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C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUÍ


VICE-REITORIA DE GRADUAÇÃO – VRG
COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – CEaD

Coleção Educação a Distância


Série Livro-Texto

José Dalmo de Souza


Dieter Rugard Siedenberg

COMÉRCIO
INTERNACIONAL

Ijuí, Rio Grande do Sul, Brasil


2008
1
 2008, Editora Unijuí C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL
Rua do Comércio, 1364
98700-000 - Ijuí - RS - Brasil
Fone: (0__55) 3332-0217
Fax: (0__55) 3332-0216
E-mail: editora@unijui.edu.br
www.editoraunijui.com.br
Editor: Gilmar Antonio Bedin
Editor-adjunto: Joel Corso
Capa: Elias Ricardo Schüssler
Designer Educacional: Jociane Dal Molin
Responsabilidade Editorial, Gráfica e Administrativa:
Editora Unijuí da Universidade Regional do Noroeste
do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí; Ijuí, RS, Brasil)

Catalogação na Publicação:
Biblioteca Universitária Mario Osorio Marques – Unijuí

S729c Souza, José Dalmo de.


Comércio internacional / José Dalmo de Souza, Dieter
Rugard Siedenberg. – Ijuí : Ed. Unijuí, 2008. – 90 p. –
(Coleção educação a distância. Série livro-texto).
ISBN 978-85-7429-682-1
1. Comércio internacional. 2. Relações internacionais.
3. Co m érc io exte rio r. I . S ied enb erg , D iete r Rug a rd
II.Título. III. Série.
CDU : 399
339.5

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Sumário

APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................5

CONHECENDO OS PROFESSORES .........................................................................................7

EMENTA ...........................................................................................................................................9

INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 11

UNIDADE 1 – O COMÉRCIO INTERNACIONAL ................................................................. 13


Seção 1.1 – Um Pouco de Quase Tudo (até ideologia, menos economia pura) .................. 13
Seção 1.2 – Um Pouco de Teoria... ............................................................................................. 17
Seção 1.3 – Complicômetros do Comércio Internacional... .................................................... 20

UNIDADE 2 – AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS ............................................................... 27


Seção 2.1 – Fundamentos de Relações Internacionais ........................................................... 27
Seção 2.2 – Estrutura das Relações Internacionais ................................................................ 29
Seção 2.3 – As Organizações Internacionais ........................................................................... 30
Seção 2.4 – As Empresas Transnacionais .................................................................................. 31
Seção 2.5 – Cronologia das Relações Internacionais .............................................................. 33
2.5.1 – Uma Perspectiva Histórica e Geográfica ................................................. 33
2.5.2 – Uma Perspectiva Econômica .................................................................... 34
2.5.3 – Uma Perspectiva Política ........................................................................... 35
2.5.4 – Uma Perspectiva Jurídica .......................................................................... 35

UNIDADE 3 – COMÉRCIO EXTERIOR................................................................................... 37


Seção 3.1 – Formação de Preços no Comércio Exterior .......................................................... 37
Seção 3.2 – Meios de Pagamentos no Comércio Exterior ...................................................... 40
Seção 3.3 – Informação, Marketing e Pesquisa de Mercado ................................................. 45
3.3.1 – Informações Comerciais............................................................................. 45
3.3.2 – Marketing Internacional ........................................................................... 52

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3.3.3 – Pesquisa de Mercado ..................................................................................54


3.3.4 – Internacionalização da Empresa ..............................................................54
3.3.4 – Feiras Internacionais e Missões Empresariais ........................................56
Seção 3.4 – Outros Aspectos Operacionais ...............................................................................58
3.4.1 – Siscomex .......................................................................................................58
3.4.2 – NBM/NCM/Naladi ......................................................................................60
3.4.3 – Incoterms ......................................................................................................61

UNIDADE 4 – TÓPICOS ESPECIAIS ........................................................................................65


Seção 4.1 – Normas e Técnicas ...................................................................................................65
4.1.1 – Sistema Aduaneiro Internacional e Brasileiro ........................................65
4.1.2 – Aladi ..............................................................................................................67
Seção 4.2 – Exportação ................................................................................................................68
4.2.1 – Para Exportações Simplificadas ................................................................70
Seção 4.3 – Para Obtenção de Preferências ...............................................................................70
4.3.1 – Sistema Geral de Preferências (SGP) ........................................................71
4.3.2 – Sistema Global de Preferências Comerciais (SGPC) ..............................72
Seção 4.4 – Certificado de Origem ..............................................................................................73
Seção 4.5 – Câmbio .......................................................................................................................74
Seção 4.6 – Tratamento Tributário ..............................................................................................78
Seção 4.7 – Comércio Exterior: legislação básica .....................................................................80
Seção 4.8 – Consórcios Internacionais .......................................................................................86

À GUISA DE CONCLUSÃO .........................................................................................................89

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Apresentação

Nosso componente curricular se chama Comércio Internacional. Com ele, pretende-

mos que você, aluno, tenha uma noção abrangente e clara do que significa este importante
aspecto da vida econômica e, portanto, da vida tanto dos cidadãos quanto dos próprios

países.

Para cumprir tais objetivos, é necessário que alguns passos sejam seguidos. Por exem-

plo, alguns conhecimentos devem ser construídos – isso mesmo, construídos, pois você é

parte importante deste processo – antes de outros. Para ilustrar, podemos ver o seguinte

caso. O comércio é apenas uma das formas das relações internacionais. Embora nos dias de
hoje o comércio detenha a maior parte da atenção de todos os países e em torno do qual as

demais relações gravitam – diplomáticas, políticas ... – as relações comerciais não detiveram

sempre esta primazia. Durante a Guerra Fria, as relações estratégicas, apoiadas por relações

comerciais, davam o tom da conversa entre os países...

Interessante, não?

Por outro lado, como falar de empresas multinacionais, sem antes discutir o que é a tal

de “nacionalidade”, ou seja, o atributo do Estado Nacional?

Portanto, para um caminho fácil, tranqüilo e sem surpresas – isto em geral não é muito

bom quando se trata de ensino-aprendizagem – construiremos todo o conteúdo passo a


passo. E, ao final, voilá, eis que você armazenará uma “bagagem” de conhecimento!

Olhemos inicialmente nossa ementa.

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Conhecendo os Professores

José Dalmo de Souza

Nascido na capital do estado de São Paulo

e radicalizado gaúcho, reside em Ijuí desde 1995.

Economista formado pela Universi dade

Mackenzie, fez mestrado na área de Economia


no Programa de Pós-graduação em Integração da

América Latina da Universidade de São Paulo –

Prolam/USP com bolsa The Ryoichi Sasakawa

Young Leaders Fellowship Fund – Sylff.

Entre seus estudos, dedica-se à economia, mas apenas para


tentar entender como o mundo funciona. Já descobriu algumas

coisas, dentre elas, que no mundo não há somente coisas do mundo!

Casado com a Lucia com quem – além de compartilhar a foto

– namora há 23 anos, é pai do João Paulo (7 anos) e da Alice (5

anos), dois ijuienses e da Clarissa uma paulistana de... (não se

deve dizer a idade de uma dama, mas é verdade que tem mais ida-
de do que o rostinho de adolescente revela...).

É conhecido como um economista que fala coisas que se en-


tende e recebe isto como um elogio...

Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz;


no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo,
eu venci o mundo.
(João 16:23)

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Dieter Rugard Siedenberg

É natural de Ijuí (RS), onde cursou primário, ginásio e cientí-


fico. Quase cinquentão, portanto. Concluiu os cursos de Gradua-
ção em Administração de Empresas e Ciências Contábeis pela
Unijuí, ainda no milênio passado. Da mesma forma, realizou e
concluiu seu Mestrado em Planejamento Regional na Universida-
de de Karlsruhe (Alemanha), como bolsista do DAAD (Serviço Ale-
mão de Intercâmbio Acadêmico) entre 1987 e 1990.

Ingressou na carreira acadêmica em 1990, atuando como


docente no Departamento de Estudos da Administração (DEAd),
da Uni juí. Entre 1990 e 1995 também atuou numa equipe
multidisciplinar mantida por esta mesma instituição, dedicada à
elaboração de Planos Diretores de Desenvolvimento, bem como aos
estudos sobre o tema e assessoria de planejamento para o desen-
volvimento de municípios e regiões.

Em 1996 iniciou seu Doutorado na Universidade de Tübingen


(Alemanha), no Institut für Wirtschaftsgeographie, como bolsista
da Capes. Nesta etapa de sua qualificação debruçou-se sobre ques-
tões relacionadas ao desenvolvimento regional, concluindo seu
Doutorado em 2000.

Após seu regresso ao Brasil, retomou as atividades docentes


e de pesquisa no DEAd e, pouco tempo depois, passou a atuar
também como professor no Programa de Mestrado em Desenvolvi-
mento, mantido pela Unijuí, a partir de 2002. Concomitantemente
passou a atuar como docente do Programa de Mestrado e Douto-
rado em Desenvolvimento Regional, mantido pela UNISC, em Santa
Cruz do Sul (RS).

Desde então a sua vida acadêmica “entrou no tranco”. Es-


poradicamente presta assessoria ao Fórum dos Conselhos Regio-
nais de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul, uma vez que suas
pesquisas estão direcionadas a questões ligadas ao planejamento
e desenvolvimento regional, gestão pública, cidadania e temas
afins. Em função disto, possui alguns livros, capítulos de livros e
artigos, publicados, bem como trabalhos apresentados sobre estes
temas, participando ainda de grupos de pesquisa e orientando
graduandos, mestrandos e doutorandos sobre assuntos correlatos.

É descendente não-fanático de alemães (mas também, com


esse nome!), casado com Solange Siedenberg, professora, dois fi-
lhos (estoque humano reposto), todos gremistas. A sua ficha aca-
dêmica está no Lattes, atualizada por força das circunstâncias pro-
fissionais. E, se depois de tudo isso a curiosidade ainda não estiver
estancada, o negócio é perguntar diretamente...

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Ementa

Cronologia das Relações Internacionais. Fundamentos de Relações Internacionais.

Organismos Internacionais. Estrutura e órgãos reguladores. Barreiras do comércio interna-

cional. Normas e técnicas de exportação. Normas e técnicas de importação. Formação de


preços no comércio exterior. Sistema aduaneiro internacional e brasileiro. Incoterms. Meios

de pagamento no comércio exterior. Outros aspectos operacionais. Siscomex, NBM/NCM/

Naladi. Informação, marketing e pesquisa de mercado. Internacionalização da empresa.

Consórcios internacionais. Feiras internacionais. Missões empresariais.

Podemos perceber que nosso curso inicia, com um espectro bem amplo, de Relações
Internacionais e se aprofunda até o nível de termos usados em comércio exterior (incoterms),

bem como uma visão de como uma empresa pode fazer para internacionalizar-se. É uma

grande aventura, fascinante.

E você é nosso convidado de honra.

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Introdução

O comércio é a forma mais sofisticada que o ser humano desenvolveu para elevar a

satisfação das sociedades e dos indivíduos, depois do advento da produção. Isto significa
que, trocando mercadorias, o bem estar das comunidades e dos indivíduos pode elevar-se

para além daqueles patamares que poderiam ser atingidos somente pela própria produção.

É importante, neste sentido, entendermos como o comércio surgiu e como passou a ser

praticado entre os países. Para isto, precisamos de um pouco de história das relações interna-

cionais, pois as relações de comércio exterior são uma forma de relação internacional.

Depois, perceberemos que, conforme a sociedade internacional se estrutura e se

complexifica, o comércio adquire um valor ainda maior e passa a ser institucionalizado, ou

seja, passa a ser alvo de legislação por parte dos países que compõem o sistema mundial.

Mas surge uma pergunta: como fazer isso se não existe um Governo Mundial que tenha um

poder Executivo Mundial, um Legislativo Mundial e um poder Judiciário Mundial?

Viu como estudar comércio não é só estudar comércio, mas estudar todos os aspectos

interligados a ele? O ensino universitário é fascinante por causa disto. Pelas relações que

estabelece entre todas estas coisas importantes que se entrelaçam e formam o nosso dia-a-

dia.

Perceberemos, depois, que o comércio internacional forma um subsistema dentro do

sistema mundial e que, para participar dele, uma empresa situada em um país, deve, além de

observar alguns procedimentos, adotar uma postura de internacionalização.

Vamos, portanto, estudar tais procedimentos e, lógico, esta postura de empresa que se

internacionaliza.

Nesta nossa grande jornada, o livro texto do professor Dr. Argemiro Luís Brum será

nosso valioso guia. Portanto, tenha em mãos o seu exemplar de Economia Internacional:

uma síntese da Análise Teórica.

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Mas é claro que nosso curso não é a leitura do livro. Ele deve ser lido, consultado. E

um subsídio para nossas discussões. É um ponto de apoio. É uma âncora. O navio é nosso

curso...

Bons estudos!

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Unidade 1

O Comércio Internacional

Seção 1.1

Um Pouco de Quase Tudo (até ideologia, menos economia pura)

Neste curso, adotaremos o ponto de vista da Teoria Clássica do Comércio Internacio-


nal, ou seja, aproximadamente a idéia que quase todos temos e que foi aprendida (e é ainda

ensinada) nas escolas durante a fase de aprendizado para se chegar à graduação em uma

instituição de Ensino Superior.

Atenção:

Existem outros pontos de vista, e um deles é abordado no compo-


nente curricular Globalização e Análise de Cenários. Aqui não abordare-

mos este aspecto de efeito influência, ou seja, o uso político do comércio

exterior, pois não é nosso objetivo criticar o sistema mas ver, de modo mais

pragmático, como ele funciona. Deixemos a crítica para mais tarde...

Deste ponto de vista por nós adotado, o comércio existe porque uma comunidade não
pode produzir tudo o que necessita. Às vezes falta um ou mais dos recursos necessários.
Pode ser que falte terra adequada a um determinado plantio; ou falte tecnologia para a
fabricação de dado produto.

Com isto, as comunidades utilizam aquela parte da produção que não é consumida
internamente e troca pelas mercadorias que precisa. É preciso, como você pode ver, que uma
outra parte queira adquirir esta produção e ao mesmo tempo, se desfazer daquela parte que

destinou para o comércio.

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Este raciocínio impõe duas observações:

1 – A troca direta (escambo) é pouco adequada a um número grande de transações, envol-


vendo uma diversidade imensa de produtos. Por isto, surgiu a moeda como unidade de

valor. A moeda é, assim, uma intermediária de troca. A comunidade vende o que foi des-

tinado ao comércio exterior, ou seja, fora da comunidade, e com o dinheiro recebido,

compra o que precisa;

2 – Aquela parte da produção doméstica, que não é consumida, fica à disposição para ser
tocada, ou seja, transacionada e pode ser chamada de modo muito simples como exce-

dente econômico.

Desta forma, o comércio exterior surge pela existência do excedente econômico e é por

isso que o comércio é bom para todos os envolvidos: através daquilo que não é usado do-

mesticamente, a comunidade pode adquirir dinheiro para comprar o que precisa e não é

capaz de produzir, ou produz de modo ineficiente. Para nossos propósitos, bastaria dizer,
com maior preço ou menor qualidade, enfim, com mais sacrifício. Então, é melhor comprar

de fora.

A fórmula é então:

O comércio é bom para todos os envolvidos e, mais comércio é melhor do que menos

comércio. Ou seja: sempre que se puder aumentar o comércio, isto é melhor para todos os

envolvidos.

Em um sistema mundial no qual o comércio deve ser incentivado, é claro que se deve

ter algum tipo de indicador do grau de comércio de cada país.

Este indicador é a Taxa de abertura de um país, uma fórmula para medir o comércio,

ou antes, a quantas anda o comércio de um país:

TA = 0,5x[(EXPORTAÇÕES + IMPORTAÇÕES)/PIB] x 100

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Não-nula
A Teoria Clássica do Comércio Internacional – TCCI defen-
Um jogo de soma não-nula
de que o comércio internacional é positivo a todos os que dele significa que para um ganhar
não é preciso que o outro ou
participam. Isso é o que se chama de jogo de soma não -nula. os outros jogadores percam.
Todos ganham! É assim que a
TCCI vê o comércio.
Mas como funciona este jogo?

Fatores de Produção
Atualmente se crê que a especialização internacional se faça Recursos ou fatores de
produção são todas aquelas
segundo a utilização relativa dos fatores de produção em cada país.
coisas que são utilizadas para a
Para isto, é preciso lembrar o que são os fatores de produção. produção dos bens e serviços
que satisfazem as diversas
necessidades dos seres
humanos.
Mas como isto chegou a ser assim?
De forma tradicional, são os
seguintes: Terra, Tecnologia,
Estas respostas devem ser buscadas na História. Trabalho, Capital (produtivo e
financeiro) e Capacidade
Empreendedora.

O império romano anexou grande parte do então mundo

conhecido, desde antes da nossa Era Comum, ou seja, do nasci-

mento de Cristo. Anexava, exigia obediência e pagamento de tri-

butos, mas deixava vigorar a cultura e alguns aspectos da vida

cotidiana. Depois, o império romano se dividiu em dois, o impé-

rio do Ocidente e o império do Oriente. O império do ocidente

sofreu um colapso primeiro do que o outro. Muito mais tarde o

império romano no oriente também sofreu um colapso.

Com a desarticulação do império romano, as regiões antes

anexadas recobram sua autonomia e começa a se esboçar a for-

mação daquilo que seriam os estados modernos. Estas regiões

constroem uma certa “personalidade” e buscam a consolidação

de sua independência. Mas esta independência é a outra face da

crescente interdependência que ocorre entre eles, principalmen-

te pelas relações internacionais que se estabelecem. Dentre es-

tas, o comércio é o principal vetor de transmissão de influência.

O comércio apresenta, então, uma fase de crescimento.

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Mercantilismo
O renascimento do comércio, a busca por novos mercados
Note que Feudalismo é um
regime político, de administra- abastecedores e também por mercados compradores foi um aspecto
ção dos feudos e reinos. Já
importante das Cruzadas. Estas excursões político-religiosas servi-
mercantilismo é um regime
econômico. ram também, além de muitas outras coisas, de base para o
expansionismo comercial.

A todo este reflorescimento do comércio chamamos fase


Mercantilista. Ela antecede o surgimento do Capitalismo.

Todo este dinamismo do comércio foi o responsável pela

acumulação de capitais que possibilitou o surgimento da Revo-

lução Industrial. No entanto, já havia sido engendrada uma nova

forma de regime econômico, o capitalismo, baseado na busca por


lucro através da propriedade privada e seus direitos.

Avaliação:

Leia o capítulo 1 do livro “Economia Internacional: uma


síntese da análise teórica” e responda o questionário a seguir.

Questionário:

1 – Como as grandes navegações das potências ibéricas se inse-


rem no quadro do mercantilismo, durante a Idade Moderna?

2 – Quais os pontos principais do Acordo Cobden-Chevalier entre


Inglaterra e França?

3 – Depois deste acordo, que tipo de relações prevaleceu no mun-


do, sobretudo após 1880:

( ) acordos multilaterais;

( ) acordos bi-laterais;

( ) integração econômica;

( ) guerra comercial;

( ) n.d.a.

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Seção 1.2

Um Pouco de Teoria...

Adam Smith (1723-1790), economista hoje classificado como clássico, demonstrou que

os países deveriam se especializar naquilo que poderiam produzir de maneira mais barata.

Para ele, o importante eram os custos que regulavam os fluxos de mercadorias entre as

nações e, por isto, concentrou sua atenção em explicar como a produtividade dos fatores de

produção influenciariam a fabricação dos produtos e, por conseguinte, o comércio.

Para Adam Smith, a produtividade se relacionava diretamente com vantagens na-

turais (por exemplo: clima, solo e riquezas minerais) ou adquiridas (por exemplo, apti-

dões e técnicas especiais). Assim, para este autor, uma nação produziria um determina-

do bem a um custo menor se detivesse alguma vantagem absoluta em relação aos fatores

utilizados neste bem. Esta é, de modo rápido, uma idéia da Teoria das Vantagens Abso-

lutas – TVA.

Na TVA, o comércio, para ser benéfico a todos, exige que cada país seja o produtor de

menor custo de pelo menos um bem vendido no exterior.

Mas David Ricardo (1772-1823) não estava satisfeito com esta formulação e pensava

consigo: se for assim, quando uma nação tiver vantagem absoluta em todos os bens do seu

comércio exterior, ela não vai comprar nada de ninguém...

Por isso, e observando o comércio entre as nações, ele formulou uma nova versão da

TVA. Ela se chamou Teoria das Vantagens Comparativas – TVC. Nesta teoria, o comércio

pode ocorrer mesmo quando um país é mais eficiente em todos os bens produzidos, pois o

comércio é benéfico para todos os envolvidos, em quaisquer circunstâncias.

Ricardo ainda se baseava nos custos, mas agora, pensava em termos de custos relati-

vos entre os participantes do comércio, ou seja, de como o custo de um país se relacionava

com o custo de outro país, entre todos os bens produzidos.

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Teoria das Vantagens


Dados dois países com produtividades diferentes e com ne-
Comparativas

Cuidado com a nomenclatura: cessidades complementares, a partir das vantagens naturais ou


Pode-se dizer Lei das Vanta-
gens, Teoria das Vantagens ou adquiridas, a nação mais eficiente (que produz um bem com me-
Princípio das Vantagens. Esta é
uma questão importante para
nor custo) deve se especializar na produção do bem que lhe ga-
os estudiosos da metodologia
rante o maior benefício, enquanto que a outra nação deve se es-
mas que, no entanto, aqui, não
será considerada. Vale o pecializar no bem que sua desvantagem absoluta é menor.
registro.

Um exemplo para ilustrar:

Suponha que você seja extremamente eficiente em fazer dois

produtos diferentes. Lembre-se, você é realmente muito bom em

fazê-los. E seu vizinho não é tão bom quanto você em fazer estes

mesmos dois produtos. Mas vocês dois precisam da mesma forma

de ambos.

Você, então, faz os dois produtos?

Claro que não. Faça aquele que lhe dá mais vantagem, que

você tem uma maior vantagem absoluta. E deixe para seu vizi-

nho fazer o outro produto, que você faz melhor do que ele, mas

faz de maneira menos eficiente do que faz aquele produto que

escolheu para fazer.

Viu? Mesmo sendo mais eficiente do que ele em produzir

ambos os produtos, assim mesmo é melhor para você comprar o

segundo produto dele e se concentrar em produzir aquele no qual

obtém mais benefício.

Este raciocínio intrincado é a Teoria das Vantagens Com-

parativas.

Mas este seria o fim da história?

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Não. Note que segundo Brum (2001, 16), em seu livro Economia Internacional: uma
síntese da análise teórica (que aliás, é nosso livro-texto. Leia-o com cuidado e consulte
sempre. É precioso), as condições de concorrência imperfeita vigentes no comércio de bens
e serviços, reforça o comércio de fatores de produção entre os países.

Isto quer dizer que as diferenças entre os consumos de produtos se perpetuam e se


reforçam com o comércio de fatores e ao mesmo tempo intensificam este mesmo comércio.
Isto é a base da internacionalização do capital com as “multinacionais”, também chamadas
”empresas transnacionais”.

A base da teoria atualmente aceita em comércio internacional baseia-se no fato de


que a oferta e a demanda (note: não mais só a oferta é levada em consideração) dos fatores
de produção, sendo distintas de um país para outro, fazem com que os custos relativos
também sejam diferentes. Esta é contribuição de Heckscher e Ohlin, abreviada para Teoria
HO (ainda bem! com este nome...).

Logo, segundo Brum:

Os diferentes processos de produção implicam em aplicações de diferentes quantidades de traba-


lho e capital na produção de um bem. Isto define a diferença dos preços relativos das mercado-
rias entre as nações e o respectivo padrão de vantagens comparativas (2001, p. 48).

Esta te ori a ai nda sofre um refinamento té cni co sofisti cado pe lo economista


estadunidense Paul Samuelson, mas deixemos esta particularidade para a leitura do livro-

texto... daqui a pouco!

Exercício para revisão:

Leia o capítulo 2 de nosso livro-texto.

Responda: você está seguro de ter entendido as duas primeiras colocações de

David Ricardo sobre a Teoria das Vantagens Comparativas? Reveja-as em seu contexto
(página 38) e diga uma das conseqüências que você consegue perceber a partir destas

duas observações (DICA: multinacionais...).

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Seção 1.3

Complicômetros do Comércio Internacional...

As barreiras comerciais

Embora todo o discurso oficial dos estados nacionais sejam em torno do livre-comér-

cio, a prática, no entanto, não é sempre convergente com tais idéias...

Dizendo de modo claro:

Às vezes – vezes demais, é verdade – os objetivos nacionais de um estado são incompa-

tíveis com a prática do livre comércio. A própria formação de blocos econômicos pode ser

uma forma de desvio de comércio. Você verá mais deste assunto no componente curricular

Globalização e Análise de Cenários.

Por ora, nos interessa que, em virtude desses objetivos nacionais, o comércio pode ser

dificultado e até interrompido apesar de toda a sua importância.

Dica:

Leia o capítulo 6 do livro-texto. Isto facilitará o entendimento deste nosso as-

sunto, pois abordaremos aqui o assunto de forma complementar àquela exposição.

O protecionismo pode ser definido como a negação do livre-comércio. Esta negação,

concretizada por meios técnicos (econômicos), obedece, entretanto, a duas naturezas dis-

tintas, a econômica e a política.

Como costuma ocorrer no campo da economia política, estas duas áreas não estão

bem delineadas, ou seja, com suas fronteiras bem definidas, e constantemente estão imbricadas

quando não sobrepostas.

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C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

Entretanto, podemos, sem prejuízo, adotar que a natureza econômica do protecionis-

mo se revela quando o objetivo final da prática é a consecução de um aspecto de uma

política macroeconômica no sentido de uma intervenção corretiva. Desta maneira, podemos

falar em protecionismo regulador quando a ação do governo for necessária para a correção

de rumos da economia por influência de fatores “alheios” ao mercado que alteram o livre

jogo da demanda e da oferta; podemos falar em protecionismo educador quando a inter-

venção do governo é feita visando à proteção de determinados setores, por exemplo, as in-

dústrias nascentes e, podemos também nos referir ao protecionismo para Equilíbrio do

Balanço de Pagamentos, inclusive previsto no Gatt (General Agreement of Tarifs and Trade),

de caráter provisório, e que serve para restaurar o equilíbrio das contas em caso de crise do

balanço de pagamentos.

Contrariamente, o protecionismo político caracteriza-se por uma intervenção do go-

verno como meio para a obtenção de um objetivo de política mais amplo que o âmbito

econômico, ou seja, onde os fatores econômicos são secundários. Neste caso temos, não

uma tipologia, mas práticas diversas de acordo com a necessidade surgida no momento e

que, supostamente, respondem melhor às orientações dos formuladores de políticas.

Independentemente, porém, da natureza da ação protecionista, esta concretiza-se atra-

vés de alguns instrumentos. Dois são os tipos principais: instrumentos tarifários e instru-

mentos não-tarifários.

O primeiro consiste na estrutura de taxas impostas às mercadorias importadas pelo

país; o segundo, na estrutura de todas as demais restrições ao livre-comércio. Intermediaria-

mente, há o denominado método misto, que consiste na exigência de licenças prévias ou

outra restrição não-tarifária e simultaneamente a utilização de taxas múltiplas de câmbio

desfavoráveis às importações constituindo um similar às barreiras tarifárias.

A criação da variedade de barreiras não-tarifárias (BNT) e a gradual transferência na

preferência de seu uso em relação às barreiras tarifárias (BT) estão associadas à mudança

de objetivos do protecionismo (sua natureza), que passaram de instrumento econômico

de defesa para instrumento de política de poder nacional.

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Este fenômeno é denominado neoprotecionismo.

A UNCTAD (United Nations Conference on Trade and Development) classifica o uni-


verso do neoprotecionismo (BNT) em cinco categorias principais:

1) Para-tarifárias: abrange mecanismos como depósitos de importação, aplicação de maio-

res tarifas em determinadas épocas do ano (tarifas sazonais) ou a utilização de tarifas

diferenciadas, de acordo com o volume de bens importados (quotas tarifárias);

2) controle de níveis de preços: objetiva manter o preço das importações em um patamar


desejado, o que pode ser atingido pelo estabelecimento de preços mínimos, pelo

monitoramento dos preços dos bens importados, pela cobrança de direitos compensatórios
ou anti-dumping, por acordos de restrições “voluntárias” de preços entre exportadores e
importadores, etc.

3) controle de níveis de quantidade: inclui medidas destinadas a impedir, limitar ou monitorar

as importações. Entre elas, destacam-se a proibição de importar determinados produtos,


a fixação de quotas, as restrições “voluntárias” de exportações (como, por exemplo, os
acordos bilaterais relacionadas ao comércio de têxteis, negociados no âmbito do Acordo

Multifibras – MFA) e as autorizações condicionais de importações;

4) exigências aplicáveis a importações específicas: consiste em exigências de formalida-

des alfandegárias adicionais ou certificados de cumprimento de determinados padrões


estabelecidos pelo país importador quanto à saúde, qualidade, etc.;

5) internas (non-border measures): compreendem as medidas que regulam a venda de pro-


dutos domesticamente, como impostos de consumo discriminatórios, e as que beneficiam
a produção de bens que competem com as importações: subsídios, facilidades de crédito,

concessões tributárias, compras governamentais preferenciais, etc.

O neoprotecionismo é uma intervenção direta no comércio, sob alguns aspectos, po-

lítica. Este caráter não é um privilégio das grandes nações em sua política de potência

nacional, inobstante ser um expediente de uso regular nas relações internacionais quer

econômicas quer políticas.

22
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

Isto porque, o arcabouço jurídico internacional (Ordem Jurídica Internacional Vigente

– OJI) que define e rege as relações internacionais e, portanto, as relações econômicas – e

comerciais – entre os Estados é determinada pelos principais países no cenário internacional.

É isto o que expressou Gonçalves (1994) ao discutir a nova Organização Mundial de

Comércio – em substituição ao Gatt – ao dizer que, se os principais países não emprestarem

seu apoio à nova instituição, esta não será capaz de desempenhar satisfatoriamente seu
papel (veja capítulo sobre o Brasil no livro texto).

Por este ângulo, não parece surpreendente que, mesmo com o Gatt o neoprotecionismo

tenha crescido tanto e faça parte tão solidamente das relações internacionais, a ponto de

comprometer o sistema internacional de relações comerciais. O próprio Banco Mundial per-

guntava em seu Relatório sobre o desenvolvimento Mundial, em 1987, na página 144:

Por que motivo o movimento na direção de um clima comercial mais liberal foi interrompido?
Seria o novo surto de protecionismo uma reação temporária à crise atual ou o início de uma
nova tendência provocada pela falta de fé num sistema comercial aberto?

E respondia:

N a pr ime ir a hi pó t e se , a re cup e r açã o e co nô mica p o de p ô r f im à p r e se nt e o nd a d e


neoprotecionismo. Mas, se os principais países já não acreditam que as normas do GATT aten-
dem a seus interesses, então a abertura comercial corre sério perigo.

O perigo maior advém do fato que, se assim é (segunda hipótese), o efeito influência

do comércio (e, dentro deste, o neoprotecionismo) tende a ser exacerbado.

Saiba mais sobre o Efeito Influência no Componente Curricular Globalização e Análi-

se de Cenários.

23
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

QUADRO SINÓPTICO:

Classificação de Barreiras Não-Tarifárias Segundo Principais Categorias

UNCTAD

TIPOS ESPECIFICAÇÃO
1. Medidas Para-tarifárias
depósitos de importação
tarifas sazonais
quotas tarifárias
tarifas diferenciadas
2. Medidas de Restrição Quantitativas
quotas
quotas por países
quotas sazonais
autorização condicionada de importação
proibições totais ou condicionadas
acordos voluntários de exportação
3 . Medidas de Controle de Preços
fixação de preços mínimos
monitoramento de preços das importações
direitos compensatórios (antidumping)
acordos de restrições voluntárias
4 . Exigências Aplicáveis a
Importações Específicas

formalidades alfandegárias
padrões: saúde, segurança, qualidade, etc.
5 . Medidas Internas
impostos discriminatórios sobre consumo
subsídio à produção doméstica
facilidades creditícias
concessões tributárias
compras governamentais preferenciais

Fonte: Reproduzido de Batista Jr. P. N. & Lima, M. P. S. N. Protecionismo dos países industria-
lizados e suas implicações para a América Latina. In: Revista Indústria e Produtividade, R. J.,
22 (251): 34-42, Março/90.

24
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

SÍNTESE DA UNIDADE 1

Nesta unidade compreendemos como se viabiliza a prática do

comércio, de que forma ela se desenvolve e sua finalidade na socie-

dade atual. Fizemos um breve “passeio” pelas origens históricas do

comércio e as teorias que tentam explicar este intrincado universo.


Além disso, também nos familiarizamos com as práticas utilizadas

em todo o mundo para proteger o comércio dos países por meio da

imposição de barreiras comerciais.

25
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

26
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

Unidade 2

As Relações Internacionais Relações Internacionais

Relações Internacionais são,


portanto, as interações entre
os estados nacionais, entre
estes e as organizações
internacionais, as relações
entre os organismos internacio-
Seção 2.1 nais e as relações entre os
Estados e as empresas
nacionais com as empresas
Fundamentos de Relações Internacionais transnacionais.

Ah, já estávamos esquecendo:


as relações entre os organis-
mos internacionais – geralmen-
Desde que os povos se constituíram em sociedades politica- te acionados pelos governos
dos estados nacionais – e as
mente organizadas e teceram relações entre si, temos a existên-
firmas nacionais ou
cia das relações exteriores. Com a constituição dos estados nacio- transnacionais, também fazem
parte das relações internacio-
nais, as relações entre as nações (para todos os efeitos, Estado nais...

Nacional = Nação, daí o termo “nacional” e “inter-nacional”)


passaram a ser chamadas de relações entre os estados nacionais,
entre as nações, inter-estados, inter-nações, internacionais.

Embora existam inúmeros agentes internacionais, tais como


sindicatos, empresas e times de futebol e as formas de relações
entre estes assumam incontáveis tipos, tais como culturais, eco-
nômicas, políticas, os Estados Nacionais continuam sendo o prin-
cipal tipo de agente internacional. São eles que moldam a socie-
dade internacional e influenciam seu âmbito e seu caráter con-
forme suas decisões domésticas e seus efeitos exteriores. Ao lado
deles, estão outros atores no cenário internacional. São eles: as
organi zações ou organismos internaci onais e as empresas
transnacionais (multinacionais).

Pois bem, as relações entre os estados nacionais (os princi-


pais atores, pelo menos por enquanto...) podem assumir duas for-
mas básicas:

27
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

1. interações pacíficas: são as relações de reciprocidade; relações de cooperação e coordena-

ção; e relações de integração;

2. interações conflituosas: relações onde perspectivas diferentes, conforme o interesse nacio-

nal doméstico, levam para o setor externo a existência de desacordos e litígios, dos quais

o mais grave é o conflito bélico, a guerra.

Para refletir:

Parece ser claro para todos nós que a queda do muro de Berlim, o

fim do conflito entre Estados Unidos (com aliados) e a ex-União Soviéti-

ca em meados da década de 1980 (a tal de Guerra Fria) jogaram o mundo


em um novo nível de relações internacionais. Neste novo nível, a ênfase

está centrada na competição internacional e no aspecto econômico-co-

mercial da coexistência na sociedade internacional.

O comércio é conhecido como uma extensão da política de paz, um substituto

da guerra. Mas cada vez mais se fala de guerra comercial...

Há aqueles que tratam o conjunto de estados no planeta Terra como sendo uma socieda-

de internacional, ou seja, um lugar onde existem diversos atores com suas respectivas res-

ponsabilidades para consigo próprio e para com todos os demais. Outros tratam este mesmo

conjunto como uma comunidade internacional, enfatizando, com isso, que haja um inte-
resse comum e uma certa convergência de ações por parte de cada um para a consecução

deste objetivo.

Para refletir:

E você? Como encara a tal “economia internacional”? Já pensou

nisto?

28
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

Seção 2.2

Estrutura das Relações Internacionais

O fato de dizermos que a sociedade internacional é composta por atores e que estes

atores são os estados nacionais, as organizações internacionais e as firmas transnacionais


nos traz a pergunta: De quem estamos exatamente falando?

Exercícios:

• Quantos estados nacionais (países) existem atualmente no mundo?

• A maior parte deles surgiu antes ou depois da Segunda Guerra Mundial?

• Cite pelo menos três organizações internacionais que você conhece.

Cite cinco empresas transnacionais que você conhece e diga seu país de origem

(sua nacionalidade).

A descrição pormenorizada do que se entende por estado nacional, seus tipos, seus
objetivos e suas funções não constitui parte de nosso interesse neste componente curricular.

Um pouco deste assunto (exceto os tipos de estados) é abordado no componente curricular

Globalização e Análise de Cenários.

Aqui, nós iremos nos ater nos outros dois elementos da sociedade internacional, quais

sejam: as organizações internacionais e as firmas transnacionais.

29
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

Seção 2.3

As organizações internacionais

São também conhecidas por organismos internacionais. Por mais óbvio que pareça, a
definição de uma organização internacional engloba dois aspectos:

• Organização, ou seja, permanência e vontade própria dos sujeitos; e

• Internacional, ou seja, seus elementos são sujeitos de direito internacional.

A organização internacional é uma tentativa de estabelecer uma ordem nas relações


internacionais pelo estabelecimento de vínculos duradouros entre os governos nos estados
ou grupos dentro dos estados e outros agentes para além de suas fronteiras nacionais, esta-
belecendo funções entre os estados.

Para se compreender a existência das atuais organizações internacionais, é preciso


recorrer ao panorama mundial imediato do segundo pós-guerra. A necessidade de reestruturar
o mundo e reorganizar os fluxos de comércio e demais relações pacíficas entre as nações,
determinou a vontade dos governos nacionais de montarem uma estrutura mundial que
favorecesse a estabilidade e reduzisse o grau de incerteza nas negociações internacionais,
notadamente o comércio.

É a partir desta gênese que se pode entender a atual sociedade internacional no to-
cante às organizações internacionais. O comércio precisa de estabilidade, ou seja, de proce-
dimentos duradouros quanto ao valor das moedas nacionais umas em relação às outras
(taxa de câmbio) e, portanto, de estabilidade de preços (ausência de inflação) bem como de
comportamentos determinados por regras de modo a reduzir o grau de incerteza não só dos
estados mas de todo o sistema.

Para isto, foi desenhada uma estrutura em que, segundo os princípios da economia,
surgiria esta maior estabilidade e previsibilidade: uma rede interligada de organizações, li-
gadas entre si de maneira horizontal mas toda ela vinculada a uma organização guarda-
chuva.

30
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

Uma organização-filha cuidaria de investimentos produtivos nos estados membros;

Outra, de empréstimos monetários para combater instabilidades cambiais;

Outra ainda, das relações comerciais e seus assuntos correlatos;

Outra, por sua vez, trataria dos interesses dos países quanto ao desenvolvimento de

seu bem-estar...

Exercícios:

Leia o capítulo 12 do livro-texto e responda:

1 – Quais os objetivos do FMI, do Banco Mundial, do Gatt, da OMC e da Unctad?

2 – Qual a impressão pessoal que você tinha destes organismos antes de estudá-los?

Sua opinião mudou?

3 – Será que muitas pessoas não têm uma opinião negativa sobre estas organizações

porque percebem que elas foram desviadas de suas funções originais e usadas como

arma política pela comunidade internacional para defender certos interesses em


detrimento dos interesses nacionais dos países?

Seção 2.4

As Empresas Transnacionais

São também chamadas, em diferentes circunstâncias e como forma de enfatizar certos


aspectos e secundarizar outros, de empresas multinacionais, plurinacionais, conacionais e
supranacionais. São firmas produtoras de bens e/ou serviços com sede (matriz) em um esta-
do nacional e filiais em outros estados.

31
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

Empresas Estadunidenses
Existem ETNs em todos os setores, industriais, comerciais,
São empresas dos EUA, uma
vez que o termo “americanas” bancárias, seguradoras, de informação, de publicidade e outras.
está incorreto.

É possível perceber na história que, inicialmente, a gêne-

se das empresas transnacionais é européia. As atividades fo-

ram principalmente a exploração de matérias-primas e de re-

cursos naturais, produtos alimentares e farmacêuticos. Tam-


bém a questão da infra-estrutura é importante, inclusive, trens

e vias férreas.

A segunda fase caracteriza-se por empresas estadunidenses

com concentração na exploração de energia (petróleo) e indús-

tria de transformação, tais como automobilística, química, far-


macêutica e outras.

Por fim, uma terceira fase pode ser detectada, com uma gran-
de diversidade de atividades – em especial o setor de serviços, por

exemplo, o setor bancário – e sedes de empresas transnacionais,

bem como uma ampla ocupação de quase todos os países nos

continentes. Trata-se da fase de expansão e consolidação das


empresas transnacionais.

É importante notar que, hoje em dia, a maior parte dos ne-


gócios do mundo ocorre sob a responsabilidade das ETNs.

Como toda empresa, também as ETNs perseguem um obje-

tivos triplo: sobrevivência, lucro e crescimento e para isto otimizam

suas decisões em quatro setores: decisões estratégicas (logística),

de ci sõe s adm i ni str ati vas, de ci sõe s pol í ti cas e de ci sõe s


operacionais. A diferença marcante é que a arena é o planeta e

seus estados nacionais e, por enquanto, nem o céu é o limite,

pois já há consórcios para fabricação de aeronaves para passeios

estratosféricos...

32
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

Exercícios:

Argumente contra a existência das ETNs.

Agora argumente a favor delas.

Percebeu os dois lados da questão?

Seção 2.5

Cronologia das Relações Internacionais

Agora é preciso saber, também, como chegamos até aqui. Para tanto, pode-se adotar

quatro visões diferentes, mas complementares entre si:

2.5.1 – UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA E GEOGRÁFICA

Embora seja razoavelmente claro que as cidades-estado da era clássica grega negocias-

sem entre si e com outras áreas geográficas, percebe-se também que estas entidades e as

circunjacentes foram absorvidas pelos impérios persa e romano. Tais impérios não eram so-

ciedades internacionais. Somente com a ruína do império romano iniciaram-se as relações

internacionais propriamente ditas.

Assim, divide-se a historiografia das relações internacionais em três grandes fases:

• De 476 era comum a 1492 era comum

Formação da sociedade internacional, gestação dos estados nacionais a partir da frag-

mentação do império romano. O ano de 1492 é significativo pela expulsão árabe da penín-

sula ibérica e o contato com os demais continentes através das grande navegações;

33
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

• De 1493 e.c. a 1918 e.c.

Formação de uma sociedade internacional a partir da matriz européia. Em seguida,

européia-americana, no sentido de relação com os Estados Unidos e, mais tarde, uma socie-

dade internacional em escala mundial. A data de 1919 é paradigmática como pós-guerra do

primeiro conflito mundial em escala realmente global e a formação do Pacto da Sociedade

das Nações.

• De 1919 e.c. a nossos dias

Consolidação de uma sociedade internacional institucional, regida por direito inter-

nacional, com base em acordos, tratados e organizações internacionais representativas.

2.5.2 – UMA PERSPECTIVA ECONÔMICA

Relações comerciais de grande vulto existem desde os fenícios, cartagineses, gregos e

romanos antigos. No entanto, a revolução nos transportes, nas comunicações e a formação

de organizações internacionais com a finalidade de organizar, coordenar e fiscalizar as rela-

ções, realmente fizeram a diferença, a partir da Idade Média.

Assim, a partir do comércio da Europa com a Ásia em uma primeira fase, segue-se

outra, com as grandes rotas do comércio nas Cruzadas e Grandes Navegações. A época dos

“descobrimentos”, formação das colônias.

Já no século 19 vigorou o comércio livre-cambista, ou seja, livre-comércio e, mais tarde,

entre 1880 e 1940, da transição ao bilateralismo. Comércio com intervenção ativa nas taxas

de câmbio por parte dos estados nacionais bem como nos fluxos de comércio (protecionismo).

A partir da Segunda Grande Guerra (1939-1945), há a institucionalização da econo-

mia internacional e a formação de comércio multilateral, gênese do processo de globalização-

regionalização.

34
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

DICA:

Sobre este importante processo de globalização-regionalização, veja componente

curricular Globalização e Análise de Cenários!

2.5.3 – UMA PERSPECTIVA POLÍTICA

A formação de um sistema internacional e sua dinâmica pode ser abordada, do ponto


de vista da política, sob diversas configurações. A nós interessa, de momento, ressaltar a

existência de uma recente estrutura bi-polar de poder, ou seja, o contexto da guerra fria

entre Estados Unidos e ex-União Soviética, a existência de um movimento de países não

alinhados ideologicamente de maneira inflexível com estes dois pólos – mas na prática, de
difícil neutralidade – e a atual formação multipolar, na qual o poder mundial está dividido

em mais de dois blocos de poder. É um sistema de interdependência internacional, que em-

bora assimétrica, não é definida por sistema de dependência...

2.5.4 – UMA PERSPECTIVA JURÍDICA

A perspectiva jurídica se dá com a formação de uma cultura de coexistência entre


estados soberanos, onde inexiste um poder centralizado que exerça as funções governa-

mentais em nível internacional, como os governos nacionais o fazem em seu âmbito domés-

tico. Em outras palavras, na inexistência de um Poder Executivo, um Poder Legislativo e um

Poder Judiciário, a coexistência é baseada em instituições – regras do jogo – acordadas


entre as partes. São acordos, tratados, protocolos... que unem os Estados em compromissos

entre si, em todas as áreas de atividades.

Para refletir:

Como se começou com Pacto da Sociedade das Nações e se chegou à Orga-

nização das Nações Unidas (ONU)? Busque na internet argumentos.

35
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

SÍNTESE DA UNIDADE 2

Nesta unidade estudamos como as relações internacio-


nais fazem parte do cotidiano das sociedades, por meio de
interações pacíficas, que trazem inúmeros benefícios ou de
interações conflituosas, geradas por divergências de interesses
entre os países.

Neste conteúdo conhecemos um pouco dos significados das


organizações internacionais e sua importância para o bom andamento e
estruturação dos fluxos de comércio entre os países. Além disso, estudamos
as empresas transnacionais, como se originaram sob uma perspectiva his-
tórico-geográfica, econômica, política e jurídica.

Você compreendeu tudo? Lembre-se, não passe a estudar outra uni-


dade sem ter bem claro estes conceitos.

36
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

Unidade 3

Comércio Exterior

A partir deste momento, passamos para uma nova fase em nosso componente curricular

Comércio Internacional.

Seção 3.1

Formação de Preços no Comércio Exterior

Existem diferentes formas dae se estabelecer o preço do produto, estudadas em Admi-

nistração e Economia. Mas todas elas devem tratar o básico: levar em consideração os cus-

tos de produção (custos fixos, variáveis e totais), as potenciais receitas auferidas (quantida-

de vendida multiplicada pelo preço praticado) e, também, através destes, a margem. Assim,
percebe-se que além daqueles itens de domínio da empresa, estão envolvidas variáveis que

fogem completamente ao controle da firma, a demanda.

Para o mercado externo, os cuidados devem ser redobrados, pois trata-se de um ambien-

te diverso e mais complexo do que o contexto doméstico. Por isto, recomenda-se sempre um

bom estudo das condições do mercado alvo.

Para refletir:

Atuando no comércio exterior, a empresa deve enfrentar:

A possibilidade de não interferência direta por parte da empresa atra-

vés de publicidade para influenciar o consumidor a adquirir o produto;

37
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

A possibilidade de mudança das regras do jogo por alteração de políticas cambiais

perpetradas pelos países envolvidos;

Um nível extremamente acirrado de competição por parte de outros ofertantes

do produto.

Para uma empresa nova no mercado, as exigências são ainda maiores, pois uma vez

que vai competir com firmas já estabelecidas, cujos produtos já são aceitos, a estreante no

comércio exterior deve apresentar, além do preço atrativo, também uma qualidade compatí-

vel com as exigências do mercado. Compatível, aqui, significa a mesma qualidade dos ou-
tros concorrentes ou uma qualidade maior. Tudo isto, cuidando do preço...

Por isto, a primeira observação, para a formação do preço a ser praticado no comércio
exterior é – além dos custos de produção, é claro – uma verificação rigorosa de todos os

benefícios fiscais (mecanismos tributários) e financeiros (por exemplo, tipos de financia-

mentos) disponíveis para utilização.

Para refletir:

Existir uma isenção de custos ou um incentivo qualquer e a firma


não usar porque desconhece sua existência?

Por exemplo, existem diversas modalidades de financiamento às


exportações, tais como BNDES-exim Pré-Embarque; BNDES-exim Pré-

Embarque Especial e BNDES-exim Pós-Embarque. Além disso, pode-se

utilizar o Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC) e Adiantamento sobre Cam-

biais de Exportação ou Cambiais Entregues (ACE) junto à rede bancária. Há também,


à disposição do exportador o Programa de Financiamento às Exportações do Banco

do Brasil (Proex) nas modalidades Proex Financiamento, Proex Equalização bem como

o Proex Letras de Exportação (Export Notes).

38
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

Uma segunda observação envolve os demais custos que normalmente são diferentes

daqueles praticados para o mercado doméstico, tais como os relativos ao transporte, despe-

sas com embalagens específicas para exportação, fretes e seguros, além de custos novos, tais

como despesas portuárias, despesas com despachantes e também com assessoria especializa-
da em comércio exterior.

Já imaginou:

Ter esquecido que deve pagar as despesas de estadia e embarque no porto?

Por isto, além de ler os contratos, é preciso também conhecer os termos ali usa-

dos. Mas isto já é outra história que veremos depois.

Assim, podemos começar a pensar em como determinar o preço a ser praticado no

mercado externo a partir do preço já existente no comércio doméstico.

Isto requer duas observações:

• Pressupomos que a firma já opera no mercado doméstico e está se inserindo no comércio

exterior;

• E também que a empresa vai praticar preços diferenciados para os mercados interno e

externo visando auferir o máximo possível de benefícios.

PREÇO EXTERNO = PREÇO INTERNO

– (DESP. D)

+ (DESP. E)

+ MARGEM DE LUCRO (%)

A TAXA DE CÂMBIO CONTRATADA

39
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

Aqui abreviamos por despesas D aquelas despesas que normalmente existem na for-

mação de preço doméstico mas que não existem para o mercado externo. São exemplos as

isenções fiscais de vários tipos (este assunto será tratado mais tarde), mas também a comis-

são de vendas no mercado interno, os gastos de distribuição e despesas financeiras relativas

à comercialização no mercado doméstico.

Quanto às despesas E, aqui estão agrupadas aquelas que não estão presentes na

composi ção do preço doméstico, mas que integram o preço no me rcado inte rnacional,

tais como, por exe mplo entre outros, gastos com embalage ns para exportação, despe-

sas com transporte e comissão de agentes no exte ri or (para maiores de talhes, veja:

Incoterms).

Seção 3.2

Meios de Pagamentos no Comércio Exterior

Os meios de pagamentos no mercado internacional são aqueles aceitos pelo costume,

ou seja, algumas moedas nacionais com trânsito livre nas transações comerciais por todos

os parceiros da sociedade internacional e o ouro.

Devemos lembrar que as moedas nacionais têm trânsito livre e curso forçado somente

dentro de seus respectivos territórios e que, na sociedade formada por estados nacionais

autônomos e soberanos, não existe um governo que obrigue todos os países a aceitarem uns

as moedas dos outros. Deve haver aceitação comum, pactuada, ou seja, acordada.

Assim, estas moedas “internacionais” são denominadas de divisas.

As principais divisas atualmente são: o dólar estadunidense e o ECU (Euro). Ao lado

delas, também é aceito como meio de pagamento o ouro.

40
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

Lembre-se:

Meios de pagamentos: Divisas (Dólar Estadunidense e Euro) e ouro.

Mas as moedas internacionais não têm curso forçado e poder liberatório dentro dos

territórios dos outros países, ou seja, não têm trânsito livre, exceto em seus próprios países,

pois, no fundo, são apenas moedas nacionais.

Veja a diferença:

• Divisas são apenas moedas nacionais aceitas em relações internacionais;

• As moedas nacionais têm trânsito livre dentro de seus próprios países, mas não são

aceitas internacionalmente;

• As divisas são aceitas internacionalmente, mas não têm trânsito interno livre.

Por isto, todos os pagamentos internacionais acabam sendo centralizados pelos Ban-
cos Centrais dos Países.

Funciona assim:

Quando o exportador vende no mercado externo, as divisas recebidas ficam em poder


do Banco Central de seu país que o paga em moeda nacional, através do sistema bancário.

Já o importador, paga ao Banco Central de seu país em moeda nacional (que é tudo
que ele pode ter) através da rede bancária ao Banco Central que guarda estas moedas e
paga ao Banco Central do país exportador em divisas (mais informações sobre este assunto
você verá, no próximo componente curricular, Globalização e Análise de Cenários).

Quanto às formas de pagamentos que existem entre os países – realizadas com os


meios de pagamentos – existem as seguintes modalidades:

41
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

• Pagamento antecipado

É uma forma que não oferece grande risco ao importador somente quanto há confian-
ça justificada entre os parceiros. E se a mercadoria não for embarcada? E se chegar ao

destino fora das condições especificadas?

Pelo grau de confiança exigido, pode ser utilizada nas negociações entre matriz e

filial, por exemplo.

Ao lado desta exigência, no entanto, oferece a vantagem para o importador de preca-

ver-se quanto eventuais oscilações de preços no futuro.

Após o ato de embarque da mercadoria, o exportador encaminha os papéis originais

da transação para que o importador desembarace a encomenda no porto de destino. Cópias

devem ser fornecidas à agência do sistema bancário pela questão de contratação de câmbio
da moeda estrangeira.

Fonte: elaboração do autor.

• Cobrança documentária

O conjunto de regras que rege a Cobrança Documentária é denominada URC 522

(Uniform Rulles for Collections) ou Brochura 522 da Câmara de Comércio Internacional.

42
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

O exportador envia a mercadoria ao importador e entrega ao seu banco a letra de

câmbio. O banco remetente encaminha por carta-cobrança esta cambial ao banco cobra-

dor, no país do importador, que faz chegar nas mãos do importador mediante aceite do

saque ou pagamento. Então, com estes documentos, o importador pode desembaraçar a


mercadoria.

Os trâmites no sistema financeiro incorrem em gastos, geralmente – exceto por acordo


explícito – a cargo do exportador.

Fonte: elaboração do autor.

• Carta de Crédito

Forma de pagamento internacional regida pela Brochura 500 (UCP 500) das Regras e
Usos Uniformes sobre Créditos Documentários da Câmara de Comércio Internacional.

O importador solicita a um banco (banco emissor) em seu país que emita a Carta de
Crédito. Este documento representa um compromisso de pagamento do banco ao exporta-

dor da mercadoria e nele são especificados os dados da transação, dentre os quais estão,

43
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

entre outros: valor, beneficiário, documentação exigida, prazo, portos de destino e de em-

barque, descrição da mercadoria, quantidades, bem como a forma de pagamento (à vista,

por aceite de letra de câmbio, por diferimento a uma data especificada ou por negociação da

Carta de Crédito com um banco).

A Carta de Crédito é em geral de caráter irrevogável, exceto quando dela constar ex-

pressamente que é revogável.

Fonte: elaboração do autor.

44
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

Seção 3.3

Informação, Marketing e Pesquisa de Mercado

3.3.1 – INFORMAÇÕES COMERCIAIS

Quando falamos de informações comerciais, estamos tratando de um universo muito


amplo, pois conhecimento de taxa de câmbio ou dos termos acordados no vocabulário téc-

nico no comércio internacional são também exemplos de informações comerciais.

No entanto, aqui trataremos de algumas fontes de informações gerais sobre o comér-

cio internacional. Eis uma lista com alguns dos principais órgãos:

– Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e

Comércio Exterior: Órgão normativo que trata do e stabelecimento de políticas de

comérci o e xterior visando uma inserção competitiva do Brasil no comércio i nte rna-
cional.

Câmara de Comércio Exterior – Camex

Esplanada dos Ministérios, Bloco J, 7º andar

e-mail: camex@mdic.gov.br

Site: http://www.mdic.gov.br/comext/camex/camex.htm

– Ministério das Relações Exteriores (MRE)

• Subsecretaria-geral de assunto de integração, econômico e de comércio exterior (SGIE):


Assessora o Secretário Geral das Relações Exteriores em suas atividades no tocante a
comércio exterior, assuntos de integração e economia internacional.

Site: http://www.mre.gov.br

• Departamento Econômico (DEC): Formula diretrizes de política comercial exterior.

45
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

• Departamento de Integração Latino-americana (DIN): Formula propostas de política


exterior no tocante à integração latino-americana, especialmente, o Mercosul.

• Departamento de Promoção Comercial (DPR): Planejador e executor de programas e


atividades de promoção comercial no exterior.

Ministério das Relações Exteriores

Departamento de Promoção Comercial

Esplanada dos Ministérios, Bloco H – Anexo I, Sala 220 – Brasília – DF

e-mail: dpr@mre.gov.br site: http://www.braziltradenet.gov.br

• Divisão de Informação Comercial (DIC) – dic@mre.gov.br

• Divisão de Programas de Promoção Comercial (DPG) – dpg@mre.gov.br

• Divisão de Operações de Promoção Comercial (DOC) – doc@mre.gov.br

– Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC)

• Secretaria de Comércio Exterior (Secex): atua no sentido de ampliar a inserção ativa


do país no comércio internacional. Formula propostas de políticas e programas de
comércio exterior, estabelece normas, coordena a aplicação de defesa contra práticas
desleais de comércio e demais salvaguardas. Trata do aperfeiçoamento do sistema
operacional de comércio exterior e age como centro difusor de informações.

Secretaria de Comércio Exterior – Secex

Esplanada dos Ministérios, Bloco J – 8º andar

Site: http://www.mdic.gov.br/comext/default.html

• Departamento de Operações de Comércio Exterior – Decex/RJ

• Departamento de Defesa Comercial – Decom/RJ

• Departamento de Negociações Internacionais – Deint/DF

• Departamento de Políticas de Comércio Exterior – Depoc/DF

46
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

– Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES): Vinculado ao Ministério do


Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Cuida de financiamentos de longo-prazo
para o desenvolvimento do país. Sua Agência Especial de Financiamento Industrial (Finame)
trata da linha de financiamento de exportação, o BNDES-exim. O BNDES também possui o
Fundo de Garantia para a Promoção da Competitividade (FGPC – Fundo de Aval) que cuida
do acesso ao crédito para exportações por micro, pequenas e médias empresas.

BNDES

Edifício de Serviços do Rio de Janeiro

Av. República do Chile, 100

CEP 20139-900 Rio de Janeiro – RJ

Site: http://www.bndes.gov.br

– Ministério da Fazenda (MF)

• Banco Central do Brasil (BACEN): É o responsável por fiscalizar e controlar a aplicação


das normas em operações de câmbio. Analisa as operações de exportação (SISCOMEX)
e possui sistema integrado de informações cambiais (SISBACEN).

BACEN

SCS Quadra 3, Bloco B

CEP 70074 900 Brasília – DF

Site: http://www.bacen.gov.br

• Secretaria da Receita Federal (SRF): Administra a questão tributária interna e adua-


neira; fiscaliza entrada e saída de produtos e arrecadação de direitos aduaneiros sobre
importações brasileiras. Utiliza o Siscomex.

Secretaria da Receita Federal (SRF)

Esplanada dos Ministérios, Bloco P, 7º andar, sala 733

CEP: 70048-900 Brasília DF

e-mail: expedito@receita.fazenda.gov.br

Site: http://www.receita.fazenda.gov.br

47
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

Capilaridade
• Banco do Brasil (BB): É o agente financeiro do Brasil.
Capilaridade é a inserção da
empresa no mercado. Disponibiliza ao exportador um Programa de Financiamento

às E xportaçõ e s ( Pr oe x– F i nan ci ame n to e P roe x-

Equalização).

Banco do Brasil S. A.

SBS – Quadra 04, Bloco C, Lote 32 – Brasília DF

http://www.governo-e.com.br/proex

– Ministério das Comunicações (MC)

Site: http://www.mc.gov.br

• Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT): O Progra-


ma Exporte Fácil visa, através da capilaridade da empresa e

legislação para fe chame nto de câmbi o si mpli ficado,

disponibilizar um instrumento ágil para exportações em mon-

tantes de até US$ 10 mil (dez mil dólares por operação).

Ministério das Comunicações – MC

ECT Agência Central SBN

Quadra 1 – Bloco A – Edifício Sede

Brasília – DF – CEP 70002-9000

Site: http://www.correios.com.br

– Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAA)

MAA

Esplanada dos Ministérios, Bloco D

CEP : 70043-000 – Brasília – DF

http://www.agricultura.gov.br

http://www.agricultura.gov.br/spc/index.htm

48
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

• Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA): Estabelece os procedimentos para a certificação

sanitária das exportações nacionais. O MAA comprova a sanidade das exportações de

origem vegetal e animal pela emissão de certificado (Certificado Sanitário/Fitossanitário

Internacional), através de seus departamentos: Departamento de Defesa e Inspeção


Vegetal (DDIV) e do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa).

• Secretaria de Produção e Comercialização (SPC). Atua no sentido de elevar a partici-


pação do agronegócio nas exportações nacionais. É composta pelos seguintes depar-

tamentos

• Departamento do Açúcar e do Álcool – DAA;

• Departamento do Café – Decaf;

• Departamento de Comercialização – DCO

– Agência de Promoção de Exportações S/A (Apex): Organismo para repasse de recursos do


sistema Sebrae para microempresas e pequenas empresas. As demais empresas podem ser

incluídas no caso de suas ações resultarem em benefício (elevação de oportunidades co-

merciais, por exemplo).

Agência de Promoção de Exportações S/A (Apex)

SBN – Quadra 1 – Bloco B – 10º andar.

Edifício CNC

Brasília – DF CEP 70041 902

e-mail: apex@apexbrasil.com.br

Site: http://www.apexbrasil.com.br

– Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae): Trata-se de uma socie-
dade civil sem fins lucrativos que atua no apoio ao desenvolvimento da atividade empre-

sarial de micro e pequeno porte para o fomento e difusão de programas e projetos que

visam à promoção e o fortalecimento das micro e pequenas empresas e, para o caso aqui

estudado, inclusive no tocante ao comércio exterior.

49
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

Sebrae – SEPN

Quadra 515, Bloco C, Loja 32

CEP 70770-530 Brasília – DF

e-mail: webmaster@sebrae.com.br

– Seguradora Brasileira de Crédito à Exportação S/A (SBCE): Oferece ao mercado instrumen-


to de garantia às exportações (seguros).

SBCE

Rua Senador Dantas, 105 – 30º andar

CEP 20030-201 – Centro – Rio de Janeiro – RJ

e-mail: sbce@sbce.com.br

Site: http://www.sbce.com.br

– Confederação Nacional da Indústria (CNI): Atua no interesse do setor industrial brasileiro

em várias frentes (política econômica e industrial, relações de trabalho, qualidade, produ-

tividade e tecnologia, meio ambiente, comércio exterior, integração internacional e ou-

tras). Especificamente quanto ao comércio exterior e relações internacionais, atua na for-


mulação de propostas de comércio exterior e de política de atração de investimentos exter-

nos; elaboração de estudos e disseminação de informações; suporte às negociações de

integração regional e hemisférica; recepção de missões estrangeiras, manutenção de banco

de dados eletrônico sobre comércio exterior (Comex); negociação de acordos internacio-


nais de cooperação; e participação em conselhos e comitês bilaterais e multilaterais.

CNI – SBN – Quadra 01 – Bloco C – 16º andar.

CEP: 70040 903 Brasília – DF

Site: http://www.cni.org.br

– Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB): Objetiva confeccionar estudos relaciona-

dos com comércio exterior brasileiro, propor soluções e aperfeiçoar o sistema de crédito e

seguro à exportação. Coloca à disposição de seus associados assistência técnica legal em


nível de consultoria.

50
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

AEB

Av. General Justo, 335 – 4º andar

CEP: 20021-130 – Rio de Janeiro – RJ

Site: http://www.aeb.org.br

– Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex): Auxilia no desenvolvimento do


comércio exterior elaborando e divulgando estudos setoriais na área de comércio inter-
nacional, treinando pessoal técnico especializado, promovendo cursos e elaborando pes-
quisas por encomenda.

Funcex

Av. Rio Branco , 120 , Gr. 707.

CEP: 20040-001 – Rio de Janeiro – RJ

Site: http://www.funcex.com.br

– Federações Estaduais. Desenvolvem ações de promoção de negócios em comércio exterior


para firmas em âmbito estadual: São responsáveis pela emissão de Certificados de Origem
do Mercosul e da Aladi. Atuam na área de Comércio Internacional através de Centros
Internacionais de Negócios (CIN).

Site: http://www.cni.org.br/federacoes.htm

– Câmaras de Comércio: Objetivam estimular o comércio bilateral entre países. Têm como
associados pessoas físicas e jurídicas dos países que representam.

– Conselho Monetário Nacional (CMN): Órgão normativo superior do sistema financeiro


nacional. Responsável pelas diretrizes de políticas monetária, creditícia e cambial do Brasil.

• Câmara de Comércio Exterior – Camex. Define as diretrizes e procedimentos relativos à


efetiva implementação da política de comércio exterior.

Câmara de Comércio Exterior – Camex

Esplanada dos Ministérios, Bloco J, 7º andar

e-mail: camex@mdic.gov.br

Site: http://www.mdic.gov.br/comext/camex/camex.html

51
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

Além destas fontes, no Rio Grande do Sul:

– Secretaria do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais (Sedai).

Av. Borges de Medeiros, 1501 – 16º e 17º Andares – Porto Alegre – RS

www.sedai.rs.gov.br.

3.3.2 – MARKETING INTERNACIONAL

Quando pensamos em marketing para uma empresa no comércio exterior, pensamos

no conjunto de ações que servem de estrutura na qual a empresa se apóia para otimizar

seus negócios, ou seja, sua venda.

Isto inclui o conhecimento do mercado demandante, ou seja, qual a necessidade das

pessoas daquela localidade que a empresa pretende satisfazer, oferecendo seu produto.

Isto se baseia no conhecimento de economia que mostra que um produto é um con-


junto de elementos (forças e materiais) que as pessoas buscam para satisfazer uma necessi-

dade. Como elas preferem ter a necessidade satisfeita do que manter seu dinheiro consigo,

elas compram o produto e se desfazem do dinheiro. Já o vendedor prefere o dinheiro e, assim,

se desfaz do produto...

Pense nisto:

O comprador é alguém que prefere o produto ao dinheiro que tem no bolso. E

o vendedor é alguém que prefere o dinheiro ao produto que tem na vitrine.

Por isto, é importante saber a necessidade do consumidor, para poder oferecer um

produto que ele vai preferir ao dinheiro que tem no bolso!

52
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

Porém, para além da utilidade do produto – aqui, no sentido econômico de ser a qua-

lidade de poder satisfazer uma necessidade específica – o consumidor também elege o pro-

duto que vai comprar, baseado em outros critérios, em gostos e preferências: cor, estilo, idéia

que suscita, design, procedência, material utilizado, condições de manuseio e facilidades,

especificações técnicas, exigências legais, etc.

A comunicação entre o importador e o exportador deve ser um aspecto de constante

observação por parte da empresa que atua no mercado exterior. A distância física e as dis-

tâncias relativas – culturas diferentes, exigências legais distintas, perfis políticos diferencia-

dos, tempo decorrido entre a ação e a reação da outra parte... – tudo isto faz com que a

comunicação deva ser muito bem realizada.

Assim, os dados devem ser claros e completos, em inglês e na língua nacional do im-

portador. Fotos e ilustrações devem, além de bem cuidadas visualmente, também transmitir

a idéia exata do produto, como cor, tamanho e outras características como robustez ou

fragilidade, etc. As informações exigidas dependem da cultura do país importador e sua

região, mas em geral, alguns dados são comuns em todos os negócios: referências bancárias,

histórico da empresa, tecnologia utilizada, recursos empregados, dimensões da firma e a

existência de laços comerciais com firmas do país do importador no território do exportador,

por exemplo, filiais de empresas transnacionais.

Para o consumidor final e seu intermediário (o importador) também é importante a

publicidade e a propaganda. Para isso, o exportador deve cuidar que os materiais de divul-

gação sejam verdadeiros, exatos e bem cuidados.

Para além destas questões, somam-se o preço (evidentemente), a qualidade (é claro), a

embalagem (é fundamental) e os serviços pós-venda, tais como assistência técnica, presta-

ção de informações, reposição (não pode esquecer), etc.

Porém, uma variável em geral não é muito lembrada: o trajeto que o produto vai

percorrer entre o exportador, o importador e o consumidor final. A linha de distribuição é

um importante aspecto para a aceitação do produto em um mercado com tais distâncias

relativas.

53
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

Internacionalização 3.3.3 – PESQUISA DE MERCADO


da Empresa

Uma empresa internacionaliza-


da é uma empresa exposta à A pesquisa de mercado é uma ferramenta extremamente útil
competição com empresas do
mundo inteiro, o que pressu-
para a empresa que deseja atuar no mercado exterior e mesmo para
põe modernização de sua
aquelas que, já atuando, querem diversificar suas exportações ou
produção e qualidade de seus
produtos, segundo critérios sentem mudanças significativas em seu ambiente internacional.
amplos e de aceitação global.

Com a pesquisa de mercado é possível identificar potenciais

importadores, ou seja, os compradores do produto dentro de seu

próprio ambiente; o perfil da demanda, ou seja, as exigências de

gosto, de qualidade e variantes de consumo, bem como o trata-

mento tarifário que o produto sofre naquele mercado específico.

Fontes para Pesquisas de Mercado:

• Brasil: Ministério das Relações Exteriores, Divisão de Informações

Comerciais (DIC), BrazilTradeNet. Para informações sucintas so-

bre potencial de exportação de seu produto a firma pode consul-

tar no BrazilTradeNet o item Informações sobre Produtos.

• ITC – International Trade Center.

• Financial Times.

3.3.4 – INTERNACIONALIZAÇÃO DA EMPRESA

Internacionalizar a empresa significa que a firma participa

de forma ativa no comércio exterior, ou seja, que atua em merca-


dos externos.

Com o maior grau de abertura da economia brasileira a par-


tir da década de 1990, as firmas nacionais ficaram mais expostas

à competição internacional, inclusive, dentro do próprio merca-

54
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

do doméstico. Desta forma, não basta competir dentro do mercado nacional somente. O

mercado externo, através da internacionalização da empresa, é um caminho seguro para se

manter competitivo dentro e fora das fronteiras do país.

Assim, embora a internacionalização da empresa seja um objetivo a ser perseguido por

aquelas firmas que reúnem condições para tal, este é um processo que deve ser conduzido

com cautela, aliás, como tudo em administração de empresas.

Uma inserção eventual em mercados externos não significa internacionalização da

empresa. É preciso atuar de forma consistente, no mercado exterior, e isso é fruto de um

planejamento estratégico por parte da empresa.

Deve-se considerar, em primeiro lugar, que o ambiente no qual a empresa vai atuar é

significativamente diferente do que lhe é habitual. Países diferentes podem ter idiomas dife-

rentes e, com certeza, hábitos e culturas também diferentes. Isto implica em regras, leis,

procedimentos distintos. Além disso, as negociações internacionais envolvem muitas variá-

veis que não são formalizadas e que, nem por isso, deixam de ser importantes. Por exemplo,

o sexo do negociante, a postura agressiva ou comedida do empresário, etc.

Por isso, para uma empresa ser uma exportadora ativa, por exemplo, é preciso que

adote uma postura firme e busque uma estratégia consistente, inclusive, modificando o

produto se isto for necessário a uma melhor inserção nos mercados internacionais. Isto

independe se vai trabalhar com exportação direta, ou seja, um contrato entre o exporta-

dor e o importador em outro país ou se a transação será de exportação indireta, ou seja,

venda a uma empresa dentro do Brasil que se encarrega de revender o produto para o

exterior (trading companies, cias comerciais exportadoras, consórcios de exportadores,

etc.).

Em outras palavras, exportar não é uma atividade para ser aproveitada por flutuações,

ou seja, quando o mercado doméstico está em baixa, ou quando surgiu uma oportunidade

em um mercado exterior. Não. Exportar deve estar dentro dos horizontes de longo prazo das

empresas!

55
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

Como exportar é uma atividade estratégica de longo prazo, a firma que se internacio-
naliza deve cuidar para que o abastecimento dos pedidos de fora do país sejam feitos com
regularidade e qualidade. Lembre-se: a competição é com o mundo todo. E todos querem
sua fatia de mercado. Por isso, uma parcela da produção deve ser sistematicamente destina-
da ao comércio internacional e não somente aquilo que sobra do comércio interno.

Por fim, o atendimento às regras internacionais e à legislação doméstica é fundamen-


tal. Até porque, domesticamente existem inúmeras facilidades, incentivos fiscais e financei-
ros disponibilizados por parte do governo para a atividade exportadora.

3.3.4 – FEIRAS INTERNACIONAIS E MISSÕES EMPRESARIAIS

O mercado mundial, assim como qualquer outro mercado, comporta mostras e feiras.

Só o que muda é o tamanho do mercado, o grau de exigência, os costumes, a legislação, ou


seja, tudo. Mas a importância nunca será demasiadamente ressaltada: ali acontecem os
contatos comerciais, os futuros negócios, ali se abrem as possibilidades e os horizontes e se

delineiam as oportunidades, bem como as necessidades de atualização, adaptação e outros


aspectos que o exportador e seu produto deverão observar para atender às exigências do
mercado consumidor.

Uma boa lista de eventos desta natureza é o Calendário de Feiras do International

Trande Center – ITC, disponibilizado na internet nos idiomas espanhol e inglês.

Por outro lado, as missões empresariais ou comerciais são uma forma oficial de promo-

ver a aproximação entre mercados potenciais, com foco específico e colaboração ativa de
governos e empreendedores. Para tanto, as firmas, de preferência, são representadas por
entidades de classe tais como federações ou confederações. Mas também podem ser repre-

sentadas diretamente por membros ilustres ou comissões conjuntas.

No Brasil, o Ministério das Relações Exteriores – MRE, através do Departamento de

Promoção Comercial (DPR) mantém um sistema de informação comercial cujo objetivo é a


aproximação entre os exportadores brasileiros e os mercados potenciais de destino. O prin-
cipal instrumento é um sistema informatizado on line pela internet chamado BrazilTradeNet.

56
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

O Departamento de Promoção Comercial conta também com a Divisão de Operações

de Promoção Comercial – DOC, que trata de viagens de negócios de empresários exportado-

res para possíveis mercados potenciais, bem como para a participação em feiras comerciais,

além de duas outras divisões especializadas: a Divisão de Informação Comercial – DIC e a

Divisão de Programas de Promoção Comercial – DPG.

Já a Agência de Promoção de Exportações – Apex atuando em coordenação com o

DPR cuida de projetos de promoção de exportações, apresentados por entidades sem fins

lucrativos, que contemplem ações de desenvolvimento quanto aos produtos a serem expor-

tados.

As entidades de classe e as feiras e exposições no território nacional são também fon-

tes de informação e oportunidades de negócios no circuito internacional.

Este sistema destina-se à captação e disseminação de informações e oportunidades

para exportadores brasileiros e possibilidades de investimentos estrangeiros no Brasil.

Para este assunto de aproximação de mercados, para nós gaúchos, existe em nosso

estado a Secretaria do Desenvolvimento e de Assuntos Internacionais – Sedai, cujo ende-

reço é:

Av. Borges de Medeiros, 1501 – 16º e 17º Andares – Porto Alegre – RS

www.sedai.rs.gov.br.

Esta secretaria, além de outros programas de interesse, mantém o Programa Exporta-

RS, cujo objetivo é justamente a inserção das empresas gaúchas no comércio exterior.

Como ela faz isto?

Conforme pode ser visto na internet, a Sedai realiza seus objetivos “Através da

estruturação e integração de redes de informação comercial, da promoção de feiras, missões

e encontros de negócios da formação de sistemas de orientação ao exportador com ênfase

na prospecção de mercados” (Sedai, site).

57
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

Para tanto, a Sedai mantém quatro subprogramas:

1. Serviços de informação e oportunidades de negócios: coleta e sistematização de dados e


informações comerciais e distribuição de informações às empresas interessadas;

2. Apoio a feiras e missões internacionais: trata da definição conjunta de eventos, da elaboração

de calendários, formas de participação e material de divulgação junto aos interessados;

3. Inteligência setorial e mercadológica: cuida da prospecção do potencial exportador das

empresas gaúchas e as tendências setoriais e perspectivas de mercados-alvo;

4. Cooperação e capacitação para o mercado externo: trata da formação de estratégia,

estruturação e ações conjuntas para a exportação, bem como desenvolve a capacitação

básica para atuação no mercado externo.

Seção 3.4

Outros Aspectos Operacionais

3.4.1 – SISCOMEX

Entende-se pela sigla Siscomex o Sistema Integrado de Comércio Exterior. Criado pelo

Decreto número 660 (25/set/1992), trata-se de um sistema informatizado que integra on line
o registro, o acompanhamento e o controle do comércio exterior do Brasil através da Secex,

SRF e Bacen.

Com o Siscomex, as transações comerciais internacionais são registradas e podem ser

analisadas on line pelos gestores do sistema e pelas próprias empresas diretamente ou por

intermédio de entidades habilitadas (entre outras, despachantes aduaneiros, equipamentos

da Receita Federal em suas salas de contribuintes, corretoras de câmbio, agências bancárias).

58
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

Para as empresas que atuam com vínculos produtivos nos dois sentidos do comércio

exterior, ou seja, suas exportações se fazem a partir de importações, o Siscomex disponibiliza

o Drawback Eletrônico, um sistema de desoneração de impostos de importação vinculado a

compromissos de exportação.

Assim, Drawback é um mecanismo para permitir ao exportador adquirir a preços inter-

nacionais sem pagamentos de impostos (Imposto de Importação, IPI e ICMS) os insumos

(matérias-primas, produtos semi-elaborados ou acabados) que necessita para a fabricação

de seus produtos de exportação, bem como também partes, peças, dispositivos, que são in-

corporados ao produto de exportação e materiais destinados à embalagem de produtos des-

tinados ao mercado externo.

Modalidades de Drawback:

DRAWBACK SUSPENSÃO

Esta modalidade é a mais utilizada. Contempla a suspensão dos tributos incidentes

na importação de insumos a serem utilizados na fabricação do produto a ser exportado.

DRAWBACK ISENÇÃO

Após concluir a operação de exportação, o fabricante importa os insumos, sem encar-

gos tributários, para recompor os seus estoques.

DRAWBACK RESTITUIÇÃO

O exportador solicita a restituição dos encargos tributários pagos com relação aos

insumos utilizados na fabricação de um produto cuja exportação já foi efetivada.

DRAWBACK INTERNO OU “VERDE-AMARELO“

As empresas exportadoras poderão adquirir os insumos no mercado interno, com sus-

pensão do IPI.

59
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

3.4.2 – NBM/NCM/NALADI

Sob estas siglas se subentende nomenclaturas oficiais de comércio exterior utilizadas

pelo Brasil, ou seja, um vocabulário específico para se caracterizar mercadorias em comércio

internacional por nosso país.

Vamos a elas.

A Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM) foi substituída pela Nomenclatura

Comum do Mercosul (NCM). As consultas ao BrazilTradeNet oferecem ao usuário a NCM

em três idiomas: espanhol, português e inglês.

A NCM possui oito dígitos e comporta seis níveis de agregação:

1. Capítulo (dois primeiros dígitos);

2. Posição (posição dentro do capítulo: quatro primeiros dígitos);

3. Subposição Simples (quinto dígito);

4. Subposição Composta (sexto dígito);

5. Item (sétimo dígito) e

6. Subitem (oitavo dígito).

A Nomenclatura da Associação Latino-Americana de Integração (Naladi/SH) possui

a mesma estrutura da NCS, pois lhe serviu de base – lembre-se a Aladi é anterior ao Mercosul

e, por sua vez, o Mercosul é um acordo no âmbito da Aladi – e têm em comum os seis

primeiros dígitos.

60
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

3.4.3 – INCOTERMS

Incoterms é uma nomenclatura para os termos ou condições de venda de produtos em

comércio internacional, referindo-se, portanto, às exportações. A sigla, da Câmara de Co-


mércio Internacional, se refere à expressão em inglês International Commercial Terms e re-

mete a fórmulas contratuais que definem direitos e obrigações do exportador e do importa-

dor aumentando a precisão no acordo ao diminuir a margem à interpretações divergentes

entre as partes. No entanto as duas partes precisam expressar de modo claro sua opção em
concordar com o seu uso, ou seja, não é um procedimento “automático”.

A principal relevância das Incoterms é a fixação da transferência da responsabilidade

do exportador para o importador, em um momento exato do tempo dentro da transação, ou

seja, o instante a partir do qual o compromisso de entregar a mercadoria pode ser aceito

como cumprido.

Observação:

Desde que ambas as partes concordem, o documento impresso de com-

provação de entrega de produto pode ser substituído por Intercâmbio Ele-

trônico de Dados (Electronic Data Interchange – EDI).

As Incoterms são as seguintes:

1. EXW – Ex Works: o produto e a fatura devem estar à disposição do importador no estabe-

lecimento do exportador.

2. FCA – Free Carrier: o exportador entrega as mercadorias, desembaraçadas para exporta-

ção, à custódia do transportador, no local indicado pelo importador.

3. FAS – Free Along Ship: as obrigações do exportador encerram-se ao colocar a mercadoria,

já desembaraçada para exportação, no cais, livre junto ao costado do navio.

61
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

4. FOB – Free on Board: o exportador deve entregar a mercadoria, desembaraçada, a bordo

do navio indicado pelo importador, no porto de embarque.

5. CFR – Cost and Freight: o exportador deve entregar a mercadoria no porto de destino

escolhido pelo importador.

6. CIF – Cost, Insurance and Freight: modalidade equivalente ao CFR, com a diferença de

que as despesas de seguro ficam a cargo do exportador. O exportador deve entregar a

mercadoria a bordo do navio, no porto de embarque, com frete e seguro pagos.

7. CPT – Carriage Paid to...: como o CFR, esta condição estipula que o exportador deverá

pagar as despesas de embarque da mercadoria e seu frete internacional até o local de

destino designado.

8. CIP – Carriage and Insurance Paid to...: adota princípio semelhante ao CPT. O exportador, além

de pagar as despesas de embarque da mercadoria e do frete até o local de destino, também arca

com as despesas de seguro do transporte da mercadoria até o local de destino indicado.

9. DAF – Delivered At Frontier: o exportador deve entregar a mercadoria no ponto e local

designados na fronteira, antes, porém, da linha limítrofe com o país de destino.

10. DES – Delivered Ex Ship: modalidade utilizada somente para transporte marítimo ou

hidroviário interior. O exportador tem a obrigação de colocar a mercadoria no destino

estipulado, a bordo do navio, ainda não desembaraçada para a importação, assumindo

integralmente todos os riscos e despesas até aquele ponto no exterior.

11. DEQ – Delivered Ex Quay: o exportador deve colocar a mercadoria, não desembaraçada

para importação, à disposição do importador no cais do porto de destino designado.

12. DDU – Delivered Duty Unpaid: o exportador deve colocar a mercadoria à disposição do

importador no local e ponto designados no exterior.

13. DDP – Delivered Duty Paid: o exportador assume o compromisso de entregar a mercado-

ria, desembaraçada para importação, no local designado pelo importador, pagando todas

as despesas, inclusive impostos e outros encargos de importação.

62
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

Note que para contratos de navegação, até mesmo se não for responsável pelo paga-

mento do frete, cabe ao exportador sua contratação. Por isto deve atentar também para as

modalidades deste transporte.

Modalidades de contratação de frete marítimo:

• Liner Terms ou Berth Terms ou FFA (Free From Alongside – Livre Junto ao Costado do

Navio): O armador é responsável pelas despesas referentes ao embarque, estiva e desem-

barque. Cabe ao exportador colocar a mercadoria livre junto ao costado do navio. Esta
modalidade é também conhecida pela sigla);

• FIO (Free In and Out – Livre de Entrada e Saída de Bordo) e suas variantes FIOS (Free In
Out and Stowed – Livre de Entrada, Saída e Arrumação) e FIOST (Free In Out Stowed

and Trimmed – Livre de Entrada, Saída, Arrumação e Distribuição da Carga): Cabe ao

armador apenas o transporte da mercadoria. As despesas com embarque, estiva e desem-

barque correm por conta do exportador.

• FI (Free In – Livre de Entrada a Bordo) e suas variantes FIS (Free In and Stowed – Livre de

Entrada e Arrumação), FILO (Free In Liner Out – Livre de Entrada e Responsável pela
Saída) e FISLO (Free In Stowed Liner Out – Livre de Entrada e Arrumação e Responsável

pela Saída): O exportador se encarrega do pagamento das despesas referente a embarque

e estiva. Cabe ao armador a responsabilidade pelo pagamento das despesas com o desem-

barque.

• FO (Free Out – Livre de Saída de Bordo) ou LIFO (Liner In Free Out): Ao exportador cabe
apenas o pagamento das despesas relativas ao desembarque. Os gastos de embarque e

estiva correm por conta do armador.

63
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

DICA:

As Incoterms têm grupos designados pelas letras iniciais.

Primeiro Grupo

Letra E – indica o local de onde a mercadoria sairá.

Segundo Grupo

Letra F – o transporte principal não é pago.

Terceiro Grupo

Letra C – o transporte principal é pago.

Quarto Grupo

Letra D – especifica o local de entrega da mercadoria.

SÍNTESE DA UNIDADE 3

Na unidade três foi possível analisar a formação do preço


de um produto a ser vendido no mercado internacional e as dife-
renças existentes em vista do preço praticado no mercado inter-
no. Os meios de pagamento no comércio exterior também foram
estudados, quando aprendemos a importância da utilização de
moedas internacionais, também conhecidas como divisas. A in-
formação, o marketing, e a pesquisa de mercado foram as estraté-
gias encontradas para conhecer o consumidor estrangeiro e o mercado
demandante e promover a internacionalização da empresa. Além disso, ti-
vemos acesso a várias ferramentas de gestão, desde os órgãos que auxiliam
as empresas a se colocar no mercado internacional, até dicas para se con-
seguir isenção na tributação de produtos, passando também pelas nomen-
claturas usadas nestas operações de exportação/importação. E agora? Como
se sente aprendendo tudo isso? Procure identificar os conceitos mais im-
portantes e tenha-os sempre claros, pois lhe ajudará a compreender o que
vem adiante.

64
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

Unidade 4

Tópicos Especiais

Seção 4.1

Normas e Técnicas

Antes de nos aprofundarmos mais um pouco no aspecto técnico, vamos fazer uma
pausa e pensar em um outro aspecto importantíssimo do comércio exterior: a taxa de troca

entre as moedas, ou seja, a taxa de câmbio.

Exercícios:

Leia o capítulo 8 do nosso livro-texto e verifique o quanto este é um aspecto essencial

na transação entre os países!

4.1.1 – SISTEMA ADUANEIRO INTERNACIONAL E BRASILEIRO

Um regime aduaneiro é um conjunto de normas jurídicas que regula, por meio admi-

nistrativo, as atividades de comércio exterior e as mercadorias, pessoas e veículos que en-

tram e saem em seus diferentes regimes do território de um país. Ou seja, tem como objetivo

regulamentar as atividades aduaneiras, fiscalizando e controlando a tributação das opera-


ções de comércio exterior.

65
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

No Brasil, o regime aduaneiro iniciou-se com a taxação de produtos estrangeiros já na

era colonial. Em 1832, foi editado o primeiro Regulamento das Alfândegas que, posterior-

mente, em 1885, foi transformado na Nova Consolidação das Leis das Alfândegas, que vigo-

rou até 1966. Então, com o Decreto-Lei nº 37/66, passou a vigorar o novo Regulamento
Aduaneiro brasileiro.

Este sofreu algumas alterações em função da maior aproximação entre Argentina e


Brasil (Decreto nº 91.030/1985) e, finalmente, em 2002 foi editado um novo Regulamento

Aduaneiro (Decreto nº 4.543/2002) em vigor até hoje e disponibilizado na internet no site

do Ministério da Fazenda.

Assim, um regime aduaneiro se refere a como estão organizadas as regras para trânsi-

to nas fronteiras dos países. Isto acontece porque, em geral, o trânsito de fatores de produ-
ção, pessoas, produtos e valores no interior de seu território é livre, mas o mesmo não ocorre

na relação entre países.

Assim, para uma mercadoria entrar no território nacional de um país, deve sujeitar-se

as suas exigências soberanas. Assim, também, a saída de elementos do território nacional é

de igual importância. Isto vale para todos os países e, logo, tanto o trânsito de entrada como

de saída é controlado em pontos de fronteira.

No Brasil, a questão aduaneira está a cargo da Coordenação-Geral do Sistema Adua-

neiro – Coana, a qual compete planejar, coordenar, orientar, supervisionar, controlar e ava-
liar as atividades relativas ao comércio exterior, no âmbito das atribuições da Secretaria da

Receita Federal do Brasil, cabendo-lhe expedir orientação normativa destinada a uniformi-

zar os procedimentos aduaneiros.

Além do Serviço de Assuntos Internacionais (Seain), a Coana também comporta três

coordenações:

1. Assuntos Tarifários e Comerciais – Cotac

Divisão de Nomenclatura, Classificação e Origem de Mercadorias – Dinom;

Divisão de Valoração Aduaneira – Divad

66
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

2. Normas e de Programação Fiscal – Conof

Dinor – Divisão de Normas

Divisão de Programação Fiscal – Dipof

3. Operacional – Coope

Divisão de Infra-estrutura Aduaneira – Difra

Divisão de Operações Aduaneiras – Diope

4.1.2 – ALADI

As normas técnicas que regem o comércio exterior no âmbito da Aladi são classifica-

das segundo as categorias:

a) medidas de caráter técnico:

– requisitos relativos às características dos produtos; regulamentações em matéria de


embalagem e etiquetagem; normas técnicas e normas de qualidade;

– requisitos referentes à informação.

b) regulamentações de caráter sanitário:

– medidas sanitárias destinadas a proteger a saúde pública; medidas sanitárias destina-


das a proteger a sanidade animal; medidas sanitárias destinadas a proteger a sanidade
vegetal.

c) medidas destinadas a preservar o meio ambiente.

d) medidas de controle da quantidade:

– quotas de importação de caráter global; regime discricionário de licenças de importa-


ção (licenças não-automáticas); proibição das importações; regulamentações relati-
vas à proporção de insumos internos no valor agregado.

67
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

e) regime de concessão automática de licenças.

f) medidas que surtem efeito principalmente através dos custos e dos preços:

– direitos variáveis; regimes de preços mínimos ou oficiais e de referência; medidas


antidumping e compensatórias.

g) medidas monopolísticas, que limitam a importação a um canal único.

h) outras medidas:

– medidas destinadas a garantir a segurança das pessoas; medidas destinadas a garantir

a segurança nacional.

Seção 4.2

Exportação

Como se pode facilmente notar a esta altura do curso, o comércio exterior é uma rela-

ção internacional. E, em uma fase de relações institucionalizadas, evidentemente, pela com-

plexidade envolvida, as regras são formais, muito embora as regras informais sejam impor-

tante suporte para a realização dos negócios. Assim, o aspecto jurídico é uma das interfaces
mais importantes do comércio internacional pois a possibilidade da existência de controvér-

sias é muito grande.

Como as instituições servem para aumentar o grau de previsibilidade das ações e redu-

zir o grau de incerteza nas relações sociais, quem atua em comércio exterior deve prestar

muita atenção aos procedimentos normatizados, às regras.

Em uma operação de comércio exterior, por exemplo, diversos documentos são neces-

sários. Isto significa que exportar não é só produzir a mercadoria e importar não é só pagar.

68
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

Papéis
Para a exportação, os documentos exigidos podem ser divi-
Importante: Nos casos de
didos em: envio de mercadorias para o
exterior para exposição em
feiras ou por venda em
Documentos relativos ao agente exportador consignação estamos diante de
Exportações Temporárias. Para
tais modalidades, existe
Inscrição no REI – Registro de Exportadores e Importado- legislação específica. Para
exibição no exterior, o exporta-
res da Secex/MDIC dor temporário deve compro-
var o retorno da mercadoria ou
o ingresso do pagamento em
Documentos relativos ao Contrato de Exportação moeda estrangeira em até 180
dias a contar da data de
embarque. Para as exportações
Fatura Pró-Forma; temporárias para venda por
consignação, o mesmo prazo é
concedido, mas é prorrogável
Carta de Crédito ou borderô (cobrança documentária);
por igual período. Até a
expiração do prazo a empresa
Letra de Câmbio; exportadora deve liquidar a
cambial. Caso isto não ocorra,
Contrato de Câmbio. em um prazo de 60 dias a
partir do fim do prazo, a
empresa deve comprovar o
Documentos relativos à mercadoria retorno da mercadoria.

Registro de Exportação no Siscomex;

Registro de Operação de Crédito;

Registro de Venda;

Solicitação de Despacho (SD);

Nota Fiscal;

Conhecimento de Embarque (bill of lading);

Fatura Comercial (commercial invoice);

Romaneio (packing list).

Os papéis relativos à mercadoria acompanham todo o seu

translado, desde a origem até o destino designado no contrato e,

note que, conforme a transação, outros papéis podem ser exigi-

dos, tais como Certificado de Origem, Legalização Consular, Cer-


tificado/Apólice de Seguro, Borderô/Carta de Entrega.

69
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

4.2.1 – PARA EXPORTAÇÕES SIMPLIFICADAS

a) Simplex

Registro de Exportação Simplificado – RES ou simplesmente Simplex é como é conhe-

cida a Sistemática de Câmbio Simplificado para as Exportações Brasileiras da qual trata a


Circular Bacen nº 2836 (08/09/98).

A Simplex pode ser aplicada a quaisquer exportações (salvo aquelas com controle
governamental) de valores até US$ 10.000 (dez mil dólares) já incluídas neste valor as

despesas relativas a Incoterm acordada e podem ser pagas com cartão de crédito interna-

cional.

b) Declaração Simplificada de Exportação (DSE)

A DSE é regulamentada pela Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal nº

155 (22/dez/99).

É preenchida pelo exportador, on line, pelo sistema Siscomex. As exportações abrigadas

em DSE podem ser pagas por cartão de crédito internacional ou por Boleto de Compra de

Moeda Estrangeira e não devem ultrapassar o valor de US$ 10.000 (dez mil dólares).

Seção 4.3

Para obtenção de preferências

Uma preferência tarifária é uma concessão que um país pode obter ao exportar para

um mercado exterior obtendo uma tarifa de importação neste outro país menor do que a

cobrada nas importações de outros países (terceiros).

Uma preferência pode ser calculada como segue:

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C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

(tarifas para terceiros – tarifa acordada)


Preferência = —————————————————————————————-– x (100)
Tarifa para terceiros

Esta fórmula indica que quanto menor a tarifa acordada, maior será a preferência
outorgada. Assim, se a tarifa acordada é nula (zero), a preferência é integral, ou seja, 100%.

O Brasil participa de dois sistemas de preferências.

4.3.1 – SISTEMA GERAL DE PREFERÊNCIAS (SGP)

O Sistema Geral de Preferências é um acordo comercial multilateral desenvolvido na

Unctad pelo qual países denominados desenvolvidos concedem unilateralmente, ou seja,

sem obrigação de reciprocidade, isenção total ou parcial de imposto de importação (barrei-


ras tarifárias) a produtos exportados por países classificados como “em desenvolvimento”

pelo Banco Mundial (o Brasil, entre eles).

O mecanismo para evitar a triangulação de produtos (um país fora das especificações

auferir os benefícios ao exportar produtos para um país privilegiado pelas condições do SGP)

é a exigência de um Certificado de Origem. Este documento atesta a veracidade no cum-

primento das exigências dos requisitos de origem e é importante, sobretudo, para habilitar
ao privilégio, produtos de exportação fabricados com componentes (partes) ou insumos não

procedentes do país beneficiário (exportador pelo SGP).

Neste caso, trata-se de um Coeficiente de Nacionalidade bem mais do que um certifi-

cado de origem. Por exemplo, os Estados Unidos e outros países adotam como regra básica

o critério do percentual mínimo de componentes nacionais que têm de ser agregados ao

produto final. Para o caso estadunidense, a regra é que a soma do valor dos componentes
inteiramente produzidos no país beneficiário e dos custos diretos das operações de

processamento do produto não seja inferior a 35% do preço “ex-fabrica“, isto é, “saído da

fábrica”.

71
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

O Certificado de Origem modelo uniforme aprovado pela Unctad é o Form A (formulá-

rio A) e no Brasil é emitido pelo Banco do Brasil.

Banco do Brasil

Sistema Geral de Preferências (SGP) – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e

Comércio Exterior

Organ i zação das Naçõe s U n i das sob re o C om é rci o e o D e se nv ol vi m e nto

Unctad (em inglês)

4.3.2 – SISTEMA GLOBAL DE PREFERÊNCIAS COMERCIAIS (SGPC)

Acordo comercial firmado em 1988 mas em vigor no Brasil desde 1991. Neste, quaren-

ta e oito países ratificaram entre si concessões comerciais.

Países signatários do SGPC: Angola, Argélia, Argentina, Bangladesh, Benin, Bolívia,

Brasil, Camarões, Catar, Chile, Cingapura, Colômbia, Cuba, Egito, Equador, Filipinas, Gana,
Guiana, Guiné, Haiti, Índia, Indonésia, Irã, Iraque, Iugoslávia, Líbia, Malásia, Marrocos,

México, Moçambique, Nicarágua, Nigéria, Paquistão, Peru, República da Coréia, Repúbli-

ca Popular Democrática da Coréia, Tanzânia, Romênia, Sri Lanka, Sudão, Tailândia, Trinidad-

Tobago, Tunísia, Uruguai, Venezuela, Vietnam, República do Congo e Zimbábue.

Pelo SGPC os exportadores dos países signatários podem obter vantagens por intermé-
dio de margem de preferência à tarifa do país importador. Mas é preciso que sejam satisfeitas

algumas exigências: o produto exportado deve constar da lista de concessões do país impor-

tador; que sejam satisfeitas as Regras de Origem e que o exportador possua Certificado de

Origem – SGPC para os produtos.

72
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

Seção 4.4

Certificado de Origem

Os certificados de origem são fornecidos por entidades credenciadas, mediante a apre-

sentação da fatura comercial.

Um Certificado de Origem exibe informações sobre o valor dos insumos nacionais em

dólares (CIF ou FOB), e sua participação no preço FOB; valor dos insumos importados em
dólares (CIF ou FOB) e sua participação no preço FOB; descrição do processo produtivo, e

regime ou regras de origem – percentual do preço FOB.

• CERTIFICADO DE ORIGEM MERCOSUL

Emitido por federações, confederações ou centros da indústria, do comércio ou da


agricultura.

• CERTIFICADO DE ORIGEM ALADI

Emitido por federações estaduais de indústria e federações estaduais de comércio.

• CERTIFICADO DE ORIGEM SGP (SISTEMA GERAL DE PREFERÊNCIAS)

Emitido pelas agências do Banco do Brasil que operam com comércio exterior (Form A).

• CERTIFICADO DE ORIGEM SGPC (SISTEMA GLOBAL DE PREFERÊNCIAS COMERCIAIS)

Este documento é emitido por federações estaduais de indústria.

73
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

Seção 4.5

CÂMBIO

Já vimos o que é e de que forma a taxa de câmbio influencia as relações comerciais. Agora

precisamos saber um pouco mais sobre a prática da questão cambial no comércio exterior.

a) Contrato de Câmbio

Como visto, o exportador vende sua mercadoria em divisas, mas recebe em reais, a

unidade monetária nacional. Assim, é como se ele vendesse suas moedas internacionais

para o sistema financeiro.

A operação cambial envolve os seguintes agentes:

• o exportador que é o que vende a moeda estrangeira;

• o banco autorizado pelo Banco Central a realizar operações de câmbio;

• a corretora de câmbio (caso seja requerida pelo vendedor da moeda estrangeira, mas eleva

as despesas com gastos adicionais na operação).

O Contrato de Câmbio deve conter, entre outras coisas, os seguintes dados:

• nome do banco autorizado a contratar o câmbio;

• nome do exportador;

• valor da operação;

• taxa de câmbio negociada;

• prazo para liquidação;

• nome do corretor de câmbio, se houver; comissão do corretor de câmbio;

• nome do importador;

• dados bancários do exportador;

• condições de financiamento.

74
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

b) Fechamento do câmbio

Em operações de exportação com prazos não superiores a 180 dias, o exportador deve

realizar a operação com moeda estrangeira no sistema bancário com uma agência autoriza-

da a operar com mercado cambial. O Fechamento do Câmbio é a contratação para a opera-

ção cambial. Seu instrumento oficial é o formulário Bacen – Tipo 01 do Sistema de Informa-

ções do Banco Central – Sisbacen que deve ser preechido e registrado.

A definição do momento mais apropriado para o Fechamento do Câmbio depende da

necessidade de recursos financeiros para a elaboração do produto a ser exportado, da taxa

de juros nominal vigente e da expectativa de alterações na taxa de câmbio, entre a data

escolhida para a contratação e a data da liquidação do contrato de câmbio.

O Fechamento do Câmbio na exportação pode ser efetuado até 180 dias antes do

embarque da mercadoria, ou até 180 dias após o seu embarque. A data de embarque é

definida pela data do Conhecimento de Embarque. O Banco Central estabelece o prazo

máximo de 15 dias, contado da data de embarque, para a entrega dos documentos

comprobatórios da exportação ao banco autorizado, que após a devida conferência, fará

sua remessa ao banco emissor, no exterior.

No Fechamento do Câmbio o exportador se responsabiliza por:

• trocar o montante de moeda estrangeira com a agência bancária eleita para o negócio, a

uma taxa de câmbio especificada;

• entregar os documentos que comprovam a exportação, em data fixada cujo limite máximo

é o período de 15 dias após o embarque da mercadoria para o exterior por determinação

do Banco Central. Caso sejam solicitados pelo importador outros documentos, estes de-

vem ser entregues juntos, na mesma data.

• liquidar o câmbio em uma determinada data referenciada pela entrada efetiva da moeda

estrangeira.

75
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

Prorrogação permitida
c) Liquidação do Câmbio
O exportador deve solicitar a
prorrogação antes do venci-
A liquidação do câmbio é a efetiva entrega da moeda estrangei-
mento do prazo original; a data
da liquidação do Contrato de ra ao banco que fez o fechamento de câmbio. Este banco é o respon-
Câmbio, desde que não
ultrapasse o total de 180 dias
sável pelo pagamento ao exportador em moeda nacional. A troca é
contados da data de embar- feita pela taxa de câmbio especificada no Fechamento de Câmbio.
que. Para obter esta prorroga-
ção, o exportador deverá obter
a concordância do importador A Liquidação do Câmbio pode ocorrer por:
em pagar os juros correspon-
dentes ao prazo adicional, e • entrega dos documentos comprobatórios da exportação ao banco,
substituir a letra de câmbio
anterior por uma nova, que nas operações amparadas por Carta de Crédito. A entrega dos do-
inclua os juros citados.
cumentos é considerada equivalente à entrega de moeda estrangei-
ra. O banco deverá liquidar o câmbio no prazo máximo de 10 dias,
a contar da data de entrega dos documentos pelo exportador.

• Pagamento realizado pelo importador na conta do banco em


que foi contratado o câmbio. É importante notar que a legisla-
ção brasileira estabelece o prazo máximo de 10 dias para a
Liquidação do Câmbio, a contar da data de entrega dos docu-
mentos, no caso de transação à vista, ou após o vencimento
da letra de câmbio, no caso de venda a prazo.

d) Alterações no Contrato de Câmbio

O Contrato de Câmbio pode ser modificado, desde que as


alterações sejam acordadas por ambas as partes, mediante pre-
enchimento do formulário Bacen-Tipo 07. No entanto, o Banco
Central permite que sejam alteradas apenas as datas de venci-
mento dos compromissos do exportador, como: a data da entrega
dos documentos, desde que não ultrapasse o total de 180 dias,
contado do fechamento do câmbio.

A prorrogação é permitida , portanto, apenas para os con-


tratos de câmbio com prazo inferior a 180 dias. Em casos de fato-
res fora do alcance do exportador, e já transcorridos os 180 dias,
um período não superior a 30 dias pode ser concedido ao expor-
tador para que efetue o embarque da mercadoria, mas o prazo
para a entrega dos documentos continua sendo de, no máximo
15 dias, contado da data de embarque.

76
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

Cancelamento
e) Cancelamento do Contrato de Câmbio
do Contrato de Câmbio

O cancelamento de um
O Contrato de Câmbio pode ser cancelado dentro dos se- Contrato de Câmbio, após o
guintes prazos: envio da mercadoria ao
exterior, exige, assim, que o
exportador tome todas as
– a mercadoria não foi embarcada: até 20 dias, contados do ven- providências para obter o
pagamento, mantenha as
cimento do prazo para a entrega dos documentos. O exporta-
autoridades monetárias
dor deverá arcar com os encargos financeiros, pagamento do informadas do andamento do
processo de ressarcimento e
Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), se recebeu a an- providencie a venda da
tecipação, e outras despesas. moeda estrangeira ao banco
autorizado, caso obtenha o
pagamento.
A operação de câmbio sendo efetivada como contra-parte
da exportação, somente tem sentido de realmente acontecer a
transação comercial. A parte de câmbio refere-se ao pagamento
da compra de mercadoria. Então, se o envio da mercadoria não
ocorre, não há porque existir o pagamento. No entanto, as des-
pesas financeiras e administrativas relativas ao pagamento exis-
tem. Elas são responsabilidade do exportador.

– a mercadoria foi embarcada: até 30 dias, contados do venci-


mento do prazo para a liquidação do contrato de câmbio. Este
caso pode estar condicionado a um dos seguintes fatores: ação
judicial em andamento contra o devedor no exterior, retorno
da mercadoria com o correspondente desembaraço vinculado
ao Registro de Exportação no Siscomex, ou redução do preço
da mercadoria exportada (anuência da Secex). O exportador
também deverá arcar com os juros, taxas e outras despesas.

Se a mercadoria foi enviada, a operação de pagamento deve


ser re alizada. Há um contrato vigente! No entanto, há os
condicionantes citados. O importador pode não honrar o com-
promisso e não pagar. Como realizar a operação com moeda es-
trangeira se esta não veio? Ou pode acontecer da mercadoria ser
devolvida por um motivo justificável, por exemplo, estar fora das
especificações acordadas. Por que o importador deveria pagar?
Ou o preço pode ter sido substancialmente reduzido e interessa
ao exportador conceder este benefício ao importador.

77
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

Seção 4.6

Tratamento Tributário

Como a exportação é uma das principais formas de entrada de divisas não-voláteis


para as reservas internacionais dos países, além de fator de dinamismo e elevação da
competitividade de seu parque produtivo, em geral, os Governos evitam onerar com encar-
gos tributários os produtos exportados, para manter sua competitividade nos mercados ex-
ternos. Por essa razão, costuma-se isentar os produtos exportados dos impostos indiretos,
inclusive os incidentes nos insumos (matérias-primas, embalagem, partes e peças), que são
incorporados aos produtos finais. Segundo as normas da Organização Mundial de Comér-
cio – OMC, este procedimento não caracteriza subsídio à exportação.

No Brasil, deve-se atentar para os impostos e contribuições:

• Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – Cofins.

As exportações de produtos manufaturados, semi-elaborados, primários e de serviços


estão isentas do pagamento da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
(Cofins), cuja alíquota de 3 por cento incide internamente sobre o faturamento das empre-
sas. Esta isenção aplica-se também às exportações indiretas.

• Programa de Integração Social – PIS

As exportações de produtos manufaturados, semi-elaborados e primários estão isentas


de pagamento do Programa de Integração Social – PIS, cuja alíquota de 0,65 por cento
incide, nas operações internas, sobre a receita operacional bruta. Esta isenção aplica-se às
vendas do fabricante às trading companies. Não se aplica, porém, às vendas para comerciais
exportadoras, cooperativas, consórcios ou entidades semelhantes.

• Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI)

O Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) é um tributo federal incidente sobre o


valor adicionado. Ao adquirir os insumos, o fabricante anota como crédito, no seu registro
fiscal, o valor do IPI indicado nas notas fiscais. Ao efetuar a venda do produto elaborado,

78
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

deve contabilizar o valor do IPI como débito, no registro fiscal. Assim, a diferença entre o
crédito e o débito é o montante de IPI que o fabricante deverá recolher, dado pelo saldo no
registro fiscal.

• O Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)

O Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é um tributo estadual

com alíquota uniforme, salvo algumas exceções, e também incidente sobre o valor adiciona-

do. O procedimento fiscal é equivalente ao do IPI.

Isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e não-incidência do Imposto

sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)

Este tratamento tributário diferenciado pode ser obtido nos dois tipos de exportações,

a exportação direta e a exportação indireta:

Exportação direta

Nesta modalidade, o produto exportado é isento do IPI e não ocorre a incidência do

ICMS. É permitida também a manutenção dos créditos fiscais incidentes sobre os insumos

utilizados no processo produtivo. No caso do ICMS, é recomendável consultar as autorida-


des fazendárias estaduais, quando houver créditos a receber ou insumos adquiridos em ou-

tros Estados.

Exportação indireta

A exportação indireta, ou seja, quando realizada por intermédio de trading company,

empresa comercial exportadora e consórcios de exportação, é equivalente à exportação di-

reta, para efeito de isenção do IPI e ICMS.

Para maiores informações e acesso aos formulários consulte:

Secretaria da Receita Federal (SRF)

Secretaria de Comércio Exterior (Secex)

79
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

Seção 4.7

Comércio Exterior: legislação básica

O exportador deve estar sempre atento à legislação de sua atividade no comércio exte-

rior. O suporte legal é sempre muito dinâmico e a rapidez das mudanças das regras deve ser
acompanhada com igual velocidade na adaptação do exportador. Somente assim consegue

evitar percalços desnecessários e ainda auferir os maiores benefícios em sua atividade.

– Portaria SCE número 2, de 22 de dezembro de 1992, da Secretaria de Comércio

Exterior (Secex): consolida as disposições regulamentares da política brasileira de ex-


portação, tendo em vista a implementação do Sistema Integrado de Comércio Exterior

– Siscomex.

– A Portaria número 2 foi alterada por Portarias posteriores da SECEX, dentre as quais
cabe relacionar:

Portaria Secex número 8, de 27 de abril de 1993;

Portaria Secex número 10, de 27 de outubro de 1993;

Portaria Secex número 2, de 25 de abril de 1995;

Portaria Secex número 7, de 11 de julho de 1995;

Portaria Secex número 15, de 20 de setembro de 1996;

Portaria Secex número 20, de 4 de dezembro de 1996;

– Portaria Secex número 2, de 16 de janeiro de 1997: dispõe sobre a identificação das


mercadorias relativas às operações de exportação no Sistema Integrado de Comércio

Exterior – Siscomex, pela respectiva classificação na Nomenclatura Comum do

Mercosul – NCM, baseada no Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação

de Mercadorias – SH, da Convenção Internacional de Bruxelas.

80
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

– Portaria Secex número 5, de 13 de junho de 1997: dispõe sobre aspectos administra-


tivos das exportações.

– Portaria Secex número 14, de 11 de novembro de 1997: exclui alguns produtos do


anexo C – Tratamento Administrativo das Exportações – Produtos sujeitos a Procedi-
mentos Especiais, da Portaria Secex número 2, de 22 de dezembro de 1992, Capítulo 27.

– Portaria Secex número 1, de 13 de janeiro de 1998: dispõe sobre produtos sujeitos a


Registro de Venda – RV.

– Portaria Secex número 2, de 18 de março de 1998.

– Portaria Secex número 4, de 14 de agosto de 1998: exclui o Anexo J (Relação dos


Produtos Amparados pela Resolução número 1.925, de maio de 1992, do Conselho
Monetário Nacional), da Portaria SECEX número 2, de 22 de dezembro de 1992, mo-
dificada pela Portaria SECEX número 8, de 27 de abril de 1993.

– Portaria Secex número 6, de 21 de setembro de 1998.

– Portaria Secex número 3, de 19 de maio de 1999: altera Portaria que trata de normas
administrativas das exportações.

– Portaria Secex número 5, de 10 de junho de 1999: altera Portaria 2/92: cria grupo de
trabalho que tratará das matérias relativas ao comércio internacional de mercadorias
e de serviços e temas afins.

– Portaria Secex número 6, de 22 de junho de 1999.

– Portaria MICT número 94, de 9 de março de 1999.

81
C OMÉRCI O I NTERN ACI ON AL

– Comunicado Decex número 6 de 30 de julho de 1996.

– Siscomex

Decreto número 660, de 25 de setembro de 1992: institui o Sistema Integrado de Co-


mércio Exterior – SISCOMEX.

– Camex

Decreto número 1.386, de 6 de fevereiro de 1995: cria a Câmara de Comércio Exterior


(Camex), responsável pela formulação de políticas e coordenação das atividades rela-
ci on adas ao com é rci o e xte r ior ; e stabe l e ce as di r e tri ze s par a pol í ti cas de
desregulamentação do comércio exterior; formula políticas de concessão de áreas de
livre comércio, zonas francas e zonas de processamento de exportações.

– Apex

Decreto número 2.398, de 21 de novembro de 1997: cria a Agência de Promoção de


Exportações – Apex.

– Despacho Aduaneiro

Instrução Normativa número 28, de 27 de abril de 1995, da Secretaria da Receita


Federal (SRF) do Ministério da Fazenda: disciplina o despacho aduaneiro de merca-
dorias destinadas à exportação.

– Instrução Normativa número 155, de 22 de dezembro de 1999, da Secretaria da


Receita Federal (SRF) do Ministério da Fazenda: dispõe sobre a utilização da Declara-
ção Simplificada de Exportação (DSE).

– Tratamento Tributário

Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)

Artigo 153, parágrafo 3º, inciso III, da Constituição Federal: isenta do IPI os produtos
industrializados destinados ao exterior;

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Lei número 8.402, de 8 de janeiro de 1992: restabelece incentivos fiscais e dá outras


providências.

Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)

Decreto-Lei 406, de 31 de dezembro de 1968: dispõe sobre a não-incidência do ICMS


sobre a exportação de produtos industrializados;

Artigo 155, parágrafo 2º, inciso X, alínea “a“, da Constituição Federal: determina que
o imposto não incidirá sobre operações que destinem ao exterior produtos industriali-
zados;

Lei Complementar número 87, de 13 de setembro de 1996: dispõe sobre a não-incidên-


cia do ICMS nas operações que destinem ao exterior mercadorias, inclusive produtos
industrializados semi-elaborados e serviços.

– Drawback

Decreto número 91.030, de 5 de março de 1985 (Regulamento Aduaneiro), capítulo


IV: termos e condições para obtenção do benefício do drawback;

Lei número 8.402, de 8 de janeiro de 1992: dispõe sobre o regime especial para com-
pras internas, com fim exclusivo de exportação;

Decreto número 541, de 26 de maio de 1992: regulamenta o artigo 3º da Lei 8.402/92;

Instrução Normativa número 84, de 3 de julho de 1992, do Departamento de Receita


Federal (atual Secretaria da Receita Federal), do MEFP: estabelece normas comple-
mentares relativas ao regime especial de suspensão do IPI nas compras internas de
insumos destinados à industrialização de produtos a serem exportados;

Portaria número 6, de 25 de março de 1996, da Secretaria de Comércio Exterior (Secex):


dispõe sobre a comprovação de exportação vinculada ao regime aduaneiro especial
drawback, nas modalidades suspensão e isenção de tributos;

Portaria Secex número 4, de 12 de junho de 1997, da Secretaria de Comércio Exterior


(Secex): estabelece normas a serem observadas para a concessão do drawback, nas
modalidades suspensão e isenção de tributos;

Portaria número 4, de 7 de julho de 1999, da Secex;

Portaria número 7, de 23 de julho de 1999 da Secex: dispõe sobre atos concessórios de


drawback;

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Portaria Secex número 1, de 21 de janeiro de 2000: dispensa a apresentação de docu-


mentos impressos, na habilitação e na comprovação das operações amparadas pelo
regime de drawback.

– Programa de Integração Social (PIS)

Lei 7.714, de 29 de dezembro de 1988: dispõe sobre a exclusão da receita operacional


bruta do valor da receita de exportação de produtos manufaturados nacionais, para
efeito de cálculo do PIS/Pasep;

Ato Declaratório SRF número 39, de 28 de novembro de 1995: dispõe sobre a contri-
buição para o PIS/Pasep;

Lei 9.718, de 27 de novembro de 1998 : Altera a Legislação Tributária Federal quanto


às contribuições para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio
Público – PIS/Pasep e à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social –
Cofins;

Medida Provisória 1.991-16, de 16 de 11 de abril de 2000: Altera a legislação das


Contribuições para a Seguridade Social – Cofins, para os Programas de Integração
Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público – PIS/Pasep e do Imposto
sobre a Renda, e dá outras providências.

– Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins)

Lei Complementar número 70, de 30 de dezembro de 1991: cria a Cofins e isenta desse
encargo a receita proveniente da exportação de bens e serviços;

Decreto 1.030, de 29 de dezembro de 1993: regulamenta o artigo 7º da Lei Comple-


mentar número 70 e amplia a aplicação da isenção da Cofins;

Lei 9.718, de 27 de novembro de 1998: Altera a Legislação Tributária Federal quanto às


contribuições para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio Pú-
blico – PIS/Pasep e à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins;

Medida Provisória 1.991-16, de 16 de 11 de abril de 2000: Altera a legislação das


Contribuições para a Seguridade Social – Cofins, para os Programas de Integração
Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público – PIS/Pasep e do Imposto
sobre a Renda, e dá outras providências.

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– Operações Cambiais

Consolidação das Normas Cambiais (CNC), capítulo 5 – Exportação. Banco Central do Brasil;

Resolução número 1.964, de 25 de setembro de 1992, do Banco Central do Brasil:


dispõe sobre o pagamento das exportações brasileiras e a elaboração e liquidação dos
correspondentes contratos de câmbio;

Resolução número 2.202, de 27 de setembro de 1995, do Banco Central do Brasil:


torna facultativa a interveniência de sociedades corretoras na contratação de opera-
ção de câmbio de qualquer natureza, independentemente do valor do contrato;

Comunicado Decex número 25, de 4 de setembro de 1998: trata do Registro de Expor-


tação Simplificado (RES) para operações de exportação, com cobertura cambial e para
embarque imediato para o exterior, até o limite de US$ 10.000,00 (dez mil dólares dos
Estados Unidos), ou o equivalente em outras divisas;

Circular Bacen número 2.836, de 8 de setembro de 1998: estabelece a Sistemática de


Câmbio Simplificado para as Exportações Brasileiras;

Circular Bacen número 2.967, de 11 de fevereiro de 2000: promove alterações na regu-


lamentação cambial, em conseqüência da criação da Declaração Simplificada de Ex-
portação e da Declaração Simplificada de Importação no Siscomex.

– Financiamento à Exportação

BNDES-Exim

Circular BNDES/Finame número 161, de 6 de janeiro de 1998: fixa critérios relativos


ao BNDES-exim Pré-Embarque Especial;

Circular BNDES/Finame número 164, de 4 de setembro de 1998: critérios do BNDES–


exim Pós–Embarque;

Circular BNDES/Finame número 166, de 6 de janeiro de 1999: critérios do BNDES–


exim Pré-Embarque.

Proex Lei número 8.187, de primeiro de junho de 1991: autoriza a concessão de finan-
ciamento à exportação de bens e serviços nacionais;

Resolução número 2.224, de 20 de dezembro de 1995, do Banco Central do Brasil:


estabelece as normas básicas aplicáveis aos financiamentos das exportações brasilei-
ras, realizadas ao amparo do Programa de Financiamento às Exportações – Proex–
Financiamento;

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Carta Circular número 2.825, de 24 de junho de 1998, do Banco Central do Brasil:


estabelece, altera e sistematiza os procedimentos cambiais relativos às exportações
financiadas;

Resolução número 2.575, de 17 de dezembro de 1998, do Banco Central do Brasil:


redefine os critérios aplicáveis ao financiamento das exportações brasileiras, no âmbi-
to do Programa de Financiamento às Exportações – Proex;

Resolução número 2.576, de 17de dezembro de 1998, do Banco Central do Brasil:


redefine os critérios aplicáveis às operações do sistema de equalização de taxas de
juros do Proex;

Portaria MICT número 146, de 28 de dezembro de 1998: dispõe sobre os itens financiáveis
na modalidade Proex-Equalização;

Portaria MICT número 147, de 28 de dezembro de 1998: contém relação de itens na


modalidade Proex-Financiamento;

Carta Circular número 2.843, de 25 de março de 1999, do Banco Central do Brasil:


estabelece percentuais aplicáveis à equalização de taxas de juros, no âmbito do Proex.

Seção 4.8

Consórcios Internacionais

No comércio exterior, uma forma de atuação é através de um grupo de empresas para


explorar o potencial da atividade. Um grupo de empresas que conjugam esforços e/ou esta-

belecem uma divisão de trabalho entre elas e formam uma entidade jurídica de fórum inter-

nacional é um Consórcio. Os consórcios são formados para otimizar a inserção no mercado

importador/exportador ou reduzir os custos das transações e podem ser de diversos tipos.


Em um consórcio de Promoção de Vendas, por exemplo, as vendas no mercado externo são

realizadas diretamente pelas empresas consorciadas e a finalidade do consórcio é desenvol-

ver atividades de promoção de negócios, capacitação e treinamento.

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No Consórcio de Vendas, as exportações são realizadas por uma empresa no exterior

mas pertencente ao consórcio. Os consórcios podem ser também de país ou área comercial.

Neste tipo de consórcio, as empresas têm por objetivo a ligação comercial com determinado

território e, por conseguinte, pode reunir tanto a atividade de Vendas como de promoção de
exportações e constitui r-se monosse torialme nte (empresas de um mesmo se tor) ou

multissetorialmente (produtos complementares ou não; direcionados a um mesmo cliente

ou não).

SÍNTESE DA UNIDADE 4

Na Unidade 4 estudamos o sistema aduaneiro internacio-


nal e brasileiro, o seu significado, importância e sua origem his-
tórica. Passamos pelos órgãos responsáveis pela estruturação do
sistema aduaneiro e as normas técnicas que lhe orientam. Den-
tro desta unidade assimilamos a complexa atividade de exportar,
e aprendemos um pouco mais sobre a documentação necessária
para esta atividade e os mecanismos que dispomos para simplificá-
la. Estudamos também o papel do câmbio nesta relação comercial e os
aspectos relativos à sua tramitação para a conclusão de um negócio, como
o contrato, o fechamento, a liquidação, as alterações no contrato e o seu
cancelamento. Em relação à tributação, percebemos como os governos
desoneram os produtos exportados do pagamento de tributos, devido à
importância que esta atividade tem para os países, em virtude da entrada
de divisas. Vimos ainda a legislação pertinente que regulamenta a ativida-
de de exportação no comércio exterior e um pouco sobre o que se entende
por Consórcios Internacionais.

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À Guisa de Conclusão

Neste curso fizemos uma emocionante jornada de conhecimento.

Estudamos como são estabelecidas as Relações Internacionais e qual a importância

do Comércio Internacional para o desenvolvimento dos países.

Fomos levados a conhecer a complexidade do sistema de comércio exterior estabeleci-

do e percebemos a importância de uma empresa operar na economia internacional.

Por fim, estudamos alguns aspectos com os quais as empresas se deparam quando
atuam em um mercado tão amplo, sujeito a tantas regras. Regras estas que, não podemos

esquecer, servem justamente para reduzir a incerteza e os riscos em transações tão impor-

tantes.

Mas isto tudo é somente o começo. O mundo é muito mais vasto. Portanto, de posse

desta pequena bagagem, continue sua jornada.

Boa Sorte!

Boa Viagem!

Os autores

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