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COMÉRCIO
INTERNACIONAL
Catalogação na Publicação:
Biblioteca Universitária Mario Osorio Marques – Unijuí
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Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................5
EMENTA ...........................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 11
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Apresentação
mos que você, aluno, tenha uma noção abrangente e clara do que significa este importante
aspecto da vida econômica e, portanto, da vida tanto dos cidadãos quanto dos próprios
países.
Para cumprir tais objetivos, é necessário que alguns passos sejam seguidos. Por exem-
plo, alguns conhecimentos devem ser construídos – isso mesmo, construídos, pois você é
parte importante deste processo – antes de outros. Para ilustrar, podemos ver o seguinte
caso. O comércio é apenas uma das formas das relações internacionais. Embora nos dias de
hoje o comércio detenha a maior parte da atenção de todos os países e em torno do qual as
demais relações gravitam – diplomáticas, políticas ... – as relações comerciais não detiveram
sempre esta primazia. Durante a Guerra Fria, as relações estratégicas, apoiadas por relações
Interessante, não?
Por outro lado, como falar de empresas multinacionais, sem antes discutir o que é a tal
Portanto, para um caminho fácil, tranqüilo e sem surpresas – isto em geral não é muito
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Conhecendo os Professores
deve dizer a idade de uma dama, mas é verdade que tem mais ida-
de do que o rostinho de adolescente revela...).
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Ementa
Podemos perceber que nosso curso inicia, com um espectro bem amplo, de Relações
Internacionais e se aprofunda até o nível de termos usados em comércio exterior (incoterms),
bem como uma visão de como uma empresa pode fazer para internacionalizar-se. É uma
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Introdução
O comércio é a forma mais sofisticada que o ser humano desenvolveu para elevar a
satisfação das sociedades e dos indivíduos, depois do advento da produção. Isto significa
que, trocando mercadorias, o bem estar das comunidades e dos indivíduos pode elevar-se
para além daqueles patamares que poderiam ser atingidos somente pela própria produção.
É importante, neste sentido, entendermos como o comércio surgiu e como passou a ser
praticado entre os países. Para isto, precisamos de um pouco de história das relações interna-
cionais, pois as relações de comércio exterior são uma forma de relação internacional.
seja, passa a ser alvo de legislação por parte dos países que compõem o sistema mundial.
Mas surge uma pergunta: como fazer isso se não existe um Governo Mundial que tenha um
Viu como estudar comércio não é só estudar comércio, mas estudar todos os aspectos
interligados a ele? O ensino universitário é fascinante por causa disto. Pelas relações que
estabelece entre todas estas coisas importantes que se entrelaçam e formam o nosso dia-a-
dia.
sistema mundial e que, para participar dele, uma empresa situada em um país, deve, além de
Vamos, portanto, estudar tais procedimentos e, lógico, esta postura de empresa que se
internacionaliza.
Nesta nossa grande jornada, o livro texto do professor Dr. Argemiro Luís Brum será
nosso valioso guia. Portanto, tenha em mãos o seu exemplar de Economia Internacional:
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Mas é claro que nosso curso não é a leitura do livro. Ele deve ser lido, consultado. E
um subsídio para nossas discussões. É um ponto de apoio. É uma âncora. O navio é nosso
curso...
Bons estudos!
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Unidade 1
O Comércio Internacional
Seção 1.1
ensinada) nas escolas durante a fase de aprendizado para se chegar à graduação em uma
Atenção:
exterior, pois não é nosso objetivo criticar o sistema mas ver, de modo mais
Deste ponto de vista por nós adotado, o comércio existe porque uma comunidade não
pode produzir tudo o que necessita. Às vezes falta um ou mais dos recursos necessários.
Pode ser que falte terra adequada a um determinado plantio; ou falte tecnologia para a
fabricação de dado produto.
Com isto, as comunidades utilizam aquela parte da produção que não é consumida
internamente e troca pelas mercadorias que precisa. É preciso, como você pode ver, que uma
outra parte queira adquirir esta produção e ao mesmo tempo, se desfazer daquela parte que
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valor. A moeda é, assim, uma intermediária de troca. A comunidade vende o que foi des-
2 – Aquela parte da produção doméstica, que não é consumida, fica à disposição para ser
tocada, ou seja, transacionada e pode ser chamada de modo muito simples como exce-
dente econômico.
Desta forma, o comércio exterior surge pela existência do excedente econômico e é por
isso que o comércio é bom para todos os envolvidos: através daquilo que não é usado do-
mesticamente, a comunidade pode adquirir dinheiro para comprar o que precisa e não é
capaz de produzir, ou produz de modo ineficiente. Para nossos propósitos, bastaria dizer,
com maior preço ou menor qualidade, enfim, com mais sacrifício. Então, é melhor comprar
de fora.
A fórmula é então:
O comércio é bom para todos os envolvidos e, mais comércio é melhor do que menos
comércio. Ou seja: sempre que se puder aumentar o comércio, isto é melhor para todos os
envolvidos.
Em um sistema mundial no qual o comércio deve ser incentivado, é claro que se deve
Este indicador é a Taxa de abertura de um país, uma fórmula para medir o comércio,
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Não-nula
A Teoria Clássica do Comércio Internacional – TCCI defen-
Um jogo de soma não-nula
de que o comércio internacional é positivo a todos os que dele significa que para um ganhar
não é preciso que o outro ou
participam. Isso é o que se chama de jogo de soma não -nula. os outros jogadores percam.
Todos ganham! É assim que a
TCCI vê o comércio.
Mas como funciona este jogo?
Fatores de Produção
Atualmente se crê que a especialização internacional se faça Recursos ou fatores de
produção são todas aquelas
segundo a utilização relativa dos fatores de produção em cada país.
coisas que são utilizadas para a
Para isto, é preciso lembrar o que são os fatores de produção. produção dos bens e serviços
que satisfazem as diversas
necessidades dos seres
humanos.
Mas como isto chegou a ser assim?
De forma tradicional, são os
seguintes: Terra, Tecnologia,
Estas respostas devem ser buscadas na História. Trabalho, Capital (produtivo e
financeiro) e Capacidade
Empreendedora.
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Mercantilismo
O renascimento do comércio, a busca por novos mercados
Note que Feudalismo é um
regime político, de administra- abastecedores e também por mercados compradores foi um aspecto
ção dos feudos e reinos. Já
importante das Cruzadas. Estas excursões político-religiosas servi-
mercantilismo é um regime
econômico. ram também, além de muitas outras coisas, de base para o
expansionismo comercial.
Avaliação:
Questionário:
( ) acordos multilaterais;
( ) acordos bi-laterais;
( ) integração econômica;
( ) guerra comercial;
( ) n.d.a.
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Seção 1.2
Um Pouco de Teoria...
Adam Smith (1723-1790), economista hoje classificado como clássico, demonstrou que
os países deveriam se especializar naquilo que poderiam produzir de maneira mais barata.
Para ele, o importante eram os custos que regulavam os fluxos de mercadorias entre as
nações e, por isto, concentrou sua atenção em explicar como a produtividade dos fatores de
turais (por exemplo: clima, solo e riquezas minerais) ou adquiridas (por exemplo, apti-
dões e técnicas especiais). Assim, para este autor, uma nação produziria um determina-
do bem a um custo menor se detivesse alguma vantagem absoluta em relação aos fatores
utilizados neste bem. Esta é, de modo rápido, uma idéia da Teoria das Vantagens Abso-
lutas – TVA.
Na TVA, o comércio, para ser benéfico a todos, exige que cada país seja o produtor de
Mas David Ricardo (1772-1823) não estava satisfeito com esta formulação e pensava
consigo: se for assim, quando uma nação tiver vantagem absoluta em todos os bens do seu
Por isso, e observando o comércio entre as nações, ele formulou uma nova versão da
TVA. Ela se chamou Teoria das Vantagens Comparativas – TVC. Nesta teoria, o comércio
pode ocorrer mesmo quando um país é mais eficiente em todos os bens produzidos, pois o
Ricardo ainda se baseava nos custos, mas agora, pensava em termos de custos relati-
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fazê-los. E seu vizinho não é tão bom quanto você em fazer estes
de ambos.
Claro que não. Faça aquele que lhe dá mais vantagem, que
você tem uma maior vantagem absoluta. E deixe para seu vizi-
nho fazer o outro produto, que você faz melhor do que ele, mas
parativas.
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Não. Note que segundo Brum (2001, 16), em seu livro Economia Internacional: uma
síntese da análise teórica (que aliás, é nosso livro-texto. Leia-o com cuidado e consulte
sempre. É precioso), as condições de concorrência imperfeita vigentes no comércio de bens
e serviços, reforça o comércio de fatores de produção entre os países.
David Ricardo sobre a Teoria das Vantagens Comparativas? Reveja-as em seu contexto
(página 38) e diga uma das conseqüências que você consegue perceber a partir destas
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Seção 1.3
As barreiras comerciais
Embora todo o discurso oficial dos estados nacionais sejam em torno do livre-comér-
tíveis com a prática do livre comércio. A própria formação de blocos econômicos pode ser
uma forma de desvio de comércio. Você verá mais deste assunto no componente curricular
Por ora, nos interessa que, em virtude desses objetivos nacionais, o comércio pode ser
Dica:
concretizada por meios técnicos (econômicos), obedece, entretanto, a duas naturezas dis-
Como costuma ocorrer no campo da economia política, estas duas áreas não estão
bem delineadas, ou seja, com suas fronteiras bem definidas, e constantemente estão imbricadas
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falar em protecionismo regulador quando a ação do governo for necessária para a correção
de rumos da economia por influência de fatores “alheios” ao mercado que alteram o livre
venção do governo é feita visando à proteção de determinados setores, por exemplo, as in-
Balanço de Pagamentos, inclusive previsto no Gatt (General Agreement of Tarifs and Trade),
de caráter provisório, e que serve para restaurar o equilíbrio das contas em caso de crise do
balanço de pagamentos.
verno como meio para a obtenção de um objetivo de política mais amplo que o âmbito
econômico, ou seja, onde os fatores econômicos são secundários. Neste caso temos, não
uma tipologia, mas práticas diversas de acordo com a necessidade surgida no momento e
vés de alguns instrumentos. Dois são os tipos principais: instrumentos tarifários e instru-
mentos não-tarifários.
preferência de seu uso em relação às barreiras tarifárias (BT) estão associadas à mudança
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monitoramento dos preços dos bens importados, pela cobrança de direitos compensatórios
ou anti-dumping, por acordos de restrições “voluntárias” de preços entre exportadores e
importadores, etc.
lítica. Este caráter não é um privilégio das grandes nações em sua política de potência
nacional, inobstante ser um expediente de uso regular nas relações internacionais quer
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seu apoio à nova instituição, esta não será capaz de desempenhar satisfatoriamente seu
papel (veja capítulo sobre o Brasil no livro texto).
Por este ângulo, não parece surpreendente que, mesmo com o Gatt o neoprotecionismo
tenha crescido tanto e faça parte tão solidamente das relações internacionais, a ponto de
Por que motivo o movimento na direção de um clima comercial mais liberal foi interrompido?
Seria o novo surto de protecionismo uma reação temporária à crise atual ou o início de uma
nova tendência provocada pela falta de fé num sistema comercial aberto?
E respondia:
O perigo maior advém do fato que, se assim é (segunda hipótese), o efeito influência
se de Cenários.
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QUADRO SINÓPTICO:
UNCTAD
TIPOS ESPECIFICAÇÃO
1. Medidas Para-tarifárias
depósitos de importação
tarifas sazonais
quotas tarifárias
tarifas diferenciadas
2. Medidas de Restrição Quantitativas
quotas
quotas por países
quotas sazonais
autorização condicionada de importação
proibições totais ou condicionadas
acordos voluntários de exportação
3 . Medidas de Controle de Preços
fixação de preços mínimos
monitoramento de preços das importações
direitos compensatórios (antidumping)
acordos de restrições voluntárias
4 . Exigências Aplicáveis a
Importações Específicas
formalidades alfandegárias
padrões: saúde, segurança, qualidade, etc.
5 . Medidas Internas
impostos discriminatórios sobre consumo
subsídio à produção doméstica
facilidades creditícias
concessões tributárias
compras governamentais preferenciais
Fonte: Reproduzido de Batista Jr. P. N. & Lima, M. P. S. N. Protecionismo dos países industria-
lizados e suas implicações para a América Latina. In: Revista Indústria e Produtividade, R. J.,
22 (251): 34-42, Março/90.
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SÍNTESE DA UNIDADE 1
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Unidade 2
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nal doméstico, levam para o setor externo a existência de desacordos e litígios, dos quais
Para refletir:
Parece ser claro para todos nós que a queda do muro de Berlim, o
Há aqueles que tratam o conjunto de estados no planeta Terra como sendo uma socieda-
de internacional, ou seja, um lugar onde existem diversos atores com suas respectivas res-
ponsabilidades para consigo próprio e para com todos os demais. Outros tratam este mesmo
conjunto como uma comunidade internacional, enfatizando, com isso, que haja um inte-
resse comum e uma certa convergência de ações por parte de cada um para a consecução
deste objetivo.
Para refletir:
nisto?
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Seção 2.2
O fato de dizermos que a sociedade internacional é composta por atores e que estes
Exercícios:
Cite cinco empresas transnacionais que você conhece e diga seu país de origem
(sua nacionalidade).
A descrição pormenorizada do que se entende por estado nacional, seus tipos, seus
objetivos e suas funções não constitui parte de nosso interesse neste componente curricular.
Aqui, nós iremos nos ater nos outros dois elementos da sociedade internacional, quais
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Seção 2.3
As organizações internacionais
São também conhecidas por organismos internacionais. Por mais óbvio que pareça, a
definição de uma organização internacional engloba dois aspectos:
É a partir desta gênese que se pode entender a atual sociedade internacional no to-
cante às organizações internacionais. O comércio precisa de estabilidade, ou seja, de proce-
dimentos duradouros quanto ao valor das moedas nacionais umas em relação às outras
(taxa de câmbio) e, portanto, de estabilidade de preços (ausência de inflação) bem como de
comportamentos determinados por regras de modo a reduzir o grau de incerteza não só dos
estados mas de todo o sistema.
Para isto, foi desenhada uma estrutura em que, segundo os princípios da economia,
surgiria esta maior estabilidade e previsibilidade: uma rede interligada de organizações, li-
gadas entre si de maneira horizontal mas toda ela vinculada a uma organização guarda-
chuva.
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Outra, por sua vez, trataria dos interesses dos países quanto ao desenvolvimento de
seu bem-estar...
Exercícios:
2 – Qual a impressão pessoal que você tinha destes organismos antes de estudá-los?
3 – Será que muitas pessoas não têm uma opinião negativa sobre estas organizações
porque percebem que elas foram desviadas de suas funções originais e usadas como
Seção 2.4
As Empresas Transnacionais
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Empresas Estadunidenses
Existem ETNs em todos os setores, industriais, comerciais,
São empresas dos EUA, uma
vez que o termo “americanas” bancárias, seguradoras, de informação, de publicidade e outras.
está incorreto.
e vias férreas.
Por fim, uma terceira fase pode ser detectada, com uma gran-
de diversidade de atividades – em especial o setor de serviços, por
estratosféricos...
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Exercícios:
Seção 2.5
Agora é preciso saber, também, como chegamos até aqui. Para tanto, pode-se adotar
Embora seja razoavelmente claro que as cidades-estado da era clássica grega negocias-
sem entre si e com outras áreas geográficas, percebe-se também que estas entidades e as
circunjacentes foram absorvidas pelos impérios persa e romano. Tais impérios não eram so-
mentação do império romano. O ano de 1492 é significativo pela expulsão árabe da penín-
sula ibérica e o contato com os demais continentes através das grande navegações;
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européia-americana, no sentido de relação com os Estados Unidos e, mais tarde, uma socie-
das Nações.
Assim, a partir do comércio da Europa com a Ásia em uma primeira fase, segue-se
outra, com as grandes rotas do comércio nas Cruzadas e Grandes Navegações. A época dos
entre 1880 e 1940, da transição ao bilateralismo. Comércio com intervenção ativa nas taxas
de câmbio por parte dos estados nacionais bem como nos fluxos de comércio (protecionismo).
regionalização.
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DICA:
existência de uma recente estrutura bi-polar de poder, ou seja, o contexto da guerra fria
alinhados ideologicamente de maneira inflexível com estes dois pólos – mas na prática, de
difícil neutralidade – e a atual formação multipolar, na qual o poder mundial está dividido
mentais em nível internacional, como os governos nacionais o fazem em seu âmbito domés-
Para refletir:
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SÍNTESE DA UNIDADE 2
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Unidade 3
Comércio Exterior
A partir deste momento, passamos para uma nova fase em nosso componente curricular
Comércio Internacional.
Seção 3.1
nistração e Economia. Mas todas elas devem tratar o básico: levar em consideração os cus-
tos de produção (custos fixos, variáveis e totais), as potenciais receitas auferidas (quantida-
de vendida multiplicada pelo preço praticado) e, também, através destes, a margem. Assim,
percebe-se que além daqueles itens de domínio da empresa, estão envolvidas variáveis que
Para o mercado externo, os cuidados devem ser redobrados, pois trata-se de um ambien-
te diverso e mais complexo do que o contexto doméstico. Por isto, recomenda-se sempre um
Para refletir:
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do produto.
Para uma empresa nova no mercado, as exigências são ainda maiores, pois uma vez
que vai competir com firmas já estabelecidas, cujos produtos já são aceitos, a estreante no
comércio exterior deve apresentar, além do preço atrativo, também uma qualidade compatí-
vel com as exigências do mercado. Compatível, aqui, significa a mesma qualidade dos ou-
tros concorrentes ou uma qualidade maior. Tudo isto, cuidando do preço...
Por isto, a primeira observação, para a formação do preço a ser praticado no comércio
exterior é – além dos custos de produção, é claro – uma verificação rigorosa de todos os
Para refletir:
do Brasil (Proex) nas modalidades Proex Financiamento, Proex Equalização bem como
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Uma segunda observação envolve os demais custos que normalmente são diferentes
daqueles praticados para o mercado doméstico, tais como os relativos ao transporte, despe-
sas com embalagens específicas para exportação, fretes e seguros, além de custos novos, tais
como despesas portuárias, despesas com despachantes e também com assessoria especializa-
da em comércio exterior.
Já imaginou:
Por isto, além de ler os contratos, é preciso também conhecer os termos ali usa-
exterior;
• E também que a empresa vai praticar preços diferenciados para os mercados interno e
– (DESP. D)
+ (DESP. E)
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Aqui abreviamos por despesas D aquelas despesas que normalmente existem na for-
mação de preço doméstico mas que não existem para o mercado externo. São exemplos as
isenções fiscais de vários tipos (este assunto será tratado mais tarde), mas também a comis-
Quanto às despesas E, aqui estão agrupadas aquelas que não estão presentes na
composi ção do preço doméstico, mas que integram o preço no me rcado inte rnacional,
tais como, por exe mplo entre outros, gastos com embalage ns para exportação, despe-
sas com transporte e comissão de agentes no exte ri or (para maiores de talhes, veja:
Incoterms).
Seção 3.2
ou seja, algumas moedas nacionais com trânsito livre nas transações comerciais por todos
Devemos lembrar que as moedas nacionais têm trânsito livre e curso forçado somente
dentro de seus respectivos territórios e que, na sociedade formada por estados nacionais
autônomos e soberanos, não existe um governo que obrigue todos os países a aceitarem uns
as moedas dos outros. Deve haver aceitação comum, pactuada, ou seja, acordada.
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Lembre-se:
Mas as moedas internacionais não têm curso forçado e poder liberatório dentro dos
territórios dos outros países, ou seja, não têm trânsito livre, exceto em seus próprios países,
Veja a diferença:
• As moedas nacionais têm trânsito livre dentro de seus próprios países, mas não são
aceitas internacionalmente;
• As divisas são aceitas internacionalmente, mas não têm trânsito interno livre.
Por isto, todos os pagamentos internacionais acabam sendo centralizados pelos Ban-
cos Centrais dos Países.
Funciona assim:
Já o importador, paga ao Banco Central de seu país em moeda nacional (que é tudo
que ele pode ter) através da rede bancária ao Banco Central que guarda estas moedas e
paga ao Banco Central do país exportador em divisas (mais informações sobre este assunto
você verá, no próximo componente curricular, Globalização e Análise de Cenários).
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• Pagamento antecipado
É uma forma que não oferece grande risco ao importador somente quanto há confian-
ça justificada entre os parceiros. E se a mercadoria não for embarcada? E se chegar ao
Pelo grau de confiança exigido, pode ser utilizada nas negociações entre matriz e
devem ser fornecidas à agência do sistema bancário pela questão de contratação de câmbio
da moeda estrangeira.
• Cobrança documentária
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câmbio. O banco remetente encaminha por carta-cobrança esta cambial ao banco cobra-
dor, no país do importador, que faz chegar nas mãos do importador mediante aceite do
• Carta de Crédito
Forma de pagamento internacional regida pela Brochura 500 (UCP 500) das Regras e
Usos Uniformes sobre Créditos Documentários da Câmara de Comércio Internacional.
O importador solicita a um banco (banco emissor) em seu país que emita a Carta de
Crédito. Este documento representa um compromisso de pagamento do banco ao exporta-
dor da mercadoria e nele são especificados os dados da transação, dentre os quais estão,
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entre outros: valor, beneficiário, documentação exigida, prazo, portos de destino e de em-
por aceite de letra de câmbio, por diferimento a uma data especificada ou por negociação da
A Carta de Crédito é em geral de caráter irrevogável, exceto quando dela constar ex-
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Seção 3.3
cio internacional. Eis uma lista com alguns dos principais órgãos:
comérci o e xterior visando uma inserção competitiva do Brasil no comércio i nte rna-
cional.
e-mail: camex@mdic.gov.br
Site: http://www.mdic.gov.br/comext/camex/camex.htm
Site: http://www.mre.gov.br
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Site: http://www.mdic.gov.br/comext/default.html
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BNDES
Site: http://www.bndes.gov.br
BACEN
Site: http://www.bacen.gov.br
e-mail: expedito@receita.fazenda.gov.br
Site: http://www.receita.fazenda.gov.br
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Capilaridade
• Banco do Brasil (BB): É o agente financeiro do Brasil.
Capilaridade é a inserção da
empresa no mercado. Disponibiliza ao exportador um Programa de Financiamento
Equalização).
Banco do Brasil S. A.
http://www.governo-e.com.br/proex
Site: http://www.mc.gov.br
Site: http://www.correios.com.br
MAA
http://www.agricultura.gov.br
http://www.agricultura.gov.br/spc/index.htm
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tamentos
Edifício CNC
e-mail: apex@apexbrasil.com.br
Site: http://www.apexbrasil.com.br
– Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae): Trata-se de uma socie-
dade civil sem fins lucrativos que atua no apoio ao desenvolvimento da atividade empre-
sarial de micro e pequeno porte para o fomento e difusão de programas e projetos que
visam à promoção e o fortalecimento das micro e pequenas empresas e, para o caso aqui
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Sebrae – SEPN
e-mail: webmaster@sebrae.com.br
SBCE
e-mail: sbce@sbce.com.br
Site: http://www.sbce.com.br
Site: http://www.cni.org.br
dos com comércio exterior brasileiro, propor soluções e aperfeiçoar o sistema de crédito e
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AEB
Site: http://www.aeb.org.br
Funcex
Site: http://www.funcex.com.br
Site: http://www.cni.org.br/federacoes.htm
– Câmaras de Comércio: Objetivam estimular o comércio bilateral entre países. Têm como
associados pessoas físicas e jurídicas dos países que representam.
e-mail: camex@mdic.gov.br
Site: http://www.mdic.gov.br/comext/camex/camex.html
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www.sedai.rs.gov.br.
no conjunto de ações que servem de estrutura na qual a empresa se apóia para otimizar
pessoas daquela localidade que a empresa pretende satisfazer, oferecendo seu produto.
dade. Como elas preferem ter a necessidade satisfeita do que manter seu dinheiro consigo,
se desfaz do produto...
Pense nisto:
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Porém, para além da utilidade do produto – aqui, no sentido econômico de ser a qua-
lidade de poder satisfazer uma necessidade específica – o consumidor também elege o pro-
duto que vai comprar, baseado em outros critérios, em gostos e preferências: cor, estilo, idéia
observação por parte da empresa que atua no mercado exterior. A distância física e as dis-
tâncias relativas – culturas diferentes, exigências legais distintas, perfis políticos diferencia-
dos, tempo decorrido entre a ação e a reação da outra parte... – tudo isto faz com que a
Assim, os dados devem ser claros e completos, em inglês e na língua nacional do im-
portador. Fotos e ilustrações devem, além de bem cuidadas visualmente, também transmitir
a idéia exata do produto, como cor, tamanho e outras características como robustez ou
região, mas em geral, alguns dados são comuns em todos os negócios: referências bancárias,
publicidade e a propaganda. Para isso, o exportador deve cuidar que os materiais de divul-
Porém, uma variável em geral não é muito lembrada: o trajeto que o produto vai
relativas.
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• Financial Times.
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do doméstico. Desta forma, não basta competir dentro do mercado nacional somente. O
aquelas firmas que reúnem condições para tal, este é um processo que deve ser conduzido
Deve-se considerar, em primeiro lugar, que o ambiente no qual a empresa vai atuar é
significativamente diferente do que lhe é habitual. Países diferentes podem ter idiomas dife-
rentes e, com certeza, hábitos e culturas também diferentes. Isto implica em regras, leis,
veis que não são formalizadas e que, nem por isso, deixam de ser importantes. Por exemplo,
Por isso, para uma empresa ser uma exportadora ativa, por exemplo, é preciso que
adote uma postura firme e busque uma estratégia consistente, inclusive, modificando o
produto se isto for necessário a uma melhor inserção nos mercados internacionais. Isto
independe se vai trabalhar com exportação direta, ou seja, um contrato entre o exporta-
venda a uma empresa dentro do Brasil que se encarrega de revender o produto para o
etc.).
Em outras palavras, exportar não é uma atividade para ser aproveitada por flutuações,
ou seja, quando o mercado doméstico está em baixa, ou quando surgiu uma oportunidade
em um mercado exterior. Não. Exportar deve estar dentro dos horizontes de longo prazo das
empresas!
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Como exportar é uma atividade estratégica de longo prazo, a firma que se internacio-
naliza deve cuidar para que o abastecimento dos pedidos de fora do país sejam feitos com
regularidade e qualidade. Lembre-se: a competição é com o mundo todo. E todos querem
sua fatia de mercado. Por isso, uma parcela da produção deve ser sistematicamente destina-
da ao comércio internacional e não somente aquilo que sobra do comércio interno.
O mercado mundial, assim como qualquer outro mercado, comporta mostras e feiras.
Por outro lado, as missões empresariais ou comerciais são uma forma oficial de promo-
ver a aproximação entre mercados potenciais, com foco específico e colaboração ativa de
governos e empreendedores. Para tanto, as firmas, de preferência, são representadas por
entidades de classe tais como federações ou confederações. Mas também podem ser repre-
56
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL
res para possíveis mercados potenciais, bem como para a participação em feiras comerciais,
DPR cuida de projetos de promoção de exportações, apresentados por entidades sem fins
lucrativos, que contemplem ações de desenvolvimento quanto aos produtos a serem expor-
tados.
Para este assunto de aproximação de mercados, para nós gaúchos, existe em nosso
reço é:
www.sedai.rs.gov.br.
RS, cujo objetivo é justamente a inserção das empresas gaúchas no comércio exterior.
Conforme pode ser visto na internet, a Sedai realiza seus objetivos “Através da
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C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL
Seção 3.4
3.4.1 – SISCOMEX
Entende-se pela sigla Siscomex o Sistema Integrado de Comércio Exterior. Criado pelo
Decreto número 660 (25/set/1992), trata-se de um sistema informatizado que integra on line
o registro, o acompanhamento e o controle do comércio exterior do Brasil através da Secex,
SRF e Bacen.
analisadas on line pelos gestores do sistema e pelas próprias empresas diretamente ou por
58
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL
Para as empresas que atuam com vínculos produtivos nos dois sentidos do comércio
compromissos de exportação.
de seus produtos de exportação, bem como também partes, peças, dispositivos, que são in-
Modalidades de Drawback:
DRAWBACK SUSPENSÃO
DRAWBACK ISENÇÃO
DRAWBACK RESTITUIÇÃO
O exportador solicita a restituição dos encargos tributários pagos com relação aos
pensão do IPI.
59
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL
3.4.2 – NBM/NCM/NALADI
Vamos a elas.
a mesma estrutura da NCS, pois lhe serviu de base – lembre-se a Aladi é anterior ao Mercosul
e, por sua vez, o Mercosul é um acordo no âmbito da Aladi – e têm em comum os seis
primeiros dígitos.
60
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL
3.4.3 – INCOTERMS
entre as partes. No entanto as duas partes precisam expressar de modo claro sua opção em
concordar com o seu uso, ou seja, não é um procedimento “automático”.
seja, o instante a partir do qual o compromisso de entregar a mercadoria pode ser aceito
como cumprido.
Observação:
lecimento do exportador.
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C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL
5. CFR – Cost and Freight: o exportador deve entregar a mercadoria no porto de destino
6. CIF – Cost, Insurance and Freight: modalidade equivalente ao CFR, com a diferença de
7. CPT – Carriage Paid to...: como o CFR, esta condição estipula que o exportador deverá
destino designado.
8. CIP – Carriage and Insurance Paid to...: adota princípio semelhante ao CPT. O exportador, além
de pagar as despesas de embarque da mercadoria e do frete até o local de destino, também arca
10. DES – Delivered Ex Ship: modalidade utilizada somente para transporte marítimo ou
11. DEQ – Delivered Ex Quay: o exportador deve colocar a mercadoria, não desembaraçada
12. DDU – Delivered Duty Unpaid: o exportador deve colocar a mercadoria à disposição do
13. DDP – Delivered Duty Paid: o exportador assume o compromisso de entregar a mercado-
ria, desembaraçada para importação, no local designado pelo importador, pagando todas
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C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL
Note que para contratos de navegação, até mesmo se não for responsável pelo paga-
mento do frete, cabe ao exportador sua contratação. Por isto deve atentar também para as
• Liner Terms ou Berth Terms ou FFA (Free From Alongside – Livre Junto ao Costado do
barque. Cabe ao exportador colocar a mercadoria livre junto ao costado do navio. Esta
modalidade é também conhecida pela sigla);
• FIO (Free In and Out – Livre de Entrada e Saída de Bordo) e suas variantes FIOS (Free In
Out and Stowed – Livre de Entrada, Saída e Arrumação) e FIOST (Free In Out Stowed
• FI (Free In – Livre de Entrada a Bordo) e suas variantes FIS (Free In and Stowed – Livre de
Entrada e Arrumação), FILO (Free In Liner Out – Livre de Entrada e Responsável pela
Saída) e FISLO (Free In Stowed Liner Out – Livre de Entrada e Arrumação e Responsável
e estiva. Cabe ao armador a responsabilidade pelo pagamento das despesas com o desem-
barque.
• FO (Free Out – Livre de Saída de Bordo) ou LIFO (Liner In Free Out): Ao exportador cabe
apenas o pagamento das despesas relativas ao desembarque. Os gastos de embarque e
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C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL
DICA:
Primeiro Grupo
Segundo Grupo
Terceiro Grupo
Quarto Grupo
SÍNTESE DA UNIDADE 3
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C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL
Unidade 4
Tópicos Especiais
Seção 4.1
Normas e Técnicas
Antes de nos aprofundarmos mais um pouco no aspecto técnico, vamos fazer uma
pausa e pensar em um outro aspecto importantíssimo do comércio exterior: a taxa de troca
Exercícios:
Um regime aduaneiro é um conjunto de normas jurídicas que regula, por meio admi-
tram e saem em seus diferentes regimes do território de um país. Ou seja, tem como objetivo
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C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL
era colonial. Em 1832, foi editado o primeiro Regulamento das Alfândegas que, posterior-
mente, em 1885, foi transformado na Nova Consolidação das Leis das Alfândegas, que vigo-
rou até 1966. Então, com o Decreto-Lei nº 37/66, passou a vigorar o novo Regulamento
Aduaneiro brasileiro.
do Ministério da Fazenda.
Assim, um regime aduaneiro se refere a como estão organizadas as regras para trânsi-
to nas fronteiras dos países. Isto acontece porque, em geral, o trânsito de fatores de produ-
ção, pessoas, produtos e valores no interior de seu território é livre, mas o mesmo não ocorre
Assim, para uma mercadoria entrar no território nacional de um país, deve sujeitar-se
de igual importância. Isto vale para todos os países e, logo, tanto o trânsito de entrada como
neiro – Coana, a qual compete planejar, coordenar, orientar, supervisionar, controlar e ava-
liar as atividades relativas ao comércio exterior, no âmbito das atribuições da Secretaria da
coordenações:
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C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL
3. Operacional – Coope
4.1.2 – ALADI
As normas técnicas que regem o comércio exterior no âmbito da Aladi são classifica-
67
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL
f) medidas que surtem efeito principalmente através dos custos e dos preços:
h) outras medidas:
a segurança nacional.
Seção 4.2
Exportação
Como se pode facilmente notar a esta altura do curso, o comércio exterior é uma rela-
plexidade envolvida, as regras são formais, muito embora as regras informais sejam impor-
tante suporte para a realização dos negócios. Assim, o aspecto jurídico é uma das interfaces
mais importantes do comércio internacional pois a possibilidade da existência de controvér-
Como as instituições servem para aumentar o grau de previsibilidade das ações e redu-
zir o grau de incerteza nas relações sociais, quem atua em comércio exterior deve prestar
Em uma operação de comércio exterior, por exemplo, diversos documentos são neces-
sários. Isto significa que exportar não é só produzir a mercadoria e importar não é só pagar.
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C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL
Papéis
Para a exportação, os documentos exigidos podem ser divi-
Importante: Nos casos de
didos em: envio de mercadorias para o
exterior para exposição em
feiras ou por venda em
Documentos relativos ao agente exportador consignação estamos diante de
Exportações Temporárias. Para
tais modalidades, existe
Inscrição no REI – Registro de Exportadores e Importado- legislação específica. Para
exibição no exterior, o exporta-
res da Secex/MDIC dor temporário deve compro-
var o retorno da mercadoria ou
o ingresso do pagamento em
Documentos relativos ao Contrato de Exportação moeda estrangeira em até 180
dias a contar da data de
embarque. Para as exportações
Fatura Pró-Forma; temporárias para venda por
consignação, o mesmo prazo é
concedido, mas é prorrogável
Carta de Crédito ou borderô (cobrança documentária);
por igual período. Até a
expiração do prazo a empresa
Letra de Câmbio; exportadora deve liquidar a
cambial. Caso isto não ocorra,
Contrato de Câmbio. em um prazo de 60 dias a
partir do fim do prazo, a
empresa deve comprovar o
Documentos relativos à mercadoria retorno da mercadoria.
Registro de Venda;
Nota Fiscal;
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C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL
a) Simplex
A Simplex pode ser aplicada a quaisquer exportações (salvo aquelas com controle
governamental) de valores até US$ 10.000 (dez mil dólares) já incluídas neste valor as
despesas relativas a Incoterm acordada e podem ser pagas com cartão de crédito interna-
cional.
155 (22/dez/99).
em DSE podem ser pagas por cartão de crédito internacional ou por Boleto de Compra de
Moeda Estrangeira e não devem ultrapassar o valor de US$ 10.000 (dez mil dólares).
Seção 4.3
Uma preferência tarifária é uma concessão que um país pode obter ao exportar para
um mercado exterior obtendo uma tarifa de importação neste outro país menor do que a
70
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL
Esta fórmula indica que quanto menor a tarifa acordada, maior será a preferência
outorgada. Assim, se a tarifa acordada é nula (zero), a preferência é integral, ou seja, 100%.
O mecanismo para evitar a triangulação de produtos (um país fora das especificações
auferir os benefícios ao exportar produtos para um país privilegiado pelas condições do SGP)
primento das exigências dos requisitos de origem e é importante, sobretudo, para habilitar
ao privilégio, produtos de exportação fabricados com componentes (partes) ou insumos não
cado de origem. Por exemplo, os Estados Unidos e outros países adotam como regra básica
produto final. Para o caso estadunidense, a regra é que a soma do valor dos componentes
inteiramente produzidos no país beneficiário e dos custos diretos das operações de
processamento do produto não seja inferior a 35% do preço “ex-fabrica“, isto é, “saído da
fábrica”.
71
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL
Banco do Brasil
Comércio Exterior
Acordo comercial firmado em 1988 mas em vigor no Brasil desde 1991. Neste, quaren-
Brasil, Camarões, Catar, Chile, Cingapura, Colômbia, Cuba, Egito, Equador, Filipinas, Gana,
Guiana, Guiné, Haiti, Índia, Indonésia, Irã, Iraque, Iugoslávia, Líbia, Malásia, Marrocos,
ca Popular Democrática da Coréia, Tanzânia, Romênia, Sri Lanka, Sudão, Tailândia, Trinidad-
Pelo SGPC os exportadores dos países signatários podem obter vantagens por intermé-
dio de margem de preferência à tarifa do país importador. Mas é preciso que sejam satisfeitas
algumas exigências: o produto exportado deve constar da lista de concessões do país impor-
tador; que sejam satisfeitas as Regras de Origem e que o exportador possua Certificado de
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C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL
Seção 4.4
Certificado de Origem
dólares (CIF ou FOB), e sua participação no preço FOB; valor dos insumos importados em
dólares (CIF ou FOB) e sua participação no preço FOB; descrição do processo produtivo, e
Emitido pelas agências do Banco do Brasil que operam com comércio exterior (Form A).
73
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL
Seção 4.5
CÂMBIO
Já vimos o que é e de que forma a taxa de câmbio influencia as relações comerciais. Agora
precisamos saber um pouco mais sobre a prática da questão cambial no comércio exterior.
a) Contrato de Câmbio
Como visto, o exportador vende sua mercadoria em divisas, mas recebe em reais, a
unidade monetária nacional. Assim, é como se ele vendesse suas moedas internacionais
• a corretora de câmbio (caso seja requerida pelo vendedor da moeda estrangeira, mas eleva
• nome do exportador;
• valor da operação;
• nome do importador;
• condições de financiamento.
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C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL
b) Fechamento do câmbio
Em operações de exportação com prazos não superiores a 180 dias, o exportador deve
realizar a operação com moeda estrangeira no sistema bancário com uma agência autoriza-
ção cambial. Seu instrumento oficial é o formulário Bacen – Tipo 01 do Sistema de Informa-
O Fechamento do Câmbio na exportação pode ser efetuado até 180 dias antes do
embarque da mercadoria, ou até 180 dias após o seu embarque. A data de embarque é
• trocar o montante de moeda estrangeira com a agência bancária eleita para o negócio, a
• entregar os documentos que comprovam a exportação, em data fixada cujo limite máximo
do Banco Central. Caso sejam solicitados pelo importador outros documentos, estes de-
• liquidar o câmbio em uma determinada data referenciada pela entrada efetiva da moeda
estrangeira.
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C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL
Prorrogação permitida
c) Liquidação do Câmbio
O exportador deve solicitar a
prorrogação antes do venci-
A liquidação do câmbio é a efetiva entrega da moeda estrangei-
mento do prazo original; a data
da liquidação do Contrato de ra ao banco que fez o fechamento de câmbio. Este banco é o respon-
Câmbio, desde que não
ultrapasse o total de 180 dias
sável pelo pagamento ao exportador em moeda nacional. A troca é
contados da data de embar- feita pela taxa de câmbio especificada no Fechamento de Câmbio.
que. Para obter esta prorroga-
ção, o exportador deverá obter
a concordância do importador A Liquidação do Câmbio pode ocorrer por:
em pagar os juros correspon-
dentes ao prazo adicional, e • entrega dos documentos comprobatórios da exportação ao banco,
substituir a letra de câmbio
anterior por uma nova, que nas operações amparadas por Carta de Crédito. A entrega dos do-
inclua os juros citados.
cumentos é considerada equivalente à entrega de moeda estrangei-
ra. O banco deverá liquidar o câmbio no prazo máximo de 10 dias,
a contar da data de entrega dos documentos pelo exportador.
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C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL
Cancelamento
e) Cancelamento do Contrato de Câmbio
do Contrato de Câmbio
O cancelamento de um
O Contrato de Câmbio pode ser cancelado dentro dos se- Contrato de Câmbio, após o
guintes prazos: envio da mercadoria ao
exterior, exige, assim, que o
exportador tome todas as
– a mercadoria não foi embarcada: até 20 dias, contados do ven- providências para obter o
pagamento, mantenha as
cimento do prazo para a entrega dos documentos. O exporta-
autoridades monetárias
dor deverá arcar com os encargos financeiros, pagamento do informadas do andamento do
processo de ressarcimento e
Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), se recebeu a an- providencie a venda da
tecipação, e outras despesas. moeda estrangeira ao banco
autorizado, caso obtenha o
pagamento.
A operação de câmbio sendo efetivada como contra-parte
da exportação, somente tem sentido de realmente acontecer a
transação comercial. A parte de câmbio refere-se ao pagamento
da compra de mercadoria. Então, se o envio da mercadoria não
ocorre, não há porque existir o pagamento. No entanto, as des-
pesas financeiras e administrativas relativas ao pagamento exis-
tem. Elas são responsabilidade do exportador.
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C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL
Seção 4.6
Tratamento Tributário
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C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL
deve contabilizar o valor do IPI como débito, no registro fiscal. Assim, a diferença entre o
crédito e o débito é o montante de IPI que o fabricante deverá recolher, dado pelo saldo no
registro fiscal.
com alíquota uniforme, salvo algumas exceções, e também incidente sobre o valor adiciona-
Este tratamento tributário diferenciado pode ser obtido nos dois tipos de exportações,
Exportação direta
ICMS. É permitida também a manutenção dos créditos fiscais incidentes sobre os insumos
tros Estados.
Exportação indireta
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C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL
Seção 4.7
O exportador deve estar sempre atento à legislação de sua atividade no comércio exte-
rior. O suporte legal é sempre muito dinâmico e a rapidez das mudanças das regras deve ser
acompanhada com igual velocidade na adaptação do exportador. Somente assim consegue
– Siscomex.
– A Portaria número 2 foi alterada por Portarias posteriores da SECEX, dentre as quais
cabe relacionar:
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C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL
– Portaria Secex número 3, de 19 de maio de 1999: altera Portaria que trata de normas
administrativas das exportações.
– Portaria Secex número 5, de 10 de junho de 1999: altera Portaria 2/92: cria grupo de
trabalho que tratará das matérias relativas ao comércio internacional de mercadorias
e de serviços e temas afins.
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C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL
– Siscomex
– Camex
– Apex
– Despacho Aduaneiro
– Tratamento Tributário
Artigo 153, parágrafo 3º, inciso III, da Constituição Federal: isenta do IPI os produtos
industrializados destinados ao exterior;
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C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL
Artigo 155, parágrafo 2º, inciso X, alínea “a“, da Constituição Federal: determina que
o imposto não incidirá sobre operações que destinem ao exterior produtos industriali-
zados;
– Drawback
Lei número 8.402, de 8 de janeiro de 1992: dispõe sobre o regime especial para com-
pras internas, com fim exclusivo de exportação;
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C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL
Ato Declaratório SRF número 39, de 28 de novembro de 1995: dispõe sobre a contri-
buição para o PIS/Pasep;
Lei Complementar número 70, de 30 de dezembro de 1991: cria a Cofins e isenta desse
encargo a receita proveniente da exportação de bens e serviços;
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C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL
– Operações Cambiais
Consolidação das Normas Cambiais (CNC), capítulo 5 – Exportação. Banco Central do Brasil;
– Financiamento à Exportação
BNDES-Exim
Proex Lei número 8.187, de primeiro de junho de 1991: autoriza a concessão de finan-
ciamento à exportação de bens e serviços nacionais;
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C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL
Portaria MICT número 146, de 28 de dezembro de 1998: dispõe sobre os itens financiáveis
na modalidade Proex-Equalização;
Seção 4.8
Consórcios Internacionais
belecem uma divisão de trabalho entre elas e formam uma entidade jurídica de fórum inter-
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mas pertencente ao consórcio. Os consórcios podem ser também de país ou área comercial.
Neste tipo de consórcio, as empresas têm por objetivo a ligação comercial com determinado
território e, por conseguinte, pode reunir tanto a atividade de Vendas como de promoção de
exportações e constitui r-se monosse torialme nte (empresas de um mesmo se tor) ou
ou não).
SÍNTESE DA UNIDADE 4
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À Guisa de Conclusão
Por fim, estudamos alguns aspectos com os quais as empresas se deparam quando
atuam em um mercado tão amplo, sujeito a tantas regras. Regras estas que, não podemos
esquecer, servem justamente para reduzir a incerteza e os riscos em transações tão impor-
tantes.
Mas isto tudo é somente o começo. O mundo é muito mais vasto. Portanto, de posse
Boa Sorte!
Boa Viagem!
Os autores
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