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Baremblitt
Baremblitt
, Rosa dos
Tempos, 1996.
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são forjadas historicamente, produzidas dentro de um contexto dentro do qual merecem
ser avaliadas e questionadas.
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transversalidade, integrando-se ao movimento de auto-análise e autogestão do grupo e
colocando seu saber a serviço do mesmo.
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alterar uma organização vigente. Nesse sentido, encontram-se muitas vezes severamente
reprimidas ou cooptadas, incorporadas pelo sistema, mas alterando-as em sua essência.
Todo esse aparato descrito acima só pode ter dinamismo através dos agentes e
suas práticas.
Segundo Baremblitt (1996) esses conceitos não podem ser confundidos pois é
através deles que os institucionalistas conseguem compartilhar uma nomenclatura que
permite sua comunicação.
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Uma das maiores evidências da vitalidade de uma instituição é sua capacidade de
manter um movimento de transformação. Essas forças transformadoras das instituições
ou capazes de instituir uma instituição são chamadas de instituinte. O instituinte é
caracterizado como um processo, um movimento.
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produtivo de uns por parte dos outros), a dominação (imposição da vontade de uns sobre
os outros e não-respeito à vontade coletiva) e a mistificação (administração arbitrária ou
deformada do que se considera saber e verdade histórica, que é substituída por diversas
formas de mentira, engano, ilusão, sonegação de informação, etc.). (BAREMBLITT:
1996, p.34)
Apesar desta distinção, não se pode pensar que esses conceitos caracterizam uma
ou outra instituição, organização ou equipamento, mas estão presentes em todas elas
simultaneamente.
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Cap. III – A História
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“O desejo segundo a psicanálise é um impulso que tende a reconstituir
estados perdidos a se realizarem em fantasmas, é uma tendência
reprodutiva, é uma anseio que tende a restaurar o narcisismo, que
supostamente, em algum momento, foi o estado em que o
protossujeito esteve integralmente. O desejo no Institucionalismo não
tem essas peculiaridades. O desejos do institucionalismo é imanente à
produção, é o aspecto psíquico da mesma força que no social é o
instituinte. É uma forma que tende a criar o novo, como o imprevisível,
é uma força de conexão, é uma força de invenção e não é uma força
restauradora dos estados antigos. Mas é inconsciente. (...) um
inconsciente pré-pessoal e natural que compreende todos os saberes,
todas as matérias não-formadas e energias não-vetorizadas que são
capazes de gerar transformação. Este inconsciente não está
submetido apenas por um recalque psíquico, mas está submetido por
um recalque complexo que é simultaneamente político, libidinal,
semiótico, etc. Então, para o Institucionalismo não existe o que seria
um homem universal, não existe uma estrutura, uma essência-homem.
Também não existe uma estrutura, uma essência –sujeito, sujeito
psíquico, que seria o mesmo em todas as sociedade, em todos os
momentos históricos, em todas as classes sociais, em todas as raças,
etc. (...) Para o institucionalismo não existe este sujeito eterno e
universal, apenas preenchido com conteúdos históricos sociais
variáveis. Para o institucionalismo, o que existe são processos de
produção de subjetivação ou de subjetividade” (BAREMBLITT: 1996, p.
49-50)
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responder de forma plural ao lugar da subjetividade na dinâmica social. Não uma
subjetividade consciente e racional, mas pulsional, envolvida com a produção a partir da
noção de desejo, necessariamente envolvida com prazer e desprazer.
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“a Esquizoanálise consiste em introduzir o desejo na produção e a
produção no desejo. Trata-se de aprender a pensar um desejo
essencialmente produtivo e aprender a pensar uma produção, dita no
sentido amplo, que não pode ser senão desejante, na medida em que
as subjetivações estão essencialmente envolvidas nestes processos
produtivos, tanto quanto a natureza e as máquinas técnicas e
semióticas” (BAREMBLITT: 1996, p.65)
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naquele que demanda essa expectativa. Essa etapa se justifica quando se retoma o
conceito de expert que vigora em nossa sociedade. A mensagem subjacente à figura do
expert é, segundo Guilhón de Albuquerque: “Eu tenho o que lhe falta e, além disso, você
não entende, não sabe em que consiste”. Se é objetivo do institucionalismo construir
relações horizontais e co-responsáveis, a organização que demanda não pode ocupar o
lugar de “cliente”, mas compreender que o lugar de participante é fundamental para
operar a auto-análise e a autogestão.
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análise individual, ou seja são “pistas” para que se construa uma interpretação sobre a
forma como as diversas dimensões envolvidas no processo se articulam. Os analisadores
podem ser encontrados em qualquer lugar na organização ou instituição e são dotados de
sentidos que permitem compreender a forma como seus agentes compreendem a
instituição e as relações dentro dela. Os analisadores podem ser compreendidos a partir
de alguns princípios.
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Barbier, R. (1985). A pesquisa-ação na instituição educativa. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar.
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Em suma, é possível observar que o institucionalismo considera todos os
elementos envolvidos no processo, ciente de que todos interferem e precisam ser
analisados. Assim, a organização em sua materialidade, em suas expectativas e em seus
princípios; e o institucionalista, em tudo aquilo que venha a provocar e ser provocado.
É importante lembrar que, até o momento, apenas uma parte da organização foi
ouvida. É preciso saber como os outros setores se posicionam diante dessa demanda, se
há resistência, vasculhar os não-ditos, etc. O diagnóstico permite ao institucionalista
preparar dispositivos, construir analisadores para que essas informações possam ser
provocadas.
Mas tais dispositivos devem ser orientados por princípios que não permitam ao
institucionalista induzir respostas. Deve-se lembrar sempre que o objetivo é produzir um
processo de auto-análise. O dispositivo deve ser um “agitador”, deve provocar a
organização para que novos analisadores possam emergir.
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É a partir do diagnóstico provisório que se pode planejar uma estratégia, preparar
a logística, selecionar as táticas e as técnicas.
A única distinção desta proposta e deste contrato é que, nesta fase, propõe à
organização a autogestão do contrato de intervenção. Ou seja, o próprio coletivo será
responsável por determinar o formato, a freqüência, os honorários, o interesse, a
necessidade, etc. do processo de intervenção.
Baremblitt sugere algumas questões para a discussão desse contrato, tais como:
“Como você concebe esse serviço? Quanto tempo você acha que vai
durar? Quanto dinheiro você acha que deve ser pago? E como está
distribuído o pagamento? Quando cada um pensa que deve pagar e
por quê? Quais são os direitos que você nos vai dar para podermos
intervir? Podemos estar aqui todos os dias? Podemos acompanhar o
trabalho hora após hora? Podemos estar nas reuniões reservadas?
Podemos ver os livros contábeis da organização?” (BAREMBLITT:
1996, p. 118)
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interventora realiza um prognóstico. É possível, ainda, que seja agendado o
acompanhamento da organização.
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