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Ordep Serra Na Trilha Das Criancas
Ordep Serra Na Trilha Das Criancas
~r.
Dissertaçio de Mestrado
Programa de Pós-Graduaçio em
Antropologia Social do
Instituto de Ciências Humanas da
Universidade de Brasília
~
I :.'.USEU 1"1fi,'CIONAL
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Capítulo VI - Pureza c Confusio: As Fontes do Lim-
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258
,zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
I
v
I! Candomblé
grado o volume
possui
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
extraordinária
da bibliografia
complexidade;
a respeito,este
e de que, mal -
mundo permane-
ce ainda, na sua ~~ior parte, desconhecido e por estudar. A
t prop6sito dos er~s. muita coisa mais deve ser considerada. Es
i
t ta~os certo, em verdade, de haver abordado apenas um aspeto e
!
I
! uma parcela mínima de um domínio muito vasto e complexo. Ad-
I
virtamos ainda, de saída, que os. pontos obicuros e equívocos
\ no quadro aqui traçado devem imputar~se a n6s, e jamais ~ !in
!
i coer~ncia!, ou à Ifalta de 16pica', ou ~ 'imprecisão de p8ns~
IzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
mento' tantas vezes atribuídas, com absoluta injustiça, ao PQ
vo do Candomblé.
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viiizyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
o TANURIJUNÇARA
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acesso ~ hoje, pois, bem ficil ao Terreiro de Mie
Bebé; por outro lado, a urbanização, valorizando os terrenos,
fez acantonarern-se em 'cabeças de porco', nos flancos de va-
les, ou em casebres dispersos nas ruas modernizadas, que fo-
ram outrora seu reduto, os merios aquinhoados moradoresda~rea
onde se encontra a dita Casa.
Pode-se ver pelo mapa da Figura I que esta fica a
uma distância não muito grande da praia de Santana, de um la-
do, e, do outro, do Dique de Tororá; pertence, ainda, ~ mesma
zona (a da "Federação", em termos amplos), onde se localiza o
sítio dominado pela igreja e largo de Sio Lazaro todos es-
tes lugares sagrados para o "Povo da Seita".
As condiç6es locais eram bem diversas quando Isaac
Bispo da Hora, esposo da Mametu do Tanurijunçara, arrendou, em
1947. "um pedaço da Fazenda Mad re de Deus". A área. então, qu~
se podia considerar-se rural: nenhum trecho estava pavimenta-
do. faltavam água encanada e luz elétrica, a rua mal chegara
a traçar-se, e a comunicação com o centro da cidade fazia-se
unicamente por meio da velha linha de bondes (hoje extinta) do
Rio Vermelho, devendo uma distincia razoavel ser vencida a p~
por uma trilha orlada de vegetação ablli~dante,desde a parada
mais próxima à sua moradia, um tanto isolada. Em breve, toda-
via, cresceu a população do bairro do Engenho Velho, e a da
que veio a ser a "Rua Popó" , ou 'Apolinario Santana,embora não
tenha sido pequeno o tempo decorrido até que esta parte de Sal
vacor se começasse a urbanizar.
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nável deus Tempo. Ogum e Omo lu , por sua vez, têm aí apenas pr.9.
visoriamente instalados seus "preparos": ambos preferem o iso
lamento. Denomina-se peji os altares onde se depõem os símbo-
los sagrados dos voduns símbolos nos qua s se cor.s i der-ampr~
9 í
1. OszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Baora portadores de ax~. inhumados em pontos centraiszyxwvutsrq
dos Terreiros em ritos de fundação. são, por vezes. expre~
samente comparados a um umbigo. Ao falar do pr6prio culto,
pessoas "antigas" do Candomblé costumam dizer: "o nosso u~
bi~o está na África". Referem-se, assim, ã orir,em ultima
do seu "fundamento" (ver adiante, capo 111). Sugere-se a1:2,
da, da dita forma, a idéia de um liame de natureza mística
entre os templos brasileirQs do culto dos orixás e a sagr~
da Ilu Aiyé. a terra dos ancestrais - um liame comp~rável
a um cordão umbilical~ Talvez a mesma imarem se aplique no
caso do poste central dos ab aç âs.,zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPO
N0 famoso Terreiro de Ox~
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..:. ê p-rande am.í co de Ta t a Uevi,
3. O Pai de Santo Luiz d a Murzyxwvutsrqponmlkjihgfedcba
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ÃGUAS DE ANGOLA
21
e cinco dozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
sexo feminino. Os rapazes confirmaram-se ambos co-
mo ogans (um deles, casado, aRara reside no Rio de Janeiro).
Das moças, duas se tornaram ekedes, i~ualmente confirmadas~ e
uma per~anece candidata ao meSmo posto, tendo sido apenas su~
pensa: as duas restantes foram ~aspadas~ uma para Oxal~ e a
outra para Bessêm. Hoje são ambas ebam;s9 ou cotas, tendo cum
prido a "obripação dos sete anos". A filha de Bessém ten o
posto não 'oficializado po~ causa de sua juventude de Mãe
Pequena da Casa que um dia, segundo se preve, dirigirá.
Outra norma da seita impe~e um Pai ou M5e de Santo
de iniciar as pessoas a que~ ferou. O resultado prático desta
"lei" 00 Candomblé é um fortalecimento dos vínculos entre Ter
reiros distintos interlipacos por força da origem comum: na
matriz e em Casas co-irmãs do Tanurijunçara foram "feitos"
(confirmados ou raspados) os "filhos da carne" de Mãe Bebé.
Embora eles cu~pram suas obrip'ações no Ilê Axé da r1ametu Con-
derenê, têm nos outros, em que se iniciaram, um lugar reconh~
cidozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
p,v~rios cowpromissos. As relações entre essas comunida-
des não são livres de conflitos, mas os vínculos assim refor-
çados asseguram a prevalência da solidariedade e da harmonia.
Uma ekede suspensa uma ekede confirmada, um ogan
9
26
BIBLIOTECA
27
lá, "feita" por ele no Acupe; mas Ciriaco acabou por instalar
-se na Casa da Pitanga, e prevalecendo-se de sua condição de
"mais "elho" tomou a si o governo da comunidade. (O r is Axê
mais tarde foi transferido para o Beiru, e daí finalmente pa-
ra a ViJ:} Am~rica). De fato, só em 1964, quando morreu o Dofo
no de seu iniciador, Der~ Lubidi pôde tornar-se Mãe de Nação.
O Pai de Santo de Uevi iniciou, segundo este, cent~
nas de pessoas, entre elas muitos Tatas e Mametus que ora di-
rigem grandes Terreiros no Recôncavo baiano, em Salvador e na
capital carioca. Sua celebridade bem pode ser medida pelo fa-
to de hoje nos meios populares se fazer referência i igreja
da qual é parte o Tanurijunçara como "o axé (ou nação) de Ci-
riaco". Da mesma maneira se fala no "axé (ou nação) de Berna!
dino" para aludir ao "povo" do templo do Bate-Folha (de nome
lit~rgico Man~o Bundunqupnque) e das Casas dar originadas. C~
nota-se ainda da dita forma um 'cisma' na descendência místi-
29 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGF
corda: "se uma iaô falava em casar com um mau partido -na op,!.
nião dele - Ciriaco ficava brabo, apaixonado. Bancava a palm~
tória do mundo, mas era tudo fogo de palha. por que tinha o
cOTaçao bem mole."
Altamente respeitado por sua comadre Menininha do
Gantois, e pela veneravel Rulnió, Mãe do Bogum, há pouco fal~
cida, este Pai de Santo era reputado um profundo conhecedor
nao apenas de seu próprio rito mas ainda do ketu e do gege.D!
le tamb~m se conta que Omolu o levou: o grande deus teria me!
mo aparecido "em carne e osso" para advertir o Tata de que
"não fosse tão ousado": contra a vontade expressa do "dono da
xã transferir-se em defini tivo para
cabeça", queria o baba 1 orizyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
o Rio de Janeiro, nos seus últimos anos de vida. Essa estória
31
ca ... "
De outra feita, uma visitante, ao lhe serem mostra-
dos os assentos dos orixás, perguntou. com certa ironia: 'Quer
dizer que o santo está mesmo aí?" E o Tata Uevi, presumindc
com acerto que a interlocutora eracat61ica, deu-lhe esta res
posta fulminante: "Bom, pelo menos eu creio ... Assim come
creio que Jesus está na hôs t ia" consagrada."
Em verdade, igual que todos no Candomblé, ele pro-
fessa o catolicismo. Contou-nos ter prometido a S. Francisco,
de quem é devoto. nuncapermi til' que em sua Casa se fizesse "UI:
trabalho para o mal".
Tem grande curiosidade por assuntos e:
científicos,zyxwvu
bora haja cursado apenas o prim5rio. Fala com entusiasmo d~
chegada do homem ã lua, e dos satélites artificiais. Muitas,"
zes nn~ interpelou sobre a vida dos indios, ao saber de noss~
estadia no Parque Nacional do Xingu.
No Ilê Axé, Seo Lolô se dedica basicamente às
çoes de "olhador", ou adivinho. Atua também i
como um .conse Lhezy
1'0,e participa de inúmeros "trabalhos". Em atenção
de de santo", a sua sabedoria e aos privilégios que lhe for"
concedidos por Ciriaco, todos aí o chamam de "Pai"; mas
sempre adverte com humor: HA Mãe de Santo é Bebé. eu não pus
50 de comprador de temperos da Casa." Muito apegado a espos::..
confessa "não ser o mesmo" quando ela viaja.
Mãe Bebê. a l1ametu Conderenê, é uma mulher negra
muito bela apesar da idade, tranqUila, majestosa e sempre a
velo Impressiona v e a todos por sua calma e doçura. Chei
e catizyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
33 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFE
36 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONM
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38
~e ste modo dos "b ranco s", e im~3s aos circunstantes aceitar-nos
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a sua pessoa; retirou a possibilidade de que a injúria
~:s atingisse, e honrou-nos de forma extraordingria. comoven- I fzy
t e . nas ao mesmo tempo assinalou que era bem infeliz nossa~·
~72rência, e càrecia de ser desmentida com ênfase hiperbó1i -' J t
C 3. •••zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFE
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Pouca coisa se conhece. ainda, sobre a naçao Angola ~
~..
(0 U Conge-Angola) do Candomblé.
~ fato consabido que o pioneiro Nina Rocrigues(193~
1973) teve dificuldade em constatar a forte presença dos ban-
tus e de suas organizações religiosas em Salvador, muito embo
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Te. o s~bio informante do Dr. Nina, o Prof. Martiniano do Bon-
fim, estivesse bem ciente da pujança do culto "de nação" Con- ~
ge na dita metrópole - culto liderado, àquela época, por Gre-
gôrio Maquende, segundo notícia que deu o grande babalawo e
estudioso a Carneiro (1937, p. 31).
Esforçando-se por suprir a lacuna numa "revisão et-
nográfica", Carneiro (1936, 1937 e 1940) foi, porém, um dos
~aiores responsáveis pela confusão logo estabelecida entre os
ritos bantus "de nação" e'8.e Caboclo" na Bahia - erro em que
incidiu também Ramos (1940, '1943, 1946). de forma 5 istemátíca,
Querino (1938) mal pôde dar-se conta do problema.
Em sua obra de 1937, Edsori Carneiro, embora do mes-
~o modo qualifique (p. 35) c Terreiro de Paim no Alto do Aba-
caxi (e fale páginas adiante no do famoso babalorixã "ango-
lês" João da Pedra Preta), declara à página 28 que "talvez só
haja na Bahia um Candomblé afro-bantu não caboclo - o Candom-
blé do Pae de Santo Manuel Bernardino da Paixão. no Bate-Fo-
lha." Ora, Bernardino iniciou-se na Casa afamada de Maria Ne-
41
DezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
começo, no conjunto d, "pessoal ligado ao Terrei
1 '0 " importa distinp:uir entre oszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIH
iniciados e os não iniciados.
A clientela da Casa, embora muito variada e em parte "flutua~
te", merece ser considerada. pois aí se recrutam os candida -
tos à "feitura"~ por outro lado, dentre os que demandam o so-
corro dos Lnqu i.ces , al.guns acab am por árrt egr ar+s e de distin -
tas maneiras ainda ã comunidade de culto: uma lavagem de con~
tas ou um bori (cf. Bastide, 1973) estabelecem um vínculo 1'e-
43
44
Oguntê.
A mesma classificação "por idade" se aplica ainda
no caso de uma deusa representada sempre como velhíssima, a
"avó do mundo", e relacionada também com o mistério da Cria-
çao, a dona dos pântanos e lapas: nametu lumbã (o primeiro de~
variante
ses nomes significa ItHãelf, o segundo constitui uma
49 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDC
ou Taria Zaza) - aquela que, enganada por Oxum. sua rival, pe~
deu uma:orelha. Outra das mulheres do "dono do fogo e dos as-
tros" (que na forma de "velho" é Kibuco , e na de "moço" Luan-
90 Cafirungo sincretizado com São Jerônimo e sio.João Batis-
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50
szyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONML
i (variante de Nk i ss , deus. em quzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPON
í.m bund o) , Hunue ("chefe")
Congo.
~ grande a "família" do divino caçador mais conheci
do pelo nome ioruba Oxoss; (ou odê, são Jorge); ao descrevê-
-Ia, citam-se no Tanurijunçarà "em língua da nação" os teôni-
mo s Ta u a mi n , Ma talum b ô , . Ca mb a r a n 9 u a n j e. Mu t a c a 10m b o e Go n 9 o m
bira,este último "um menino que gosta dos rios, um Oxossi de
-
afTuadoce, filho de Oxum".
Catendê (Ossanha, São Benedito) é "o dono das fo-
lhas", sem o qual "nada se faz no Candomblé".
Considera-se ~s vezes Tempo de ~banganga, o senhor
da gameleira (Iroko, são Lourcnço), que domina os caminhos e
"só pode ficar ao ar livre", um tipo muito especial de Omolu.
Como Nsumbo, tem a epiclese de Caviungo.
No Terreiro por nós estudado, conhece-se os Ibej1
apenas por seu nome ioruba. Adiante trataremos melhor destes
Mabaços, sincretizados com são Cosme e são Damião. Em nosso
campo ~e estudo não obtivemos notícia do nome Vunji, dado a
tais divindades, segundo Binon Cossard (1970:25), na Roça da
Goméia.
Tateto Muilo e Nkô Diamambo correspondem ao Sole~
Lua, conforme nos di sseram no Tanuri j unçara. são apenas Lnvo-
cados em certas preces.
Na mesma Casa, chama-se de Cacurucai (eguns) aos an
tepassados, e Vumbe aos Hespíritos dos mortos à toa". Apenas
os primeiros recebem culto, ã parte e em circunstâncias espe-
ciais, envoltas em segredo.
O nome genérico de Exu aplica-se aí a numerosas en-
tidades, tanto masculinas como femininas; Bombonjira, Mavila
e !"1ariaPad t lhe , por exemp lo , "são fêmeas", e "machos" t e tr-o-
51zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
ca ,zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
[javar.1bo, l.e nqu e t ó , Aluvaiã. Arranca Toco etc ,
O estatuto de Exu ª
ambíguo; fala-se nele muitas ve
zeS, no Terreiro de que tratamos, como "o capeta"; mas ao mes
mo tempo se protesta contra o hábito de equipará-Io ao demô -
nio. "Esse povo precisa ter mais respeito com Exu. por que
pot qualquer coisa", OUV1-
ele também é santo, e não se trocazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIH
mos comentar uma das pessoas mais velhas da grande nação. Ca-
da Inquice possui um "escravo" desta casta; não pode mesmo d i s
pensá-Ia. Tem a referida entidade (ou grupo de entidades) uma
importância extraordinária para o Povo da Seita, que celebra
em sua homenagem os "ri tos pr i or tários", (como diz Elbein dos
í.
S2
L
S3
I
I
~
II
SEGUNDA
PARTE zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
I
I,
55 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFE
AS CABEÇAS DEVOTAS
57
.O adjuntózyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONML
f ';: a ao lado da pe ssca "desde o berço" ,
mas ocupa uma posição secundáriá em sua custódia; via de re -
gra, nao faz grandes exigências'ao protegido, nem é objeto de
atenções muito especiais. Certos indivíduos ttim mais de um ad
juntô, maS são algo raros os que podem encarnar até três ori-
~
xas.
Ji os vínculos que ligam uma pessoa ao respectivo
"dono da cabeça" estimam-se muito mais sérios e profundos: é
este que pode obrigá-Ia a i~iciar-se (ou, conforme também se
diz, de um modo muito expressivo, "fazer a cabeça") e tem' o
direito de exigir-lhe uma plena devoção.3
Na comunidade por nós estudada cultuam-se os Cabo~
elos, e há vodunsi que os encarnam. Isto sucede, porém,zyxwvutsrqpo
no má
ximo uma vez por ano: o culto que se presta a estes deuses
"nacionais" é bem menos consider-lve1 que o rendido aos "afri-
canos". "Obrigação de fato se tem é com os orixás" disseram
-nos muitas vezes os grandes do Tanurijunçara.
De qualquer forma, mesmo as pessoas que além do "do
no da cabe a" não "recebem" nem adjuntó nem Caboclo nãozyxwvutsrqpo
ç são
possuiJas apena8 por um ser divino: todo santo faz-se com fre
qUência acompanhar por um eri ou criança que o sucede no cor·
po do vodunsi por um período mais ou menos longo de tempo, COn
forme o exija a l'iturgia. O'erê comporta-se de modo infantil,
e sua figura contrasta muito com a do santo hierático e sole-
ne. Al guns ve stud í.o aos (cf.;p.e./'Verger, 1954 e 1955b) falam
das manifestações dos eres em termos de transe; mas os adep-
tos das "seitas" afro-baianas muitas vezes desc.revem este su·
cesso como p08sess~o: para eles os er~s sio ~ntidades que Se
eric arnam , de certa forma distintas 'dos seus "antecessores" no
arrebato.
59 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHG
Na úl timazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPON
f : ~~ do ciclo LnzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQ
í.cít í.co , depois de rela-
à
ere-zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFED
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
quase sp~pre em português.
lativo dozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
3
,
de muito alta hierarquia, as vezes, e sempre em face de seus
principais iniciadores,ao encontrá-Ias pela primeira vez numa
dada'ocasiio, t~m de prostiar-s~ de forma a tocar o solo com
o corpo, em decúbito ventral;
12-
péis (só quando isto ocorre falamos de rolezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXW
reversaZ): nem os
ogans, v:g., sao, no comum, agressivos com as feitas, nem es-
taS (corno feitas) os tratam nunca jocosamente. O processo de
'viragens' - mais tarde lhe vamos perquirir o sentido - deli
neia-se na passagem, em termos amplos, da "distância" para um
"contato informal". Assim se conotam~ de fato, câmbios (de p~
peis) notáveis: mas o referencial dos mesmoszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVU
é já a ordem pr~zyxwvuts
que se vê invertida: n~s desempenhos discutidos,
fana zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
J
os
"pais" de modo bastante pueril atanazam os "filhos", e sao
castigados porzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
estes ... etc.
• m aZJciosos,
v
ineptos para procriar (figuram-se
-
meninos) mas
dadores de fertilidade; combinam a clarividência (podem pre-
72
73
NOTASzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIH
l\.U CAP!TULO I (PARTE 11)
7. CL a propô sit o Nina Rodr i gue s , 1900, p. 60: "Lo rsque con-
trairement i ce qui vient d'~tre d~crit. 13 manifestation
du saint est par trop forte, on employe un procedi qu'ils
appe11ent tuer le saint~ au moyen duquel l'intensité ~
l'excitation diminue." Também Brazil (1908:900) informa a
respe i to: "quarid Ia manifestation de l' Ori sã a eti t rop
forte, on doit 'tuer le saint'. c'est-à-dirc, suspendre
l'exitation.n
75
e naçao que estudam~s nno se segue nisso uma regra tio es-
trita; todavia, observa-se a recorr~ncia ai,zyxwvutsrqponmlkjihgfed
da particula
ji ou je na composiç~o das dijinas de feitos de Omolu (Ma-
nhongueji, Jijau~ Kejetu etc.). v.g.; tais nomes, segundo
temos dito, em feral se derivam de epicleses da divindade
(ou das divindades. no caso dos .orans e ekedes. quando se
ceve fazer refer~ncia não apenas ao "dono da cabeça" da pe~
soa mas ainda ao o r í.xâ para o qual ela se confirmou) em cau
s a.
::.::..CLa respeito Costa Lima. opus c i t , , p. 151: "A autorida-
de da mãe sobre os filhos se revela por v~rias formas ex-
~'.ressi
v a s , todas influenciadas pelo principio de s en i.o r i da
ee. Por exemplo, os filhos devem levantar-se sempre quando
a mãe entra no recinto em que por acaso estejam; pede~ se~
pre, a bênção, cada manhã. à mãe, quando em residência pe!
manente ou tempor~ria. ou quando chegam ao Terreiro; na o-
casião das festas maiores, devem prostrar-se diante de sua
m~e-de-santo, no barracão, e fazem isto, uma a uma, obede-
cendo ~ ordem cronc16gica de iniciação. Esse gesto de sub-
ni~:ão e respeito obedece a uma norma especial de comporta
nen t o : os filhos que têm" santo homem". isto é, cuj a orixâ
é masculino, reverenciam a mãe com uma saudação chamada do
balé, quando se deitam de bruços, ao comprido. os braços
-
colados aos flancos. Os .que têm "santo mulher" usam a sau-
icá; isto é, prostram-se diante da mãee,
dação chemadazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
tados, viram sobre o braço direito, e depois sobre o braço
e s qu e rdo
"icá atum, icá 05si" - para depois pedirem
"bênção l1
à sua mãe."
77
I
I,
CAPiTULO 11 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONM
Os ERtS E O S M ABAÇO S
79 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIH
81
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82
que s t ào ,
93zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFED
~/
9SzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
I
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
98
:l .,. ••
tura parece inclusive firurada com freqU~ncia no eomlnlO
re1ipioso. O 'abuso' n~o raro precede, ~in~a que d~
~ troca entre os seres ctBnicos ou divinos e os honens; o
primeiro ato do seu defrontar-se fica assinala~o, de um mo
de muito comum, por "Lo cro s ' que se encenam no plano litúr
103
., .,zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZY
• A
dozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
potlach se consi2eram eficazes inclusive para suscitar
a penerosidade ~ivina e n d~ natureza (vo fdem, ibiJem, p.
60). O potlach cifra um aparente esperdicio; neste ponto,
vale r ec ord ar+s e que o
~...
e spe rrt c i.o
i
...•
e urna constante
.
nos r i -
tos em que se celebram os tlab2.ças e os erês, li[ados à 1112,-
.~ Sobre o sentido
...
t·
êe "a i scr o lo o i a" e "a scro Lóg i co"zyxwvutsrqponmlkjihgf
-
í aqui
v.zyxwvutsrqpo
Parte 111, ca~.Y
104
RONDA
107
I
I zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
108
ctabaqucs cte.
~~ ~~ ~ 1 PJern~rnDuco,
•
( +) ían t o quanto nos X an~os (e n a szyxwvutsrqp
fc s-
tDS de Beje, n distribuic~o de ?uloseiD~s a meninnda ~ de uso
na Bahia ncs "cc:.rurus de Ccsre" e nas obrirações dos O!'; xãs
r1a b.a ç
· o 1 ve semnre uma certa b a l' nur
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- reprimida
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e g 1t 1mo
riJT!3nia da "c('lrda dos Ibeji" descrita por Cê'.rneir::::
••• ). TrlI'1-
bé~ os crês era certas o ca s i ôe s CC·stuE13m "a ssa Lta r" seus lTlCl1J)-
~ 1 ::5zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFE
sempro se afigur3 passIvo ...
EmzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
canzuás de Brasília assistimos a "festas de Cos-
me" mui to concorridas, a ss i n descrevemos emzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUT
Ui11 outro estu
quezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFED
do (Trindade Serra, s.d.b).
"A cerinônia se realiza num clir.a de balbúrdia in-
descritÍvel; depois que os médiuns incorporan os espíritos i~
fantis, colocam chapéus de cone colorido na cabeça, munem-se
de chupetas, apitos, línpuas-de-sogra, pôem-se a ~ritar, cho-
rar, lalar, puxam-se os cabelos uns dos outros, mostram a lín
gua. fazem c~retas. cantam e dançam em cirandas, dizep poerni-
nhas de Escolq e brincam com os balôes coloridos, as bonecas
e os carrinhos etc. que os cambonos (acólitos) distribuem en-
tre eles; os cambonos lhes fazem presente, ainda, de balas,
doces, confeitos e outras guloseimasi e a custo os reunem pa-
ra partir um bolo de anivers5rio que os garotos do 'astral'.
depois de sopradas as velas e cantados os indefectívéis Ipar~
bens', consomem junto com os fiéis, lambuzando-se a si e aos
mais pressurosos ou incautos."
I
de entidades: os cha~3dos exus-pagãos, os quais se comportam
sempre como garotos. Já vimos, em canzuãs candangos, alguns
nGdiuns possessos desses espíritos; e podemos assegurar que
sua conduta é muito semelhante, quase id~ntica. ~ dos er6s um
~ bandistas.
"a comp anharoerrt o de c r i anç a s" po r cn adm i t e+s e aí que [}-.:ij.;' po-
de ser o principnl orixá de uma pessoa. Este santo,zyxwvutsrqponmlkjihgfe
ou dupla
de santos, no mesmo contexto designa-se tamb6rn, as V8Z~~, co-
rno Ibeji-Er~ (cf. Das Chagas Varel1a, 1973).
I
117
não só por Ob aLua i e , seu "p a i " , m3S ainda por Xnngô e Ossanha,
de modo não muito raro; na verdade isto ocorre, porém, no di-
to meio, com poucas pessoas, e de forma um tanto excepcional).
Das diferenças assinaladas por Herskovits e Bastide entre o
culto gaachc e o nordestino, as mais marcantes e significati-
vas residem pois no fato de se admitir nozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWV
Batuque (segundo o-
corre também na Umb anda) que os Ibej i figurem como o '.'santo
principal" de uma pessoa; e no de se proceder a suas invoca -
ções no Xir~. Seja como for, a circunstância Je eles ai serem
celebrados com ritos que incluem a distribuição de guloseimas
ã criançada, e o comportamento singular daqueles a quem pos-
suem, têm paralelo em certos traços de seu culto na área dos
Xangos e Candombl~s.
"'"
Indubitavelmente. muitas razoes assistem a Bastide
(1971) para destacar a do Maranhão como uma ãrea distinta e
bem definida, em termos do distribuir-se das seitas de origem
.•.
africana no Brasil. Justifica~o o predomrnio not5vel que a1
tiveram o modelo de culto e as tradições religiosas daomeanas,
120
121
!
~,
,,' muito i
sempre um interregno,
if t tempo
taPl zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
bén s
• gn í c a Lva
um período
s : o do Car
m i n a»
nav a I
CAPTTULO IV
LABIRINTO
126
co s e r e -.,
r i gr o sos ;; 1 -,
,-,LI gene a r i.cao e no uaomo cem c
À ,,-
Thoric s fI !.,UIlC[!U c ccr robc r am: "Ce n' c s t ~X1S pLlr h assard que
Le s Fon Ól Dahome y orrt une v i e poli tique due Ll e ( •.. ) et une
rytholu[ie :~e Ia g~mel16it6, cellc ci aynnt )our tache de r6-
soudre Ia dialcctique das contraires (foncticn ~'5auilibra
t íon ) ;" (Cf. Thomas & Luneau, 1975).
culto
dos
in its implicaticns for a more comp rchon s í.ve unr.e rst and í.n r of
African relirion.
129
er'êe a szyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
h i we re e pertinente para alguns sábios do Candomblé;
isso em princípio não nos impede de admitir que "the word el"G
1s Yoruban and is part of the complex of 'little creatures'
known as ijir.l8rê~ ere Ggbere etc.", como quer
9 Herskovits;
aliás, ainda caberia perquirir-se a possibilidade de um víncu
10 etimo15gico entre estes e o termo ashiwere.
Tampouco o fato de que os ioruba falam em omantun e
os afro-baianos em erê deve confundir-nos; nio hesitamos em
reconhecer que e a mesma a divindade por aqueles chamada de
- 5 ~
Oya e por estes de Yansa. Bastide, p.ex .• nunca o pos em du- '
vida, conquanto permaneçam um tanto obscuros os motivos da di 11
port~SzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONM
i l'ãge. et un ~IGment violent, vigourcux, charg~ par
exemple de I'exécution des ordres du chef de groupe divin, et
qui est souvent détrit comme le,plus jeun8 fiIs de ce chef ...
Dans le cas o~ le groupe divin pouvait ~tre Ia transposition
d'un groupe de personnalités historiques, dynastie par exem -
pIe, on pourrait peut-~tre déc~ler une hierarchie d'ãge. zyxwvutsrqponmlkjih
(28
I
nior e outra senior de cada orixá - pelo menos com grande fTe
qUência -, nem por isso opõem como grupos os deuses "mais ve-
lhos" aos "mais moços". Talvez deva ainda ponderar-se que uma
iaô é possuída ou por Oxalufã ou por Oxaguian, v.g., nunca p~
Ias dois - e não vemos como, neste caso. o erê, ou os erês,
mediariam entre o 'ancião' e o 'jovem'. Finalmente, lembremos
que no panteon do Candomblé existem também orixás infantis
(como Logunede e Ogun-jã). e não só, portanto, "velhos" e a_ tl
:'~tatde veille, une ~~~?e sur le meme chemin que celui quezyxwvutsrqponmlkjihg
:es novices ont suivizyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
à Ia fin de leur initiation, vers le re
:Jur à Ia vie norma Le Isto é bem exato, e tem mais Lmpor t ân
;!'
tor dezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Le Candomb1-é de Brhia: "Au cours des c::rémoni0s, lor5-
que le dieu aqui tté avec Ia transe Le corps duzyxwvutsrqponm yev.o , celui-
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcba
í
\
137 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHG
que Cosme vouiait dire, c'6tait que l'~r~ ~tait fix6 aussi,
138
ExageroszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
à parte, temos aqui uma importante notícia
~:erca de elementos fundamentais na liturgia dos er~s: seus
:2sempenhos lúdicos, suas burlas e o rito da ximba - coisas
:2 que nos ocuparemos com vagar em outra parte desta disserta
;10. Por enquanto, continuemos seguindo a trilha de Bastide,
: estudioso que mais se preocupou com o problema em causa, e
:rocurou com ardor uma rota segur2 no labirinto dos vagos e
~ragment5rios testemunhos - por ele mais de uma vez esmiuça-
:JS - a respeito do 'drama' das crianças divinas. Vale a pena
:itar ainda uma passagem onde o antropólogo reflete sobre os
:itos textos e informes, aqui j5 expostos (cf. Bastide, 1973:
::21-322) :zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
ã Ia jeun~ fi;
arriv6e sous l'arbre parla en langue africainezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZ
le qui se 18issa choir volontairement. A Ia stup6faction g~nf
rale elIe se releva saine et sauve et se dirigea s6ance t~na=
te vers Ie batucag6 ou elle se livra ã une danse éfrenée."
mer~, er~, egber~, e que tem como fonte a exist~ncia dos ;"
meus; nao sabemos, porém, se fenômenos psíquicos especiai:
respondem a esta mi toiogia dos' anõezinhos' ."
A procecência e o impacto do achado colocam de
neiTa bem clara duas alternativas: ou os erês "são uma i:.
145zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJI
147 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
..
sa nao implicam em confundÍ-lo com o de "folie enfantine" de
que fala Bastide, apoiando-se no testemunho do babalorixá Cos
~e. Trata-se, na verdade,zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
de um estado do santo.
148
ç ao do erê é zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
q u a por excelência - como ambígua é a de Eras
amb-izyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
.•. zyxwvutsr
na poesiadialética de Platão. Aliás, é tão fácil entender o
sistema do Candomblé pondo de parte o erê, ou i2norando sua
natureza ambígua, como interpretar o sistemn platônico proce-
dendo da mesma forma com Eras.
ENFANTS TERRIBLES
· ..zy
153
159
cf. opus cit., p. 179); ?or outro lado, "Le r~le d'Ex~ ~ estzyxwvu
d'ouvrir le cheminzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
à l'orixã, de le mettre en relation avec
son fidele. et aussi de lui apporter ses prieres, ses désirs;
e'est son messager fidele" (cf. ibidem p. 202). Pode-se ir
mais longe: se Exu é o mensageiro dos orixas,zyxwvutsrqponmlkjihgfedcb
é o inté~
o erêzyxwvutsrqponmlkjihgfedc
conforme veremos adiante nesta dissertação.
prcte dos santoszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLK
J
Ha
mais, porém. Num valioso e interessantíssimo eS-
tudo, Elbein dos Santos (opus cit.) mostta à saciedade que os
Nagô, com freqUência, em certos contextos, pelo menos, repre-
sentam Exu como uma criança. Numa rescensão que fizemos da
mencionada obra (Trindade-Serra, 1978), criticamos a sua autQ
ra o fato de ter omitido, no capítulo sobre este deus (cap.
VII), expor o caráter de trickster do mesmo - um dado, alias,
notor1o e indiscutível e que muito bem se combina com a ambi-
gUidade e o papel de mediador do dito orixá. Ora, o caráter
de trickster é de certo modo vivido pelo erê em muitos de I
o ESPELHO FECHADO
164
170
quecível dezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Tata Uevi, a qual nos lepQya o verso de Pessoazyxwvu50
172
iniciação vai I reali 7.:}- lc " "í.mpe rsonri-To ' _. l'or outras pala-
vras, dar-lhe nascimento em nosso mundo.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQP
Embora poucos o 'atualizem'. o santo acha-se, assi~
'latente' nos homens em geral e, pois, ta~ém o erê, seu 'do-
ble' infantil. Em todos nós dorme a Criança; e a música sagr~
da, pelo menos em alguns, pode um dia despertá-Ia.
A todo orixá, a todo pnjo da Guarda corresponde um
Exu - seu "princípio dinâmico!!, como diz Elbein dos Santos
(opus cit., capo VII), o !!escravo" através de quem ele atua.
Vemos claramente que Bastide tem toda razão em falar numa tr1
j,
plice estratificação mítica orixá-exu-erê. Como ele o exprime
uma passagem inspirada (1958:225);
"L'Orixã peut n'être pas fixé. pas contrôlé parle
groupe, seulement 1atent dans Ia tête (••.)zyxwvutsrqponmlkjihgfed
1 1 n'en est pas
moins vrai qu'il est pr6sent au dedans de lui. D~s 10rs, cet-
te structure psychique: Orixã-Exu-Erê, est théoriquement aus-
si une structure constante, un élêment permanent de Ia défini
tion de Ia personne."
Noutra obra ele volta ao ponto, embora de forma al-
go confusa (cf. Bastide, 1973: 186):
"Um dos meus informantes, A.F. de As sumpç ào , chega-
va mesmo a dizer que não só éada pessoa tem um orixá e um e~
comotamb6m a cada or xâ corresponde um exu ; o exu adquirindo
í
o santo e o ere
" '
-
ao Mesmo. Tendo em nós. de um modo virtual.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIH
estamos assinalados por uma característica que também o é do
próprio mundo, para os Nap6 como para os Fon; Bastide estava
certÍssimo ao erir:ir o "principe de dualité", e ainda o simé-
trico "principe de coupure". seu corolário e complemento. em
base da ideologia do Candomblé, em postulados fundamentais dazyxw
ratio que estrutura e edifica este mundo. "Dualité"/"Coupure 11
,
I
I
t
inquieta linha de horizonte entre homem e deus - linha
se esboça o perfil da Criança ambírua. misteriosa e antiqUís-
sima. ____ - x;-------
onde
i
j
11
zyx
i
,I
175
CAP!TULO I
PREÃHBULO
180
183
. .
limbo. ao lado de fora do real, que é também a fonte deste,
de todo c devir; por isso conserva qualquer coisa de "demoRia
co". Onde Goethe demon-íaco.l diríamos BEora Natureza. Mui-
dizzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
to nos lembramos deste grande pensador assistinco aos ritos e
convivendo com o povo do Candomblé; e de um mode especial ao
defrontar-nos com os eres.
Mas prossigamos; vale a pena agora recordar uma co-
locação de Lévi-Strauss j5 mencionada aqui (p. \53 ) sobre a
natureza 'defectiva' dos elementos mediadores; com base no
postulado Iévi-straussiano cabe dizer-se que é justo o "moins
~être" do erê a razão de se lhe conferir "une pIace entiere
dans Le syzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
s t ême " - um posto, aliás, sob muitos aspetos axial.
er si OVltS
kov i e Ba
as tt i.d
s
i oe , entre-
outroS, tiveram o grande mérito de remover tal escolho, e de
propor uma interpretaç~o socio16gica dos mencionados sucessos;
sua proposta, no entanto, não chegou a efetivar-se - em part~
por que n~o foi colocada de maneira explícita e objetiva a
questão do siBnificadc dos fatos em causa. Sobre isso voltare
mos adiante.
186
Na medzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUT
i da em que t rata ram elos eres como ã
um fatozyxwvuts
!
VereerzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
e Herskovits, entre outros, nos ofereceram
algunS relances do mundo dos er~s; Bastide escreveu sobre
eles sem nunca os ter visto, a partir de informes colhidos de
aitiva, ou com base em leituras a esmo. Teorizando sobre da-zyx
dos tão escassos, -
era mesmo de se espe~ar que nao alcançasse
resultados muito satisfatórios; mas, curiosamente, foi ele o
que melhor percebeu a importância e o relevo do "problema" a-
qui discutido. Na sua abordage~, chegou confessadamente a um
impasse - cuj a solução, se gunclo advertiu também com perfeita
franqueza, só poderia advir de novas pesquisas.
x
Conduzimos nossas investigações num Terreiro "ban-
tu" num domínio onde, a crer em muitos e trióg raf o s ,reina ap~
nas a "confusão" gerada pelo esquecimento das matrizes aut~n-
ticas do sistema do Candomblé, conservadas estas apenas na m~
m6ria dos seguidores do tito nag6, ou ainda na de alguns de-
les, herd.eiros de uma tradição mais "pura". Ao esquecimento,
188
suazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
illocutionary force (cf. Habermas, 1970; Hymes. 1974;Sear
le, 1976). A palavrazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFED
t gestualiza-se
1
profundamente; ganha~ r~
levo as pausas que emolduram as vozes, iluminando-as ou proj!
tando sua rápida sombra no discurso, que este chiaro8curo tO!
na, com freqUência. musical; aliás, a música pode alinhar-se
entre os drómena e os legómena~ que enlaça e confunde: os tam
bares falam e movem, as melodias significam e desenham um cam
po de realizaç5es. Da mesma forma, as imagens sagradas atin-
rem a plenitude da sua presença, tornam-se agentes no decurso
t íir g ca ; nao raro. só então é que as coisas "apar~-
da obra lizyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQ
í
cem como sendo mais do que parecem". isto é. como símbolos (v.
Sousa. 1973): assim se recimensionam o pouco de "simples" á-
gua vertida nas libaç5es, o humilde fio de ráfia atado ao pul
so numa cerim5nia, a encruzilhada dos passos corriqueiros er
que um sacrifício faz desembocarem os caminhos do universo
para não falarmos das figuras de todo criadas pela açao imag!
nadara: isso ocorre, p.ex .• quando, numa sala nua. a dança
das iaôs erige uma coluna que liga a terra ao céu, ou os pas-
sos crepitantes de Iansã encarnada edificam e visibilizam
muro intransponível aos mortos.
o texto dramático deste modo constituído tem uma u-
nidade que nos permite falar dele como de um signo de outra
ordem. Por conveniência da anilise. ao nos referirmos a tal
símbolo devemos ter presente a distinção peirceana (cf. Peir-
ce. 1932) entre type e token ("signo-tipo" e llsigno evento");
podemos ilustrá-Ia recordando que por exemplo, ass í.m
i mesm.Oj
fazemos uma clara diferença entre a Nona Sinfonia de Beetho.1
ven e qtialquer de suas execuç6es (e com isso, & claro, nia !,
confundimos com sua parti t.ur a) . O mesmo se aplica ao ritual;!
mais adiante veremos a importincia de não o esquecer.
1 9 1 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
l
I
192
e pc,
!
I
j
J
195
-
Ainda outra coisa e preciso que levemos em con:
De acordo com o filósofo Gadamer (1972), o estudo de obje:
simb6licos se opera em dois níveis de análise: no primeirc.
exeg5tico~ procura-se explicar o fen8meno pelo desvelament:
sua estrutura; já no segundo passo. o hermenêutico~ ensaia-
a interpretaç~o~ considerando os domínios da realidade a
o símbolo 'se refere'. ou que pelo ato de trazê-Io à preSE.
"'1 z
197zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
199
202 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONM
NOTAS AO CAPITULOzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZY
I (PARTE 111)
j
--~-
CAP!TULO zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSR
1 1 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIH
MÁSCARAS
208
j
~::u:~:~:t~::an:::i~s~~c~~:~v:o~:o:a~:~a~~:e:~:ntad
não ~ de modo nenhum gramatical, os leisos se voem 'reclassi.
ficados' pelas crianças, que os chamam e tratam do mesmo modo
que [iOS "fei tos". Por outro lado. o grupo dos douteragonistas
no DraDa das Crianças evidentemente inclui. a15m de titularest
213
this reversal of time and thus a return to the prev i ous state.'
a ritual invol ving role reve.rsal pr esen t s i tself -as the mOde11
for symbolic ac t on ;"
í ' i
'-~
portamentos comparáveis.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Jva'rí.edade s ~e ccru-o r t araen t.o envol
vidas são bem limitadas, ainda que curiosamt;;nte contraditó-
rias. As pessoas vestem-se com uniformes ou com roupas foza -
das; comem comida especial ou jejuam; comportam-se de modo
comedido e solene ou condescendem em abusos." Nota, a seguir,
que os mesmos tipos de conduta se assinalam nos ritos de pas-
sagem.
Amplia-se mais ainda o campo investigado quando se
repara que estes ritos têm em comum com inúmeros outros -- de
sacrifício, por exemplo - o simbolismo do nascimento suceden
do à morte (Leach alude aqui a teses clássicas de Van Gennep,
opuszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
cit .• e Hubert e Mauss, 1909). Colocando-se numa perspe~
tiva "durkheimiana ortodoxa" (cf. Durkheim, 1961) o ensaísta
assinala que um festival representa uma mudança temporária da
ordem normal-profana da exist~ncia para a anormal-sagrada, e
logo um retorno no sentido inverso. Isso posto, aplica-sezyxwvutsrqponm
aozyxwvu
caso dos ritos festivos, em termos genéricos. uma divisão es-
quemática em etapas (mais ou menos coincidentes com as defini
das de modo costumeiro no estudo dos chamados "de passagem";
Leach apenas acre scenta mai suma, a ú1tima, e por motivos prâ
ticos, para facilitar o desenvolvimento de sua exposição.rei;
'I!
tegrando todas as seções temporais a que faz referência). Di;
criminam-se assim as fases seguintes:
A separaçao ou sacralização
B - margem
C - dessacralização ou agregaçao
D - "fase" da vida secular normal. -,
~
l
Para ser coerente com o ponto de vista durkheimi~~1
deve-se admitir que as fase szyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
A e C' se opõem assim como as 13 •zyxwvut
D. Ora, D """vida secular normal"; logo, o comportament.o 10
camente adequado na etapa B "seria representar a vida
•••. J
225 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLK
:1
o 'seQundo episódio' do Drama dos Erês encena-se no . i
sa~zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
O
d e papéis fi e "mascarada"
, •
-
226 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONM
6 not6riazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONM
SezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
UT? 'astficia do poder' no fato de que
a estrutura negada assim mesmo acaba por reafirmar-se, e .•..
re-
roduzir-se dialeticarnente. por outro lado, como Fortes ob •
servou (1962:78; cf. Turner, opus cito supra, p. 119), d5-se
em semelhantes casos também, e sobretudo, o reconhecimento de
"um laço essencial e genérico - é Turner quem assim o exprime
- sem o que nao poderia haver sociedade".
Vimos ainda que, em perfeito acordo com a tese de
I . ~ ,.
Rigby, uma'reciclaren1' auspiciosa do curso dos eventos na re-
ferida altura se opera através de um 'subverter-se'. em ter
mos simb5licos,
50S em questão;
da ordem a cujo imp6rio
e este 'subverter-se'
se conformam
é consumido
os SUCcs
inclusive
-
por meio da 'rebeldia' - para volvermos a Gluckman. Com efei-
to, no Drama dos Erês notáveiszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONML
cadas, e tanto podem
role reversals se vêem signifi
interpretar-se nos sentidos indicados a- -
cima quanto em correlação com o definir-se da ordem 'anormal_
-saprada', em termos de Durkheim e Leach.
~. O caráter equívoco das falas dos eres acaba assim por rein
terpretnr-se
.•. ..zyxwvutsrqponm
e valorizar-se corno arnbigUidade , Lox i.ac a ',prQ
va de sua natureza oracular.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
I
CAP!TULO IV zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
,
r,
,~
.;
233zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDC
235
matri z comum).
Mais adiante. deveremos examinar v eç i e t voe C:~G o di
to código compreende; nessa altura, temos de exprimir-nos eTI
conformidade com a definiç~o mais estrita do termo t5cnicc
"rel!istro" formulada pai Denison (opus cit •• p . 158): "a re-
gister is any of those diatypic varieties which the member!:
af a given speech community are accustomed to think of as be-
236 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONML
,
I te); n~o ~ inteligível
na mesma speeah community,
para quem s6 sabe o português,
o c6digo (a "língua Angola")
usa~:
I zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
li que tratamos; por outro lado. as caracterfsticas bisicas des-
te úl timo são o efeito combinado dos fatores "pr cvenanc e r »
,
das funções mais importantes das crianças transmitir os "rec:
.'zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
dos" dos deuses que normalmente as precedem no transe. Ilstc~
costumam exprimir-se em voz baixa, num tom grave, através d~
sentenças mareadas por profundas pausas; mantêm, enquanto is-
so, uma postura hierEtiea. urna atitude comedida e solene, co~
vertendo em m5searas inescrut5veis as faces das iaSs posses -
sas. s6 de raro em raro acomp~nham com gestos sóbrios e com -
passados seu discurso; nunca interrompem os interlocutores.
em grande medidazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
impertinentes (é óbvio que o mesmo nunca su~
cede no caso dos santos); e enquanto a voz de seus predecess~
res no arrebato exprime calma, equilíbrio e força,a das crian
ças divinas, de um modo geral. tem o acento da lamúria ou do
desafio irrizyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPO
t ado , corno a de "meninos malcriados" ou "dengozyxwvutsrqpon
50S" •
250 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONML
__o'
.;l'
é sua arne aç a mais costumeira aos provocadores L:je E12ti-
:~ nU seu ku (quando pronunciam esta f6r~ulG costumam ainda
.,rlÍpular
......
o n a t i b i.u de
..
UJ'1 modo bastante expressivo) •zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONML
·
i )'. "I gas de posto o tiraram do suplício.
Nos confrontos verbais entre os eres e seus "maio--
res", apenas os primeiros apelam ã aiscrologia. aos termos
"pesados", inteiramente chulos; os "mais velhos", pelo contr~
rio, nos chistes que dirigem às crianças utilizam apodos e
'xingamentos' tidos como inocentes, a um tipo de "vulgarida -
des" consideradaszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
f an t i e , Assim, para zombar de um crê que
Ln zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJ
se dizia do sexo masculino e era encarnado por uma moça per -
guntamos-lhe: "Onde está seu reru?" A palavra que usamos pare
designar o pênis é empregada inclusive no círculo doméstico,
nas conversas de e com pequenos, e não tem conotações "pesa -
das" (por outro lado, é certo que não a empregaríamos num dH
logo com a iaô "em pessoa lt
).Já as crianças, ao referir,-se e..c
mesmo órgão, sempre o fazem em termos bem mais "crus",com nc
mes julgados muito "feios".
Os padi aplicam, às vezes, a seus "filhos" epítetcs
um tanto depreciativos. mas de sentido basicamente cômico, c:
mo "cabeça de pote", "boneca de alodê" e t c ,; não costumam, p:.
rém designá-Ios de modo ofensivo com apelo a "animal categc-
r í.e s' (cf. Leach , 197 2b) embora com certa freqUência
t t;Ss~:r
sejam tratados por eles: já ouvimos erês irritados qualifica-
255
tuc-uês "sujo",
I
i
I:
Izyx
CAP!TULOzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
VI
gundo lhe falou, andava "com pouca sorte". A I'1ãede Santo es-
tudou a queixa, consultou os cauris e apontou em seguida o r~
médio para a situação: a ekerle deveria oferecer imediatamente
um caruru aos Ibeji. Ato continuo, a interessada providencio~
os ingredientes necess;rios e tratou de preparar, ela mesma,
a comida ritual dos mabaços, com o auxrlio das iaBs presentes
no Terreiro. Tudo pronto, e cumprido o preceito do sacrifrci:
prévio a Exu, consagrou-se a oferenda no pe]i. onde os "santi
nhos" receberam logo sua parte. Toda vestida de branco, a eh I
a salzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPO
íva consti tl); L~:" "elomento por t ad.v- de axê!", conforme~i
monstra E'l be n dos Santos (opus cit .• "cap , 111. pp.zyxwvutsrqponm
í 3 '1 )-4 2 ):::
Todavia.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
é de sua condição ambígua que os
derivam um estranho poder. Ressumam. segundo dissemos, a
fa ori?in~ria; estão c~mo que fimidos ainda das fentes do li
l· ., zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJ
UG. zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
ra cont inuam unidos (cf. Sou s a , 1975), o informe limbo nos ci!
cunda. Fora disso, e aparte o fato de que a barreira entre ~
caotico e o domínio por ele cingido se representa, muitas ve-
zes, corno ameaçada de súbito e catastrófico derribamento, re-
conhece-se se~pre a presença ea confusão nos interstícios da
ordem, onde não consegue afirmar-se o império distintivo do
sistema imposto - uma presença denunciadora das vinculações
profundas entre ambos os 'campos' ou 'estados', da necessida-
de que faz passar de um a outro inelutavelmente. Outra coisa
também no oito contexto se pressupõe: o cosmozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZY
assenta sobre o
caos.
Os antigos romanos, p.ex., imaginavam o todo como
composto de duas metades simétricas, por eles denominadas mu?!zyxwvutsrq
dus e imundus. M~ndu8~ a mais do significado com que passou
ao romance, tinha também o de "limpo", "ordenado", "puro" (em
nossa línfua, os sentidos de "imundo" e "imundície" o atestam
ainda hoje). Mas deve lembrar-se que o imun~u8 se achavam de-
positadas as poderosas sementes da vida, de tudo quanto exis-
te.4 De acordo com esta perspectiva, emergimos nós mesmos, i~
c1usivc, da "sujeira" primordial; pode talvez correlacionar-
-se com isto a tão célebre quanto crua sentença de Santo Ago~
tinha: "nascemos e somos gerados entre fezes e urina".
Tais idéias parecem flotescer por toda parte.
Chamemos ainda a atenção para outro ponto, de manei
ra muito comum, também, assinalado em semelhantes contextos;
trata-se de um 'axioma' passível, quiçá. de exprimir-se pela
seguinte fórmula: o cacs está para o cosmos assim como a natu
reza para a cultura. Com efeito, procedemos daquela, passando
a esta, e regressamos desta para aquela no circuito de nossa
existência - e corno Santo Agostinho assinala, nos dois extre-
moS noS toca a 'imundície' (justifica-se aqui o duplo sentido
ela palavra "e seatolo gia") .
272 i
te à antropologia psicanalítica.
2. Alguns dos mais velhos do Tanurijunçara cmp regavam o te.
lamburungunzo como um aumentativo de gunzo; assim desir
vam, portanto, a força mística elevada ~ sua potência ~;
ma. Mas um dos grandes do Candombl€ disse-nos que o lam~
rungunzo € o gunzo dos inquices.
A COMbDIA DIVINA
280 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONML
Erê s! •
Na fase dezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
~n semelhante festejo que antecede ao xi
~
re assim como na que lhe sucede, os santos das iaôs são cha-zyxwvuts
t .•.
mados e "virados no erê". Estes comparecem ainda, e da mesmn
forma, em obrigações menores, que implicam no votar-se de ofe
rendas nos sacr~rios dos orix~s,
quando o toque do adjE mane-
jado pela Mametu induz ao transe pelo menos as muzenzas mais
novas. Isto pode acontecer num 'simples' bori, v.g.
appriszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
pe:>.c1.é,.:ce tco période :..::.
e zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONM
t vêcu u, bl e ':3fInc.J.
(•••) II
ne subsiste que des gestes du rituel, comm~ les salutationsl
et des reactions à des sensations diverses:
- sensations auditives: rythmes des tambours,chants,
tintements de Ia cloche adza; cris de salutation aux oriSa;
- sensations olfatives et gustatives: odeur et gout
de l' a bo ;
menos em casos gr~:".-p':: :_8 d í.v i.n a t.r aversura : :"1.:-,::-:: +s t o hoje -
ezyxwvutsrqp
absolutamente inusitado. Conserva-se. de f a t o , uma "cantiga .•.de
Ximba", que dantes se entoaria no momento de punir da dita for
ma os erês irrequietos - ou mesmo as iaôs faltosas - mas hoje
a punição limita-se ao próprio entoar- se da música. que induz
ao choro os culpados. (Cabe aqui um esclarecimento: no runkó,
tudo quanto se faz deve ser precedido por uma cantiga apro
priada; sem isso, nem mesmo se come ou bebe, segundo nos dis-
seram)•
Note-se ainda que os grandes do Candomblé sao muito
explícitos em suas afirmativas de que, se o erê deve ser con-
trolado para não fazer "bobagens" perigosas, não se pode de
maneira algum~ cortar-lhe o ímpeto, ou reprimí-Io de forma
inibidora, sob pena de diminuir a força do santo. De fato,te~
temunhamos sempre urna grande tolerância dos padi para com a
conduta as vezes em alto grau extravagente das crianças; até
no repreendê-Ias, quando elas passavam dos limites, os maio-
res procuravam nao se exceder - faziam-no, inclusive, com um
certo humor. Não deve esquecer-se, por outro lado, que as cri
anças também castigam os "pais", quando por eles provocadas -
e nisso mostram-se muito menos comedidas: usam com vigor nada
simbólico o natibiu, conforme podemos assegurar. Das pancadas,
os eres poupam apenas a Mãe de Santo, que não os provoca de
forma direta, e que não podem atingir sem sérias conseqüên-
cias; e além dela, a raros outros personagens de hierarquia
.
muito elevada. Mas a nlnguem- contemplam quando se trata de
agressoes verbais. No que se refreiam é a contragosto, segun-
do deixam bem claro; a desejada vingança contra a Mametu os
horroriza tanto quanto os fascina.
Ninguém duvida no Candomblé da natureza selvagem,t~
rivel dos erês, mesmo daqueles que na maior parte do tempo se
286 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJI
mostramzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
ta c itu r n o s ou "dengl.-)sos".OzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPO
ervs no , o controle que se
í
nhum objetivavazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
U~ castigo. Promoveram-na alguns velhos ogans
que lã-se achavam, simplesmente colocando-se num ponto estra-
tégico da Casa com os tambores sagrados, e desferindo de su~-
presa o irresistivel adarrum. Em pouco tempo, todas as "fei •
tas" tinham "caído no santo" - e algumas delas dispararam pa.•
ra a manhonga, tomadas de um arrebato selvagem que nunca ti ~
nhamos presenciado. Nós as vimos retomar, algum teQPo depoi~
cobertas ele folhas, desgrenhadas e com uma expressão inumana
nas faces, seguidas de ekedes já sem fôlego. Outros que conos
co assistiram a cena mostravam-se comovidos e um tanto assus~
tados - embora para alguns deles não fosse novidade o que
viam. Esse espanto e emoção ainda experimentávamos horas de-
pois.
Ogans amigos nos explicaram mais tarde que os san-
tos tinham "tomado grau" para que seu poder aumentasse.
As iaôs, quando tudo acabou, não se mostravam nem
mesmo fatigadas. Comentavam. todavia. que tinham levado uma
ximba.
A Mãe de Santo, por sua vez, quando lhe falamos da
impressão que a cerimônia nos causara, fez-nos uma observação
muito notável: "J; isso. de fato.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJI
Dá vontade de ohoral'." Acres
centou ainda que o grau "de verdade" era dado na feitura, mas
"só no Angola". E concluiu: "O Angola, meu filho, ê muito sé-
rio; ê terrível mesmo."
Antes dezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
:.::_5 nada, porém, a;zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSR
('"..i;>~:::,.: brincam. E
seus jogos têm sempre um sentido extraordinário. .•.
.
Alias, nos Terreiros baianos a palavrazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWV
brincar nao
designa de modo nenhum apenas uma atividade trivial; Seu al-
cance significativo bem se denuncia, por exemplo, no fato de
dizer-se que "os orixas brincam na terra". Esta frase faz re-
ferência ao que pode haver de mais sério. importante e decis!
vo, na perspectiva de quem assim se exprime: a epifania e a
dança dos divinos em seus templos, o fim último do Candomblé.
Com efeito. não se pode duvidar do val~r inestimável. para os
crentes, desses desempenhos rituais dos santos •••
Devemos, pois, considerar com muita atenção os jo-
gos das criançns.
o zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
"brincar" dos e:<~s cifra, pois, tipos :1lgozyxwvutsrqp
disti~
tos de desempenhos por eles cumpridos: alude-se desta maneirs
aos jorros í n f an t s e folguedos
í vários a que se d ed i car» (qua~
"Na soczyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVU
edade ocidental persistem traços de •. ri~:sizyxw
í
~
Os ercs anseiam pela manhonga, nunca escondem 5 e 1.:
perene desejo de correr para o mato. Um desse~ meninos-santos
cheBou a dizer-nos que seu lugar era l~. De sua declaraç~0 se
infere que se considerava at6 certo ponto um estrangeiro nn
"espaço urbano" do eqb o (o 0.110.1, de certa forma, no microcos-
mo do candomblé represent3. o domínio da Cultura). Um estran -
geiro - ou um invasor ...
298
AS LUZES DA LOUCURA
305 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHG
Mas volteJ11':s
aos e::-3s.Também o medo pode enfuriâ-
-Ias. seu pâtiico às vezes os torna terrív2~s. Emprega-se ai~-
i n.oni a do "bat í.z ado",
da este recurso para os exasperar. Na cerzyxwvutsrqponmlkjihg
segundo nossa interpretação, é inclusive o terror que os in -
candeia e alucina, desperta neles uma violência tremenda. ~-
liás, muitos psicólogos têm falado sobre a ambigUidade deste
sentimento. (Quanto a isso. cabe acrescentarmos um dado impo!
tante: as crianças divinas demonstram, inclusive, uma autênt:
ca ternura e um verdadeiro apego amoroso para com os pedi, ou
pelo menos para com os iniciadores. em diversas instânciaszyxwvutsrqponml
mas esta claro que, no fundo, e de certa forma, zyxwvutsrqponmlkjihgfedcba
també~zyxwvutsrqponmlkjihg
:8
deiam. Isto é mais do que nunca notável no caso da Mãe de ~a~
to). Viver assim dita emoçao no contexto dramático dos ritos
equivale, a nosso juIzo. a submeter-se a um processo de ca~a~
se: purgam-se nas referidas circunstâncias medos muito reais.
A frustração e o pânico se combinam com a ira p~Ta
perturbar os sagrados meninos no rito da "Quitanda". O i;:;pa:::-
to brutal do adarrum sobrevém, como num tratamento de choq~~-
cujo efeito nos pareceu extraordinário.
A fúria. a tensão acumulada, segundo se acredita,
transforma-se em poder. Os atos a que nos referimos se cu~-
prem com o objetivo de aumentar a força da criança e do santc,
de "dar-lhes grau".
Assim, de acordo com o ponto de vista dos mestres
do Candomblé, nesses transportes selvagens opera-se como que
um salto - "un ciego y oscuro salto", para o expressarmos nos
termos poéticos de S. Juan de Ia Cruz - e se atinge ou apro -
funda uma 'capacidade' superior.
Vê-se como uma manifestação da dita capacidade o lu
minoso descortínio atribuído aos santos e erês.
310
.. -
"Enfin. il faut noter, dans eertains caso des phênozyxwvuts
menes relevant de Ia parapsych01ogie: projection dans 1'espa-zyxwv
J
liãs, oszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
sintomcs do arrebato~ interpre~an-se como provocadas
nO paciente pelo agente divino, e por sua energia supcrioL No
caso do não-iniciado que entra em transe~ porém, dita energia
se manifesta em estado bruto, e é de certo modo, ou em certa
medida, ineficaz, por que não tem ainda como dirigir-se, não
se acha eon-formada a um padrão operacional que lhe d~ senti-
do (significado e direção). Fala-se mesmo, neste caso, em "san
tO bruto" - quer dizer, 'amorfo'. O santo, de fato, 'nascera'
ou se con-formará, através da feiturâ. Sua energia será, no
dito processo, canalizada, controlada, tornada capaz de mobi-
lizar-se significativamente: entre outras coisas, "abre-se azyxwvutsrqp
f. Ia"
D. do orixá encarnado durante o initium. Daí por diante, ozyxwvutsrqponmlkjihg
arrebato não só produzirá meros sintomas, mas expressões signi
fioativas do poder divino. Este, por suposto, transcende a ca
pacidade humana, inclusive quando assim (por meio de um mor-
tal) se manifesta, pois tem um alcance muito maior. Pode-se
ainda. todavia, incrementá-Io. Como se procede para obter tal
resultado?
O santo é fortalecido, antes de mais nada, por sa-
criffcios que lhe revigoram o axé. Mas existe, além do referi
do, um outro meio de acrescentar-lhe o poder: "dando grau". A
expressão "dar grau" de um modo m~is específico se emprega c~
mo alusiva a uma parte do ciclo iniciático, a inquita (grau e
inquita constituem verdadeiros sin~nimos, em alguns contex
tos). Todavia, o fato ~ que a mesma se usa ainda em diversas
circunst~ncias. a prop6sito de ritos distintos embora, num
ponto importantíssimo, profunda~ente similares ao que consti-
tui o mencionado epis6dio da feitura. Assim, tanto no caso da
cerimônia do adarrum realizado de surpresa (cerimônia descri-
ta aqui no capítulo anterior) quanto no da "Quitanda", disse-
ram-nos depois que os santos haviam "tomado grau". Com isto
312
.
arraigado consenso, reafirmam o caos onde com trabalho e pena
impuseMos a ordem. O medo aos loucos é o medo de enlouquecer.
Sem dúvida a. idéia, afirmativa dos "poderes dos fra
cos" , de que os desvairados, os tontos, os bobos ate. podam,
nos seus delirios. por a manifesto uma sabedoria superior se
correlaciona com o postulado durkheimiano das relaç6es sim~ -
tricas entre a ordem normal-profana e a anormal-sagrada: os
místicos do cristianismo sempre nos advertiram de que perante
a divindade o razoar humano ~ tolice, e a loucura de Deus ~
para n6s a mais elevada raz~o. Mas tal id~ia tem ainda um fun
damento objetivo, cifra a constat~ção de um fato concret~
quem nao absorveu de todo o esquema, ou não se acha fascinado
por ele, fixado ao mesmo por um h~bito digno, justo, racional
e salutar, mas em todo caso obsessivo, quem n~o se encontra
mergulhado por inteiro nos interesses determinantes do proces
50 seletivo e padronizador da construç~o social da realidade,
2. Hux1ey refere-se -
desta forma a teoria bergsoniana segundo
a qual a função do cércbro e do sistema nervoso é, princi-
palmente, eliminativa e não produtiva. Cf. Huxley, 1974:
10 sq.
3. i , 1971.
Cf. Suz ukzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQP
yo A <'- 3::>.
4. Plato, Phacdrus, Z
CAPITULOzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPO
111
O BARCO ~BRIO
321
no idioma dazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
seniority - vig~nte entre os membros de cada gr~
po de pessoas levadas ao runk6 numa mesma ocasião.
O quadro às vezes se revela muito complexo. Assim,
os feitos de um Ilê Axé podem ter tido distintos iniciadores;
inclusive dá-se o caso de que urnapessoa "raspada" depois de
outra o tenha sido pelo Pai ou Mãe de Santo de quem "fez" à -
quela; por outro lado, ainda os filhos do mesmo Tata ou Mame-
tu sempre mais ou menos se distanciam conforme os "barcos" a
que pertencerem.
Verifica-se uma profunda solidariedade entre os "ir
mãos de barco", que chegam a identificar-se e tratar-se como
um bloco homogêneo em muitos aspetos, apesar de constituirem
um grupo hierarquizado. "Nós estamos ligadas como se fosse
por um umbigo", disse-nos uma iaô: "O axé da Mametu passa pa-
ra a Dofona, depois da Dofona para mim, que sou a Dofon;-t;-
nha, e de mim para as outras. O que uma sente, todas sentem."
Conforme ainda nos explicou, um castigo. ou um dano, infligi-
do a qualquer das companheiras poderia atingi-Ia; mas de igual
modo esta comungava o aumento de gunzo e outros êxitos místi-
cos logrados pelas irmãs.
Os nomes por que se designam os componentes de um
tal grupo, e que definem sua hierarquização, vêm a ser os se-
L Dofona (o); 2. DofzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQ
on t t t nhe (o); 3~ Fomo; 4. Fom.9.,
guintes:zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
e
1
te anos - pois quase s eripr e têm lugar no seu decurso . .i\ludi-
mos aos "trabalhos" de "assentamento do ExuH e de "assentamen
te do njunt6".
rô) .
mas d:1s aves Lmo lad as ; 3c:ercçam-nas, por fim, CC'I'l os sa or a.lc s
adornos.
m!,,-"~~os
__ (,~doshu '., c~l cnt)~(,'
..
~ ('nC, l·.,r.I~~. Isto se processo. no. ceri~: -
~ ,'"U - _. ~
-
tu, c se combina a oferendas especiais. Suspendem-se então ai
runs Ln t erd i tos que pesam sobre a muzenza, como os de lavar IJ.
3. Referimo-nos ~ inquita.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIH
A TRAG~DIA NEG~\
337
ler Ies oriSa et les gens pouvaient alors sortir de leurs ca-
~ttes. Les oriSa dansaient, puis étaient ramrnenés à l'état
d'ere. Ayant retrouvé leur calmo, ils reprenaient alors leur
vi e ã l' intérieur du rõnkô. 11
~r _~
ja, o retorno ~ aldeia depois da inquita - assim rnesm:zyxwvutsrqponm
si on ad a -, episódio que "rappelle étranrrement l' arr i vée _-_25
de, por um. período cuja duração varia entre um e três dias.
As crianças divinas erram como selvarens pelo mato, alimenta~
do-se do que encontrarem aí (ou 'saquearem' nas redondezas);
comportam-se (:e maneira estranha e arrebatada: sobem nas ârvo
res, rolam sobre moitas de urtigas, gritam e deliram, cobrem-
-se de folhas e se desgrenham; enquanto isso também procuram
as pedras e outros sacra que identificam e, de certa maneira~zyxwvu
sêc seus respectivos orixás. Não raro, capturam cobras que
trazem consigo na volta ao Terreiro. Quando para aí retornam,
atendendo aos apelos dos tambores e ao chamado das ekedes (ou
~a ekede: quase 56 se aventura no drama, e ~ a Gni
sempre umazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
ca pessoa imune i viol~ncia dos erês). mostram-se num estado
de fúria desumana e terrível. Todas as pessoas que se encon-
tram no Ilê Axé devem trancar-se muito bem e permanecer quie-
tas, silenciosas nos aposentos da Casa; apenas os alabês fi-
cam a postos no barracão. Refupiam-se ~a dita forma tanto os
profanos como os iniciados em geral - os padi e madi correm
mesmo um [rande risco. Mais do que todos, por~rn, a Mametu (ou
o Tata) deve esconder-se, guardar-se com extremo cuidado - e..
ela a vitima desejada com ardor pelos eres.
despedaçam. 3 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Soa logo o adazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJ
r-rum , que faz sobrevirem os san t c s
.~-
de os santos se cobrem de folhas ou rolam sobre urtigaszyxwvutsrqponmlkji
fram o processo mais usual de ximba; o mesmo sucede
tem lugar o adarrum de surpresa, num Leri. Na cerim6nia __
Quitanda, de igual modo, vemos os erês entregues a um arreca-
to de grande violência, que. induz a fugir c esconder-se os ci=:.
cunstantes - e também neste caso só umadarrum pode control~~,
ou melhor deter as cricnç~s, substituindo-as pelos santos.?c~
fim, como no brinquedo' do batizado, ocorre um s acr f íc i o e n
! í
..•zyxw
A maneira como se opera o sacrifício do "grau" e
muito significativa. Seu car~ter simbolicamente aut~nticozyxwvutsrqponmlkjihgfe
se
manifesta com clareza quando nos lembramos de um fato bem co-
nhecido: acredita-se no Candombl~ que certas operaç6es m5gi-
cas realizadas com as roupas de uma pessoa, destruídas duran-
te o rito, podem lev5-la ~ morte: em verdade, destruir as ves
tes ~ já, de certo modo, matar. Não há exagero em dizer-se
que os er~s sacrificam, em efígie, a pr6pria M~e de Sant~ Fa-
zem-no, aliás, de um modo que chama a atenção: dilacerando.U-
tilizam para isso a princípio os natibiu, que sao vergas, ra-
mos de árvores e se chamam também ator;; ora, de acordo com
Elbein dos Santos, esses atori, assim como as folhas e as pl~
mas (lembremos, a p ropô s t o , que em sua jornada no mato
í os
er~s se cobrem de folhas, e retornam deste modo enfeitados ao
Terreiro) representam a prole divina em diversos contextos sir
b61icos no Candomblé; por outra parte, em v5rios ritos e mi-
tos no mesmo universo, ainda segundo a referida autora, o pr~
cesso de criação ~ figurado de maneira constante como um fraR
mentar-se de uma matéria-massa originária. que assim se 'dila
cera~. Aliás, a rec6rr~ncia desta idéia em distintossi~temas
mf t í.co s .e re l i gio so s é de fato notável; temos aí um verdadei-
rozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
leit-motiv de inúmeras teo e·cosmogonías por todo o mundo.
Paran~o nos distanciarmos muito de nosso campo de estudo, re
cordemos apenas um mito nagô, desde Ellís (1894) bastante co-
nhecido: conta a est6ria que Iemanjá, violada por seu filho
Orungan, deu ~ luz, em conseqU~ncia. a todos os grandes deu-
ses, rompendo-se o seu ventre no parto.
345 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
TRANSE E FOLIA
350 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJI
351
~
riando suas premissas - emprestou maior relevo, julgamos nos,
a nspetos idiossincr5sicos e a motivaç6es individuais dos su-
jeitos abordados (submetidos a testes projetivos coma c
Roscharch);l o m~todo de trabalho parece critic5vel na medida
em que o inqu~rito s6cio-antropo16gico se afigura deficiente.
Talvez por isso o estudioso tenha chegado, ao cabo. a tão po~
cas ilações.
muito mais razao quando - como é o caso dos filhos dos "ori-
xá", que o mais das vezes pertencem às classes baixas da so-
ciedade, Lav ade i.ra s , cozinheiras •.
, empregadas domésticas - se
trata de despir a roupa da servidão cotidiana para vestir a
roupagem brilhante dos deuses" ...
rla ocorre tamb~m outra coisa: o mimo executado pela ia6 pes -
5e5sa 6 basicamente o de uma verdadeira 'diacosmcse', de atos
e formas que significam e definem um universo. Os deuses fig~
ram imagens que se impõem a nós do próprio mundo; representam
assim, antes de mais nada, 'caracteres'zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUT
culturais. Afeiçoar-
-se ao orixá é afeiçoar-se ã própria cultura, consentir em seu
irrmério no mais intimo de nossa alma, abdicando inclusive de
'ieiossincrBsia5' que se redefinem como 'produzidas' de algum
jeito pelo modelo.
dezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
L',(1 eus em vez de um único eu rcspcn sâvezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVU
I.". "Ha s isto riao
significa, evidentemente, que se possa absolver de 'anormali-
dade' todos os casos de 'dissociação'.
De qualquer modo ozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGF
paralelo entre o fenômeno reli-
gioso discuti~o e certos distGrbios mentais não deve ablite -
rar-se; acusá-Ia não equivale a reincidir nas teses simplifi-
cadaras que reduzem o êxtase, o transe em qualquer de suas
fermas, a manifestações "doentias"; abre-nos, pelo contrário,
uma outra perspectiva bem distinta. segundo veremos adiante
com auxilio de L~vi-Strauss e Bastide.
Conv~m agora que nos reportemos às 'teorias psicop~
tológicas' de êxtase, teorias cuja superação, insistimos, re-
presentou um progresso notável. No caso especifico do Candom-
blé e de outros cultos afro-brasileiros foi por aí que se co-
meçou. O pioneiro Nina Rodrigues (1900) explicava o transe
das iaôs como puro sonambulismo com desdobramento de persona-
lidade, delirio histero-hipnótico, mono-idêico. provocado pe-
la dança, pela fadiga de atenção e pela sugestão; em apoio de~
sa tese invocava 6s estudos psiquiátricos de Janet e Pitres.
Artur Ramos seguiu pela mesma trilha: recorreu a Kretchsmer,
Janet, Charcot, Freud etc. em sua análise do fenômeno, e con-
cluiu que o mesmo se relacionava com "estadoS mórbidos psico-
lógicos, agudos, sub-agudos e crônicos comuns à histeria, es-
tados sonamb~licos. hipnóticos, oniricos. esquizofrênico~ sin
dromes de influência, quase sempre com modificação da cons' -
ciência e da personalidade" (Ramos, 1940:272) ;já antes Quer!
no (1938:71) a propósito disso falara em "auto-sugestão". Nos
seus estudos sobre o Xangô pernambucano, Gonçalves Fernandes
emitiu opinião semelhante à de Ramos (cf, Fernandes, 1937).
Mais recentemente, Verger considerou em parte aceitivel o pon
356 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIH
CAÇADORES DE ALMAS
367 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
alegres jovens. Logo, todavia, que Iansã tocou uma delas com
seu ramalhete, a moça caiu ao solo, rígida e inerte. Dois
ogans a removeram incontinenti para o Quarto dos Santos, seg~
rando-a um pela base do crâneo e outro pelos pés. Um dos '~is
velhos" gritou logo: "plantou, deixa nascer!" Mas a Mametu,
sem dar-lhe ouvidos, correu a tirar do transe a pequena arre-
batada, cuja irmã, enquanto isso, chorava de puro pânico.
o autor da exclamação mencionada ("plantou, deixa
nascer:") quisera sugerir com isso que se recolhesse de ime -
diato ao runkô a jovem inconsciente. Outrora, segundo nos cog
taram, nno era muito raro que se procedesse assim; soubemos
de casos de pessoas que despertaram já "feitas" do fulminante
arrebato inicial, descobrindo com surpresa e perplexidade os
sinais do ocorrido num longo período não registrado em suas
memórias: a ausência dos cabelos, a indumentária trocada, os
adereços e insígnias 10s deuses em seu corpo, o ambiente des-
conhecido etc., a denunciar o fato consumado de seu ingresso
na seita.2 A Mametu Conderenê, segundo nos revelou, opunha-se
com firmeza a realizar uma "feitura" nessas condições, por
mais que o consentimento da família do iniciado - com o acor-
do logo buscado da qual era costume assim agir - lhe fosse ga
rantido. "O choque da pessoa é muito grande", argumentava; e
ponderava, além disto, ° fato de que, entrando desse jeito 'ha
lei do santo", o indivíduo não pode ter uma idéia clara das
responsabilidades decorrentes; cabe mesmo recear-se que se ve
370zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZY
371
373
374zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCB
NOTAS AO CAP!TVLOzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLK
1 1 (PARTEzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXW
V)
é apenas a purifica-
1. O objetivo deste procedimento ritualzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQP
ção dos pacientes. Como se diz no Candomblé, "serve para
limpar o corpo".
2. Binon Cossard (1970) narra casos semelhantes.
imposição do destino, é, nestes casos,
3. O que se herda. porzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
um "compromisso" com as divindades, cujo arbítrio escolhe,
entre os decendentes de uma pessoa iniciada, o novo porta-
dor do "carrego". De qualquer modo, pode dar-se o caso de
que os filhos de uma Ialorixá. por exemplo. "nada tenham a
ver com o Candomblé".
4. Cf. Atos 11, 29.
CAPfTULO 111 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONM
AS VIAS DA CATARSEzyxwvutsrqponmlkjih
} .
382
j
ter pa~~do algumazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
vez pela condição de quem procura seus serzyxwvutsrqpon
'-'" '-'
-
j
391
f
de religiões entusiásticas diversas.
2. A expressão foi cunhada por Pouillon. opus cito
3. Na terrninolopia de Palrar (1962, 1963); ver ainda IbâÍiez--
-Novion e Trindade-Serra (1978).
4. O termo "terapia" vem do grep:ozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJI
therape{a, que designa tan-
to uma atividace médica quanto o culto de divindades.
S. Ver, a propósito, Ibânez-Novion e Trindade-Serra, opus Ci~~1
Os autcres referidos distinguem entre "iátrico" e "médico",
reservando o primeiro termo para desir,nar os saberes e pr~
xes de apentes profissionais da sa~de.
6. Usamos aqui o termo "etnomédico" no sentido de KleInmann ,zyxwvutsrqpo I
1974.
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