 por cento das
chamadas registadas em 2003. ●

dica

Correr aplicações antigas

no Windows (1)
A Microsoft
incluiu no
Windows
XP algumas
funcionalidades
que permitem
correr programas
antigos, escritos
especificamente
para uma versão
anterior do
Windows, de que
são exemplo alguns jogos. Esse tipo de programas
não funciona correctamente no Windows XP, sendo,
pois, necessário corrê-los num ambiente que seja
idêntico àquele para o qual foram criados.
As aplicações do Windows XP permitem, então,
associar a esses programas os respectivos ambientes,
onde correm correctamente. Um deles, o Assistente
de Compatibilidade de Programas, permite testar os
programas em diferentes ambientes e com várias
definições.
Já na instalação do próprio Windows XP existe um
utilitário que serve para verificar se as aplicações
instaladas num computador — no caso de se
pretender fazer uma instalação do sistema operativo
por actualização — são compatíveis com o
Windows XP. Esse utilitário, para além de verificar a
compatibilidade do “hardware”, também analisa os
programas instalados de modo a detectar possíveis
problemas de execução sob o Windows XP.
Nas versões anteriores do Windows, não existiam
estas funcionalidades ou não eram instaladas por
omissão. O Windows 2000 incluía um utilitário no
CD de instalação, que não era instalado no sistema
e permitia testar e definir ambientes em que os
programas antigos pudessem ser executados.
Tratava-se da ferramenta Application Compatibility
— Apcompat.exe —, incluída na pasta Resources do
CD de instalação do Windows 2000.
Executando este utilitário, abre-se uma janela como
a que se pode ver na imagem. Na parte de cima da
janela, existe um campo para escrever (ou procurar,
através do botão Browser) o nome do ficheiro
executável do programa a testar. Na área Operating
System, há seis opções de sistemas operativos
— os ambientes — sob os quais se pode testar os
programas: o próprio Windows 2000, três versões do
Windows NT correspondentes aos “service packs” 3, 4
e 5, e ainda os Windows 95 e 98.
Na parte de baixo da janela, há algumas opções
que podem ser utilizadas se o programa não correr
correctamente: a primeira permite desactivar o Heap
Manager no Windows 2000; a segunda serve para
definir o caminho para a pasta Temp utilizado nas
versões do Windows anteriores ao 2000; a terceira
permite corrigir a detecção do espaço existente em
disco para unidades com mais de 2 GB; e a quarta
permite definir as configurações anteriores como
permanentes. ● JOSÉ DOUTIL

S E G U N D A - F E I R A . 1 2 . A B R I L . 2 0 0 4 computadores .9
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598,56 euros, a pronto.
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Em bom estado, que não
tenha sofrido overcloking.
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de Lisboa.
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modem e/ou cd-rom.
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Pentium II/III ou equivalente,
completo (placa som, gráfica,
modem, colunas, Windows
98 e Office 2000 Premium) e,
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e gravador CD,S. Pago a
dinheiro.
Contacto: 964529110-
239995314 (Lousã-Coimbra)
E-mail: frst@aeiou.pt
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No mínimo 12 megas para
slote Pci, com drivers, cabos
e placa em boas condições.
Preço discutível. E-mail:
Gustavo.Cardoso@clix.pt
Board ASUS K7V
Barata, com pouco uso e
em boas condições. Estou
disposto a dar 169,59 euros
+portes. Contacto: Christian
Pires (Lisboa) Tel: 93 8379228
E-mail: christian@netc.pt
Motherboard+Processador
Pentium 120
Prefª zona Porto. Preço: 12,47
euros
Contacto:
tiagopinho@yahoo.com
Dimm 128 Mb PC133
Barato. Máximo: 139,66 euros
Contacto: Christian Pires
(Lisboa)
E-mail: christian@netc.pt
AMD K6-2 300mhz
E-mail: jriocoles@mail.tel
epac.pt
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para estudo de viabilidade
de associação sem fins
lucrativos com a finalidade
de reciclar equipamentos
informáticos para uso de
pessoas carenciadas. Enviar
curriculum vitae.
E-mail:
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Pizzaria, churrascaria,
restaurantes
ou mesmo casas noturnas
de qualquer segmento
que tenham uma boa
infraestrutura, e que
desejem ser divulgadas.
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estabelecimento e ocupar-
me da divulgação e página
(pois também trabalho com
a criação e manutenção de
web sites), caso haja uma
proposta Legal!!!
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bruno@acwsites.com
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Intervenção Social LOGOS,
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oferta de computadores
usados para implementar
programa de ocupação de
tempos livres e formação
destinado a pessoas em
situação de exclusão.
Contacto: Jorge Pinto
914029315
E-mail: aisl@jkpt.net
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free lancer m/f para
actualização periódica de
página. Enviar propostas.
E-mail:
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hardware avariado no meu e,
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norte de Portugal. Agradece-
se oferta ou cedência por
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galmail.pt; arnaldojoaquim@
hotmail.com
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2001@iol.pt
 S H A R E WA R E FICHA

DVD LAB, DA PUREMOTION

A edição de vídeos em
DVD ao alcance de todos Editor

A
TECNOLOGIA DVD tem
rapidamente conquis-
tado as preferências
dos consumidores, facto
que se verifica através
do número de leitores vendidos e
de discos com filmes ou espectácu-
los — que têm aumentado de forma
exponencial. A par desta evolução,
outras tecnologias de imagem digi-
tal tem também conquistado as
atenções dos consumidores, nome-
adamente o vídeo e a fotografia
digitais. Neste campo, são cada vez
mais populares as câmaras digitais
que permitem registar imagens
(fixas ou em movimento) em car-
tões de memória, que depois podem
facilmente ser transferidos para o
sistema informático.
Um dos segredos desta revolução
de “imagem digital” é compatibili-
dade de equipamentos com os siste-
mas informáticos, que permite uma
mais simples distribuição, impres-
são e arquivo desses conteúdos. As
fotografias ou os vídeos registados
nas câmaras digitais podem ser
editadas e trabalhadas nos compu-
tadores pessoais. Esta transferência
digital de imagens permite ainda
que as mesmas possam ser gravadas
em CD-ROM ou DVD e lidas nos vul-
gares leitores de DVD, tão populares
nos dias de hoje.
Nesta revolução, o consumi-
dor é quem ganha. Com menores
custos, pode fazer arquivos de alta
qualidade das imagens e vídeos
produzidos. Por outro lado, os
programas de edição digital são
cada vez mais simples de usar,
garantindo excelentes resultados
com pouco esforço. E o DVD Lab
é uma dessas aplicações, pensadas
para satisfazer as necessidades
dos utilizadores domésticos no que
se refere à gravação de imagens
digitais. O programa
apresenta-se como NUNO BERNARDO
um completo estúdio
de criação e gravação de DVD,
com menus e componentes inte-
ractivas.
Com o DVD Lab, o leitor
pode digitalizar as suas velhas (e
novas) cassetes de vídeo e trans-
feri-las para DVD. A partir de
vídeos copiados para o disco do
PC ou de fotografias em formato
digital, o utilizador pode criar os
mais atraentes filmes de forma a
serem lidos em qualquer PC ou
na grande maioria dos leitores
disponíveis no mercado. Isto per-
mite copiar um filme doméstico
para DVD e enviá-lo a amigos ou
familiares.
Há que sublinhar, no entanto,
que o programa não permite
fazer a digitalização e a edição de
vídeos. Para o efeito,
o utilizador neces-
sitará de uma apli-
cação especializada nesta tarefa.
A Puremotion, editora do DVD
Lab, disponibiliza para este efeito
o EditStudio, onde, por cerca de
30 euros, se torna possível trans-
formar as imagens gravadas com
a câmara digital num filme ape-
lativo, capaz de impressionar a
família e os amigos.
O DVD Lab permite a gravação
imediata em DVD de todo o tipo de
conteúdos de vídeo, desde que os
mesmos tenham sido previamente
convertidos para formato MPEG-2.
Por exemplo, se se possuir uma placa
de sintonização de sinal de TV (os
chamados PC TV Tuner), o utiliza-
dor poderá configurar o seu PC para
gravar em DVD os seus programas
de televisão favoritos — tendo, pelo
meio, que converter os seus conteúdos
para o formato indicado. O MPEG XS
disponibilizado pela Puremotion em
complemento ao DVD Lab executa
esta tarefa na perfeição.
Os ficheiros de vídeo arquiva-
dos no PC podem ser organizados
em menus e conter informação
extra, tal e qual os DVD com os
últimos sucessos de Hollywood,
disponíveis nas lojas da especia-
lidade. Vários exemplos de inter-
faces com menus e botões estão
disponíveis para que rapidamente
o utilizador doméstico possa criar
o seu primeiro projecto — propor-
cionando-lhe, assim, uma ferra-
menta para criar com facilidade
os seus próprios CD de apresen-
tação com imagens da festa do
último aniversário, das férias ou
de alguma cerimónia importante.
Mas, se o utilizador quiser criar
um produto à sua medida, o pro-
grama facilita a personalização de
toda a interface e interactividade
do produto final.
A utilização do DVD Lab é bas-
tante simples, pois o programa faz-
se acompanhar por uma extensa
documentação, muitos exemplos e
assistentes que ajudam à iniciação
no processo de criação dos projectos.
Com apenas alguns cliques do rato,
é possível realizar a grande maio-
ria das tarefas e criar o primeiro
DVD. Quanto a requisitos técnicos,
o programa exige um Pentium III
ou equivalente e um mínimo de 128
MB de memória, sendo quase obri-
gatório um disco rígido de grande
capacidade para armazenar os
trabalhos realizados.
O DVD Lab custa cerca de
90 euros (59 libras), valor que se
pode considerar bastante acessível
tendo em conta as funcionalidades
oferecidas. No entanto, para o uti-
lizador criar um DVD a partir das
suas próprias imagens de vídeo,
necessitará de um programa
de edição e de um conversor de
ficheiros de vídeo para o formato
MPEG-2. Para estas funções, os
editores do DVD Lab propõem
o Edit Studio e o MPEG XS
— aplicações que, adquiridas em
simultâneo, custam cerca de 120
euros. Ou seja, por todo o pacote,
o utilizador deverá despender
mais de 200 euros, o que já não se
pode considerar um preço compe-
titivo. Mas as funcionalidades do
DVD Lab justificam uma visita
ao sítio da Puremotion ( http:
//www.puremotion.com ) e a cópia
da versão de “shareware” para
análise e testes. ●
Rui Jorge Cruz
Redactores, colaboradores
e cronistas
Ana Gerschenfeld, Ana Machado,
André Ruivo, António Granado,
Casa dos Bits, Fernando Santos,
Helena Viegas, Henrique Carreiro,
Henrique Saias, Isabel Gorjão
Santos, João Cruz, José Antunes,
José Doutil, Luís Félix, Miguel
Crespo, Nuno Bernardo, Paulo
Almeida, Pedro Fonseca, Rita
Cruz, Rita Hasse Ferreira
Secretariado
Paula Dias
Paginação
Ana Carvalho, Ivone Ralha,
Hugo Pinto, Jorge Guimarães
Projecto Gráfico & Designer
Luis Carlos Amaro/
Gráficos à Lapa
Computadores
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 JOGOS
Título “Final Fantasy X-2”
Estilo
Plataforma
RPG
PS2
7 /10

Produtor SquareEnix
Distribuidor Electronic Arts
Edição Março 2004

Título “Forbidden Siren”

Estilo
Plataforma
Aventura
S2
6
/10

Produtor Sony
Distribuidor Sony
Edição Março 2004

Título “Baldur’s Gate:

Estilo
Dark Alliance II”
RPG
7
/10

Plataforma PS2, Xbox

Produtor Interplay
Distribuidor Ecofilmes
Edição Fevereiro 2004

Título “Arx Fatalis”

Estilo
Plataforma
RPG
Xbox
7
/10

Produtor Dreamcatcher
Distribuidor Playgames
Edição Março 2004

‘FINAL FANTASY X-2’, ‘FORBIDDEN SIREN’, ‘BALDUR’S GATE: DARK ALLIANCE II’ E ‘ARX FATALIS’

Por estes mundos mágicos

posição ou a lanterna que não se pode usar
porque alerta os inimigos.
“Baldur’s Gate: Dark Alliance II” desi-
lude um pouco de início porque se parece
demasiado com o seu antecessor, muito
por culpa do uso da mesma base técnica. O
mesmo se nota na mecânica, em que uma
narrativa linear serve de condutor para
imensa acção — demasiada, até para um
RPG. Mas, quanto ao resto e mal se insiste
um pouco, a coisa altera-se: os novos
personagens são interessantes e cheios

S
E HÁ ALGUMA saga que realmente
popularizou o género RPG
(“role playing game”), ela foi
“Final Fantasy”. Não porque
tenha sido a primeira — ou, se
calhar, nem a melhor — mas porque foi
aquela que maior legião de fãs criou e até
deu origem a um filme. Após uma longa
espera, chegou finalmente “Final Fantasy
X-2”, o primeiro título da série ao fim de
algum tempo, mas o sabor que deixa não é
tão apurado como seria de esperar. É que
podemos mais considerar este jogo como a
segunda parte (ou um epilogo) de “FF X”
do que como o jogo seguinte.
Pela primeira vez, temos apenas três
heróis em acção, uma redução compensada
pelos 15 fatos que atribuem a quem os veste
poderes especiais, ou seja, há 45 variações
possíveis (e visíveis), o que tem implicações
na estratégia a adoptar. Os
próprios fatos (Dresspheres) MIGUEL
vão sendo desenvolvidos, com
o jogador a ter de optar pelas melhorias
a aplicar. Novo é o sistema de combates,
cada vez mais próximo do tempo real, mas
o facto de eles serem desencadeados de
forma aleatória tanto dá para termos uma
sequência interminável de confrontos como
para passar imenso tempo em passeio.
Tecnicamente, não há grande evolu-
ção e até alguns cenários são idênticos.
Mantém-se o mesmo tipo de esplendor
a que estamos habituados, mas o factor
surpresa é reduzido. Já na música a coisa
melhora e ajuda a ignorar um pouco os
diálogos, por vezes risíveis. Em suma, é
melhor considerar “X-2” como um entre-
tém enquanto se espera por outros “Final
Fantasy” que aí vêm…
“Forbidden Siren” não é um RPG, mas
aquilo a que se convencionou chamar
“survival horror”, ou seja, um jogo de
aventura com um determinado tipo de
ambiência: no caso de terror pesado,
cheio de “suspense” e “gore”. As inspi-
rações são óbvias e a mecânica também
mas o ritmo demasiado lento e a compo-
nente furtiva acabam por não resultar
tão bem como o esperado. É que o ponto
certo para o “suspense” é
CRESPO difícil e se, por vezes, se
tem medo de dar um passo
em frente, em outros instantes quer-se
andar e o jogo não desenvolve.
O jogo tem excelentes ideias — como a
possibilidade de o jogador ver pelos olhos
dos outros personagens (monstros incluí-
dos) — mas depois falha em questões bási-
cas, como o mapa que não indica a nossa
de pequenas “nuances”, acentuadas pela
vintena de atributos que podem ir sendo
melhorados ao longo do jogo.
Em termos de armas e poderes,
também há imensa variedade, com a pos-
sibilidade de alterá-las durante um com-
bate em tempo real tornar cada confronto
num desafio permanente e num bom jogo
entre estratégia e destreza. Pena é que
quem não se conseguir embrenhar a cem
por cento comece a cansar-se com a repe-
tição da mecânica. Sendo certo que os fãs
do antecessor vão delirar, é de esperar que
outros não se entusiasmem tanto.
De alguma forma, também “Arx Fata-
lis” recupera o espírito mais clássico dos
RPG, nomeadamente a ambiência de
masmorras, zonas escuras e assustadoras,
e, claro, muita magia. Com o jogador na
primeira pessoa, coloca questões interes-
santes mas o sistema de combate não é sim-
ples, em especial na componente mágica,
pois é preciso algum tempo para preparar.
No entanto, há diversos pormenores inte-
ressantes na evolução do jogo, como o tipo
de interacção e acção que se pode realizar,
a aprendizagem lógica e que incentiva a ir
avançando. O jogo torna-se tão mais inte-
ressante porque não existem assim tantos
RPG para a Xbox como isso. ●

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