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Código de Ética para Os Alunos
Código de Ética para Os Alunos
Everaldo Vasconcelos
Professor do Departamento de Artes Cênicas da UFPB
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Laranja Mecânica
O cinema desde a sua origem vem sendo uma boa ferramenta para refletirmos sobre
questões éticas e morais; lista com ótimos filmes
Ética no cinema. Moral no cinema. Certamente você se deparou por muitas vezes com estes
termos, sobretudo em sites de listas de filmes ou sites de filosofia. O fato é que é bastante
compreensível o ser humano se interessar por questões que abordam seus costumes, seus
princípios, suas ações, pois essas questões o definem enquanto homem. Há uma necessidade
natural de sabermos e entendermos as nossas atitudes e mediarmos nossos acordos de
convivência, e o cinema, mais que qualquer outra arte, soube explorar essa temática de
modo intenso.
Ética/Moral
O termo ética deriva do grego ethos (caráter, modo de ser de uma pessoa) e diz respeito à
reflexão sobre os nossos atos morais. A Moral, derivada do latim (mos, mors) é o conjunto
de valores, normas, regras e princípios que norteiam a conduta humana em sociedade. A
Moral é construída por uma sociedade com base nos valores históricos e culturais. Do ponto
de vista da Filosofia, a Ética se dedica a pensar e refletir as ações humanas, bem como seus
fundamentos, ela reflete, portanto, sobre os valores e princípios morais de uma sociedade e
seus grupos.
Filmes
O cinema, desde a sua gênese, trabalha com questões que envolvem termos como ética e
moral. A partir de agora iremos listar alguns dos mais importantes filmes e suas abordagens
sobre o tema.
1 – Laranja Mecânica – Como pensar uma sociedade sem que todos os homens sejam
dotados de liberdade e respondam por seus atos? Uma das obras-primas de Stanley Kubrick
se sustenta em questões como esta. Alex é um jovem rebelde, extremamente violento e
alheio à regras sociais. Porém, depois que ele mata uma senhora, ele vai preso e lá recebe
um tratamento inovador: ele passaria a ser condicionado a não fazer o mal. Sempre que
pensasse em praticar um ato que afronte o status quo, ele sofreria espasmos de dor que o
forçaria a não fazer. Assim, Laranja Mecânica entra para a história do cinema ao trabalhar
uma das questões morais mais importantes: o que é o ser humano sem o livre arbítrio? Se
não podemos escolher como agir, como podemos nos considerar seres livres, na acepção
mais profunda da palavra? Uma ótima ferramenta para se pensar este tema. Temos um texto
mais detalhado sobre o filme, só clicar e se aprofundar no assunto
2 – Crash, no Limite – Crash (de 2004) é um filme visceral, que aborda através de suas
variadas histórias (que se encontram no decorrer do filme) questões éticas ligadas ao
preconceito racial e étnico, adequação a uma sociedade e estereotipação. A história é rica
em mostrar manifestações de falta de moral/ética, ou ao menos de uma chamada ética da
conveniência. Ou seja, se esta ação vai me fazer bem, então ela talvez não seja tão ruim
assim. Na história, o roubo do carro de um casal de brancos passa a envolver a vida de
latinos, negros e orientais em acontecimentos que se sucedem, demonstrando, assim, o
poder que as decisões têm, não só na vida de quem as toma, mas na vida de todas as pessoas
envolvidas.
Crash no Limite
Assim, Crash trabalha com aquela interessante ideia de que nossas ações possuem um poder
muito grande sobre a vida alheia, e não somente sobre a nossa. As ações que praticamos
podem – e devem – ser universalizadas, para assim sabermos se ela é ética (ou moral) ou
não. A questão aqui é a seguinte: você gostaria que ‘fulano’ te tratasse do mesmo jeito que
você está tratando ‘beltrano’? Muito de nossa reflexão sobre o tema recai sobre esta
fundamental pergunta.
3 – Quem somos nós? – Basicamente, essa é a premissa deste belo documentário: uma
discussão sobre quem somos, de onde viemos, para onde vamos, o que há além de nós, no
universo. Uma vasta discussão sobre questões pertinentes ao conhecimento humano, física
quântica e sobre as nossas verdades.
Sabemos que a ética e a moral podem ser vistas dentro de uma perspectiva coletiva (regras
sociais, leis…), e também dentro de uma perspectiva individual (que tipo de princípio me
acompanha nas minhas atitudes). Essa ética mais interna, de buscar entender quem somos,
ou o que nos leva a agir de determinada maneira, é o ponto de partida do documentário, um
dos mais interessantes já produzidos. Um documentário denso, intrigante e que foi tema de
um ótimo texto publicado aqui no site. Só clicar aqui e conhecer mais do documentário e
de sua temática
4 – Ponto de Mutação – Há um diálogo no filme do cineasta Bernt Capra que é de
fundamental importância para discutirmos a ideia de ética: os três personagens estão
discutindo o papel do cientista no mundo e de sua responsabilidade sobre as suas ações e as
suas descobertas. Em jogo naquela conversa, a criação da bomba atômica, produzida pelo
cientista Robert Oppenheimer. Ele, ao ver sua ‘invenção’ ser usada para destruição, se disse
culpado e envergonhado. O presidente americano na época, Henry Truman, retrucou
dizendo: mas fui eu quem mandou jogar as bombas.
Aqui está uma questão moral: se você cria ou constrói algo para o bem, e alguém se apodera
e utiliza para outros fins, temos responsabilidade sobre isso?
No filme, cada mudança, mínima que seja, acaba prejudicando pessoas ao seu redor. Ele
brinca de Deus, mas percebe logo o quão pesado é ter que lidar com o sentimento de culpa
por ser um elemento desencadeador de situações destruidoras em vidas alheias.
6 – O Mundo de Sofia – O filme, que é baseado em um dos mais famosos livros sobre a
filosofia, é um prato cheio para se entender questões filosóficas, incluindo aí ótimas
conversas sobre ética e moral. Sofia Amudsen, personagem central do filme, é uma jovem
estudante que vê a sua vida mudar completamente por conta de cartas anônimas com as
mais diversas questões existenciais: quem é você? De onde você vem? Como começou o
mundo? A partir daí, a jovem viaja através da história da filosofia, conhecendo os grandes
filósofos e seus pensamentos.
Neste sentido, conhecemos os conceitos de ética de Aristóteles e de vários outros grandes
filósofos da história ocidental. Um prato cheio para quem gosta do tema.
7 – O Abutre – O filme conta a saga de Lou Bloom (Jake Gyllenhaal). Lou, sem saber
direito o que ser da vida, descobre que o trabalho de cinegrafista especializado em tragédias
(assassinatos, incêndios, acidentes…) é bastante rentável. Assim, passa a ser mais um
desses que vivem em busca de tragédias para documentar e exibir em programas dito
‘jornalísticos’ populares. Aqui no Brasil temos exemplos disso: Balanço Geral, Se Liga
Bocão (Bahia), Brasil Urgente…
Uma das questões que envolvem ética, mais importantes para se discutir na
contemporaneidade, é a chamada ética jornalística. Até onde vai o direito de um repórter
fotografar (ou filmar) as entranhas de um acidentado, ou o rosto deformado de alguém que
recebeu uma facada, ou o corpo já moribundo de um assaltante? E por que este tipo de
conteúdo fascina tanto as pessoas? Se os programas estão no ar, é porque o público
legitima.
Trabalhar a ideia de ética e de moral através deste filme pode ser uma experiência bastante
rica e produtiva. Teremos na discussão elementos filosóficos utilizados em exemplos do
cotidiano. E para enriquecer ainda mais a discussão, temos um texto sobre o filme no site
8 – O Jardineiro Fiel – Já é sabido por todos que uma das indústrias que mais carecem de
um acervo ético é a indústria farmacêutica. Essa indústria, em nome dos lucros e da
ambição, destruiu ao longo das décadas, milhares e milhares de vidas. Animais são os que
mais sofrem, sendo utilizados como cobaias em experimentos para fabricação de
cosméticos ou medicamentos (alguns importantes e outros bastante supérfluos). Porém, o
ser humano também já sofreu (e ainda sofre) bastante com a falta de escrúpulos que muitos
membros dessa indústria possuem.