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Modelo de recurso administrativo -

concessionária
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Publicado por Rafael Siqueira

há 2 anos

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ILUSTRÍSSIMO SENHOR AGENTE DA XXXX


XXXX, XXXX, XXXX, portadora da carteira de Identidade nº XXX,
expedida pelo XXXX, inscrita no CPF nº XXX, residente e domiciliada na
XXX,, CEP: XXXXX nº da instalação, por seus advogados
constituídos RAFAEL SIQUEIRA LEITE, brasileiro, solteiro, advogado,
inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil – Seção do Rio de Janeiro, sob o
nº 189.991 e no CPF sob o nº 081.120.977-63, com escritório na Avenida
Treze de Maio, nº 23 sala 1936, Centro: Rio de Janeiro- RJ, vem
respeitosamente à honrosa presença de Vossa Senhoria, interpor o presente:
RECURSO ADMINISTRATIVO
contra o Aviso de Débito de Irregularidade, referência: pelos motivos de fato
e de direito que abaixo expõe:

I – DOS FATOS
No dia 05/10/2015, conforme TOI/M sob nº xxxx, a recorrente foi
informada de que havia irregularidades no medidor da Recorrente no
período de 30/10/2013 até 31/08/2015, bem como, débito no valor de
R$7.770,53 (sete mil setecentos e setenta reais e cinquenta e três centavos)
através das cópias em anexo.

Contudo, vale esclarecer que, o técnico da Recorrida realiza constantemente


aferições no relógio da residência da Recorrente, mediante autorização do
síndico do prédio, assim sendo, somente no final de 2015, ou seja, após 2
(dois) anos, a recorrida informa de que supostamente há irregularidade
desde 2013, sendo a mesma jamais ter sido informada de que tais problemas
acima relacionados durante o período, e caso houvesse de fato tais
irregularidades, a recorrente teria tomado as providencias cabíveis.

Ademais, a Recorrente afirma que ninguém mexe no medidor,


com exceção dos agentes da concessionária que tem contato com
os medidores, somente mediante autorização expressa do
síndico, conforme carta do mesmo, bem como fotos do local dos
medidores que possuem cadeado em anexo,.
A recorrente, sempre cumpriu com suas obrigações com
regularidade, respeitando sempre a lei, e sempre adimpliu com
os pagamentos da tarifas cobradas pela concessionária dos
serviços de energia, assim sendo, jamais tocou ou permitiu que
estranhos tocassem no medidor, e que somente tiveram acesso ao
medidor, agentes da concessionária, devidamente identificados,
portanto todo e qualquer defeito existente no medidor é
responsabilidade daqueles que sempre tiveram acesso, quais
sejam os agentes da concessionária.
Informa ainda a Recorrente, que somente moram em sua residência, ela, a
filha e o marido, que os dois trabalham, voltando apenas à noite, e ademais,
conforme constatação das faturas anteriores a este período questionado pela
Recorrida, existe uma média de quilowatts.
Para maiores esclarecimentos, informam ainda que no período das férias,
datas festivas, bem como feriados, portanto ocorre aumento de consumo
desproporcional à média de consumo natural da residência, como poderá
verificar nos meses de dezembro a Fevereiro.

E mais diante da troca, realizada, que seu medidor antigo já contava com
anos de uso, pois esta foi a primeira troca, dentro deste período de
utilização, o mesmo era um medidor deveras antigo, que poderia sim estar
com avarias, mas que tais avarias podem ser em decorrência do longo
período de utilização, pois são muitos anos de uso, jamais por adulteração
ilegal, E REPUDIA TERMINANTEMENTE QUALQUER TIPO DE
INSINUAÇÃO (OU FALSA IMPUTAÇÃO POR ATO SEU OU DE
QUALQUER FAMILIAR PARA ADULTERAÇÃO ILEGAL DO MEDIDOR
INSTALADO EM SUA RESIDÊNCIA.

II – DO DIREITO
O Código de Defesa do Consumidor dispõe em seus art 22 e.42, que o
Consumidor na cobrança de débitos não pode ser submetido a
constrangimentos, sendo que a cobrança no valor de R$7.770,53 (sete mil
setecentos e setenta reais e cinquenta e três centavos) motivo do presente
Recurso, causou todo tipo de inconveniência e constrangimentos à
Consumidora e seu esposo.
O CDC veda em seu art. 39, que o fornecedor prevalece da fraqueza do
consumidor, sendo cristalino que a consumidora não pode ser
responsabilizada por desgaste natural de equipamento emplazado em sua
residência.
O Código de Defesa do Consumidor no seu artigo 39 V, define, entre outras
atividades, como prática abusiva “exigir do consumidor vantagem
manifestamente excessiva”.
O Código de Defesa do Consumidor é informado pelo princípio da
vulnerabilidade (art. 4, I) e da harmonização dos interesses, com base no
equilíbrio e na boa-fé e no seu no seu artigo 6º, entre outros direitos
básicos, estabelece-se o direito a informações adequadas, claras sobre os
serviços, com especificação correta da quantidade e preço.
E para imputar ao consumidor ato manifestamente ilegal, deve o fornecedor
provar suas alegações, demonstrando, que foi efetivamente o consumidor o
responsável pelo ato a ele imputado, em conformidade com o
art. 5º da Constituição Federal que dispõe o que segue:
“ART. 5º TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI, SEM DISTINÇÃO
DE QUALQUER NATUREZA, GARANTINDO-SE AOS
BRASILEIROS E AOS ESTRANGEIROS RESIDENTES NO PAÍS A
INVIOLABILIDADE DO DIREITO À VIDA, À LIBERDADE, À
IGUALDADE, À SEGURANÇA E À PROPRIEDADE, NOS TERMOS
SEGUINTES:
(...)
LIII - NINGUÉM SERÁ PROCESSADO NEM SENTENCIADO
SENÃO PELA AUTORIDADE COMPETENTE;
LIV - NINGUÉM SERÁ PRIVADO DA LIBERDADE OU DE SEUS
BENS SEM O DEVIDO PROCESSO LEGAL;
LV - AOS LITIGANTES, EM PROCESSO JUDICIAL OU
ADMINISTRATIVO, E AOS ACUSADOS EM GERAL SÃO
ASSEGURADOS O CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA, COM OS
MEIOS E RECURSOS A ELA INERENTES;
LVI - SÃO INADMISSÍVEIS, NO PROCESSO, AS PROVAS
OBTIDAS POR MEIOS ILÍCITOS;
LVII - NINGUÉM SERÁ CONSIDERADO CULPADO ATÉ O
TRÂNSITO EM JULGADO DE SENTENÇA PENAL
CONDENATÓRIA; (...) ”.
Segundo a Carta Magna, ninguém pode ser considerado culpado de um ato
ilícito, grave como este de adulteração de equipamento de propriedade da
concessionária, sem o devido processo legal, e direito à ampla defesa,
portanto é descabida a presente cobrança, sob a alegação de que a
Recorrente, foi única responsável pelo “DEFEITO DO MEDIDOR”, diante
de tão irresponsável acusação, declara seu repudio, e restará provado se
tratar de uma falsa acusação, imputada à consumidora com adrede malícia e
cínica má-fé, por se tratar de uma inverdade.
Solicita desta forma uma perícia imparcial, a ser realizada por terceiro
habilitado, para provar não só a ocorrência da fraude, mas, sobretudo, o
valor a ser arbitrado pelo ato ilícito que lhe está sendo imputado, para
garantia dos direitos da consumidora, como também o seu direito
fundamental inerente à natureza do contrato que é o direito à informação
precisa da quantidade de energia consumida.

Cristalino a necessidade de tal perícia, no intuito de garantia do objeto do


contrato ou mesmo do equilíbrio das partes contratantes, pois a
concessionária ao exigir pagamento de valores arbitrados em R$7.770,53
(sete mil setecentos e setenta reais e cinquenta e três centavos), sob pena de
corte no fornecimento de energia, acabará por privar a consumidora parte
hipossuficiente no contrato existente para a prestação deste serviço
essencial ou exigir pagamento que muitas vezes supera, e em muito aquele
valor a que está a consumidora acostumada a adimplir regularmente.

Algumas das jurisprudências de nossos Tribunais que fazem parte do


Recurso Administrativo, conforme mencionadas abaixo:

"ADMINISTRATIVO E DIREITO DO CONSUMIDOR -


FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA - RELAÇÃO DE
CONSUMO - INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA - ADULTERAÇÃO
NO MEDIDOR - APURAÇÃO UNILATERAL DO DÉBITO SEM A
REALIZAÇÃO DE PROVA PERICIAL - OFENSA AO DEVIDO
PROCESSO LEGAL. I - Configurada a vulnerabilidade técnica
dos serviços públicos de fornecimento de energia elétrica,
amplamente permitida a inversão do ônus da prova nos termos
do art. 6º, VIII do Código de Defesa do Consumidor. II - Não
comprovado pela concessionária que a avaria existente no
aparelho medidor de energia elétrica foi causada pelo usuário,
não se pode imputar a este, como consumidor, responsabilidade
presumida pela falha no registro da energia consumida. III -
Ilegal o cálculo do débito com base no art. 72 da Resolução
ANEEL nº. 456/00, se não realizada dilação específica, via
devido processo legal que assegure ampla defesa e
contraditório. (TJMG, Número do processo: 1.0702.04.155355-
4/001, Relator: FERNANDO BOTELHO)".
"APELACAO CIVEL. AÇÃO DECLARATORIA DE INEXISTENCIA
DE DEBITO. SUPOSTA FRAUDE NO MEDIDOR DE ENERGIA
ELETRICA. AUSENCIA DE PROVA. 1 - não havendo nos autos
prova inequívoca de que a fraude no medidor foi ocasionada
pela proprietária do imóvel, ou por qualquer pessoa que nele
tenha morado durante o período da aludida irregularidade, não
e possível responsabilizá-la por tal ocorrência. 2 - não merece
prosperar o argumento de observância da resolução n.456/00
da aneel - agencia nacional de energia elétrica, haja vista que
não existe nos autos elementos irrefutáveis indicadores de que
tenha sido a apelada quem realizou a evocada alteração do
medidor de energia elétrica em teste-la. 3 - a ameaça de
suspensão do fornecimento de energia elétrica, a fim de coagir o
consumidor ao pagamento do debito originário de suposta
fraude no medidor, e ato ilegal e abusivo. (TJGO, Número do
processo: 141602-7/188, Relator: DR. DES. JOAO UBALDO
FERREIRA)".
"APELACAO CIVEL. AÇÃO DECLARATORIA E CONDENATORIA.
ENERGIA ELETRICA CONSUMIDA E NAO FUTURA. SUPOSTA
FRAUDE NO RELOGIO MEDIDOR. AUSENCIA DE PROVA.
PROCESSO ADMINISTRATIVO UNILATERAL. ILEGALIDADE. 1 -
não deve atribuir ao consumidor a responsabilidade pela
adulteração do relógio medidor de energia elétrica, imputando-
lhe o dever de pagar a diferença de produto consumido e não
faturado, quando o processo administrativo levado a efeito pela
concessionária houver sido realizado unilateralmente, sem a
necessária defesa da parte então acionada. 2 - a lisura do laudo
técnico, imprescinde da participação ativa do consumidor, não
sendo suficiente a mera assinatura de ciência deste acerca do
resultado da perícia. 3 - não oportunizada ao consumidor a
efetiva participação nos trabalhos de inspeção, torna-se inviável
atribuir ao mesmo a culpa pelo suposto dano causado ao relógio
medidor, ou ainda, impor-lhe e ônus de pagar qualquer
diferença de energia elétrica supostamente consumida no
período indicado. (TJGO, Número do processo: 141590-3/188,
Relatora: DR (A). RONNIE PAES SANDRE)".
"FRAUDE. MEDIDOR DE ENERGIA ELÉTRICA. IMPUGNAÇÃO
AO DÉBITO LANÇADO A TÍTULO DE RECUPERAÇÃO DE
CONSUMO. Não havendo provas de fraude no medidor
atribuídas ao consumidor, impõe-se a desconstituição do débito
e recálculo. Redução da penalidade administrativa de 30%,
constante da resolução 456 da ANNEL, para 2%, aplicando-se
o CDC, por se tratar de relação de consumo. (TJ/RS, Número do
processo: 71000514596, Relatora: DR (A). Maria José Schmitt
Sant Anna)".
"APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - CORTE DE
ENERGIA - AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO PRÉVIA - DANO
MORAL CONFIGURADO - MINORAÇÃO DO QUANTUM
INDENIZATÓRIO - CABIMENTO - Não há como atribuir ao Autor
a culpa por um dano que não foi apurado por meio de um laudo
técnico ou judicial, em observância ao devido processo legal. -
Restando demonstrada a situação vexatória a que foi submetido
o Apelado, é perfeitamente cabível a indenização por dano
moral. O valor da indenização deve ser fixado de maneira
equânime, levando-se em consideração a extensão do dano
advindo do ato ilícito e o caráter repressivo da medida. (TJ/SE,
APELAÇÃO CÍVEL Nº 3102/2009, 7ª VARA CíVEL, Tribunal de
Justiça do Estado de Sergipe, Relator: DES. OSÓRIO DE
ARAUJO RAMOS FILHO, Julgado em 27/07/2009)".
"DIREITO DO CONSUMIDOR. CONCESSIONÁRIA DE ENERGIA
ELÉTRICA. ALEGAÇÃO DE FRAUDE NO MEDIDOR. AUSÊNCIA
DE PROVA. INOBSERVÂNCIA DA RESOLUÇÃO N. 456/2000.
Abusivo o ato de concessionária de serviço público em atribuir a
consumidor a responsabilidade por fraude em medidor de
consumo de energia elétrica sem apresentar meio de prova
bastante para tanto. A análise do medidor feita pela
CONCESSIONÁRIA DE ENERGIA não serve de prova face à sua
produção unilateral e, por óbvio, pelo interesse manifesto da
parte. Inclusive, como é de conhecimento da concessionária, a
Agência Nacional de Energia Elétrica expediu a Resolução
nº 456/2000, determinando que a perícia técnica em medidor
seja efetuada somente por órgão metrológico oficial ou órgão
vinculado à segurança pública. Ausente a prova de que o
medidor foi fraudado pelo consumidor, é inválido o débito
arbitrado por estimativa pela concessionária, devendo,
portanto, ser cancelado. (TJMG, Número do processo:
1.0011.07.016320-6/001, Relatora: MARIA ELZA)".
III – DO PEDIDO
Diante dessa justificativa, vem à presença de Vossa Senhoria, encaminhar o
presente Recurso Administrativo para que seja imediatamente suspensa a
cobrança constante no aviso de Débito, conforme art. 4º, III e 6º, VI, VII,
VIII, X do CDC, e ainda pede a Recorrente em conformidade com o art. 72,
II da Resolução 456/00 da ANEEL, que informa o seguinte:
Art. 72. Constatada a ocorrência de qualquer procedimento irregular cuja
responsabilidade não lhe seja atribuível e que tenha provocado faturamento
inferior ao correto, ou no caso de não ter havido qualquer faturamento, a
concessionária adotará as seguintes providências:

I – (...)

II – promover a perícia técnica, a ser realizada por terceiro legalmente


habilitado, quando requerida pelo consumidor;

Em decorrência do anteriormente exposto a consumidora ora Recorrente


solicita perícia técnica a ser realizada por terceiro habilitado.

Seja novamente analisado o medidor, com base nas informações prestadas


pelo Recorrente e finalmente seja julgado procedente o presente Recurso,
concedendo-se a suspensão imediata da cobrança de débito.

Nestes termos,

P. Deferimento.

Local e data

Rafael Siqueira Leite

OAB/RJ nº 189.991

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