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Prof.

Nunes

Universidade Federal do Ceará Atualizado em setembro/2014


Centro de Ciências
Departamento de Química Orgânica e Inorgânica
Química Orgânica I

Estereoquímica

Prof. Dr. José Nunes da Silva Jr.


nunes.ufc@gmail.com
1 DQOI - UFC
Isomeria : Isômeros Constitucionais
Prof. Nunes

 Compostos que têm a mesma fórmula molecular


molecular, mas não são idênticos
são chamados de isômeros
isômeros, os quais se dividem em duas classes
principais: isômeros constitucionais e estereoisômeros
estereoisômeros..

isômeros

isômeros constitucionais estereoisômeros

C2H5O C4H9Cl isômeros que


isômeros cis/trans
contêm centros
quirais

C5H12 C2H6O

2 DQOI - UFC
Isomeria: Estereoisômeros
Prof. Nunes

 Diferentemente do que ocorre nos isômeros constitucionais


constitucionais, nos
estereoisomeros,, os átomos estão conectados da mesma forma
estereoisomeros forma.

 Estereoisômeros (também chamados de isômeros configuracionais)


diferem--se na forma que seus átomos estão arranjados no espaço
diferem espaço.

isômeros

isômeros constitucionais estereoisômeros

isômeros cis/trans isômeros que


contêm centros
quirais

3 DQOI - UFC
Centros Estereogênicos
Prof. Nunes

 Os estereoisomeros
estereoisomeros, por sua vez, são subdivididos em duas classes
classes,
de acordo com a presença (ou não) de centros estereogênicos
estereogênicos.

isômeros

isômeros constitucionais estereoisômeros

Isômeros que isômeros que


possuem duplas contêm centro
ou anéis estereogênico
tetraédrico

estereocentro estereocentro

estereocentro

4 DQOI - UFC
Centro Estereogênico Tetraédrico
Prof. Nunes

 Um carbono estereogênico tetraédrico é um átomo de carbono que


está ligado a 4 grupos diferentes
diferentes, e é normalmente indicado por um
asterisco.
asterisco

carbono estereogênico

5 DQOI - UFC
Centro Estereogênico Tetraédrico
Prof. Nunes

 Somente os carbonos com hibridação sp3 são carbonos


estereogênicos tetraédricos
tetraédricos..

 Um carbono estereogênico é também conhecido como um centro


estereogênico tetraédrico
tetraédrico.

 Átomos como nitrogênio e fósforo podem ser estereogênicos


estereogênicos, quando
estiverem ligados a quatro átomos ou grupos diferentes
diferentes.

 Um centro estereogênico
estereogênico, portanto, quando abrange tais átomos, pode
ser chamado de forma mais abrangente como um estereocentro
estereocentro.

carbono estereogênico
6 DQOI - UFC
Centro Estereogênico Tetraédrico
Prof. Nunes

Identifique todos os centros estereogênicos tetraédricos em cada um dos


seguintes compostos:

7 DQOI - UFC
Centro Estereogênico Tetraédrico
Prof. Nunes

Identifique todos os centros estereogênicos tetraédricos em cada um dos


seguintes compostos:

8 DQOI - UFC
Isômeros com 1 Carbono Estereogênico Prof. Nunes

Um composto com um carbono estereogênico pode existir como dois


estereoisômeros diferentes
diferentes::

 Enantiômeros
Enantiômeros: mantêm uma relação objeto
objeto--imagem e não são sobreponíveis.

 Diastereoisômeros: têm no mínimo dois centros estereogênicos e não mantêm


relação objeto-imagem entre si.

isômeros

isômeros constitucionais estereoisômeros

isômeros com isômeros com centros


duplas e anéis estereogênicos
tetraédricos

enantiômeros diastereoisômeros

9 DQOI - UFC
Isômeros com 1 Centro Estereogênico Prof. Nunes

 O estereoisômeros do 2-bromobutano mantêm uma relação objeto


objeto--
imagem e não são sobreponíveis. Logo são enantiômeros
enantiômeros.

Estereoisômeros - Enantiômeros

10 DQOI - UFC
Desenhando Enantiômeros
Prof. Nunes

 Os enantiômeros são normalmente desenhados utilizando-se fórmulas


em perspectiva (cavalete
cavalete)) ou projeções de Fischer
Fischer.

 A fórmulas em perspectiva mostram duas das ligações ao carbono


assimétrico no plano do papel (linhas cheias), uma ligação para trás do
plano (cunha pontilhada) e uma ligação para a frente do plano (cunha
cheia).

fórmulas em perspectiva dos enantiômeros do 2-bromobutano

11 DQOI - UFC
Projeção de Fischer
Prof. Nunes

 Uma representação simplificada, chamada de Projeção de Fischer


Fischer,
mostra o arranjo tridimensional dos grupos ligados ao carbono
assimétrico em duas dimensões
dimensões.

 A projeção de Fischer representa um carbono estereogênico como o


ponto de intersecção entre duas linhas perpendiculares:

 linhas horizontais
horizontais:: ligações para frente do plano
 linhas verticais:
verticais: ligações para trás do plano.

carbono estereogênico

12 DQOI - UFC
Projeção de Fischer
Prof. Nunes

13 DQOI - UFC
Projeção de Fischer
Prof. Nunes

14 DQOI - UFC
Nomeando Enantiômeros
Prof. Nunes

 Há a necessidade de um sistema de nomenclatura que indicasse a


configuração (arranjo espacial
espacial)) dos átomos ou grupos ao redor do
carbono estereogênico
estereogênico.

 As letras R e S são utilizadas para indicar as duas configurações


possíveis.
possíveis

 O sistema R,S
S foi desenvolvido por Cahn, Ingold e Prelog
Prelog.

15 DQOI - UFC
Sugestão de Leitura
Prof. Nunes

16 DQOI - UFC
Sistema de Nomenclatura R/S
Prof. Nunes

Vamos primeiro olhar como podemos determinar a configuração de um


composto se nós temos um modelo tridimensional do composto.

1) Classifique os grupos (ou átomos) ligados ao carbono estereogênico


segundo a ordem de prioridade
prioridade. Os números atômicos dos átomos
diretamente ligados ao carbono assimétrico determinam as prioridades
relativas. Quanto maior o número atômico, maior a prioridade
prioridade.
maior prioridade

17 menor prioridade DQOI - UFC


Sistema de Nomenclatura R/S
Prof. Nunes

 Se a prioridade não puder atribuída com base nos átomos


diretamente ligados ao carbono estereogênico, a próxima camada de
átomos deverá ser examinada.

(3)

(1) (4)

*(2)

18 DQOI - UFC
Sistema de Nomenclatura R/S
Prof. Nunes

 Grupos com ligações duplas ou triplas são atribuídas prioridades, como


se seus átomos fossem duplicados ou triplicados
triplicados.

como se ele fosse

como se ele fosse

é tratado com
como se se prioridade
fosse maior que

19 DQOI - UFC
Sistema de Nomenclatura R/S
Prof. Nunes

2) Oriente a molécula para que o grupo (ou átomo), com a prioridade mais
baixa (4) seja dirigido para longe de você. Em seguida, desenhe uma seta
imaginária partido do grupo (ou átomo) com o prioridade mais alta (1) para o
grupo (ou átomo) com a próxima prioridade (2).
 Se a setapontos no sentido horário, o carbono estereogênico
possui a configuração R (R de rectus, palavra latina que significa
"direito").

 Se a seta aponta para a esquerda, o carbono estereogênico tem


a configuração S (S de sinister, palavra latina que significa "esquerda").
(3)

(4) R

(1)

(2)
20 DQOI - UFC
Sistema de Nomenclatura R/S
Prof. Nunes

 Se você tem problemas para visualizar relações espaciais e não tiver


acesso a um modelo molecular, a metodologia abaixo permitirá que
você determine a configuração de um carbono sem ter de girar
mentalmente a molécula
molécula.

enantiômeros do 2-butano

1) Ranqueie os átomos (ou grupos) segundo suas prioridades


prioridades..

21 DQOI - UFC
Sistema de Nomenclatura R/S
Prof. Nunes

2) Se o grupo (ou átomo) com a prioridade mais baixa está ligado por uma
cunha tracejada
tracejada, desenhe uma seta a partir do grupo (ou átomo), com a
prioridade mais alta (1) para o grupo (ou átomo) com a segunda maior
prioridade (2).

Se a seta aponta no sentido horário


horário, o composto tem a configuração R,
e se aponta para a esquerda
esquerda, o composto tem a configuração S.

22 DQOI - UFC
Sistema de Nomenclatura R/S
Prof. Nunes

2) Se o grupo (ou átomo) com a prioridade mais baixa não está ligado por
uma cunha tracejada
tracejada, redesenhe a projeção em perspectiva de modo a
colocar o grupo de mais baixa prioridade voltado para trás do plano
plano..

 Ao fazer a troca de posição entre dois átomos (ou grupos) duas vezes,
a configuração do centro estereogênico não se altera
altera..

 Ao fazer a troca de posição entre dois átomos (ou grupos) uma vez
vez,, a
configuração do centro estereogênico se altera
altera..

1 troca
(S)

(R)

(R)

2 trocas
23 DQOI - UFC
Sistema de Nomenclatura R/S
Prof. Nunes

Projeção em perspectiva

1 troca

qual a configuração? a molécula tem configuração R.


R Portanto,
ela tinha configuração S antes dos
grupos serem trocados.

24 DQOI - UFC
Sistema de Nomenclatura R/S
Prof. Nunes

Projeção de Fischer

H para trás - mantém


mantém--se a configuração determinada

H para frente - inverte


inverte--se a configuração determinada
25 DQOI - UFC
Exercitando
Prof. Nunes

Indique a configuração absoluta dos centros quirais


quirais..

(R) (R)

(R)
(R)

26 DQOI - UFC
Exercitando
Prof. Nunes

Classifique cada par de moléculas como enantiômeros ou idênticas


idênticas..

(S) (R)
enantiômeros

(S) (R)
enantiômeros

(S) (R)
enantiômeros

(R) (S)
enantiômeros

27 DQOI - UFC
Exercitando
Prof. Nunes

Indique a ordem de prioridade de cada conjunto de substituintes


substituintes..

1 3 2 4

2 1 4 3

2 3 1 4

2 3 1 4

28 DQOI - UFC
Isômeros com mais que 1 Carbono Estereogênico Prof. Nunes

 Muitos compostos orgânicos têm mais de um carbono estereogênico.


Quanto mais carbonos estereogênicos um composto tiver, mais
estereoisômeros são possíveis para o composto.

 Se soubermos quantos carbonos estereogênicos tem no composto,


podemos calcular o número máximo de estereoisômeros: 2n.

 Por exemplo, o ácido 2,3-diidroxibutanóico tem dois carbonos


estereogênicos. Portanto, ele pode ter até quatro estereoisômeros
estereoisômeros..

29 DQOI - UFC
Enantiômeros e Diastereoisômeros
Prof. Nunes

Todos centros estereogênicos


com configurações invertidas

Todos centros estereogênicos Todos centros estereogênicos


não possuem configurações não possuem configurações
invertidas invertidas

Todos centros estereogênicos


com configurações invertidas

30 DQOI - UFC
Enantiômeros e Diastereoisômeros
Prof. Nunes

 Ao escrever as projeções de Fischer das moléculas com dois centros


estereogênicos, temos:

 I e II – enantiômeros
 III e IV – enantiômeros

 Demais pares – diastereoisômeros

31 DQOI - UFC
Enantiômeros e Diastereoisômeros
Prof. Nunes

 Quando a cadeia carbônica está na vertical e seus substituintes estão do


mesmo lado da projeção Fischer, a molécula é descrita como
o diastereoisômero eritro
eritro.

 Quando os substituintes estão em lados opostos da Fischer


projeção, a molécula é descrito como o diastereoisômero treo
treo.

32 DQOI - UFC
Estereocentros – Anéis
Prof. Nunes

 O 1-bromo-2-metilciclopentano também tem dois carbonos estereogênicos


e quatro estereoisômeros.

 Por ser um composto cíclico, os substituintes podem manter uma relação


espacial cis ou trans
trans.

 Os isômeros cis e trans existem como pares de enantiômeros:

33 DQOI - UFC
Estereocentros – Anéis
Prof. Nunes

 O 1-bromo-3-metilciclobutano não tem nenhum carbono estereogênico


estereogênico.

 O C-1 tem um bromo e um hidrogênio ligado a ele, mas seus outros dois
grupos são idênticos
idênticos;

 O C-3 tem um grupo metila e um hidrogênio ligado a ele, mas seus dois
outros grupos são idênticos
idênticos.

 Porque o composto é cíclico e não tem nenhum carbono com quatro


grupos diferentes ligados a ele, ele tem apenas dois estereoisômeros
estereoisômeros,
o isômero cis e o isômero trans
trans.

34 DQOI - UFC
Estereocentros – Anéis
Prof. Nunes

 O 1-bromo-3-metilcicloexano é ciclico e tem dois carbonos


estereogênicos.
estereogênicos

 O carbono 1 que está ligado a um hidrogênio e a um bromo também é


ligado a dois (-CH2CH(CH3)CH2CH2CH2- e -CH2CH2CH2CH(CH3)CH2-), e
por isso é um carbono estereogênico.

 O carbono 2 está ligado a um hidrogênio e a um grupo metila, mas


também está ligado a dois diferentes grupos contendo carbono
carbono, por
isso é também carbono estereogênico
estereogênico.

carbono estereogênico

estes 2 grupos são diferentes 1 carbono estereogênico


2

35 DQOI - UFC
Estereocentros – Anéis
Prof. Nunes

 Devido ao fato do composto possuir dois carbonos estereogênicos


estereogênicos,
quatro estereoisômeros podem existir .

 Enantiômeros podem ser desenhados para os isômero cis e trans


trans.

par de enantiômeros par de enantiômeros

36 DQOI - UFC
Estereocentros – Anéis
Prof. Nunes

 O 1-bromo-4-metilcicloexano não tem carbonos estereogênicos


estereogênicos.

 Portanto, o composto tem apenas um isômero cis e um isômero trans


trans.

37 DQOI - UFC
Compostos Meso
Prof. Nunes

 Nos exemplos anteriores, cada composto com dois carbonos


estereogênicos tinha quatro estereoisômeros
estereoisômeros.

 No entanto, alguns compostos com dois carbonos estereogênicos têm


apenas três estereoisômeros
estereoisômeros. Ex: 2,3-dibromobutano
dibromobutano.

38 DQOI - UFC
Compostos Meso
Prof. Nunes

 O isômero que "falta


falta" é a imagem especular de 1, porque 1 e sua imagem
no espelho são a mesma molécula
molécula..

39 DQOI - UFC
Compostos Meso
Prof. Nunes

 O estereoisômero 1 é chamado um composto meso meso. Embora possua


carbonos estereogênicos, é uma molécula aquiral porque é sobreponível
sobre sua imagem especular
especular..

 Quando a luz plano-polarizada atravessa de uma solução de um composto


meso, o plano de polarização não é girado
meso girado.

 Um composto meso pode ser reconhecido pelo fato de que ele tem dois
ou mais carbonos estereogênicos e um plano de simetria
simetria.

plano de
simetria

estereoisômero1
1 compostos meso
40 DQOI - UFC
Compostos Meso
Prof. Nunes

 É fácil reconhecer quando um composto com dois carbonos


estereogênicos têm um estereoisômero que é um composto meso
meso..

 Ele possui os dois carbonos estereogênicos com quatro átomos ou


grupos idênticos ligados a cada um dos carbonos estereogênicos
estereogênicos.

composto meso par de enantiômeros

composto meso par de enantiômeros


41 DQOI - UFC
Compostos Meso
Prof. Nunes

 No caso de compostos cíclicos


cíclicos, o isômero cis será o composto meso e
o isômero trans vai existir como enantiômeros
enantiômeros.

cis-1,3-dibromociclopentano trans-1,3-dibromociclopentano
composto meso par de enantiômeros

cis-1,2-dibromocicloexano trans-1,2-dibromocicloexano
composto meso par de enantiômeros
42 DQOI - UFC
Compostos Meso
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cis-1,2-dibromocicloexano
meso

nenhum plano de simetria

plano de
simetria

conformação cadeira conformação barco

43 DQOI - UFC
Propriedades dos Estereoisômeros
Prof. Nunes

Propriedades Físicas* Químicas Ópticas Biológicas


enantiômeros iguais, com sinais variadas
= = opostos
diastereoisômeros variadas
≠ ≠ ≠

44 DQOI - UFC
Propriedades Fisiológicas de Estereoisômeros
Prof. Nunes

 Um receptor é uma proteína que se liga a uma


molécula particular.

 Devido ao fato do receptor ser estereogênico


estereogênico, um
enantiômero se ligará melhor que o outro
outro.

 Em 1894, propôs o modelo chave-fechadura para


a interação fármaco-receptor.
Emil Fisher

efeito biológico

sem efeito

45 DQOI - UFC
Propriedades Fisiológicas de Estereoisômeros
Prof. Nunes

 Um receptor é uma proteína que se liga a uma molécula particular.

 Devido ao fato do receptor ser quiral


quiral, um enantiômero se ligará melhor
que o outro
outro.

enantiômero R enantiômero S

sítio ligante do receptor sítio ligante do receptor

46 DQOI - UFC
Propriedades Fisiológicas de Estereoisômeros
Prof. Nunes

 Devido ao fato do receptor ser quiral, um enantiômero se ligará melhor


que o outro
outro.

OH H
H3C H3C
N+ OH N+ OH
H H * H H *
H OH
OH OH

sítio sítio área


área
aniônico X aniônico X plana
plana

não ocorre interação ocorre interação


(+)-Efedrina – menos ativa (-)-Efedrina – mais ativa

47 DQOI - UFC
Propriedades Fisiológicas de Enantiômeros
Prof. Nunes

 Propriedades fisiológicas diferentes podem ser associadas a cada


enantiômero.

 Receptores localizados no exterior do células nervosas no nariz, por


exemplo, são capazes de perceber e diferenciar o estimado 10.000 odores
a que estão expostos. (R
(R))-(-)-carvona é encontrado no óleo de hortelã
hortelã, e
(S))-(+)
(S (+)--carvona é o principal constituinte do óleo de semente de
cominho.
cominho

48 DQOI - UFC
Propriedades Fisiológicas de Enantiômeros
Prof. Nunes

 Propriedades fisiológicas diferentes

49 DQOI - UFC
Propriedades Fisiológicas de Enantiômeros
Prof. Nunes

 Propriedades fisiológicas diferentes

(4R)-(+)-Limoneno (4S)-(-)-Limoneno
Odor de laranja odor de limão

50 DQOI - UFC
Propriedades Fisiológicas de Enantiômeros
Prof. Nunes

 Talidomida administrada, nos anos 60, como racemato para o


tratamento de enjôo matutino de grávidas nos Estados Unidos.
O

N O
N
ativo O O H
menos ativo

eutômero distômero

O O

N O N O

N N

O H O O H
O

(R)-Talidomida (S)-Talidomida
sedativo mutagênico

51 DQOI - UFC
Drogas Quirais
Prof. Nunes

52 DQOI - UFC
Drogas Quirais
Prof. Nunes

A administração de uma mistura racêmica pode levar a três situações


diferentes:

 O distômero não apresenta nenhum efeito colateral mais sério;

 O distômero exibe um efeito colateral indesejável;

 Ambos os isômeros apresentam valor terapêutico independente.

53 DQOI - UFC
Drogas Quirais
Prof. Nunes

 O distômero não apresenta nenhum efeito colateral mais sério.

N
O N
N
OH
H
S
N O N
(S)-Propanolol
OH
H

(S)-Timolol

O N
OH
H
(S)-Metaprolol

Os enantiômeros R são inativos e não apresenta efeito colateral.

54 DQOI - UFC
Drogas Quirais
Prof. Nunes

 O distômero exibe um efeito colateral indesejável


indesejável;

COOH COOH
HS HS

NH2 NH2

(R)-Penicilamina (S)-Penicilamina
anti-artrite mutagênico

OH HO
H H
N N
N N
H H
HO OH
(R,R)-Etambutol (S,S)-Etambutol
tuberculóstico causa cegueira

55 DQOI - UFC
Drogas Quirais
Prof. Nunes

 Ambos os isômeros apresentam valor terapêutico independente


independente.

R S
N S N R
O O
O O

Darvon Novrad
analgésico anti-tussígeno

H3C H H CH3
N N
S R

Cl Cl
O O

(S)-Ketamina (R)-Ketamina
anestésico alucinógeno
56 DQOI - UFC
Drogas Quirais
Prof. Nunes

57 DQOI - UFC
Drogas Quirais
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58 DQOI - UFC
Drogas Quirais
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59 DQOI - UFC
Drogas Quirais
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60 DQOI - UFC
Drogas Quirais
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61 DQOI - UFC
Indústria Farmacêutica
Prof. Nunes

 A relevância do tema quiralidade e atividade biológica é confirmada


na análise da evolução do licenciamento de enantiômeros.

Agranat, I.; Carner, H.; Caldwell, J. Putting Chirality to work: The strategy of chiral switches,
Nature Rev. Drugs Discovery 2002, 1, 753-768.
62 DQOI - UFC
Mercado Mundial
Prof. Nunes

 Percentuais dos tipos de fármacos comercializados no mundo.

 US$ 48 bilhões

racemato enantiômero puro


25,4%
64,6%
10%

aquiral

Fonte: Chem. Eng. News 2004, 82(24), 47-62.

63 DQOI - UFC
Polarímetro Virtual
Prof. Nunes

http://www.quimica.ufc.br/polarimetro
64 DQOI - UFC
Atividade Ótica
Prof. Nunes

 Enantiômeros compartilham muitas de suas propriedades. Têm os


os:
 mesmos pontos de ebulição.
 mesmos pontos de fusão.
 mesmas solubilidades.

 Na verdade, todas as propriedades físicas dos enantiômeros são


iguais, exceto aquelas que derivam da forma como os grupos ligados ao
iguais
carbono estereogênico estão dispostos no espaço.

 Uma das propriedades que dos enantiômeros que diferem é a forma


como que eles interagem com a luz plano
plano--polarizada
polarizada.

 O que é a luz plano


plano--polarizada
polarizada?

65 DQOI - UFC
Luz Plano-
Plano-Polarizada
Prof. Nunes

 A luz normal consiste de ondas eletromagnéticas que oscilam


em todas as direções
direções.

 A luz plano-polarizada (ou simplesmente luz polarizada


polarizada), ao contrário,
oscila apenas em um único plano através do caminho de propagação.

 A luz plano-polarizada é produzida pela passagem de luz normal


através de um polarizador
polarizador, como uma lente polarizada ou um Prisma
Nicol.
ondas da luz oscilam em ondas da luz oscilam em
todas as direções um único plano
direção de propagação da luz

Fonte Luz Polarizador Luz


66 de luz normal polarizada DQOI - UFC
Luz Plano-
Plano-Polarizada
Prof. Nunes

Em 1815, o físico Jean


Jean--Baptiste Biot descobriu que certas
substâncias orgânicas naturais
naturais, tais como a cânfora e o
óleo de terebintina eram capazes de girar o plano da luz
polarizada.
polarizada

Ele observou que alguns compostos giravam o plano de


polarização no sentido horário e outros no sentido anti-
horário, enquanto alguns não giravam o plano de
polarização.
polarização
(1774 -1862)

67 DQOI - UFC
Luz Plano-
Plano-Polarizada
Prof. Nunes

 Jean-
Jean-Baptiste Biot previu que a capacidade de girar o
plano de polarização era atribuída a alguma assimetria
nas moléculas.

 Jacobus Hendricus Van't Hoff e Joseph Achille Le


(1774 -1862)
Bel depois determinaram que a assimetria molecular
estava associada aos compostos que apresentavam
um ou mais carbonos assimétricos
assimétricos.

(1852-1911) (1847-1930)
68 DQOI - UFC
Atividade Ótica – Compostos Aquirais
Prof. Nunes

 Um composto aquiral não gira o plano de polarização. É opticamente


inativo.
inativo

 Quando a luz polarizada passa através de uma solução de moléculas


aquirais, a luz emerge a partir da solução com o seu plano de
aquirais
polarização inalterada
inalterada.

69 DQOI - UFC
Atividade Ótica – Compostos Quirais
Prof. Nunes

 Quando a luz polarizada passa através de uma solução de um composto


quiral, o luz emerge com o seu plano de polarização alterado
quiral alterado.

 Assim, um composto quiral gira o plano de polarização


polarização.

 Trata-se de um composto opticamente inativo


inativo.

70 DQOI - UFC
Atividade Ótica – Compostos Quirais
Prof. Nunes

 Um composto quiral (oticamente ativo) irá girar o plano de polarização


no sentido horário ou anti
anti--horário
horário.

 Se um enantiômero gira o plano de polarização no sentido horário


horário,
sua imagem no espelho irá girar o plano de polarização exatamente na
mesma magnitude (em graus) no sentido anti
anti--horário
horário.

71 DQOI - UFC
Atividade Ótica – Compostos Quirais
Prof. Nunes

 Se um composto opticamente ativo gira o plano de polarização no sentido


horário, é chamado dextrógiro
horário dextrógiro, indicado pelo sinal (+)
(+).

(R)--(+)
(R) (+)--2-butanol

 Se um composto opticamente ativo gira o plano de polarização anti


anti--
horário, é chamado de levógiro
horário levógiro, indicado pelo (-).

(S)--(-)-ácido málico
(S)

72 DQOI - UFC
Atividade Ótica – Compostos Quirais
Prof. Nunes

 Não confunda (+) e (-) com R e S.

 Os símbolos (+) e (-) indicam a direçãoem que um composto opticamente


ativo gira o plano de polarização.

 Enquanto que R e S indicam a disposição dos grupos sobre um


carbono assimétrico
assimétrico.

 Alguns compostos com a configuração de R são (-) e alguns S são (+)


(+)..

73 DQOI - UFC
Rotação Ótica
Prof. Nunes

 O grau em que um composto opticamente ativo gira o plano de


polarização pode ser medida com um instrumento chamado polarímetro
polarímetro.

 O grau em que o analisador é girado pode ser lido


e representa a diferença entre uma amostra opticamente inativa e
uma amostra opticamente ativa.

 Isso é chamado de rotação observada (a) e é medida em graus.

74 DQOI - UFC
Rotação Ótica
Prof. Nunes

 A rotação observada (a) é proporcional à concentração da substância


opticamente ativa (c) e ao comprimento da cela (l)
(l), onde a solução foi
inserida para a realização da análise.

a proporcional à c.l logo


a = [a]D c.l

Unidades
C (g/mL)
L (dm)

75
rotação específica DQOI - UFC
Exercitando
Prof. Nunes

 A rotação observada de 2,0 g de um composto em 50 mL de solução em


um tubo de polarímetro de 50 centímetros de comprimento +13,4o. Qual é a
a rotação específica do composto?

[a]D = a
c.l

[a]D = 13,4
0,04 . 5

[a]D = 13,4
0,04 . 5

[a]D = 67º.mL.g-1.dm-1

76 DQOI - UFC
Misturas de Enantiômeros
Prof. Nunes

 Quando sintetizamos um composto quiral com apenas um centro quiral (por


exemplo), podemos obtê-lo como um único enantiômero (R ou S) ou
como uma mistura de enantiômeros (R + S).

 Quado a síntese levou à formação de um único enantiômero


enantiômero, dizemos
que a reação foi estereoespecífica
estereoespecífica, e o produto é enantiometicamente puro
puro.

 Quado a síntese levou à formação de uma mistura de enantiômeros


enantiômeros,
podemos ter duas situações.
 Quantidades iguais dos 2 enantiômeros [R] = [S]
[S]: mistura racêmica
ou racemato
racemato::

 Quantidades diferentes dos 2 enantiômeros [R] ≠ [S]


[S]: excesso
enantiomérico::
enantiomérico
 [R] > [S]
[S]: excesso enantiomérico de R
 [S] > [R]
[R]: excesso enantiomérico de S
77 DQOI - UFC
Pureza Ótica
Prof. Nunes

 Podemos determinar se uma amostra é constituída de um único


enantiômero ou uma mistura de enantiômeros através da medida de sua
rotação específica [a]D.

rotação específica [a]


[a]D
+ 5,75 5,75 > [a]D > 0 0,00 5,75 < [a]D < 0 - 5,75
100 50 0
%R e.e. de R e.e. de S %R
%S %S
0 50 100
S.E.P. racemato S.E.P.
78
DQOI - UFC
Pureza Ótica
Prof. Nunes

 A partir da rotação específica [a]D podemos calcular a pureza ótica (p


(p..o.)
de uma mistura.

p.o. = [a]D observada


[a]D do enantiômero puro

 Por exemplo
exemplo:: se uma amostra de 2-bromobutano tem uma rotação
específica de 2,3º, sua pureza ótica é de 0,40. Em outras palavras, é 40
40%%
opticamente pura - 40 40%% da mistura consiste de um excesso de um
único enantiômero
enantiômero.

p.o. = 2 ,3 = 0,4 ou 40
40%% logo....
logo ....
5,75

% R + %S =100 2 %R = 140
% R - %S = e.e (40
40%%) %R = 140 = 70
70%% %S = 30
30%%
2
79 DQOI - UFC
Exercício
Prof. Nunes

O Naproxeno
Naproxeno, uma droga anti-inflamatória não-esteroidal, é o ingrediente
Aleve. O Naproxeno tem uma rotação específica de +66o, em
ativo no Aleve
clorofórmio. Uma preparação comercial resultou em uma mistura que é de
97% opticamente pura.

a) O que se pode dizer da pureza enatiomérica do composto preparado?


b) Qual o percentual de cada enantiômero obtido a partir da preparação
comercial?

80 DQOI - UFC
Exercício
Prof. Nunes

 A solução preparada pela mistura de 10 mL de uma solução 0,10 M do


enantiômero R e 30 mL de uma solução 0,10 M do enantiômero S
apresentou uma rotação específica de + 4,8º.

 Qual é a rotação específica de cada um dos enantiômeros?

81 DQOI - UFC
Mercado Mundial
Prof. Nunes

 Em nenhuma parte, a importância da quiralidade é mais importante


que nas vendas de drogas cardiovasculares.

 Os 4 primeiros são vendidos como simples enantiômeros.

 O último é vendido como um racemato.


82 DQOI - UFC
Mercado dos Fármacos
Prof. Nunes

H OH
N OH
O

N OH
Cl

O
OH
H
N
N
Cl

Cl
83 DQOI - UFC
Drogas Quirais
Prof. Nunes

Sugestão de leitura: Super remédios para quem?


quem?
Revista Época
Edição 363 - 20/04/2005
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG69991-6014-363,00.html

84 DQOI - UFC
Super Remédios para Quem
Quem??
Prof. Nunes

85 DQOI - UFC
Propriedades Biológicas de Estereoisômeros
Prof. Nunes

 Sugestão de Leitura

86 DQOI - UFC
Propriedades Biológicas de Estereoisômeros
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 Sugestão de Leitura

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Exercícios
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89 DQOI - UFC
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90 DQOI - UFC
Exercícios
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91 DQOI - UFC
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94 DQOI - UFC
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95 DQOI - UFC
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96 DQOI - UFC
Exercícios
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97 DQOI - UFC
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98 DQOI - UFC
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99 DQOI - UFC
Exercícios
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100 DQOI - UFC


Exercícios
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101 DQOI - UFC


Exercícios
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102 DQOI - UFC


Exercícios
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103 DQOI - UFC


Exercícios
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Exercícios
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105 DQOI - UFC

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