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A Teoria Geral da Administração

Maurício Tragtenberg " é uma Ideologia?


1. o
"Modo Asiático de Produção". 2. A administração, enquanto or- Hegel é um dos primeiros estu-
A Evolução da Emprêsa Industrial ganização formal burocrática, diosos da burocracia, enquanto
sob o Capitalismo e a Teoria poder administrativo e po-
Geral da Administração como Ideologia.
realiza-se plenamente no Esta-
3. Terceira Fase da Industrialização. do, antecedendo de séculos Iftico, formulando o conceito:
4. Conclusão. ao seu surgimento na área da "onde o Estado aparece como
emprêsa privada. organização acabada",« conside-
rado em si e por si /; "que se
O segrêdo da gênese e da estru- realiza pela união íntima do
tura da teoria geral da admi- universal e do individuai". e
nistração, enquanto modêlo
explicativo dos quadros da em-
prêsa capitalista, deve ser
" Professor de polltica da Escola de
procurado onde "certamente seu Sociologia e Polltica de São Paulo.
desenvolvimento mais pujante 1 Touraine, Alain. Historia general dei
México, Ed. Grijalbo, 1965. vol. 4.
se dá: no âmbito do Estado". 1 trabajo.
• Marx, Karl. EI capital. Madrid, Ed. Agui!·
Enquanto o capitalismo indus- lar, 1930. v. ünlco e Weber, Max. Economia
y sociedad. México, Ed. Fondo de Cultura
trial, estruturando a emprêsa Econ6mica, 1944. v. 4, capo 7, p. 176-78.
O "modo asiático de produção" fõra
burocrática, encontrou, nos enunciado inicialmente por John Stuart
vários modelos da teoria geral Mil! em 1848 e MontesQuieu no seu
L'esprit des loi5, posteriormente desenvol·
da administração de Taylor vido sistemàticamente por Marx, Karl.
In: EI capital. v. ünlco, capo 11, p. 244;
aos estruturalistas ou sistêmicos, Weber, Max, Economia y sociedad. v. 4,
um modêlo explicativo, no capo 7, p. 176-78; Godelier. EI modo de
produccl6n asiático. Argentina, Ed. untverst-
século XX, a transição das so- taria de C6rdoba: Witfogel, Karl.
Wirtschaft un Gesselchaft China's. v. 1,
ciedades pré-industriais a indus- desenvolvendo sistemàticamente o tema
triais gerou um modêlo re- em Oriental despotism, a comparative
study of total power. Vale, 1951.
corrente do "modo de produção 3 "~sse modo de produção aplica-se em
asiático", neste século unido geral a países com grandes extensões
desérticas, onde as condições climáticas
à máquina. Daí, a emergência obrigavam, a um atendimento particular, à
da burocracia como poder organização da irrigação artificial pelos
canais; essa área estende-se pelo Saara
funcional e polltlco." elemento aos plateaux mais elevados: o Egito
Antigo, Mesopotamia, Arábia, Pérsia, fndia
típico das civilizações e Tartária". Baizacou, Hélêne Antoniadis.
orientais, 3 em plena era ciber- Byzance et le mode de production
aslatlque, La pensée. p. 49.
nética. Foi Hegel que, no plano • Hegel. Principes de la philosophie du
lógico, operacionalizou o droit. Paris, Ed. Galimard, 1940.
conceito "burocracia" em nível 5 Hegel. op. cito p. 190.
do Estado e da emprêsa. • Hegel. op, cito p. 191.

R, Adm. Emp., Rio de Janeiro, 11(4) :7-21, out./dez. 1971


Para Hegel, o Estado como "reali- espfrito é o segrêdo mantido no direção centralizada para co-
dade morai", como "síntese plano interno pela rigidez ordenar os seus esforços. Na
do substancial e do par- hierárquica no fluxo de comu- medida em que isso se dá,
ticular, 7 contém o interêsse nicação, e pelo seu caráter unido à eficiência do trabalho,
universal enquanto tal, que é de corporação fechada, no plano é posslvel a transformação
sua substância, 8 deduzindo-se externo. Encontramos assim do sentido funcional da autori-
então, ser o Estado, a "instância em Hegel as determinações dade superior em instrumento
suprema que suprime tôdas conceituais que permitem a de exploração das comunidades
as particularidades no seio de análise da burocracia do Estado, subordinadas, quando se dá
sua unidade". 9 da burocracia enquanto poder a apropriação da terra pelo
polftico que antecede em Estado, que mantém a proprie-
Sendo o Estado para Hegel a séculos a emergência da buro- dade comunal. O indivíduo
"realidade em ato" da liberdade cracia determinada pelas con- continua na posse da terra como
concreta 10 que se "conhece", dições técnicas da emprêsa membro de sua comunidade
pensa e realiza pelo fato de capitalista, oriunda da particular.
sê-lo, 11 sua finalidade é a inte- Revolução Industrial.
gração dos interêsses par- Assim, a cultura de irrigação
ticulares e individuais. Essa in- A burocracia, enquanto classe junto com a horticultura e a ir-
tegração não suprime a dominante (detentora dos meios rigação pelos grandes rios
antinomia (interêsse geral) e de produção) elemento de criam a necessidade de uma
a sociedade (conjunto de inte- mediação com a sociedade supervisão centralizada que irá
rêsses corporativos e particula- global, exercendo o poder polí- recrutar mão-de-obra rela-
res). Essa antinomia manifesta- tico, perfila-se ante a história tivamente ampla.
se na existência de interêsses como uma forma de dominação
particulares das coletividades burocrático-patrimonial ou
que pertencem à sociedade civil "modo asiático de produção". • Hegel. op. cito p. 196.
e que estão fora do "universal No modo asiático de produção, • Hegel. op, cito p. 200.
em si mesmo e por si do o déspota oriental representa • Hegel. op. cito p. 218.
Estado" e são administrados a confluência de um processo 10 Hegel. op. cito p. 195.
pelas "corporações nas comu- social que se inicia com a 11 Hegel. op. cit. p. 190.
nas e em outros sindicatos e burocracia surgindo das necessi- li Hegel. op. cito p. 220.
classes por suas autoridades: dades técnicas (irrigação da la Hegel. op. cito p. 226.

presidentes, administradores. terra arável) finalizando como •• Para Hegel, na medida em que se
estrutura a carreira burocrática no Estado,
~sses negócios, que êles cuidam, poder de exploração, efetuando- êste passa a constituir finalidade
privada do funCionário; para prevenir essa
representam a propriedade e se assim a transitividade da disfunçlo, Hegel apela à "formação
o interêsse dessas esferas par- burocracia cumprindo funções moral dos funcionários pCíblicos".
"Os efeitos da cooperaç!io simples no
ticulares", 12 o que não impede
16
de organização e supervisão para modo asiático de produção, aparecem em
a transitividade do espírito o monopólio do pOder polftico. 15 seu aspecto colossal nas gigantescas
obras dos antigos asiáticos, eglpcios e
corporativo da burocracia em- etruscos. Na antiguidade, tais estados
presarial privada, à pública do O modo de produção asiático asiáticos, depois de empregarem a maioria
de seus recursos na área civil e militar,
Estado, na medida em que surge na sociedade quando possuíam um excedente de produtos para
converter em obra de ornamento e
ela "nasce da legitimidade aparece o excedente econômi- utiliaade. O domlnio que, sObre mão-de-obra

das esferas particulares e trans- co, que determina uma divisão de tal populaç!iO nlo ocupada na
agricultura e o pOder exclusivo para
forma-se internamente, ao maior de trabalho separando dispor de tal excedente, possutarn o rei e
os sacerdotes, o'erecla-Ihes os meios
mesmo tempo, em espírito do mais rIgidamente agricultura e para levantar aquêles ingentes monumentos

Estado, pois encontra nêle o . artesanato, que reforçam a que cobria o pais. Utilizou-se quase
exclusivamente a fOrça humana para
meio para atingir seus fins par- economia consuntlva.w à construç!io e transporte daquelas estátuas
colossais e daquelas enormes massas
tlculares".w qual sobrepõe-se o poder repre- cuja possibilidade de terem sido transpor-
sentado pelo chefe supremo ou tadas ainda hoje nos assombra.
tanto, bastou concentrar
Para
uma multid!io
Hegel procura sintetizar na uma assembléia de chefes de trabalhadores e unificar seu esfOrço."
Marx, Karl. EI capital. Madrid, Ed.
corporação (entendida como bu- de família. Dá-se a apropriação Aguillar, 1931. V. Cínico, capo I, p, 244.
rocracia privada) e no Estado do excedente econômico por 1. Para Max Weber, economia consuntiva
(entendido como burocracia uma minoria de indivíduos é sinônimo de economia natural; no
entanto "não se conhece ainda nos séculos
pública acabada), as múltiplas sem retribuição à sociedade. XIV e XV, por exemplo, entre os Médici,
a separaçlo sistemática do regime de
determinações que levam à Daí a exploração assume a economia consuntiva (natural e economia
lucrativa)." Weber, Marx. Historia econ6.
tensão entre o interêsse par- forma de dominação, não de um mica leneral. México, Ed. Fondo de
ticular e o universal do Estado; indivíduo sôbre outro, mas Cultura Econ6mica, 1956. p. 8.

na existência da burocracia de um indivíduo que personifica lT Conforme pesquisa do jurista-historiador


Maitland, F. W. The survival of archalc
que pressupõe as corporações, uma função sôbre a comuni- comunities, In: Collected papers.
Cambridge, 1911. 2 v., e ainda Weber, Marx.
ela, enquanto burocracia estatal, dade. 17 A necessidade da Der Srat un den Charakter der
é o formalismo de um conteúdo cooperação simples, onde a má- altgermanischen Sozial-verfassung.
Jahrbf, Nationalokonomie
In:
un Statistik,
situado fora dela: a corpora- quina tem papel secundário v. 83, 1904, idêntico processo, acentua
Max Weber, deu-se na formação da Iugoslá-
ção privada. 14 e a divisão de trabalho é in- via e Croácia contrariando a tese de
cipiente para a realização de Peisker J., Die serbische Zadruga.
Zeistschrf, Sozial un Wirtschaft2eschichte.
O objetivo do Estado torna-se obras que sobrepassam as V. 7, 1900, que vê nessa estrutura o
resultado da organizaçlo tributária de
o objetivo da burocracia, cujo comunidades, vai requerer uma Bizêncio.

8 Revista de Administração de Emprêsa8


~ sorte dos judeus no Egito está a chave para a compreensão da direção de um partido único im-
ligada a êsse processo; são realidade russa contemporânea. plica. nos seus inícios, já na buro-
recrutados à fôrça para as cracia. 29 Essa burocratização
Na Rússia antiga, a comuni- já ameaça, três anos após a
expedições dos reis assírios e
dade de aldeia (ebchtchins)
babilônicos que, com seus séqui-
tos, procuram reunir
posse coletiva do solo, é ' .
tomada do poder por Lênin 30
o regime na sua totalidade. O
'
uma criação do govêrno, impos- monopólio do poder, pelo
mão-de-obra para construção
ta aos camponeses por razões partido único, é o elemento que
de canais e cultivo das zonas
administrativo-fiscais, onde, assegura a seleção da elite
desérticas. Nesse sentido a
c?n~orme o Ruskaya Pravda (o
via fluv!al do Nilo desempenhou
direito russo) o "proprietário
papel vital na centralização bu-
eminente de tôda a terra é o
rocrática.P atuando como fator '" •"Sem ela (11via fluvial do Nilo) nãe
Grão-Principe. Os boiardos tena I! centrallzaç!io burocrática alcançado,
d~cisivo .na formação de uma
constituem um exército móvel no Egito, o grau que efetivamente
hierarquia de clientes subor- alcl!nçou". Weber, Marx, Economia y
":Ian~ido pelo Príncipe que 'con- socledad. v. 4, capo 6, p, 602.
dinada diretamente ao Estado No Egito antigo deu-se "a submlssão
vida sua gente" para recolher 10

patrimon ia I-burocrático. 19 da povoaç!io a prestações pessoais numa


tributos em gêneros, mel, proporçl!! que ante~ não fOra posslvel
e. conduziram o Antigo Império a uma
cêra, cereais, etc.; o mesmo se
o contrôle da água em grande es-
faz nas cidades organizadas
Sltua~o em que tllda povoaç!io estava
organizada numa hierarquia de clientes
cala é dirigido pelo Estado e (dep~ndentes), na qual o homem sempre foi
comunalmente. Os "homens co.n~lderado boa prêsa; ~m alguns casos
seu caráter centralizado e des- fOI Incorporado as quadnlhas de escravos
do Príncipe" aparecem como de Faraó". Weber, Marx, op. cito V. 4, capo 7,
pótico no Egito repetia-se p. 128.
proprietários rurais com
na antiga Mesopotâmia 20 e "" A respeito, o magistral estudo de
terras para sua subsistência e Rustow, Alexander. Ortsbestimmuung der
C.hina o~de os cultivadores pas- Gegenwlrt. Zurich, Erlenbach, 1950-52. 2 v.
sobretudo domínios florestais.
SIVOSe Ignaros estão "sob li!. Weber, Max. op. cito vol. 4, capo 7,
Em 1326, o Metropol ita de p. 178.
direção de uma classe letrada "" Maspero, H. & Balazs. E. Histoire et
Vladimir instala-se em Moscou Institutions de la Chinne ancienne.
de funcionários que planejam France, td. PUF, 1967, capo 1, 4.8 parte
colocando, assim tôda a influên-
e executavam o plano. Incapaz p. 169-70, retomando uma tese idêntica '
cia de um clero a serviço do desenvolvida por Witfogel, Karl, Oriental
de. organizar-se, o camponês despotism, Vale, 1951.
Grão-Príncipe, fornecendo,
chinês sofre a dominação tirâni- os Conforme Maspero, H. & Balazs E.
qu~dros, à burocracia estatal. O op, cito p. 170, idêntico processo dera-se na
c~ d~ AE~tado.,21Daí a suprema- América com os incas, onde, num nlvel
Grao-Príncipe distribuiu do- de tecnologia neolltica, a burocracia
era tlrãnica da burocracia
mínios aos camponeses "governava teocràticamente sObre uma
estatal chinesa", 22 reforçada sociedade hidráulica simples". Witfogel K.
(pomestye) a título precário, em op, cito p. 117. Tal ponto de vista é '
pela ausência ainda maior dos reforçado por um cronista incaico da
rec0":lp~nsa pelos seus serviços, época, Vega, Garcilaso de la. Comenta rios
senhorios territoriais, que reales de los Inca •• 1945, v. 1, capo 1,
constituindo uma nova aristo-
apesar dela ainda existiam no p. 2~2 observara "a falta de retribuição pelos
cr~cia ligada ao poder, os serviços prestados no trabalho obrigat6rio
Egito, tendo sido substituídos das estradas, construção de pontes
bolardes. ~stes submetiam-se canais de irrisaçlo e nas terras d'O
pela burocracia construtora
ao Grão-Príncipe e participavam Estado".
de canais, de depósitos para ar- do seu Conselho, a Duma. 25
•• Meyer, Monique. L'entreprisa industrielle
d'~tat en Union Sovietique. Paris, Ed.
mazenamento de tributos in CUJas, 1964. p. 11.
natura, de onde os funcionários ~ste Estado onipotente, funda- m "f'< !nfluência mong6lica na transmissão
à Russla dos métodos despóticos do
retiravam suas congruas do nas prestações forçadas estatismo da China, aparece com clareza
na Rús.sia de Moscou. eis que os mongóis
ou emolumentos, abastecendo de serviço, exercendo um con- conheciam êsses métodos nuando
o. Exé.rcito. No. início da época trôle máximo sôbre a propriedade submeteram a Rússia (1273-40) poiS
anteriormente haviam conquistado a China
histórica da China, dar-se-á territorial, constitui-se num (1211-22) e o Turq uestão em 1219-20.
Desde 1215. Gengis Khan tinha um
a regularização das águas elemento básico para explicação conselheiro chinês de alto nlvel Yeh-Iú-
atribuída às qualidades ~aris- da persistência do mesmo, Ch'u-Ts'ai. Em 1253, o Grande Khán Mongke,
no rruuuo ae um contrOle racional da
máticas de um soberano através do tempo, conforme área sob seu domlnlo, ordenou a
explica Summer. Pieh-~rh-ke Que fizesse um censo na
demiurgo, o grande YU.23 R~ssla". Ame,rican Philosophical Society.
Hlstory of Chmese society. Philadelphia
Modernamente na URSS o modo 1949. v. 36. '
O modo de produção asiático asiático de produção predomina "". ~ão hé nenhum livro que fale do Ca-
pitalismo do Estado na época do comunis-
não é confinado ao Egito anti- de forma recorrente, no seu mo. !VIarx mesmo não escreveu nada a
go. A Mesopotâmia, China aspecto mais significativo: o
r~spelto. morreu sem deixar nenhuma
cttacão exata. nenhum argumento irrefutá-
ou o Império incaico conhe- realce ao domínio da burocracia vel.:' Lênin. La révolution bolcheviste.
ciam-no. ~Ie aparece na Rússia Pans, Ed. Payot, p. 279.
enquanto poder político no ••. "O Capitalis'!l0 de Estado, tal como é
por ocasião da invasão huna regime do capitalismo do Esta- VISt!! por "~s. nao é analisado em nenhuma
teona ou literatura." Lênin. op. cito
determinando a longo prazo ' do. 2U ~sse regime é uma p. 279.
"certos aspectos da vida social combinação inédita 27 de ini-
•• "Um tipo misto, em que a iniciativa
privada limitada pela estatização -
e econômica que a nós ocidentais o Estado somos n6s". Lênin. op, cit., p. 279.
ci~ti~a individual no plano eco-
podem parecer impostos norruco com a economia do
se "Fala!,"os d,o renasclmento parcial da
bur~cracla no. ,"~enor do regime soviético."
pela Revolução Autoritária Estado. 28 !-ênln. O capitalismo de estado e o
(1917), mas que são de fato pro- ~~~~~to em espécie. Curitiba, Gualra, s/d.

longamentos de instituições O capitalismo de Estado, ou 80 "Vemos apresentar-se êsse mal diante


de n6s. ainda mais claramente mais
preexistentes, desenvolvimentos melhor, o processo de moderni- ameaçador e .mais nltido", (Lê';in. op. cit.
decorrentes de pensamento da zação levado a efeito por uma p. 47) c~nclUlndo Que na Rússia "a
buro.cracla não, está no Exército. mas nos
antiga Rússia", 24 fornecendo elite, industrializante sob a serviços". Lênln. op, cito p, 47.

A teoria geral da administração 9


dirigente.v' onde a ascenção na bens inúteis ou com pouca 31 "Pois ainda que haja poucas exceções,
os quadros de direção não podem chegar
escala partidária assegura demanda, conduzindo a mal- geralmente ao nlvel de diretor de
fábrica sem a condiçlio prévia de serem
igual subida na burocracia do versação no âmbito dos bens de membros do P.C." Granick, David. EI
Estado.32 Esta burocracia possui consumo, pois a direção limi- hombre de empresa soviético. Madrid, Ed.
Revista do Ocidente, 1966. p. 40.
o Estado como propriedade tará a variedade dos artigos •• "Assim em 1958 a delegação norte-
privada, dirigindo coletivamen- para atingir maior produção americana mencionava que o Diretor da
maior usina siderúrgica de Chelyabinsk
te os meios de produção, 33 quantitativa. 38 fOra antes Secretário do Partido naquela
zona," Granick, D. op. cito p. 44.
é a tecnoburocracia dirigente, A emprêsa trabalha sob contrôle •• "Caracteriza-se essencialmente pela
que persiste de Lênin até hoje, 34 hipercentralizado.w com apropriação dos instrumentos de produção
mas, vigiada pelo partido, não planos confirmados trimestral-
pelo Estado." Portal, R., Os eslavos.
Lisboa, 1968. p. 408.
possui nem os meios de mente pelo Estado russo. •• "A tecnoburocracia industrial, adminis-
produção como apropriação pri- A grande maioria das emprêsas trativa militar e planeladora, embora
muito poderosa sob a ditadura de Stalin,
vada, nem a hereditariedade dependia de comissários e mi- manteve-se após sua morte e liquidação
de seu mito, obediente ao Estado e
de fortuna. nistérios setoriais. ao seu órgão supremo: o P.C." Gurvitch, G.
Les cadres sociaux de la connaissance.
Nesse contexto, o administrador Em 1957, a indústria é dirigida Paris, td. PUF, 1966. p. 222.
de emprêsa cumpre a função centralizadamente e setorial- M "Essa proporção pode atingir a 30%
ou 40% do salário prõprlamente dito.
de realizar no nível de micro- mente, gerando a proliferação de t necessário esclarecer que essa estrutura
observa-se na indústria na URSS." Lewit.
emprêsa os objetivos do plano. órgãos administrativos e os Rev. Sociologie du Travail, (2): 127, 1970.
Se êle atinge as cifras do plano males da departamentalização, Onde o exemplo por excelência de remune-
ração é o salário por tarefa (p. 158)
recebe bonificação, 35 isso estudados por Selznick, onde se que corre o risco de ser dividido por
atraso ou falta ao trabalho; neste caso
implica uma correlação entre o dá a bifurcação de interêsses "recomenda-se destinar aos bons
lucro planejado e o efetiva- entre as subunidades com trabalhadores a parte devida aos maus
como recompensa por sua fidelidade".
mente conseguido. objetivos próprios. A especifi- Lewit. cito p. 167.
•• "A luta pela tabela diferencial de
Se o lucro planejado é conse- cação de zonas geoeconômicas remuneração leva impllcita a noção de que
o igualitarismo é estranho à sociedade
guido, uma parte dêle fica retida levava ao encarecimento do socialista. Os organismos sindicais devem
no fundo da emprêsa, as bo- transporte e à falta de coordena- lutar sem cessar contra as tendências
igualitárias (Hungria)." Lewit. op, cito
nificações constituem parte ção entre as emprêsas da p, 175; daI na Tcheco-Eslováqula - segundo
o diário Obdoran, n. 21, 1968 - os
importante na remuneração dos indústria local. Na medida em salários dos manobristas representam 10%
dirigentes; 36 no entanto, o mé- que os setores industriais de- dos do diretor adjunto (Lewit. op. cito
p, 154).
todo no pagamento das bonifica- pendiam de um ministério :n Tal forma de remuneração arcaica fOra
ções é o maior responsável específico, cada um procurava definida por Taylor no inIcio do século
onde "a tarefa e a gratificação constituem
pela malversação dos recursos. assegurar seu aprovisionamento, um dos mais importantes elementos do
funcionamento da administração cientlfica".
enquanto cada ministério Taylor. Administraçlo cientlfica do
A irracionalidade do sistema de ficava preocupado com seu trabalho. p. 110. No século passado por
ocasião da Revolução Industrial, analisando
bonificações leva os diretores setor, mais do que com os as condições inglêsas, K. Marx acentuava:
"o trabalho por tarefa é um sistema arcaico
de emprêsas a dissimular outros; isso coexistia com uma que tem na Inglaterra um nome muito
sua capacidade produtiva, a centralização direcional rígida no eloqüente, sweating-system (sistema-
suador)". Marx, K. EI capital. v. único.
acumular inutilmente equipa- âmbito da ernprêsa.w Nessa p, 410.
mentos, matérias-primas, evitar estrutura, os comitês de emprê- •• "Há necessidade de elaborar em caráter
experimental para futuro próximo formas
inovações e produzir bens sem sa limitam-se a reforçar a de salário que correspondam às condições
de trabalho modernas, da mesma forma
utilização .. Um dos vícios do decisão que lhes foi transmitida que o sal6rio por unidade correspondeu
sistema é encorajar a direção da pelos órgãos centrais. 41 a uma realidade da geração anterior."
Christian, Dejean, La salaire au
emprêsa a dissimular sua rendemene, un exemple belge. Rev.
capacidade produtiva, na medi- O fenômeno da centralização Soe. du Travail, (2), 1961.

da em que a superação dos burocrática da direção da 311 Especialmente por ocasião da 11 Grande
Guerra "o traço caracterlstico da
objetivos quantitativos é a emprêsa, gerida no nível mais organização é a centralização feroz de

condição básica para atri- alto pelo partido que detém o tOda direção econOmica".
Planification et programation
Dudorine.
lineaire de
buição de bonificação. 37 monopólio do poder, não se dá I'aprovisionnement matériel et téchnique.
Ekonomizdat. Moscou, 1961. p. 19.
somente na URSS, Hungria ou •• "No ápice de tOda emprêsa, oficina e
Isso leva a competição entre os Tcheco-Eslováquia, é persistente seção, acha-se um chefe investido de
todo poder para direção, impondo uma
diretores no sentido de esto- na Iugoslávia também. disciplina de ferro durante o trabalho
carem matérias-primas, e os sujeito a vontade de um só: do dirigente
~ o ressurgimento do modo asiá- soviético." Meyer, M. op, cito p. 90. "O
que têm mais prestígio têm maior diretor de emprêsa é o fundamento do
tico de produção, aliado ao alto Poder Socialista". Kaminster. Manual de
sucesso. A bonificação I'entreprise industrielle. Moscou, 1961,
nível de tecnificação com o
constitui-se em freio à inovação sendo "nomeado e liberado de suas funções
monopólio do poder pelo parti- pelos õrgãos superiores, cf. parágrafo 89
na medida em que essa provoca do Regulamento sObre a Emprêsa
do único. Produtiva Socialista do Estado." Meyer, M.
uma perturbação na produção, op, cito p. 900. O § 94 da Lei investe o
significando menor bonificação Assim, a nova classe emerge contramestre de plenos podêres e organi-
zação direta da produção e do trabalho,
para o gerente e o operário. como elite industrializante, como responsável pela execução do plano.
Sua transferência, nomeação ou licencia-
Se houver maior produção uma conseqüência do de- mento são efetuados pelo diretor da
devido à inovação, os planeja- senvolvimento gradual da elite emprêsa; essa "burocratização"
direção, fruto do centralismo,
da
engendra
dores retificam as metas, clandestina que constituía a a burocracia. Dudorine. Planification et
programation lineaire de I'aprovisionnement
tornando-as mais difíceis de estrutura do partido nos anos matériel et téchnique. Ekonomizdat.
atingir. A emprêsa é sempre in- de luta pelo poder. "Troque Moscou, 1961. p. 18.
"A participação é formalmente assegura-
citada nesse sistema a produzir por nova classe o têrmo 41
da mas os trabalhos não têm nenhum

10 Revista de Administração de Emprêsas


aparelho e tudo ficará mais 2. A EVOLUÇAO DA EMPR~SA 2.1. A primeira Revolução
nítido." 42 INDUSTRIAL SOB O Industrial
CAPITALISMO E A TEORIA A emergência da revolução in-
A concentração do poder na GERAL DA
figura carismática de Tito leva-o dustrial implica uma alteração
ADMINISTRAÇAO COMO das condições de produção,
ao papel de "Grande Animador" IDEOLOGIA
do sistema, único possuidor de
crítica; êle abre a campanha A análise da teoria geral da
de crítica com observações e administração como ideologia poder efetivo. Houve centralismo
exacerbado e participação simbólica."
recomendações que caracteri- implica o estudo do "fenômeno Meyer, M. op, cito p. 22; idêntico fenômeno
zam periodicamente a vida da do pensamento coletivo que se
Lewit constatou estudando uma emprêsa
metalúrgica no Oeste da Hungria, e mais
Iugoslávia. Aí também os desenvolve conforme interêsses do que isso, que os assalariados
rejeitam os fins propostos pela direção.
órgãos de autogestão represen-
e as situações sociais Lewit. Revue Soclologie du Travail, p. 27.
tam a burocracia dominante. 43 .2 DjiJas, MiJovan. La nouvelle classe
existentes". 44 dirigéante. p. 48·48; ponto de vista confiro
Isso nos permite definir as for- mado por pesquisas na Iugoslávia por
Albert Meister, que constata o pais
mações econômicas e de As premissas gerais para a dirigido por quadros com formação tecno-
emprêsa na URSS e no âmbito emergência do capitalismo fun- crática (cf. Meister, A. op. cito p. 261).
A análise a respeito da concentração
da Europa Oriental, como damentam-se na contabilidade das responsabilidades confirmam a tese
de Djilas - de que o poder é monopolizado
formas de modo de produção racional como norma para em- pelos apparatchks (os profissionais da
asiático recorrentes ao capitalis- prêsas que satisfazem as ne- cúpula do parttdo), ativistas e gestionários
da propriedade coletiva. Meister, A.
mo do Estado, onde a buro- cessidades diárias. Elas se Socialisme et autogestion. Paris, Presses

cracia, não só é o elemento estruturam na propriedade pri- Universitaires de France, 1953. p. 274-75.
•• "Os órgãos de autogestação não
oriundo das necessidades funcio- vada dos meios de produção, conquistam nada, êles recebem, são
nais da técnica, mas é acima técnica racional, direito racio- beneficiários, são-lhas atribufdas
tências, liberdades e feudos. Sua criação
compe-

de tudo poder político total. nal, estrutura administrativa da não é o produto de reivindicação popular,
mas foi doada ao povo pelos seus
burocracia e um ethos do dirigentes." Meister, A. op. cito p. 316.
Isso tem implicação no plano das trabalho e esfôrço contínuo. •• Manheim, Karl. Ideologia e utopia.
idéias: êsse sistema cria auto- Em suma, o capitalismo foi o Ed. Globo, 1950. p. 115.
Weber, Max. Historia econ6mica general.
màticamente a valorização produto "da emprêsa, contabili-
4J;
p. 298.
no primeiro plano do conheci- dade e direito racional unidos •• "t de lembrar-se que nas sociedades
onde há escassez, ou seja, em que a
mento polftico doutrinário e o à ideologia racional e ética ra- maioria dos cidadãos está de braços com os
conhecimento filosófico res- cional na economia". 45 problemas do subconsumo,
materiais tendem a assumir excessiva
os fatos

trito ao marxismo interpretado relevincia na conduta. Resolvido porém,


socialmente, o problema do consumo,
pelos detentores do poder; sua A primeira Revolução Industrial graças a alta produtividade do sistema
dogmatização é acompanhada encontra respostas ideológicas
tecnicoeconômico, os motivos fundamentais
da conduta humana estilizam-se,
do monopólio do poder pelo sob a forma de teorias sociais perdendo relevância o fator econômico,
ao mesmo tempo em que outros motivos,
partido único do qual emerge o globais: Saint-Simon, Fourier antes subsidiários, aumentam sua influên-
líder carismático. Em segundo e Marx. ~Ies elaboraram modelos
cia. O atraso moral é, em certo sentido,
uma seqüela crônica do complexo de
plano aparece o conhecimento macrossociais, tendo em vista escassez. Inversamente, o elemento ético
é inseparável da síndrome de abundância.
científico e, em último, o as condições institucionais Tais correlaçlies slo tanto mais
conhecimento técnico, como da sociedade industrial global;
pertinentes, quando nos cingimos li esfera
da organizaçlo." Ramos, G., Administração
elementos de refôrço do sistema. a segunda Revolução Industrial, e estratégia do desenvolvimento. Rio,
Fundação Getúlio Vargas, 1960. p. 115.
Vimos que a emergência da que se inicia com a introdu- <7 Foi na Alemanha que se deu a reação
à Escola das Relações Humanas, vista
burocracia patrimonial como ção da eletricidade, a formação como desenvolvendo uma atitude
poder político nas sociedades dos grandes holdings industriais, manipulativa para com o operário em
função dos interêsses da Administração.
orientais e pré-colombiana ante- encontra como resposta in- Neste aspecto, Elton Mayo continua
Taylor e Fayol; a critica alemã mostrara
cede de muito o aparecimento telectual a teoria clássica da que a Escola de Relações Humanas
da burocracia funcional da administração, nos estudos de subestimava o conflito,
fatôres econômicos determinantes
negara o pêso dos
da
indústria moderna, confirmando Taylor e Fayol. Fundamentada paz industrial; tinha a tendência a
encarar as relações industriais como rela-
o aforismo hegeliano que a sistemàticamente num pe- ções interindividuais. A Alemanha foi o
ríodo de acumulação de capitais, berço da reação intelectual à Escola
substância do Estado é a rea- das Relações Humanas, pelo fato de
lização do interêsse universal en- isso conseguido, surge à tona que, industrializando-se tardiamente em
relação à Inglaterra e França, a ela
quanto tal (da burocracia). o problema humano na emprêsa restará pensar no plano crftico o que a
Isso se dá na URSS, Europa industrial, e a elaboração primeira realizou na Economia (Rev.
Industrial) e a segunda no político
Oriental e nos países de autocra- da Teoria das Relações Humanas (Rev. Francesa). Nos EUA, apesar do
desenvolvimento econômico, não se tomara
cia modernizante. O Estado apa- com Elton Mayo.46Os dilemas tal postura crltlca, porque "onde as
rece como um triunfo da "razão" da sociedade industrial, bem classes já constituidas
ainda se modificam e substituem
mas não fixas,
freqüen-
hegelíana, onde a maturidade como as inconsistências dos temente, ao contrário dOS seus elementos
constitutivos, onde os métodos de
política é conquistada por media- postulados da Escola das produção moderna, em lugar de correspon-
ção da burocracia, que intro- Relações Humanas são retrata- der a uma superpopulação
compensam muitas vêzes a falta relativa
constante,

duz a unidade, na diversidade dos criticamente pela Escola de braços e cabeças, e onde por fim,
o n6vo e febril movimento de produção
da sociedade civil. O Estado Estruturalista que aparece na material que tem um mundo n6vo a
como "burocracia acabada" gera Alemanha, baseando-se em algu- conquistar, nllo possui nem tempo nem
ocasilo para destruir o velho mundo
a sociedade civil, o regresso mas indicações de Marx, sis- espiritual".
Louis Napole6n.
Marx, Karl. Le 18 brumaire de
tditions Soeiales, 1928.
de Marx a Hegel. tematizadas por Max Weber. 47 p, 33.

A teoria geral da administração 11


substituição da manufatura pela necedor de lã à manufatura têxtil mão-de-obra no mercado, sendo
fábrica, absorção do êxodo urbana liberou mão-de-obra removidos todos os obstáculos
rural na nova mão-de-obra in- para a indústria. ao desenvolvimento industrial.
dustrial, transferência de ca-
pitais do campo à cidade e No plano continental, a França A União Aduaneira Alemã per-
foi o primeiro país que sofreu mitiu a ampliação do mercado.
aproveitamento dos resultados
as conseqüências das transfor- Com o surgimento do sistema
das ciências naturais no universo
mações na ordem industrial. A ferroviário estendiam-se mais
industrial.
Revolução Industrial na França os limites do mercado alemão.
O desenvolvimento da máquina iniciou-se em 1825 com a A Alemanha, além de importar
a vapor dependia bàsicamente derrota napoleônica, que fêz com máquinas da Inglaterra, impor-
dos estudos dos gases de que desaparecessem da França tara mão-de-obra com a
Boyle, das investigações sôbre as máquinas têxteis de algodão emigração de trabalhadores
a física do calor de Blach e e metalúrgicas modernas, tor- especializados inglêses integra-
Carnet e dos trabalhos sôbre a nando a agricultura predominan- dos nas áreas industriais da
conservação da energia de te, Iigada à escassez Alemanha.
Helmholtz. Sem as experiências de alguns produtos in natura,
de Faraday, a respeito das à falta de mão-de-obra Na Inglaterra, a primeira indús-
bases físicas da eletricidade e especializada e escassez de ca- tria totalmente mecanizada foi
pital. a têxtil, no seu ramo algodoeiro
do magnetismo, não teríamos o
com a introdução da máquina
dínamo ou o motor elétrico; as
Sob influência de Turgot (1774- de fiar automática de Hargreaves,
pesquisas sôbre os gases e a
1776) tendem-se a destruir os a máquina hidráulica de
eletricidade permitiram o
privilégios das guildas para li- Arkright, a mule de Samuel
surgimento do motor de com-
bustão interna. A química é a beralizar a indústria. Com a lei Coompton, que permitia a pro-
Chapelier, de 14 de junho de dução de um fio duro e fino
precursora dos progressos da
1791, declarando ilegais as e Cartwright inventara o tear me-
indústria do ferro, aço e petróleo.
reuniões dos operários, "pois pre- cânico; isso levou ao declínio
As investigações de Ampêre
tendiam restabelecer os pri- do artesanato e ao aumento
permitiram o surgimento do te-
vilégios das antigas corporações do contingente operário. Acres-
légrafo e o trabalho de Hertz
eliminadas pela Revolução ce o invento de Whitney que, em
deu a possibilidade a Marconi
Francesa", criam-se as condi- 1794, conseguiu por meios
de inventar o telégrafo sem
ções ao desenvolvimento do mecânicos a separação da se-
fio. A máquina a vapor
capitalismo liberal. mente de algodão da fibra
e o motor de combustão
que, por via manual, era lenta e
interna superaram o boi e o A Revolução Industrial na Alema- complicada. Whitney obteve
cavalo, como fôrça motriz. nha deu-se de forma incomple- por meios mecânicos essa sepa-
A Revolução Industrial iniciou-se ta e gradualmente devido à ração, determinando uma re-
na Inglaterra porque fôra o país predominância do trabalho ma- volução na indústria algodoeira
mais afetado pela Revolução nual e a persistência das peque- e do setor agrícola, conduzindo a
Comercial; 48 eis que o sistema nas oficinas. Até a segunda especialização do Sul dos
industrial medieval fundado metade do século XIX, a Ale- EUA nesse ramo, estimulando
nas guildas desapareceu em manha estava industrialmente assim a expansão da escravidão.
primeiro lugar na Inglaterra, no retardatária, a agricultura cons-
século XI, no ramo têxtil, já fôra tituía a principal ocupação da A máquina têxtil e a máquina
suplantada pelo trabalho do- população. Até 1850, as má- a vapor produziam a fôrça mo-
méstico, permitindo o incre- quinas eram escassas, pois pre- triz. Tôda essa maquinaria
mento do processo de indus- dominava o sistema de trabalho necessitava de grande quanti-
trialização. domiciliar; o país era pobre dade de ferro a preço baixo, fato
devido à persistência de um sis- que levou a substituição do
No século XVIII, a classe co- tema de guildas e à falta de um carvão de madeira que desfi ores-
merciai inglêsa suplantara a ho- Estado centralizado. A Alema- tava grandes áreas, pelo carvão
landesa, e com a acumulação nha estava dividida em 39 coque aliado ao alto forno de
de capital inglês possibilitou a estados diferentes, o que impedia Smeaton com o método Besse-
criação de uma marinha mer- seu desenvolvimento industrial. mero Paralelamente, a extração
cante, que por sua vez Ela carecia de mercado inter- de carvão tornou-se mais
reforçou a acumulação. no e não possuia colônias. segura quando Davy inventa
O incremento da demanda de ar- A invasão francesa ofereceu à a lâmpada de segurança nas
tigos têxteis, em 1700, demons- Alemanha a possibilidade de minas, diminuindo a freqüência
trara a escassez de artesãos; passar do estágio do monopólio das mortíferas explosões de gás
daí a necessidade dos meios me- das guildas ao sistema indus-
cânicos. trial liberal; entre 1868 e 1869,
surge uma legislação que •• Num sentido contrário. defendendo a
O "cercamento" das terras para legaliza a liberdade industrial; os tese do incremento da Revolução Industrial
por trans.erêncla de renda do setor
criação de pastagens destina- trabalhadores tiveram então li- agrário ao industrial. Bairoch, Paulo. La
revoluti6n industrial y el subdesarrollo.
das a manter o rebanho for- berdade para oferecer sua México, Ed. Siglo XXI, capo 5, p. 79.

12 ReviSta de Administração de Emprêsas

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no interior das minas, tendo o eram empregadas, de 12 a 16 da emergência do modêlo
método Siemens-Martin supera- horas por dia, em poços subter- liberal, ao enunciar que a "De-
do o método Bessemer no fabrico râneos. Isso obrigou o Estado claração dos Direitos do Homem
de aços finos. a intervir nas relações industriais, e do Cidadão, vista como a
regulamentando as horas de solução do problema social,
Essa infra-estrutura tecnoló- trabalho: no ano de 1874, a na realidade era o seu primeiro
gica acompanha a emergência idade mínima de trabalho era enunciado". 114~Ie não perde
do sistema fabril, que consiste de 10 anos e a jornada máxima de de vista que o desenvolvimento
na reunião de um grande número 10 horas. Na Alemanha, a partir industrial leva a superar um
de trabalhadores numa só fá- de 1891, tornou-se ilegal a tipo de saber jurídico - formal,
brica, disciplinando o operário. contratação de uma criança que que desconhece o econômico,
A inspeção realizada pelo capi- não tinha terminado sua es- "a inferioridade dos legistas é
talista atua na fábrica, disci- colaridade mínima aos 13 anos. sua ignorância do econômico,
plinando o operário. De início A partir de 1901, a idade mí- isto é, da produção, partindo
temporária e esporádica, por nima de uma criança apta ao dos interêsses que são os da
ocasião da distribuição de maté- trabalho era de 14 anos e a jor- maioria de um regime moderno
ria-prima e recolhimento do nada máxima, de meia jor- que é industrial". 55
produto acabado, transforma-se nada de trabalho de um total
na presença constante no pro- de 12 horas. 52 Após definir que os produtores
cesso fabril. Assim, o tecelão constituem a sociedade legí-
que chegasse cinco minutos A resposta à Revolução Industrial tima, postula a afinidade dos
após o, último sinal ou que dei- na Inglaterra, França e Alema- interêsses da indústria com a
xasse algum resíduo nos fusos, nha será fornecida pelos teóri- sociedade, na medida em que
assobiasse ou deixasse aberta cos, Saint-Simon, Proudhon, a sociedade global tem por base
a janela era multado em 1 xelim Fourier e Marx que contestarão a indústria. A indústria é uma
por cada contravenção. 49 a nova ordem de coisas num garantia de sua existência.
nível global, ou seja, na procura O contexto mais favorável à in-
As condições de habitação igua- de um modêlo de sociedade dústria será o mais favorável à
lavam nos seus aspectos ne- global que seja a negação da- sociedade. 56 A sociedade
gativos às condições de tra- quela que emergiu com a Revo- moderna "só dá direito de per-
balho, onde o parcelamento das lução Industrial. tencer a eia, os trabalhado-
operações produzia a fadiga, Saint-Simon, na sua obra res"; 117
eis que a classe traba-
tédio e surmenage. Os novos L'organizateur (1819-20) pre- lhadora "deve ser a única". 58
centros industriais abrigavam nuncia a noção de uma direção Saint-Simon, "o cérebro mais
trabalhadores em choças prepa- científica confiada a um govêrno universal de seu tempo, com
radas precipitadamente. 110Três constituído de três câmaras: Hegel",1I9enunciava que é "pelo
quartas partes dos trabalha- Invenção, Exame e Executiva, estudo direto e positivo da so-
dores de fábrica de algodão eram constituída de líderes indus- ciedade que se descobrirão essas
mulheres e crianças que tra- triais, capitalistas e banqueiros. regras (da vida social); nelas
balhavam nas máquinas, os "A inoculação política de vasta
aprendizes mendigos que abun- maioria da sociedade existe
davam na Inglaterra eram em- para ser governada da maneira '" Hamon, J. L. B.; & Barbara. Tha town
labourar. Longmans, 1925. p. 19-20.
pregados como arrendados pelas mais barata possível, quando
. autoridades às manufaturas, possível; governada pelos ho-
10 Hammond, B. Tha rise of modern
industry. Harcourt Brace, 1926, capo 3,
com jornadas de trabalho de 14 mens mais capazes e de maneira The age of the Chartists.
a 16 horas diárias. que se assegure a mais com- ••. Booth, Charles. Life and labor of the
people of London. MacMillan, 1891/1903.
Os fiadores de algodão de pleta tranqüilidade pública. a Hegel notara os aspectos negativos
Manchester, em 1806, ganhavam Ora, os mesmos meios de satis- Introduzidos pela divisão do trabalho na
indústria moderna: "Pela universalização
por semana em média 24 fazer nestes vários aspectos, ao da solidariedade entre os homens, por
xelim; só em 1897, alcançaram desejo da maioria, consistem suas necessidades e técnicas que permitem
satisfazê-Ias. a acumulação de riquezas
37 xelim. Isso representa um em conferir poder aos mais aumenta de um lado, pois essa dupla
universalidade produz os maiores lucros;
desnível em relação ao in- importantes industriais, que são mas de outro lado, a divisão e limitação
cremento da renda da emprêsa os mais interessados na econo- restrita do trabalho e por conseguinte
a dependência e angústia da classe depeno
capitalista inglêsa. No século mia das despesas públicas, dente dêsse trabalho aumenta por sua
vez. e ao mesmo tempo, a incapacidade
XIX, "embora subissem ligeira- os que são os maiores interessa- de sentir e desenvolver certas aptidões
mente os salários, os trabalha- dos em restringir o poder e faculdades, particularmente
espirituais da sociedade civil".
as vantagens
Hegel.
dores não especializados na arbitrário; finalmente, de todos os Principes da philosophia du droit.
Gallimard, p. 183.
Inglaterra mantinham-se na base membros da sociedade são os a Gray, Alexander. Tha socialist tradition.
do salário mínimo vital, e, às que mais têm dado prova de London, Longmans, Greed and Co., 1947.
vêzes, abaixo do mesmo, abran- capacidade na administração •• Simon, S. Oeuvres, v. 19, p, 84.
gendo 31% da população lon- positiva, tendo sido evidenciado •• Simon, S. op. cit. p. 124.
drina, vivendo abaixo da linha o sucesso que obtiveram em •• Simon, S. OP. cito V. 18, nota X·A.
da pobreza".1I1 seus vários empreendimentos". 118 ••• Simon, S. op. cit. p. 128.
•• Simon, S. ep, cito v. 20, p. 74.
A situação nas minas não era Saint-Simon elabora a primeira
•• Engels, F. Anti Dhurin,. Paris, 1931.
melhor; mulheres e crianças crítica de conteúdo a respeito capo I, P. 13.

A teoria geral da admintstraç40 13


é que é necessário descobrir as "é a mim sàmente que as ge- 2.2 A teoria de Karl Marx
bases da política". 60 rações presentes e futuras de-
verão a iniciativa de sua imensa O marxismo aparece como fi-
Saint-Simon ocupa uma posição- felicidade; venho dissipar as losofia da ação, 76 onde a von-
chave entre os teóricos das nuvens políticas e morais e tade humana tem um papel
ideologias totais na época ime- sôbre os dogmas das ciências criativo, superando as determi-
diatamente posterior à Revo- naturais, eu fundamento a teo- nações ambientais, 77 para
lução Industrial, pois êle "aju- ria da harmonia universal". 68 conseguir a constituição do
dou a transformação da socieda- proletário como classe, derruba-
de nessa arte que se chamará A sociedade futura, que irá su- da da supremacia da burguesia
o socialismo, nessa ciência ceder à "incoerência" civili- e conquista do Poder. 78
popular em que Adam Smith zada, não admite "moderação,
e David Ricardo definiram sua igualdades, nem pontos de vista Eis que, para Karl Marx, a con-
fórmula básica: o valor tem por filosóficos. Ela quer as dição essencial de existência
medida o trabalho". 61 paixões ardentes e fecundas; da burguesia é a formação e
desde que a associação está for- crescimento do capital, condição
Fourier, teórico socialista, é mada, elas se articulam mais básica para a luta de classes,
considerado atualmente um pre- fàcilmente, quanto mais vivas que caracteriza o processo da
decessor das técnicas de di- forem, mais numerosas". 69 história,79 no qual a burguesia
nâmica de grupo, considerando Fourier antevê uma sociedade desempenhou um papel revolu-
a emprêsa como "grupo". onde "as jornadas de trabalho cionário. Ela liquidou as relações
Tendia Fourier a ver, na marcha serão curtas, o trabalho será feudais e patriarcais, definiu,
da sociedade, o caminho para variado, parcelado't.w Surgirá pela exploração do mercado
o estabelecimento de uma uma sociedade natural onde mundial, um caráter universal
harmonia universal, a partir do "os Falanstérios (comunidades) às relações de produção e troca,
contrôle das paixões humanas. se agruparão por influência de submeteu a área rural à urbana
Estabelece Fourier uma solida- suas paixões, gostos e caracteres. e efetuou a centralização po-
riedade básica entre a sociedade A ordem nascerá naturalmente, Iítica.80
global e os padrões educacio- espontânea mente do [ôgo das
nais, ao admitir que um coleti- atrações". 71 Denunciando porém, Karl Marx,
vismo social leva a uma pe- a estreiteza das estruturas cria-
dagogia não individualista. Na sua teoria social total, Fourier das pela burguesia para conter
Inicialmente, Fourier ataca a vê o elemento afetivo como a riqueza em seu seio, 81 a
declaração dos Direitos do Ho- fator de solidariedade social,
mem e do Cidadão, oriunda da estruturando "a concepção social
Revolução Francesa, ao de- das paixões hurnanas't."> Elas o. Simon, S. Producteur. v. 2, p, 59.
nunciá-Ia como "uma Carta in- desenvolverão o espírito dos 61 Leroy, M. Histoire des idt1es sociales en
France. Paris, 1962. v. 1, p. 238.
completa e desprezível, porque agrupamentos sociais, levando 62 Fourier. Oeuvres complêtes. v. 6, p. 193.
omitiu o Direito ao Trabalho, sem "a economia de tempo, matérias- •• Fourier. op, cito p. 37.
o qual todos os outros são primas, maior rendimento, M Fourier. op. cito V. 1, p. 39.
inúteis".62 Teve ela o condão menor fadiga, desaparecimento •• Fourier. op, cito p. 38.
•• Fourier. op, cito p. 185.
de "produzir um tal caos político do desprêzo do rico pelo
67 Fourier. op. cito p. 199,
que é de se admirar se o gê- pobre. Não haverá vagabundos, •• Fourier. op. cito p. 13.
nero humano pôde regredir nem pobres, as antipatias so- •• Fourier. op. cito p. 9.
muitos milhares de anos na ciais desaparecerão com as '10 Fourier. Noveaux monde industrial. p. 54.
sua evolução social". 63 concluin- causas que as engendram". 73 71 Fourier. Traité de I'association. 1922.
t. 5, p. 249.
do Fourier que "não há nada O estabelecimento de tal socie- •• Fourier. op. cito p. 135.
a esperar de tôdas as luzes ad- dade perfeita demanda, para •• Fourier. Traité de I'association. t. 1.
p. 135.
quiridas; é necessário procurar Fourier, um prazo curto, "dois •• Fourier. Oeuvres complêtes. v. 1, p. 17.
o bem social em alguma nova anos para sua organização 75 Fourier. op. cito p. 91.
ciência".64 Só ela trará a como cantão societário - sua •• "Os filósofos têm apenas interpretado o
mundo, de diversas maneiras; o que
felicidade à humanidade, pois é expansão pelo mundo levará interessa é mudar o mundo." Engels, F.
evidente que "nem os filósofos, mais tempo - seis anos para or- Teses sObre Feuerbach. Ludwig Feuerbach
et la philosophie classique allamande.
nem seus rivais sabem remediar ganizá-lo pelo globo". 74 ~d. Sociales.
as misérias sociais e, sob os 77 "A hist6ria não faz nada, nãe possui
imensas riauezas, nlo trava batalhas. São
dogmas de uns e outros, vê-se Fourier com Saint-Simon é um homens vivos, reais que fazem tudo isso,
a perpetuação das chagas mais dos últimos representantes dos possuem coisas e armam combates.
Não é a história que utiliza os homens,
tristes, entre outras, a indigên- propugnadores por soluções como meio de alcançar, com" se fOsse tam-
bém uma pessoa - seus próprios fins.
cia".65 Combatendo a po- sociais globais a curto prazo. A história não é nada senão a atividade,
breza como "a mais escandalosa Sua descrição paradisíaca do homens perseguindo seus objetivos."
MEGA. V. 1, capo 3, p.265.
desordem social", 66 visualizando futuro liga-se à crítica acre •• Marx. Karl. Manifesto do Partido Comu-
a civilização como "a guerra da sociedade de sua época, le- nista. Ed. Vitória, p. 327.
•• Marx, K. cp, cit., Ed. Vitória, p. 22.
do rico contra o pobre" 67 vando-o à concepção de que ao Marx, K. op, cit., p. 27. "Constituindo
e para sair dêsse estado de "uma sociedade só pode decair em uma só nação, com uma só lei, um só
interêsse nacional de classe, uma só
coisas, Fourier apresenta uma em função do progresso so- barreira alfandegária".
fórmula e antecipa o fato de que cial".75 . •• Marx, K. op. cito p. 29.

Revista de Administração de Emprêsaa


14
própria burguesia criou seus opo- 3. TERCEIRA FASE DA instala-se a produção em massa,
sitores: os operários, concluin- INDUSTRIALIZAÇÃO o número de assalariados au-
do que a queda e a vitória menta em 1.500 mil, é necessá-
dêstes são igualmente inevi- Ela se inicia com a decadência rio evitar-se o desperdício e
táveis.82 dos ofícios tradicionais. Os ofí- economizar mão-de-obra.
cios qualificados subdividem-
Karl Marx elaborou, em suas se, especializam-se, embora
outros ofícios, que 3.1 Os fundamentos quaker
grandes linhas, uma filosofia de do sistema Taylor
conflito social, estruturando uma continuam qualificados, percam
visão da sociedade global cujas parte de seus valôres. Os novos
Taylor, oriundo de uma família
premissas são os homens, no seu ofícios estão na dependência de quakers,95 foi educado na
processo de vida em sociedade. 83 de uma máquina que sofre aper- observação estrita do trabalho,
Nela, o trabalho aparece como feiçoamento contínuo.w A
maquinaria específica dessa disciplina e poupança. Edu-
grande fator de mediação que
enriquece o mundo de objetos nova divisão de trabalho é o tra- cado para evitar a frivolidade
tornado poderoso, ao lado do balho coletivo, como continui-
empobrecimento "em sua vida dade dos trabalhos parciais.
interior" de trabalhador, onde 82 Marx, K. op, cito p. 37.
êste não é dono "de si pró- A especialização impede que o 83 "A consciência jamais poderá ser
prio".84 O fruto do trabalho apa- aprendiz passe a ajudante e alguma coisa além da existência consciente
e a existência dos homens é o seu
rece como um "ser estranho com êste a companheiro; o trabalho processo de vida atuante." MEGA. v. 1.
capo 5, p, 15-17.
um poder independente do pro- como elemento de ascensão
dutor",85 onde as relações social implicará a "educação •• MEGA. v. 1, capo 3, p. 83-84.

mútuas dos produtores tomam a permanente". •• MEGA. V. 1, capo 3, p. 83.

forma de uma "relação social 56 Marx, K. EI capital. V. 1, p. 7778.


entre coisas". 86 A equipe de trabalhadores em
Marx, K. Manifesto... p. 34.
rerno de uma pessoa, um oficial
87

com experiência, desaparece, 88 Marx, K. Manifesto... p. 34.


A industrialização promove nova na medida em que o cálculo 89 •••••Pois ela é uma perda total da
estratificação social: as classes substitui a experiência, mediante
humanidade, em suma, ela, a classe operária
só pode redimir-se por uma redenção
médias aparecem como elemen- análise no Departamento de total da humanidade." MEGA. v. I, capo 1,
p. 617-21.
to conservador do sistema. 87 Métodos; efetua-se assim a se- Marx, K. EI capital. v. único, capo 12.
O lúmpen proletariado, embo-
DO
paração entre concepção e p. 244 e 261.
ra sujeito a acompanhar o execução do trabalho na em- 01 Marx, K. op. cito capo 12, p. 266-67.
proletariado, por suas condições prêsa. A indústria têxtil adota •• "A manufatura desenvolve a produção
de vida "predispõe-se mais inicialmente êsses métodos; em série, cada trabalhador tem uma função
parcial, ela se decompõe em inúmeros
a vender-se à reação'';» "crista- paralelamente, a indústria de antigos oficios." Marx, K. EI capital.
lizam uma formação social onde construção naval conserva o sis- capo 12, p. 255.

a emancipação do operário tema profissional de trabalho. •• "Um violinista não precisa diretor,
precisa-o o conjunto." Marx K. EI capital.
como classe, implica a liberta- p. 242.

ção da sociedade global". 89 O aumento da dimensão da em- •• A função inspetora direta e continua
prêsa no período da segunda do trabalhador ou grupos de trabalhadores
passa a ser agora a função de uma classe
Karl Marx fornece uma visão Revolução Industrial, além de especial de assalariados. O trabalho de
ocasionar uma mutação, onde vigilância transforma-se em função executiva
sociológica finalista, que perpas- dessas pessoas." Marx, Karl. op, cito
as teorias sociais de caráter to- capo 11, p, 243.
sa seu pensamento no nível de talizador e global (Saint-Simon, •• "Ainda mais notável, pois apenas deve
modelos macrossociais, surgin- Fourier e Marx) cedem lugar ser lembrada a relação entre uma
do como reação ao desafio da às teorias microindustriais de
filosofia religiosa de vida com o mais
intenso desenvolvimento da mentalidade
Revolução Industrial inglêsa, alcance médio (Taylor, Fayol), comercial, justamente no rol. daquelas seitas
onde a divisão manufatureira do implica, no plano da estrutura da cujo alheamento da vida se tornou tão
proverbial Quanto sua riqueza, princi-
trabalho como combinação de ernprêsa, a criação "em grau palmente entre os quakers e menonitas.
O papel que os primeiros tiveram na
ofícios independentes, implica maior ou menor de uma direção Inglaterra e América do Norte, coube aos
a concentração do processo determinada, que harmonize segundos, nos Palses Baixos e Alemanha."
Weber, Max. A ética protestante e o
produtivo, criando estruturas as atividades individuais e que esplrito capitalista. Ed. Pioneira, 1967,
"reificadoras" do homem. Ao realize as funções gerais que p. 26. Max Weber constata que a tendência
das minorias religiosas, privadas de poder
lado da importância atribuída à derivam da atividade do corpo polftico, é "envolverem-se em atividades
fábrica como instituição decisi- produtivo no seu conjunto".93 O econômicas". Isto se deu "com os não-
conformistas e quakers na Inglaterra".
va da sociedade industrial, crescimento da dimensão da (Weber, M. op, cito p. 22) No fundamento
do ascetismo protestante, parte importante
Marx incidentalmente aborda o emprêsa irá separar funções de ao lado de outras seitas como "os
processo de burocratização da direção, de funções de exe- batistas, menonitas, coube principalmente
aos quakers". Weber, Max., op, cito p. 102.
ernprêsa.w a patologia indus- cução.w Dá-se assim, a substi- A idéia de que Deus fala sõmente
quando as criaturas silenciam significou
trial,91 sem porém, desenvolver tuição do capitalismo liberal uma formação tendendo "para a
tranqüila ponderação dos negócios, para
sistemàticamente uma teoria da pelos monopólios. Entre orientação dêstes em têrmos de cuidados
organização. 1880/90, nos Estados Unidos, e justificação da consciência
Weber, Max. op. cito p. 106.
individual."

A teoria geral da adminiStração 15


Em Taylor dá-se a valorizaçllo positiva
mundana, 96 converteu o trabalho tesouradora no que se refere 1011
da indOstria, da funçAo do trabalho e do
numa autêntica vocação. 97 a dinheiro, 100 a abstinência de empresário no sistema social global.
Isso se deve à sua formação quaker.
álcool, 107 trabalho constante 108 Pertencendo a uma das inOmeras seitas da
Iniciou sua vida profissional com "a figura do chefe enérgico, Igreja Reformada que auto-excluiu-se da
cidadania polltica ao "recusar-se a
como operário da Midval Steel paciente e trabalhador" (Taylor) prestar serviço m ifita r, Inabilitando-se,
que incita a ambição do su- portanto, à nomeação para os cargos pO-
Co., passando a capataz, contra- blicos" (Weber, Max. op, cito p. 107),
mestre e chefe de oficina, daí bordinado, condena anegligên- ela acompanha assim "o destino das
a engenheiro. cia e dissipação. 109 No plano seitas marginalizadas, ao fortalecer a ten-
dência a envolver-se com particular
salarial, mercê de sua atitude empenho nas atividades econllmicas".

o estudo do tempo, a cronorne- pessimista ante a natureza


Weber, M. op. cit., p. 22. Dal a emergência
de um quaker preocupado com a adminis-
tragem definem-se como pedra humana, 110 Taylor manifesta-se tração cientlfica da ernprêsa, onde o
empresário tem uma função providencial:
angular de seu sistema de favorável a baixos salários, ou, "sua prosperidade é conseqüência de
"racionalização" do trabalho. melhor, seu aumento deve ser uma vida santa" (Weber, M. op, cito
capo 5, p. 21), onde se concifia "auferir
dosado gradativamente. lucros e conservar-se piedoso" (Weber, M.
op, clt. capo 5, p. 209, nota 39); como
Cada operação é decomposta se dá a conciliação da administração
em "tempos elementares"; au- No plano de sua Teoria da Ad- cientlfica com o misticismo "a administra-

xiliado pelo cronômetro, Taylor ministração, Taylor define a bu- ção cientlfica não pode existir se não existe
ao mesmo tempo um certo estado de
determina o tempo médio para rocracia como emergente das esplrito, o qual o engenheiro (Taylor)
define em têrmos quase mlsticos", Taylor.
cada elemento de base do tra- condições técnicas de trabalho, L'organization sCientifique dans I'industrie
balho, agregando os tempos pela separação entre as funções americaine. Societé Taylor, Paris, td.
Dunod, 1932, Taylor, p. 11.
elementares e mortos, para con- de execução e planejamento,
O escrúpulo de sua conduta é para o
seguir o tempo total do trabalho, predominando a organização 1"
batista função da "maior glória de
com a finalidade messiânica 98 sôbre o homem, acentuando Deus" (Weber, M. op. cito p. 79-80),
"pertence especialmente ao quaker a
de evitar o maior dos pecados conduta do homem tranqüilo, moderado
e eminentemente consciencioso" (p. 106).
- a perda de tempo. A finali-
•• Evitar a "vaidade mundana, seja tOda
dade maior do sistema é edu- ostentação, frivolidade, e uso das coisas
101 "O ascetismo quaker desenvolveré o
sentimento religioso da vida com o mais
cativa e manifesta-se pela sem propósitos práticos, ou que forem valio-
sas apenas por sua raridade, qualquer
intenso desenvolvimento da mentalidade co-
merciai" (Weber, M. op. cito p. 26);
intensificação do ritmo de tra- uso não consciencioso da riqueza, tal
como gastos excessivos para necessidades
isso levou-o a dar um "significado
religioso ao trabalho cotidiano secular"
balho. 99 Para introduzir seu não muito urgentes, e acima da provisão (p. 53) onde êle aparece como a mais
necessária das reais necessidades da
sistema, Taylor promove uma vida e do futuro". Weber, Max. op, cit.
alta expressão de "amor ao próximo"
(p. 54).
p. 218-19.
cruzada contra as "idéias falsas",
••• "O carregador de lingotes de ferro
o empirismo, 100 preconizando •• A gravidade de sua vida, seu entusiasmo tinha fama oe ser seguro" (Taylor. op, cito
reformista pela substituição do empirismo p. 66), isto é, "dé muito valor ao dinheiro,
a prioridade do sistema sôbre o pela ciência (Taylor. op, cito p. 94) um centavo parece-lhe tão grande como
têm profundas raizes na sua formaçAo
indivíduo, criticando, em nível familiar, onde encontrou "ambiente de pu-
uma roda de uma carroça". (Taylor.
op, cito p. 42). Os operérios que foram
quaker, o pecado da idolatria do reza de vida sA de ideal de emancipação
humana não só no aspecto moral, como
aumentados "começaram
dinheiro"
a economizar
(p. 66), cumprindo os preceitos
"grande iluminado".lOl A também no intelectual, polltico e social".
Mallat y Cutó, José. Organización
puritanos de Benjamin Franklin que
enunciara: "Lemb{a-te que o dinheiro
prioridade do seu método abri- cientl.ica dei trabajo. Espanha, Ed. Labor, é por natureza prollfica, procriativa. O
1942, p. 11-12.
rá um ciclo de prosperidade. 102 dinheiro pode gerar dinheiro e seu produto
pode gerar mais e assim por diante".
•• "Indicar por meio de uma série de Weber, Max. op, cito p. 30.
exemplos a enorme perda que o pais vem
O messianismo administrativo sofrendo com a ineficiência de quase "" A condenação do álcool é um dos
todos os nossos atos diários". Taylor.
de Taylor parte da função pro- op. cito p. 11.
elementos do puritanismo; por essa razão,
"os escoceses estritamente puritanos e
videnciai do empresário, 103 que •• "Aperfeiçoar o pessoal da emprêsa para
os independentes inglêses foram capazes
de manter o principio de que o filho
existe para satisfazer os inte- que possam executar' em ritmo mais
rápido e mais eficiente, os tipos mais
de réprobo (de bêbado) não devia ser ba-
tizado". Weber, Max. op. cito p. 167.
rêsses gerais da sociedade e o elevados de trabalho, conforme suas aptl- nota 21.
dões naturais." Taylor. op, cito p. 15.
particular do consumidor. Isso 108 "De acOrdo com a ética quaker a vida
"Os conhecimentos e métodos clentffl- profissional é uma prova de seu estado
motiva a coletividade ao apro- 101
cos a serviço da administração, de graça que se expressa no zêlo e
veitamento intensivo de suas ri- substituirão em tõda parte mais cedo ou
mais tarde, as regras emplricas, porquanto
método, fazendo com Que cumpra sua
vocação. Não é um trabalho em si, mas
quezas, que a Providência éimposslvel o trabalho cientifico com é um trabalho racional, uma vocação que
é pedida por Deus". Weber, M. op. cito
os antigos sistemas de administração."
colocou sob seu poder, racionali- Taylor. op, cito p. 94. p. 115.
zando sua conduta, sua vida 101 "O remédio para essa ineficiência lCO Para o quaker a vida profissional do
diária. 104 está antes na administração que na
procura do homem eXDepcional ou extra·
homem define seu estado de graça, para
sua consciência que se expressa no zêlo".
ordinário." Taylor. op, cito p. 11. Essa Weber. OP. cito p. 115. Nesse contexto,
atitude antiidolátrica transportada para o "a vadiação é o maior mal". Taylor. p. 74-
Há em Taylor, uma paideia, um sistema politico é que explica como o
protestantismo na medida em que condena no "Quando recebiam mais de 60% do
ideal de formação humana de a idolatria das pessoas, constitui-se seu salário muitos dêles trabalhavam
um tipo de personalidade, em antldoto à obediência passiva a
lideres carismáticos totalitários, cria um
irregularmente e tendiam a ficar negligen-
tes, extravagantes e dissipadores. Em
conseqüência lógica da aplica- ethos democrático com base nessa descon- outras palavras, nossas experiências
fiança do grande IIder. demonstraram que para a maioria dos
ção e vivência do sistema da homens não convém enriquecer depressa"
Sob "a administração cientffica, as
Administração Científica do Tra- 101
fases intermediárias serão mais prósperas
(Taylor. op. cito p, 68), confirmando as
afirmações contidas no calvinismo secula-
balho. Tem seu sistema o mé- e mais felizes, livres de discórdia e
dissensões. Também os perlodos de rizado pelo protestantismo holandês "ao
rito de acentuar a virtude do infort(mio serlo em menor nOmero, mais
curtos e menos atrozes". Taylor. op. cito
afirmar que as massas s6 trabalham
quando alguma necessidade a isso as
ascetismo, lOGa mentalidade en- p.29. force" (Weber. op. cito p. 128).

16 B.etJlBtade Admfni8traçilo de Empr~(U


como fator motivacional único, o O estudo dos movimentos de- modelos das estruturas mlll-
monetário. 111 pende das dificuldades indivi- tares.129
duais e a velocidade não é o
Taylor parte de um ponto de melhor critério para medir a fa- Os modelos administrativos
vista segundo o qual o interêsse cilidade com que o operário Taylor-Fayol correspondem à di-
dos trabalhadores é o da admi- realiza a operação. Seu método visão mecânica do trabalho
nistração, desconhecendo as representa uma intensificação e (Durkhein), onde o parcelamen-
tensões entre a personalidade e não racionalização do processo to de tarefas é a mola do sis-
de trabalho. 116 Hoje, solicitam- tema. Daí ser importante nesse
a estrutura da organização
se rendimentos ótimos, não sistema que o operário saiba
formal.
máximos. muito a respeito de pouca coisa.
No referente à remuneração,
A análise de tempos e movimen-
Taylor estudou o trabalho pesa- Fayol continua a tradição
tos, base do taylorismo, se por
do, não qualificado, com a quaker de Taylor - não pecar
um lado foi recebida com pá,117 trabalho de fundição 118 por excesso.
agressividade pelos operários e de pedreiro, 119daí sua pre-
da indústria em geral e pelos
ocupação com a fadiga muscular
da American Federation of Labor,
e seu desconhecimento da UI "t preciso dar ao trabalhador o que
por outro foi entusiàsticamente fadiga nervosa. Alie-se a uma
êle mais deseja: altos salários" (Taylor.
op, cito p. 14).
defendida por Le Chateller visão negativa do homem, onde lU Ramos, G. Sociologia industrial. p. 127.
que compara Taylor a "Descartes, os indivíduos nascem preguiço- U3 Taylor. op. cito p. 15.
Bacon, Newton e Claude sos e ineficientes, 120infantili-
1Uo Taylor. op. cito p. 51.
Bernard".112 zados 121e com baixo nível de
m "Um dos requisitos para que o individuo
compreensão.w- Com essa possa carregar lingotes como ocupação
Taylor procura fazer com que os visão do homem, êle define o regular é ser tão estúpido e fleumático"
(Taylor. p. 58). Há precedente histórico
operários possam executar em papel monocrático do adminis- a respeito da utilização nd indústria de
"ritmo mais rápido, os mais trador.123 pessoas de baixo nlvel mental: "nos
meados do século XVIII, algumas manufa-
pesados tipos de trabalho". 113 turas empregavam para certas operações
Simples, que constitufam segredos de
Para isto seleciona para seus A separação entre direção e exe- produção, de preferência pessoas seml-
idiotas". Tucker, J. D. A history of lhe
testes, dois dos melhores traba- cução, autoridade monocrática, past and present state of the labourinll:
population. London, 1846. v. I, p. 149.
lhadores, isto é, atípicos que acentuação do formalismo na tsse perlodo oferece material para elabora-
"por sua robustez física tinham- organização, a visão da adminis- ção de uma pato'ogla industrial que
será desenvolvida sistemàticamente por
se revelado dedicados e efi- tração, como possuidora de Meignez. La patologie seeíate de I'entreprise.
Paris, td. G. Villars.
cientes", 114 sendo, porém, os idênticos interêsses ao operário,
118 Taylor. op. cito p, 106
de menor "nível mental". 115Está definem o ethos burocrático
claro que Taylor não toma como Taylor. op. cito p. 61.
taylorista, complementado por UT

base o operário médio, valorizan- Fayol. U8 Taylor. op. cit. p. 44.


do um tipo de fadiga, a muscular, U8 Taylor. op. cito p. 77.
desconhecendo a fadiga mais Fayol, seguindo a linha de Taylor, UI) Taylor. op. cito p. 29.
sutil, a nervosa. defende a tese segundo a qual
o homem deve ficar restrito a m Taylor. op, cito p. 89.
Quanto aos tempos, verificou-se seu papel, na estrutura ocupa- 122 Taylor.op. cito p. 89.
posteriormente ser impossível cional parcelada. 124 toa Taylor. op, cito p. 75. "A atribuição
decompor minuciosamente uma de impor padrões e forçar a ccoceração
compete exclusivamente à direção".
operação em seus elementos, de No plano da remuneração, ma-
12< Fayol, H. Administração industrial geral.
forma que os tempos corres- nifesta-se contra a ultrapassagem São Paulo, Editôra Atlas, 1960. p. 31.
"Cada mudança de ocupação, de tarefas
pondentes sejam sempre úteis. de certos limites, 125comparan- implica num estôrço de adaptação
O chamado tempo "morto" tem do a disposição estática das que diminui a produção."

um papel positivo, qual seja, ferramentas na fábrica com os Deve-se "evitar


1JII5 o excesso de remunera-
ção, ultrapassando o limite razoável".
de restabelecer a energia papéis das pessoas na organi- Fayol. op, cito p. 39.
perdida para a continuidade do zação social, 126reafirmando "Um lugar para cada coisa, cada coisa
1JII5

processo produtivo. Por outro a monocracia diretiva, 127combi- e cada pessoa no seu lugar". Fayol.
op, cito p. 51.
lado, o aumento de produtivida- nada com um tratamento pater- 127 Fayol. op, cito p. 51.
de, apresentado por Taylor nalista do operário, 128concluin-
lJI8 Fayol. op, cito p. 54.
como um dos resultados do sis- do que administrar é prever,
,.. "Não necessita de demonstração espe-
tema nôvo, na medida em que organizar, comandar e controlar. cial o fato de que a disciplina militar"
foi o padrão ideal das antigas implantações,
êle tem como elemento moti- como das emprêsas industriais capitalistas
vador o aumento salarial, é di- Elemento básico na teoria "modernas". Weber. Economia y sociedad.
vol. 4, capo 5, p. 80. Essa visão é
fícil saber se êste se deve à nova clássica da administração, em integrada no corpo da Teoria Clássica
da Administração quando Fayol define
técnica de trabalho ou ao Taylor e Fayol, é o papel con- que "isso tem sido eXlJreSSOcom grande
vigor" na área da emprêsa. Fayol. op. cit.
prêmio. ferido à disciplina copiada dos p. 51.

A teoria geral da administração 17


Ao enfatizar a função exemplar pessoas se alienam nos papéis, funcionais que devem comuni-
do administrador êle define as êstes no sistema burocrático. car-se entre si. O princípio
linhas essenciais do burocratis- organizacional não se estrutura
A decisão burocrática é absolu- na hierarquia de comando: êle
mo de organização formal.
tamente monocrática, só há se define na tecnologia que re-
No fortalecimento dos chefes um fluxo de comunicação. O quer a cooperação de homens de
empregado adota os mitos da vários níveis hierárquicos e
de oficina e contramestre por
corporação, que constitui uma qualificações técnicas.
um Estado Maior,130enfatiza êle atribuição de status e ao mesmo
o papel da disciplina estrita na tempo cria-se um jargão admi- O operário de contrôle, nesse
organização fabril. Define êle nistrativo esotérico. 133 sistema, só poderá ser conside-
a linha de pensamento que o rado um elemento qualificado,
Coronel Urwick irá acentuar no Conclusivamente os esquemas na medida em que lograr desco-
paralelismo entre a organização Taylor-Fayol fundam-se na justa- dificar os sinais observados. O
militar e a industrial. posição e articulação de de- sistema técnico de trabalho li-
terminismos lineares, fundados ga-se às formas de organização.
~sse paralelismo já fôra obje- numa lógica axiomática que cria Daí a possibilidade de uma di-
tivo de estudo de Max Weber.131 um sistema de obrigação devido visão de funções mais dinâmica.
Com efeito, a guerra criou, à à 'lógica interna.
sua maneira, um tipo de diretor A elevação do nível de cultura e
industrial, integrando o engenhei- Daí operar uma racionalidade o abandono do nível taylorista
ro civil, mecânico e marítimo. em nível de modêlo, onde as que separa radicalmente no
Por outro lado, o exame topo- operações de decomposição e trabalho, concepção de execução,
gráfico, o uso dos mapas, análise, fundadas em aspectos são os fatôres que permitirão
planos de campanhas, prefigura microeconômicos, criam um maior utilização da mão-de-obra.
o conceito atual de "campanha" sistema de coordenação de fun-
publicitária. As condições de ções, donde emerge uma estru- No plano da dimensão da em-
transporte, intendência, divisão tura altamente formal. Seu prêsa desenvolvem-se as grandes
comando é centralizado, fundado corporations como na Grã-Bre-
de trabalho entre cavalaria, in-
numa racionalidade burocráti- tanha e EUA, após a I Guerra
fantaria e artilharia, a divisão dos ca, baseada na racionalização
processos produtivos entre essas .das tarefas, sua simplificação e Mundlal: ampliam-se as socieda-
três armas,define que a me- des por ações que produzem
intensificação do trabalho.
canização se dera antes na a quase totalidade dos bens
área militar e posteriormente A mudança das condições de públicos, como eletricidade,
na manufatura industrial. A trabalho leva à mudança dos água e gás.
mecanização industrial como modelos administrativos.
sistema permanente, sempre Passando a sociedade norte-ame-
tendeu a copiar os modelos A evolução do trabalho especiali- ricana da fase inicial de subcon-
militares. Por influxo de um mi- zado, como situação transitória sumo e acumulação para a fase
entre o sistema profissional da abundância e alta produtivi-
litar, Napoleão 111, foi oferecida
e o sistema técnico de trabalho, dade, resolvidos os problemas
uma recompensa a quem in-
ventasse um processo barato a desvalorização progressiva econômicos mais imediatos,
para o aço, capaz de suportar a do trabalho qualificado e a va- têm lugar, na emprêsa, os pro-
fôrça explosiva de novas lorização da percepção, atenção, nlemas humanos que começam a
bombas. Daí surgiu o processo mais do que da habilidade pro- ser atendidos. ~ quando se dá
Bessemer. fissional, inauguram a atual o surgimento da Escola das Re-
era pós-industrial. lações Humanas com Elton
Não é necessário acentuar que Mayoj é quando no quadro da
a demanda de uniformes para O conjunto volta, na emprêsa, a microemprêsa, a direção não
ter prioridade sôbre as partes
o exército - realçada por
quando ela alcança alto nível de
Sombart - foi a primeira em automação. Efetua-se a mu-
grande escala de mercadorias pa- dança do operãrío "produtivo" 130 Fayol. op. cito p. 134.
Weber, Max. Economia y sociedad.
dronizadas. para o de "contrôle". A nova
131
México, Ed. FEC, V. 4, capo 5, p. 80. "Não
'I
classe operária vai caracterizar- obstante, a disciplina do exército é o
Porém, isso implica um alto nível se pelo predomínio de funções de fundamento da disciplina em geral. O se-
gundo grande instrumento disciplinador é a
de burocratização e formalismo comunicação, 134sôbre as de grande emprêsa econômica". Weber, M.
organizacional. execução.
Economia y sociedad. v. 4, capo 5, p. 80.
180 Taylor. op. cito p. 75.

o esquema Taylor-Fayol apare- Numa fábrica automatizada tor- 1lI3 Fayol. op. cito p. 39.
Já E. Mayo acentua
ce como um processo de impes- na-se impossível manter a ficção 1M a importância
da comunicação na administração, mas
soalização, definida esta pelo de uma hierarquia linear sim- coube a Chester Barnard elevar a categoria
enunciado de tarefas 132e espe- ples (modelos Taylor, Fayol): a uma noçllo de sistema.
cibernetizada constitui
Na indústria
a realidade
cialização das mesmas: as são necessários especialistas acabada do modêlo "sistêmico".

18 Revista de Administração de Emprêsas


é função unificada de organl- Mayo partiu da análise de pe- no trabalho, desmentido pelo
ção e coordenação, mas sim, quenos grupos segmentados do fato de a ma ioria de operários
ponto de união em que se com- conjunto fabril, êste isolado da não pertencer a grupos infor-
binam as exigências políticas sociedade industrial, valorizando mais, Mayo cria condições para
o papel do consenso do peque- o aparecimento de uma crítica
e funcionais da emprêsa.
no grupo para produzir mais, ao seu sistema: a abordagem
minimizando o papel da auto-
o esquema de Mayo deveu-se a ridade na indústria, o que leva
estruturalista das organizações
inicia-se assistemàticamente
fatôres empíricos. Convidado a o administrador da Escola de com algumas perspectivas lan-
estudar agudo turnover, no de- Relações Humanas a um "huma-
çadas por Marx, analisando a
partamento de fiação de um fá- nismo verbal" e à necessidade,
emprêsa oriunda da primeira
brica de tecidos em Filadélfia, às vêzes, de recorrer à autoridade
revolução industrial e continua-
calculado em 250%, solucionou formal para satisfazer as quotas
das sistemàticamente por Max
Mayo os problemas, criando de produção exigidas.
Weber na análise da emprêsa,
um sistema alternativo de des-
Para Elton Mayo a cooperação produto da segunda Revolução
canso a cada grupo, determinan-
dos operários reside na aceita- Industrial.
do o método e alternativa dos
ção das diretrizes da adminis-
períodos, de modo que cada um A crítica estruturalista emergiu
tração, representando um
dêles tivesse quatro períodos escamoteamento das situações na Alemanha, embora não fôsse
. de repouso por dia. O sucesso de conflito industrial. Nesse o país-modêlo da emprêsa
deveu-se ao fato de as pausas sentido, êle continua a linha burocrática, sob pressão do
terem permitido transformar, clássica taylorlsta.w' êste acen- alto nível político em que os
num grupo social um grupo tuava o papel da contenção di- assuntos sociais eram definidos,
solitário de trabalho. reta, aquêle a substitui pela permitindo tornar a sociologia
manipulação.
A atitude do empregado, em face
de seu trabalho, e a natureza Há uma incompatibilidade '35 Mayo, E. In: Sociologia de la industria
do grupo do qual êle participa lógica no esquema de Mayo, y de la empresa. México, Ed. Uthea,
1965. "Sem dúvida muitos dos resultados
são fatôres decisivos da produ- qual seja, a luta pela cooperação não eram 'novos'. Ch. Cooley nos EUA
e W. Hellpech na Alemanha assinalaram
tividade para Mayo. 135 espontânea e a luta por sua com muita antecedência a importância
organização, incompatível com da formação de grupos". Dahrendorf.
Sociologia de la industria y de la empresa.
a existência de associações p. 50.
Elton Mayo aparece como um
voluntárias. "Os métodos da democracia, longe de
profeta secular, que critica a va- 136
proporcionarem os meios de solução do
lidade dos métodos democráti- problema da sociedade industrial, provaram
Na sua crítica à Escola de Re- ser inteiramente inadequados para a
cos para solucionarem os pro- lações Humanas, a Escola
tarefa." Mayo, E. Democracy and freedom,
an essay in social logic. Australia, 1919.
blemas da sociedade in- Estruturalista já mostrara que Mayo, E. op, cito p. 48. "O Estado
dustrial.P" na medida em que a o conflito industrial não é um
'37
não pode produzir a cooperação por meio
sociedade industrial burocra- da regulamentação; a cooperação apenas
mal em si, cabe manejá-lo pode ser o resultado do crescimento
tizada procura criar a cooperação construtivamente.
espontâneo."

forçada pela intervenção es- 138 "O conflito é uma chaga social, a
cooperação é o bem-estar social." Mayo, E.
tatal.137 No plano institucional, Mayo op, cito p. 48.
atribui ao administrador um 139 "Em tôda a literatura dos séculos XIX
Na linha da Escola Clássica da papel que êle dificilmente poderá e XX, apenas os defensores do Estado
Corporativo sugeriram que a satisfação
Administração (Taylor, Fayol), cumprir, pois confunde conheci- no trabalho pode ser reconquistada apenas
pela integração do operariado, na
Mayo não vê possibilidades de mento especializado (adminis- comunidade da fábrica, sob a liderança
da Administração." Bendix, R. & Fisher, L.
utilização construtiva do conflito trativo) com poder; daí propor As perspectivas de Elton Mayo. In:
social, que aparece para êle a noção de uma elite Etzioni, A. Ora:anizapiSes complexas.
p. 126.
como a destruição da própria administradora dominante. 142
,<O "Se tivéssemos uma elite capaz de
sociedade. 138 realizar tal análise dos elementos lógicos
e irracionais na sociedade, muitas das
Apesar dos esforços de Mayo nossas dificuldades seriam pràticamente
Mayo vê na competição um siste- para tornar agradável o trabalho, reduzidas a nada." Mayo, E. op. cito p. 18.

ma de desintegração social, na as máquinas não evitam que o 1<1 "Ela (a abordagem das relações huma-
medida em que não leva à mesmo se torne satisfatório nas) representa um adôrno da cooperação
antagônica entre operários e administra-
cooperação, acentuando êsse em nível absoluto. Embora Mayo dores". Bendix, R. In: Etzioni, A. Organiza-
piSes complexas. Ed. Atlas, 1962. p. 129.
processo pelo conflito dos parti- veja o conflito como algo
dos polítlcos. 139 ~Ie nos coloca indesejável, o mesmo tem '" A idéia de que a revolução do século
XX será "não dos operários, mas sim
diante de um ideal medieval função, às vêzes, de conduzir a dos funcionários" explicitada por Weber,
de corporativismo: o cumprimen- uma verificação de poder e do Max. In: Ensaios de sociologia. Ed. Zahar,
1946. p. 67, enunciada por Elton Mayo
to dêsse ideárlo corporativo ajustamento da organização à neste contexto, foi explorada sistemàtica-
cabe à elite dos administradores situação real e, portanto, à paz. mente por James Burnham em sua obra
clássica The manaa:erial revolution. New
da indústria. 140 Acentuando o pêso do informal York, John Day Company, 1941.

A teoria geral $ administração 19


alemã uma resposta intelectual A passagem da máquina a vapor detrimento dos elementos
à Revolução Industrial, ao nível à eletricidade, ocasiona a históricos contingentes do pro-
do Ocidente. segunda Revolução Industrial e cesso industrial.
o surgimento das teorias de
O esquema global de Elton Mayo Taylor e Fayol. Enquanto as Em suma, as categorias básicas
fundamenta-se numa aproxima- teorias sociais totais abordavam da teoria geral da administração
ção existencial (Hawthorne), a os processos macroindustriais, são históricas, isto é, respondem
procura de uma compreensão Taylor e Fayol têm, como ponto a necessidades específicas do
dinâmica e global, valorização do sistema social.
de partida, os aspectos micro-
informal, portanto da comunica-
ção afetiva e simbólica levando industriais, um método de A teoria geral da administração
a noção das dinâmicas de trabalho adequado a uma é ideológica, na medida em que
grupos, acentuando o papel da civilização em fase acumulativa traz em si a ambigüidade básica
negociação e do compromisso, de escassez e procura de rendi- do processo ideológico, que
elaborando uma visão otimista mento máximo. consiste no seguinte: vincula-se
do homem, uma pedagogia em ela às determinações sociais
nível grupal e uma ação que visa O taylorismo não se constitui reais, enquanto técnica (de
mais à "formação" do que à sàmente num estudo técnico de trabalho industrial, administra-
"seleção". Negativamente, a tempos e movimentos, mas é tivo, comercial) por mediação
Escola das Relações Humanas influenciado pelo ethos puritano do trabalho; e afasta-se dessas
aparece como uma ideologia de origem quaker. Taylor desen- determinações sociais reais,
manipulatória que acentua a volve tôda uma paideia, ou seja, compondo-se num universo sis-
preferência do operário pelos um ideal formativo de persona- temático, organizado, refletindo
grupos informais fora do traba- lidade humana, em suma, uma deformada mente o real, enquanto
lho, quando na realidade, o visão do mundo. ideologia.
operário sonha com a maior
satisfação: largar o trabalho e ir Abordamos também a transposi- Assim como as teorias macroin-
para casa. 143 Valoriza êste ção das formas de disciplinas dustriais do século passado de
sistema símbolos baratos de surgidas inicialmente na área Saint-Simon, Fourier e Marx
prestígio, quando o trabalhador militar para a área fabril, representaram a resposta in-
prefere a êstes, melhor salário. integradas na Escola Clássica da telectual ante os problemas
Essa escola procura acentuar a Administração. 146 oriundos da revolução industrial,
participação do operário no pro- as teorias microindustriais de
cesso decisório, quando a de- Por outro lado, a formação de Taylor-Fayol responderão aos
cisão já é tomada de cima, a qual holdings, a passagem da escas- problemas da era da eletricidade
êle apenas reforça. sez à abundância, levará à e a Escola das Relações Huma-
enfatização do "fator humano" nas, Estruturalista e Sistêmica
4. CONCLUSÃO no trabalho com os estudos de refletirão os dilemas atuais.
Elton Mayo e a Escola das
No presente artigo abordamos o Relações Humanas.
conceito de burocracia, desen- 140 Chinoy, E. Auto mobile workers and
volvimento no plano lógico por A partir dos enunciados assiste- the AmerJcan dreams. New York, Ed.
Dubleday, 1955.
Hegel, 144 no histórico, pelas máticos de Marx no século '" "A filosofia do direito, a peça mais
formações estatais definidas passado, posteriormente à grandiosa do pensamento hegeliano, contém
um sabor tão profundo das realidades do
como o "modo asiático de pro- sistematização de Max Weber, mundo social e moral que nela reside
dução". Nessas formações a aparece uma atitude crítica ante
uma sociologia concreta. A reflexão sõbre
o sistema da scclotogla é reconduzida a
burocracia detém o poder do a Escola das Relações Huma-
sua fonte, quando se liga à filosofia do
direito de Hegel." Freyer, Hans. La
Estado e constitui a própria nas, vista como ideologia de sociologia, ciencia de la realidad. Buenos
Aires, Ed. Losada, 1944. p. 244.
classe dominante, cuja recorrên- manipulação da administração.
cia histórica situa-se nas
,.5 "A burocracia estatal reinaria absoluta
se o capitalismo prlvado fõsse eliminado.
As burocracias, pública e privada, que
formações dos Estados: chinês, A ênfase de Elton Mayo na agora funciona lado a lado, e potencial-
russo, egípcio, babilônico, e na espontaneidade, no grupalismo,
mente uma contra outra, restringindo-se
assim mutuamente até certo ponto, fundir·
forma atual, a URSS e os países levarão posteriormente à forma- se-iam numa única hierarquia. ~ste
Estado seria então semelhante à situação
que constituem o Bloco Oriental, ção das teorias administrativas no Antigo Egito, mas ocorreria de uma
forma muito mais racional e por isso
China atual e Cuba. 145 fundadas nas técnicas de dinâ- indestrutfvel." Weber, Max. Parliament
and government in Germany. Economy and
mica de grupo. Essas técnicas society. New York, Ed. Bedminster Press,
O artigo enunciou as determina- 1968. v. 3, p. 1402.
acentuando a importância da
ções histórico-sociais que comunicação na emprêsa, onde
148 Tal transposição jã fõra notada no
século passado por K. Marx quando
presidiam a Revolução Industrial ela aparece como um "sistema" enunciava que "a guerra se desenvolve
antes que a paz: é necessãrio demonstrar
na França, Inglaterra e Alema- interligado e o operário um como, pela guerra e nos exércitos, certas
nha fonte geradora das teorias descodificador de sinais, cria
relações econõmicas como o trabalho
assalariado e o maquinismo surgiram nessa
explicativas de caráter "total" as condições para a atual "teoria ãrea, disseminando-se posteriormente
ce'o interior da sociedade burguesa."
e global: Saint-Simon, Fourier dos sistemas". Ela apresenta Marx, K. Contribution à la critique de
I'economie politique. Paris, tditions
e Marx. um máximo de formalização, em Sociales, 1957. p. 172-73.

20 Revista .de Administração de EmprêslU


As teorias administrativas são dade e a microorganização pelo taylorismo de 1918 até hoje,
dinâmicas, elas mudam com a agente, o administrador. No definindo-o com uma função
transição das formações socio- sentido genético, constituem-se diversa da que possui na socieda-
econômicas, representando os em repositório organizado de de norte-americana originária,
experiências, cuja herança atuando na URSS como uma téc-
interêsses de determinados seto-
cumulativa é uma condicionante nica stakhanovista de intensifi-
res da sociedade que possuem cação do trabalho, num "sistema
das novas teorias, por exemplo,
o poder econômico-político, sob a persistência de aspecto asiático de produção", que
o capitalismo ocidental e o poder tayloristas em Elton Mayo e na existe recorrentemente.
polltlco-econôrnlco nas socie- Escola Estruturalista.
dades que descrevemos, como No próximo artigo concluiremos
formas recorrentes do modo Pode acontecer uma "reinter- o tema, com a abordagem critica
asiático de produção. pretação cultural" - área de dos modelas de Drucker, Katz
estudo da antropologia aplicada & Kahn, Max Weber e James
No sentido operativo, elas cum- à administração ~ de modelos Burnham, ainda no âmbito da
prem a função de elemento administrativos. Assim a assimi- teoria geral da administração
mediador entre a macrossocie- lação que a URSS efetuou do como ideologia.

S~RIE BIBLIOTECA DE ADMINISTRAÇIO POBLlCA (BAP)


Iniciada em 1953 com a edição de "ORGANIZAÇÃO E M~TODOS", de Harry Miller, a série vem
obtendo êxito na tentativa de enriquecer a bibliografia especializada através da publicação de obras que
reflitam a realidade administrativa.
Do esfôrço resultou a elaboração de manuais de indiscutfvel valia para os que se dedicam ao estudo
e às atividades da administração pública, estudantes, administradores, economistas e cientistas sociais
em geral, aos quais são oferecidos formulações de problemas administrativos.
A série "BIBLIOTECA DE ADMINISTRAÇÃO PúBLICA" inscreve-se, ainda, dentro do propósito de
contribuir para a formulação de uma doutrina brasi leira da administração pública.

Organização e Métodos Direito do Trabalho


Harry Miller Délio Maranhão
BAP 1 4.a edição (a sair) BAP 9 2.a edição
O Ensino da Administração Pública no Brasil
Técnica de Administração Municipal
Associação Internacional de Administradores Marina Brandão Machado
BAP 10
Municipais
BAP 2 Classificação das Contas Públicas
José T. Machado Jr.
A Arte da Administração BAP 11
Ordway Tead
BAP 3 2.a edição Administração e Estratégia do Desenvolvimento
A. Guerreiro Ramos
Introdução à Administração Pública BAP 12
Pedro Murioz Amato A Intervenção do Estado no Dominio Econômico
BAP 14." edição (a sair) Alberto Venâncio Filho
BAP 13
Introdução ao Planejamento Democrático
John R. P. Friedman Comunicação em Prosa Moderna
BAP 5 Othon M. Garcia
BAP 14 2.a edição
Princípios de Finanças Públicas
Hugh Dalton Fundações - No Direito, na Administração
BAP 6 2.a edição Clóvis Zobaran Monteiro e Homero Senna
BAP 15
Problemas de Pessoal da Emprêsa Moderna Planejamento Governamental
Tomás de Vilanova M. Lopes Jorge Gustavo da Costa
BAP 7 4.a edição BAP 16
Administração de Pessoal - Principios e Técnicas Custos - Um Enfoque Administrativo
Beatriz M. de Souza Wahrlich G. S. Guerra Leone
BAP 8 2.a edição (a sair) BAP 17

Escola Brasileira de Administração Pública - Praia de Botafogo 190

Nas principaislivrarias ou pelo reembôlsopostal. Pedidospara a Editôrada Fundação


GetúlioVargas,Praiade Botafogo188,
CP21.120, lC·05, RiodeJaneiro,GB.

A teoria geraZ da aãmin1.stração 21

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