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presidentes, administradores. terra arável) finalizando como •• Para Hegel, na medida em que se
estrutura a carreira burocrática no Estado,
~sses negócios, que êles cuidam, poder de exploração, efetuando- êste passa a constituir finalidade
privada do funCionário; para prevenir essa
representam a propriedade e se assim a transitividade da disfunçlo, Hegel apela à "formação
o interêsse dessas esferas par- burocracia cumprindo funções moral dos funcionários pCíblicos".
"Os efeitos da cooperaç!io simples no
ticulares", 12 o que não impede
16
de organização e supervisão para modo asiático de produção, aparecem em
a transitividade do espírito o monopólio do pOder polftico. 15 seu aspecto colossal nas gigantescas
obras dos antigos asiáticos, eglpcios e
corporativo da burocracia em- etruscos. Na antiguidade, tais estados
presarial privada, à pública do O modo de produção asiático asiáticos, depois de empregarem a maioria
de seus recursos na área civil e militar,
Estado, na medida em que surge na sociedade quando possuíam um excedente de produtos para
converter em obra de ornamento e
ela "nasce da legitimidade aparece o excedente econômi- utiliaade. O domlnio que, sObre mão-de-obra
das esferas particulares e trans- co, que determina uma divisão de tal populaç!iO nlo ocupada na
agricultura e o pOder exclusivo para
forma-se internamente, ao maior de trabalho separando dispor de tal excedente, possutarn o rei e
os sacerdotes, o'erecla-Ihes os meios
mesmo tempo, em espírito do mais rIgidamente agricultura e para levantar aquêles ingentes monumentos
Estado, pois encontra nêle o . artesanato, que reforçam a que cobria o pais. Utilizou-se quase
exclusivamente a fOrça humana para
meio para atingir seus fins par- economia consuntlva.w à construç!io e transporte daquelas estátuas
colossais e daquelas enormes massas
tlculares".w qual sobrepõe-se o poder repre- cuja possibilidade de terem sido transpor-
sentado pelo chefe supremo ou tadas ainda hoje nos assombra.
tanto, bastou concentrar
Para
uma multid!io
Hegel procura sintetizar na uma assembléia de chefes de trabalhadores e unificar seu esfOrço."
Marx, Karl. EI capital. Madrid, Ed.
corporação (entendida como bu- de família. Dá-se a apropriação Aguillar, 1931. V. Cínico, capo I, p, 244.
rocracia privada) e no Estado do excedente econômico por 1. Para Max Weber, economia consuntiva
(entendido como burocracia uma minoria de indivíduos é sinônimo de economia natural; no
entanto "não se conhece ainda nos séculos
pública acabada), as múltiplas sem retribuição à sociedade. XIV e XV, por exemplo, entre os Médici,
a separaçlo sistemática do regime de
determinações que levam à Daí a exploração assume a economia consuntiva (natural e economia
lucrativa)." Weber, Marx. Historia econ6.
tensão entre o interêsse par- forma de dominação, não de um mica leneral. México, Ed. Fondo de
ticular e o universal do Estado; indivíduo sôbre outro, mas Cultura Econ6mica, 1956. p. 8.
da em que a superação dos burocrática da direção da 311 Especialmente por ocasião da 11 Grande
Guerra "o traço caracterlstico da
objetivos quantitativos é a emprêsa, gerida no nível mais organização é a centralização feroz de
condição básica para atri- alto pelo partido que detém o tOda direção econOmica".
Planification et programation
Dudorine.
lineaire de
buição de bonificação. 37 monopólio do poder, não se dá I'aprovisionnement matériel et téchnique.
Ekonomizdat. Moscou, 1961. p. 19.
somente na URSS, Hungria ou •• "No ápice de tOda emprêsa, oficina e
Isso leva a competição entre os Tcheco-Eslováquia, é persistente seção, acha-se um chefe investido de
todo poder para direção, impondo uma
diretores no sentido de esto- na Iugoslávia também. disciplina de ferro durante o trabalho
carem matérias-primas, e os sujeito a vontade de um só: do dirigente
~ o ressurgimento do modo asiá- soviético." Meyer, M. op, cito p. 90. "O
que têm mais prestígio têm maior diretor de emprêsa é o fundamento do
tico de produção, aliado ao alto Poder Socialista". Kaminster. Manual de
sucesso. A bonificação I'entreprise industrielle. Moscou, 1961,
nível de tecnificação com o
constitui-se em freio à inovação sendo "nomeado e liberado de suas funções
monopólio do poder pelo parti- pelos õrgãos superiores, cf. parágrafo 89
na medida em que essa provoca do Regulamento sObre a Emprêsa
do único. Produtiva Socialista do Estado." Meyer, M.
uma perturbação na produção, op, cito p. 900. O § 94 da Lei investe o
significando menor bonificação Assim, a nova classe emerge contramestre de plenos podêres e organi-
zação direta da produção e do trabalho,
para o gerente e o operário. como elite industrializante, como responsável pela execução do plano.
Sua transferência, nomeação ou licencia-
Se houver maior produção uma conseqüência do de- mento são efetuados pelo diretor da
devido à inovação, os planeja- senvolvimento gradual da elite emprêsa; essa "burocratização"
direção, fruto do centralismo,
da
engendra
dores retificam as metas, clandestina que constituía a a burocracia. Dudorine. Planification et
programation lineaire de I'aprovisionnement
tornando-as mais difíceis de estrutura do partido nos anos matériel et téchnique. Ekonomizdat.
atingir. A emprêsa é sempre in- de luta pelo poder. "Troque Moscou, 1961. p. 18.
"A participação é formalmente assegura-
citada nesse sistema a produzir por nova classe o têrmo 41
da mas os trabalhos não têm nenhum
cracia, não só é o elemento estruturam na propriedade pri- Universitaires de France, 1953. p. 274-75.
•• "Os órgãos de autogestação não
oriundo das necessidades funcio- vada dos meios de produção, conquistam nada, êles recebem, são
nais da técnica, mas é acima técnica racional, direito racio- beneficiários, são-lhas atribufdas
tências, liberdades e feudos. Sua criação
compe-
de tudo poder político total. nal, estrutura administrativa da não é o produto de reivindicação popular,
mas foi doada ao povo pelos seus
burocracia e um ethos do dirigentes." Meister, A. op. cito p. 316.
Isso tem implicação no plano das trabalho e esfôrço contínuo. •• Manheim, Karl. Ideologia e utopia.
idéias: êsse sistema cria auto- Em suma, o capitalismo foi o Ed. Globo, 1950. p. 115.
Weber, Max. Historia econ6mica general.
màticamente a valorização produto "da emprêsa, contabili-
4J;
p. 298.
no primeiro plano do conheci- dade e direito racional unidos •• "t de lembrar-se que nas sociedades
onde há escassez, ou seja, em que a
mento polftico doutrinário e o à ideologia racional e ética ra- maioria dos cidadãos está de braços com os
conhecimento filosófico res- cional na economia". 45 problemas do subconsumo,
materiais tendem a assumir excessiva
os fatos
duz a unidade, na diversidade dos criticamente pela Escola de braços e cabeças, e onde por fim,
o n6vo e febril movimento de produção
da sociedade civil. O Estado Estruturalista que aparece na material que tem um mundo n6vo a
como "burocracia acabada" gera Alemanha, baseando-se em algu- conquistar, nllo possui nem tempo nem
ocasilo para destruir o velho mundo
a sociedade civil, o regresso mas indicações de Marx, sis- espiritual".
Louis Napole6n.
Marx, Karl. Le 18 brumaire de
tditions Soeiales, 1928.
de Marx a Hegel. tematizadas por Max Weber. 47 p, 33.
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no interior das minas, tendo o eram empregadas, de 12 a 16 da emergência do modêlo
método Siemens-Martin supera- horas por dia, em poços subter- liberal, ao enunciar que a "De-
do o método Bessemer no fabrico râneos. Isso obrigou o Estado claração dos Direitos do Homem
de aços finos. a intervir nas relações industriais, e do Cidadão, vista como a
regulamentando as horas de solução do problema social,
Essa infra-estrutura tecnoló- trabalho: no ano de 1874, a na realidade era o seu primeiro
gica acompanha a emergência idade mínima de trabalho era enunciado". 114~Ie não perde
do sistema fabril, que consiste de 10 anos e a jornada máxima de de vista que o desenvolvimento
na reunião de um grande número 10 horas. Na Alemanha, a partir industrial leva a superar um
de trabalhadores numa só fá- de 1891, tornou-se ilegal a tipo de saber jurídico - formal,
brica, disciplinando o operário. contratação de uma criança que que desconhece o econômico,
A inspeção realizada pelo capi- não tinha terminado sua es- "a inferioridade dos legistas é
talista atua na fábrica, disci- colaridade mínima aos 13 anos. sua ignorância do econômico,
plinando o operário. De início A partir de 1901, a idade mí- isto é, da produção, partindo
temporária e esporádica, por nima de uma criança apta ao dos interêsses que são os da
ocasião da distribuição de maté- trabalho era de 14 anos e a jor- maioria de um regime moderno
ria-prima e recolhimento do nada máxima, de meia jor- que é industrial". 55
produto acabado, transforma-se nada de trabalho de um total
na presença constante no pro- de 12 horas. 52 Após definir que os produtores
cesso fabril. Assim, o tecelão constituem a sociedade legí-
que chegasse cinco minutos A resposta à Revolução Industrial tima, postula a afinidade dos
após o, último sinal ou que dei- na Inglaterra, França e Alema- interêsses da indústria com a
xasse algum resíduo nos fusos, nha será fornecida pelos teóri- sociedade, na medida em que
assobiasse ou deixasse aberta cos, Saint-Simon, Proudhon, a sociedade global tem por base
a janela era multado em 1 xelim Fourier e Marx que contestarão a indústria. A indústria é uma
por cada contravenção. 49 a nova ordem de coisas num garantia de sua existência.
nível global, ou seja, na procura O contexto mais favorável à in-
As condições de habitação igua- de um modêlo de sociedade dústria será o mais favorável à
lavam nos seus aspectos ne- global que seja a negação da- sociedade. 56 A sociedade
gativos às condições de tra- quela que emergiu com a Revo- moderna "só dá direito de per-
balho, onde o parcelamento das lução Industrial. tencer a eia, os trabalhado-
operações produzia a fadiga, Saint-Simon, na sua obra res"; 117
eis que a classe traba-
tédio e surmenage. Os novos L'organizateur (1819-20) pre- lhadora "deve ser a única". 58
centros industriais abrigavam nuncia a noção de uma direção Saint-Simon, "o cérebro mais
trabalhadores em choças prepa- científica confiada a um govêrno universal de seu tempo, com
radas precipitadamente. 110Três constituído de três câmaras: Hegel",1I9enunciava que é "pelo
quartas partes dos trabalha- Invenção, Exame e Executiva, estudo direto e positivo da so-
dores de fábrica de algodão eram constituída de líderes indus- ciedade que se descobrirão essas
mulheres e crianças que tra- triais, capitalistas e banqueiros. regras (da vida social); nelas
balhavam nas máquinas, os "A inoculação política de vasta
aprendizes mendigos que abun- maioria da sociedade existe
davam na Inglaterra eram em- para ser governada da maneira '" Hamon, J. L. B.; & Barbara. Tha town
labourar. Longmans, 1925. p. 19-20.
pregados como arrendados pelas mais barata possível, quando
. autoridades às manufaturas, possível; governada pelos ho-
10 Hammond, B. Tha rise of modern
industry. Harcourt Brace, 1926, capo 3,
com jornadas de trabalho de 14 mens mais capazes e de maneira The age of the Chartists.
a 16 horas diárias. que se assegure a mais com- ••. Booth, Charles. Life and labor of the
people of London. MacMillan, 1891/1903.
Os fiadores de algodão de pleta tranqüilidade pública. a Hegel notara os aspectos negativos
Manchester, em 1806, ganhavam Ora, os mesmos meios de satis- Introduzidos pela divisão do trabalho na
indústria moderna: "Pela universalização
por semana em média 24 fazer nestes vários aspectos, ao da solidariedade entre os homens, por
xelim; só em 1897, alcançaram desejo da maioria, consistem suas necessidades e técnicas que permitem
satisfazê-Ias. a acumulação de riquezas
37 xelim. Isso representa um em conferir poder aos mais aumenta de um lado, pois essa dupla
universalidade produz os maiores lucros;
desnível em relação ao in- importantes industriais, que são mas de outro lado, a divisão e limitação
cremento da renda da emprêsa os mais interessados na econo- restrita do trabalho e por conseguinte
a dependência e angústia da classe depeno
capitalista inglêsa. No século mia das despesas públicas, dente dêsse trabalho aumenta por sua
vez. e ao mesmo tempo, a incapacidade
XIX, "embora subissem ligeira- os que são os maiores interessa- de sentir e desenvolver certas aptidões
mente os salários, os trabalha- dos em restringir o poder e faculdades, particularmente
espirituais da sociedade civil".
as vantagens
Hegel.
dores não especializados na arbitrário; finalmente, de todos os Principes da philosophia du droit.
Gallimard, p. 183.
Inglaterra mantinham-se na base membros da sociedade são os a Gray, Alexander. Tha socialist tradition.
do salário mínimo vital, e, às que mais têm dado prova de London, Longmans, Greed and Co., 1947.
vêzes, abaixo do mesmo, abran- capacidade na administração •• Simon, S. Oeuvres, v. 19, p, 84.
gendo 31% da população lon- positiva, tendo sido evidenciado •• Simon, S. op. cit. p. 124.
drina, vivendo abaixo da linha o sucesso que obtiveram em •• Simon, S. OP. cito V. 18, nota X·A.
da pobreza".1I1 seus vários empreendimentos". 118 ••• Simon, S. op. cit. p. 128.
•• Simon, S. ep, cito v. 20, p. 74.
A situação nas minas não era Saint-Simon elabora a primeira
•• Engels, F. Anti Dhurin,. Paris, 1931.
melhor; mulheres e crianças crítica de conteúdo a respeito capo I, P. 13.
a emancipação do operário tema profissional de trabalho. •• "Um violinista não precisa diretor,
precisa-o o conjunto." Marx K. EI capital.
como classe, implica a liberta- p. 242.
ção da sociedade global". 89 O aumento da dimensão da em- •• A função inspetora direta e continua
prêsa no período da segunda do trabalhador ou grupos de trabalhadores
passa a ser agora a função de uma classe
Karl Marx fornece uma visão Revolução Industrial, além de especial de assalariados. O trabalho de
ocasionar uma mutação, onde vigilância transforma-se em função executiva
sociológica finalista, que perpas- dessas pessoas." Marx, Karl. op, cito
as teorias sociais de caráter to- capo 11, p, 243.
sa seu pensamento no nível de talizador e global (Saint-Simon, •• "Ainda mais notável, pois apenas deve
modelos macrossociais, surgin- Fourier e Marx) cedem lugar ser lembrada a relação entre uma
do como reação ao desafio da às teorias microindustriais de
filosofia religiosa de vida com o mais
intenso desenvolvimento da mentalidade
Revolução Industrial inglêsa, alcance médio (Taylor, Fayol), comercial, justamente no rol. daquelas seitas
onde a divisão manufatureira do implica, no plano da estrutura da cujo alheamento da vida se tornou tão
proverbial Quanto sua riqueza, princi-
trabalho como combinação de ernprêsa, a criação "em grau palmente entre os quakers e menonitas.
O papel que os primeiros tiveram na
ofícios independentes, implica maior ou menor de uma direção Inglaterra e América do Norte, coube aos
a concentração do processo determinada, que harmonize segundos, nos Palses Baixos e Alemanha."
Weber, Max. A ética protestante e o
produtivo, criando estruturas as atividades individuais e que esplrito capitalista. Ed. Pioneira, 1967,
"reificadoras" do homem. Ao realize as funções gerais que p. 26. Max Weber constata que a tendência
das minorias religiosas, privadas de poder
lado da importância atribuída à derivam da atividade do corpo polftico, é "envolverem-se em atividades
fábrica como instituição decisi- produtivo no seu conjunto".93 O econômicas". Isto se deu "com os não-
conformistas e quakers na Inglaterra".
va da sociedade industrial, crescimento da dimensão da (Weber, M. op, cito p. 22) No fundamento
do ascetismo protestante, parte importante
Marx incidentalmente aborda o emprêsa irá separar funções de ao lado de outras seitas como "os
processo de burocratização da direção, de funções de exe- batistas, menonitas, coube principalmente
aos quakers". Weber, Max., op, cito p. 102.
ernprêsa.w a patologia indus- cução.w Dá-se assim, a substi- A idéia de que Deus fala sõmente
quando as criaturas silenciam significou
trial,91 sem porém, desenvolver tuição do capitalismo liberal uma formação tendendo "para a
tranqüila ponderação dos negócios, para
sistemàticamente uma teoria da pelos monopólios. Entre orientação dêstes em têrmos de cuidados
organização. 1880/90, nos Estados Unidos, e justificação da consciência
Weber, Max. op. cito p. 106.
individual."
xiliado pelo cronômetro, Taylor ministração, Taylor define a bu- ção cientlfica não pode existir se não existe
ao mesmo tempo um certo estado de
determina o tempo médio para rocracia como emergente das esplrito, o qual o engenheiro (Taylor)
define em têrmos quase mlsticos", Taylor.
cada elemento de base do tra- condições técnicas de trabalho, L'organization sCientifique dans I'industrie
balho, agregando os tempos pela separação entre as funções americaine. Societé Taylor, Paris, td.
Dunod, 1932, Taylor, p. 11.
elementares e mortos, para con- de execução e planejamento,
O escrúpulo de sua conduta é para o
seguir o tempo total do trabalho, predominando a organização 1"
batista função da "maior glória de
com a finalidade messiânica 98 sôbre o homem, acentuando Deus" (Weber, M. op. cito p. 79-80),
"pertence especialmente ao quaker a
de evitar o maior dos pecados conduta do homem tranqüilo, moderado
e eminentemente consciencioso" (p. 106).
- a perda de tempo. A finali-
•• Evitar a "vaidade mundana, seja tOda
dade maior do sistema é edu- ostentação, frivolidade, e uso das coisas
101 "O ascetismo quaker desenvolveré o
sentimento religioso da vida com o mais
cativa e manifesta-se pela sem propósitos práticos, ou que forem valio-
sas apenas por sua raridade, qualquer
intenso desenvolvimento da mentalidade co-
merciai" (Weber, M. op. cito p. 26);
intensificação do ritmo de tra- uso não consciencioso da riqueza, tal
como gastos excessivos para necessidades
isso levou-o a dar um "significado
religioso ao trabalho cotidiano secular"
balho. 99 Para introduzir seu não muito urgentes, e acima da provisão (p. 53) onde êle aparece como a mais
necessária das reais necessidades da
sistema, Taylor promove uma vida e do futuro". Weber, Max. op, cit.
alta expressão de "amor ao próximo"
(p. 54).
p. 218-19.
cruzada contra as "idéias falsas",
••• "O carregador de lingotes de ferro
o empirismo, 100 preconizando •• A gravidade de sua vida, seu entusiasmo tinha fama oe ser seguro" (Taylor. op, cito
reformista pela substituição do empirismo p. 66), isto é, "dé muito valor ao dinheiro,
a prioridade do sistema sôbre o pela ciência (Taylor. op, cito p. 94) um centavo parece-lhe tão grande como
têm profundas raizes na sua formaçAo
indivíduo, criticando, em nível familiar, onde encontrou "ambiente de pu-
uma roda de uma carroça". (Taylor.
op, cito p. 42). Os operérios que foram
quaker, o pecado da idolatria do reza de vida sA de ideal de emancipação
humana não só no aspecto moral, como
aumentados "começaram
dinheiro"
a economizar
(p. 66), cumprindo os preceitos
"grande iluminado".lOl A também no intelectual, polltico e social".
Mallat y Cutó, José. Organización
puritanos de Benjamin Franklin que
enunciara: "Lemb{a-te que o dinheiro
prioridade do seu método abri- cientl.ica dei trabajo. Espanha, Ed. Labor, é por natureza prollfica, procriativa. O
1942, p. 11-12.
rá um ciclo de prosperidade. 102 dinheiro pode gerar dinheiro e seu produto
pode gerar mais e assim por diante".
•• "Indicar por meio de uma série de Weber, Max. op, cito p. 30.
exemplos a enorme perda que o pais vem
O messianismo administrativo sofrendo com a ineficiência de quase "" A condenação do álcool é um dos
todos os nossos atos diários". Taylor.
de Taylor parte da função pro- op. cito p. 11.
elementos do puritanismo; por essa razão,
"os escoceses estritamente puritanos e
videnciai do empresário, 103 que •• "Aperfeiçoar o pessoal da emprêsa para
os independentes inglêses foram capazes
de manter o principio de que o filho
existe para satisfazer os inte- que possam executar' em ritmo mais
rápido e mais eficiente, os tipos mais
de réprobo (de bêbado) não devia ser ba-
tizado". Weber, Max. op. cito p. 167.
rêsses gerais da sociedade e o elevados de trabalho, conforme suas aptl- nota 21.
dões naturais." Taylor. op, cito p. 15.
particular do consumidor. Isso 108 "De acOrdo com a ética quaker a vida
"Os conhecimentos e métodos clentffl- profissional é uma prova de seu estado
motiva a coletividade ao apro- 101
cos a serviço da administração, de graça que se expressa no zêlo e
veitamento intensivo de suas ri- substituirão em tõda parte mais cedo ou
mais tarde, as regras emplricas, porquanto
método, fazendo com Que cumpra sua
vocação. Não é um trabalho em si, mas
quezas, que a Providência éimposslvel o trabalho cientifico com é um trabalho racional, uma vocação que
é pedida por Deus". Weber, M. op. cito
os antigos sistemas de administração."
colocou sob seu poder, racionali- Taylor. op, cito p. 94. p. 115.
zando sua conduta, sua vida 101 "O remédio para essa ineficiência lCO Para o quaker a vida profissional do
diária. 104 está antes na administração que na
procura do homem eXDepcional ou extra·
homem define seu estado de graça, para
sua consciência que se expressa no zêlo".
ordinário." Taylor. op, cito p. 11. Essa Weber. OP. cito p. 115. Nesse contexto,
atitude antiidolátrica transportada para o "a vadiação é o maior mal". Taylor. p. 74-
Há em Taylor, uma paideia, um sistema politico é que explica como o
protestantismo na medida em que condena no "Quando recebiam mais de 60% do
ideal de formação humana de a idolatria das pessoas, constitui-se seu salário muitos dêles trabalhavam
um tipo de personalidade, em antldoto à obediência passiva a
lideres carismáticos totalitários, cria um
irregularmente e tendiam a ficar negligen-
tes, extravagantes e dissipadores. Em
conseqüência lógica da aplica- ethos democrático com base nessa descon- outras palavras, nossas experiências
fiança do grande IIder. demonstraram que para a maioria dos
ção e vivência do sistema da homens não convém enriquecer depressa"
Sob "a administração cientffica, as
Administração Científica do Tra- 101
fases intermediárias serão mais prósperas
(Taylor. op. cito p, 68), confirmando as
afirmações contidas no calvinismo secula-
balho. Tem seu sistema o mé- e mais felizes, livres de discórdia e
dissensões. Também os perlodos de rizado pelo protestantismo holandês "ao
rito de acentuar a virtude do infort(mio serlo em menor nOmero, mais
curtos e menos atrozes". Taylor. op. cito
afirmar que as massas s6 trabalham
quando alguma necessidade a isso as
ascetismo, lOGa mentalidade en- p.29. force" (Weber. op. cito p. 128).
processo produtivo. Por outro a monocracia diretiva, 127combi- e cada pessoa no seu lugar". Fayol.
op, cito p. 51.
lado, o aumento de produtivida- nada com um tratamento pater- 127 Fayol. op, cito p. 51.
de, apresentado por Taylor nalista do operário, 128concluin-
lJI8 Fayol. op, cito p. 54.
como um dos resultados do sis- do que administrar é prever,
,.. "Não necessita de demonstração espe-
tema nôvo, na medida em que organizar, comandar e controlar. cial o fato de que a disciplina militar"
foi o padrão ideal das antigas implantações,
êle tem como elemento moti- como das emprêsas industriais capitalistas
vador o aumento salarial, é di- Elemento básico na teoria "modernas". Weber. Economia y sociedad.
vol. 4, capo 5, p. 80. Essa visão é
fícil saber se êste se deve à nova clássica da administração, em integrada no corpo da Teoria Clássica
da Administração quando Fayol define
técnica de trabalho ou ao Taylor e Fayol, é o papel con- que "isso tem sido eXlJreSSOcom grande
vigor" na área da emprêsa. Fayol. op. cit.
prêmio. ferido à disciplina copiada dos p. 51.
o esquema Taylor-Fayol apare- Numa fábrica automatizada tor- 1lI3 Fayol. op. cito p. 39.
Já E. Mayo acentua
ce como um processo de impes- na-se impossível manter a ficção 1M a importância
da comunicação na administração, mas
soalização, definida esta pelo de uma hierarquia linear sim- coube a Chester Barnard elevar a categoria
enunciado de tarefas 132e espe- ples (modelos Taylor, Fayol): a uma noçllo de sistema.
cibernetizada constitui
Na indústria
a realidade
cialização das mesmas: as são necessários especialistas acabada do modêlo "sistêmico".
forçada pela intervenção es- 138 "O conflito é uma chaga social, a
cooperação é o bem-estar social." Mayo, E.
tatal.137 No plano institucional, Mayo op, cito p. 48.
atribui ao administrador um 139 "Em tôda a literatura dos séculos XIX
Na linha da Escola Clássica da papel que êle dificilmente poderá e XX, apenas os defensores do Estado
Corporativo sugeriram que a satisfação
Administração (Taylor, Fayol), cumprir, pois confunde conheci- no trabalho pode ser reconquistada apenas
pela integração do operariado, na
Mayo não vê possibilidades de mento especializado (adminis- comunidade da fábrica, sob a liderança
da Administração." Bendix, R. & Fisher, L.
utilização construtiva do conflito trativo) com poder; daí propor As perspectivas de Elton Mayo. In:
social, que aparece para êle a noção de uma elite Etzioni, A. Ora:anizapiSes complexas.
p. 126.
como a destruição da própria administradora dominante. 142
,<O "Se tivéssemos uma elite capaz de
sociedade. 138 realizar tal análise dos elementos lógicos
e irracionais na sociedade, muitas das
Apesar dos esforços de Mayo nossas dificuldades seriam pràticamente
Mayo vê na competição um siste- para tornar agradável o trabalho, reduzidas a nada." Mayo, E. op. cito p. 18.
ma de desintegração social, na as máquinas não evitam que o 1<1 "Ela (a abordagem das relações huma-
medida em que não leva à mesmo se torne satisfatório nas) representa um adôrno da cooperação
antagônica entre operários e administra-
cooperação, acentuando êsse em nível absoluto. Embora Mayo dores". Bendix, R. In: Etzioni, A. Organiza-
piSes complexas. Ed. Atlas, 1962. p. 129.
processo pelo conflito dos parti- veja o conflito como algo
dos polítlcos. 139 ~Ie nos coloca indesejável, o mesmo tem '" A idéia de que a revolução do século
XX será "não dos operários, mas sim
diante de um ideal medieval função, às vêzes, de conduzir a dos funcionários" explicitada por Weber,
de corporativismo: o cumprimen- uma verificação de poder e do Max. In: Ensaios de sociologia. Ed. Zahar,
1946. p. 67, enunciada por Elton Mayo
to dêsse ideárlo corporativo ajustamento da organização à neste contexto, foi explorada sistemàtica-
cabe à elite dos administradores situação real e, portanto, à paz. mente por James Burnham em sua obra
clássica The manaa:erial revolution. New
da indústria. 140 Acentuando o pêso do informal York, John Day Company, 1941.