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Trechos do livro Guarujá, três momentos de uma mesma história

da Prof.ª Ângela Omati Aguiar Vaz, publicado em 2003.

LOCALIZAÇÃO DO GUARUJÁ

A cidade de Guarujá está localizada na Ilha de Santo Amaro, litoral do Estado de


São Paulo, separada do continente pelo canal de Bertioga, e da Ilha de São Vicente,
onde estão localizadas as cidades de Santos e São Vicente, pelo estuário de Santos.
Limita-se ao norte com a área continental e com o município de Bertioga; ao sul e a
leste com o oceano Atlântico e a oeste, com a Ilha de São Vicente, especificamente
com Santos. Está a oitenta e dois quilômetros da cidade de São Paulo. Faz parte da
Baixada Paulista, erroneamente chamada de Baixada Santista, formada por nove
cidades – Bertioga, Cubatão, Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe, Praia Grande, Santos e
São Vicente.
Diversos rios de pequena extensão compõem a hidrografia da Ilha, sendo que o
rio Santo Amaro limita o município de Guarujá com o distrito de Vicente de
Carvalho. Outros rios que correm em direção ao mar são: Perequê, do Meio, do
Peixe, Aracaú, Crumaú, Comprido, da Pouca Saúde, Icanhema, Maracataúa,
Perdido, Maratavã e dos Patos.

Escala aproximada 1:200.000


A Ilha de Santo Amaro tem a forma geográfica que lembra um dragão alado.
Na cabeça localiza-se a Fortaleza da Barra Grande; no rabo, o Forte São Filipe e a
Armação das Baleias; nas asas, o distrito de Vicente de Carvalho; no peito, o centro
de Guarujá, e, na barriga, a praia da Enseada.

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A OCUPAÇÃO

Os vestígios da história da Ilha remontam, há mais de mil anos, com os homens


pré-históricos que aqui habitaram, estudados pelo pesquisador da Universidade de
São Paulo, Paulo Duarte, nos anos 60. Há mais de duas mil peças de material
coletado na região principalmente na praia de Pernambuco, que se encontram em
exposição no museu da mesma universidade. Os trabalhos do pesquisador duraram
cerca de um ano e dois meses. O sambaqui dessa mesma praia, composto de
várias espécies de conchas, de pedra, de osso, dentes trabalhados e restos animais
e humanos foi, provavelmente, erigido sobre o esqueleto de uma baleia encalhada
que se conservou praticamente inteiro.
Por diversas vezes aconteceu a retirada de conchas dos sambaquis para
servirem de adubo nas plantações próximas ou, como no passado, serviram para
formar a argamassa usada na construção dos fortes da região.
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O período pré-afonsino e a chegada de Martim Afonso de Sousa

André Gonçalves e Américo Vespúcio, em 22 de janeiro de 1502, ancoraram a


armada junto à costa ocidental, na praia que hoje é chamada “da Pouca
Farinha”.[1] Durante a fase de povoamento irregular da Ilha, muitas expedições
portuguesas, espanholas e francesas estiveram na região. Em 1526 e 1527, a
armada sob o comando de Sebastião Caboto, veneziano a serviço da Espanha, teve
sua passagem registrada pelo seu primeiro oficial, Alonso de Santa Cruz, da
seguinte maneira:

Dentro do Porto de São Vicente há duas ilhas grandes habitadas de índios, e, na


mais oriental, na parte ocidental dela, estivemos mais de um mês surtos.[2]

Martim Afonso de Souza foi escolhido pelo rei D. João III para a missão de
defender as costas brasileiras e dinamizar nosso território. Nenhuma expedição
anterior tivera a importância para o desenvolvimento dos planos de ocupação
efetiva da terra como a de Martim Afonso de Souza, em 1532. Seu irmão, Pero
Lopes de Souza, recebeu a Ilha de Santo Amaro como parte da Capitania do
mesmo nome.
Conforme afirma o professor Francisco Martins dos Santos[3], Martim Afonso de
Souza fundeou sua esquadra primeiramente no Guarujá, para, posteriormente, ir a
São Vicente. Sua afirmação se baseia na escritura de Estevam da Costa, cunhado
de Martim Afonso, de 31 de dezembro de 1536, transcrita como a original:

Lhe dou e hei por dadas as terras seguintes de Guaibê, onde é o Porto das Naos,
defronte desta Ilha de São Vicente, onde todos estamos [...] e da banda do sul
partem com a barra e porto da dita Ilha de Guaibê, e desta de São Vicente, que é
onde ancorão as náos quando vem para este Porto de São Vicente.

Pero Lopes de Sousa desapareceu num naufrágio na Índia. Com sua morte, em
1539, a capitania passou sucessivamente a dois de seus filhos e, por falecimento
destes, a uma irmã deles, D. Jerônima, já viúva de D. Antonio de Lima, e sua filha,
D. Isabel de Lima, tornou-se a quinta donatária. Casando-se pela segunda vez, seu
segundo marido, André de Albuquerque, apareceu como donatário em 1584,
segundo o padre Anchieta, citado por Capistrano de Abreu nas notas da obra de
Varnhagen.[4]
Tinha Pero Lopes como procurador da capitania de Santo Amaro, Gonçalo Afonso
que, nessa função, escolheu para a criação de uma povoação uma enseada
fronteira à ilha do Arvoredo. Petrone Pasquale[5] conta que em 1550, o padre
Leonardo Nunes, relatando em carta aos padres e irmãos de Coimbra um sermão
que fizera na vila de Todos os Santos, afirma ter comparecido gente de Santo
Amaro. O núcleo teria sido criado com o objetivo de se tornar vila, mas nunca
chegou a ter predicamento de vila, pois não chegou a ter pelourinho, condição para
tal. Os jesuítas que pela ilha passaram tinham a missão de impor aos índios a
civilização cristã, servindo de agentes da colonização a fim de acomodar os índios a
eles submetidos, situação igual em todo o território.
Muitas vezes, na metade do século XVI, as capitanias de São Vicente e de Santo
Amaro, apesar de diferentes, eram tratadas como uma só, sendo que o
representante direto de D. João III, rei de Portugal, era Brás Cubas.
Do período colonial, a Ilha guarda preciosos vestígios na forma de fortalezas,
como a de São Filipe, o Forte do Pinhão (hoje conhecido como Forte ou Farol do
Itapema), a Fortaleza da Barra Grande ou de Santo Amaro (do período da união
das coroas portuguesa e espanhola) e a ermida de Santo Antônio do Guaibê.
Durante o período colonial, economicamente, possuiu engenhos de açúcar e a
indústria de extração do óleo das baleias.
As denominações

Segundo Varnhagen[6], o nome Guaimbê[7] que a ilha recebeu dos índios, seria
devido a planta aquática, que dá em cacho o fruto, que em outras paragens do
Brasil dizem Aninga. Nesta ilha, da banda de fora, e a umas três léguas ao norte de
São Vicente, onde há uma enseada fronteira à Ilha do Arvoredo, fundou-se a
primeira povoação, com o nome de Vila de Santo Amaro, santo que naturalmente
seria escolhido por orago da igreja primitiva.
Da Vila passou o nome por ampliação a toda a Ilha, e até a capitania, como
sucedeu nas demais capitanias brasileiras.

Planta denominada Guaimbê ou Aninga.

Francisco Martins dos Santos[8], citando o dicionarista Dr. João Mendes de


Almeida, explica que o nome Guarujá procede do tupi GU-AR-Y-YA, que significa
passagem estreita de um lado a outro, relativa a ligação que havia entre a Praia do
Centro (Pitangueiras) à de Astúrias, onde havia uma abertura natural estreita, não
mais existente, que permitia a passagem, inclusive até recentemente, de pedestres
e charretes. No local, hoje, está na parte mais alta o Edifício Sobre as Ondas.
Outra passagem que constituía o Guarujá-Guassu (Guarujá Grande) seria a que
levava ao distrito de Vicente de Carvalho (entre os Morros do Botelho e o da Glória,
ou Morro Grande de Santo Amaro).
Para muitos, Guarujá poderia significar viveiro de rãs ou sapos, já que, em tupi,
GUARU seria sapo, e YA, que cresce.

A Armação das Baleias e a Ermida de Santo Antonio do Guaibê

O mesmo sítio do Forte São Filipe foi sede da Armação das Baleias, importante
marco econômico colonial nos séculos XVIII e XIX, hoje em ruínas.
Na armação do canal de Bertioga, a extração do óleo da baleia destinado à
iluminação pública e o aproveitamento dos seus derivados foi a primeira indústria
extrativa que funcionou na Ilha de Santo Amaro. O local para a instalação da
armação dependeu de fatores, além da existência das baleias, da proximidade de
água potável, de madeira para os fornos e para a construção das embarcações e
tonéis, enseada abrigada do mar aberto, de um ponto de observação elevado e
protegido por um forte. Todas as condições foram plenamente satisfeitas no local
escolhido. Myriam Ellis[9] aponta:

[...] quanto ao aproveitamento dos produtos do cetáceo, os mais importantes para


o Brasil Colonial foram a matéria graxa fornecedora de óleo e a carne. O óleo
tornou-se artigo de primeira necessidade porque dele dependeu a iluminação de
centenas de habitações, “fábricas” e “oficinas” pobres principalmente.
De acordo com esta autora, José Bonifácio de Andrade e Silva, autor da Memória
sobre a pesca das baleias (sic) , e extração (sic) do seu azeite com algumas
reflexões a respeito das nossas pescarias, em 1790 já se preocupava com a
necessidade do melhor aproveitamento econômico e técnicas mais eficientes para a
utilização dos produtos derivados do mamífero.

Podemos imaginar a importância dos produtos derivados da pesca da baleia,


lembrando que muitos monumentos aqui citados foram construídos com o óleo
desses mamíferos e a cal retirada dos sambaquis existentes na região. A indústria
dos produtos de baleia foi uma das que Portugal permitiu no Brasil no período.
Havia uma sucursal da Armação das Baleias na praia do Góis.
O escritor Euclides da Cunha, quando de sua estadia no Guarujá, em 1904, já
reclamava providências para a conservação do Forte de São Filipe e da Armação.
Em 1937, o escritor Mário de Andrade, em missão pelo Patrimônio Histórico
Nacional, já se surpreendera com o estado de abandono em que se encontravam.
Em 1950, Prestes Maia, autor do Plano Regional, lembrava que:

[...] o outeiro histórico, humilde acrópole quinhentista, ficará encastoado em verde


no desenvolvimento urbanístico. Os dois fortes, a Igreja arruinada e quase tão
velha como a relíquia de guaraçu; os vestígios do porto das baleias e das cisternas
(promontório oriental do Guaybê) – tudo merece imediato enquadramento num
plano cívico ou, mais concretamente, num parque natural. [10]

A capela que encontramos na região é conhecida como Ermida de Santo Antônio


de Guaibê. De pedra e cal, atualmente em ruínas, é tida como sendo a capela
quinhentista de Santo Antônio, construída por Adorno, freqüentada pelo padre
Anchieta que haveria nela rezado missa. Em estudo encomendado pelo
Departamento de Cultura da Prefeitura de Guarujá , realizado pelo Instituto
Brasileiro do Patrimônio Cultural, o arquiteto Victor Hugo Mori apresentou outra
possibilidade:

Em recente vistoria ao local acompanhado do arq. Antonio Luiz Dias de Andrade,


este observando atentamente as ruínas, comentava que esta interpretação parecia
não corresponder aos vestígios arquitetônicos da capela, que na sua interpretação
preliminar, remontaria à segunda metade do século XVIII. Colabora para esta
interpretação o inventário de 1765, onde foi arrolado um pequeno crucifixo e não
consta a capela ou alfaias. No inventário de 1789, comparece a capela e seus
pertences arrolados pelo valor de 2:027$526, um montante elevado, considerando-
se os demais edifícios. Uma carta do Capitão-General D. Luiz Antonio de Souza ao
Conde de Oeyras em 29/12/1766, comprova a hipótese levantada pelo citado
arquiteto, “Antes de partir da Villa de Santos para esta Cidade fui fazer visita na
Fabrica da Armação das Baleas da Barra da Bertioga (que dista da dita Villa de
Santos cinco léguas) no dia 10 de março deste ano”. Examinei as Oficinas, e
consertos que nelas se fazião, e advertindo que se determinava fazer huma Capella
junto as cazas da dita Armação e prohibi por ser em prejuízo da Fazenda de S.
Magestade... [11]

O documento apontado pelo arquiteto não parece ser definitivo, visto haver a
possibilidade de a primitiva capela necessitar na época de reformas que poderiam
ser interpretadas como a construção de uma nova.
O cruzeiro de pedra do século XVI, pertencente à capela encontra-se no Museu
Paulista, popularmente chamado de Museu do Ipiranga, na cidade de São Paulo.
Interior da Ermida

Os fortes e as fortalezas

Desde o início da colonização, a costa brasileira foi visitada por estrangeiros. Os


portugueses que para cá vinham pegar pau-brasil eram chamados brasileiros. A
Ilha de Santo Amaro necessitava ser protegida do ataque dos índios, como também
dos contrabandistas. Primeiramente, eram erguidas tranqueiras ou trincheiras,
transformadas posteriormente, em construções fortificadas, que constituíram o
recurso de preservar a posse da terra.

O Forte de São Filipe e Hans Staden na ilha de Santo Amaro

No ano de 1552, por necessidade de defesa da barra de Bertioga contra ataques


de piratas e de indígenas e em cumprimento à provisão régia de 18 de junho de
1551, ordenava Tomé de Souza, primo do donatário Pero Lopes, ao capitão-mor
Brás Cubas, a ereção da Fortaleza de São Filipe (ou Forte São Luís), construída no
mesmo local de uma antiga paliçada. Segundo Varnhagen, Tomé de Souza mandou
a planta da mesma para el-rei. Era uma torre quadrada com três andares de frestas
ou sesteiras, flanqueadas por duas guaritas circulares na mesma altura, que
chegou a receber a denominação de Fortaleza da Pedra.
Com a criação do forte, como efeito contrário, os indígenas do litoral norte
passaram a pressionar o Sítio de Bertioga e os da Ilha de Guaibê, afugentando os
agricultores daquelas bandas. A atenção dos portugueses agora era grande sobre a
região do Planalto de Piratininga, que deu origem à cidade de São Paulo.
Hans Staden, em sua segunda viagem ao Brasil, foi um dos náufragos da
expedição do espanhol Senabria. Em São Vicente, foi acolhido pelo alemão
Heliodoro Eoban, feitor do engenho do genovês José Adorno. Mais tarde, foi
nomeado 1º condestável do Forte São Filipe, onde, em 1554, caiu nas mãos dos
índios tupinambás. Assaltado pelos indígenas, foi despido e levado por mar a
Ubatuba, quando teve as sobrancelhas raspadas e as barbas cortadas. Passou a ser
tratado como escravo pelo chefe Iperuaçu ou Tubarão-Grande. Cunhambebe, o
chefe maior, foi tratado por Staden com grande consideração e o agradava dizendo
como o chefe era temido por todos. De volta à Europa, escreveu o livro Meu
cativeiro com os selvagens do Brasil.
Em sua obra sobre as observações na região, mostrou a fauna local, inclusive o
bicho-de-pé, que os índios chamavam de tunga, os guarás e os cardumes de
tainhas (paratis para os índios).
Como de costume na época, a página-de-rosto da edição original do livro, era
bastante detalhada para dar idéia do conteúdo do mesmo. Assim ficou: Descrição
verdadeira de um país de selvagens nus, ferozes e canibais, situado no Novo Mundo
América, desconhecido na Terra de Hessen antes e depois do nascimento de Cristo,
até que, há dois anos, Hans Staden de Homberg, em Hessen, por sua própria
experiência o conheceu. O volume foi dedicado à sua Sereníssima Alteza Príncipe H.
Philipsen, Landtgrad de Hessen, Conde de Catzenelnbogen, Dietz, Ziegenhain e
Nidda, seu Gracioso Senhor.[12]

Seu livro foi publicado em Marpurgo, Alemanha, em 1557. Na primeira parte,


narra suas aventuras, e a segunda é dedicada à descrição das plantas e animais,
usos e costumes dos habitantes e da terra. As duas partes são encerradas com
orações, sendo que a primeira pedia a Deus para não vir a morrer nas mãos dos
selvagens, e a segunda para desejar a graça e a paz de Deus ao leitor.
Passaram-se mais de 300 anos para que os relatos de Hans Staden viessem a
ser conhecidos no Brasil. Somente em 1892 o foi, com tradução de Tristão de
Alencar Araripe Júnior, inclusive na “Revista do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro”.
No Forte, em 1557, apenas o português Pascoal Fernandes e sua família
residiam. Por causa dos constantes ataques dos tamoios, a região foi abandonada
pelos sitiantes. O estado de semi-abandono se prolongou pelo século XVII e início
do século XVIII. Em 1765 foi feita sua primeira restauração, quando ocorreu a
mudança de nome para São Luís, em razão da reforma ordenada pelo então
governador-geral, D. Luiz Antonio de Souza.

Vegetação encobrindo uma das guaritas do Forte São Felipe.

O padre Anchieta, como superior em São Vicente (de 1567 a 1577), percorreu o
litoral paulista por diversas vezes. A partir de 1574, dedicou-se ao estudo da língua
dos indígenas da região de Bertioga, ficando muitas vezes hospedado no Forte de
São Filipe ou no Forte de São João.
A última providência importante tomada em relação à antiga Fortaleza foi em
1798: a concessão do governador Antônio Manoel de Melo Castro e Mendonça a
Antonio Francisco da Costa, do posto de tenente coronel de milícias, agregado ao
regimento de Santos.
Atualmente o forte se encontra em estado de ruínas, invadido pelo mato, mal
percebido, restando pouco em pé, apenas a muralha de granito, uma guarita, um
poço interno e algumas paredes.

Forte de Pinhão de Vera Cruz ou Farol do Itapema

O farol do Itapema

Em outra região encontra-se o Forte de Pinhão de Vera Cruz ou Farol do


Itapema, como é atualmente conhecido, localizado na entrada do distrito de Vicente
de Carvalho. Na verdade, foi um forte e teve seu tombamento como Patrimônio
Histórico e Turístico em 1982. Atualmente sua visitação é proibida. Sua construção
se deu no século XVI, chamado na época de Forte de Pinhão de Vera Cruz. A
fortificação foi levantada sobre as rochas, com o objetivo de defender a Vila de
Santos, pela margem oriental do estuário. Formaria a primeira barreira, e, caso
fracassassem na defesa, restariam os canhões do antigo Forte da Praça ou Nossa
Senhora do Monte Serrat, na margem contrária. Foi importante instrumento de
defesa da capitania de São Vicente, tendo também uma cadeia subterrânea que
servia para prender soldados rebeldes e invasores. Em 1883, veio a sofrer um
incêndio, que o deixou quase totalmente destruído. Confiado alguns anos mais
tarde à Alfândega, descaracterizou-se, ganhando em 1908 uma torre com holofotes
para fiscalização do cais do Porto de Santos, transformando-se no Farol do
Itapema, um posto de fiscalização para combate ao contrabando.

Fortaleza da Barra Grande


Fortaleza da Barra Grande

Melhor sorte está tendo a Fortaleza da Barra Grande, também chamada Santo
Amaro ou São Miguel, erguida em 1584, por ordem do rei Filipe I, pelo almirante
espanhol Diogo Flores Valdez, na época quando da união das coroas de Portugal e
Espanha; protegeu o estuário de Santos até 1905, quando se tornou sede do
Círculo Militar de Santos. Sua construção aconteceu após a invasão de Edward
Fenton, pirata inglês, que, em 1583, penetrou barra adentro, ocupando o porto
santista. Houve combate entre os espanhóis e os piratas de Fenton, sendo que
alguns galeões do inimigo foram capturados e a artilharia conquistada serviu
posteriormente como parte da usada na futura fortificação.
Em 1590, as tropas do corsário inglês Thomas Cavedish, apesar da existência da
fortaleza, através da barra chegou até a Vila de Santos, saqueando-a e incendiando
São Vicente. Já em 1615, a frota do holandês Joris Van Spilberguen, como também
em 1710 a do francês capitão Francois Duclerc, foram repelidas e os ataques
sustados pela proteção da fortaleza. Duclerc se encaminhou para o Rio de Janeiro.
Durante anos, a fortaleza sofreu depredações, remodelações e reformas
sucessivamente.
Os últimos tiros dos canhões da Fortaleza foram dados em 1893, quando da
Revolta da Armada. Em 20 de setembro, o Cruzador República atirou contra a
Fortaleza, seguindo-se fogo cruzado, sendo que alguns danos foram causados às
suas muralhas.

Fachada externa da Capela da Fortaleza da Barra Grande

A Casa da Pólvora foi transformada em capela em 1742.


Recentemente foi introduzido um painel de 20 m² no
seu interior, última obra do artista Manabu Mabe.

Na Revolução Constitucionalista de 1932 a fortaleza aquartelou a Terceira


Companhia do Batalhão de Engenharia de Santos, servindo de Posto Angular com a
instalação de meios de comunicação para o uso dos oficiais engenheiros de plantão.
Na década de 1940, alojava grupamento da extinta Polícia Marítima e Aérea. Na
década de 50 foi sede náutica do Círculo Militar de Santos.
Tombada em 1967, hoje pertence ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (IPHAN) que, conjuntamente com a Prefeitura Municipal de Guarujá e
Universidade Católica de Santos, tomaram o monumento sob responsabilidade
compartilhada. São 28 mil m² de área fortificada, com área de comando, capela,
muralhas, fosso, guaritas. Até pouco tempo, suas pedras serviam para a
construção de barracos nas praias próximas.

http://www.faculdadedondomenico.edu.br/museu/fotos.html

http://www.novomilenio.inf.br/guaruja/gfotosnm.htm

http://www.etecsantosdumont.com.br/2014/09/25/alunos-da-etec-do-guaruja-visitam-as-
ruinas-historicas-da-serra-guararu/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Caminho_do_Peabiru

https://pt.wikipedia.org/wiki/Trilha_dos_Tupiniquins

https://pt.wikipedia.org/wiki/Rodovia_Caminho_do_Mar

http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2014/06/1473214-ruas-de-sp-tinham-touradas-
treinos-de-artilharia-e-forca-no-seculo-19.shtml
HISTÓRICO
GUARUJÁ, A PÉROLA DO ATLÂNTICO
A ocupação da Ilha de Santo Amaro, onde está localizada Guarujá e
Vicente de Carvalho, data de aproximadamente 3.900 anos atrás. Os
primeiros habitantes foram os Homens dos Sambaquis, semi-nômades, que
viviam da coleta de alimentos, de caça e principalmente dos produtos do
mar. Não conheciam a agricultura. Os Sambaquis existentes na Ilha foram
destruídos para a construção de estradas e construção civil, eram montes
formados por acúmulos de conchas , provavelmente construídos para
enterrar os mortos, ou para rituais religiosos ou rituais festivos.

Os índios Tupi originários da Ásia, cerca de 2000 anos atrás não moravam
na Ilha mas vinham aqui tomar banho de mar e apanhar sal. Moravam no
Planalto, hoje São Paulo. Os Tupi deram o nome: Ilha de Guaibê ou Guaru-
ya. Guaibê significa Lugar de Carangueijo (Azevedo Marques) ou Cipó de
Amarrar (Gaspar Soares de Souza), Guaru-ya significa Passagem Estreita
(João Mendes de Almeida) ou Viveiro de Sapos ou Rãs (Frei Gaspar da
Madre).
Os primeiros colonizadores portugueses ao chegarem a região trouxeram
outra pronúncia ao nome Guaru-ya, que passou a ser Guarujá. José Adorno,
ao construir uma capela em 1544 na região, em homenagem a Santo
Amaro, deu o nome definitivo a Ilha que abrigava Guarujá.
CRONOLOGIA HISTÓRICA DA ILHA DE SANTO AMARO
1502 - Expedição de Gaspar Lemos ou André Gonçalves, trazia Américo
Vespúcio que avistára a Ilha Guarujá, indo em direção a Ilha Goiaó, atual
São Vicente.
1532 - Expedição de Martin Afonso de Souza chega a São Vicente,
juntamente com Pedro Lopes de Souza.
1540 - Fundação do primeiro povoado da Ilha de Santo Amaro (nome
européio) por Estevam da Costa e Jorge Ferreira.
1545 - Instalação do primeiro engenho de cana-de-açúcar, construção da
Capela de Nossa Senhora da Apresentação, e a construção da Capela Santo
Amaro (dando nome definitivo a Ilha).
1552 - Braz Cubas substituiu um fortim de madeira erguido por Martin
Afonso de Souza, em defesa contra os piratas, na entrada da Barra de
Bertioga, pela Fortaleza de São Felipe.
1553 - Hans Staden, comandante do Forte São Felipe, naufraga e é
capturado pelos índios Tamoios. Milagrosamente libertado retorna a
Europa onde escreveu a obra "Duas viagens ao Brasil, 1547-1555".
1584 - Após a invasão do Pirata Inglês, Edward Fenton constrói-se a
Fortaleza da Barra Grande.
1670 - Início da construção da Fortaleza do Itapema.
1699 - Fundação da primeira indústria da região, Armação das Baleias
(1699-1830), no Canal de Bertioga.
1715 - Primeiro êxodo rural.
1765 - Primeiro Censo acusa 536 moradores.
1860 - A família Miguel Francisco Bueno Chaves adquire o Sitio da Glória.
1892 - A Companhia Prado Chaves adquire junto à Praia das Pitangueiras e
parte do Sitio da Glória, extensa s áreas de terra. Começa a urbanização
(Vila Balnéaria).
1893 - 4 de Setembro, inaugurada a Vila Balneária.
1897 - Incêndio destrói o Grande Hotel (reconstruido passou a chamar
Grande Hotel La Plage).
1911 - Plantações de bananas, riquezas agrícolas da região.
1920 - Fase áurea do jogo e do turismo.
1923 - Criado o Distrito de Paz de Guarujá (a Ilha continuou um distrito de
Santos até 1934).
1934 - Emancipação Administrativa em 30 de Junho (autonomia
municipal) .
1940 - Construção do Forte dos Andradas.
1949 - Instalada a Câmara Municipal de Guarujá.
1953 - Criado o Distrito de Vicente de Carvalho (antigo Itapema).
1962 - Criada a Comarca de Guarujá.
1965 - Instalado o Fórum da Cidade de Guarujá.
http://www.camaraguaruja.sp.gov.br/Pagina/Listar/8

http://origin.guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/sao-vicente-primeira-vila-brasil-
teve-geografia-alterada-onda-gigantesteca-724826.shtml
Trilha dos tupiniquins

http://acaonaturaltrilheiros.blogspot.com.br/2014/08/trilha-raiz-da-serra-paranapiacaba.html

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