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08/02/2021 Rigor científico e ciência aberta: desafios éticos e metodológicos na pesquisa qualitativa

Rigor científico e ciência aberta: desafios éticos e


metodológicos na pesquisa qualitativa
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qualitativa/

SciELO February 5, 2021 17:11

Por Sonia MR Vasconcelos*,**, Patrick Menezes*,


Mariana D Ribeiro* e Elizabeth Heitman***

Integridade em pesquisa e rigor científico


A discussão sobre integridade em pesquisa
e rigor científico vem ganhando atenção
crescente nas últimas décadas,
especialmente no âmbito da produção
científica e desafios associados. Dentre os
vários, estão aqueles de natureza ética e
metodológica que confrontam a
confiabilidade de resultados.

No contexto de publicações acadêmicas,


Imagem: Viktor Forgacs.
vêm sendo marcantes as transformações no
âmbito das políticas editoriais,
especialmente nos últimos quinze anos. Em 2009, editoras de grande permeação
internacional nas mais diversas áreas, como a Nature Publishing Group (NPG), tornaram
mais explícitas suas políticas sobre responsabilidade autoral. De acordo com um Editorial
publicado em 2009 pela NPG:

Antes de submeter o artigo, pelo menos um membro sênior de cada grupo colaborador deve
assumir a responsabilidade pela contribuição de seu grupo. Há três responsabilidades
principais: preservação dos dados originais nos quais o artigo é baseado, verificação de que
as figuras e conclusões refletem com precisão os dados coletados e que as manipulações de
imagens estão de acordo com as diretrizes da Nature (http://tinyurl.com/cmmrp7) e
minimização de obstáculos ao compartilhamento de materiais, dados e algoritmos por meio
de um planejamento apropriado.1

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Essa iniciativa foi o resultado de um processo de discussão na editora e acompanhamento


de uma consulta aos autores, cujas opiniões sobre políticas mais rígidas sobre autoria
científica não eram consensuais. Cerca de um ano antes, em 2008, a NPG se engajou em
outra iniciativa focada na ética em publicações, para verificação de originalidade em
manuscritos, com o suporte da base de dados CrossCheck. Dentre as editoras científicas
envolvidas estavam a Association for Computing Machinery, a American Society of
Neuroradiology, a BMJ Publishing Group, a Elsevier, a Institute of Electrical &
Electronics Engineers e a NPG. Gradualmente, a atenção a sistemas de detecção de
plágio, comerciais e livres, foi se ampliando no contexto de publicações. Essas e outras
ações no cenário editorial decorrem de motivações que incluem preocupações de natureza
ética e científica – em parte, dos próprios pesquisadores. Tais preocupações vão ao
encontro de noções sobre rigor científico, tanto na comunicação de resultados quanto na
avaliação pelos pares.

Mas quando falamos sobre rigor científico, em geral, estamos falando de que aspectos,
objetivamente? Casadevall e Fang (2016),2 dentre os pesquisadores que mais vêm
contribuindo com a discussão sobre rigor e integridade científica, citam o Online
Etymology Dictionary ao descreverem que a palavra “rigor” deriva de uma antiga palavra
francesa, “rigueur” – força e dureza.3 Uma perspectiva prevalente nas ciências naturais e
exatas aproxima a ideia de rigor a “trabalho sólido”, expressando um senso de informação
confiável. Porém, como definem Casadevall e Fang (2016),2 as palavras “exato” e
“cuidadoso”, que compõem essa solidez, não dão conta do que seria praticar ciência
rigorosa – esse rigor ultrapassa o conceito de exatidão e cuidado no desenho
experimental.

Casadevall e Fang (2016)2 propõem “um Pentateuco” para representar o rigor científico,
cujos itens, apresentados resumidamente, seriam os seguintes: (i) redundância no
desenho experimental (uso de controles, replicatas, etc); (ii) análise estatística sólida
(observando tamanho de efeito, por exemplo); (iii) reconhecimento de erro (verificação
de fontes de erro, como contaminação de reagentes); (iv) precaução para evitar
armadilhas lógicas (especialmente na interpretação dos dados); (v) honestidade
intelectual (postura ética e boas práticas de pesquisa, como verificação
independentemente dos resultados por outros pesquisadores). Para Casadevall e Fang
(2016) “o rigor científico é multifacetado e não há um único critério que possa defini-lo”,
e “… mesmo a abordagem experimental mais cuidadosa não é rigorosa se a interpretação
se basear em uma falácia lógica ou for intelectualmente desonesta.”2

Nesse contexto, o relato da pesquisa vem recebendo particular atenção. Pesquisadores


registrados no Swiss Federal Food Safety and Veterinary Office (FSVO), participaram de
uma survey (n=530) explorando suas percepções sobre rigor científico na pesquisa com
animais. Nesse estudo, a relação com rigor foi explorada considerando a forma como os
respondentes gerenciavam o risco de viés na pesquisa, incluindo o relato dos resultados.
Como descrito por Reichlin, et al. (2016), “os participantes tiveram um desempenho bem

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fraco quando solicitados a distinguir entre medidas eficazes e ineficazes contra seis tipos
diferentes de vieses.”4 Os autores chamam a atenção para a necessidade de indicadores de
rigor científico mais confiáveis na pesquisa com animais.

Essa relação do rigor científico com controle de viés nas várias etapas da pesquisa –
incluindo o relato – se harmoniza com a perspectiva de um dos maiores financiadores da
pesquisa biomédica, os National Institutes of Health (NIH) dos Estados Unidos. Para os
NIH, rigor científico seria

… a aplicação estrita do método científico para garantir que os desenho experimental,


metodologia, análise, interpretação e relato dos resultados sejam robustos e imparciais. Isso
inclui total transparência ao relatar detalhes experimentais para que outros possam
reproduzir e ampliar os resultados.5

Em 2014, depois de uma série de estudos biomédicos apontados como irreprodutíveis, os


NIH anunciaram políticas para responder a essa crise aparente, buscando “restaurar a
natureza autocorretiva da pesquisa pré-clínica.”6 Entretanto, a agência salientou que
embora as discussões sobre reprodutibilidade tenham foco na pesquisa pré-clínica, “os
princípios básicos e áreas de enfoque se aplicam a todo o espectro da pesquisa biomédica
– da básica à clínica”.5 A política principal foi direcionada a uma maior promoção do
rigor e da transparência em cada fase da pesquisa. Foi definido que, a partir do 25 de
janeiro de 2016, cada aplicação para os NIH deveria esclarecer mais objetivamente como
os pesquisadores promoveriam maior rigor e transparência nas pesquisas propostas. Na
revisão de seus critérios, os NIH elencaram quatro aspectos que teriam papel relevante
nessa promoção de maior transparência e rigor: a premissa científica, o rigor no desenho
experimental, as variáveis biológicas relevantes (e.g., sexo) e a autenticação de recursos
químicos e biológicos considerados centrais para a pesquisa.

Em outro documento, intitulado Advanced Notice of Coming Requirements for Formal


Instruction in Rigorous Experimental Design and Transparency to Enhance
Reproducibility, os NIH também passariam a requerer, a partir de 2017, “… instrução
formal sobre rigor científico e transparência para aumentar a reprodutibilidade, para
todos os indivíduos financiados por meio de ‘training grants’ concedidos às instituições,
incluindo os recursos voltados para o desenvolvimento de carreira ou por meio de bolsas
individuais”.7

Rigor científico na pesquisa qualitativa

No campo da pesquisa qualitativa, a discussão sobre rigor também vem se expandindo


nos últimos anos, em uma arena de disputas sobre o próprio conceito. Uma busca
(realizada em 28.12.2020) na base Scopus pelos termos “rigor” (que inclui a grafia
britânica “rigor”) e “qualitative research” em article titles, abstract, keywords (1999-
2019) nos permite observar o crescimento no número de publicações relacionadas,
especialmente a partir de 2012. Dos 851 documentos no período, 90% das publicações

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eram “articles” (76,3%) ou “review” (13,4%). Para o total de documentos, os maiores


percentuais de distribuição foram para publicações associadas a Medicina (28%),
Ciências Sociais (23%) e Enfermagem (16%).

Dentre os artigos que discutem, mais pontualmente, rigor científico na pesquisa


qualitativa, está o de Barbour (2001),8 um dos mais citados. Barbour (2001),8 ao
argumentar sobre como aprimorar o rigor na pesquisa qualitativa, ressalta uma
percepção que, para a autora, parece comum entre pesquisadores e que ela julga ser
equivocada: a de que uma adesão a procedimentos puramente técnicos na condução e
relato da pesquisa qualitativa conferiria rigor aos estudos. Barbour (2001)8 sugere que há
uma espécie de ponto cego inerente a esse entendimento sobre rigor científico e chama a
atenção para o papel do desenho de pesquisa e análise dos dados:

Reduzir a pesquisa qualitativa a uma lista de procedimentos técnicos (como amostragem


intencional, teoria fundamentada, codificação múltipla, triangulação e validação de
respondentes) é excessivamente prescritiva e resulta em “the tail wagging the dog”.
Nenhum desses reparos técnicos, por si só, conferem rigor; eles podem fortalecer o rigor da
pesquisa qualitativa somente se estiverem incorporadas a um amplo entendimento do
desenho da pesquisa qualitativa e da análise de dados.8

Cerca de 20 anos após essa observação de Barbour8, a preocupação acadêmica com o


rigor científico e a credibilidade da pesquisa qualitativa é observada em recomendações e
checklists desenvolvidos e/ou exploradas ao longo desse período. Para Johnson, Adkins e
Chauvin (2020),9 um dos pontos que afetam diretamente a credibilidade da pesquisa é o
relato honesto e transparente sobre como os pesquisadores lidam com os vieses e outros
possíveis fatores de confusão ao longo da condução da pesquisa.

No que tange o financiamento de projetos baseados em pesquisa qualitativa, essa atenção


ao rigor científico é também de interesse estratégico de agências, como a National Science
Foundation (NSF) dos Estados Unidos. Em 2003, a NSF financiou um workshop
intitulado Scientific Foundations of Qualitative Research10 No relatório publicado pelos
organizadores, destaca-se a importância de critérios mais claros, incluindo rigor e
abordagem sistemática, para a avaliação da pesquisa qualitativa nas propostas de
projetos. O relatório acrescenta que “abordagens ad hoc e casuais para coleta ou análise
de dados não devem ser consideradas pesquisas qualitativas”.10

Em 2005, a NSF também financiou o Workshop on Interdisciplinary Standards for


Systematic Qualitative Research,11 que explorou abordagens com foco nas áreas de
antropologia cultural, direito, ciência politica, e sociologia. Segundo o relatório associado,

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… vinte e quatro estudiosos das quatro disciplinas foram encarregados de (1) articular os
padrões usados em seus campos específicos para garantir o rigor em toda a gama de
abordagens metodológicas qualitativas* [*etnografia, análise histórica e comparativa,
análise textual e discursiva, grupos focais, história oral e arquivística, estudos
observacionais, interpretação de imagens e materiais culturais e entrevistas não estruturadas
e semiestruturadas]; (2) identificar critérios comuns compartilhados entre as quatro
disciplinas para projetar e avaliar propostas de pesquisa e promover colaborações
multidisciplinares; e (3) desenvolver uma agenda para fortalecer as ferramentas, o
treinamento, os dados, o desenho e a infraestrutura de pesquisa utilizando abordagens
qualitativas.11

O grupo de especialistas identificou um consenso entre as quatro disciplinas, indicando


dez critérios para o desenho e a avaliação de pesquisa qualitativa de boa qualidade. Eles
incluem uma base forte na literatura acadêmica associada; uma descrição detalhada dos
métodos para a coleta dos dados e as técnicas de análise; conexão clara entre a teoria e os
dados. No relatório11 é recomendada a contribuição da NSF para promover o
aprimoramento da pesquisa qualitativa. Essa contribuição seria não só por meio do
aumento de investimentos que pudessem contemplar “educação, treinamento e
infraestrutura”, mas também por meio de divulgação de seu compromisso em apoiar a
pesquisa qualitativa “de alto nível”. Também recomendaram financiamento para apoiar a
formação de estudantes desenvolvendo pesquisas dessa natureza, não apenas de
pesquisadores estabelecidos.

Em 2018, a NSF financiou o Workshop Intention and Implementation: Transparency in


Qualitative Social Science, com foco na antropologia, sociologia e ciência política.12 Uma
das questões para apreciação dos pesquisadores participantes foi: “Como os vários
contextos e condicionantes de seu trabalho, incluindo atividades específicas de
coleta/criação de dados específicos, mas também atividades para as quais a criação de
dados de pesquisa não é um objetivo definido, moldam sua compreensão de
‘compartilhamento de dados` ou ‘acesso a dados’ como um meio de alcançar
‘transparência de pesquisa’?”12

Essa provocação é consistente com os desafios que se impõem para aprimorar critérios
relacionados ao rigor científico e à qualidade da pesquisa em áreas que geram dados
qualitativos. Combinada à discussão em curso sobre esses critérios, iniciativas, como
essas apoiadas pela NSF, sugerem uma nova agenda no âmbito do julgamento de projetos
com base na pesquisa qualitativa. Essa agenda parece se configurar mais claramente
quando consideramos que nosso ambiente de pesquisa está em franca transformação.
Nesse contexto se inserem releituras sobre, por exemplo, o que confere qualidade e
confiabilidade à pesquisa nas mais variadas áreas e sua relação com novas demandas
postas pela ciência aberta.

Rigor científico, pesquisa qualitativa e ciência aberta

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Dentre os estímulos para a ciência aberta estão uma transformação no acesso às


ferramentas científicas, sendo múltiplas as concepções sobre o conceito de ciência aberta.
Como descrito por Sarita Albagli, o significado de ciência aberta envolve “… maior
porosidade e interlocução da ciência com outros segmentos sociais e outros tipos de
saberes, no amplo espectro de possibilidades e espaços de produção do conhecimento.”13
De acordo com o Livro Verde–Ciência aberta e dados abertos: mapeamento e análise de
políticas, infraestruturas e estratégias em perspectiva nacional e internacional, publicado
em 2017 pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz),

… Ciência Aberta abarca diferentes pilares, dentre os quais estão o acesso aberto a
publicações e a abertura de dados científicos, tendo como principais benefícios: capacidade
de reprodutibilidade da pesquisa, maior transparência do financiamento público, aumento da
velocidade de circulação da informação como insumo para o progresso da ciência e reuso de
dados em novas pesquisas, resultando numa ciência de maior qualidade, com progressos
mais rápidos e alinhados às necessidades das sociedades.14

Essa transformação em curso impõe uma nova abordagem para o processo científico e
difusão do conhecimento gerado, estreitando as relações entre ciência e sociedade. No
centro dessa abordagem está a remoção de barreiras de compartilhamento de recursos,
métodos ou ferramentas, em qualquer estágio do processo de pesquisa. Nesse sentido,

acesso aberto a publicações, dados de pesquisa abertos, software de código aberto,


colaboração aberta, revisão por pares aberta, cadernos abertos, recursos educacionais
abertos, monografias abertas, ciência cidadã ou financiamento coletivo de pesquisa, estão
no escopo da Ciência Aberta.15

Como descrito em 2018 no documento The state of open science in the Nordic countries,

acesso aberto é um dos meios de alcançar a ciência aberta… Dados de pesquisa referem-se a
informações, em particular fatos ou números, recolhidos para serem examinados e
considerados como base para o raciocínio, discussão ou cálculo. Em um contexto de
pesquisa, exemplos de dados incluem estatísticas, resultados de experimentos, medições,
observações resultantes do trabalho de campo, resultados de pesquisas, gravações de
entrevistas.16

Acompanhando os avanços no desenvolvimento de políticas para a ciência aberta, estão


preocupações sobre a relação dessa cultura em construção com a tradição de avaliação
científica. Em 2016, por exemplo, Portugal constituiu um Grupo de Trabalho
Interministerial da Política Nacional de Ciência Aberta (GT-PNCA). No relatório
produzido17, foram feitas recomendações para estimular boas práticas de avaliação
científica. Essa política de ciência aberta é apresentada como uma prioridade do Governo
e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, MCTES. Ela inclui, dentre os
objetivos, reforçar iniciativas para ampliar o acesso público aos resultados da pesquisa
científica, cujos principais pilares seriam:

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i) a transparência nas práticas, metodologia, observação e recolha de dados, ii) a


disponibilização pública e reutilização de dados científicos, o acesso público e transparência
na comunicação científica, iii) a utilização de ferramentas baseadas na web de forma a
facilitar a colaboração científica.18

Em 2018, a Comissão Europeia em colaboração com agências de fomento e conselhos


científicos de 11 países da Europa decidiu dar um passo radical e lançar uma iniciativa
revolucionária, com o objetivo de “tornar uma realidade o acesso aberto total e
imediato.”19 Essa é uma força-tarefa para que só estudos publicados em acesso aberto
tenham financiamento via recursos públicos.

Como resposta ao plano de acesso aberto, critérios mais explícitos de qualidade e rigor
científico fazem parte das demandas que periódicos ou plataformas devem atender. Essa
preocupação está expressa na América Latina, por exemplo, por meio do SciELO, que
realizou em setembro de 2018 um evento comemorativo de seus 20 anos, tendo a ciência
aberta e suas relações com a dinâmica de comunicação científica, como foco, a
Conferência SciELO 20 Anos. Iniciativas como essa são consistentes com outras ações no
campo da pesquisa. Uma dessas foi implementada recentemente pela American
Psychological Association (APA). Em 2018, a APA lançou o documento Journal Article
Reporting Standards for Qualitative Primary, Qualitative Meta-Analytic, and Mixed
Methods Research in Psychology: The APA Publications and Communications Board
Task Force Report.20

No documento, são descritas características típicas da pesquisa qualitativa:

Pesquisadores qualitativos relatam suas pesquisas de forma a refletir as várias maneiras em


que se situam essas pesquisas. Primeiro… o contexto dos próprios pesquisadores é uma
questão a ser considerada. A relação dos pesquisadores com o tópico do estudo, com seus
participantes e com os compromissos ideológicos relacionados, todos podem ter influência
no processo de investigação. Segundo, pesquisadores qualitativos descrevem o contexto em
que um fenômeno ou tópico de estudo também está sendo construído… Terceiro, eles
também descrevem os contextos de suas fontes de dados… Além de descrever os
fenômenos, fontes de dados… em termos de localização, época e períodos, pesquisadores
qualitativos buscam situar esses fatores em relação à dinâmica social relevante.20

Um dos aspectos que Levitt, et al. (2018)20 explicitam é que “pesquisadores qualitativos
há muito buscam uma linguagem para descrever rigor em suas abordagens.” Os autores
listam os detalhes que devem ser descritos em um artigo, com foco em pesquisa
qualitativa, de forma a maximizar o rigor e a eticidade do relato. O documento explora
diferentes contextos de apropriação da pesquisa qualitativa e apresenta orientações para
a revisão em periódicos: Journal Article Reporting Standards for Qualitative Research
(JARS-Qual): Information Recommended for Inclusion in Manuscripts That Report
Qualitative Meta-Analyses; Information for Inclusion in Qualitative Meta-Analysis
Reporting Standards (QMARS); Mixed Methods Article Reporting Standards
(MMARS).20 Na seção sobre integridade metodológica, no JARS-Qual, espera-se que o
relato da pesquisa inclua uma série de itens como

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Demonstrar que as alegações feitas a partir da análise são garantidas e produziram


descobertas com integridade metodológica… Apresentar os resultados de uma maneira
coerente que explique contradições ou evidências não validadas pelos dados (por exemplo,
reconciliar discrepâncias, descrever por que um conflito pode existir nos resultados).20

Sobre explicar “contradições ou evidências não validadas pelos dados”, essa é uma
perspectiva que encontra respaldo no próprio conceito de integridade científica trazido
por Richard Feynman – há algumas décadas (Feynman, 1974):

… é um tipo de integridade científica, um princípio de pensamento científico que


corresponde a um tipo de completa honestidade… por exemplo, se você estiver fazendo um
experimento, relate tudo o que acha que pode torná-lo inválido – não apenas o que você
acha correto sobre ele: indique outras causas que possam explicar os resultados; e elementos
que você pensou que eliminou por outro experimento… para garantir que outros
pesquisadores possam identificar o que foi eliminado.21

Um rigor anterior: para além da condução e relato da pesquisa

Como vem sendo indicado nesta perspectiva, na atual discussão sobre rigor científico,
articulada com percepções sobre integridade em pesquisa, há uma preocupação marcante
com a honestidade e transparência no relato científico. Entretanto, um aspecto que vem
recebendo menos atenção é a importância da pergunta inicial da pesquisa e os
pressupostos que informam a metodologia utilizada.

Na pesquisa qualitativa, essa questão é particularmente relevante quando o objetivo do


estudo é, por exemplo, informar políticas públicas. Critérios bem definidos merecem
atenção especial na proposição inicial do projeto e não apenas no relato e revisão da
pesquisa- em curso ou depois que já foi realizada. Como descreve Fanelli (2018),21 “… não
há pré-registro, transparência e compartilhamento de dados e código que transforme um
estudo mal concebido e mal projetado em um bom.” O autor acrescenta que “… pela
obediência superficial a padrões burocráticos de reprodutibilidade, um estudo falho pode
adquirir legitimidade imerecida.” Embora mais centrada na reprodutibilidade, cuja
aplicação é controversa na pesquisa qualitativa,22 a observação de Fanelli (2018)23 é um
alerta oportuno para que o debate sobre rigor, que se intensifica no âmbito da ciência
aberta, não fique concentrado na etapa pós-projeto.

A literatura descreve críticas recorrentes à confiabilidade da pesquisa qualitativa, que


incluem alegações de pouco rigor e/ou pouca clareza metodológica. Nesse sentido,
Moravcsik (2014)24 argumenta, a partir da perspectiva das ciências políticas, sobre a
necessidade de uma revolução na pesquisa qualitativa. Ele cita uma iniciativa da
American Political Science Association (APSA), que, em 2013, estabeleceu
recomendações para maior transparência na condução e no relato da pesquisa
quantitativa e qualitativa. Moravcsik (2014)24 avalia que os resultados da pesquisa
científica social são o tempo todo confrontados com a preocupação de que “… as medidas,

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os casos e as fontes – selecionados pelo autor revelam apenas um subconjunto dos dados
que poderiam ser relevantes para a questão de pesquisa. Isso aumenta o risco de viés de
seleção…”.24

A influência do viés de confirmação do pesquisador – um tipo de viés cognitivo que,


dentre alguns desdobramentos, pode levar o pesquisador a ver o que acredita ou mesmo o
que gostaria de ver em sua pesquisa – pode impactar a própria seleção e interpretação de
evidências. Ampliar espaços de discussão sobre a influência desse tipo de viés na
consideração de estratégias metodológicas e na avaliação de resultados não é uma
questão específica para a pesquisa qualitativa. Porém, merece toda a atenção nesse
campo, neste momento em que se enriquecem as reflexões sobre o rigor científico na
academia.

Neste cenário em transformação, a ciência aberta aumenta as possibilidades para


aprofundarmos nossa compreensão sobre os fatores que podem enviesar percepções e/ou
interpretações sobre um dado fenômeno social – até mesmo tomadas de decisão – a
partir da pesquisa qualitativa. De forma cada vez mais marcada, a apropriação da
pesquisa qualitativa é feita por pesquisadores nas mais variadas áreas , não se
restringindo àqueles que atuam nas ciências humanas e sociais. Entendemos que
estimular, portanto, a discussão sobre rigor científico à luz dessas diferentes apropriações
e tradições de pesquisa torna-se cada vez mais necessário. Essa discussão permeia
aspectos sobre a integridade e a qualidade da pesquisa qualitativa não só no âmbito das
publicações, mas também da proposição e avaliação de projetos de pesquisa.

Notas

* Programa de Educação, Gestão e Difusão em Biociências, Instituto de Bioquímica


Médica Leopoldo de Meis (IBqM), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
Brasil;

** Programa de Mestrado Profissional em Educação, Gestão e Difusão em Biociências,


IBqM/UFRJ;

*** Programa de Ética em Ciência e Medicina, University of Texas Southwestern, Estados


Unidos.

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