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502 Posicionamentos SBD 3 Jan09 PDF
502 Posicionamentos SBD 3 Jan09 PDF
P O S I C I O N A M E N TO O F I C I A L 3 ª E D I Ç Ã O
2009
2
Posicionamento Oficial 2009 - Aspectos Clínicos e Laboratoriais
Prefácio
3
Atualmente, a manutenção do nível de A1C abaixo de 7% é considerada como uma das prin-
cipais metas no controle do diabetes. Os dois estudos supramencionados indicaram que as
complicações crônicas começam a se desenvolver quando os níveis de A1C estão situados
permanentemente acima de 7%. Algumas sociedades médicas adotam, inclusive, metas te-
rapêuticas mais rígidas de 6,5% para os valores de A1C.
O objetivo deste Posicionamento Oficial 2009 é o de promover uma atualização sobre o pa-
pel da hemoglobina glicada na avaliação do controle glicêmico e no diagnóstico do diabetes,
abordando aspectos clínicos e laboratoriais sobre esse importante recurso diagnóstico. Visa,
também, definir recomendações de padronização de métodos laboratoriais devidamente va-
lidados, bem como discutir os métodos alternativos que possam ser utilizados na prática
laboratorial diária para a avaliação desse importante parâmetro diagnóstico.
Coordenação Editorial
Editores Médicos
PARTE 1
ASPECTOS CLÍNICOS
PARTE 2:
ASPECTOS LABORATORIAIS
3. O processo de formação
5. Análise laboratorial
7
• Fase pré-analítica
• Fase analítica
• Fase pós-analítica
6. Tendências
Figura 2. As diferentes
frações da hemoglobina.
Hba1c é a única fração
que deve ser usada como
um índice de glicemia média
Hemoglobina Hb e como uma medida do
risco de complicações.
Hb 0 Hb 1
Hemoglobina Hemoglobina
não glicada glicada
Figura 3. Mecanismos
de desenvolvimento das
complicações crônicas
Hiperglicemia
do diabetes (Adaptado Persistente
de Referência 2).
Complicações Diabéticas
Risco Relativo
11 Microalbuminúria
9
7
5
3
1
6 7 8 9 10 11 12
A1C (%)
DCCT, Diabetes Control and Complicatione Trial.
1. Adaptado de Skyler JB. Endocrinol Metad Clin North Am. 1996;25:243-254
2. DCCT. N Engl Med. 1993;329:977-966
3. DCCT Diabets. 1995;44:968-983
40 37
30
20
21 21
14
10
0
Microvascular Qualquer desfecho Óbito IM fatal e Amputação ou
relacionado relacionado ao não-fatal óbito por DVP
ao diabetes diabetes
12
O estudo Diabetes Control and Complications Trial (DCCT) [3](4) forne-
ceu a validação inicial da A1C como uma ferramenta de prognóstico
para as complicações crônicas e, também, uma padronização do mé-
todo laboratorial. Com base nos estudos DCCT e UKPDS (United King-
dom Prospective Diabetes Study) [4](5), estabeleceu-se que os níveis
de A1C acima de 7% estão associados com risco maior de complica-
ções crônicas. Por esta razão, o conceito de tratamento por objetivos
define 7% como o limite superior do valor aceitável para um paciente
Tabela 1.
Correspondência entre Nível de A1C % Estudo DCCT Estudo ADAG
níveis de A1C E
níveis médios de 4 65 70
glicemia (mg/dL). 5 100 98
6 135 126
6,5 Meta - SBD 152 140
7 Meta - ADA 170 154
8 205 182
9 240 211
10 275 239
11 310 267
12 345 295
Natahan, DM et al. Translating the A1C Assay into Estimated Average Glucose Values. Diabetes Care 31:1-6, 2008.
Posicionamento Oficial 2009 - Aspectos Clínicos e Laboratoriais
http://professional.diabetes.org/glucosecalculator.aspx.
IMPORTANTE
• Risco de hipoglicemia e
risco relativamente baixo
6 - 12 <8 90 - 180 100 - 180 de complicações antes
da puberdade
Tabela 4. Principais
condições clínicas que Condições que promovem redução do valor real da A1C em função da diminuição
podem interferir no do número de eritrócitos, dos níveis de hemoglobina e do hematócrito:
resultado do teste de A1C.
IMPORTANTE
8- Nathan D.M. et al. Translating the A1C Assay Into Estimated Average
Glucose Values. Diabetes Care 2008;31:1-16.
lial Function and Oxidative Stress Than Mean Glucose in Normal and
Type 2 Diabetic Patients. Diabetes 2008;57:1349-54.
10- Monnier L. and Colette C. Glycemic Variability. Should We And Can
We Prevent It? Diabetes Care 2008;31 (Suppl. 2):S150-4.
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12- American Diabetes Association: Standards of Medical Care In Dia-
betes – 2008. Diabetes Care 2008;31 (Suppl. 1):S12-S54.
13- California Healthcare Foundation / American Geriatrics Society Pa-
nel on Improving Care for Elders with Diabetes. Guidelines for Impro-
ving the Care of the Older Person with Diabetes Mellitus. Journal of
the American Geriatrics Society 2003; 51(Suppl):S265-S279.
14- The Diabetes Control and Complications Trial Research Group.
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Of Diabetes Mellitus. J. Clin. Pathol. 2008;61:977-982.
16- Lee T.J. and Safranek S. A1C Testing in the Diagnosis of Diabetes
Mellitus. Disponível em: http://www.aafp.org/afp/20060701/fpin.html.
Acesso em 21 de novembro de 2008.
PARTE 2
ASPECTOS LABORATORIAIS
Recomendações para a determinação
da hemoglobina glicada
Para que um método laboratorial tenha utilidade clínica, este deve pre-
encher alguns requisitos básicos que garantam a confiabilidade dos
resultados obtidos em amostras de pacientes. São estes, a exatidão, a
precisão, a sensibilidade e a especificidade.
3. O PROCESSO DE FORMAÇÃO
O termo glicosilação não deve ser utilizado, pois indica uma reação
mediada por um sistema enzimático. Do ponto de vista químico, a for-
mação da A1C baseia-se em um processo de “glicação”, pois a reação
é do tipo não-enzimático entre a glicose e a hemoglobina [3] sendo,
por isso, o termo correto.
Quadro 1: Nomenclatura
Fase pré-analítica
Variação Biológica
Intra-individual 3,4%
Inter-individual 5,1%
30
Fonte: www.westgard.co/biodatabase1.htm (acesso em novembro de 2008)
Interferentes analíticos
[4,5,6,7,8,9,10,11,12,13].
Axis-Shield
Afinion
não não não não
Siemens
Advia sim sim
Siemens DCA
2000 sim/não não não não sim não
Beckman
Diatrac sim sim sim sim
Beckman
Synchron não não não não
Bio-Rad D-10
(short sim/não não não não
program)
Bior-Rad D-10
32 (extended não não não não
program)
Bio-Rad
DiaSTAT não sim
Bio-Rad
Variant A1c
não sim/não não não sim
Bio-Rad
Variant GHb não não
Bio-Rad
Variant II A1c
sim/não sim/não não não não não
Bio-Rad
Variant II não não sim sim
Turbo
Dade
Dimension não não não não
Diazyme
Direct
Enzymatic não não não não
HbA1c
Drew
Scientific DS5 não sim
Helena
Glyco-Tek sim não
Posicionamento Oficial 2009 - Aspectos Clínicos e Laboratoriais
Interferência (Sim/Não)
Método
Traço Traço Traço Traço Hb F Hb
Hb C Hb S Hb E Hb D elevada Carbamilada
Menarini
HA8140 não sim sim sim não sim/não
Menarini
HA8160 não não sim sim
(Diabetes Mode)
Menarini
HA8160(Thalass não sim
emia Mode)
Pointe Scientific
Hemoglobin A1c não não não não
Primus Boronate
não não não não sim não 33
Affinity HPLC
Randox
Haemoglobin sim
sim sim
A1c (>10%)
Roche Cobas
Integra sim sim
Roche Cobas
Integra Gen2 não não não não
Roche não
Tina-quant II não não não não não
(<30% HbF)
Coleta - O sangue pode ser obtido por punção venosa ou por pun-
ção capilar. Os tubos devem conter o anticoagulante especificado pelo
fabricante (EDTA é o mais usado). Em alguns sistemas, a heparina é
aceitável [9,10].
Posicionamento Oficial 2009 - Aspectos Clínicos e Laboratoriais
35
FASE ANALÍTICA
IMPORTANTE
• Imunoensaio turbidimétrico.
Na reatividade química:
38
• Método colorimétrico com formação do 5-hidroximetilfurfural
(5HMF).
Desempenho analítico
Quadro 3: alguns
conjuntos diagnósticos Método Fabricante Parâmetro Certificado
para a dosagem da pelo NGSP
hemoglobina. Axis-Shield PoC As A1C Sim
Afinidade Bio-Rad Deeside A1C Sim
(ácido borônico)
Infopia Co, Ltd A1C Sim
Quotient Diagnostics Ltd A1C Sim
Doles HbA1 total Não
INLAB HbA1 total Não
Cromatografia
de troca iônica In Vitro HbA1 total Não
Katal HbA1 total Não
Labtest HbA1 total Não*
Arkray A1C Sim
Enzimático
Diazyme Laboratories USA A1C Sim
Sebia A1C Não
Eletroforese
CELM HbA1 total Não
A.Menarini Diagnostics A1C Sim
Arkray A1C Sim
HPLC
Troca iônica Bio-Rad Laboratories A1C Sim
Tosoh Corporation A1C Sim
HPLC
Cromatografia Primus Diagnostics A1C Sim
de afinidade
(ácido borônico)
39
Para atualização dos métodos certificados pelo NGSP consultar o “site”: www.ngsp.org
* Conjunto diagnóstico da empresa Labtest denominado Hemoglobina Glicada Ref.17
** O conjunto diagnóstico da empresa Labtest denominado HbA1c Turbiquest – Ref. 301 traz a seguinte
informação nas instruções de uso: “O método é certificado pelo National Glycohemoglobin Standardization
Program (NGSP) para Pointe Scientific, Inc., com rastreabilidade ao método de cromatografia líquida de alto
desempenho (HPLC) utilizado no estudo Diabetes Control and Complications Trial (DCCT)”
le interno da qualidade da dosagem de A1C e que estabeleça como
meta um coeficiente de variação interensaio inferior a 5%, embora
o percentual desejável seja inferior a 3%. O laboratório deve utilizar
dois níveis de amostras controle. Recomenda-se, ainda, que o labora-
tório participe ativamente de programas de proficiência, como o PELM
- Programa de Proficiência em Ensaios Laboratoriais, da Sociedade
Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial, com a finalidade
de monitorar a exatidão e o cálculo do erro total. Informações mais
completas sobre o PELM poderão ser obtidas no seguinte “site”: www.
pelm.com.br.
FASE PÓS-ANALÍTICA
Intervalo de referência
Laudo laboratorial
41
O laudo laboratorial deve informar o tipo de material analisado, a me-
todologia utilizada e o intervalo de referência.
44
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Posicionamento Oficial 2009 - Aspectos Clínicos e Laboratoriais
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Apoio:
A1C 2009-516970